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EDSON ALEXANDRE DA SILVA

Legislação Tributária

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autores
Edson Alexandre da Silva

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
Direito Financeiro e Direito Tributário................................................................................................................... 9

Capítulo 2
Sistema tributário nacional e tributos................................................................................................................. 16

Capítulo 3
Impostos dos entes federados em espécies.......................................................................................................27

Capítulo 4
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar................................................................................38

Capítulo 5
Administração, obrigação e crédito tributário...................................................................................................49

Capítulo 6
Administração tributária e ilícitos tributários...................................................................................................60

Referências ......................................................................................................................................................................... 67
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

4
Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
Seja bem-vindo à disciplina de Direito Tributário. É com grande satisfação que iniciamos esta
jornada junto com você. Antes de começarmos nossa disciplina, permita que me apresente:
meu nome é Edson Alexandre da Silva, Mestre em Psicologia Social pela Universidade Salgado
de Oliveira; Especialista em Direito pela Unissuam; Especialista em Filosofia pela faculdade do
Mosteiro São Bento; Bacharel em Direito pela UNESA. Sou ex-professor de direito da ESA (Escola
Superior de Advocacia), servidor público e, atualmente, professor da UNIABEU (Universidade
Abeu) em disciplinas de direito e administração. Durante nossos estudos, vamos percorrer os
caminhos em direção ao conhecimento dos principais institutos do Direito Tributário, notadamente
sua dinâmica e relevância para sobrevivência do Estado e da sociedade.

O primeiro passo para entender o Direito Tributário é precisamente remontar suas origens
históricas. Nesse sentido, desde as épocas mais remotas da humanidade, o tributo tem um
papel de destaque na sociedade. Nos períodos mais antigos da história, os tributos serviam
como homenagens a deuses e a grandes chefes de grupos sociais. Em seguida, os reis passaram
a cobrar tributos de seus súditos como forma de manutenção da coroa, perdendo o papel de
presente e tornando-se obrigação. Na Espanha, as cortes de leão só permitiam a cobrança de
tributos após votação dos delegados dos contribuintes. Em Portugal (1413), houve a convocação
da corte de Lamego para arrecadação de impostos. Na França do século XVI, os representantes
do povo, do clero e da nobreza faziam reuniões nos estados provinciais para arrecadação de
tributos. Na Inglaterra de 1689, ficou determinado que a criação e a cobrança de impostos eram
prerrogativas do parlamento e não mais do monarca.

No Brasil colonial, as regras de tributos aplicadas eram as da coroa de Portugal. Na exploração


do pau-brasil, o explorador devia pagar um quinto do valor de venda à coroa portuguesa a
título de tributo. Havia ainda a cobrança tributária de dez por cento sobre a pesca e sobre toda
colheita feita na terra, além do SISA que era cobrado por cada índio escravizado. A independência
americana foi decorrente da carga tributária excessiva da coroa inglesa. A inconfidência mineira
também decorreu da excessiva cobrança de tributos sobre o ouro. Todas as constituições do Brasil
(1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967) tratavam de questões tributárias. Nossa atual constituição
(1988) aproveitou parte do sistema tributário anterior e acrescentou outras questões, consoante
estudaremos no decorrer da nossa disciplina de Direito Tributário. O que se depreende de tudo
isso é que o tributo existe desde que o homem passou a viver em sociedade organizada, de modo
que há incidência em quase todas as atividades, serviços e produtos produzidos no seio social.
Quanto ao contribuinte, pode ser pessoa física ou jurídica, não importa, todos devem contribuir
na medida de suas particularidades. Especificamente no caso das empresas, vários tributos são
inerentes às suas atividades, quais sejam: produção, venda, compra, importação, exportação,
transportes, contratos comerciais, trabalhistas, etc. Quanto à pessoa física, também não é

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Introdução

muito diferente. Assim, não se pode perder de vista a relevância do Direito tributário enquanto
sustentáculo financeiro do estado, sendo imprescindível para obtenção de receitas, estas que
deverão ser aplicadas em benefício da sociedade.

Objetivos do Livro Didático

» Compreender a relação entre receitas e despesas públicas.

» Entender a natureza dos tributos e sua relevância enquanto receitas públicas.

» Compreender a importância da legislação em matéria de tributos.

» Perceber a Constituição Federal como limitador ao abuso do poder tributário.

» Diferenciar crime de infração administrativa em matéria tributária.

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CAPÍTULO
DIREITO FINANCEIRO E
DIREITO TRIBUTÁRIO 1
Apresentação

No decorrer de nossos estudos iniciais, veremos a diferença entre direito financeiro e direito
tributário. Nesse sentido, perceberemos que o direito financeiro regula as atividades financeiras do
estado, ou seja, as despesas e receitas estatais. O direito tributário, por sua vez, regula a atividade
de arrecadar tributos, bem como de fiscalização em matéria tributária. Entenderemos, ainda,
que esses ramos do direito são indissociáveis entre si, bem como se afiguram como verdadeiros
garantidores da sobrevivência financeira do Estado.

Objetivos do capítulo

› Diferenciar e correlacionar o direito financeiro e o direito tributário.

› Explicar a legislação orçamentária.

› Elucidar o que é tributo.

› Explicar os componentes do tributo.

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CAPÍTULO 1 • Direito Financeiro e Direito Tributário

Direito Financeiro

Quando falamos em direito financeiro, estamos nos referindo ao ramo do direito que regula
as atividades financeiras do Estado do ponto de vista jurídico. Em outras palavras, o direito
financeiro se coloca como um orientador da atividade financeira do Estado, de modo a regular
– juridicamente –, além de investigar e analisar os fenômenos financeiros referentes à obtenção
de dinheiro público que pode ser objeto de tributos. Assim, chegamos ao entendimento de que o
objeto central de estudo é a atividade financeira do Estado, sendo ela dividida em receita, despesa,
orçamento e crédito público. Em última análise, o direito financeiro pode ser entendido como o
ramo do direito que estuda e regulamenta não apenas o destino do dinheiro público, mas todo
o ordenamento jurídico financeiro, bem como todas as relações inerentes às ações financeiras
estatais. Cabe salientar que o direito financeiro está inserido no ramo do direito público, estando
sempre vinculado ao princípio da legalidade, ou seja, não pode ultrapassar os limites da lei.
Pelo exposto, as normas de direito financeiro estabelecem as formas, condições e delimitações
a obtenção de receitas e gastos do dinheiro público.

Orçamento público

Sabemos que o direito financeiro regulamenta a atividade financeira do Estado, estando


compreendido nessa atividade o orçamento público; mas afinal, o que é orçamento público?
A palavra orçamento pode ser entendida como uma projeção de gastos e custos em relação
aos recursos disponíveis em determinado período. Podemos citar o exemplo da projeção do
salário mensal em relação aos gastos mensais da nossa família (aluguel, IPTU, alimentação,
mensalidade escolar, etc.). Quanto ao orçamento público, podemos buscar uma definição descrita
no dicionário: “Cálculo da receita que se deve arrecadar num exercício financeiro e das despesas
que devem ser feitas pela administração pública, organizado obrigatoriamente pelo executivo e
submetido à aprovação das respectivas câmaras legislativas” (FERREIRA, 1986, p. 1.230). Após
tais definições, só nos resta compreender a relevância do orçamento para o planejamento das
atividades financeiras do Estado. De acordo com Andrade (2002, p. 55), “Orçamento público é a
função primordial da gestão pública de estimar as receitas e fixar as despesas”. O que podemos
entender dessas definições é que o orçamento público se refere ao planejamento da administração
pública no que concerne às receitas e aos gastos em determinado período de tempo.

Receita pública

Como já compreendemos a definição de orçamento público, vamos agora entender um dos seus
componentes, a receita pública. Poderíamos conceituar receita pública como todo ingresso de
valores monetários ou bens representativos desses valores nos cofres públicos, seja em virtude de
contratos públicos, seja em virtude de lei ou quaisquer títulos em favor do Estado. De acordo com
Lima e Castro (2000, p. 51), receita pública é “o recebimento efetuado pela instituição pertencente

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Direito Financeiro e Direito Tributário • CAPÍTULO 1

ao Estado, com a finalidade de ser aplicado em gastos operativos e de administração”. Assim, a


receita pública pode ser considerada a entrada de valores nos cofres públicos com finalidade de
atender às despesas públicas e possibilitar as atividades estatais. O tributo é considerado uma
receita pública.

Despesa pública

Bem, já sabemos a definição de orçamento público


Observe a lei
e receita pública, agora vamos fechar nossa tríade
de direito financeiro com a definição de despesa » Constituição Federal da República Federativa do
pública. De acordo com Andrade (2002, p. 75), Brasil de 1988, nos seus artigos 165 a 169 sob o
título de Orçamentos.
despesa tributária é “toda saída de recursos ou de
todo o pagamento efetuado, a qualquer título, pelos » Lei no 4.320, de 17 de março de 1964.

agentes pagadores para saldar gastos fixados na lei do » Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000.

Orçamento ou em lei especial e destinado à execução


dos serviços públicos[...]”. Assim, podemos entender
despesa pública como o conjunto de gastos efetuados Para refletir
pelo Estado com a finalidade de possibilitar o efetivo
Tente concretizar a figura do Estado na sua mente,
funcionamento dos serviços e das políticas públicas. difícil não é mesmo? A razão é que o Estado é um
São exemplos de despesas públicas: investimentos; ente fictício, corporificado apenas por meio de
suas atividades, seus bens e seu pessoal. Agora
inversões financeiras; amortização da dívida interna
pense com quais meios financeiros ele executa suas
e externa; investimentos em bens de uso comum atividades, bem como de onde vem esse dinheiro.
do povo, etc.

Legislação orçamentária

Plano Plurianual (PPA)

Já sabemos que orçamento se relaciona com o planejamento de despesas e receitas auferidas pelo
Estado. Contudo, não se pode prescindir do princípio da legalidade, ou seja, é compulsória a edição
de leis para regular o orçamento do governo. Nesse sentido, temos o chamado plano plurianual
(PPA), que tem previsão constitucional no art. 165 da Constituição Federal, regulamentado pelo
Decreto no 2.829/1998. Trata-se de um plano que estabelece as diretrizes, o objetivo e as metas
que vinculam as três esferas de poder público (União, Estados e Municípios) durante quatro anos.
O PPA tem objetivo de obrigar o governo a planejar todas as suas ações e orçamento para que
não sejam infringidas as diretrizes traçadas no plano. Assim, todos os investimentos do governo
devem ser direcionados em programas estratégicos previstos no PPA do período vigente.

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CAPÍTULO 1 • Direito Financeiro e Direito Tributário

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

A Lei de Diretrizes Orçamentárias é uma divisão do orçamento que se caracteriza como instrumento
de planejamento de metas e diretrizes para o período de um ano, não considerando os valores de
tais metas. O que se observa é que a LDO difere do PPA exatamente pelo prazo de suas metas e
diretrizes, sendo o PPA de quatro anos e a LDO de um ano (um exercício financeiro). De acordo
com nossa Constituição Federal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias se configura:

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ 2o A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício
financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá
sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação
das agências financeiras oficiais de fomento.

Consoante aduzimos, a LDO não estabelece valores em suas metas e diretrizes estabelecidas. Em
razão disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei no 101/2000) veio adicionar novas atribuições
à LDO, notadamente no que tange à sua composição, de modo a complementar no art. 165, §
2o, da Constituição Federal, as atribuições da LDO, senão vejamos:

a. Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas;

b. Estabelecer critérios e forma de limitação de empenho (registro de despesa);

c. Estabelecer normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos


programas financiados com recursos dos orçamentos;

d. Estabelecer demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades


públicas e privadas;

e. Apresentar o anexo de metas fiscais;

f. Apresentar o anexo de riscos fiscais;

Podemos entender a LDO como uma lei vinculada ao plano plurianual, de modo que serão
elaboradas quatro LDO (Leis de Diretrizes Orçamentárias) durante os quatro anos do plano
plurianual, sendo certo que cada LDO se refere a cada exercício financeiro relativo a cada ano
do PPA. Nesse sentido, cada LDO deve ser elaborada partindo do Plano Plurianual em vigor, de
modo que, ao final de quatro anos, as quatro leis orçamentárias deverão ter acolhido a totalidade
das metas e diretrizes contidas no PPA. Por fim, a LDO tem o escopo de estipular as metas anuais,
bem como nortear a construção do orçamento de cada ano.

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Direito Financeiro e Direito Tributário • CAPÍTULO 1

Lei Orçamentária Anual (LOA)

Enquanto o PPA e a LDO estão em uma perspectiva de


Observe a lei
planejamento de metas e diretrizes, a LOA se encontra
na fase de aplicabilidade financeira direta, de modo que Artigo 165 da Constituição Federal/1988.
tem objetivos característicos de instrumento de gestão
financeira. Assim, a LOA (Lei Orçamentária Anual) tem o escopo de executar todas as metas e
diretrizes planejadas nos quatro anos do PPA, bem como de todos os anos distintos da LDO.
Ademais, é precisamente na LOA que serão fixados os valores a serem dispendidos nas diversas
atividades do governo. O que podemos depreender das três leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA)
é que formam um conjunto de leis interligadas e vinculadas, desde o início do planejamento
orçamentário de um governo até a execução final do último ano do mandato.

Direito Tributário

Após abordarmos questões de direito financeiro, entraremos agora efetivamente no estudo do


direito tributário, sem perder de vista a indissociável relação entre este último e aquele primeiro.
Devemos ressaltar, de início, que o direito tributário, bem como todo ramo do direito, deriva da
constituição federal. Esta, por sua vez, trata da competência tributária dos entes federados para
criação dos tributos de suas competências. Esses entes são: União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Quanto ao conceito de direito tributário, temos muitos na literatura jurídica, de modo que cada
autor elabora sua própria definição desse ramo do direito. Não obstante, podemos sintetizar
esses conceitos definindo direito tributário como o conjunto de leis que regula a arrecadação de
tributos e fiscaliza essa arrecadação. Além disso, o direito tributário também regula as relações
jurídicas entre o estado arrecadador e seus contribuintes.

Consoante afirmamos no início, a Constituição estabelece


Observe a lei
as regras de competência tributária dos entes federados,
mas não é só isso, ela também determina os princípios Lei no 5.172/1966.
aplicados ao direito tributário, bem como define as
espécies de tributos. Ao contrário do que parece, a Constituição não cria tributos (CASTELLANI,
2011), mas apenas define os que serão criados pelos entes federados que receberam a competência
dela própria. Assim, ela estabelece competência para a União criar tributos federais; o Estado criar
tributos estaduais; o Distrito Federal criar seus tributos; e o Município criar tributos municipais.
Nesse sentido, como a Carta Magna não cria tributos, cada ente federado vai criar seus tributos
por meio de suas próprias leis e mediante a atividade legislativa de seus parlamentos: Câmara
de Vereadores (Município), Câmara Legislativa (DF), Congresso Nacional (União), Assembleia

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CAPÍTULO 1 • Direito Financeiro e Direito Tributário

Legislativa (Estado). O quadro a seguir mostra a distribuição de competências tributárias entre


os entes federados.

ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS COMPETÊNCIA


Imposto União, Estados, Municípios e DF

Taxa União, Estados, Municípios e DF

Contribuição de melhorias Municípios

Contribuições especiais Exclusivas da União

Empréstimos compulsórios Exclusivos da União

Disponível em: <http://adm-graduacao.blogspot.com/search?q=tribut%C3%A1rio>. (com adaptações)

Para refletir

Imagine um Estado sem arrecadação de tributos. Passe a observar as suas notas fiscais e identifique o quanto de tributos
você paga pelos produtos e serviços. Pense na declaração do imposto de renda anual.

Tributo

Estamos falando de Direito Tributário e de competência tributária, mas afinal o que é tributo?
De acordo com Castellani (2011, p. 24), “tributo seria uma das formas de transferência de
riquezas para o Estado”. Ora, embora simples, essa definição é bem objetiva e sem margens de
dúvidas. Mas temos uma definição mais completa no art. 3o do Código Tributário Nacional (Lei
no 5.172/1966), qual seja: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Pela definição do CTN, percebemos
algumas características fundamentais do tributo: valor pecuniário, instituído por lei, compulsória,
não pode ser por meio de sanção/pena e deve decorrer de atividade vinculada. Dessa forma,
o tributo deve ter valor em dinheiro; o contribuinte é obrigado a pagar sob pena de sanções;
só podem ser criados tributos por leis; tributo não se confunde com a multa aplicada por sua
inadimplência. Ademais, a cobrança do tributo deve respeitar a lei que instituiu, de modo que
o lançamento é plenamente vinculado ao princípio da legalidade (descrito em lei). De acordo
com Castellani (2011, p.27), essa atividade plenamente vinculada seria “a impossibilidade de o
fisco adotar medidas diversas do estabelecido em lei como forma de cobrança de tributos”.

Fato gerador do tributo

Já sabemos o que é tributo, mas precisamos conhecer ainda alguns conceitos inerentes a ele
antes de passarmos adiante. Um conceito primordial em tributos é o do elemento que dá origem
ao próprio tributo, ou seja, o fato gerador. Assim, fato gerador nada mais é que uma situação
descrita em lei que gera a obrigação de pagar o tributo, ou seja, fixa o momento do nascimento

14
Direito Financeiro e Direito Tributário • CAPÍTULO 1

da obrigação tributária. Podemos exemplificar o fato gerador da obrigação do imposto de renda:


possuir renda tributável.

Base de cálculo do tributo

Uma vez surgido o fato gerador, deve-se saber a grandeza ou o valor desse fato. Esse valor/
grandeza pode ser expresso(a) em quantidade de mercadorias, peso, valor, preço, metragem
quadrada ou linear, etc. Contudo, só a lei poderá estabelecer que grandeza será usada como
base de cálculo para estabelecer o valor do tributo. Ademais, se o montante a ser pago a título
de tributo já estiver determinado na lei, não existirá base de cálculo.

