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3. Objetivos
- “território indigena cada vez mais acelerado e cercado pela propriedade privada no processo de
modernização e de reprodução do espaço capitalista”
Talvez esse processo de acelerada rapina contra os povos indígenas seja uma característica do
próprio capitalismo, seria interessante desdobrar essas implicações…
4. Território
- Trata de como a cosmogonia Guarani define a “família-grande”, sendo o primeiro que chegou no
local… é aí que se aproxima a idéia de território.
A família grande é autônoma dos outros povos guarani, são auto-organizadas não respondendo a
nenhuma outro agrupamento.
- Trata da uxorilocalidade, o marido ir para casa do sogro. Passando por todos os compromissos do
marido para com a família da noiva…
- São povos que migram há muito tempo e permanecem em andanças.
- As formas de ocupar o território e de realizar suas tarefas diárias muito tem se modificado desde
os primórdios da colonização, uma vez que existe um Estado que vai gestar esse território agora.
- Agora o estado só reconhece o território indígena com uma fixação, com um território.
- Os meios legais não apreenderiam o que é território para os indígenas, eu inverteria, os meios
legais estão impondo o que é território para os indígenas.
- Uma rede de ligação que não se enquadra no território que o estado procura estabelecer. Já que o
território é um espaço de poder!
- “Os grupos indígenas não compreendem o território como lhes foi historicamente imposto, porém
o aceitam como única possibilidade de assegurar sua existência”, boa passagem… aqui eu
recomendaria uma leitura, Manuela Carneiro da Cunha, “Cultura com Aspas”, onde discute sobre
direitos autorais e afirma que os indígenas estão em uma cama de Procustro.
É um pacto eterno com o estado, mas principalmente com o capital, que precisa passar pelo estado.
- Percebe que o moderno enquadra os indígenas em suas categorias goela abaixo, ao mesmo tempo
vem com uma citação do Tonico que afirma que o espaço ocupado por um povo é um território.
- Os melhores lugares do espaço brasileiro estariam destinados às grandes empresas… isso seria o
problema do Brasil, para Milton Santos…. Eu questionaria onde é que os espaços não são
destinados às empresas?
- A escolha do lugar onde os Guarani vão viver passa pelas suas ditas tradições, não são mera
aleatoriedade!
- Querem uma vida livre, sem entrar em contato com os homens brancos… parece que estão
fugindo há muito tempo dos brancos! Já faz parte de sua cosmogonia viver em paz com os brancos.
- Descreve como se organizam e ressalta uma certa autonomia pela venda do artesanato. Forma de
ganhar dinheiro é o artesanato. Ligar o artesanato ao turismo e o capital em crise.
- Ressalta que a migração dos Nandeva acontece para o litoral, relata descimentos e expedições
militares para capturar os indígenas.
- As poucas terras homologadas não estão disponíveis para usufruto dos Guarani.
- Cita Umbelino, “O território capitalista brasileiro foi produto da conquista e destruição o território
indígena. Espaço e tempo do universo cultural índio foram sendo moldados ao espaço e tempo do
capital. Talvez, estivesse aí o início da primeira luta entre desiguais. A luta do capital em processo
de expansão, desenvolvimento, em busca de acumulação, ainda que primitiva, e a luta dos ‘filhos do
sol’ em busca da manutenção do seu espaço de vida no território invadido. A marca contraditória do
país que se desenhava podia ser buscada na luta pelos espaços e tempos distintos e pelos territórios
destruídos/construídos (OLIVEIRA, 1999, p. 11)”
Boa citação. Aqui eu me lembro de uma fala do Ailton Krenak, em uma entrevista ele questiona o
porquê do repórter estar rindo para ele, pois ele afirma que seu povo está em guerra com os brancos,
uma guera que dura mais de 500 anos…
- A forma de ocupação dos Guaranis costuma ser não contínuo e não centralizado. Aqui a defesa é
de que o território ocupado é bem amplo, sendo necessária uma continuidade que não existe.
- Os Guarani pertencem aos lugares, já que eles procuram aqueles lugares em que existam as
condições de vida que eles já reconhecem como sua.
- Seu território tem ficado cada vez mais raro, suas necessidades cada vez mias difíceis de serem
supridas!
- Imposição das formas para que os indígenas se enquadrem e possam acessar as ditas terras
indígenas. “Direito dos Índios”
- Juridificação da vida do indígena, agora seus direitos estão estabelecidos na lei. A mesma
legislação que garante as terras é a que expropria. Aqui eu sugiro a leitura da Crítica do Direito de
Pachuckanis.
- O Estado impõe uma interação não desejada pelos indígenas, os insere no moderno de um jeito ou
de outro.
