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Resumo
Contexto: O transtorno de adaptação tem recebido pouca atenção no Brasil e na
literatura internacional. É importante identificar as opções disponíveis de tratamento,
tanto farmacológicos como psicoterápicos. Objetivos: Realizar uma revisão
sistemática sobre os artigos já publicados que investigaram ou mencionaram algum
método de intervenção clínica voltado para o transtorno de adaptação. Métodos:
Análise sistemática dos estudos indexados em dois acervos bibliográficos: PsycINFO
e PubMed/Medline. Resultados: Da década de 1980 até hoje poucos estudos sobre o
assunto foram encontrados. Entre os trabalhos que apresentaram alguma modalidade
de tratamento, 9 referem-se à psicoterapia, 4 à farmacoterapia e 2 à fitoterapia.
Diferentes abordagens psicoterapêuticas foram mencionadas, porém, a terapia
cognitivo-comportamental aparece com maior frequência. Na farmacoterapia, os
mais citados foram os benzodiazepínicos, os antidepressivos atípicos e os ansiolíticos
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Mestre em Psicologia - (Departamento de não benzodiazepínicos. Entre os fitoterápicos foi citado o uso de Ginkgo Biloba e
Psicologia, Instituto de Educação, Programa Euphytose®. Conclusões: O tratamento para o transtorno de adaptação ainda requer
de Pós-graduação em Psicologia, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, mais atenção do campo acadêmico e maior número de pesquisas empíricas. Estudos
Brasil.) - Rio de Janeiro - RJ - Brasil. adicionais são necessários, principalmente no que se refere à farmacoterapia.
2
Mestre em Psicologia - (Departamento de
Psicologia, Instituto de Educação, Divisão de Palavras-chave: transtorno de adaptação, tratamento, revisão sistemática.
Saúde, Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro, Seropédica, Brasil.).
3
Doutor em Saúde Pública - (Departamento
de Psicologia, Instituto de Educação, Profes- Abstract
sor do curso de Mestrado em Psicologia,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Background: Adjustment Disorder has received little attention, both in Brazil and in the
Seropédica, Brasil.). international literature. It is important to identify the available options for pharmacotherapy
and psychotherapy. Objectives: A systematic review of the published articles which study or
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Departamento de Psicologia. Instituto de mention any method of clinical intervention for Adjustment Disorder. Methods: Systematic
Educação. Programa de Pós-graduação em review of studies indexed in two databases: PsycINFO and PubMed/Medline. Results: From
Psicologia.
the 80’s to the current decade, few studies were found. Among the studies that reported any
Correspondência: kind of treatment, nine refer to psychotherapy, four to pharmacotherapy and two refer to
Thiene Salazar Livio phytotherapy. Different psychotherapeutic approaches have been mentioned; however,
Avenida das Américas, 16355, Sala 212,
Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, cognitive-behavioral therapy appeared more frequently. Among pharmacotherapeutic
Brasil. approaches, the most cited were benzodiazepines, atypical antidepressants and non-
CEP: 22790-703
E-mail: thienesalazar@gmail.com
benzodiazepine anti-anxiety medications. About phytotherapy, the use of Ginkgo Biloba and
Euphytose® was cited. Discussion: the treatment of adjustment disorder still requires more
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema attention from the academic field as well as a larger number of empirical research. Additional
de Gestão de Publicações) da RBTC em 07 de
julho de 2014. cod. 274. studies are needed, especially regarding pharmacotherapy.
Artigo aceito em 05 de março de 2015.
Keywords: adjustment disorder, systematic review, treatment.
