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TUTORIA 2 - AES 12 pacientes com características e necessidades, por

vezes, muito diferentes. É uma definição que “associa


Objetivo 1. Conceituar e diferenciar o sofrimento a duração dos problemas, o grau de sofrimento
mental comum dos transtornos mentais graves e emocional, o nível de incapacidade que interfere nas
relações interpessoais e nas competências sociais e o
persistentes.
diagnóstico psiquiátrico”
O que é Sofrimento? Ameaça de desarticulação da
Grande parte deste grupo é composto pelos
unidade das dimensões da pessoa, ou estase,
transtornos psicóticos. Em geral, o conjunto de
imobilidade, do dinamismo inerente à articulação de
transtornos psicóticos representa um drama pessoal
tais dimensões. Pode apresentar diferentes formas de
em potencial no curso de vida de um indivíduo. Este
manifestação: tristeza, raiva, ansiedade, solidão,
grupo não inclui apenas a esquizofrenia e o transtorno
retraimento, dor, irritação. Esse quadro clínico
esquizoafetivo, mas também as psicoses afetivas e
caracteriza o Sofrimento Mental Comum.
atípicas e acarreta consequências de longo alcance em
Os fatores de risco relacionados ao sofrimento mental vários âmbitos da vida destes indivíduos.
comum são múltiplos e interagem de forma complexa.
A esquizofrenia é a principal condição designada
O sofrimento mental comum é comum na população
como Transtorno Grave e Persistente, não só por ter a
em geral e ainda mais comum entre quem procura a
maior prevalência entre os distúrbios graves em Saúde
atenção primária, sendo considerado um fator
Mental (cerca de aproximadamente 1% da população
agravante direto e indireto na evolução de doenças
sofre deste transtorno), como também por seu caráter
frequentes na Atenção Primária. Não é possível
estigmatizante, seu curso longo e persistente, bem
estabelecer uma separação natural entre normal e
como pelo grau de sofrimento que provoca.
patológico baseado nos sinais e sintomas usados para
definir os transtornos mentais comuns. Objetivo 2. Identificar as 3 síndromes mentais:
O Transtorno Mental Comum, também classificado depressão, ansiedade e somatização.
como transtorno mental não psicótico, é designado às
pessoas que sofrem mentalmente e apresentam
DEPRESSÃO
sintomas somáticos como irritação, cansaço, A depressão é uma condição médica relativamente
esquecimento, redução da capacidade de comum, de curso crônico e recorrente.Está muitas
concentração, ansiedade e depressão. As projeções vezes associada a incapacitação funcional e
mundiais para 2030 são no sentido de incluírem estas comprometimento da saúde física. Pessoas deprimidas
perturbações entres as mais incapacitantes do ser apresentam limitação das suas atividades e
humano. No Brasil, a prevalência oscila entre 28,7% a comprometimento do bem-estar, além de utilizarem
50% e é considerada alta por estudiosos na área, em mais os serviços de saúde. No entanto, a depressão
especial entre o gênero feminino e idosos. segue sendo subdiagnosticada e subtratada. Entre 30 e
Exemplos de transtornos: Depressão, distimia, 60% dos casos de depressão não são detectados pelo
transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do médico em atenção primária à saúde (APS). Muitas
pânico, fibromialgia, transtorno de stress vezes, os pacientes deprimidos também não recebem
pós-traumático etc. tratamentos adequados e específicos.

Transtornos mentais graves e persistentes: grupo ANSIEDADE


composto por cerca de 3% da população geral
(aproximadamente 5,5 milhões de pessoas) que A ansiedade é uma emoção que representa um “sinal
necessita de atenção e atendimento mais intenso e de alarme” a um estímulo percebido pelo indivíduo
contínuo em serviços de maior complexidade na área como perigoso. É caracterizada pela presença de
de Saúde Mental. sintomas físicos, na maioria das vezes acompanhados
de pensamentos catastróficos e associados a
O termo Transtornos Graves e Persistentes tem sido modificações no comportamento. Em geral é
adotado para uma gama extensa e heterogênea de
desencadeada por situações de ameaça à integridade Em geral, as queixas somáticas constituem a principal
física, moral ou ao sucesso pessoal ou em justificativa apresentada pelos usuários para a busca
circunstâncias que representem frustração de planos e de consultas médicas em atenção primária. No
de projetos pessoais, perda de posição social, de entes entanto, para apenas uma fração delas se consegue
queridos, expectativas de desamparo, abandono ou encontrar explicações orgânicas confiáveis.
