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“O OLFATO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE”

​“Algo cheira mal na Dinamarca”

​ de ​Hamlet de W.Shakespeare)
(Fragmento

Crystal de Lourdes de la Parra y Vargas Dulché

Eixo: O corpo na teoría


Palavras-chaves:​ olfato, desenvolvimento, identidade

Resumo

A ideia do presente trabalho, surgiu quando li de novo o romance O Perfume (1985) do


escritor alemão Patrick Suskind, o que chamou a minha atenção desta vez foi que sem
assumir essa pretensão, o autor ilustra de maneira muito criativa a importância do olfato na
construção da identidade. Isso fez com que eu levantasse a questão de se o olfato através
do nariz como zona erógena, não é outro órgão tão importante como os mencionados por
Freud na sua teoria do desenvolvimento para a construção da identidade, foi assim que eu
criei e assumi a encomenda de “interpretar” o romance desde essa ótica.

Desenvolvimento

Acho que a muito frequentemente obviamos a importância que tem o nariz na vida do ser
humano; a final, o primeiro que fazemos ao nascer é respirar, o que vai marcar a diferença

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entre estar vivos ou estar mortos. É muito conhecida a importância que o olfato representa
na vida dos bichos, e a sua necessidade de cheirar a comida antes de engoli-la, do mesmo
jeito que o macho à fêmea antes do acasalamento. Na linguagem popular, muitas vezes
usamos referências do olfato como: “esse negócio cheira mal”, ou pior ainda: “todo esse
assunto fede”, sem ter a intenção de referir-nos justamente ao cheiro que expelem mas
como uma maneira de mostrar nossa desconfiança diante dito acontecimento. Ou quando
dizemos: “está farejando nos meus assuntos”, significa que nos sentimos intimidados por
essa pessoa. Também amiúde dizemos que alguém tem “bom olfato” para certas coisas
quando queremos salientar a relevância de suas habilidades perceptivas ou intuitivas.
Igualmente se reconhece a importância que tem o olfato, e os odores na sexualidade do ser
humano, dado que com frequência são um fator muito importante dentro do jogo sexual do
casal. Nos anos oitenta do século passado, era comum o uso dos feromônios como uma
forma de atrair ao par sexual, e ainda hoje continuam existindo, uma multidão de cheiros
(perfumes) que são vendidos com a intenção de buscar a excitação sexual.

Os cheiros na vida culinária são mundialmente reconhecidos, da mesma maneira, que o


olfato é utilizado pelos enólogos para diagnosticar a qualidade do vinho; não é gratuito que
se diga “primeiro nariz” à aspiração do aroma que o catador faz de tão prezada bebida
antes de ingeri-la, assim como “segundo nariz” à aspiração que posteriormente se faz para
catar melhor olfativamente o vinho. Considero que o olfato através do nariz, pode
considerar-se como a zona erógena mais arcaica, como o sentido mais regressivo no ser
humano, e que a capacidade que tem o recém-nascido para identificar à mãe através do
cheiro de seu peito, é a primeira orientação que se manifesta para o mundo externo e para
seu primeiro objeto de amor. Daí que poderíamos denominar etapa “olfativa”, a esse
primeiríssimo conhecimento que o bebé tem da realidade externa, e ao jeito de como irá
relacionando-se com ela.

No livro ​O lactente, a mãe e o psicanalista(1999) Serge Lebovici, faz um estudo sobre os


relacionamentos precoces entre os recém-nascidos e as suas mães, e descobre que a partir
do segundo dia de nascido, o bebé é capaz de distinguir e de discriminar o cheiro do leite
materno dentre muitos outros cheiros, o que vai facilitar a busca e a apropriação do mamilo

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dela. Da mesma maneira, a mãe vai reconhecer o cheiro do infante o que estabelecerá o
primeiro vínculo significativo entre eles. O autor explica que isso deve-se ao fato de que o
olfato entre os mamíferos superiores é muito desenvolvido e que segundo a lei de Serres e
Haeckel, “a evolução (ontogenética) do indivíduo deve reproduzir a evolução (filogenética)
da especie”.1

Por sua vez Freud (1930) em ​O mal-estar na cultura, faz referência ao olfato ao dizer que
no início da civilização, quando o homem ainda não adquiria a posição ereta, o sentido do
olfato estava mais desenvolvido do que os outros, mas conforme o indivíduo foi avançando
na sua evolução, esse lugar privilegiado foi substituído pelos outros sentidos:

“Relegar os estímulos olfatórios parece ser, por sua vez, consequência do falta que sente o
ser humano à respeito da terra, da adoção da postura ereta da marcha (…) A cadeia se
inicia aí, passa pela desvalorização dos estímulos olfatórios e o isolamento nos ciclos
menstruais, depois se atribui uma enorme força gravitacional aos estímulos visuais ao advir
visível os genitais”. 2

Considerando o anterior, podemos dizer, que o olfato é o sentido mais “animal” no ser
humano e que sua importância tem se perdido (ou substituído por outros sentidos), de
acordo ao avanço do homem em seu desenvolvimento. Existem exceções como no caso
das regressões produzidas pela ingestão de psicotrópicos ou por um quadro psicótico, em
que o olfato recupera seu papel predominante na percepção da realidade. Nesses casos a
escopofilia passa amiúde a um segundo plano, no entanto que os conflitos auditivos e
olfativos voltam a um primeiro plano (Fenichel).