DOI: 10.5935/1808-5687.20130013
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INTRODUÇÃO
O diagnóstico de transtorno de adaptação (TA) foi inclu-
ído na Classificação internacional de doenças (CID) somente a
partir de sua 9ª edição (Organização Mundial de Saúde [OMS],
1978; Casey, Dowrick, & Wilkinson, 2001). Antes de sua aparição
nos manuais diagnósticos, a manifestação de sintomas após um
estressor psicossocial era nomeada como distúrbio transitório
situacional (Casey & Baley, 2011). Atualmente na CID-10, sob
o código F43.2, o transtorno de adaptação está descrito como:
Estado de sofrimento e de perturbação emocional
subjetivos, que entravam usualmente o funcio-
namento e o desempenho sociais, ocorrendo no
curso de um período de adaptação a uma mudança
existencial importante ou a um acontecimento es-
tressante. O fator estresse pode afetar a integridade
do ambiente social do sujeito (luto, experiências de
separação) ou seu sistema global de suporte social
e de valor social (imigração, estado de refugiado),
ou ser, ainda, representado por uma etapa da vida
ou uma crise do desenvolvimento (escolarização,
nascimento de um filho, derrota em atingir um ob-
jetivo pessoal importante, aposentadoria) .... (OMS, Figura 1. Critérios diagnósticos para transtorno de adaptação. Adaptado do
2000, p. 337). DSM – IV-TR (APA, 2002). Fonte: Elaborada pelos próprios autores.
Quanto ao Manual diagnóstico e estatístico de trans-
tornos mentais (DSM), a classificação do TA foi considerada a evento), evitativos (evitar situações, pensamentos, sentimen-
partir da 3ª edição e entendida como um diagnóstico transitório, tos e comentários associados ao evento) e mal-adaptativos
não excedendo o período de seis meses (American Psychiatric (perda de interesse por atividades diárias, dificuldade de
Association [APA], 1987). Apenas na edição seguinte foi con- concentração, prejuízos no sono e redução da autoconfiança)
cebida a possibilidade da cronicidade do quadro nosológico (Maercker ., 2007).
(Strain & Frideman, 2011). Os critérios diagnósticos para a Estima-se que entre os pacientes ambulatoriais, cerca
identificação do TA, segundo o DSM-IV (APA, 2002), estão de 5 a 20% são diagnosticados com TA (APA, 2002). Entretanto,
apresentados na Figura 1. essas estimativas parecem enviesadas pela dificuldade do
Com a recente publicação do DSM-5 (APA, 2013a), fo- diagnóstico diferencial com outros quadros clínicos. Nota-se
ram feitas algumas alterações. O TA passou a ser um dos trans- que, nos últimos anos, ao mesmo tempo em que a frequência
tornos que compõem um conjunto heterogêneo de síndromes do diagnóstico de depressão maior aumentou nos hospitais
de resposta ao estresse, desencadeadas após a ocorrência de gerais, a do diagnóstico de TA diminuiu. Uma hipótese levantada
um acontecimento estressante, podendo ser traumático ou não. para a relativa baixa frequência desse diagnóstico é a de que
Quanto aos subtipos considerados no DSM-IV, permaneceram os profissionais de saúde estejam subestimando o TA por falta
inalterados na nova edição (APA, 2013b). de dados científicos (Casey & Baley, 2011).
Algumas modificações apresentadas no DSM-5 ha- O transtorno de adaptação não foi contemplado pelos
viam sido propostas por Marcker, Einsle e Kollner (2007), com principais estudos epidemiológicos realizados pela OMS,
base no conceito de Stress Response Syndromes, o qual era porém, em um estudo realizado na Espanha, em 2012, os
voltado para a descrição do transtorno do estresse agudo e pesquisadores estimaram a prevalência de TA em 2,94% en-
do transtorno do estresse pós-traumático (Horowitz, 1997). O tre 3.815 pacientes dos centros de saúde de atenção básica
ajustamento do TA a essa teoria de síndromes de resposta ao (Fernández, et al., 2012).
estresse resultou em critérios diagnósticos mais específicos. No que tange ao tratamento para o TA, a literatura cientí-
Na nova organização diagnóstica proposta, as respos- fica se apresenta escassa e pouco precisa. Praticamente todos
tas sintomatológicas a um estressor identificável devem ocor- os estudos são internacionais, tornando possível a observação
rer dentro de um mês após o evento estressante. Os sintomas da quase ausência desse tema entre as pesquisas no Brasil. Até
são classificados como intrusivos (lembranças angustiantes o presente momento, apenas um artigo nacional (Lipp, 2007)
involuntárias e pensamentos repetitivos constantes sobre o referindo-se ao conceito de TA foi encontrado.