punição. Em diversas ocasiões, essa resposta
emocional, cognitiva e comportamental constitui-se Além de poderem ser causadas por alterações
em um mecanismo evolutivo que auxilia o indivíduo a somáticas normais ou por doenças orgânicas, as
adotar as medidas necessárias para lidar com o sensações físicas anormais frequentemente estão
“perigo”, de modo que certo grau de ansiedade é associadas a situações de sofrimento psíquico e à
esperado e adaptativo. presença de transtornos mentais. O atual conceito de
somatização é definido por uma tendência pessoal a
A ansiedade passa a ser caracterizada como um se apresentar e comunicar queixas somáticas, diante
transtorno psiquiátrico quando se torna uma emoção de estresse psicossocial, podendo haver diferentes
desagradável e incômoda, que surge sem um estímulo graus de sofrimento emocional ou transtornos
externo definido ou proporcional para explicá-la. mentais. Na prática, o conceito de somatização e o de
Nesses casos, intensidade, duração ou frequência são queixas somáticas inexplicáveis ou sintomas físicos
desproporcionais, causam sofrimento ao sujeito e sem explicação médica (SEM) se sobrepõem.
estão associadas a prejuízo no desempenho social ou
profissional. Sintomas de ansiedade podem ocorrer Objetivo 3. Refletir sobre o impacto do
secundariamente ao uso de drogas, em situações de sofrimento mental na saúde.
abstinência de substâncias ou ainda em associação Os sintomas depressivos geralmente comprometem
com doenças clínicas ou outros transtornos muito a qualidade de vida dos pacientes. Em 2004, a
psiquiátricos (p. ex., transtornos psicóticos e depressão unipolar figurava como a terceira doença
transtornos do humor). No entanto, podem também mais onerosa para a sociedade, com base no
ser uma manifestação primária ou principal, dentro parâmetro de anos de vida ajustados para
dos quadros chamados de transtornos de ansiedade. incapacidade. A previsão para 2030 é de que a
depressão seja a primeira causa específica de
SOMATIZAÇÃO incapacidade. Quando comparada às principais
Sensações corporais anormais são fenômenos comuns condições médicas crônicas, a depressão só se
e benignos da vida cotidiana. A maioria das pessoas equipara às doenças isquêmicas cardíacas graves com
têm sensações somáticas consideradas anormais pelo relação ao grau de incapacidade provocada, causando
menos uma vez por semana. Na maior parte das mais prejuízo no status de saúde do que angina,
vezes, essas sensações não estão associadas a uma artrite, asma e diabetes.
doença e tendem a desaparecer espontaneamente, sem A depressão é comum em pacientes com outras
levarem à busca de cuidado e sem demandarem o doenças clínicas e uma importante causa de
sistema de saúde. morbidade. Em pacientes com doença crônica, está
Algumas características são: pensamentos associada a aumento de sintomas físicos, prejuízo na
desproporcionais e persistentes sobre a gravidade dos funcionalidade e má adesão ao tratamento, havendo
próprios sintomas; nível persistentemente elevado de correlação entre intensidade de sintomas depressivos
ansiedade sobre a saúde ou sintomas; excesso de e nível de comprometimento do funcionamento geral
tempo e energia dedicados a estes sintomas ou dos pacientes.
problemas de saúde. A ênfase dada aos pensamentos e Pode aumentar em até 2x a incidência de infarto do
comportamentos que acompanham o sintoma miocárdio, acidente vascular cerebral e diabetes. A
permite que o diagnóstico seja aplicável, ainda que na depressão ainda leva ao aumento da mortalidade na
presença de uma doença clínica. diabetes tipo II (2,3 vezes), insuficiência cardíaca
congestiva com fração de ejeção normal (8 vezes) e
em doenças coronarianas (2,6 vezes). Nos casos mais A depressão maior provavelmente não é uma entidade
graves a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de de doença única, mas sim um grupo heterogêneo de
800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano - condições com mecanismos patogênicos múltiplos.
sendo esta a segunda principal causa de morte entre Ela é multifatorial e poligênica: fatores genéticos são
pessoas com idade entre 15 e 29 anos. responsáveis por aproximadamente 50% do risco de
depressão, mas vários loci de genes, a maioria dos
Objetivo 4. Compreender a epidemiologia, fatores quais é atualmente desconhecida, provavelmente
de risco, etiopatogenia, critérios de diagnóstico, estão envolvidos em uma interação complexa com
abordagens terapêuticas, tratamento influências ambientais e de desenvolvimento.