Penso que o olfato mais de que nenhum outro sentido, tem a particularidade de evocar a
presença da pessoa ausente, de um lugar longínquo, aquilo que mesmo não estando
fisicamente ao nosso lado, sentimo-la perto só com aspirar um cheiro que identificamos com
ela. Nos casos de luto patológico não resolvido pela morte de um ser querido, é muito
frequente recorrer a “farejar” alguma coisa de seus pertences, como uma forma de
“recuperar” nem que seja por um momento, à pessoa referida.

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Existe uma grande quantidade de cheiros diferentes: agradáveis, desagradáveis, doces,
azedos, etc., mas quase todos têm a característica de deixar “traços muito marcantes” em
nossas sensações muito além daquilo que nós gostarmos ou não; quer dizer, o cheiro pode
ser invasivo ou libertador dependendo de quem for a pessoa ou com quem a relacionarmos,
o que na minha opinião, denota o vínculo existente entre o olfato e a imaginação. Daí que
quando voltei a ler ​O Perfume, não pude senão “aspirar” os aromas que descreve o autor,
e imaginar-me o trabalho que hoje escrevo.

​SINOPSE DO ROMANCE

A história de ​O Perfume narra a vida de Jean Batiste Grenouille um assassino serial do


século XVIII na Francia, que matava às donzelas para extraí-lhes a essência de seu odor, e
criar com isso os perfumes mais sublimes da época. Foi parido pela mãe atrás de uma
banca de feira onde ela vendia peixe em meio à putrefação de um mercado num Paris que
se caracterizava pelo fedor que havia na cidade. Ao sentir as dores do parto, a mãe foi
agachar-se debaixo da mesa onde estavam os dejetos foi ali onde pariu Greonuille foi assim
mesmo como o tinha feito também com as outras quatro crianças anteriores, que morreram
pouco tempo depois de nascerem. Contudo, desta vez, a mãe desmaiou logo depois de
cortar o cordão umbilical do recém-nascido, e ficou inconsciente com a faca na mão, foi
então presa pelas autoridades depois de ouvirem o choro da criança anunciando sua
chegada no meio de um enxame de moscas, tripas e cabeças de peixe. Ao perguntar-lhe à
mulher se esse menino era dela, ela respondeu que sim, mas que o melhor teria sido que o
tivesse deixado morrer como a seus outros filhos, por essa causa foi acusada de infanticídio
múltiplo e decapitada na praça principal.

Poucos dias depois de nascido, Grenouille é acolhido por uma ama-de-leite para ser
amamentado que o rejeitou pouco tempo depois por causa da avidez com a que a criança
se prendia a seus mamilos, e ao descobrir que não expelia nenhum odor, abandonou-o

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fazendo escândalo com o capelão da basílica, quem o rejeitou também ao sentir, que a
criança o espremia” com o nariz:

“A Terrier pareceu-lhe que o menino o enxergava com o nariz, de uma maneira mais aguda,
inquisitiva e penetrante do que podia ver com os seus olhos (…) O menino inodoro o
cheirava com o maior descaro, era isso! Farejava-o! E Terrier (…)sentiu-se despido e
repugnante e sentia-se também escudrinhado por alguém que não revelava nada de si
mesmo. Pareceu-lhe inclusive que lhe farejava até atravessar-lhe a pele para cheirar suas
entranhas (…) Terrier sentiu terror e nojo.”3

O menino Grenouille não se distinguia por sua beleza e muito menos por sua inteligência;
só até os três anos conseguiu ficar em pé, e aos quatro, pôde pronunciar sua primeira
palavra, que foi: peixe.

Seu precário vocabulário era conformado por coisas concretas: plantas, bichos e homens
que lhe tivessem surpreendido pelo seu odor, era uma grande dificuldade para ele lidar com
os conceitos abstratos. Aos seis anos, já tinha captado por completo seu entorno mediante
o olfato, o qual foi aperfeiçoando até conseguir perceber os odores a vários quilômetros de
distância; contudo, foi virando um ser ermitão “fechado em si mesmo como numa cápsula e
esperava tempos melhores. Suas fezes eram tudo o quanto dava ao mundo, nem um
sorriso, nem um grito, nem um brilho do seu olhar, nem sequer o próprio odor”.4

Depois de muita penúrias que o protagonista teve que sofrer, foi parar com Baldini, um
perfumista falido quem ao reparar no olfato privilegiado de Grenouille, não duvidou em
oferecer-lhe casa e comida em troca a fim de que lhe pudesse ajudar a fabricar seus
perfumes, e o fez de maneira muito eficiente, conseguindo assim, que o perfumista
recuperasse a clientela e a reputação perdidas.