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que os grupos com diferentes diagnósticos diferiram mais em facilitadora para a recuperação dos sintomas advindos do
relação à presença do que quanto ao tipo de crença irracional. TA, tanto fisiológicos quanto psicológicos e sociais (Jojić &
O resultado foi o mesmo no início e ao longo de um ano. Além Leposavić, 2005b).
disso, ao longo do período, todos os grupos demonstraram Uma nova técnica terapêutica (terapia do espelho)
diminuição nas crenças irracionais junto com a diminuição dos também foi proposta para ser comparada a outras terapias.
sintomas. Com esse resultado, os autores sugerem que a TCC O objetivo foi selecionar três tipos diferentes de tratamentos
pode abranger intervenções cognitivas semelhantes para todos psicoterápicos e observar seus efeitos em pacientes cardíacos
os transtornos mentais comuns (Nieuwenhuijsen, Verbeek, de com TA. A pesquisa, de desenho quase-experimental, foi
Boer, Blonk, & van Dijk, 2010). elaborada no México com 144 pacientes de três hospitais
Os efeitos da psicoterapia dinâmica sobre o processo diferentes. Os sujeitos foram separados em três grupos, e
adaptativo foram analisados em 32 pacientes com diagnóstico cada um recebeu medidas de intervenção distintas: terapia
principal de transtorno de adaptação. O estudo, realizado na do espelho, acompanhamento médico e gestalt terapia. Os
França, destacou como parte do processo adaptativo dois resultados mostraram melhora significativa entre os pacientes
comportamentos: a defesa e o enfrentamento, e foi observada do grupo da terapia do espelho em relação aos demais grupos
também a influência da aliança terapêutica sobre esses (Gonzales-Jaimes & Turnbull-Plaza, 2003).
comportamentos. A amostra foi submetida a 40 sessões de Entre 60 crianças e adolescentes encaminhados para
psicoterapia dinâmica de curto prazo. Após o tratamento, uma unidade neuropsiquiátrica da Universidade de Bari, na
verificou-se que a aliança terapêutica pode ser mediadora para Itália, 27 receberam o diagnóstico de TA e fizeram psicoterapia,
que mudanças nos mecanismos de defesa do paciente ocorram. cuja abordagem terapêutica não foi especificada pelos autores.
Os pesquisadores observaram mudança no comportamento O resultado do tratamento sugere que os sujeitos submetidos
defensivo dos pacientes, mas não houve mudança significativa à psicoterapia apresentaram melhora significativa (Presicci et
no coping, ou seja, na capacidade de os pacientes enfrentarem al., 2010).
o estresse (Kramer, De Roten, Michel, & Despland, 2009).
Outro estudo semelhante submeteu 32 universitários
Farmacoterapia
com diagnóstico principal de TA, atendidos pelo centro de Na década de 1990 foi realizado um estudo para avaliar
saúde universitária, a 40 sessões de psicoterapia dinâmica. os tratamentos mais indicados por profissionais da saúde.
Para acompanhar as mudanças ocorridas durante o tratamento, Nele, 73 especialistas em farmacoterapia dos transtornos de
dois instrumentos foram aplicados: Escala de Avaliação de ansiedade e depressão foram questionados sobre o tratamento
Mecanismos de Defesa (Defense Mechanism Rating Scales) adequado para algumas psicopatologias, entre elas o transtorno
e Padrões de Ação de Coping (Coping Action Patterns). Os de adaptação com ansiedade. Entre os profissionais, 66
resultados mostraram que a psicoterapia dinâmica de curto responderam ao questionário, correspondendo a 90% dos
prazo pode gerar mudanças na reação defensiva do paciente. participantes. Quanto ao tratamento para o transtorno de
Em contrapartida, o modo como o paciente enfrenta o estresse adaptação, 64% recomendaram medicamento junto ao
permaneceu estável durante todo o tratamento, apontando que tratamento psicológico, 14% psicoterapia individual, 11%
tal abordagem psicoterapêutica não interferiu no funcionamento farmacoterapia e 13% outras modalidades terapêuticas. Entre
global de enfrentamento (Kramer, Despland, Michel, Drapeau, aqueles que indicaram a farmacoterapia, 63% citaram o uso
& de Roten, 2010). de benzodiazepínicos, 14% de antidepressivos (sendo 10%
O treinamento autógeno, método de relaxamento para antidepressivos tricíclicos), 8% de azapironas e 8% para
psíquico e corporal, foi apontado como uma possibilidade de a combinação de dois ou mais agentes (Uhlenhuth, Balter,
psicoterapia para adolescentes com TA. Em 2005, foi realizada Ban, & Yang, 1995).