- Acho muito interessante o termo “Política de confinamento”, pois diz muito sobre a situação dos
indígenas mesmo.
- Mesmo que a constituição de 88 tenha um capítulo dedicado exclusivamente aos indígenas, esses
direitos são, em sua maioria, violados, pelo próprio estado.
É uma verdade, mas nunca podemos nos esquecer de uma crítica ao próprio direito, não reclamar
ele enquanto positividade, mas apresentá-los como negatividade que segue nesse plano de
confinamento!
- Direitos são garantidos através de uma ocupação tradicional, daí deriva seus movimentos com
objetivo de afirmar uma tradicionalidade e um território ocupado ancestralmente. Aqui existe uma
divergência no que os próprios guarani pensam e organizam o espaço em que vivem e o discurso do
estado, que os querem sedentarizados.
- Afirma que o estado não estabelece seus marcos legais passando pela cosmogonia dos indígenas, a
forma com que se relacionam com o meio…
É isso mesmo, o estado moderno desfaz as relações primordiais da vida, elas tem que passar pelo
trabalho… se existe uma forma social que ainda não se enquadrou, ela vai ter que se enquadrar, de
um jeito ou de outro, sendo mortas ou aceitando o mundo da mercadoria.
- A não exclusividade do uso do território é um problema mesmo, os deixa sem autonomia sobre
como se organizar.
- Até os 70, os indígenas eram excluídos, agora são incluídos a fim de resolver impasses, como os
conflitos de terra…
Parece que os direitos humanos estão agindo aqui também
- Guaranis teriam se instalado na Serra do Mar por volta dos 40~50, em aliança com os
“proprietários” dessas terras…
A partir dos 70, com a construção da rodovia rio Santos e o Parque Estadual da Serra do Mar, a
questão de terra já fica mais concorrida!
Percebe-se a concorrência se acirrando em relação à propriedade/posse da terra.
- O regionalismo, ou a região, como gosta o Carlão, havia mantido os Guarani na Serra do Mar, pois
as relações de compadrio ainda eram fortes entre esses entes, após os 70 e a construção da rodovia,
o Brasil procura se integrar, agora não é mais o capital local, expresso nos coronéis, que dita as
regras, existe uma concorrência entre capitais nacionais/internacionais e os poderes locais!
Se acentua a concorrência, uma característica do capital mundial, que em sua crise precisa acentuar
os processos de exploração, por isso especulação, por isso expropriação dos indígenas… o mercado
do turismo é importante!
Ubatuba, por exemplo, é um grande polo turístico do litoral paulista, a cidade gira em torna disso!
Acho que caberia uma relação entre o momento em que os guarani precisam concorrer por espaço
com outros entes sociais e a forma do capital global, critico...
- Os Garani estão ferrados, pois a própria forma de ver o mundo deles os excluí da concorrência,
que se torna cada vez mais inevitável!
- Fogem do confronto. Parece que estão fugindo há muito tempo… fugindo dos Juruás!
- A partir dos marcos legais, os Garani procuram se estabelecer mais próximos, pois assim seu
território pode ser garantido!
Aqui uma estratégia dos Guarani para não ficarem sem terra.
- Um dos motivos para que estejam na serra do mar é religioso, sua cosmogonia os impele buscar o
mar, mas não retiram sua sobrevivência do mar, o que é muito curioso.
- A regularização tem seu início no final dos 70 (79), “por meio de ações e de projetos do Centro de
Trabalho Indigenista (CTI)”.
Acho os 70 um marco histórico importante, tanto nacional como internacionalmente.
- A concorrência bruta, a intensificação de recursos naturais fazem da situação dos Guarani algo
bem complexo, gerando conflitos com fazendeiros, madeireiros, empresas…
O futuro parece ser turbulento para eles… (não que para nós não pareça também).
5 - Migrações
5.1 - Conceito de Migração Indígena
- Alguns estudiosos propõe expansão e outros migração, colocam em questão a origem a dispersão
dos guarani. Fazem estudos antropológicos e arqueológicos para pensarem esses termos!
- Ladeira acredita que tanto expansão como migfração são termos válidos para tratar os
deslocamentos indígenas!
Principalmente por não conseguirmos precisar um centro de formação e nem uma dispersão
territorial, são poucos os registros…
- Estimam que os Guarani passam a ocupar o litoral sul do Brasil há 2000 anos, devido um
crescimento populacional.
- Talvez seja importante diferenciar as migrações modernas das migração que fariam os guarani,
esse deslocamento...
- Alcida nos dá uma importante concepção, de que não devemos confundir o deslocamento dos
povos indígenas com o que a branca, comumente chama de nomadismo.
“usados para marcar a diferença entre civilizados e primitivos e reforçar um forte valor ocidental
que é o modo de vida sedentário”, oposição que põe o civilizado e o não-civilizado, o que merece
viver e o que pode morrer!