A partir desse momento, o personagem ficou obsessionado com a ideia de encontrar as


essências mais subtis para criar o perfume perfeito. Nessa busca delirante, começou por

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destilar pétalas de flores, plantas, sementes, tudo o que encontrava a cada passo seu, até
que um dia ao passar perto de uma donzela, ficou extasiado com seu aroma, foi então que
decidiu segui-la e posteriormente, asfixiá-la com o único fim de apoderar-se de seu odor:

“Quando a sugou por inteiro até murchá-la, permaneceu ainda um tempo ao seu lado de
cócoras até ele se impor porque estava saturado dela. Não queria derramar nada de seu
perfume, e diante de tudo tinha que deixar bem fechados os painéis de seu interior.” 5

Desse o seu primeiro assassinato, seguirão muitos outros ao longo do romance, todos eles,
de donzelas virgens assassinadas com o único objetivo de extrair-lhes a essência de seu
odor. Ao mesmo tempo iria aperfeiçoando o requinte de seu perfume, o personagem foi
endoidecendo ao ponto de manifestar delírios de grandeza que lhe deram a convicção de
ser muito superior a Deus, já que ele era de verdade, capaz de extrair-lhe a alma às coisas,
e criar com ela, o perfume jamais imaginado na história da humanidade. A obsessão por
essa ideia foi acrescentando ao ponto de ganhar tons dramáticos, (talvez não seja por
acaso que o autor situara o romance em pleno romantismo francês), quando o personagem
descobre que não expelia nenhum odor:

“Pus sob o nariz o indicador e o dedo médio da mão esquerda e respirou entre os dois
dedos. Cheirou o ar húmido de primavera, mas não cheirou nada. Então enrolou a manga
rasgada de sua camisa e meteu o nariz no oco do cotovelo. Sabia que era o lugar onde
todos os homens cheiram a si mesmos. Mas ele não cheirou nada. Tampouco cheirou nada
nas axilas nem nos pés nem no sexo, fez com que se dobrasse tudo quanto foi possível.
Era grotesco: ele, Grenouille, que podia farejar a qualquer ser humano a quilômetros de
distância, não era sequer capaz de cheirar seu próprio sexo, que tinha a menos de uma
palma da mão do nariz! 6

O problema do personagem cresceu ainda mais, quando descobriu que por sua falta de
odor, as pessoas tampouco se apercebia da existência dele, por causa disso fez com que
tivesse a encomenda de encontrar por todos os meios (vários assassinatos), uma fragrância
que lhe servisse para envolver-se ele mesmo com um odor:

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“...agora pretendia apropriar-se da fragrância da moça que brincava por trás da muralha,
arrancar-lhe como se fosse uma pele e fazê-la sua. Ainda ignorava como consegui-lo, mas
dispunha de dois anos para refletir sobre essa questão. No fundo, se calhar não era mais
difícil que arrebatar o perfume de uma flor rara”. 7

É dessa maneira, que o personagem foi apropriando-se de uma “envoltura olfativa” que
provocasse uma reação nos outros. Porém, como já tinha testado nos seus experimentos,
qualquer perfume que fabricava depois de um certo tempo, se evaporava sem deixar
rastros de sua fragrância, o que significava que o mesmo lhe aconteceria a ele: que teria
uma paulatina evaporação de si mesmo, ideia que o atormentava constantemente, e quis
eliminar a qualquer preço, sua própria volatilidade; daí a importância de fabricar uma
fragrância com a essência das 24 donzelas assassinadas, e criar com ela o perfume que
lhe desse uma identidade.

Depois de um tempo em que Grenouille conseguiu fugir das autoridades por causa de sua
falta de cheiro, foi preso pelos guardas e levado a uma praça onde uma multidão impaciente
esperava sua condena. Contudo, nesse momento, o assassino tirou da lateral da sua calça
um lenço molhado com a essência do perfume das donzelas, e como num passe de magia,
a fúria da multidão se transformou num êxtase voluptuoso:

“Era como se aquele homem possuísse dez mil mãos invisíveis e tivesse pousado cada
uma delas no sexo das dez mil pessoas que lhe rodeavam e o estivessem acariciando
exatamente do modo em que cada um deles, homem ou mulher, desejasse com muita
vontade em suas fantasias mais íntimas”. 8