uma avaliação da influência do treinamento autógeno em uma Uma comparação entre os efeitos de três psicofármacos
amostra de 31 indivíduos com idade média de 17 anos. O objetivo sobre os sintomas do TA misto de depressão e ansiedade foi
da pesquisa foi avaliar a eficácia desse método terapêutico no desenvolvida por meio de um estudo duplo cego realizado com
TA por meio de indicadores biofísicos e bioquímicos. Segundo 152 sujeitos submetidos por seis semanas aos medicamentos
os autores, as hipóteses preliminares foram confirmadas. Tianeptina (37,5 mg/dia), Mianserina (60 mg/dia) e Alprazolam
Por meio da mensuração da pressão arterial, do colesterol (1-5 mg/dia). Os resultados mostraram melhora muito
e das concentrações de cortisol dos adolescentes, antes e semelhante nos três grupos de tratamento. Do mesmo modo, o
após o treinamento autógeno, foi detectado que os valores número de pacientes que exibiram efeitos colaterais não diferiu
posteriores mostraram-se significativamente inferiores aos entre os três grupos (Ansseau et al., 1996).
valores iniciais (Jojić & Leposavić, 2005a). Ainda em 2005, a A utilidade da Trazodona e do Clorazepato foi testada
mesma metodologia de pesquisa foi aplicada a uma amostra para os casos de TA com sintomas depressivos e ansiosos em
de 35 adultos com TA e obteve-se resultado semelhante, 21 pacientes portadores de HIV a partir de um desenho duplo
concluindo-se que o treinamento autógeno é uma intervenção cego e randomizado. Após 28 dias da terapia medicamentosa,
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os pesquisadores observaram que a melhora foi maior naqueles placebo, sugerindo, inclusive, a tendência de um efeito dose-
que utilizaram Trazodona, mas não consideraram a diferença resposta (Woelk, Arnoldt, Kieser, & Hoerr, 2007).
significativa devido ao pequeno número de participantes. No
entanto, concluíram que a Trazodona pode vir a ser uma opção DISCUSSÃO
de tratamento para os pacientes com HIV que desenvolvem TA
(De Wit et al., 1999). Quando comparado a outros transtornos associados
Outro medicamento psicoativo foi sugerido para o TA: ao estresse (p. ex., transtorno do estresse pós-traumático e o
o antidepressivo não serotonérgico Bupropiona. Os autores transtorno do estresse agudo), o tratamento para o transtorno
verificaram sua eficácia a partir de um estudo de caso de adaptação ainda pode ser considerado pouco investigado no
envolvendo um paciente com TA do subtipo misto depressão e meio acadêmico. Isso se evidencia na quantidade de estudos
ansiedade. Antes do tratamento, o paciente respondeu a alguns disponíveis na literatura que enfocam essa temática.
questionários e, no decorrer de três semanas, foi medicado com O estudo mais antigo encontrado na presente revisão
150 mg de Bupropiona por dia. Ao término desse período, os data do início da década de 1980, constatando-se ainda que,
mesmos instrumentos foram aplicados, apontando que tanto os no decorrer das últimas três décadas, poucos pesquisadores
sintomas depressivos quanto os sintomas ansiosos diminuíram comprometeram-se a investigar as opções de tratamento para o
consideravelmente (Sarkar & Krüger, 2008). TA. Uma possível justificativa para esse desinteresse deve-se à
Em 2006, foi testada a eficácia de dois medicamentos possibilidade de seus sintomas serem amenizados e até mesmo
ansiolíticos no tratamento de TA com ansiedade: a Etifoxina de desaparecerem espontaneamente na fase aguda, na qual,
(ansiolítico não benzodiazepínico) e o Lorazepam (benzodia- de acordo com o DSM-IV, o transtorno não perdura por mais
zepínico). Médicos de clínica geral da França foram treinados que seis meses. Outra justificativa poderia ser atribuída à pouca
para diagnosticar TA em seus pacientes. Após esse procedi- especificidade da descrição diagnóstica do TA (Strain & Frideman,
mento, 191 indivíduos foram convidados a participar de um 2011; Maercker et al., 2007).
