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Recriarte – Fradique Coutinho

Maria Julia Ruivo Pereira

Protocolos de História do Teatro 2

Turma: Pirandello
Professora: Ísis Arrais

São Paulo, junho 2021


Nome: Maria Julia Ruivo Pereira
Turma: Sábado tarde (Pirandello)

AULA 1 - 13 de março de 2021 - Apresentação

Primeira aula de apresentação do cronograma e das atividades do semestre:


● Sem gravações das aulas;
● 2 criatividades no semestre;
● Uma prova e um protocolo com todas as aulas ao final do semestre;
● Criatividades: Leonor de Mendonça / O Abajur Lilás
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AULA 2 - 20 de março de 2021 - Teatro Brasileiro

Teatro como catequese (1500)


De início o teatro foi um instrumento de catequização para os indígenas
encontrados pelos portugueses. Nesse contexto temos dois pontos de vista: do
descobrimento das terras brasileiras e de quando começaram as apresentações
recorrentes, após a independência. Sobre as apresentações e culturas indígenas
antes da chegada dos portugueses nós não temos muitos conhecimentos, por
consequência do extermínio dessas culturas.
Após a chegada dos portugueses no Brasil, o papel do teatro era impor a
religião estrangeira aos indígenas e inferiorizar sua cultura. Para isso, eram
utilizadas diferentes maneiras de obrigá-los a aprender a religião, como ameaças de
morte contra eles e suas famílias.
A Companhia de Jesus foi o primeiro grupo de padres que vieram catequizar
os indígenas, alfabetizá-los e criar escolas. Era o mais próximo de uma companhia
de teatro que tínhamos na época. Sobre a existência X estabilidade do teatro nesse
periodo: em 100 anos nós tivemos apenas 25 peças teatrais, o que não chega nem
a uma peça por ano, ou seja, o teatro existe, mas não com frequência, porque os
portugueses estavam ocupados explorando, escravizando, estuprando e matando
os indigenas.
Temos a Pregação Universal do Padre José de Anchieta e mais sete textos
como a primeira peça do período. Mistura a cultura portuguesa e espanhola com a
indigena, apresentada em três idiomas, eram feitas procissões e tinha como
características gerais: objetivo claro, ausência de mulheres, indígenas ensaiados
pelos padres, cenário natural, música e dança, ludicidade, jogo e brincadeira, entre
outras.
A Festa de São Lourenço foi uma das primeiras peças após a Pregação
Universal, nela eram apresentados personagens de diferentes tempos históricos na
mesma cena, tinham dois grupos claros de personagens: amigos e inimigos da
Igreja Católica que sempre era vitoriosa. Os indígenas eram representados como
fracos, fanfarrões, inferiores e seus deuses também eram retratados como figuras
ruins e demoníacas.
O objetivo dos jesuítas era substituir uma religião pela outra, um código moral
pelo outro, já que as concepções de moralidade deles eram completamente
diferentes das concepções dos indígenas, um povo livre sexualmente, que não
usavam roupas e não tinham vergonha de seus corpos, o que os portugueses
achavam um absurdo e fizeram de tudo para repreendê-los e mudar essa cultura.
Além dessa, a concepção de antropofagia para os indígenas (comer parte/pessoas
para absorver a força do inimigo mais forte), também era considerada um absurdo
pelos portugueses.
Peças:
● Na Vila de Vitória - tratava sobre os portugueses e espanhóis e era
feita para eles. Expõe a forma de organização do estado e no modelo
de relação entre governantes e governados;
● Na Aldeia de Guaraparim;
● Na Visitação de Santa Isabel;
● O Caderno de Anchieta - contém outras 4 peças curtas.
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AULA 3 - 3 de abril de 2021 - Barroco e Romântico

Lacuna na Historiografia (séc XVII)

Entre o teatro como catequese e o Barroco Setecentista não temos muitos


registros teatrais pois eles ainda estavam ocupados explorando e matando. Esse
período fica marcado por intenso tráfico de escravos, controle de imprensa do Brasil
colônia e defesa das terras contra o interesse da França e da Holanda. Até esse
momento são poucos os registros teatrais, no máximo 10 de espetáculos cívicos ou
comemorações em cem anos. Peças do baiano Manuel Botelho de Oliveira, primeiro
comediógrafo brasileiro.

