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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Lucas Emmanuel Padilha de Melo

Texto crítico observação participante

Belo Horizonte

2020

1. Resumo
Tal trabalho se dispõe a realizar uma discussão de uma observação de
cenas, pessoas ou grupos em contexto cotidiano, o objetivo é desenvolver
análises, questionamentos e investigações a respeito de um fato do dia a dia e
analisar sua estranheza, processos e causas de maneira descritiva e profunda.
Por esse motivo decidi analisar meus sobrinhos durante o processo de ensino
e alfabetização durante a pandemia.

2. Análise
A respeito da observação participante, Lícia Valadares em seu texto “Os Dez
Mandamentos da Observação Participante” exemplifica um dos princípios
básicos da observação:

“A observação participante, implica, necessariamente, um


processo longo. Muitas vezes o pesquisador passa inúmeros
meses para “negociar” sua entrada na área. Uma fase
exploratória é, assim, essencial para o desenrolar ulterior da
pesquisa. O tempo é também um pré-requisito para os estudos
que envolvem o comportamento e a ação de grupos: para se
compreender a evolução do comportamento de pessoas e de
grupos é necessário observá-los por um longo período e não
num único momento.” (VALADARES, lícia. P.154)

Com esse conhecimento em mente, a observação começou desde cedo e


todos os dias pela manhã, algumas anotações foram realizadas, porém a
maioria das constatações foram feitas mentalmente e durante o processo de
observação.

3. Contexto
O mundo inteiro encara a pandemia causada pelo Coronavírus, com isso
algumas adaptações foram feitas para lidar com tal problema. Nesse contexto,
com o ensino remoto encontrei uma boa abordagem para realizar a observação
com meus sobrinhos ( 5 e 7 anos) que, com o ensino público remoto defasado,
estão tendo aulas na parte da manhã com a avó, que atua como educadora de
crianças.

4. Discussão
Por questões pessoais vou me referir à criança mais nova como criança 1 e
à mais velha como criança 2. Toda manhã de segunda a sexta, as aulas
ocorrem, com duração de uma hora para cada um, tendo como recompensa, a
possiblidade de jogar seus jogos no celular da avó caso terminem as atividades
antes do prazo estipulado. Segundo Lícia Valadares deve ocorrer uma
interação entre pesquisador e pesquisado durante a observação, por isso logo
ao início, acordava e me direcionava a mesa de estudos, que é também a
mesa de café da manhã e logo começava a analisar cada aspecto que gerava
interesse. Ambas as crianças apresentam certa timidez/ dificuldade social no
primeiro contato, seja ao cumprimentar ou direcionar qualquer palavra, porém
tal bloqueio desaparece após alguns minutos, como se fosse uma adaptação,
no entanto, ao desenrolar dos diálogos ambos demonstram ter uma inteligência
comunicativa muito elevada, demonstrando uma boa capacidade persuasiva.
Ao observar a criança 1, percebi logo sua facilidade de aprendizagem, absorve
muito bem o que é ensinado e apresenta muita vontade de aprender e as
vezes demonstra até felicidade, em um dia insistiu que queria aprender a
contar de 1 até 1000, e obteve sucesso. Apesar de seu ímpeto, em alguns
momentos apresenta certa resistência com o que lhe é imposto, tornando bem
difícil de convencê-lo ao contrário. Por outro lado ao observar a criança 2,
constatei que esse apresenta uma dificuldade maior de concentração e se
mostra muito ansiosa, frequentemente realizada ações de estereotipia -balança
os braços rapidamente em situações mais animadoras ou inquietantes-,
durante os estudos, demonstra uma ótima capacidade em desviar o foco,
criando conversas, cantando ou inventando histórias, é uma criança com uma
capacidade criativa bem desenvolvida. É preciso um pouco de persistência
para puxar sua atenção aos exercícios, porém com esforço consegue adquirir
foco. Contudo apresenta baixa tolerância com falhas, se mostra muito irritado
quando comete erros. Além disso, apresenta alguns sinais de dislexia, trocando
a letra “T” pela letra “D”, e de dislalia, não conseguindo pronunciar o “R”.

5. Referências bibliográficas
 VALLADARES, Licia. Os dez mandamentos da observação participante.
Rev. bras. Ci. Soc., São Paulo, v. 22, n. 63, p. 153-155, Feb. 2007. Disponível
em <https://goo.gl/bdRau6>

 MIZRAHI, Mylene. Indumentária funk: a confrontação da alteridade


colocando em diálogo o local e o cosmopolita. Horiz. antropol., v. 13, n. 28, p.
231-262, Dec. 2007. Disponível em:
< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
71832007000200010&lng=en&nrm=iso>

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