Alíquota do tributo

Entende-se como alíquota o valor fixo ou percentual aplicado sobre a base de cálculo para se
chegar ao valor do tributo. Assim, a alíquota será em percentagem quando o valor da base de
cálculo for em dinheiro, e será em valor quando a base de cálculo não for em valor monetário. A
alíquota também deve ser estabelecida em lei. Um exemplo de alíquota pode ser os 27% sobre
o valor da renda (base de cálculo) sobre o imposto de renda (tributo).

15
CAPÍTULO
SISTEMA TRIBUTÁRIO
NACIONAL E TRIBUTOS 2
Apresentação

Introdutoriamente, cumpre elucidar que há certa celeuma na literatura jurídica acerca das espécies
de tributos presentes em nossa legislação pátria. Nesse sentido, alguns autores entendem que
as espécies tributárias se resumem a apenas três: imposto, taxa e contribuição de melhoria. Por
outro lado, existem estudiosos que defendem a existência de cinco espécies de tributos, que
seriam: impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições
especiais. Cabe esclarecer que os defensores da tríade tributária não excluem os empréstimos
compulsórios e as contribuições especiais enquanto tributos, mas apenas sustentam que esses
últimos estão inseridos nos impostos, taxas e contribuição de melhoria, dependendo apenas
do seu fato gerador da obrigação tributária. Em que pese a essa discussão literária, para fins de
nosso capítulo, trabalharemos com a posição de Castellani (2011, p. 38), no sentido de considerar
as espécies de tributos como cinco, quais sejam: impostos, taxas, contribuição de melhoria,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

Objetivos do capítulo

› Classificar os tributos.

› Explicar as espécies de impostos dos entes federados.

› Conhecer os tipos de taxas.

› Definir competências tributárias exclusivas e comuns.

16
Sistema tributário nacional e tributos • CAPÍTULO 2

Classificação dos tributos

No capítulo anterior, conhecemos a definição de tributo, notadamente a descrita no art. 3o CTN,


bem como estudamos as definições de fato gerador, alíquota e base de cálculo. Agora vamos nos
aprofundar um pouco mais nessas questões, entendendo onde se encaixam esses conceitos em
cada espécie de tributos que iremos abordar.

Especificidade jurídica dos tributos

Quando falamos em classificações, não podemos prescindir da escolha de critérios. Nesse sentido,
o CTN (Código Tributário Nacional) já estabelece o critério de classificação das espécies de
tributos, trazendo como elemento diferenciador dos tributos o fato gerador (capítulo 1). Assim,
nosso CTN (art. 4o) estabelece as diferenças entre os fatos geradores das cinco espécies de tributos
(impostos, taxas, contribuição de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais).

Imposto

O imposto é um tributo previsto na nossa


Para refletir
constituição no artigo 145, I, bem como no
artigo 16 do CTN, que assim o define: “Imposto É muito comum ouvirmos frases como: “pago um
é a modalidade de tributo que tem por fato IPVA caríssimo e o governo não conserta essas estradas”
ou “Com esse IPTU caro, nosso bairro deveria ser bem
gerador uma situação independente de qualquer
melhor”. Considerando que IPTU (Imposto Predial
atividade estatal”. Ora, a definição é bem clara Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre Propriedade
no sentido de que o fato gerador do imposto de Veículos Automotores) são impostos, como

independe da ação estatal, de modo que somente poderíamos avaliar tais frases?

o sujeito passivo pode causar a situação jurídica


geradora da obrigação do imposto, por exemplo: ter renda, possuir imóvel ou automóvel, etc.
Outra característica do imposto é o fato de ele não ser vinculado a qualquer despesa específica
(art.167, IV, CF/88), ou seja, suas receitas não têm um destino específico no que tange às despesas
do Estado. O que se depreende é que as receitas dos impostos têm por objetivo as despesas
gerais dos entes tributantes em prol da coletividade. No entanto, essa proibição de vinculação
de receitas do imposto só ocorre até a publicação da lei orçamentária (capítulo 1), já que essa
lei deve conferir destinação específica para todos os tributos, sem exceção.

Classificação dos impostos

Os impostos podem ser classificados segundo alguns critérios. A primeira classificação que
podemos fazer é dividir em diretos e indiretos. Nesse sentido, quando falarmos em impostos
diretos, estaremos nos referindo àqueles em que o praticante do fato gerador (capítulo1) suporta
direta e integralmente o ônus financeiro do tributo. Temos ainda uma segunda classificação,
impostos pessoais e reais. Quando nos referimos a imposto real, estamos dizendo que esse tributo

17
CAPÍTULO 2 • Sistema tributário nacional e tributos

tem como fato gerador um fato isolado ou um bem específico, sendo exemplo dessa modalidade
de imposto novamente o IPVA e o IPTU. Note que, apesar de esses impostos serem diretos, ou
seja, pesar no bolso de quem possui veículo ou imóvel, eles não levam em consideração a renda
ou o patrimônio total do contribuinte, mas apenas o patrimônio relacionado ao fato gerador. De
outro lado, temos os impostos pessoais, estes que levam em consideração a situação patrimonial
do contribuinte. Temos como exemplo mais elucidativo o IR (imposto de renda), uma vez que
seu fato gerador está diretamente relacionado à situação patrimonial total do contribuinte.
Além das duas classificações anteriores, temos uma relevante classificação baseada na nossa
Constituição Federal de 1988. Assim, nossa carta constitucional divide os impostos em federais,
estaduais e municipais. Podemos ressaltar aqui a divisão dos impostos federais em ordinários,
extraordinários e residuais, sendo certo que essa divisão é de suma relevância.

Para refletir

Temos como exemplos de impostos diretos o IPVA (em que o proprietário de veículo automotor suporta o valor do imposto);
o IR (em que o contribuinte que paga é o que tem renda, ou seja, o que pratica o fato gerado de ter renda); o IPTU (em que o
praticante do fato gerador, possuindo imóveis, paga o valor do tributo). De outro lado, temos os impostos indiretos, ou seja,
aqueles em que o impacto financeiro do imposto é transmitido a outra pessoa que não praticou o fato gerador da obrigação
tributária. Como exemplo, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e o IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados). Nesses impostos, os valores são passados para quem adquiriu os produtos e não para quem industrializou
ou fez circular as mercadorias.

» Impostos federais ordinários

Inicialmente, devemos saber que a Constituição faz uma divisão de competências do


poder de tributar bem definida e rígida entre União, Estados e Municípios. No que tange
à União, a Constituição Federal estabelece no seu art. 153 os denominados impostos
ordinários da União. De acordo com Castellani (2011, p. 43), “Essa nomenclatura quer
demonstrar apenas que se trata de imposto que, para sua criação, não se exige qualquer
situação ou requisito específico, apenas o respeito ao processo legislativo definido pela
CF”. Assim, os chamados impostos federais ordinários são aqueles normais, comuns e
que não há necessidade de nada adicional às normas legislativas constitucionais. São
impostos ordinários da União: imposto sobre produtos industrializados (IPI); imposto
de renda (IR); imposto de importação (II); imposto de exportação (IE); imposto sobre
operações de crédito, câmbio e seguro ou valores mobiliários (IOF); imposto territorial
rural (ITR) e imposto sobre grandes fortunas (IGF). Mas a nossa Constituição outorga
também aos Estados e Municípios a competência para instituir impostos ordinários,
como veremos a seguir.

» Impostos ordinários dos Estados e Distrito federal

A competência para instituir impostos ordinários é também dos Estados, bem como
do Distrito Federal, lembrando que este possui competências estaduais e municipais.

18
Sistema tributário nacional e tributos • CAPÍTULO 2

Segundo Castellani (2011, p. 43), os estados e o DF “também são titulares da possibilidade


de criar alguns impostos, simplesmente respeitando o processo legislativo exigido pela CF”.
Esse autor está precisamente correto, já que o artigo 155 da Constituição Federal autoriza
os Estados e o DF a criar o seguintes impostos ordinários: Imposto sobre transmissão causa
mortis e doação de bens e direitos (ITCMD); Imposto sobre circulação de mercadorias
e serviços (ICMS); Imposto sobre propriedade de veículos automotor (IPVA).

» Impostos ordinários dos municípios

Por fim, a Constituição define, ainda, a competência para que os municípios instituam
seus impostos ordinários. Considerando já termos visto a definição de imposto ordinário,
passemos aos impostos ordinários de competência dos municípios.

A competência ordinária para que os municípios instituam impostos está no art. 156
da Constituição Federal, que prevê os seguintes impostos de competência municipal:
Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU); Imposto sobre Transmissão
intervivos onerosa de Bens Imóveis (ITBI); e Imposto sobre serviços (ISS).

Consoante o que vimos, o DF (Distrito Federal) tem uma competência híbrida estabelecida
especificamente pela Constituição em seu art. 147, ou seja, o DF cumula a competência
tributária dos estados e dos municípios. Assim, ele pode instituir os impostos a seguir:
ICMS, ITCMD, IPVA, IPTU, ITBI e ISS, já que esses impostos são de competências
estadual e municipal.

» Impostos residuais da União

Para além dos impostos originários, ou seja, que necessitam apenas de obediência ao
processo legislativo constitucional, a constituição ainda outorga competência para que
a União institua os chamados impostos residuais, ou seja, somente a união tem essa
competência residual.

A União definiu de forma rígida as competências dos entes tributantes, estabelecendo


taxativamente os fatos geradores de cada imposto em seus artigos 153, 155 e 156. Dessa
forma, o legislador quis restringir a instituição de novos impostos fora das situações
determinadas como fatos geradores dessa espécie de tributo. Não obstante, com a
probabilidade de essa restrição impedir a consideração de algumas matérias relevantes
em matéria de arrecadação tributária, o legislador constituinte deixou a possibilidade
de instituição de impostos fora daquelas hipóteses rigidamente postas nos artigos
153,155 e 156, ou seja, possibilitou uma competência para criar impostos para além
dos estabelecidos, ou seja, impostos residuais.

De acordo com Castellani (2011, p. 44), “Esses impostos residuais nada mais são que
impostos novos”. Portanto, os impostos residuais são impostos diversos dos já estabelecidos

19
CAPÍTULO 2 • Sistema tributário nacional e tributos

na constituição. Cabe salientar, no entanto, que a previsão para a criação dos chamados
impostos residuais também se encontra na Constituição, precisamente no art. 154, I,
sendo certo que esse dispositivo constitucional estabelece os requisitos para a instituição
de tais impostos.

Nesse sentido, os requisitos para instituir impostos residuais são três. Primeiro requisito:
fato gerador e base de cálculo diferentes dos já previstos; esse requisito se refere ao fato
de que o imposto residual deve ter incidência em situações novas, ou melhor, diferentes
das previstas nos artigos 153, 155 e 156 da Constituição.

Segundo requisito: aprovação por lei complementar; isso significa que a lei para aprovar
a instituição do novo imposto deve ter maioria absoluta, ou seja, mais da metade de
todos os membros da casa legislativa votante, estejam presentes ou não.

Terceiro requisito: não cumulatividade, ou seja, não pode cumular imposto sobre
imposto (efeito cascata); isso costuma ocorrer quando um produto ou serviço atravessa
várias fases até chegar ao consumidor final. Por fim, cabe relembrar que Estados, DF e
Municípios não possuem competência residual, apenas a União.

» Impostos extraordinários da União

Além dos impostos ordinários e residuais, a Constituição traz ainda a possibilidade de


a União, e somente ela, instituir o chamado imposto extraordinário. De acordo com
Castellani (2011, p. 44), “Como o próprio nome sugere, impostos extraordinários são
impostos que exigem, para sua instituição, uma situação extraordinária, excepcional”.
Corretíssima a abordagem de Castellani, pois o nosso legislador constituinte só autorizou
a instituição desse imposto em caso de declaração de guerra externa ou na sua eminência
(art. 154, II, CF/1988).

Vale ressaltar que o imposto extraordinário não precisa ser instituído por lei complementar
como o residual; logo, basta mais de a metade dos presentes na casa legislativa votar
a favor para que o imposto seja instituído, ou seja, basta a maioria simples, já que a lei
instituinte do imposto extraordinário é a lei ordinária e não complementar.

Outra peculiaridade do imposto extraordinário é que não há óbice que incida sobre
fatos geradores já existentes e utilizados pelos entes tributantes. A Constituição prevê,
ainda, que o imposto extraordinário deve ser suprimido de forma gradativa à medida
que sua causa também se esvaia, ou seja, trata-se de um imposto temporário e vinculado
à sua causa legitimadora (situação de guerra). O artigo 76 do CTN (Código Tributário
Nacional) determina que o prazo máximo para supressão do imposto extraordinário é
de cinco anos.

20
Sistema tributário nacional e tributos • CAPÍTULO 2

Taxas

Diferente dos impostos, a taxa é um tributo que exige uma contraprestação do Estado em favor
do contribuinte. Em outras palavras, o pagamento da taxa obriga o Estado a prestar o serviço
vinculado diretamente ao valor pago em favor de quem paga o tributo. Nas palavras de Castellani
(2011, p. 44), “Taxa é a modalidade de tributo que tem por fato gerador uma situação diretamente
relacionada a uma atividade estatal”. Nesse sentido, diversamente do imposto, que é tributo
não vinculado, a taxa é um tributo plenamente vinculado a uma atividade específica do Estado.
A taxa tem previsão constitucional no artigo 145, II, da Constituição Federal. O fato gerador da
taxa só pode ser relacionado a duas formas de atividade estatal, quais sejam, serviço público e
poder de polícia. Essa modalidade de tributo tem como característica a retributividade, ou seja,
o ressarcimento financeiro ao estado por serviços prestados diretamente ao contribuinte. Em
razão disso, o valor da taxa deve ser proporcional ao custo do serviço efetivamente prestado ao
beneficiado pela atividade estatal.

Essa constatação se depreende do disposto no art. 145, § 2o, da CF, ou seja, “As taxas não podem ter
base de cálculo própria dos impostos”. Ora, patente está a intenção do legislador de não permitir
que o valor da taxa seja baseado na capacidade patrimonial do contribuinte, mas tão somente
no custo aproximado da atividade do Estado. Outra diferença que a taxa tem em relação ao
imposto é o fato de a Constituição não enumerar de forma rígida a taxa entre os entes tributantes:
União, Estados, DF e Municípios. Contudo, isso não significa que a Constituição não distribua a
competência entre estes entes para instituir as taxas inerentes às suas atividades estatais. Nesse
sentido, há a divisão das taxas em federais, estaduais e municipais; no entanto, essa divisão
não é feita de forma taxativamente enumerada, mas baseada nas competências de cada ente
para prestação de seus respectivos serviços e exercício de poder de polícia (veremos a seguir).
Portanto, os serviços da União criam taxas federais; do Estado, taxas estaduais; do Município,
taxas municipais; e do DF, taxas estaduais e municipais.

Taxa de polícia

A chamada taxa de polícia se refere ao tributo cobrado pelo exercício do poder de polícia do
Estado. Mas o que é poder de polícia? Essa resposta encontraremos no art. 78 do CTN, ou seja,
“é o poder de controle, fiscalização e de disciplina do exercício de direitos”. Em outras palavras,
o Estado, ao regular, fiscalizar ou disciplinar algumas atividades ou situações específicas da
sociedade, estará exercendo seu poder de polícia. Podemos trazer como exemplos a concessão
de licença ou permissão para determinadas atividades, a emissão de alvará de funcionamento
de determinado empreendimento, etc. Cabe salientar que o poder de polícia não se confunde
com as atividades das polícias, já que este último se refere à atividade de segurança pública,
enquanto o primeiro tem relação com poder de fiscalizar, disciplinar e controlar atividades
específicas das pessoas. Por fim, não se pode esquecer que a taxa de polícia se sujeita também

21
CAPÍTULO 2 • Sistema tributário nacional e tributos

à regra da retributividade, ou seja, não pode se basear no patrimônio do contribuinte, mas tão
somente no custo da atividade estatal do exercício do poder de polícia.

Taxa de serviço

Como o nome já diz, é a taxa vinculada à prestação de serviço público pelo Estado de forma
específica. A taxa de serviço tem previsão nos art. 145, II, CF/1988 e 79 e seguintes do CTN. Ao
analisarmos os dispositivos legais referentes à taxa, podemos extrair algumas características
específicas dessa espécie de tributo. A primeira é a necessidade de serviço público, esse serviço
pode ser prestado pelo próprio Estado ou mesmo por empresa privada mediante concessão
de serviço público. Cabe ressaltar que nem todo serviço público é objeto da taxa, já que alguns
serviços públicos prestados pelo Estado ou pela iniciativa privada mediante concessão estatal
são de natureza privada, logo regidos por regras privadas, logo cobrados por tarifa e não por
taxa, exemplos: transporte e pedágio.

A segunda característica é que o serviço público seja específico e divisível; isso significa que
ele deve ser prestado de forma individualizada, sendo possível identificar o beneficiado, bem
como a quantificação aproximada da atividade estatal. Nesse sentido, indubitável constatação
é de que os serviços públicos indivisíveis ou gerais como segurança pública, reparação de ruas,
iluminação pública, etc. não podem ser fato gerador de taxa. Por outro lado, os serviços divisíveis
como esgoto, atividade judiciária, coleta de lixo são fatos geradores do tributo taxa de serviço, já
que podem ser individualizados e mensurados.

A terceira característica da taxa é a utilização efetiva ou potencial; a constituição autoriza a


cobrança de taxa mesmo que o usuário não use efetivamente o serviço público, bastando a
disponibilidade estatal do serviço para uso individualizado. Ora, aqui já encontramos outra
diferença em relação à cobrança por tarifa, já que esta última só pode ser cobrada quando o
usuário efetivamente utiliza o serviço posto à disposição. Não são todos os serviços públicos
que podem ser cobrados através de taxa pela simples disponibilização pelo poder estatal ou
suas concessionárias; nesse sentido, o serviço posto à disposição do contribuinte deve ser um
serviço de interesse e necessidade coletiva como coleta de lixo e esgoto que se coadunam com
o interesse coletivo de saúde pública.