Barroco Setecentista (séc XVIII)

Aqui temos o começo das atividades teatrais em Salvador, Rio de Janeiro,


Minas Gerais e Mato Grosso. Período de uma religiosidade difusa e mal
compreendida, relatos de Manifestações Teatrais de natureza privada e
repercussão restrita, com margem para improvisações pessoais e libertinas.
Em 1750 a 1800 começam as apresentações de ópera, drama musical e
tragédia neoclássica. E em 1750, Marquês de Pombal começou a construção dos
primeiros teatros ou “casas de ópera". Nesse período temos peças espanholas
importadas diretamente e poucas peças portuguesas, existia uma confusão de
gêneros, pois muitas coisas chegavam até nós sem nome.
Aconteceu o Festival Rústico em Mato Grosso, formado por amadores e
curiosos, já que ninguém ali vivia apenas do teatro. Apesar de ser com o intuito de
se divertir, quando era algum evento sério ou mandado pelo imperador, a cerimônia
cívica ficava acima da arte e da diversão.
Nesse momento houve algumas tentativas de profissionalização das pessoas
no teatro, mas os contratos impostos eram muito problemáticos. Apresentações de
má qualidade e apesar da crítica interna ser favorável, os estrangeiros achavam
péssimos. Tínhamos o teatro como cultura urbana, poucos espetáculos isolados e
sempre relacionados com ouro, governo e igreja.

Teatro Romântico (1810)

O teatro romântico começou com a vinda da corte portuguesa para o Brasil,


iniciando a construção de grandes teatros e os primeiros empreendedores do teatro
são cabeleireiros e barbeiros reais.
Em 1831 abriu o Teatro São João, que mudou de nome várias vezes, foi
queimado, reconstruído e modernizado, depois inaugurado como Teatro João
Caetano com ópera, bailado e a companhia portuguesa da atriz Mariana Torres, de
estrutura familiar, dividido em quem faz o que.
Os dois principais gêneros desse período são o melodrama e o drama
histórico. O melodrama apresenta uma lição de moral, geralmente terminando com
final feliz que premia os bons e pune os maus. E o drama histórico é um romance
com plano de fundo social, traz figuras que estão em conflito com os valores da
sociedade. Ambos misturam personagens históricas e ficcionais.
João Caetano foi um importante ator melodramático desse período, dono de
companhia, o primeiro a escrever lições dramáticas e iniciar a discussão sobre
interpretação. Gonçalves de Magalhães, Aluísio Azevedo, Castro Alves, Paulo Eiró,
entre outros, também foram escritores de peças teatrais desse período.
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AULA 4 - 10 de abril de 2021 - Comédia

Nascimento da Comédia (séc XIX)

A comédia nasceu no século XIX com algumas características como:


apresentações entre os atos do drama/melodrama, duração máxima de vinte a trinta
minutos, improviso do ator, convenções da farsa popular, sátira aos maus políticos,
enredos românticos, entre outras.
Os principais nomes desse período:
● Martins Pena - escritor, cursou a Academia de Belas Artes, estuda
comércio mas não se interessa pela profissão. Escreve O Juiz de Paz
na Roça. Suas peças contam com a política do favor como mola
social, justiça poética, retrato da moral brasileira em linguagem
simples, crítica ao tráfico de pessoas escravizadas, entre outras.
● Joaquim Manuel de Macedo - médico e literato, preferia a comédia,
sem muita consciência da sua escrita, não renova nas histórias.
Escreve A Torre de Concurso com temática política e moralizante,
nem tão cômica.
● Qorpo Santo - dramaturgo e poeta, não reconhecido na sua época e
redescoberto pela vanguarda do Teatro do Absurdo no Brasil, propõe
reforma ortográfica para simplificar a escrita, tinha monomania e
escreveu oito peças em um mês.
● França Júnior - escritor, estudou direito e tornou-se promotor do
estado da Bahia. Mistura de três modalidades na comédia: clássica,
teatro musicado e comédia satírica.
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AULA 5 - 17 de abril de 2021 - Musicado