farmacológico e quadro clínico do Transtorno Alterações nos sistemas serotoninérgicos e
Depressivo Maior (TDM) noradrenérgicos do cérebro estão mais provavelmente
relacionadas com a eficácia dos medicamentos
EPIDEMIOLOGIA antidepressivos atuais. O eixo
hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal é hiperativo na
Atingindo mais de 300 milhões de pessoas em todo o
depressão, como evidenciado por uma resposta não
mundo, a depressão teve um aumento de 18% entre os
suprimida ao teste de supressão com dexametasona,
anos de 2005 e 2015. No ano de 2017 a depressão
embora esse teste seja muito insensível e não
alcançou o marco de ser a doença que mais causa
específico para uso clínico como uma ferramenta de
prejuízos sociais e econômicos na população ativa,
diagnóstico.
superando as doenças cardiovasculares e o câncer os
anos de trabalho perdido por doença. Tem com Com o amplo efeito que os Inibidores Seletivos de
prevalência maior no sexo feminino. Recaptação de Serotonina (ISRSs) – por exemplo, a
fluoxetina – tiveram sobre o tratamento da depressão,
Especialmente quando de longa duração e com
a serotonina tornou-se o neurotransmissor mais
intensidade moderada ou grave, a depressão pode se
associado à depressão. Embora a noradrenalina e a
tornar uma séria condição de saúde. Ela está
serotonina sejam as aminas biogênicas mais
frequentemente associada a sofrimento ou
frequentemente associadas com a fisiopatologia da
incapacidade significativa que afeta as atividades
depressão, a dopamina, o sistema GABA e peptídeos
sociais, acadêmicas ou profissionais, reduz o nível de
neuroativos (particularmente vasopressina e opioides
funcionalidade e compromete a qualidade de vida.
endógenos) também parecem estar implicados.
FATORES DE RISCO Fatores neuroendócrinos podem estar relacionados ao
surgimento de sintomas depressivos.
Grupos de alto risco para o desenvolvimento de
As síndromes e reações depressivas surgem com
transtornos depressivos:
muita frequência após perdas significativas: de uma
➔ História pessoal ou familiar de depressão;
pessoa querida, de um emprego, de um local de
➔ Presença de estressor psicossocial;
moradia, de uma situação socioeconômica ou de algo
➔ Uso exagerado dos serviços de saúde;
puramente simbólico. Os transtornos depressivos
➔ Doenças crônicas (doença cardiovascular,
podem surgir secundariamente a causas orgânicas,
diabetes e doenças neurológicas);
como disfunções hormonais, nesses casos deve-se
➔ Outros transtornos psiquiátricos;
buscar o tratamento da causa base.
➔ Mudanças hormonais (p. ex., puerpério);
➔ Sintomas físicos sem explicação;
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO
➔ Dor, incluindo dor crônica;
➔ Queixas de fadiga, insônia, ansiedade; Dentre os transtornos depressivos a depressão maior é
➔ Abuso de substância. aquele que causa mais prejuízos individuais e
coletivos. Os critérios diagnósticos para a depressão
ETIOPATOGENIA maior segundo o DSM-V são:
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram
presentes durante o mesmo período de duas semanas e
representam uma mudança em relação ao O objetivo do tratamento da depressão não deve ser a
funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas redução de sintomas (resposta parcial), mas sim a
é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou remissão completa. Existe uma consistente evidência
prazer. de que a permanência de sintomas residuais de
1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase depressão está associada a pior prognóstico a longo
todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo prazo, com maior risco de recaída, pior qualidade de
ou por observação feita por outras pessoas (em vida e funcionalidade, maior risco de suicídio e mais
crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) uso de serviços de saúde.
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em
todas ou quase todas as atividades na maior parte do Quanto mais longo é o período sintomático, menor é a
dia, quase todos os dias. chance de recuperação. O percentual de recuperação
3. Perda ou ganho significativo, 5% de peso sem do paciente nos primeiros seis meses de sintomas é de
estar fazendo dieta ou redução ou aumento do 50%, caindo agudamente com o passar dos meses. Os
apetite quase todos os dias. pacientes com diagnóstico de distimia com
4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. superposição de depressão maior têm mais chance de
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os permanecerem sintomáticos após dois anos de
dias (observáveis por outras pessoas, não meramente seguimento.
sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais Etapas:
lento). ➢ Fase aguda: Inclui os dois a três primeiros meses
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. e tem como objetivo a diminuição dos sintomas
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou depressivos (resposta) ou idealmente a
inapropriada. eliminação completa com retorno do nível de
8. Capacidade diminuída para pensar ou se funcionamento pré-mórbido (remissão).
concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por ➢ Fase de continuação: São os quatro a seis meses
relato subjetivo ou observação feita por outras que se seguem ao tratamento agudo. Visa manter
pessoas). a melhora obtida, evitando recaídas dentro de um
9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação mesmo episódio. Ao final dessa fase, o paciente
suicida recorrente com ou sem um plano específico que permanece com a melhora inicial é
ou uma tentativa de suicídio. considerado recuperado do episódio-índice.