O triunfo que sentiu Grenouillle ao ser adorado e admirado pela multidão, desapareceu
muito rapidamente ao verificar que uma vez evaporado o perfume, já não se podia cheirar a
si mesmo. Com o intuito da morte se dirigiu vacilante pelas ruas mais perigosas de Paris,
onde foi espancado e devorado pelos ladrões e vagabundos que passavam por ai:

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“Num tempo breve, o anjo ficou partido em trinta pedaços e cada membro do povão se
apossou de um pedaço, afastou-se e impelido por una avidez voluptuosa, devorou-o”9

​CONTEXTO TEÓRICO

Freud (1915) postula que no início da vida o ser humano é completamente inerme, não
orientado para o mundo, e é graças a seu sistema nervoso, que começa a fazer uma
distinção entre os estímulos provenientes de seu próprio corpo e os provenientes do
exterior; quer dizer, a marcar a diferença entre um dentro e um fora, o que significa uma
primeira orientação. Porque o recém-nascido se vincula com o mundo por meio do princípio
do prazer- desprazer, o sistema nervoso servirá para a libertação dos estímulos
desprazerosos, sustentando assim, a base fisiológica de sua teoria.

“Os estímulos exteriores revelam uma única tarefa, a de afastar-se deles, e isso acontece
mediante os movimentos musculares que são o último indicador de ter atingido a meta,
depois de ser o adequado para essa finalidade torna-se em disposição herdada”.10 Já que
o psiquismo se desenvolve assentando-se numa função corporal, podemos dizer que o
aparato psíquico também está submetido ao princípio do prazer o que determina a maneira
em como o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com os outros.

No início da vida, o recém-nascido é capaz de satisfazer suas pulsões sexuais por si


mesmo (autoerotismo) através da catexe de distintas partes do corpo (zonas erógenas), e
pouco a pouco, começará a dar atenção ao mundo externo que vai ser classificado segundo
for facilitador ou frustrador da satisfação buscada. Assim por exemplo, na etapa oral
canibalesca onde a boca é a zona erógena erotizada, o conhecimento do mundo por parte
da criança se produz em conexão com a fome e à saciedade; os objetos não são
considerados como objetos mas como alimentos ou provedores destes, e aos poucos, será

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que a criança vai reconhecer que existe o outro (um Não-Eu como diria Otto Fenichel), que
faz alguma coisa para lhe ajudar a diminuir a sensação desprazerosa da fome:

“É a fome com suas frequentes perturbações da paz do sono, o que tem obrigado ao
reconhecimento do mundo externo. Mais tarde a experiência da saciedade, que pela
primeira vez elimina essa tensão, torna-se no protótipo de controle dos estímulos externos
em general. A primeira realidade significa originalmente julgar acerca de se alguma coisa
ajuda a conseguir uma satisfação ou pelo contrário provoca tensões, quer dizer, se a gente
tem que engolir ou cuspir. Introduzir na boca ou cuspir, eis a base de toda percepção; e nas
situações de regressão pode ser observada que, no inconsciente, todos os órgãos dos
sentidos são concebidos como semelhantes à boca.”11

Na etapa oral canibalesca é importante salientar que a boca graças a sua constituição
anatómica, também serve como limite para diferenciar um dentro de um fora; o bebé decide
se alguma coisa entra ou não, o que vai ajudar para que seja dada a representação
psíquica de um Eu- Não Eu-, que é a pedra angular para a construção da identidade. O fato
de que a boca seja um órgão sensório-motor, servirá igualmente, como a primeira prova de
realidade. O conhecimento da realidade está vinculado à experiência da fome e à saciedade
e “as primeiras percepções se encontram vinculadas a um tipo de incorporação oral e que o
primeiro ato de julgar é a decisão acerca de se uma sustância dada era ou não comestível”
(Fenichel)12

O objetivo do erotismo oral primitivo é em primeira instancia, a estimulação autoerótica


prazerosa da zona erógena, e posteriormente, à incorporação dos objetos, o que dá entrada
à primeira identificação objetal. “A ideia de comer ao objeto ou de ser comido por ele, é a
forma mais arcaica que a nível inconsciente, se consegue a união com os objetos”.
(Fenichel) 13

A tendência de incorporar o peito, a devorá-lo, é com a intenção de reter o objeto, de


apropriar-se de suas qualidades, ainda que nessa tentativa, o objeto desejado seja
destruído; daí a denominação de oral canibalesca a esta etapa.