Contribuição de melhoria

A contribuição de melhoria é um tributo relacionado a uma atividade estatal específica. À


primeira vista, o fato gerador da contribuição de melhoria parece com o da taxa, mas é apenas
aparente, senão vejamos.

Quando falamos em fato gerador da contribuição de melhoria, não podemos perder de vista a
relação indireta que a atividade estatal tem com o contribuinte, o que não afasta a obrigação
de pagar o tributo. Na verdade, essa atividade estatal vai gerar a obrigação de pagar o tributo

22
Sistema tributário nacional e tributos • CAPÍTULO 2

para um certo grupo de pessoas, que se tornarão os contribuintes dessa modalidade de tributo.
A contribuição de melhoria tem previsão no art. 145, III, CF/1988 e no art. 81 CTN. O que se
depreende das características da contribuição de melhoria é que se trata de um tributo de
vinculação indireta. De acordo com Castellani (2011, p. 48), “...o fato gerador de contribuição de
melhoria é algo com vínculo indireto sobre a atividade estatal”.

Dois requisitos são exigidos para que o ente


Sugestão de estudo
tributante institua a contribuição de melhoria.
O primeiro é a realização de obra pública, que Considerando que o pagamento de tributos tem por
significa obra de uso coletivo, custeada pelo finalidade o retorno para a sociedade mediante serviços
públicos, entre eles obras públicas, como você avalia a
ente tributante, como a construção de uma
cobrança de contribuição de melhorias justamente para
praça, canalização de um córrego, construção executar obra pública? Seria bitributação? Para responder,
de ponte, etc. O segundo requisito é que haja leia o texto do Professor Geraldo Ataliba, da Universidade

certa valorização dos imóveis afetados pela obra de São Paulo, neste link: <https://www.direito.ufmg.br/
revista/index.php/revista/article/viewFile/1010/943>.
realizada, ou seja, é preciso que a valorização
imobiliária dos imóveis próximos seja resultado
da obra pública realizada. Nas palavras de Castellani (2011, p. 48), “Diante da atividade estatal da
realização de obra, custeada por toda a coletividade, os sujeitos proprietários de imóveis próximos
à obra pública acabam por ter um benefício injustificado, uma mais-valia imotivada”. O que se
depreende das palavras do autor é que não seria justo toda a coletividade pagar pelo privilégio
de certo grupo de pessoas. Assim como na taxa, não existe uma enumeração das contribuições
de melhoria para cada ente tributante na Constituição, a competência para esse tributo está
relacionada à competência administrativa de cada ente para realizar obra pública. Quanto ao valor
da contribuição de melhoria, esse não pode ultrapassar o valor efetivo da obra pública realizada.

Empréstimos compulsórios

A primeira coisa que devemos saber é que os empréstimos compulsórios são de competência
exclusiva da União, ou seja, federal. Assim, Estados, DF e Municípios não podem instituir tal
modalidade de tributo. Uma outra característica desse tributo é que o fato gerador dele não
é definido de plano, já que a Constituição não especifica o fato gerador como faz com outros
tributos. Não obstante, a CF/1988 em seu art. 148 estabelece que lei complementar definirá o
fato gerador dos empréstimos compulsórios. Diante dessa constatação, não é possível fazermos
o estudo inicial dos empréstimos compulsórios através de seu fato gerador, visto que esse só
surgirá a posteriori com a lei complementar que o instituir, diferentemente dos demais tributos
até aqui estudados.

De acordo com Castellani (2011, p. 50), “vale dizer que o ente terá plena liberdade na escolha de tal
fato, não se limitando pelos fatos geradores das outras espécies”. Ora, pelas palavras do autor nada
impede que a União, mediante lei complementar, possa instituir empréstimo compulsório com
fato gerador análogo aos demais existentes como renda, propriedade de veículos, circulação de

23
CAPÍTULO 2 • Sistema tributário nacional e tributos

mercadorias, etc. A instituição desse tributo deve ser por meio de lei complementar federal, ou
seja, com aprovação de mais da metade dos integrantes da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, estejam presentes ou não na votação.

Além de necessidade de lei complementar, a Constituição em seu art. 148, I, II, estabelece
algumas condições para que seja autorizada criação de empréstimos compulsórios, quais sejam:
declaração de guerra externa ou sua iminência; calamidade pública ou investimento público de
caráter urgente e relevante. Os valores arrecadados com o empréstimo compulsório devem ser
utilizados no custeio da atividade de guerra, em calamidade pública ou em investimento público
de urgência. Além da vinculação dos valores da arrecadação, a União deve, obrigatoriamente,
restituir os valores ao contribuinte, já que se trata de empréstimo. De acordo com o Supremo
Tribunal Federal (STF), a lei instituidora do empréstimo compulsório deve estabelecer o tempo
e a maneira de devolução desses valores ao contribuinte.

Contribuições especiais

As contribuições sociais formam uma espécie de tributo que possui destinação específica de
suas receitas, tendo sua previsão no artigo 149 e 149-A da Constituição Federal de 1988. Suas
receitas servem para custear algumas atividades específicas do Estado. Temos quatro diferentes
modalidades de contribuições sociais em nosso ordenamento jurídico. I - sociais; II - de interesse
de categorias profissionais ou econômicas; III - de intervenção no domínio econômico; IV - de
iluminação pública.

Contribuições especiais sociais

As receitas das contribuições especiais sociais são destinadas ao custeio de atividades estatais
específicas na área social. Entenda-se, para efeitos desse tributo, como área social as atividades
estatais relacionadas à saúde, educação, previdência e assistência social, de maneira que o art.
193 CF/88 delimita as atividades inerentes à ordem social. Ademais, as contribuições especiais
sociais se dividem ainda em contribuições para seguridade social e contribuições sociais gerais.

» Contribuições sociais para seguridade social

No que se refere às contribuições sociais para a


Saiba mais
seguridade social, temos o disposto no art. 194 CF/1988,
que relaciona seguridade social com atividades Pesquise se seu estado e/ou município
relativas à saúde, à assistência e à previdência social. possuem regimes previdenciários
próprios e descreva-os.
Essas atividades estatais serão custeadas por meio
das receitas arrecadadas mediante as contribuições
da seguridade social estabelecidas no art. 195 CF/1988, esse dispositivo constitucional
estabelece os fatos geradores para instituição dessa modalidade de contribuição. Apesar
da especificação dos fatos geradores, o mesmo artigo 195, § 4o, outorga a competência

24
Sistema tributário nacional e tributos • CAPÍTULO 2

para que a União, somente a União, possa criar novas contribuições para custeio da
seguridade social, respeitados os requisitos do art. 154, I, CF/1988. Por fim, não devemos
esquecer de que os Estados, DF e Municípios também possuem competência para
instituir contribuições previdenciárias para custeio de manutenção de seus sistemas
previdenciários (art.149, § 1o, CF/1988). Tais contribuições só atingirão os contribuintes
dos entes credores, já que serão os beneficiados pelo sistema previdenciário no que
refere a aposentadorias e demais benefícios previdenciários. Na inexistência de regimes
previdenciários desses entes, a contribuição estará vinculada ao sistema federal, uma
vez que o custeio previdenciário será pelo regime geral de previdência, o INSS.

» Contribuições sociais gerais

As contribuições sociais gerais são de competência exclusiva da União, destinam-se


ao custeio de todos os demais campos sociais das atividades do Estado, exceto a área
da previdência social. Sua previsão está no art. 212, § 5o, e 240 todos da Constituição
Federal. Assim, as contribuições sociais gerais podem ser instituídas para custeio de
educação (art. 212, § 5o, CF/1988) e de outras atividades como SESC, SENAI, SESI, etc.
(art. 240 da CF/1988).

» Contribuições de interesse de categoria profissional ou econômica

Também conhecidas como “contribuições


Observe a lei
corporativas” (CASTELLANI, 2011, p. 53), essas
contribuições especiais têm escopo de custear Pesquise as mudanças na contribuição
atividades federais relacionadas a interesses de sindical estabelecidas na Lei no 13.467,
de 13 de julho de 2017, denominada de
determinadas categorias profissionais e econômicas.
reforma trabalhista.
Tais contribuições se revelam aptas ao custeio, tanto
referente às representações sindicais quanto às
atividades de fiscalização e regulamentação das atividades dos profissionais de órgãos
de classes, como exemplos temos CRM, CRA, COFEN, etc.

» Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE)

Denominadas “contribuições interventivas” por Castellani (2011, p. 53), ou CIDE,


são contribuições relacionadas aos custos das intervenções da União no mercado
econômico. Na verdade, a União precisa manter íntegros os princípios da ordem
econômica estabelecidos no art. 170 da CF/1988, para tanto tem de promover atividades
estatais custeadas pelas contribuições interventivas. Essas intervenções podem ocorrer
com vários objetivos, entre eles controle da inflação, estímulo a determinado produto,
estímulo a alterações de preços de produtos e serviços, etc., podendo inclusive concorrer
diretamente com a iniciativa privada por meio de empresas públicas como a Caixa
Econômica Federal (CEF).

25
CAPÍTULO 2 • Sistema tributário nacional e tributos

Contudo, quando falamos da CIDE, estamos nos referindo à intervenção indireta da União
por meio de tributos (função não fiscal) com o objetivo de regular determinada área do
setor econômico. Podemos trazer como exemplo a CIDE dos combustíveis, prevista no
art. 177, § 4o, da CF/1988, que busca a criação de infraestrutura para esse setor. A CIDE
também não tem seu fato gerador previamente estabelecido na Constituição Federal,
exceto a referida CIDE dos combustíveis, que tem como fato gerador a comercialização e
importação de combustíveis e lubrificantes. Nos demais casos, a lei ordinária instituidora
da contribuição determinará o fato gerador.

» Contribuições especiais de custeio do serviço de iluminação pública

Não há que se confundir tarifa de energia elétrica com contribuição de custeio de


iluminação pública, notadamente em razão de a energia elétrica ser um serviço divisível
regido por regras de direito privado. Assim, a primeira característica do serviço de
iluminação pública é sua indivisibilidade e generalidade, ou seja, é prestado para uma
coletividade e não se pode mensurar o quanto cada indivíduo consumiu.

A previsão dessa contribuição está no art. 149-A da CF/1988. Normalmente, as


contribuições especiais são de competência da União; contudo, as contribuições
especiais de custeio do serviço de iluminação pública são exceção a essa regra, já que é
de competência dos municípios e do Distrito Federal (DF), uma vez que são esses entes
que prestam o referido serviço público. Outrora, essa contribuição já foi chamada de
taxa de iluminação pública, contudo o STF (Súmula 670) declarou inconstitucional por
não possuir as características de taxa, entre elas ser um serviço divisível e mensurável
individualmente. De acordo com a CF/1988, a cobrança do tributo pode ser efetivada
na própria conta de energia elétrica do contribuinte, o que não se confunde com a tarifa
de energia.

Observe a lei

Sobre as contribuições especiais de custeio do serviço de iluminação pública, pesquise a Súmula 670 do STF e a Emenda
Constitucional no 39/2003, referentes ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal naquela súmula e à mudança na
redação de tal emenda.

26
CAPÍTULO
IMPOSTOS DOS ENTES
FEDERADOS EM ESPÉCIES 3
Apresentação

Sabemos que todos os entes federados têm competência para criar e cobrar tributos, desde
que suas competências estejam previstas na Constituição Federal de 1988. Sabemos, ainda,
que as espécies tributárias se dividem em cinco: impostos, taxas, contribuição de melhorias,
empréstimos compulsórios e contribuições especiais. No entanto, considerando que as demais
espécies de tributos têm reduzidas variações, optamos pelo estudo mais profundo dos impostos
neste capítulo, já que, conforme veremos, suas variações são deveras amplas e complexas. Nesse
sentido, estudaremos os impostos da União, Municípios, Estados e Distrito Federal, explicando
todas as suas variações de fatos geradores, alíquotas e bases de cálculo.

Objetivos do capítulo

» Estudar os impostos da União e suas incidências.

» Estudar os impostos estaduais e do DF e suas incidências.

» Estudar os impostos dos municípios e suas incidências.

» Diferenciar alguns impostos semelhantes entre os entes tributantes.

27
CAPÍTULO 3 • Impostos dos entes federados em espécies

Impostos federais

De acordo com nossos estudos até agora, já sabemos que a Constituição estabelece uma
rígida divisão de competências entre os entes tributantes, garantindo a cada ente o direito de
instituição e arrecadação de seus tributos para que tenham condições financeiras de exercício
de suas atividades estatais. Nesse sentido, passaremos ao estudo mais detalhado das espécies
de impostos e suas principais características, sem esquecermos que a competência dos entes
também engloba os demais tributos estudados no capítulo 2.

A razão de reservarmos um capítulo para estudo dos impostos é seu grande volume de espécies,
bem como a variedade de seus fatos geradores e bases de cálculo. Assim, consoante estudado no
capítulo anterior, os impostos federais são classificados em ordinários, residuais e extraordinários,
abordaremos especificamente os ordinários, visto que são os impostos que necessitam apenas
do processo legislativo específico e estão previstos no art. 153 da Constituição Federal.

Imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II)

A primeira característica desse imposto é sua natureza extrafiscal, o sentido de sua função não
ser meramente arrecadatória, mas ter outros objetivos do ente instituidor do tributo. Assim, o
II é um imposto que pode servir para influenciar a oferta e a demanda de alguns produtos, para
controle de inflação, bem como outras medidas de intervenção do Estado na balança comercial,
sem perder de vista sua função arrecadatória. Sua previsão se encontra no art. 153, I, da CF/1988,
sendo sua regulamentação no art. 19 e 22 CTN, e criado pelo Decreto-Lei no 37/1966. Por ser um
imposto que influencia no mercado (extrafiscal), não deve ter muitos entraves em sua manipulação
pelo Estado. Em razão disso, a Constituição permite que ele não se submeta aos princípios da
legalidade (pode ser alterado pelo poder executivo) nem ao princípio da anterioridade (nem
anual nem nonagesimal), ou seja, o II pode ser ter vigência imediata por meio de ato do poder
executivo.

Fato gerador do II

O fato gerador da obrigação tributária do II consiste exatamente na entrada econômica de


produtos estrangeiros no território brasileiro. Mas não basta a simples entrada física do produto
estrangeiro no território nacional, é necessário que haja a efetiva permanência e a utilização
desse produto no Brasil. O que se depreende dessa afirmação é que nem todo produto estrangeiro
que entra no território brasileiro está sujeito à incidência do imposto de importação (II). Basta
pensarmos em entradas eventuais de produtos como os constantes em aeronaves em escala
pelo Brasil; produtos estrangeiros em exposições ou feiras; etc.

Esses produtos com entradas eventuais e permanência provisória no território nacional não
configuram fatos geradores do imposto de importação. No que diz respeito ao momento da

28
Impostos dos entes federados em espécies • CAPÍTULO 3

efetiva entrada do produto importado no território nacional, considera-se para tal o chamado
desembaraço aduaneiro, ou seja, o ato administrativo de liberação da entrada do produto no
Brasil pela autoridade nacional, tal atividade ocorre por meio de processo administrativo efetivado
nos portos, aeroportos e postos de fronteira. Quando a legislação usa o termo produto, está se
referindo tanto a mercadorias para comércio quanto a produto para uso; logo, o fato gerador
do imposto de importação incide sobre produtos importados para comércio, bem como sobre
produtos importados para quaisquer fins. Para fins de incidência do imposto, devemos considerar
a entrada do produto em solo brasileiro como a efetiva entrada em território aduaneiro (repartição
alfandegária), sendo este último o território onde a fiscalização brasileira tem jurisdição.
Cabe ressaltar que a fiscalização aduaneira não tem jurisdição em territórios abstratos como:
representações diplomáticas, embarcações e aeronaves oficiais, entre outras. Assim, a entrada
econômica efetiva do produto importado só se materializa quando do desembaraçamento
aduaneiro do produto na repartição alfandegária brasileira. O devedor do imposto (sujeito
passivo) é a pessoa que importa ou arremata produtos apreendidos e leiloados. O credor do
imposto (sujeito ativo) é a união federal.

Base de cálculo e alíquota do II

A base de cálculo (capítulo 1) do imposto de importação é precisamente o valor aduaneiro


do produto, que se traduz no preço regular do produto em condições de livre concorrência,
considerando o custo, o frete e o seguro dele. Quando o produto é proveniente de leilão, a base
de cálculo é o preço de arrematação. Quanto a alíquota do II, ela pode ser estabelecida em
percentual ou em valor fixo. Há algumas peculiaridades em relação à alíquota do imposto de
importação; no caso da alíquota por percentagem, pode haver variações conforme o caso. Nesse
sentido, a percentagem da alíquota pode variar conforme o interesse comercial do governo
federal, sendo certo que suas alterações podem ocorrer por meio de ato do poder executivo (sem
lei do poder legislativo), podendo ainda ter vigência imediata, já que não se sujeita ao princípio
da anterioridade.

É possível afirmar que o II tem grande variação de regimes diferenciados, de modo a ter tratamento
específico para cada situação diferente. Podemos trazer como exemplo o regime incentivador
de exportações (Drawback), nele existe a suspensão ou isenção da obrigação tributária de
produtos importados para posterior exportação, como na indústria aeronáutica, que importam
turbinas para aeronaves que serão posteriormente exportadas. Não podemos esquecer das áreas
de livre comércio e zonas francas que têm tratamento tributário diferenciado para estimular o
desenvolvimento de determinadas regiões.