Teatro Musicado (1859)


Em 1859 o público migrou do teatro romântico para o Alcázar Lírico. O teatro
musicado vem de ambientes de cabaré: divettes, coquettes, vedettes, estrelato e
prostituição elegante, trazendo também o preconceito de que todas as atrizes são
prostitutas. Temos espetáculos baseados na música, dança, beleza das atrizes,
malícia e cenas cômicas, de repertório, língua e atrizes francesas. Os três principais
gêneros desse período são a opereta, revista e mágica.
A primeira opereta-bufa ocorreu em 1865 com características como: mais
história do que música cantada, antiguidade clássica, elitização, ao gosto do público
que frequentava. Nesse momento surge a figura da "opinião publica”, representando
a moral, o que o público pensava, fazia a função do coro de outros períodos e trazia
certa comicidade. Poucas pessoas podiam assistir essas peças pois eram em
francês.
Artur Azevedo foi um importante nome desta época. Maranhense, começou a
escrever cedo, deu aulas de portugues em uma fazenda, abolicionista, viveu do e
para o teatro. Adaptou os versos pensando mais na pronúncia do que no que diz.
Peças: Abel, Helena, A Duquesa de Caiapó e A Capital Federal.
O início da Revista aqui no Brasil foi difícil pela falta de modelos, tinham
alguns trazidos de fora, mas não era a mesma coisa. E foi Artur Azevedo que trouxe
os primeiros modelos para cá quando viajou e escreveu O Mandarim, introduzindo
elementos como a caricatura, jogos de palavras, trocadilhos, duplo sentido
malicioso, facilidade em metrificar, entre outros. A Revista criticava os costumes de
um país ou região, funcionava como uma espécie de revisão dos acontecimentos do
ano.
A Mágica veio como truques cênicos, trazendo personagens que podiam ser
seres sobrenaturais e a ideia de transformação. Apresenta características como
atração pelos cenários, figurinos, luxo, truques surpresas, números de dança e
música. Tivemos a descoberta da eletricidade,trazendo uma grande importância dos
cenógrafos, carpinteiros e maquinistas para truques que ocorriam nos palcos, como
transformações e objetos giratórios.
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AULA 6 - 24 de abril de 2021 - Realismo

Realismo brasileiro (1855)


O início do realismo no Brasil é marcado pela abertura do Teatro Ginásio
Dramático, que vai ser um teatro realista para receber peças realistas, melodramas
e tragédias neoclássicas, rivalizando com o teatro de João Caetano e o Alcazar
Lírico do musicado.
Uma figura muito importante que surge nesse período, é o ensaiador, que
escreve e dirige as peças, mas não é chamado de diretor por ainda não pensar na
estética dos espetáculos. Émile Doux foi um ensaiador francês que veio para o
Brasil, montou As Mulheres de Mármore, Os Parisienses e outras comédias.
Funções do ensaiador: orientar o uso da voz, fisionomia, gestos e movimentos, além
de posicionar os móveis e objetos no palco. Não tem uma preocupação muito
estética e é onde começam a usar as costas para o público.
Algumas características e elementos do realismo são: a busca pela
verossimilhança, unidade de lugar, discutir o relacionamento entre indivíduo e
sociedade, teatro útil, retrato dos costumes e valores da família burguesa, assuntos
como trabalho, honestidade e casamento. Uma figura importante sempre presente
nas peças é o raisonneur, aquele que detém a razão, geralmente homem e
aconselhador da protagonista.
Escritores importantes dessa época:
● José de Alencar - Mãe, O Jesuíta.
● Quintino Bocaiúva - Onfália, Os Mineiros da Desgraça.
● Joaquim Manuel de Macedo - Lusbela, Luxo e Vaidade.
● Francisco Pinheiro Guimarães - História de uma moça Rica.
● Maria Angélica Ribeiro - importância histórica por representar a mulher
de forma diferente - Cancros Sociais, Gabriela.
● Machado de Assis - “imitar” uma peça, preocupado e atento a
estrutura, evita grandes conflitos - Hoje Avental, amanhã Luva.
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AULA 7 - 8 de maio de 2021 - Modernismo