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É assim como Freud começa a erigir as bases para sua teoria do desenvolvimento tornando
relevante as diferentes zonas erógenas (boca, anus, pênis,), que marcarão a forma em que
o ser humano irá relacionando-se com o mundo externo. Se existissem as condições
favoráveis por parte do médio ambiente, o desenvolvimento do indivíduo será “normal” o
que significa que passe sucessivamente, de uma etapa a outra até chegar ao que Freud
denominava a supremacia genital, que tem a ver com a capacidade do indivíduo para
desenvolver uma sexualidade adulta que garanta o coito entre o casal heterossexual.
Porém, existem fatores internos e externos que perturbam o desenvolvimento normal do ser
humano, criando fixações ou regressões a uma etapa determinada, seja pelo excesso ou
pela frustração dos satisfatores, o que trará como resultado, uma distorção na percepção
dele mesmo e da realidade. Nesses casos, os estímulos sensoriais que normalmente são
da excitação e os executores do prazer preliminar, são realmente muito poderosos ou são
reprimidos, resistem à subordinação da primazia genital sendo o caso das perversões. Isto
é, quando existe uma sobre-excitação sexual de uma das zonas erógenas do corpo, a
forma de perceber a realidade é primitiva, o que diz respeito de uma modificação no Eu
segundo o que foi percebido e incorporado da realidade. (Fenichel 1932).

Aos poucos o infante passa do narcisismo primário em que ele se encontra (onde não existe
representação de objeto), para dar entrada às primeiras relações objetais. É claro que esse
processo vai se conseguir de uma maneira mais adequada se existir por parte do ambiente
(em geral da mãe), a contenção suficiente para ajudar o bebé a dirigir a ansiedade que lhe
gera o excesso de estímulos que não pode dirigir ele só, e que são projetados na mãe que
deverá metaboliza-los, para depois regressá-los ao infante de uma maneira mais tolerável
para ele:

“Quando o bebé dissocia partes de si mesmo e de seus objetos internos projetando-os na


sua mãe, espera poder recuperá-los. Isto acontece especialmente com a ansiedade ou o
temor à morte que, as vezes experimenta a criança e que necessita colocá-los na mãe
através da identificação projetiva, para recebê-lo de volta em forma de temor atenuado” (

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W.Bion)14; quando o ambiente-mãe falha, repercutirá na sensação de si mesmo no
indivíduo que é a base da identidade.

O estado tão primitivo do desenvolvimento ao que me refiro, a sensação de si mesmo


vivencia-se como si estivesse fragmentado e carente de uma função integradora que
permita a diferenciação entre um dentro e um fora; da discriminação entre uma realidade
interna e uma realidade externa, característica da psicoses, e é quando se faz fundamental
a participação desse “ambiente facilitador” para que o infante comece a achar-se como um
ser distinto dos outros.

Esther Bick (1968) no seu livro sobre a importância da pele nas primeiras relações de objeto
diz a esse respeito:

“Pareceria que no estado infantil não integrado, a necessidade de encontrar um objeto


contentor leva à frenética busca dele, seja uma luz, uma voz, um odor, ou qualquer outro
objeto sensual capaz de manter a atenção e, portanto, susceptível de ser vivenciado, pelo
menos temporariamente, como algo que une às diversas partes da personalidade. O objeto
ótimo é o mamilo dentro da boca, junto com a mãe que sustem o bebé, fala com ele e é
dela que reconhece um cheiro familiar.” 15

Esta autora salienta a importância que desempenha a pele nas primeiras etapas do
desenvolvimento, já que serve para delimitar o corpo da criança do da mãe ao ser
amamentado, assim como uma pele psíquica que envolve literalmente as partes
fragmentadas do psiquismo. “Esta função interna, a de conter as partes do Self, depende
inicialmente, da introjecção de um objeto externo, que deve ser vivenciado por sua, como
capaz de cumprir essa função. Mais à frente, a identificação com esta função do objeto
substitui o estado de não integração e dá origem à fantasia do espaço interno e do espaço
externo.”16

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Quando por alguma razão não há condiciones necessárias para que a pele funcione como
continente, desenvolve defensivamente uma segunda pele que tem a finalidade evitar a
fragmentação o que tem como resultado, um empobrecimento das funções mentais, assim
como una distorção na percepção de si mesmo e da realidade; quer dizer, perturba-se o
sentimento de identidade. Essa segunda pele é a maneira que tem o psiquismo de
defender-se estabelecendo uma ideia que substitua à falida função da pele de conter as
partes do Eu.

Posteriormente, Didier Anzieu (1974) retoma as ideias de Esther Bick e frisa que toda
função psíquica se desenvolve assentando-se numa corporal. Ao falar do ​Eu Pele, explica
que assim como a pele envolve o corpo todo, o Eu pele envolve o aparato psíquico
representado como uma casca. Dirá que é somente o continente se tiver pulsões que
conter, que localizar nas fontes corporais, e mais tarde que estabelecer a diferença o que
vai permitir o sentimento de continuidade de si mesmo. Quando por alguma razão a função
contentora do Eu pele falha, experimenta-se uma grande angustia por causa da excitação
pulsional difusa que busca uma casca (envoltura, pele psíquica) que as contenha.