B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente ➢ Fase de manutenção: Seu objetivo é evitar que
significativo ou prejuízo no funcionamento social, novos episódios ocorram (recorrência). É
profissional ou em outras áreas importantes da vida recomendada nos pacientes com probabilidade de
do indivíduo. recorrência.
C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos
de uma substância ou a outra condição médica. NOME DA PSICOTERAPIA - ABORDAGEM
OBS.: Os Critérios A-C representam um episódio ➔ Psicoterapia cognitiva: Identifica e corrige
depressivo maior. padrões negativistas de pensamento.
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é ➔ Psicoterapia interpessoal: Identifica e trabalha a
melhor explicada por outro transtorno psicótico. situação interpessoal do paciente em quatro
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio áreas-problema: transições de papéis, luto,
hipomaníaco. deficits interpessoais e disputa de papéis.
➔ Terapia de solução de problemas: Identifica e
ABORDAGENS TERAPÊUTICAS prioriza os problemas situacionais; planeja e
implementa estratégias para lidar com problemas
O tratamento do TDM é biopsicossocial e abrange de alta prioridade
psicoterapia com terapia cognitivo-comportamental, ➔ Psicoterapia psicodinâmica: Utiliza a relação
prática regular de atividade física e escolha de hábitos terapêutica para maximizar o uso dos
de vida saudável. mecanismos saudáveis de defesa e estratégias de
enfrentamento
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ➢ Toxicidade: Os tricíclicos são tóxicos em
sobredose, ao contrário da fluoxetina e de outros
Com relação ao tratamento farmacológico, as ISRS, que são menos perigosos e podem ser
principais classes de medicação utilizadas são os prescritos a pacientes com risco de autoagressão.
inibidores seletivos de recaptação de serotonina
(ISRS) e os inibidores de recaptação de serotonina e Prognóstico
noradrenalina (IRSN). Os antidepressivos tricíclicos O tratamento baseado em orientação ideal para
bastante usados antigamente são considerados de depressão maior resulta em remissão completa em até
segunda linha e menos prescritos hoje em dia devido 80% dos pacientes, e a expectativa é que os pacientes
aos efeitos colaterais (principalmente anticolinérgicos, com depressão retornarão ao funcionamento inicial da
como boca seca, constipação intestinal e retenção linha de base após a resolução dos episódios
urinária) e a grande interação medicamentosa. depressivos. No entanto, pelo menos 50% a 70% dos
pacientes sofrem episódios recorrentes, até 20%
Não existe evidência forte com relação a podem apresentar depressão crônica, e muitos mais
superioridade de uma droga inibidora de recaptação estarão apenas em remissão parcial com sintomas
em relação a outra. Na prática clínica, a escolha da persistentes de nível mais baixo por causa de uma
medicação é baseada nos efeitos colaterais, no custo, variedade de fatores, incluindo o acesso limitado a
na tolerabilidade do paciente e na presença de cuidados, a não adesão ou tratamentos
comorbidades. Os principais efeitos colaterais dos insuficientemente assertivos.
ISRS e IRSN são insônia, sedação, cefaléia, tremor e
alterações gastrointestinais. QUADRO CLÍNICO
O tratamento deve integrar a farmacoterapia com a Transtorno depressivo maior: A característica
intervenção psicoterápica. Os antidepressivos essencial de um episódio depressivo maior é um
produzem, em geral, uma melhora de 60 a 70% dos período de pelo menos duas semanas durante as quais
sintomas depressivos em um mês. Em termos de há um humor depressivo ou perda de interesse ou
eficácia, parece não haver diferença significativa entre prazer em quase todas as atividades. Em crianças e
as várias drogas disponíveis. adolescentes, o humor pode ser irritável em vez de
triste. O indivíduo também deve experimentar pelo
Aspectos a serem considerados na escolha do
menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma
antidepressivo:
lista que inclui mudanças no apetite ou peso, no sono
➢ Resposta prévia: Se o paciente foi tratado com e na atividade psicomotora; diminuição de energia;
sucesso com um fármaco bem tolerado no sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldade para
passado, pode-se eleger a mesma medicação para pensar, concentrar-se ou tomar decisões; ou
um novo episódio. Se o paciente não respondeu pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida,
bem a um medicamento específico ou teve efeitos planos ou tentativas de suicídio.