- No caso dos indígenas brasileiros, o nomadismo é argumento para excluí-los do direito à terra.
Já que o nômade é considerado o estrangeiro, que vem de outro lugar.
- A chegada dos europeus muda radicalmente o deslocamento dessas populações no espaço, seja por
aldeamentos, seja por guerras, por doenças…
- O estado, territorializando o capital, busca estabelecer as bases para a território indígena, que são
bases fixas, o que vai em desencontro à forma Guarani de se organizar.
- Um novo modelo de organização tem de ser imposto aos indígenas, que se enquadrem nas
categorias do colonizador!
- Uma sistematização de onde estavam os Guarani nos 900, Itupeva, Itapetininga, na Serra do
Mar…
Além de famílias dispersas pelas rodovias e ferrovias…
Me fez pensar o quanto os indígenas não estão fugindo da própria colonização!
- Muito boa observação sobre o passado de não subsunção dos Mbya, “Os Mbyá atuais descendem
daqueles grupos que não se submeteram aos encomendadores espanhóis, nem às missões jesuíticas,
refugiando-se nos montes e nas matas subtropicais da região do Guairá paraguaio e dos Sete Povos.
Noséculo XIX apareciam na literatura com o nome genérico de “Cainguá”, nome pejorativo dado
por outros grupos Guarani.”
- Estão os Guarani procurando as terras sem males, que seria para além do atlântico!
- Duas rotas dos Mbya, do Paraguai e da Argentina, nos 1800… parece que estão fugindo, os males
seriam os brancos? Pergunta que me ficou na cabeça!
- Mas os relatos são poucos, já que na época não se diferenciavam os povos Guarani entre eles
mesmos.
- Alguns estudiosos relatam que a “busca pela terra sem mal” já era um movimento realizado pelos
Guarani antes da chegada dos Europeus.
- Eram povos interioranos que buscavam o mar, mas ao chegar lá, não se estabeleciam à beira mar,
mas procuravam terras mais afastadas.
- O Mar faz parte das mitologias Guarani e a Serra do Mar seria o dique que interrompe o mar e sua
violência.
- Sua cosmogonia os fixa perto do mar, o qual conhecem como terra onde podem ser guaranis…
Ladeira faz um questionamento interessante, porque dos Guarani abandonarem o litoral do Paraguai
e buscarem outra terra sem mal?
- Uma boa resposta, “A colonização branca e a ocupação branca das regiões Mbyá e Ñandeva
(tradicionalmente contíguas) talvez tenham gerado o “surto messiânico” das migrações”.
- Alguns autores atribuem a busca por essa terra sem mal como algo exclusivamente religioso, mas
estudos posteriores apontam para elementos, antes e depois da colonização… como o conflito com
grupos rivais, com os colonizadores, fertilidade em outras terras,
5.3.5 – Mover-se
- As crenças e os mitos estariam ligados a forma com que os Guarani se deslocam hoje.
- Migrações que se davam guiadas por mestres religiosos, buscando a terra sem males.
- Todos, entrevistados por Ladeira, relatam atravessar o mar para chegar ao paraíso!
- A reciprocidade age nos ‘casamentos’, de homens que se deslocam para outras aldeias atrás de
companheiras. Sendo esse fator que estabelece alianças entre as famílias!
- Essa relação formaria complexos geográficos, que não podem ser apreendido pela juridificação do
chamado território!
- É importante pensar as relações de poder que se estabelecem nessa troca entre as aldeias!
- Os guarani pensam o seu mundo nessa pluralidade, nos caminhos entre as aldeias, de outra forma
em relação ao território estabelecido pelo estado e pelos brancos.
6 - Considerações finais
- Diversos são os deslocamentos dos Guarani, já antes da colonização se moviam pelo espaço por
diversos motivos. A chegada dos europeus acaba por ser um motivo a mais, talvez o mais
significatio?, para esses deslocamentos, esse movimento!
- Coloca um ponto de inflexão na década de 70, mas não desdobra ele… os 70 aparecem como
momento decisivo para os Guarani, mas não sabemos o porquê direito! Tentaria pensar para além
do Brasil…
- Muito boa a conclusão de que o território não pode existir em seus termos, que os indígenas só o
usam como estratégia de sobrevivência!
- Interessante relacionar migração e território, muito rico… ambas categorias modernas que são
impostas aos indígenas!
- “os indígenas Guarani-Mbya seguem migrando e permanecendo nas aldeias de acordo com suas
próprias cosmologias e tradições ancestrais.”, acho difícil afirmar isso, mas é verdade que eles
tentam preservar algo que chamamos de cultura… nem que para eles isso soe como artificial!