O Eu pele como representação psíquica emerge, tanto das funciones orgânicas da pele
como da interação com o entorno, cujo expositor fundamental corre sobre o papel materno.

Fundamentalmente poder-se-ia dizer, que ambos os autores referem o mesmo: à


importância que tem a pele na construção da identidade, e à maneira que terá o ser
humano de perceber a realidade.

É importante salientar que para se dê o sentimento de identidade é necessário que existam


os outros; é a partir de um Não-eu, que o Eu individual irá discriminando aos poucos. Na
medida que a gente se comparar com os outros seres humanos, é que vai conformando-se
a sensação do si mesmo, aspecto fundamental para entender a psicopatologia das doenças
mentais; quanto mais arcaica for a patologia, menor será a capacidade do indivíduo de

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reconhecer-se diferente dos outros, quer dizer, mantem uma confusão entre o sujeito e o
objeto como é o caso da psicoses.

Jacques Lacan em sua obra ​O Estádio de Espelho (1935-1936), fala da importância que
tem o olhar materno na construção da identidade no recém-nascido, posto que é através
desse olhar, que a criança verificará que existe: isto é, que es só através do reflexo dos
olhos da mãe, que a criança vai adquirir a sensação de si mesmo. Este autor realça a
importância que tem a imagem do menino refletida no espelho para que surja o sentimento
de identidade, e para a formação do Eu, que es a instancia psíquica que nos faz únicos e
diferentes dos outros. Lacan vai ao fundo nas elaborações sobre as origens do Eu desde as
vicissitudes da realidade o corpo, e interpreta as observações empíricas da criança perante
o espelho. Frisa que perante o desamparo e a fragmentação que caracterizam o
recém-nascido, ele não tem nenhuma possibilidade de sobreviver longe dos cuidados
maternos, e que o desenvolvimento psicomotor do infante só se consegue fora do corpo da
mãe.

Ao falar do Estádio do Espelho Lacan sustenta que a criança mais nova para poder olhar-se
no espelho deve ser mantido nos braços da quem haverá de lhe sorrir e mostrar-lhe a
imagem como dizendo à criança: “esse (o reflexo) desejo que sejas tú”, o que significa que
a criança que vê no seu próprio reflexo uma perfeição ilusória, vê uma unidade que na
realidade seu corpo não é capaz de fornecer-lhe ainda. A perfeição da imagem do espelho
e seu corpo real, são separados por um abismo, e a criança vacila entre essa antecipação
ilusória projetada na imagem, ou a certeza da prematuridade de seu corpo. Neste sentido, o
desenvolvimento visual supera o desenvolvimento motor. O infante verá seu corpo antes de
dominá-lo, mas esse corpo refletido no espelho, não é uma réplica de seu corpo real, já que
lhe regressa uma imagem perfeita que na realidade não tem; quer dizer, a imagem
projetada no espelho lhe mostra uma unidade e um controle que seu corpo carece, daí que
essa imagem seja uma antecipação, uma promessa o que vai chegar a ser no futuro mas
que ainda não é. Quando a criança se “lança” ao futuro para apropriar-se dessa imagem
perfeita, é o que Lacan denomina Identificação Imaginaria que lhe ajudará a conformar o EU
e o sentimento de identidade. Desta maneira Lacan releva a importância que tem para o

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recém-nascido ocupar um lugar no desejo da mãe e a transcendência que tem para o ótimo
desenvolvimento da criança.

​ANÁLISIS DE LA OBRA

Considero que o romance de Patrick Suskind pode ser interpretado desde distintos
ângulos, mas eu vou me cingir a salientar a relação que existe entre o olfato e a construção
da identidade, dentre os parâmetros da teoria freudiana do desenvolvimento.

Jean Baptiste Greonuille foi abandonado por sua mãe desde o momento em que nasceu. O
desamparo ao que se viu exposto, fez com que se potencializara seu já de por si bom
sentido do olfato. À falta de contenção por parte do rol materno, teve que fazer uso de sus
precárias ferramentas para poder sobreviver. O nariz como zona erógena erotizada, é
utilizada pelo personagem como uma maneira muito arcaica de sujeitar-se ao mundo, de
estabelecer um vínculo olfativo com a realidade que o rodeava. A “avidez olfativa” com que
farejava às pessoas provocava a rejeição de possíveis cuidadores substitutos, quem não
ajudaram a satisfazer as demandas instintivas do personagem.

O menino Grenouille buscava possuir tudo quanto o mundo podia oferecer em odores, e
desta forma criar um vocabulário que lhe ajudasse a estabelecer uma comunicação com o
mundo. A “voracidade olfativa” do personagem podia ser interpretada como uma forma
inconsciente de buscar um substituto materno, de algo que vem do mundo externo que lhe
pudesse servir como receptáculo a suas ansiedades primarias, e evitar a fragmentação de
seu psiquismo. Daí a necessidade de encontrar simbolicamente, um “perfume-mãe” que
pudesse revesti-lo com sua “envoltura odorífera”, e regressar à união com o objeto primário,
e começar metaforicamente, um novo nascimento psicológico.