Modernismo no Brasil (séc XX)


O contexto do modernismo começa com a modernização das cidades, se
igualando aos modelos e inovações da Europa. Nesse momento a imprensa está se
fortalecendo por consequência da abolição e independência. Surgem os Humoristas
Boêmios que vão criticar o processo de modernização, vão tratar de temas
problemáticos em relação à modernidade.
Com o crescimento do público do teatro, aparecem alguns empresários
querendo ganhar dinheiro e fazer mais teatro. Paschoal Segretto foi um desses
empresários, responsável por criar políticas para atrair o público ao teatro. Nesse
período o desgaste dos atores é grande pela alta demanda de peças, surgindo
assim a figura do ponto que tinha a função de soprar o texto para os atores de um
buraco no palco.
Devido a imigração italiana em SP, o processo de modernização das cidades
e embranquecimento da população, nasce o teatro Anarquista e Operário. Os
anarquistas vão abrir o grupo Os Filodramáticos, de improvisação, e as companhias
estrangeiras são organizadas em ter uma estrela e o resto ser escolhido com base
no físico do personagem.
(pensamento totalmente aleatório que tive durante a aula: aqui a gente
percebe com mais nitidez a desvalorização da arte nacional em comparação a arte
estrangeira, já que nem os próprios brasileiros consumiam muito a arte nacional)
Em 1904 aconteceu uma epidemia de febre amarela e isso fez com que as
peças estrangeiras parassem de vir para o Brasil, favorecendo de certa forma o
teatro nacional. Ainda assim, as inspirações do modernismo brasileiro eram trazidas
das vanguardas europeias, tendo Oswald de Andrade como importante figura nesse
processo, por viajar e ter contato com essas vanguardas e trazer um pouco delas
para cá. Ele, junto com Anita Malfatti, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral são
conhecidos como os quatro cavaleiros do modernismo no Brasil.
Eventos como a primeira e segunda exposição de pintura de Anita Malfatti, o
Centenário da Independência, Semana da Arte Moderna em SP, inauguração da
rádio e momento de instabilidade política no mundo,marcaram esse período. Início
de um teatro de amadorismo, encaminhando para um amadorismo consistente, que
é um teatro experimental, de curiosidade intelectual, sem preocupação em agradar
o público.
● Procópio Ferreira e Leopoldo Fróes - retomada da comédia de
costume na década de 30.
● Oduvaldo Vianna - propõe um teatro de valorização nacional.
● Oswald de Andrade - Manifesto Antropofagio, O Rei da Vida
● Mário de Andrade - Macunaíma - romance, Café - ópera.
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AULA 8 - 15 de maio de 2021 - Criatividades

Saindo um pouco das aulas de matéria, nesse dia nós fizemos a


apresentação das criatividades baseadas em textos de peças importantíssimas. As
criatividades são sempre processos muito legais e interessantes de se fazer,
principalmente agora na pandemia que não podemos apresentar presencialmente,
isso, ao contrário do que imaginamos, nos abre um leque muito maior de
possibilidades e ideias, fazendo com que a gente desfrute de outras áreas artísticas
que não seja somente a atuação.
Para essas primeiras apresentações, nós usamos os seguintes textos:
Leonor de Mendonça - Gonçalves Dias, O Juiz de Paz na Roça - Martins Pena, A
Capital Federal - Artur Azevedo e Mãe - José de Alencar.
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AULA 9 - 22 de maio de 2021 - Décadas de 30 e 40