29
CAPÍTULO 3 • Impostos dos entes federados em espécies

Imposto sobre exportação de produtos nacionais e nacionalizados


(IE)

Assim como o Imposto de Importação (II), o imposto de exportação também tem natureza
jurídica de tributo extrafiscal, visto que, além de arrecadatório, também tem outros objetivos do
ente tributante, como, por exemplo, influenciar a balança comercial. Na mesma esteira, o IE não
está sujeito aos princípios da legalidade e da anterioridade. O imposto de exportação foi criado
pelo Decreto-Lei no 1.578/77, tendo sua previsão no art. 153, II, da CF/1988 e regulamentado
nos artigos 23 e 28 do CTN.

Fato gerador do IE

O fato gerador da obrigação tributária do imposto de exportação consiste na exportação para o


exterior de produtos nacionais e nacionalizados. Assim, o fato gerador se consuma no momento
em que ocorre a efetiva remessa do produto nacional ou nacionalizado para o exterior. Contudo,
não basta a mera saída física do produto para o exterior, sua saída deve ter um viés econômico
no sentido de incorporação à economia de outro país. Nesse sentido, Castellani (2011, p. 149)
nos lembra das premissas do imposto de exportação, ou seja, “Produtos que deixam o país para
exposição e para reingresso posterior não são alcançados pelo tributo”. Ao nos referirmos a produtos
nacionais e nacionalizados, devemos ter como produtos nacionais os produzidos no Brasil, os
nacionalizados, os incorporados ao mercado nacional. Quanto ao momento de incidência do
imposto de exportação, devemos ter uma ótica análoga ao imposto de importação, ou seja, o
momento de incidência coincide com a declaração de exportação no sistema alfandegário. O
credor do imposto (sujeito ativo) é o ente tributante, a união federal; o devedor, ou sujeito passivo,
é a pessoa que exporta os produtos nacionais ou nacionalizados.

Base de cálculo e alíquota do IE

A base de cálculo do imposto é o valor normal do produto em condições de livre concorrência,


sendo bem parecida com o II. Contudo, no imposto de importação não se usa o valor total do
negócio para calcular o valor do imposto, mas apenas o valor do produto com exclusão dos
valores do frete e do seguro. Quanto às alíquotas, seguem as orientações do II, ou seja, podem
ser fixas ou em percentagem, esta última tem como alíquota base 30%, podendo ser alterada por
meio de ato do poder executivo e limitada até cinco vezes esse valor percentual. Pelas mesmas
razões do imposto de importação (II), o imposto de exportação (IE) não se sujeita aos princípios
da legalidade nem da anterioridade.

Imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza

Diferentemente dos impostos II e IE, o imposto de renda é um tributo nitidamente fiscal, ou


seja, sua função principal é de arrecadar fundos. Diferencia-se também daqueles impostos por

30
Impostos dos entes federados em espécies • CAPÍTULO 3

se submeter a quase todos os princípios inerentes a tributos como legalidade, anterioridade


(exceto a nonagesimal) e irretroatividade. Além desses princípios (já estudados), o imposto
sobre renda também deve obedecer outros, ou seja, de acordo com o art. 153, § 2o, da CF/1988,
o imposto sobre renda (IR) deverá obedecer os princípios da generalidade, da universalidade
e da progressividade. Assim, pelo princípio da generalidade, o IR deve alcançar a totalidade de
pessoas, ou seja, não importa suas condições ou qualidades. Inicialmente, podemos pensar que
todos devem pagar sobre suas rendas, mas a generalidade não quer dizer isso, pois o alcance do
imposto a todas as pessoas não afasta o tratamento diferenciado previsto no sistema tributário,
mormente com relação à renda e a outros critérios referentes ao contribuinte.

No que tange ao princípio da universalidade, o imposto de renda incide sobre a totalidade de


renda e patrimônio afetos ao contribuinte, sendo essa totalidade exatamente a base de cálculo
do imposto. O outro princípio aplicado ao imposto sobre renda é o princípio da progressividade,
que se refere à variação de alíquotas de acordo com a envergadura da renda do contribuinte, ou
seja, quanto maior a renda maior é a alíquota.

De acordo com Castellani (2011, p. 151), “Com isso, o imposto sobre renda acaba por realizar, de
maneira direta, o princípio da capacidade contributiva, na medida em que é graduado conforme
a capacidade econômica do sujeito passivo”.

Fato gerador do imposto sobre renda

De acordo com o art. 43 do CTN, “O imposto, de competência da união, sobre renda e proventos de
qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica”.
Aquisição e disponibilidade econômica ou jurídica se referem ao aumento de patrimônio do
sujeito passivo, ou seja, quando o contribuinte acrescenta riqueza nova ao seu patrimônio,
obviamente descontadas as despesas de aquisição e manutenção. A disponibilidade econômica
se refere à renda disponível concretamente em mãos do contribuinte, enquanto disponibilidade
jurídica podemos pensar em valores adquiridos juridicamente, mas que ainda não ingressaram
efetivamente no patrimônio do contribuinte, como uma venda a prazo. De acordo com o art. 43,
§ 2o, do CTN, a aferição acerca da renda econômica ou jurídica deve ser definida em cada caso
concreto. Quanto ao termo “proventos de qualquer natureza”, Castellani (2011, p. 151) afirma
que “toda receita não definida como renda pode ser considerada proventos de qualquer natureza”.

Base de cálculo e alíquota do IR

A base de cálculo do imposto sobre renda é precisamente a disponibilidade econômica ou jurídica


de renda proveniente de trabalho ou capital, bem como proventos de qualquer natureza, ou
seja, qualquer valor patrimonial diferente de renda. Em outras palavras, o valor do imposto vai
ser calculado sobre a renda ou proventos tributáveis do contribuinte, que pode ser pessoa física
ou pessoa jurídica.

31
CAPÍTULO 3 • Impostos dos entes federados em espécies

Cabe esclarecer ainda que o imposto sobre renda incide sobre dois tipos de contribuintes (pessoa
física e jurídica). Assim, quando o sujeito passivo (contribuinte) é a pessoa física, o imposto incide
sobre o total de sua renda, mas abatendo valores gastos com educação até certo limite, saúde,
etc. Quando o contribuinte é pessoa jurídica (empresa), o imposto incide sobre as receitas, mas
descontam-se os custos com a produção dos bens e serviços.

No que tange às alíquotas, também existem critérios diferenciados entre contribuinte pessoa
física e pessoa jurídica. Assim, a alíquota do IR pessoa física possui faixas de cobrança em 2018 de:
0%, 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%, dependendo do aporte da renda do contribuinte. Já a alíquota do
imposto sobre renda da pessoa jurídica (IRPJ) segue uma percentagem de 15%, com um adicional
sobre o faturamento líquido de 10%. Existe também diferença no período relativo à incidência
do IR, ou seja, no imposto de pessoa física esse período é de um ano, sendo o da pessoa jurídica
de três meses ou de um ano.

Imposto sobre produtos industrializados (IPI)

Semelhante ao IR, o imposto sobre produtos industrializados é um imposto com fim fiscal, já que
sua função principal arrecadatória, não excluindo, contudo, a possibilidade de uso extrafiscal pelo
governo. Essa função extrafiscal pode ser observada nas alíquotas excessivamente altas impostas à
produção de cigarros e bebidas como desestímulo ao uso desses produtos. A previsão do imposto
sobre produtos industrializados (IPI) está no artigo 153, IV, da CF/1988, com regulamento nos
art. 46 a 51 do CTN, além do Decreto no 4.544/2002.

Alguns princípios constitucionais são observados nesse imposto, quais sejam: a seletividade, a não
cumulatividade, bem como não incidir sobre produtos exportados. O princípio da seletividade
do IPI se refere ao fato de que, quanto mais essencial o produto, menor a alíquota do imposto e,
quanto menor a essencialidade, maior a alíquota, podendo chegar a até mais de 300% do valor
do produto (Tabela incidência sobre produtos industrializados).

No que tange ao princípio da não cumulatividade, o legislador considera que os produtos


industrializados passam por várias operações na cadeia produtiva, logo, o imposto de uma
operação é abatido na operação seguinte, e assim por diante. Por fim, a Constituição concede
uma imunidade aos produtos industrializados para exportação, de modo que não incidirá o IPI
sobre eles. Na opinião de Castellani (2011, p. 155), “O objetivo nítido dessa imunidade é tornar
o produto brasileiro mais barato para exportação, favorecendo a balança comercio al do país”.

Fato gerador do IPI

A principal característica do fato gerador desse imposto é sua incidência sobre o produto
industrializado. Produto industrializado pode ser todo aquele que foi submetido a processo
alterador de sua natureza, sua finalidade, e o transforme para consumo, ou seja, o bem deve ser
modificado e preparado para utilização. Quanto à utilização, o IPI vai incidir em quaisquer tipos de

32
Impostos dos entes federados em espécies • CAPÍTULO 3

utilização, seja para o comércio, seja para utilização particular ou para outros tipos de consumo.
O IPI incide também sobre produtos industrializados importados, bem como sobre produtos
industrializados apreendidos e arrematados em leilão. Assim, o fato gerador do IPI tanto pode ser
a industrialização de produtos no Brasil quanto a importação de produtos industrializados e a
arrematação de produtos industrializados apreendidos. Por fim, o sujeito passivo ou contribuinte
pode ser quem industrializa, arremata, aliena ou importa produtos industrializados.

Base de cálculo e alíquota do IPI

A base de cálculo do IPI é o valor da operação. No caso de importação, a base de calcular o imposto
será o valor do produto, acrescido do valor do custo, seguro e frete; além do valor do imposto
de importação, bem como da taxa aduaneira e custos cambiais. Em outras palavras, a base de
cálculo do tributo é o valor do produto apto a entrar no território brasileiro, livre de qualquer
embaraço aduaneiro. Quanto à alíquota, já vimos que é seletiva e varia de 0% a mais de 300%
de acordo com a essencialidade do produto, bem como sua colocação na tabela de incidência
sobre produtos industrializados (TIPI), esta que é manipulada por decreto do poder executivo.

Imposto sobre operação de crédito, câmbio, seguro ou relativo a


títulos de valores mobiliários

A primeira característica relevante do chamado IOF é precisamente sua grande inclinação


extrafiscal, já que é importante ferramenta de intervenção no crédito. Outra característica é sua
moderada submissão a alguns princípios constitucionais. Assim como o II, IE e IPI, as alíquotas
do IOF podem ser alteradas por meio de ato do executivo, ou seja, não necessita de lei legislada,
logo, exceção ao princípio da legalidade apenas na questão de alterações de alíquota. No que
tange ao princípio da anterioridade (art. 150, III, CF/1988), a não submissão é total, na medida em
que as alterações são de vigência imediata e não obedecem a qualquer prazo para sua validade.

Fato gerador do IOF

Uma importante característica do IOF é sua diversidade material de incidência, ou seja, as várias
formas de o fato gerador se materializar em relação ao imposto. Na verdade, existem várias
modalidades de IOF: sobre créditos, câmbio, seguros e títulos. O fato gerador do IOF sobre
operações de créditos ocorre quando há disponibilidade de valores tomados em obrigação por
certas pessoas; em outras palavras, o fato gerador incide sobre empréstimos de qualquer natureza,
bem como sobre financiamentos. Assim, a ocorrência de incidência do fato gerador do IOF será
o instante de disponibilização do valor do crédito correspondente à operação.

De acordo com o CTN, o devedor do tributo pode ser qualquer uma das duas partes da
operação (cedente/tomador do crédito), contudo a legislação ordinária determina que o devedor
(contribuinte) é quem toma o crédito, mas o responsável tributário para recolher os valores é o
cedente do crédito (instituições financeiras).

33
CAPÍTULO 3 • Impostos dos entes federados em espécies

O IOF incide também sobre operações de câmbio, entendendo essas operações como a troca de
moedas estrangeiras por moeda nacional. O momento de materialização do fato gerador ocorre
quando os valores forem disponibilizados em moeda nacional, sendo esse o momento de incidência
do imposto. À semelhança das operações de crédito, o devedor do imposto (contribuinte/sujeito
passivo) pode ser o comprador ou vendedor da moeda, as instituições vendedoras da moeda são
responsáveis pelo recolhimento do tributo.

O IOF incide ainda sobre operações de seguro, o fato gerador se materializa com a contratação
da apólice e com o pagamento do prêmio. O devedor do imposto será quaisquer das partes
contratantes, sendo possível que a seguradora seja a responsável pelo recolhimento. Por fim,
o IOF tem incidência sobre operações com títulos e valores mobiliários, sendo esses títulos
investimentos em ações, debêntures, fundo de investimentos, etc. Outra vez, o sujeito passivo
ou devedor do imposto pode ser quaisquer uma das partes da operação, podendo haver também
a substituição tributária (responsável pelo recolhimento do imposto).

Alíquota e base de cálculo do IOF

A base de cálculo do imposto sobre operações financeiras (IOF) relativa a crédito será o valor
do crédito cedido. A alíquota tem um limite legal de 1,5%, o poder executivo regulamentou a
percentagem da alíquota em 0,0041% ao dia. No que se refere ao IOF sobre operações de câmbio,
a base de cálculo é precisamente o valor do montante da moeda estrangeira já convertido em
moeda nacional, sendo sua alíquota limitada a 25%, mas definida pelo poder executivo em 5%
com previsão de reduções e isenções em casos específicos.

No IOF sobre operações de seguros, a base de cálculo será o valor do prêmio pago, sendo a
alíquota limitada legalmente a 25%, mas regulamentada em 7% com possibilidades de redução
e isenções pelo governo. No que tange ao IOF sobre operações de títulos, o limite legal é de
1,5%, mas o poder executivo costuma isentar na maioria das operações. O que se depreende do
estudo das alíquotas do IOF é a intervenção estatal recorrente nas alíquotas estabelecidas em
lei, na medida em que o poder executivo regula as alíquotas conforme sua conveniência, sendo
verdadeira exceção ao princípio da legalidade referente às regulações das alíquotas.

Imposto territorial rural (ITR)

O ITR é um imposto com natureza bastante inclinada para a extrafiscalidade, ou seja, tem como
principal função regular a propriedade, garantindo sua função social da propriedade na zona
rural. Sua criação ocorreu por meio da Lei no 9.363/1996 e sua previsão está no art. 153, VI, da
CF/1988 C/C os artigos 29 a 31 do CTN. Além da submissão a todos os princípios constitucionais
referentes a tributos, o ITR tem peculiar relação com o princípio da progressividade, já que
sua função extrafiscal tem papel de desestimular a propriedade de terras rurais improdutivas
(sem função social). Em outras palavras, a incidência do ITR não considera apenas o valor da

34
Impostos dos entes federados em espécies • CAPÍTULO 3

propriedade, mas, também, seu cumprimento à função social da terra, ou seja, quanto mais
produtiva menor o imposto.

Cabe observar que o ITR não tem incidência sobre as chamadas “pequenas glebas rurais”, que são
pequenas propriedades exploradas por proprietários que não possuam outro imóvel. O termo
“pequena gleba rural” tem definição na Lei no 9.363/1996, que estabelece medidas diferentes em
diferentes municípios: 100 ha na Amazônia Oriental e Pantanal; 50 ha no polígono amazônico
das secas; e até 30 ha no restante do país. Quanto à arrecadação, a União ainda pode deixar o
recolhimento a cargo do município de localização das terras, deverá deixar todo o valor arrecadado
com o município recolhedor. Nos casos mais comuns, a União cobra o imposto e destina 50%
da receita ao município detentor das terras objeto de incidência do ITR.

Fato gerador do ITR

O fato gerador do ITR é a propriedade de terras na zona rural. Ressalte-se que a incidência do
imposto só ocorre em relação às terras rurais, sendo excluídas as construções (IPTU), incidindo
a base de cálculo apenas sobre o valor da terra pura. Não devemos esquecer que o ITR só incide
sobre terra rural, sendo a definição dessa por exclusão do que define o art. 32 do CTN sobre
áreas urbanas, segundo o qual são áreas com medidas de infraestrutura e melhoramentos pelo
município.

Castellani (2011) sustenta que, “Definida área urbana, o conceito de área rural é dado por exclusão,
ou seja, considera-se área rural toda área do município que não considerada urbana”. Tal constatação
nos leva à conclusão de que IPTU e ITR sobre terras são reciprocamente excludentes entre si.
O fato gerador do ITR ocorre exatamente no dia 1o de janeiro de cada exercício. O devedor ou
contribuinte do imposto é o proprietário ou possuidor de terras rurais. Quanto ao credor ou
sujeito passivo é a União, esta que tem a prerrogativa de delegar aos municípios em que estão
as terras a arrecadação do referido imposto, nas condições acima elencadas.

Base de cálculo e alíquota do ITR

A base de cálculo do ITR é precisamente a terra nua, ou seja, o valor do terreno rural sem as
construções, plantações, pastagens ou quaisquer outras culturas. A alíquota, conforme já
aduzido, é progressiva, oscilando de 0,03% até 20% a depender do tamanho e do uso produtivo
da propriedade rural.

Imposto sobre grandes fortunas

Apesar de ser um imposto de competência da União previsto no art. 153, VII, da CF/1988, este
até o momento não existe no ordenamento jurídico efetivamente, eis que a União ainda não
exerceu sua competência em criar o referido tributo. Assim, quando o ente tributante União
resolver instituir o IGF, deverá fazê-lo por meio de lei complementar.