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O mesmo que na etapa oral canibalesca, a “incorporação olfativa” do objeto, requer um alto
montante de agressão, já que à procura de apropriar-se das qualidades do objeto, ele é
destruído (identificação primitiva). O fato de que as vítimas fossem só mulheres, é a
maneira em que o personagem tenta matar uma e outra vez ao objeto primário, à mãe
desejada, mas ao mesmo tempo odiada. Através do descarrego agressivo, busca regressar
simbolicamente ao peito materno, e daí reinventar-se um novo começo.

Como qualquer assassino serial, Grenouille não conseguia terminar com o objeto originador
da agressão que tinha a ver com matar: finalmente escolhia como vítimas a seres do
género feminino representantes da mãe, a quem procurava exterminar em cada
assassinato, mas ao mesmo tempo, incorporar através de seu olfato. Os assassinatos
poderiam ser uma maneira desesperada do personagem por ocupar um lugar no desejo da
mãe, e assim antecipar com o aroma de cada donzela morta, uma imagem que lhe
refletisse algo de sua identidade. Grenouille não teve o reflexo-aroma no olhar materno,
que verificasse sua existência, daí a necessidade de criar esse “envoltório odorífero” que
pudesse dar-lhe corporeidade.

É interessante que num momento do romance, o personagem diga que quer desfazer-se da
“pestilência assassina de sua mãe”, e queira com a criação de seu perfume, tirar da sua
memória as lembranças “olfativas” de sua infância. O personagem foi praticamente
abortado na sujeira, nos dejetos de um mercado de peixes, e graças às pulsões agressivas,
foi que conseguiu sobreviver. O assassino se identifica com a agressividade do objeto
primário, e é só através de descarga agressiva, que consegui reunir-se simbolicamente com
a mãe a quem procura recuperar “olfativamente”. Os odores desagradáveis, o fedorento,
serão representantes da agressão, no entanto que as pulsões libidinais estarão vinculadas
a seu perfume, ficando desse jeito integradas as duas pulsões de amor e de ódio, (Eros y
Tánatos) para o objeto primário.

Quando numa altura do romance lhe perguntam a Grenouille por que é que matava às
mulheres, simplesmente respondeu que era por que ele as necessitava, como se de um

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cientista de laboratório se tratasse, e utilizasse às suas vítimas para a investigação. O
desapego emocional do personagem, pertence a uma forma muito primitiva de relacionar-se
com o mundo circundante, onde os objetos só existem na medida em que facilitam ou
frustram a busca de uma satisfação, quer dizer, onde impera o princípio do
prazer-desprazer, descrito por Freud.

Mantendo esta sequência interpretativa, podemos dizer que a história de Grenouille é a de


um indivíduo que não pôde evolucionar segundo os parâmetros freudianos do
desenvolvimento, e ficou fixado (pelo excesso de frustração a suas demandas instintivas), a
um estádio de desenvolvimento arcaico onde a percepção da realidade adquire rasgos
parecidos à da psicoses, onde os órgãos dos sentidos adquirem um lugar semelhante ao da
boca.

A erotização da nariz como zona erógena adquire matizes basicamente eróticos dentro do
romance, já que o personagem literalmente penetrava a suas vítimas com seu pênis-nariz
até “esvaziá-las” de sua essência, (alusivo ao orgasmo feminino), ao que tudo indica uma
perversão na sexualidade do personagem, ou o que dá no mesmo; uma fixação a uma das
etapas previas do desenvolvimento.

Grenouille “espremia com o nariz” (devorava) a suas vítimas, até murchá-las (mata-las),
para extrai-lhes a essência de seu odor, e criar com ela um perfume (uma pele psíquica
como diria Anzieu), que lhe desse corporeidade a sua precária identidade. O fato de que o
protagonista ficasse com a cabeleira e a pele de suas vítimas, pode ser explicado como
uma forma simbólica de envolver ao psiquismo com a primeira, e ao corpo com a segunda;
isto é, com a cabeleira envolver-conter a fragmentação de seu psiquismo, e com a pele de
suas vítimas, demarcar seu próprio corpo. Porém, a eteridade do personagem, estava em
que tão logo era percebido pelos outros, deixaria de existir; quer dizer, nunca conseguia ter
o reflexo do espelho de que fala Lacan, que o refletisse para verificar sua identidade. Daí
que ao não ser satisfeita sua demanda, repetisse compulsivamente os assassinatos.