adversos intoleráveis, como regra tal fármaco não
deve ser prescrito. A fim de contabilizar para um episódio depressivo
➢ Comorbidades específicas: Por exemplo, a maior, um sintoma deve ser recente ou então ter
amitriptilina deve ser evitada em idosos com claramente piorado em comparação com o estado
problemas cardíacos quando não é possível fazer pré-episódico da pessoa. Os sintomas devem persistir
eletrocardiograma periodicamente. na maior parte do dia, quase todos os dias, por pelo
➢ Perfil de efeitos adversos e sua repercussão na menos duas semanas consecutivas. O episódio deve
vida do paciente. ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo
➢ Custos para o paciente e/ou sistema de saúde. clinicamente significativo no funcionamento social,
profissional ou em outras áreas importantes da vida
➢ Tempo do fármaco no mercado: É mais prudente
do indivíduo. Para alguns indivíduos com episódios
prescrever medicamentos já conhecidos em
mais leves, o funcionamento pode parecer normal,
relação a medicações novas.
mas exige um esforço acentuadamente aumentado.
Objetivo 5. Caracterizar os diagnósticos Existem alguns fatores considerados alertas para o
diferenciais do TDM (distimia e episódio risco do luto não se desenvolver de forma favorável,
depressivo do luto) como: idade e sexo da pessoa enlutada, experiência
anterior de perdas, recursos psíquicos utilizados na
Os transtornos depressivos são caracterizados por elaboração anterior, tipo de morte e relação com a
diferentes intensidades dos seguintes sintomas, sendo pessoa falecida, suporte social envolvido, entre
que nem todos eles precisam estar presentes em um outros.
mesmo paciente: tristeza, choro fácil e/ou frequente;
apatia; indiferença afetiva; anedonia (incapacidade de O Luto Complicado/ Complexo/ Patológico pode ser
sentir prazer em várias esferas da vida); fadiga; ainda classificado como: luto crônico – quando há um
diminuição da vontade (hipobulia; “não tenho pique prolongamento do tempo do luto, com ansiedade e
para mais nada.”); insônia ou hipersonia; perda ou inquietude; luto adiado – quando as fases do luto não
aumento do apetite; diminuição da libido; ideação se apresentam adequadamente no tempo decorrido, o
negativa; desejo de desaparecer, dormir para sempre; que pode levar a isolamento ou outros sintomas
ideação, planos ou atos suicidas; déficit de atenção e distorcidos; e luto inibido – quando há total ausência
concentração; sentimento de autoestima diminuída; de sintomas do luto normal.
lentificação psicomotora até o estupor; delírio de
ruína ou miséria; negação dos órgãos, delírio de
inexistência de si e/ou do mundo; alucinações,
geralmente auditivas, com conteúdos depressivos.

Transtorno distímico: Depressão leve e duradoura, e


início insidioso. Mais comum em mulheres. Pode
coexistir com outros transtornos psiquiátricos, como
abuso de substâncias e transtornos de personalidade.
Geralmente tem início da vida adulta e os sintomas
devem estar presentes por pelo menos dois anos. Os
sintomas mais comuns incluem diminuição da
autoestima, fadiga, falta de apetite, problemas com o
sono, mau humor crônico, irritabilidade, falta de
concentração e dificuldade para tomar decisões. Não é
incapacitante, mas compromete o desempenho e o
relacionamento interpessoal e traz sofrimento
considerável. Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil)
Diretrizes Assistenciais para a Saúde Mental na Saúde
Episódio depressivo do luto: O luto é um forte fator Suplementar. Rio de Janeiro: ANS, 2008. 75 p
estressor e, como tal, pode desencadear transtornos
mentais graves, portanto não se pode assumir que, http://rbtcc.webhostusp.sti.usp.br/index.php/RBTCC/a
por tratar-se de reação comum, não possa ser rticle/view/659/406
experimentado de forma patológica.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais (DSM-5) a principal diferença
entre o processo normal de luto e um processo
complexo seria o tempo – cronológico mesmo, não no
seu sentido figurado; quando uma pessoa apresenta
sintomas persistentes de luto por um período de doze
meses ou mais (ou seis meses em casos de crianças) é
dito que possui um Transtorno do Luto Complexo
Persistente – o Luto Patológico.

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