35
CAPÍTULO 3 • Impostos dos entes federados em espécies

Impostos dos Estados e do DF

Os impostos de competência dos Estados e do DF estão previstos no art. 155 da CF/1988, ou


seja, Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação de Bens e Direitos (ITCMD), Imposto sobre
Circulação de Mercadorias (ICMS) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação de Bens e Direitos


(ITCMD)

Este imposto tem previsão legal no art. 155, I, da CF/1988 e regulamentado pelas legislações
estaduais específicas. O fato gerador do ITCMD é a transmissão de bens móveis e imóveis, por
meio de herança ou por doação. Cabe salientar que o imposto incide ainda no caso de algum
herdeiro abrir mão de parte de sua herança em favor de outro herdeiro, sendo o imposto cobrado
sobre essa parte doada. Considera-se praticado o fato gerador no momento em que se transfere
a titularidade do bem, no caso de imóveis, no momento da inscrição no RGI. A base de cálculo
do ITCMD é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos por morte ou doação. Quanto à
alíquota, essa é definida por cada legislação estadual, a Resolução no 8 do Senado Federal limita
a 8% como alíquota máxima para o ITCMD.

Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)

Este imposto tem previsão no art. 155, II, da CF/1988, sendo regulamentado por leis estaduais
específicas. O fato gerador do ICMS é deveras variado, a saber: i) A circulação onerosa de
mercadorias; II) A prestação de serviços de transportes interestadual e intermunicipal; III)
comunicação; IV) energia elétrica; V) importação de bens.

O ICMS é mais conhecido pelo fato gerador de circulação onerosa e habitual de mercadorias.
Assim, a circulação de forma constante e habitual significa que a venda de algum bem, sem
habitualidade, não é fato gerador de ICMS. O ICMS terá incidência ainda sobre importação
de bens, realizada por pessoa física ou jurídica, de maneira habitual ou esporádica, para uso
próprio ou de terceiros. Haverá incidência do imposto ainda sobre alguns serviços de transporte,
intermunicipal e interestadual. Por fim, incide também o ICMS sobre os serviços relacionados à
transmissão, à recepção e à geração de comunicação de qualquer espécie, salvo quando o serviço
de comunicação for gratuito. A base de cálculo do ICMS será o valor da operação ou do serviço.
A alíquota será estabelecida pelo Estado, sujeito ativo da relação tributária, o Senado Federal
pode limitar a alíquota no teto máximo e no mínimo.

Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)

O IPVA tem previsão no art. 155, III, da CF/1988, sendo regulamentado também pelos estados
específicos. O fato gerador do IPVA é a propriedade de veículos automotores de quaisquer
espécies, que incide a partir da aquisição do veículo e se repete todo ano. O imposto não incide
sobre aeronaves e embarcações.

36
Impostos dos entes federados em espécies • CAPÍTULO 3

Cabe salientar que a venda do veículo leva consigo a obrigação tributária para quem compra, salvo
se a venda não tenha sido registrada no órgão competente, caso em que a dívida permanecerá
com o antigo proprietário. A base de cálculo é o valor do veículo. A alíquota será regulada pelos
estados competentes, podendo variar de acordo com as características do veículo. O Senado
pode estabelecer alíquota mínima para o IPVA.

Impostos municipais e do DF

Os impostos dos municípios são previstos no art. 156 da CF/1988, sendo eles Imposto Predial
Territorial Urbano (IPTU), Imposto de Transmissão Intervivos de Bens Imóveis (ITBI) e Imposto
sobre serviços de qualquer natureza (ISS).

Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU)

O IPTU tem previsão no art. 156 da CF/1988 e regulamentação nos arts. 29 a 31 do CTN, é criado
por cada legislação municipal específica. O fato gerador do imposto é a propriedade de território
ou prédio urbano. A propriedade territorial urbana inclui o terreno e o prédio com todas as
suas melhorias. Consolida-se a propriedade do imóvel no momento do registro em cartório
competente. A base de cálculo é o valor venal do imóvel. A alíquota aplicável é estabelecida pelo
município competente.

Imposto de transmissão intervivos a qualquer título, por ato


oneroso, de bens móveis, por natureza ou acessão física, e de
direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
cessão de direitos e aquisição (ITBI)

O ITBI tem previsão no art. 156, II, da CF/1988, sendo regulamentado pelos municípios por
suas legislações específicas. O imposto tem como fato gerador a transmissão onerosa de bens
imóveis entre pessoas vivas. Possui ainda como fato gerador a transferência de direitos reais
sobre imóveis (exceto de garantia). A base de cálculo do ITBI é o valor da operação ou do bem.
A alíquota é estabelecida pela legislação estadual correspondente.

Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS)

O ISS tem previsão no art. 156, III, da CF/1988, é regulamentado por legislação municipal específica
e pela Lei Complementar no 116/2003. O fato gerador do ISS é a prestação de qualquer serviço
a título oneroso, com exceção dos abrangidos pelo imposto estadual ICMS. A base de cálculo
do imposto é o valor do serviço. A alíquota é definida pela legislação municipal, respeitando os
limites máximo de 5% estabelecido na Lei Complementar no 116 e o mínimo de 2% na Constituição
(ADCT).

37
CAPÍTULO
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA E
LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR 4
Apresentação

Um dos princípios elementares expressos na Constituição Federal (art. 37) é o princípio da


legalidade. Segundo ele, o ente público só pode agir de acordo com o que a lei determina, ou seja,
não pode existir ato da administração pública na lacuna da lei. Nesse sentido, estudaremos neste
capítulo as espécies legislativas pertinentes ao direito tributário, já que este está indissociado do
princípio da legalidade, mesmo que focando uma abordagem mais ampla do conceito de lei. Ainda
neste capítulo, abordaremos a questão do limite de tributar dos entes federados, já que o poder
de tributar do Estado não é ilimitado. Para tanto, traremos à baila as hipóteses de imunidades
tributárias constitucionais, bem como alguns princípios que impedem o ente tributante de
extrapolar o poder tributário outorgado pela nossa Constituição Federal.

Objetivos do capítulo

» Conhecer as espécies normativas em matéria tributária.

» Estudar as imunidades tributárias presentes na CF/1988.

» Conhecer os princípios tributários, enquanto limitadores do poder tributante.

» Aprender os tributos que não se submetem a determinados princípios tributários.

38
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar • CAPÍTULO 4

Legislação tributária

Quando nos referimos à legislação tributária, estamos tratando do conjunto de leis que, de
alguma forma, aborda questões tributárias. Nesse sentido, a legislação tributária compreende
o conjunto de leis, tratados/convenções internacionais, decretos e normas complementares em
direito tributário. A seguir, explicaremos cada uma dessas espécies de normas.

Leis tributárias

O termo lei em matéria tributária, apresentado no artigo 96 do CTN, remete seu conteúdo ao
artigo 59 CF/1988, a saber: I. Emenda Constitucional, II. Lei Complementar, III. Lei Ordinária,
IV. Lei Delegada, V. Medida Provisória, VI. Decreto Legislativo, VII. Resoluções. Assim, todas essas
espécies estão incluídas no conceito de lei.

Emenda Constitucional

Esta espécie de lei é utilizada quando se quer alterar o texto da Constituição. Como estudado
anteriormente, a Constituição Federal não cria tributos, mas tão somente distribui competências
para os entes federados criarem seus próprios tributos. Além dessa função, ela também estabelece
as limitações a esses entes no que se refere ao poder de tributar, conforme estudaremos mais à
frente. Nesse sentido, as emendas constitucionais em matéria tributária têm função de alterar ou
criar novas competências, além de tratar de limitações do poder de tributar dos entes federados,
criando princípios e imunidades.

Lei complementar

Esta espécie de lei é usada para matérias específicas, seu processo legislativo de criação deve
ser mais rígido que das leis ordinárias comuns. Por ter essa especificidade de matérias, a lei
complementar é deveras relevante em direito tributário, já que é requisito inafastável para criação
de determinados tributos, como empréstimos compulsórios (art. 148, da CF/1988), imposto
sobre grandes fortunas (art. 153, VII, da CF/1988), impostos residuais (art. 154, I, da CF/1988)
e contribuições sociais para seguridade social (art. 195, § 4o, da CF/1988). Além da criação de
determinados tributos, a lei complementar tem outras funções estabelecidas nos arts. 146 da
CF/1988: I - dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária (dúvidas acerca de
competência tributária); II - regular questões relativas às limitações constitucionais ao poder
de tributar (complementação aos princípios e imunidades existentes); III - estabelecer normas
gerais em matérias tributárias (criar normas que vinculam todos os entes); V - estabelecer critérios
especiais de tributação (criação de normas diferentes das gerais, como o simples nacional para
EPPs e MEs).

39
CAPÍTULO 4 • Legislação tributária e limitações ao poder de tributar

Lei ordinária

A lei ordinária é espécie de lei geral aprovada por maioria simples (maioria dos presentes na
votação), diferente da lei complementar que necessita de maioria qualificada (maioria dos
membros da casa legislativa). Por fim, a lei ordinária tem função de criar, alterar e extinguir
tributos, sendo a espécie mais comum no ordenamento jurídico brasileiro.

Lei delegada

Esta espécie normativa é de competência do Chefe do Executivo, que recebe a delegação do


Congresso Nacional para criar tal lei, a qual tem mesmo nível hierárquico da lei ordinária. Cabe
esclarecer que a lei delegada tem aplicação deveras restrita, já que sua utilização para criar
tributos dependerá de delegação, a competência tributária não é delegável.

Medida Provisória

Assim como a lei delegada, a MP é de competência exclusiva do Chefe do Executivo, sua emissão
não depende de delegação. Nesse sentido, a MP tem força de lei e tem vigência imediata, sua
criação só é permitida em casos de urgência e relevância. O alcance de competência da MP é
o mesmo da lei ordinária, ou seja, instituição, alteração e extinção de tributos, salvo matérias
reservadas à lei complementar.

Decreto Legislativo

Esta espécie de norma é de competência exclusiva do poder legislativo. Em matéria tributária,


tem função de ratificação de tratados e acordos internacionais. Cabe esclarecer que os acordos
e tratados internacionais são firmados pelo Chefe do Executivo, sendo ratificados por Decreto
Legislativo autorizador do Congresso Nacional.

Resoluções do Senado Federal

Conforme o nome sugere, é de competência exclusiva do Senado Federal. Em matéria tributária,


tem função de tratar de algumas alíquotas de impostos estaduais. Em que pese ao Congresso
Nacional ser composto de Câmara (representa o povo) e Senado, este último retém competência
de tratar de alíquotas estaduais de impostos em razão de ser o representante dos Estados. Assim,
o Senado pode criar resoluções para regular alíquotas de IPVA (mínima), ITCMD (máxima) e
ICMS (máxima).

Tratados e convenções internacionais

Quando o CTN utiliza o termo legislação tributária, engloba os tratados e as convenções


internacionais. Os tratados e as convenções têm função de estabelecer acordos com viés de evitar
bitributação ou estímulo para operações econômicas via tributos.

40
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar • CAPÍTULO 4

Decretos

Podemos considerar ainda os decretos como parte da legislação tributária. A exemplo da lei
delegada e da medida provisória, o decreto também é de competência do Chefe do Executivo,
tendo como principal caraterística a regulamentação de leis, ou seja, via de regra não pode inovar
normativamente. A constituição estabelece que o decreto tem função de alterar alíquotas de
determinados tributos.

Normas complementares

O artigo 100 do CTN define as chamadas normas complementares, bem como o conceito de
legislação tributária. Nesse sentido, além de leis, decretos e tratados, são normas complementares:
I - atos normativos das autoridades administrativas; II - decisões administrativas; III - práticas
reiteradas de autoridades administrativas; IV - convênios celebrados entre entes tributantes. Por
fim, cabe salientar que esse artigo estabelece que o respeito às normas complementares afasta
a imposição de penalidades e juros sobre o tributo.

Limitações ao poder de tributar: imunidades e princípios


constitucionais

Imunidade

A imunidade é a desoneração constitucional de alguns tributos em situações peculiares. Para


parte da literatura tributária, trata-se de um tipo de competência negativa (CASTELLANI, 2011,
p. 73), ou seja, o ente tributante está impedido de exercer sua competência tributária. Contudo,
não devemos confundir imunidade com isenção, embora ambas impeçam a tributação. Nesse
sentido, a isenção é determinada pelo próprio ente tributante através de lei, logo, dependendo
da política, o ente pode editar lei de revogação da isenção de acordo com seus interesses. A
imunidade é, por seu turno, a exclusão constitucional da própria competência do ente tributante.

Imunidades genéricas

As imunidades genéricas estão previstas no art. 150, VI, da CF e atinge vários tributos ao mesmo
tempo: federais, estaduais e municipais. Cabe salientar que essa imunidade só atinge o tributo
denominado imposto. De acordo com o art. 150, VI, da CF/1988, são várias as modalidades de
imunidades, conforme adiante explicaremos.

Imunidade genérica recíproca

Esta modalidade de imunidade representa a vedação expressa no art. 150, VI, “a”, da CF, de os
entes tributantes (União, Estados, Municípios e DF) instituírem impostos sobre patrimônio,

41
CAPÍTULO 4 • Legislação tributária e limitações ao poder de tributar

renda e serviços uns dos outros. De acordo com Castellani (2011, p. 74), a imunidade só atinge os
impostos por ter esse tributo como fato gerador de riquezas, ou seja, não exige contraprestação
direta dos valores pagos, diferentemente das taxas e contribuições. O mesmo art. 150, § 2o, estende
a imunidade às fundações públicas e autarquias, já que estas exercem atividades públicas sem
fins negociais, atuando de forma complementar ao próprio Estado.

Imunidade genérica de templos religiosos

Em homenagem ao princípio da liberdade de culto e crença, o art. 150, VI, “b”, da CF/1988
estabelece a imunidade tributária aos templos religiosos de quaisquer religiões. O Brasil é um
país laico, ou seja, sem religião oficial. Nesse sentido, a imunidade atinge todos os impostos
incidentes sobre patrimônio, renda e serviços dos templos religiosos, desde que afetos à atividade
essencial da instituição religiosa. Podemos trazer como exemplos de origem de receitas: doações
de fiéis, celebrações, vendas de produtos religiosos, aluguel de salões, etc.; logo, a essencialidade
e vinculação à atividade religiosa do templo para fins de imunidade se afere (via de regra) pela
origem dos recursos.

Imunidade genérica de partidos políticos e suas fundações, entidades


sindicais de trabalhadores, instituições de assistência social e de educação

a. Partido político e suas fundações

Com escopo de tornar menos custosa a atividade de partidos políticos, bem como
preservar o princípio de liberdade de manifestação política, filiação partidária, a
Constituição estabeleceu a não incidência de impostos sobre patrimônio, renda e
serviços dos partidos políticos e suas fundações. Contudo, para gozar da imunidade,
eles precisam estar regularizados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

b. Entidades sindicais de trabalhadores

Com objetivo de garantir a atividade sindical no Brasil, a Constituição garantiu a


imunidade tributária às entidades sindicais representantes de trabalhadores. Perceba
que a imunidade não abrange os sindicatos patronais. Embora pareça ferir o princípio da
igualdade, as razões dessa diferença residem no fato de maior capacidade contributiva
das empresas, bem como em razão da proteção dos trabalhadores por meio das atividades
sindicais referentes a emprego, a condições de trabalho, a condições salariais, etc.

c. Instituições de assistência social e de educação

Sabendo da importância universal do ensino e da sobrevivência para a população, a


Carta Magna outorga imunidade tributária para essas instituições. Podemos trazer como
exemplo universidades, colégios, cursos profissionalizantes, Santas Casas, berçários,
asilos de idosos, etc. Cabe salientar que a imunidade a essas instituições está vinculada

42
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar • CAPÍTULO 4

à exploração das referidas atividades, desde que não possuam fins lucrativos, já que se
trata de atividades complementares ao Estado.

d. Imunidade genérica de livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão

Considerando a relevância do acesso à cultura, à educação e à informação, o art. 150,


VI, “d”, da CF/1988 traz essa modalidade de imunidade. Cabe salientar que a imunidade
incide apenas sobre impostos referentes ao preço do livro, ou seja, sobre o bem. Nesse
sentido, a imunidade abrange imposto sobre importação (II), exportação (IE), produtos
industrializados (IPI), sobre mercadorias e serviços (ICMS). De acordo com Castellani
(2011, p. 79), a não imunidade sobre demais impostos se justifica para não beneficiar
autores e editoras, de modo a desvirtuar o objetivo constitucional da medida.

Para refletir

Considerando a não previsão do livro eletrônico no texto constitucional, como poderíamos interpretar a imunidade ou não
imunidade incidente sobre esse tipo de livro? Ver Súmula 657 STF.

Imunidades específicas

Diferentemente das imunidades genéricas que se aplicam a todos os impostos, as imunidades


específicas são previstas pela Constituição de maneira individualizada para determinados tributos.

Imunidade de contribuições especiais – art. 149, § 2o, I, CF/88.

Com objetivo de fomentar as operações de exportação e negócios com mercados externos, a


Constituição prevê a imunidade específica sobre receitas decorrentes de bens e serviços oriundos
de exportação. Nas palavras de Castellani (2011, p. 81), “O Brasil deve exportar produtos e serviços,
não tributos”. Assim, com a imunidade, os produtos e serviços brasileiros ficam com preços mais
competitivos no mercado internacional.

Imunidade de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)

Com o mesmo espírito de estimular a exportação de produtos brasileiros ao exterior, a Constituição,


em seu art. 153, § 3o, III, concede a imunidade específica de não incidência de IPI sobre produtos
industrializados destinados ao comércio exterior, tornando esses produtos mais baratos e
competitivos.

Imunidade específica de ITR (Imposto Territorial Rural)

A imunidade desse imposto federal tem previsão no art. 153, § 4o, II, da CF/1988. Consoante já
explicitado, a imunidade é específica a algumas propriedades rurais: as pequenas glebas de terras
definidas em lei, que variam de acordo com a localização no território brasileiro. Ademais, temos

43
CAPÍTULO 4 • Legislação tributária e limitações ao poder de tributar

como outro requisito o de que o proprietário possua apenas a terra referente à imunidade, ou
seja, não pode possuir outro imóvel, mesmo que seja também pequena gleba de terra.