estudo duplo cego, randomizado e controlado, onde foram Na revisão sistemática, foi possível separar as medidas
direcionados aleatoriamente para serem medicados durante 28 de intervenção em três categorias: psicoterapia, farmacoterapia e
dias com 150 mg de Etifoxina ou 2 mg de Lorazepam. Como fitoterapia. Ressalta-se que os estudos relativos à farmacoterapia
critério de avaliação, foi utilizada a Escala de Hamilton para e à fitoterapia se ativeram em investigar apenas os subtipos do
ansiedade. Ambas as drogas agiram sobre a ansiedade, e os transtorno de adaptação relacionados à depressão e à ansiedade
resultados foram equivalentes. Entretanto, entre os pacientes (Uhlenhuth et al., 1995; Ansseau et al., 1996; De Wit et al., 1999;
que receberam Etifoxina, foi notável um efeito terapêutico sem Sarkar & Krüger, 2008; Nguyen et al., 2006; Bourin et al., 1997;
reações colaterais (Nguyen et al., 2006). Woelk et al., 2006), enquanto os outros subtipos (com perturbação
da conduta; com perturbação mista das emoções e da conduta; e
Fitoterapia não especificado) não foram abordados nas pesquisas.
Em 1997, pacientes diagnosticados com TA com Ao focalizar a psicoterapia como forma de tratamento para
ansiedade em um ambulatório participaram de um estudo o TA, é possível verificar que diferentes abordagens foram testadas
controlado com o objetivo de testar a eficácia, no tratamento pelos pesquisadores que têm se dedicado a esse tema. Observa-
do TA, de uma combinação de seis ervas com efeito ansiolítico, se que a terapia cognitivo-comportamental, em alguns estudos, é
denominada Euphytose®. Durante 28 dias o grupo composto por considerada adequada para um bom prognóstico do transtorno
91 pacientes ingeriu a Euphytose® três vezes ao dia, enquanto de adaptação (Shaffer et al., 1981; Van der Klink et al., 2003;
o grupo de controle, também composto por 91 sujeitos, Nieuwenhuijsen et al., 2010). Uma de suas contribuições consiste
recebeu placebo. Para aferir o resultado, foi aplicada a Escala no retorno do indivíduo às atividades cotidianas, interrompidas
de Hamilton para ansiedade, constatando-se uma diferença devido à presença do transtorno.
estatisticamente significativa entre os dois grupos, onde o grupo A psicoterapia dinâmica, apesar dos respectivos autores
que utilizou o extrato de ervas apresentou maior redução dos mencionarem ser um método eficaz para os casos de TA, mostrou
sintomas do que aqueles do grupo-placebo (Bourin, Bougerol, interferir positivamente em apenas um dos pontos relevantes do
Guitton, & Broutin, 1997). tratamento para esse diagnóstico no que tange à capacidade de
Uma década depois investigou-se o uso do extrato de defesa do paciente. Todavia, entre os sujeitos do estudo, não houve
Ginkgo Biloba (EGb 761) nos transtornos de ansiedade. Em mudança na capacidade de enfrentamento ao estresse, indicando
uma amostra de 107 sujeitos, 82 com transtorno de ansiedade que tal terapia não teve influência sobre esse aspecto (Kramer et
generalizada (TAG) e 25 com transtorno de adaptação com al., 2009; Kramer et al., 2010).Outros dois métodos psicoterápicos,
ansiedade foram randomizados em doses diárias de 240 mg o treinamento autógeno e a terapia do espelho, apresentaram
para EGB 761 e de 480 mg para EGB 761 ou de placebo durante resultados favoráveis no tratamento dos sintomas do TA (Jojić &
28 dias. Os autores identificaram que as duas doses de EGB Leposavić, 2005a; Jojić & Leposavić, 2005b; Gonzales-Jaimes &
761 apresentaram mudança significativa em comparação ao Turnbull-Plaza, 2003).
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