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A necessidade de criar um perfume, uma envoltura olfativa, servia ao personagem de duas
maneiras: por um lado, como um manto no qual podia cobrir-se a si mesmo e conter as
ansiedades primarias, assim como uma forma de provocar o olhar dos outros que
confirmaram sua própria existência. Neste sentido, também poderíamos dizer, que o
perfume fazia às vezes como duma segunda pele da que fala Esther Bick, que
defensivamente cria o psiquismo perante a ameaça de sua derrubada. Contudo, diante da
impossibilidade de manter por muito tempo o precário sentimento de identidade, o
personagem adentra-se de uma maneira suicida entre o povão que o despedaça em 30
partes, para logo depois devorá-lo. É difícil não pensar na semelhança que existe entre o
final do romance e Totem e Tabu descrito por Freud, onde o objeto desejado (neste caso
Grenouille), é devorado pela multidão como uma forma primitiva de preservar o objeto. Isto
permitiria dar um final diferente ao romance: que Grenouille conseguisse vencer sua própria
volatilidade, e continuasse existindo através dos outros, o que seria uma maneira de ter
uma identidade.

​ CONCLUSÃO

Será que a agressão fede?

Didiez Anzieu (1974) em seu livro O Eu pele tem um artigo que denomina “Envoltura
Olfativa” onde fala de um paciente que utilizava os poros de sua pele para expeler sua
agressividade através de um suor pestilento, que impregnava o consultório sendo quase
impossível a trabalho do analista. Depois de muito refletir a é que se devia este fedor,
Anzieu foi se dando conta, que conforme o paciente falava de seus objetos odiados, da
agressão sofrida durante sua infância, o odor se intensificava, “embotando” os sentidos do
analista, e sua capacidade para fazer seu trabalho. Levantava a questão de como poder
interpretar o mal cheiro do paciente sem ser ele mesmo necessariamente agressivo, e de
sua própria resistência contratransferencial por causa de uma intervenção cirúrgica no nariz

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que tinha padecido de menino. Descobriu que em certas ocasiões o paciente se punha um
perfume como tentando “atenuar” seu mal cheiro, mas longe de conseguir esse objetivo,
fazia com que ficasse mais insuportável a pestilência no consultório. Pouco a pouco, o
analista pôde relacionar estes odores com os de duas figuras femininas significativas da
infância do paciente: a babá suja, fedorenta mas muito carinhosa, e a mãe limpa,
perfumada, mas afetivamente longe. Dessa maneira, o paciente buscava trazer à sessão a
seus dois objetos, e envolver transferencialmente o analista com seu próprio odor.

Gostaria que o escrito até agora, pudesse servir como um convite para uma reflexão como
analistas, sobre a importância que têm o olfato e os aromas dentro do nosso trabalho
cotidiano com os pacientes. Podemos levantar a questão por exemplo, se os odores que
envolvem a transferência-contratransferência correspondem a um tipo particular de
patologia? Se os psicóticos empregam os odores como uma forma arcaica de
comunicação? Se dependendo do material do paciente corresponde a um cheiro
específico? Será que a agressão fede? Ou que pelo contrário, os aspectos libidinais e a
idealização expelem um cheiro agradável? Que é que querem dizer os pacientes com sues
aromas? A que cheiramos nós como analistas? Que é que escondem em sua “estrutura
odorífera” os pacientes com transtornos caracterológicos? Será que são os aromas
resistenciais? Ou pelo contrário, uma forma de seduzir ao analista?

REFERÊNCIAS

1 LEBOVICI, Serge, (1999) ​El lactante, la madre y el psicoanalista, Amorrortu


Editores, Buenos Aires, Argentina, p.100

2 FREUD, Sigmund, (1930), ​El malestar de la cultura, en Obras Completas, Amorrortu


Editores, Vol XXI , Buenos Aires, Argentina, p.74

3 SÜSKIND, Patrick, (1992) ​El Perfume, Editorial Seix Barral, S.A. Distrito Federal,
México, p.21

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4 Ibidem, p.26

5 Ibidem, p.45

6 Ibidem, p.129

7 Ibidem, p.163

8 Ibidem, p. 222

9 Ibidem, p.236

10 FREUD, Sigmund, (1915), Pulsiones y destinos de pulsión, en Obras Completas,


Amorrortu Editores, Vol XVIII, p. 115

11 FENICHEL, Otto, (1934), ​Teoría Psicoanalítica de las Neurosis, Editorial Paidos


Mexicana, México, p. 54

12 Ibidem, p.54

13 Ibidem, p. 55

14 WILFRED, BION, (1976) Aportes de Bion al concepto de Identificación Proyectiva,


en ​Teoría de la Identificación, de León Grinberg, Editorial Paidós, Buenos Aires.
Argentina, p.57

15 Bick, Esther, (1968) ​La Experiencia de la piel en las primeras relaciones de objeto,
en Observación de bebés, Editorial Paidós, Buenos Aires, Argentina, p.43

16 Ibidem, p.44

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