Imunidade de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

A previsão da imunidade desse imposto estadual está no art. 155, § 2o, X, da CF/1988. Nesse
sentido, não incidirá ICMS sobre produtos destinados à exportação, bem como serão imunes
os seguintes tributos destinados a outros estados brasileiros: petróleo, lubrificantes líquidos e
gasosos, energia elétrica, ouro, prestação de serviços de comunicação na modalidade de radiofusão
sonora, sons e imagens de receptação livres e gratuitas.

Imunidade de ITBI (Imposto de Transmissão onerosa de Bens Imóveis entre


vivos)

Com previsão no art. 156, § 2o, II, da CF/1988, essa imunidade afasta a incidência sobre
transferência onerosa de imóveis incorporados ao patrimônio da pessoa jurídica em realização
de capital, nem sobre transmissão de bens ou direitos oriundos de fusão, incorporação, cisão
ou extinção de pessoa jurídica. Embora essas operações sejam onerosas, não incide o ITBI em
razão da imunidade.

Imunidade de contribuições especiais sociais para custeio da seguridade social

Essa modalidade de imunidade específica se encontra no art. 195, § 7o, da CF/1988, de modo que
afasta a incidência de contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social sobre as
receitas de instituições beneficentes de assistência social. Assim, considerando que as instituições
beneficentes têm papel social relevante e complementar ao Estado, as chamadas contribuições
sociais de custeio da seguridade social não incidirão sobre as receitas dessas instituições.

Princípios constitucionais tributários

Assim como as imunidades tributárias, podemos considerar os princípios tributários como


verdadeiros limitadores ao poder de tributar do Estado. Corroborando nossa afirmação, a própria
Constituição aborda os princípios tributários no Título VI, da Tributação e do Orçamento, Capítulo
I, do Sistema Tributário Nacional, Seção II, Das limitações ao poder de tributar. Quando falamos
em princípios, estamos fazendo referência às estruturas fundamentais e básicas que orientam
toda interpretação do Direito, em nosso caso, do Direito Tributário. Assim, a CF/1988 coloca os
princípios como verdadeiros guardiões de defesa do contribuinte em face dos excessos de uso
do poder de tributar do Estado. Aliás, não é outra a opinião do eminente tributarista Hugo de
Brito Machado: “Tais princípios existem para proteger o cidadão contra os abusos do Poder. Em
face do elemento teleológico, portanto, o intérprete, que tem consciência dessa finalidade, busca
nesses princípios a efetiva proteção do contribuinte” (MACHADO, 2008, p. 52-58).

44
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar • CAPÍTULO 4

Princípio da Legalidade

De acordo com o artigo 150, I, da Constituição Federal: “é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. O que se
depreende de tal princípio é de que os entes tributantes têm como limitação ao poder de tributar
a lei, ou seja, todo aumento ou criação de tributos só pode ocorrer através de lei. Essa lei deve
ser aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo Chefe do Executivo. Contudo, considerando a
diversidade de normas na legislação tributária (já estudada anteriormente), podemos considerar
algumas exceções ao princípio da legalidade estrita (lei votada e sancionada). Assim, a própria
Constituição excepciona a legalidade estrita quando permite ao Poder Executivo alterar as
alíquotas dos impostos sobre exportação, importação, produtos industrializados e operações
financeiras mediante decreto (ato exclusivo do Chefe do Executivo). No entanto, em relação à
criação de tributos, não existem exceções, ou seja, todos os tributos devem ser criados por lei
votada pelo Legislativo e sancionada pelo Chefe do Executivo.

Princípio da Anterioridade

Novamente a CF/1988, em seu art. 150, III, “b”, estabelece que é vedado aos entes tributantes
cobrar tributo “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou”. Ora, certamente essa limitação ao poder de tributar encontra fundamento material no
fato de que o contribuinte não pode ser surpreendido com um aumento ou novo tributo sem que
esteja preparado. Nesse sentido, o ente tributante deve aguardar o próximo exercício financeiro
(ano) para cobrar o imposto ou aumento instituídos. À guisa de exemplo, se um tributo tiver sua
alíquota aumentada no mês de outubro de 2016, só poderá ser cobrado com a nova alíquota a
partir de janeiro de 2017. Também aqui a Constituição permite algumas exceções: os impostos
sobre importação, exportação, produtos industrializados, operações financeiras, extraordinários
de guerra e o empréstimo compulsório decorrente de calamidade pública ou guerra externa
podem ser exigidos no mesmo exercício financeiro (ano) em que foram criados ou majorados.

Entretanto, o princípio da anterioridade pode não ser suficiente para evitar que o contribuinte
seja surpreendido com novos impostos ou aumento, ou seja, o ente poderia instituir um novo
imposto em 30/12/2016 e cobrar em 02/01/2017 (prazo de apenas três dias para o contribuinte).
Para corrigir essa falha ao princípio da anterioridade, a Emenda Constitucional n o 42/2003
introduziu ao artigo 150, III, “c”, da CF, a exigência de que o ente tributante deve aguardar o lapso
de 90 dias entre a instituição ou majoração do tributo e sua cobrança.

Essa derivação do princípio da anterioridade é conhecida como princípio da anterioridade


nonagesimal. Aqui, também se fazem exceções que são os empréstimos compulsórios para
casos de calamidade pública ou guerra externa, imposto de importação, imposto de exportação,
imposto sobre operações financeiras, imposto sobre a renda, imposto extraordinário de guerra
e fixação da base de cálculo do IPVA e do IPTU.

45
CAPÍTULO 4 • Legislação tributária e limitações ao poder de tributar

Princípio da Irretroatividade

A Constituição, em seu art. 150, III, “a”, prescreve a vedação à cobrança de tributos referentes
a situações ocorridas antes da vigência da lei que o instituiu. Essa vedação também encontra
respaldo no art. 105 do Código Tributário Nacional (CTN), contudo essa irretroatividade encontra
exceções no próprio CTN, art. 106, de modo que permite a retroatividade quando a lei:

I. em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, ou

II. tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a. quando deixe de defini-lo como infração;

b. quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente à época
do fato gerador ou da prática do ato. De acordo com Eduardo Moraes Sabbag (2008,
p. 23; 25), “Trata-se da ‘retroação benéfica para multas tributárias’”. Em que pese às
exceções, a regra é que não se pode cobrar tributo ou aumento de fatos anteriores à
lei que os instituiu.

Princípio da Igualdade ou Isonomia Tributária

Esse princípio deriva de outro basilar estabelecido em nossa Constituição no art. 5o, I, ou seja:
“todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza...”. Ora, se a Constituição impõe
uma igualdade jurídica perante a lei a todos, nada mais salutar que o Direito Tributário seguir na
mesma direção. Assim, o art. 150, II, da CF/88 estabelece como princípio que os entes tributantes
não poderão impor tratamentos desiguais aos iguais, independentemente da natureza de seus
rendimentos, títulos ou direitos, ou seja, não poderá servir de critério tributário diferenciador a
ocupação profissional ou função exercida pelo contribuinte. Em síntese, o princípio da igualdade
tributária veda discriminações arbitrárias entre contribuintes que se encontram em situações
análogas.

Segundo Luciano Amaro (2007, p. 111; 135), “nem pode o aplicador, diante da lei, discriminar,
nem se autoriza o legislador, ao ditar a lei a fazer discriminações. Visa o princípio à garantia
do indivíduo, evitando perseguições e favoritismos”. Cabe salientar que o revés do princípio da
igualdade é precisamente o tratamento desigual entre contribuintes com situações diferentes,
como, por exemplo, a alíquota progressiva no imposto de renda à medida que a renda do contribuinte
aumenta, já que se verifica também aumento da capacidade contributiva.

Princípio da Capacidade Contributiva

Consoante afirmado anteriormente, a outra vertente do princípio da igualdade tributária é


precisamente o Princípio da Capacidade Contributiva, estampado no art. 145, § 1o, da CF/1988.
O texto constitucional estabelece que, “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e

46
Legislação tributária e limitações ao poder de tributar • CAPÍTULO 4

serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte”. Podemos perceber o uso


prático do referido princípio na alíquota progressiva do imposto de renda, do imposto sobre a
propriedade territorial urbana, do imposto sobre a propriedade territorial rural, etc.

Princípio da Vedação ao Confisco

Estabelecido no art. 150, IV, da CF/1988, esse princípio veda a cobrança de tributo tendente
a esvaziar o patrimônio do contribuinte, já que a cobrança tributária deve ser pautada na
razoabilidade, não podendo ser excessiva e antieconômica. Cabe ressaltar que esse princípio não
se aplica aos impostos extrafiscais, já que estes têm como principal objetivo regular a economia.
Outra exceção é o IPI, que pode estabelecer alíquotas excessivas a produtos supérfluos.

Princípio da Liberdade de Tráfego

Estabelece o art. 150, V, da CF/1988 que o direito de ir e vir das pessoas (art. 5o, LXVIII, da CF/1988)
não pode ser ferido pela cobrança de tributos, notadamente o tráfego entre Estados e Municípios.
Celeuma está na questão dos pedágios, já que parte da literatura jurídica não o considera como
tributo, e outra parte o considera tributo, mas sendo exceção ao princípio.

Princípio da Uniformidade Geográfica

Este princípio contido no art. 151, I, da CF/1988 veda à União instituir tributos diferenciados em
todo o país, favorecendo ou prejudicando Estados, Municípios ou o Distrito Federal. Exceção é a
diferenciação que favorece regiões menos desenvolvidas, com escopo de promover o equilíbrio
social e econômico entre as regiões do território nacional, por exemplo, a Zona Franca de Manaus.

Princípio da Transparência dos Impostos ou da Transparência


Fiscal

Impõe o art. 150, § 5o, da CF/1988 que a lei estabeleça medidas de esclarecimento sobre os
impostos embutidos em produtos e serviços. Como exemplo, podemos citar o detalhamento do
ICMS na conta de energia elétrica.

Princípio da Não Cumulatividade

O referido princípio, que se encontra nos artigos 155, § 2o, I; 153, § 3o, II; e 154, I, da CF/1988,
tem incidência sobre três impostos: ICMS, IPI e impostos residuais da União. Determina esse
princípio que deve haver compensação dos valores pagos em operações anteriores relativas a
esses impostos, de modo a não ocorrer dupla cobrança sobre o mesmo fato gerador. Percebe-
se que os municípios não estão submetidos ao princípio, já que os impostos elencados são
estaduais e federais.

47
CAPÍTULO 4 • Legislação tributária e limitações ao poder de tributar

Princípio da Seletividade

Este princípio, estampado no art. 153, § 3o, da CF/88 estabelece que os produtos menos essenciais
devem ter alíquotas mais elevadas, e os produtos mais essenciais devem ser tributados de forma
mais branda. Podemos exemplificar bebidas como menos essenciais e alimentos como mais
essenciais. Sua aplicação é compulsória no IPI e facultativa no ICMS e IPVA.

Princípio da Não Diferenciação Tributária

O art. 152 da CF/1988 estabelece que Estados, Municípios e Distrito Federal são proibidos de
formularem discriminação tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, baseando-se
na sua procedência ou destino.

Para refletir

Considerando a crise econômica pela qual passa nosso Brasil e as propostas do poder público para aumento de tributos,
reflitamos acerca da não existência de limites ao poder de tributar.

Sintetizando

Que tal fazer uma pesquisa acerca da carga tributária do Brasil e de suas despesas pessoais com tributos? Para tanto, basta
examinar suas notas fiscais de serviços e produtos, bem como consultar o portal transparência do governo para saber quanto
se arrecada em tributos: <www.portaltransparencia.gov.br/>.

48
CAPÍTULO
ADMINISTRAÇÃO, OBRIGAÇÃO E
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 5
Apresentação

Já aprendemos que o fato gerador é que faz surgir a obrigação tributária. Neste capítulo,
aprenderemos que existe um processo de constituição do crédito tributário, pois, para que o ente
tributante tenha o direito de exigir o valor do tributo, algumas etapas precisam ser realizadas. Nesse
sentido, observaremos que o crédito tributário só se torna formalmente exigível do contribuinte
após o lançamento. Contudo, o lançamento não é garantia de recebimento imediato e integral
dos valores decorrentes do tributo, uma vez que existem causa de suspensão e de extinção do
crédito constituído, ou seja, mesmo ocorrendo o fato gerador e o lançamento, o ente tributante
pode ter seu crédito suspenso ou extinto por ato diferente do pagamento. Por fim, existem
ainda hipóteses que o ente tributante fica impedido de sequer efetuar o lançamento do crédito
tributário, de modo que tampouco o crédito chega a existir.

Objetivos do capítulo

» Entender como surge a obrigação de pagar tributos.

» Conhecer as fases de constituição do crédito tributário.

» Entender os institutos que suspendem a obrigação de pagar a dívida tributária.

» Conhecer os institutos que resolvem o crédito tributário.

» Entender as causas que impedem a constituição do crédito tributário.

49
CAPÍTULO 5 • Administração, obrigação e crédito tributário

Obrigações tributárias

Quando falamos em obrigação tributária, estamos nos referindo à relação existente entre o devedor
e o cobrador/arrecadador de tributos. A literatura tributária se refere a este último como sujeito
ativo da obrigação tributária, já que possui capacidade tributária ativa para exercer a função
de cobrar e arrecadar os tributos. Enquanto o devedor, também chamado de sujeito passivo da
obrigação tributária, pode ser de duas espécies: contribuinte ou responsável tributário, ambos são
classificados por lei como obrigados a cumprirem a obrigação tributária de pagar o tributo. Assim,
o contribuinte é aquele que paga o tributo originado de fato gerador por ele mesmo praticado;
enquanto o responsável tributário efetua o pagamento originado de fato gerador praticado por
outra pessoa. Mas quando falamos de obrigação tributária, não estamos nos referindo apenas à
obrigação de pagar tributo, já que o art. 113 do CTN divide a obrigação tributária em principal
e acessória. Essa divisão se refere ao caráter pecuniário ou não da obrigação, sendo a obrigação
pecuniária chamada de principal e a não pecuniária denominada acessória.

Obrigação tributária principal

Este tipo de obrigação é a que obriga o sujeito passivo a uma prestação de caráter monetário, ou
seja, pagamento de valores pecuniários ao fisco. Dentro do conceito de obrigação principal se
encaixam todas as obrigações de pagar dinheiro ao fisco, inclusive valores decorrentes de sanções,
desde que se trate de obrigações impostas pela legislação tributária. Apesar de aprendermos
que sanções tributárias são penas e não tributos (art. 3o do CTN), a obrigação de pagar valores
decorrentes de ambos se enquadra no conceito de obrigação tributária principal.

Obrigação tributária acessória

Consoante já aduzido, essa obrigação não possui caráter monetário, sendo seu objeto algo diferente
de pagar dinheiro ao Estado. Em outras palavras, a obrigação acessória se refere a uma obrigação
de fazer ou não fazer algo, como: entregar declaração de imposto, preencher livros, guias, não
atrapalhar a fiscalização tributária, etc. Em que pese ao nome, essa obrigação não é acessória
da obrigação principal, sendo, pois, independente. De acordo com o STF, a obrigação acessória
não precisa ser decorrente de lei em sentido estrito (votada pelo Legislativo e sancionada pelo
Chefe do Executivo), podendo, pois, ser instituída por instrumentos infralegais. Na verdade,
o entendimento do STF não afasta a obrigação tributária acessória da legislação tributária, já
que, conforme estudado, o conceito de legislação tributária engloba leis e normas infralegais,
como portarias, decretos, resoluções, etc. Assim, a obrigação tributária, acessória e principal,
nasce a partir da ocorrência do fato gerador. Apesar de existir por meio do fato gerador, é preciso
materializar essa obrigação, o que ocorre mediante a formalização e documentação, esta que
faz surgir o crédito tributário.

50
Administração, obrigação e crédito tributário • CAPÍTULO 5

O crédito tributário

Nascida a obrigação tributária principal através do fato gerador, procede-se à formalização dessa
obrigação por meio do lançamento, constituindo aí o chamado crédito tributário. Lançamento?
Essa palavra não foi estudada ainda, não é? Mas podemos definir lançamento tributário como o
procedimento definido em lei para se formalizar a obrigação tributária principal, ou seja, para
constituir o crédito tributário. O crédito tributário, por sua vez, é resultado da obrigação tributária
formalizada, concretizada em documento pelo lançamento, e em formato que o fisco possa
reconhecer. Em sentido cronológico: com o fato gerador, nasce a obrigação tributária; ocorrida
formalização da obrigação pelo lançamento, nasce o crédito tributário.

Lançamento tributário

Conforme comentamos no tópico anterior, lançamento tributário é procedimento de formalização


do crédito tributário. Embora o art. 142 do CTN afirme que o lançamento tributário com vistas
à constituição do crédito tributário seja ato privativo da autoridade administrativa, devemos
lembrar que o lançamento (apenas o lançamento) pode comportar exceções a essa premissa:
a) lançamento por homologação; b) sentenças judiciais trabalhistas.

Nas situações acima, os atos de lançamento não decorrem de autoridade administrativa da


fazenda pública. No que tange ao lançamento por meio da Justiça do Trabalho, este decorre de
sentença condenatória ou de acordos homologados, e se refere ao lançamento de contribuições
para seguridade pelo juiz do trabalho, nos termos da Emenda Constitucional no 45.

Quanto ao lançamento por homologação, esse constitui o crédito tributário por ato do próprio
sujeito passivo da obrigação. Na verdade, existem três espécies de lançamento se diferenciando
entre si a maior ou menor participação dos sujeitos no que tange à constatação da ocorrência
do fato gerador do tributo.

Lançamento de ofício

Esta espécie de lançamento tem todo o seu procedimento efetuado pela Fazenda Pública, ou
seja, pelo fisco ou sujeito ativo da obrigação tributária. Assim, chama-se lançamento de ofício
justamente por não necessitar da participação do sujeito passivo para se constituir o crédito
tributário. Desse modo, o fisco possui todas as informações necessárias para que se formalize
a obrigação mediante o lançamento. Esse tipo de lançamento se faz regra no que concerne a
alguns tributos, como, por exemplo, IPVA e IPTU, além de outros.