Décadas de 30 e 40

Em 1937 ocorreu a implantação do Estado Novo na Era Vargas e dentro


desse cenário criou-se o Departamento de Imprensa e Propaganda, iniciando
também a censura, repressão às esquerdas e até o centro e ascensão nazista. Em
cartaz tínhamos peças históricas e semi-históricas de aura romântica.
Para conseguir se manter, a Revista precisa diminuir as críticas políticas, e a
divulgação de música popular também cai por conta da rádio, isso contribui para o
processo de enfraquecimento e decadência da revista.
Nessa época temos o nascimento da Companhia Negra de Revista e Grande
Otelo, juntamente com o amadorismo consistente que começa a se consolidar, que
é a ideia desse teatro experimental, não muito preocupado com vendas, mas que ao
mesmo tempo quer se profissionalizar. Temos em SP a criação do Grupo de Teatro
Experimental e a EAD por Alfredo Mesquita, que vai propor um aprofundamento
técnico dos atores. E no RJ, o Paschoal Carlos Magno criou o Teatro Estudante do
Brasil, que vai ter uma ampla circulação teatral.
As principais companhias desse período são Os Comediantes no RJ e o TBC
em SP:
● TBC: fundado por Franco Zampari;
● desloca a iniciativa empresarial teatral para SP;
● vai encenar textos estrangeiros com encenadores estrangeiros;
● alternância entre clássicos universais e peças de apelo popular;
● preparou tecnicamente a primeira geração profissional brasileira.

● Os Comediantes: fundado por Brutus Pereira, Tomás Santa Rosa e


Luísa;
● no mesmo sentido de montar autores estrangeiros com encenadores
estrangeiros, textos brasileiros;
● muito sucesso com O Vestido de Noiva em 1943;
● características: teatros menores, mudança de técnico para um
desempenho mais sóbrio, sem necessidade de ser grandioso e ter
tanta projeção, comando nas mãos do encenador, que lida com o ego
dos atores, repertório eclético e aprimoramento de técnica.

Até tiveram algumas tentativas de parceria entre os atores da velha escola e


os comediantes, porém as abordagens teatrais eram muito diferentes, o que poderia
gerar conflitos. Os cômicos contavam com a figura do ponto, improvisando e
enchendo o texto de caco. Já os novos usavam a técnica de ensaio de mesa e
decorar textos.
Uma das figuras mais importantes e emblemáticas desse processo é o
Nelson Rodrigues:
● dramaturgo que vai escrever uma “caralhada” de peças, chocar o
público por abordar assuntos tabus e fazer peças extremamente
pesadas;
● prazer em romper barreiras morais e estéticas, bom senso e bom
gosto;
● peças divididas em psicológicas, míticas e tragédias cariocas;
● psicológicas: O Vestido de Noiva, A Mulher sem Pecado, entre outras;
● miticas: Album de Familia, Senhora dos Afogados, Anjo Negro e
Doroteia;
● cariocas: A Falecida, Os Sete Gatinhos, Boca de Ouro.
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AULA 10 - 29 de maio de 2021 - Décadas 50 e 60