Outra característica do lançamento de ofício é sua subsidiariedade, ou seja, sempre que ocorrerem
erros ou qualquer tipo de higidez nas demais espécies de lançamento, o fisco procederá o

51
CAPÍTULO 5 • Administração, obrigação e crédito tributário

lançamento de ofício substitutivo. Um bom exemplo seria o lançamento com valor menor que
o devido, em que o fisco efetuará lançamento substitutivo, com escopo de constituir o crédito
tributário com valor real. Um auto de infração e imposição de multa (AIIM) costuma ser lavrado
nesses casos de lançamento de ofício substitutivo.

Lançamento por declaração

Esta espécie de lançamento exige a participação tanto do sujeito passivo quanto do sujeito ativo
da obrigação tributária. Assim, a obrigação do sujeito passivo é justamente fornecer dados ao
fisco, este que, ao receber os dados, constata a ocorrência do fato gerador, procede ao lançamento
e notifica o sujeito passivo para efetuar o pagamento do tributo. Como exemplo, temos o imposto
de importação sobre bagagem acompanhada, quando o contribuinte apresenta a Declaração de
Bagagem acompanhada e nela fornece as necessárias informações a respeito do que traz consigo
do exterior, para que o fisco faça o lançamento se necessário. Cabe esclarecer que essa espécie
de lançamento quase não é mais utilizada no Brasil.

Lançamento por homologação

A grande maioria dos tributos possui lançamento nessa modalidade. Trata-se da modalidade de
lançamento com total participação do sujeito passivo da obrigação tributária. Na verdade, a lei
determina que todo o processo, desde o lançamento até o pagamento, compete ao contribuinte
ou responsável tributário, por meio dos seguintes atos: verificação de ocorrência do fato
gerador; formalização do documento de composição do crédito; e efetuação do pagamento,
independentemente de qualquer ato do fisco. Assim, o sujeito passivo tem a obrigação de apurar
e definir o crédito tributário, efetuando o pagamento, mesmo sem o fisco exercer qualquer ato
de fiscalização. Em suma, o sujeito passivo extingue o crédito tributário, mediante o pagamento,
antes de qualquer ação do fisco.

Entretanto, o fato de o sujeito passivo ficar incumbido do pagamento do tributo, por meio de
constatação do fato gerador e preenchimento de documentos por conta própria pode gerar algumas
distorções e erros. Tal fato cria uma necessidade de o fisco fazer algum tipo de controle sobre
essa atividade unilateral do sujeito passivo, de modo a não criar uma modalidade de extinção
do crédito tributário. Por tal razão, a extinção do crédito tributário só se confirma quando o fisco
exercer o ato de homologar, ou seja, o sujeito passivo realiza o pagamento e o fisco terá o poder
de revisão do procedimento por meio da homologação. Em síntese, o sujeito passivo efetua o
pagamento antecipado, o fisco exerce controle e fiscalização posterior, ficando a extinção do
crédito tributário condicionada à confirmação por homologação do fisco.

Por outro lado, se o fisco discordar do pagamento, não haverá homologação, mas sim um
lançamento substitutivo de ofício acompanhado por um AIIM (Auto de infração e imposição
de multa). No entanto, o fisco não tem uma eternidade para rever o pagamento efetuado pelo

52
Administração, obrigação e crédito tributário • CAPÍTULO 5

sujeito passivo, já que o art. 150, § 4o, do CTN diz que o fisco só pode proceder à revisão e ao
lançamento de ofício no prazo de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador; do contrário,
considera-se o pagamento legítimo e o crédito tributário extinto.

Nesse contexto, podemos perceber duas espécies de homologação: a homologação expressa,


quando o fisco concorda com o pagamento feito, e a homologação tácita, por falta de revisão
do pagamento no prazo de cinco anos. Ambas as espécies de homologação extinguem o crédito
tributário, ou seja, elimina a dívida do sujeito passivo junto ao fisco.

Causas modificativas do crédito tributário

Uma vez constituído e efetuado seu pagamento, o crédito tributário estará extinto e com ele
a dívida do sujeito passivo junto ao fisco. Contudo, algumas hipóteses podem modificar essa
dinâmica, causando o que a literatura chama de modificação do crédito tributário. Assim, as
causas de modificações do crédito tributário podem ser divididas em três grupos: suspensão,
extinção e exclusão.

Causas de suspensão do crédito tributário

Quando falamos em causas de suspensão do crédito tributário, estamos nos referindo a situações
previstas em lei que vedam o fisco de proceder a ações coercitivas de cobrança do crédito
tributário. Cabe salientar que as causas suspensivas não fazem desaparecer o crédito tributário,
apenas impõem a não exigibilidade enquanto perdurar seus efeitos, podendo o fisco exigir o
crédito tributário tão logo cessem os efeitos das referidas causas.

Relembrando a dinâmica do crédito tributário: surgindo o fato gerador, nasce a obrigação


tributária de pagar o tributo, sendo essa obrigação formalizada por meio do lançamento, este
que faz nascer o crédito tributário, que deve ser notificado ao sujeito passivo para que ele efetue
o pagamento. Todavia, caso o pagamento não seja efetuado, o fisco faz a inscrição do crédito na
dívida ativa, extrai a chamada CDA (certidão de dívida ativa) e ajuíza uma ação judicial chamada
execução fiscal.

Mas o que tem a ver tudo isso com as causas suspensivas? Bem, as causas suspensivas da
exigibilidade do crédito tributário têm o poder de bloquear essa dinâmica de exigibilidade e
pagamento do crédito tributário. Em outras palavras, as causas suspensivas têm como efeito
principal impedir que o fisco entre com a ação de execução fiscal contra o sujeito passivo; não
impedindo, porém, que o fisco proceda às demais etapas como: constituição do crédito tributário,
inscrição na dívida ativa e extração de CDA.

53
CAPÍTULO 5 • Administração, obrigação e crédito tributário

Há ainda outro efeito decorrente das causas suspensivas de exigibilidade do crédito tributário,
qual seja a possibilidade de obtenção de certidão positiva com efeitos negativos em favor do
sujeito passivo.

Mas, que certidão é essa?

Bem, podemos começar explicando que as certidões são emitidas pelos entes tributantes como
documentos demonstrativos de regularidade fiscal, sendo prova relevante para várias situações
fiscais: encerramento de atividades empresariais, habilitação para participar em licitações, partilha
de herança, etc. Assim, certidão negativa é a que comprova que o sujeito passivo (contribuinte/
responsável tributário) não tem qualquer pendência referente a crédito tributário junto ao fisco; já
a certidão positiva revela que existe crédito tributário constituído em desfavor do sujeito passivo.
Trocando em miúdos: a certidão negativa comprova a regularidade, já a positiva demonstra a
irregularidade junto ao fisco.

Apesar da existência dessas duas espécies de certidão, existe uma terceira espécie mista, emitida
em situações peculiares. Na verdade, o sujeito passivo pode se encontrar na situação de possuir
dívida de crédito tributário junto ao fisco e mesmo assim conseguir uma certidão positiva com
efeitos negativos, ou seja, uma certidão positiva (possui crédito constituído), mas com efeito de
negativa (como se não houvesse débito).

O art. 206 do CTN estabelece três hipóteses para emissão dessa certidão positiva com efeitos
negativos: I - débitos não vencidos; II - débitos garantidos por penhora; III - débitos com causas
de suspensão de exigibilidade. Em resumo, a certidão positiva com efeitos negativos possibilita
a participação do sujeito passivo em quaisquer atividades que exijam certidão de não pendência
junto ao fisco, além de ter a cobrança do crédito tributário suspensa. As causas de suspensão
de exigibilidade do crédito tributário são seis: I - Moratória, II - Recursos ou reclamações
administrativas, III - Depósito, IV - Liminar em mandado de segurança e cautelares, V - Antecipação
de tutela e outras ações, VI - Parcelamento.

Moratória

A moratória é a concessão de novo prazo para que o sujeito passivo realize o pagamento do crédito
tributário. Obviamente, não teria sentido o fisco conceder ampliação de prazo e, ao mesmo
tempo, ajuizar ação de cobrança do mesmo crédito tributário. A dilação de prazo para pagamento,
chamada moratória, só pode ser concedida por meio de lei do ente tributante competente para
instituir o tributo. Contudo, existe uma exceção prevista no art. 152 do CTN, que permite a União
conceder moratória geral, ou seja, englobando tributos municipais, estaduais e federais, desde
que haja situação de calamidade pública. Nesse caso, ela não poderá selecionar tributos para
conceder a moratória, deve ser para todos: federais, estaduais e municipais.

54
Administração, obrigação e crédito tributário • CAPÍTULO 5

Recursos e reclamações administrativas

As impugnações e reclamações administrativas também têm o condão de suspender a exigibilidade


do crédito tributário. Melhor ainda, a simples interposição de alguma reclamação ou recurso
administrativo, desde que na forma exigida por lei, tem efeito de suspender a exigibilidade.
Nada mais óbvio, já que se trata de provocação para que a administração revise seu lançamento
tributário, de modo que seria incoerente exigir o tributo antes de comprovada sua legitimidade
e legalidade. O sujeito passivo pode impugnar a constituição do crédito tributário judicial ou
administrativamente, contudo o STF entende que a ação judicial do sujeito passivo elimina seu
direito de entrar com impugnações administrativas.

Depósito

Quando falamos de depósito, não estamos nos referindo ao simples depósito do valor do crédito
tributário, do contrário não haveria suspensão de exigibilidade do crédito, mas, sim, extinção
do próprio crédito pelo pagamento. Nesse sentido, o depósito, enquanto causa de suspensão,
é aquele cumulado com uma ação judicial ajuizada pelo sujeito passivo contra o fisco. Cabe
salientar que não faz sentido falar em suspensão da exigibilidade do crédito através de depósito
cumulado com impugnação administrativa, já que a própria impugnação já causa suspensiva.
Assim, quando o sujeito passivo não concordar com o valor do crédito tributário, ele pode ajuizar
uma ação judicial cumulada com o depósito do valor, tendo esse depósito poder de suspender
a exigibilidade do crédito até o término do processo.

Liminar em mandado de segurança e cautelares e antecipação de tutela em


outras ações

Mas o que são esses institutos jurídicos? Bem, vamos lá: liminar é uma antecipação da decisão
que o juiz concede quando convencido de algum direito. Por exemplo: o sujeito passivo contesta
judicialmente o crédito tributário (IPVA) enquanto obstáculo para obter documento do seu
veículo, já que alega que já foi pago. Nesse caso, o juiz pode conceder uma liminar para que o
Detran forneça o documento do veículo mesmo antes de terminar o processo judicial. Cabe
esclarecer que a liminar é uma decisão judicial provisória que pode ser confirmada na sentença
final ou não, bem como ser revogada antes do final do processo.

O mandado de segurança é uma ação judicial que visa a garantir um direito líquido e certo, ou seja,
que já venha com a prova do direito previamente constituída: documento, lei, etc. Como exemplo:
ação para fazer valer direito a imunidade tributária de templo religioso. Já a medida cautelar é
o procedimento judicial que visa a prevenir, conservar, defender ou assegurar a eficácia de um
direito, quando este se encontra em perigo de dano irreversível. Por fim, antecipação de tutela
é um ato judicial que adianta ao postulante, total ou parcialmente, os efeitos do julgamento da
causa, seja pelo juiz, seja pelo tribunal. Todas essas medidas judiciais têm o poder de suspender

55
CAPÍTULO 5 • Administração, obrigação e crédito tributário

a exigibilidade do crédito tributário, desde que sejam dentro de um processo judicial inerente
ao crédito tributário referido.

Parcelamento

Na verdade, o parcelamento é bem parecido com a


Observe a lei
moratória, já que também consiste na ampliação do
prazo para pagamento de forma parcelada. Nesse Que tal pesquisar a legislação referente ao
sentido, os mesmos argumentos para suspensão da programa de refinanciamento de dívidas de
contribuintes ou Refis?
exigibilidade da moratória se aplicam ao parcelamento.
Mas, em caso de não cumprimento das parcelas, o
sujeito passivo se torna devedor de todo o montante restante de forma antecipada, sendo
novamente exigível o crédito tributário.

Causas de extinção do crédito tributário

As causas de extinção do crédito tributário não só suspendem a exigibilidade do crédito, mas


resolve a relação tributária entre o sujeito passivo e o sujeito ativo, desde que essas causas estejam
previstas em lei. A previsão legal está no art. 156 do CTN.

Pagamento

Esta causa é mais natural para a extinção do crédito tributário, já que se trata de pagar o valor do
crédito tributário de forma voluntária e sem conflitos. Nos termos da legislação, o não pagamento
no prazo estabelecido será majorado com juros e correções monetárias, podendo ainda ser
imposta penalidade de multa. Normalmente, a União utiliza como correção a chamada taxa
Selic, que engloba juros e correção monetária, os entes tributantes podem utilizar outros meios
de cobrar juros e correções. Quando o sujeito passivo realiza pagamento indevido (ilegalidade,
erro, etc.), o direito de restituição depende do pedido feito pelo pagador em prazo de cinco anos,
a contar da data do referido pagamento (art. 168 do CTN).

Compensação

A compensação tributária consiste no cruzamento de dívidas e créditos, ou seja, a extinção


recíproca de créditos do sujeito passivo e do fisco até o limite dos créditos recíprocos. A previsão
legal está no art. 170 do CTN, é exigível lei específica para cada compensação tributária. Mas
em que situação o sujeito passivo poderia ser credor do fisco para compensar valor de crédito
tributário? O caso mais comum, quiçá o único, seria na ocorrência de pagamento indevido de
tributo. Nesse caso, o sujeito passivo (contribuinte/responsável tributário) passaria a ter direito
à restituição dos valores pagos indevidamente, passando o sujeito passivo a ser sujeito ativo
dessa relação tributária específica. Cabe esclarecer que a compensação só pode ocorrer entre

56
Administração, obrigação e crédito tributário • CAPÍTULO 5

créditos líquidos e certos, que poderão ser vencidos ou vincendos (estes com o abatimento pela
antecipação).

Transação

A transação é o mesmo que negociação, em que sujeito passivo e fisco fazem concessões recíprocas
com escopo de extinção do crédito tributário. A previsão da transação está no art. 171 do CTN,
ela deve ser precedida de lei específica, já que o crédito tributário é dinheiro público, logo,
indisponível. Essa indisponibilidade do crédito tributário faz com que a transação seja pouco
usada, isto é, apenas em discussões administrativas ou judiciais.

Remissão

A remissão, enquanto causa de extinção do crédito tributário, é, na verdade, um perdão do crédito


tributário. Independente de provocação, o fisco concede o perdão para incentivar os inadimplentes
a regularizar suas situações, notadamente os devedores de pequenos valores. A remissão pode
ser do total ou de parte da dívida, podendo abranger o crédito tributário ou mesmo as multas. O
art. 172 do CTN estabelece alguns critérios para que se conceda a remissão: situação econômica
do beneficiado; erro ou ignorância justificáveis; pequeno valor da dívida, entre outros.

Decadência

Grande parte da literatura considera a decadência como a principal causa de extinção do crédito
tributário. A decadência é a perda de um direito por não exercício em determinado período. Na
questão tributária, a decadência consiste na perda do direito de o fisco proceder à constituição
do crédito tributário em determinado lapso temporal. Assim, de acordo com o art. 173 do CTN,
o fisco tem cinco anos para efetuar o lançamento e constituir o crédito tributário, sob pena de
perder essa prerrogativa. Regra geral, o início do prazo começa no primeiro dia do exercício
seguinte à ocorrência do fato gerador, ou seja, no dia primeiro do ano seguinte.

Prescrição

A prescrição também extingue o crédito tributário, mas de forma diversa da decadência. Nesse
sentido, a prescrição é a perda do direito de cobrança do fisco através de execução fiscal, ou
seja, não poderá mais coagir o sujeito passivo ao pagamento do crédito tributário. Perceba que
a decadência extingue a própria possibilidade de constituição do crédito tributário, enquanto a
prescrição não impede o lançamento, mas extingue o direito de cobrança do crédito tributário
após certo período de inércia do fisco. Nas palavras de Castellani (2011, p. 117), “Entre o fato
gerador e o lançamento pode ocorrer a decadência; entre o lançamento e a cobrança pode ocorrer
a prescrição”. Quanto ao prazo prescricional, ele é de cinco anos contados da data de constituição
definitiva do crédito tributário.

57
CAPÍTULO 5 • Administração, obrigação e crédito tributário

Convenção de depósito em renda

Para que se fale nessa causa de extinção, devemos considerar que existe uma discussão
administrativa ou jurídica acerca do crédito tributário, bem como um depósito atrelado a essa
discussão, pois depósito sem discussão equivale a pagamento. Nesse sentido, quando o resultado
da discussão é favorável ao fisco, o depósito feito pelo sujeito passivo se converte em renda
(pagamento) para o vencedor da demanda, o fisco. Quando o sujeito passivo vence o litígio, o
valor é levantado em seu favor.

Pagamento antecipado e homologação

Nos casos de lançamento por homologação, o crédito se extingue no momento em que o sujeito
ativo homologa o pagamento.

Consignação em pagamento

A consignação em pagamento se apresenta como uma ação específica que visa ao pagamento em
juízo do sujeito passivo, quando o sujeito ativo não quer receber o crédito tributário. A decisão
positiva da ação isenta o sujeito passivo dos juros e das penalidades, convertendo o depósito
em pagamento e a consequente extinção do crédito tributário. O art. 164 do CTN só contempla
três possiblidades para esse tipo de ação judicial: I - recusa do recebimento, subordinando
ao pagamento de outro tributo ou penalidade; II - recusa do pagamento com subordinação a
exigências administrativas infundadas; III - exigência de mais de um ente tributante sobre o
mesmo fato gerador.