Décadas 50 e 60

Nesse período, o TBC já conseguiu profissionalizar e aumentar o público


médio do teatro, ficou 16 anos em atividade e deslocou o eixo do teatro profissional
para SP, conquistando espaço na imprensa. Com o fim do TBC, surgem as
companhias “filhotes” e a abertura do Teatro Cacilda Becker. A vinda de
companhias estrangeiras famosas traz a diversidade de estilos, grandes elencos,
repertório clássico, cenografia e indumentária bem acabadas e modernas. E
finalmente surge as dramaturgias do teatro brasileiro amadurecido, com carater
militante e nacionalista.
Em 1953 é formado o importante Teatro Arena pelo Zé Renato e outros
atores formados pela EAD. Principais características: disposição em arena, busca
pelo barateamento da produção, teatro com música popular, narratividade, coros e
estrutura trágica, trabalho de teorização, entre muitas outras. Ganhou uma cara
estética e um posicionamento político em 1956 com a entrada de Augusto Boal,
criação do Seminário Permanente de Dramaturgia. Desenvolveram o sistema
coringa, onde qualquer ator podia assumir a personagem em qualquer momento.
Além de ter a militância como parte principal de ação e o teatro em seguida, o Arena
vai consolidar o estilo épico no Brasil.
Alguns nomes importantes do período:
● Valdemar de Oliveira - fundador do TAP, no modelo TBC;
● Ariano Suassuna - fundador do Teatro Estudante de Pernambuco junto
com Borba Filho. Suas peças mostram bastante a resistência do povo
do sertão e a fé;
● Jorge Andrade - A Moratória, Pedreira das Almas e Vereda da
Salvação;
● Plínio Marcos - foi o cara mais proibido da ditadura, escreveu sobre
prostitutas, ladrões e cafetinas, saindo do tema família - Dois Perdidos
numa Noite Suja, Navalha na Carne, Abajur Lilás.
Outro teatro de extrema importancia foi fundado em 1958, o Teatro Oficina,
por Jose Celso e Renato Borghi, em busca de um novo teatro que não fosse
aburguesado como o TBC, nem nacionalista como o Arena. Desenvolvem a
linguagem, do Oficina de coralidade e muito ligado ao tropicalismo. Montam os
realistas, Brecht e aprendem com Eugênio Kusnet.
Outros nomes importantes do período:
● Dias Gomes - traz várias questões de conflito, no lugar da fé e da
política - O Berço do Herói, O Santo Inquérito;
● Oduvaldo Vianna Filho - Chatuba Futebol Clube, Quatro Quadras da
Terra;

Ditadura Militar (1964)

Em 1964 se inicia a ditadura militar, que de início aparentava normalidade,


montagens de Tennessee Williams, Brecht e o centenário de Shakespeare, com
textos dele censurados por conta do teor político. Surgimento do Show Opinião,
musical com roteiro de Vianinha e Paulo Pontes, direção de Augusto Boal, fundam o
grupo e abrem o Teatro Opinião.
Montagens como Pequenos Burgueses de Gorki pelo Teatro Oficina, Morte e
Vida Severina no TUCA, Electra dirigido por Antônio Abujamra, Liberdade,
Liberdade de Millor Fernandes e Flávio Rangel junto ao Grupo Opinião,
aconteceram em 1965. A partir daí, é o momento de adaptação às regras impostas
e contínuas desmedidas violentas. Em 1967 temos o sucesso e impacto de O Rei
da Vela, choque com Plínio Marcos que foi o dramaturgo mais proibido e perseguido
pela censura. Com o declínio do Serviço Nacional de Teatro e a censura fortalecida,
abertamente em guerra contra a criação teatral, chegamos ao auge quando o
Comando de Caça aos Comunistas invade a apresentação do Roda-Viva e espanca
atores e quebra o cenário.
No final de dezembro de 1968 baixa o AI-1969 (ações inconstitucionalistas
que restringiam as liberdades civis), que suspendeu os direitos políticos da
população, proibiu atividades ou manifestações sobre assuntos de natureza política
e aplicou as seguintes medidas de segurança: liberdade vigiada, proibição de
frequentar certos lugares e domicílio determinado.
A partir desse momento os espetáculos começaram a ter censura prévia, a
sociedade civil ficou afastada e o teatro foi considerado uma atividade subversiva.

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