Decisão judicial ou administrativa irreformável

Para que exista essa causa de extinção, é necessário que o sujeito passivo tenha ingressado com
alguma impugnação, judicial ou administrativa, e que a decisão seja favorável a ele. Assim,
quando a decisão for favorável ao sujeito passivo e esgotarem as possibilidades de recursos,
estará extinto o crédito tributário.

Dação em pagamento

Esta causa é uma forma de pagamento em que o sujeito passivo paga o valor em bens, não em
dinheiro. A dação em pagamento só pode ocorrer por meio de bens imóveis (casa, terreno, etc.),
bem como deve ter previsão legal do ente credor.

Causas de exclusão do crédito tributário

As causas de exclusão do crédito tributário estão previstas no art. 175 do CTN. Elas excluem a
possibilidade do próprio lançamento, logo o crédito tributário nem chega a existir. As causas de
exclusão são apenas duas, anistia e isenção.

58
Administração, obrigação e crédito tributário • CAPÍTULO 5

Anistia

Diferentemente da remissão, a anistia não perdoa o crédito tributário e as penalidades, mas perdoa
tão somente estas últimas (penalidades) quando impostas pelo próprio fisco. A anistia decorre
de política tributária, tendente ao incentivo de o contribuinte regularizar sua situação junto ao
fisco; aumentar arrecadação do ente tributante e outras políticas tributárias. Outra observação
é que a anistia só pode abranger ilícitos tributários ocorridos antes de sua implantação.

Isenção

A isenção impede o lançamento tributário em face de algumas pessoas, bens ou serviços que
normalmente sofreriam a incidência de tributos, impedindo, assim, a própria instituição do
crédito tributário. Essa causa de exclusão também decorre de políticas tributárias. Cabe salientar
que a isenção só pode ser instituída por lei do ente tributante competente para criar o tributo
correspondente.

Por ser decorrente de políticas tributárias, a isenção pode ser revogada pelo ente que a concedeu,
dependendo da forma como foi concedida. Existem dois tipos de isenção: a condicionada, que
costuma ser por prazo determinado; e a incondicionada, que pode ser por prazo indeterminado.
Exemplo de isenção condicionada pode ser a isenção de IPTU por dez anos a empresários que
montarem estabelecimentos comerciais em determinado município e contratarem mão de obra
local. Como exemplo de isenção incondicionada, temos a isenção de IPVA para veículos movidos
a determinado combustível. O CTN veda a revogação da isenção condicionada, desde que o
sujeito passivo cumpra as condições. Já a isenção incondicionada pode ser revogada, desde que
se respeite o princípio da anterioridade, ou seja, com efeitos somente no próximo ano.

59
CAPÍTULO
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA E
ILÍCITOS TRIBUTÁRIOS 6
Apresentação

Aprendemos que os entes federados têm o poder de instituir e cobrar tributos dentro de suas
competências constitucionais. Mas é fácil percebermos que os entes são apenas entidades
ficcionais, na medida em que suas atividades não existiriam se não existissem pessoas físicas
para atuarem de forma concreta. Essas pessoas são os servidores públicos. Pois bem, a função
de administrar e fiscalizar a arrecadação de tributos é exercida por pessoas, estas necessitam
de algumas prerrogativas no desempenho de suas funções. De outra vertente, os contribuintes
pessoa física e pessoa jurídica têm deveres no que tange à questão tributária. No que toca às
pessoas jurídicas, uma das obrigações mais importantes enquanto fonte de informação da
administração tributária: os livros de registro. O não cumprimento de deveres tributários por
pessoas físicas ou jurídicas pode configurar ilícito tributário. Mais que isso, a depender do ato
ilícito perpetrado, pode o contribuinte responder criminalmente por crime tributário. Em síntese,
esses são os tópicos que abordaremos neste capítulo.

Objetivos do capítulo

» Entender o que é administração tributária.

» Conhecer as prerrogativas das autoridades fazendárias.

» Saber as obrigações dos comerciantes quanto aos livros e registros empresariais.

» Conhecer os atos que se configuram crimes relacionados à ordem tributária.

60
Administração tributária e ilícitos tributários • CAPÍTULO 6

Administração tributária e fiscalização

Quando falamos em administração tributária, estamos nos reportando à função de gestão das
receitas fiscais por órgãos específicos da administração pública. Fazem parte desses órgãos
servidores públicos responsáveis pela fiscalização, orientação e gestão de tributos devidos
ao fisco. Assim, a fiscalização tributária é incumbência da administração pública, atrelada ao
dever de cobrar e exigir tributos. Contudo, os atos administrativos praticados pelos servidores
do fisco devem ser pautados na estrita legalidade, ou seja, não podem exceder o estatuído na
legislação tributária, esta que atribui prerrogativas ao fisco no exercício de suas funções, bem
como ao cumprimento da obrigação tributária. Nessa direção, o art. 195 do CTN assevera que
não se podem criar quaisquer dispositivos legais tendentes a excluir ou limitar o poder do fisco
de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais e fiscais dos
comerciantes, industriais e produtores, ou da obrigação destes de exigi-los.

No mesmo diapasão, o art. 33 da Lei no 8.212 garante o direito do INSS e das secretarias da
Receita Federal examinar a contabilidade de empresas. Na fase judicial, o juiz pode determinar
a exibição de livros comerciais da empresa quando for necessário à produção de provas (art. 381
do CPC/ art. 191 do CC). Apesar de existirem restrições legais ao exame dos livros de escrituração
das empresas, o acesso é livre às autoridades fazendárias no exercício do poder de fiscalizar
pagamentos de impostos (art. 1.193 do CC).

As autoridades fazendárias federais têm a prerrogativa ainda de requisitar as forças federais,


estaduais ou municipais quando impedidos ou ofendidos por desacato (art. 331 do Código Penal)
no exercício de suas funções e fiscalização, de modo que as autoridades dos outros entes (Estado,
Município e DF) também possuem as mesmas prerrogativas. As autoridades fazendárias também
têm o dever de lavrar o termo necessário a fim de documentar as diligências fiscalizatórias por
elas efetuadas ou presididas, com data de início para efeitos de decadência do lançamento (art.
196 do CTN). O referido termo de diligência será lavrado e integrado ao livro fiscal próprio, sendo
entregue ao sujeito passivo da fiscalização cópia autenticada pela autoridade.

Ainda sobre prerrogativas, algumas pessoas físicas e jurídicas são obrigadas à prestação de
informações à autoridade administrativa acerca de bens, negócios e atividades de terceiros, são
elas: I) Tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, II) Bancos e instituições financeiras
congêneres, III) Empresas de administração de bens, IV) Corretores, despachantes e leiloeiros,
V) Inventariantes, VI) Síndicos, comissários e liquidatários, VI) Quaisquer outras entidades ou
pessoas designadas por lei.

Obrigações quanto aos livros de registros das empresas

Considerando que o ato de fiscalização fazendária necessita de fontes, a legislação estabelece


algumas obrigações quanto aos livros de registros das empresas. Assim, podemos começar

61
CAPÍTULO 6 • Administração tributária e ilícitos tributários

afirmando que, de acordo com o art. 5o do Decreto-Lei no 486/1969, o livro diário é obrigatório
para todos os comerciantes. Enquanto a Lei no 5.474/1968 estabelece a obrigatoriedade de livro de
duplicata para todos os comerciantes que emitem esse título de crédito. O Decreto no 1.102/2003
determina que armazéns gerais possuam livros de entradas e saídas de mercadorias. O art. 100
da Lei no 6.404/1976 estabelece obrigatoriedade de livros para as sociedades anônimas (por
ações). Cabe esclarecer, ainda, que o art. 1.194 do Código Civil determina a obrigatoriedade de
os empresários e as sociedades empresárias conservarem os livros em suas guardas e em bom
estado pelo tempo correspondente à prescrição e decadência dos atos neles registrados, ou seja,
por cinco anos.

Ilícitos tributários

O ato lícito é aquele em conformidade com a lei e com a ordem jurídica, enquanto o ato ilícito é
o que viola o ordenamento jurídico de alguma forma. Na seara tributária, o ilícito tributário é a
violação da legislação tributária, como exemplos podemos citar a não declaração de imposto de
renda ou o não pagamento de tributo devido. Mas o ilícito tributário não deve ser confundido com
as sanções tributárias, já que o primeiro visa à arrecadação de dinheiro para os cofres públicos,
enquanto a sanção tem objetivo de manter a observância da norma jurídica.

De acordo com a literatura, existem três espécies de ilícitos tributários: I - infração estritamente
tributária; II - infração tributária e penal; III - infração estritamente penal. A infração tributária
resulta da violação da legislação tributária, como o pagamento a menor do tributo. Enquanto
a infração tributária penal decorre do ato ilícito do contribuinte com o objetivo de não pagar o
tributo, nesse caso o fisco vai apurar o tributo e aplicar a penalidade cabível, haverá a penalidade
por sonegação fiscal, por exemplo. Por fim, a infração meramente penal ocorrerá quando o ato
praticado viola apenas a legislação penal, como exemplo temos o fiscal que exige tributo que
sabe não devido (§ 1o do art. 316 do Código Penal). Todas as espécies de infrações tributárias
têm em comum a ilicitude do fato, contudo suas consequências podem ser diferentes no que
tange às sanções aplicadas.

Elisão e evasão fiscal

A elisão é um procedimento plenamente lícito, que não viola a norma jurídica. De acordo com
Martins (2012, p. 225), “Elisão significa economia de imposto por intermédio de planejamento...
Elisão quer dizer, suprimir”. Nesse sentido, é licito que o contribuinte planeje sua vida tributária
com escopo de economizar no pagamento de tributos; da mesma forma a lei não impede que
esse contribuinte estabeleça fórmulas lícitas de impedir a ocorrência do fato gerador.

Por outro lado, a chamada evasão fiscal se traduz no ato de o contribuinte se furtar ao pagamento
de tributo, utilizando métodos dissimulatórios da ocorrência do fato gerador e da obrigação

62
Administração tributária e ilícitos tributários • CAPÍTULO 6

tributária. Assim, evasão significa evadir ou fugir da obrigação tributária. Na verdade, a evasão
pode ser por omissão ou por ato, a evasão omissiva pode ser intencional ou sem intenção, como
no fato de ignorância acerca do fato gerador. Por outro lado, a evasão por ato é sempre intencional,
podendo ser ilícita (fraude, simulação...) ou lícita (elisão/planejamento).

Ilícito administrativo tributário

Este tipo de ilícito se refere ao comportamento de inobservância da norma tributária, de modo a


causar o não cumprimento de uma obrigação tributária, principal ou acessória. Quando falamos
em descumprimento de obrigação principal, tratamos do não pagamento de tributos; enquanto
o descumprimento de obrigação acessória é o não cumprimento de atos descritos na legislação
tributária, como declarar a renda anual.

Sanções fiscais compensatórias

Sanção significa pena, mas as sanções compensatórias não visam a punir o agente infrator,
contendo apenas efeitos civis sobre a dívida. Assim, são sanções compensatórias: I - juros de
mora, II - correção monetária, III - multa de mora. Mora significa atraso no cumprimento da
obrigação.

Juros de mora

Em direito tributário, os juros são acréscimos no valor da dívida em decorrência do atraso (mora)
no pagamento no prazo estabelecido em lei. Em outras palavras, o juro é a remuneração sobre o
dinheiro que o Estado deixou de receber no prazo legal, daí ser chamado de compensatório. Os
juros devem ser regulados por lei, sob pena de ser aplicada a percentagem de 1% ao mês, conforme
estabelecido no art. 161 do CTN. Quanto à taxa de juros da União em relação a tributos, a Lei no
10.522/2002 estabelece como índice a taxa SELIC (taxa básica de juros da economia brasileira)
para débitos de qualquer natureza relativos à Fazenda Nacional, bem como os oriundos de
arrecadações pela União.

Correção monetária

A correção monetária, como o nome já diz, é uma atualização, uma correção no valor da moeda
em relação à inflação. Daí sua natureza compensatória em relação aos tributos pagos com atraso.

Multa de mora

A multa de mora também decorre do atraso no pagamento do tributo, estabelecido em lei. Assim,
não sendo pago o tributo no prazo estabelecido em lei, deverá o pagamento ser acrescido de
multa de mora. A multa não tem natureza criminal, sendo seu escopo apenas compensar o sujeito
ativo pelo atraso no pagamento do tributo pelo sujeito passivo, bem como reforçar a obrigação

63
CAPÍTULO 6 • Administração tributária e ilícitos tributários

tributária. Não há que se confundir a multa de mora com a multa fiscal, já que esta última tem
natureza repressiva pelo descumprimento da legislação tributária. A multa fiscal tem, portanto,
natureza coercitiva no sentido de garantir o cumprimento da lei.

Ilícitos de natureza criminal

Crimes previstos no código penal brasileiro

O Código Penal brasileiro traz várias condutas tipificadas


Observe a lei
como crimes ligados à ordem tributária. Esses crimes podem
ser punidos com penas de multas (diferente de multa de Vamos pesquisar como se processam as
mora), restrições de direitos e até pena de prisão, dependendo condutas que resultam nesses crimes? A
fonte é o Código Penal brasileiro.
da sua natureza e gravidade. Cabe ressaltar que as esferas
administrativas tributárias e criminal são independentes,
podendo coexistirem penas pelo mesmo ilícito nas duas esferas concomitantemente. Nesse
sentido, podemos trazer como exemplos de crimes relacionados à ordem tributária: estelionato
(art. 171 do CP), falsificação de documentos (art. 298 do CP), apropriação indébita (art. 168 do
CP), contrabando e descaminho (art.334 do CP), resistência (art. 329 do CP), desobediência (art.
330 do CP), desacato (art. Desacato), etc.

Crime Contra a Ordem Tributária

Nos crimes contra a ordem tributária, algumas condutas são bem conhecidas pelos estudiosos
da matéria. Nesse sentido, algumas leis fora do Código Penal prescrevem condutas criminosas
bem conhecidas dos tributaristas. Embora essas leis (Lei no 4.502/1964; Lei no 4.729/1964; Lei
no 5.569/1969, etc.) tenham sido revogadas pela nova Lei no 8.137/1990, os conceitos foram
esmiuçados e transformados em condutas mais específicas; contudo, sem perderem seus sentidos,
conteúdos e conceitos:

» Sonegação: toda conduta intencional tendente a impedir ou retardar o conhecimento


de fatos pela autoridade fazendária. O sujeito passivo tenta ocultar o fato gerador com
intenção de sonegar o pagamento do tributo devido.

» Fraude: toda conduta intencional tendente a impedir ou retardar a ocorrência do fato


gerador da obrigação tributária. É excluir ou modificar as características essenciais do
fato gerador com intenção de pagar valor inferior do tributo devido (art. 72 da Lei no
4.502/1964).

» Conluio: combinação intencional entre mais de uma pessoa, naturais ou jurídicas, com
objetivo de alcançar os resultados da sonegação ou da fraude (art. 73 da Lei no 4.502/1964).

64
Administração tributária e ilícitos tributários • CAPÍTULO 6

Poderíamos exemplificar conluio entre mais de uma pessoa para ocultar renda em um
negócio jurídico, para esquivar-se do pagamento do tributo.

Conforme já relatado, a Lei no 8.137/1990 esmiuçou as condutas anteriormente expostas, trazendo


em seu art. 1o os crimes contra a ordem tributária que buscam suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, por meio dos seguintes atos:

a. Omitir informação ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.

b. Fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação


de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal.

c. Falsificar ou alterar nota fiscal, duplicata, fatura, nota de venda ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável.

d. Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber
falso ou inexato.

Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativo à
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo
com a legislação.

Cabe esclarecer que as condutas só serão criminosas se ocorrer a supressão ou a redução do


tributo. Caso ocorra o crime, a pena cominada é de 2 a 5 anos, e multa, que se calcula de acordo
com as normas do Código Penal.

A Lei no 8.137/1990 traz em seu art. 2o outros crimes da mesma natureza, ou seja, crimes contra
a ordem tributária.

a. Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo.

b. Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado


ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos
cofres públicos.

c. Exigir, pagar ou receber para si ou para o contribuinte beneficiário qualquer percentagem


sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo
fiscal.

d. Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas


de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento.

e. Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito


passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por
lei, fornecida à Fazenda Pública.

65
CAPÍTULO 6 • Administração tributária e ilícitos tributários

Nos casos de prática desses crimes, a pena é mais branda que nos crimes do art. 1o, ou seja:
detenção de 6 seis meses a 2 anos, e multa, que se calcula nos moldes do Código Penal.

Contribuição Previdenciária e Sistema de Informações

Cabe lembrar da Lei no 9.983, de 14 de julho de 2000, que alterou o Código Penal brasileiro
definindo os crimes de “apropriação indébita previdenciária” (art. 168-A), inserção de dados
falsos em sistema de informações (art. 313-A), modificação ou alteração não autorizada de
sistema de informações (art.313-B) e sonegação de contribuição previdenciária (art. 334-A),
todos do Código Penal brasileiro.

Observe a lei

Vamos pesquisar como se processam as condutas que resultam nesses crimes? Vamos verificar também as penas
correspondentes a cada conduta criminosa? A fonte também é o Código Penal brasileiro.

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Referências
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AMARO, L. Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2007.

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CAMPOS, N. R. P. R. de. Noções essenciais de direito. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

CASTELLANI, F. F. Direito Tributário. Primeira Fase - Col. OAB Nacional. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 7.

FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

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SABBAG, E. de M. Direito Tributário. São Paulo: Premier Máxima, 2008. 

SILVA, R. S. d’Adréa R. da. Introdução ao Direito Constitucional Tributário. Curitiba: Ibpex, 2012.

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