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, de Almeida Garrett (1838)
A revolução de Setembro de 1836 colocou no poder Sá da Bandeira e Passos Manuel, ambos
admiradores e amigos pessoais de Garrett. Pensaram os hábeis políticos em reorganizar o teatro
nacional, quase sem vida desde o tempo de Gil Vicente. Criaram a Inspecção Geral dos Teatros,
nomeando primeiro inspector Almeida Garrett. Investido no cargo, tratou logo o eminente
escritor de estudar as causas da decadência do teatro em Portugal e de o ressuscitar em seguida.
A estética ao drama romântico, tal qual a concebeu Garrett, põe em confronto as normas clássicas e as
românticas:
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1. Absoluta separação do trágico e do cómico. 1. Inclusão do sublime e do grotesco na mesma obra.
2. Linguagem selecta e majestosa, sobretudo 2. Frases conformes à índole dos protagonistas, alheias a
na tragédia. preconceitos e a preocupações com o sublime.
3. As personagens são figuras de psicologia 3. As personagens devem ser tipos individualizados,
geral e revivendo nas cenas a verdade dramática da vida comum.
abstracta. 4. A mesma acção desenvolvida num só dia e num mesmo
4. Exigem-se as unidades de acção, tempo e lugar não convém à agitação passional que fermenta no
lugar. Romantismo. Só a unidade de acção se admitirá no teatro
romântico.
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Não esqueçamos que o drama «é a luta entre personagens, ou luta dentro da mesma personagem
² luta cujo desfecho incerto traz suspensa a curiosidade e a simpatia do espectador».
Na tragédia «não há tanto a luta como a expectativa terrífica de um desfecho que se aproxima a
passos fatais, e contra o qual não vale astúcia humana, como diria Camões.(A. J. Saraiva, Para a
História da Cultura em Portugal, II, Lisboa, 1961, pág. 35).
Assim, enquanto os protagonistas da tragédia, por mais que esbracejem, nos surgem impotentes
para evitar o desencadear da desgraça, os protagonistas do drama, pelo esforço, inteligência ou
manha, podem mudar o curso dos acontecimentos, levando a acção, se calhar, a terminar em
apoteose.
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Obra com o objectivo de criar ou restaurar um teatro nacional, reatando a tradição vicentina,
assenta no auto de Gil Vicente Cortes de Júpiter, aparecendo assim uma peça dentro de outra
peça.
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Além das personagens antes referidas, destacam-se, de entre as muitas outras, Garcia de
Resende, Gil Vicente e o rei D. Manuel que aparecem para evocar um passado de grandezas,
embora a peça deva considerar-se pouco movimentada. Além disso, as personagens e os seus
problemas não constituem mais do que motivos decorativos de um espectáculo exterior. Na
existência de algumas personagens, mistura-se o cómico e o grotesco (Bernardim no papel de
Joana Taco e Pêro Sáfio) e o trágico e o sublime (Bernardim e D. Beatriz).
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A obra divide-se em três actos e cada acto em cenas. Tem, como fio condutor, um assunto
nacional de uma época grandiosa reforçado com a apresentação de personagens
verdadeiramente relevantes.
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Definem a
como um drama romântico:
- a falta de unidade de tempo e de lugar;
- um historicismo pretensamente espectacular;
- o sentido crítico pessoal na fala de Paula a propósito do pai e de D. Beatriz;
- D. Beatriz casa com o pensamento noutro homem como acontece no Frei Luís de Sousa,
- Bernardim, no ousado encontro do galeão, reflecte a psicologia do Carlos das Viagens na
Minha Terra: - ü
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- o subjectivismo disseminado pelas várias cenas;
- o sentimentalismo de muitas personagens.
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1.pIndique o espaço onde se desenrola este acto.
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ACTO I Este Acto desenrola-se no largo dos Paços de Sintra. À esquerda, o palácio real; à
direita e no fundo, montes e arvoredos. Inicia-se o crepúsculo da madrugada.
Pêro Sáfio alude a umas ³î R: casamento da infanta D. Beatriz com o duque de
Sabóia.
Existem amores contrariados ² Bernardim Ribeiro/Infanta D. Beatriz; Pêro Sáfio/Paula
Vicente.
Pêro Sáfio faz referência a obra Menina e Moça ou Saudades, de Bernardim Ribeiro, e
a uma personagem, Bimnardel ou Narbindel, desse mesmo livro. Alude também a peça
vicentina Cortes de Júpiter, que serve de base a esta obra de Garrett. Pêro Sáfio
caracteriza ironicamente os embaixadores italianos ² Chatel é ³
R; o Barão de Saint-Germain ² ³
R, e o doutor Passario
³î
R.
Bernardim Ribeiro critica a corte utilizando as seguintes expressões: ³î
R.
Bernardim Ribeiro, de forma sentenciosa, tenta definir a amizade e o amor: a ³
î
î
î
R.
Chatel caracteriza D. Beatriz através das seguintes expressões: ³! R; ³
R; ³
îî
R.
D. Beatriz manifesta, ao Bispo de Targa, o desejo de ficar só com Paula Vicente, a fim
de lhe confidenciar os seus amores infelizes.
A Infanta D. Beatriz sente-se triste, angustiada, desesperada e revoltada devido ao
amor-paixão que sente.
ACTO II O Acto II desenrola-se nos Paços da Ribeira: ³
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R.
Para Paula Vicente, na corte, ³#
R. As produções poéticas de
seu pai são ³
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R.
Os que na corte assistem às representações das peças de Gil Vicente caracterizam-no
como ³
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Paula Vicente, ao proferir a expressão ³(
îR,
pretende comparar Gil Vicente com Bernardim Ribeiro.
Gil Vicente utiliza um trocadilho (Judia ² nome; judias ² forma verbal. O jogo de
palavras significa que Joana do Taco, que vai fazer o papel de moura, judia de origem,
³ R, incomodando e preocupando Gil Vicente.
Gil Vicente manifesta-se muito apreensivo com a representação do Auto:
³)
' î
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R; ³*
R; ³#
R.
Paula Vicente refere-se, de forma sarcástica, às duquesas e condessas (³+
,
-R) pois pensa que, apesar de pertencerem a uma elevada hierarquia social, não são
superiores a ela: ³(
?R
Paula Vicente, enquanto Providência, apresenta os seguintes elementos caracterizadores:
³.
/
R,
Paula Vicente evidencia sentimentos de enfado, inveja, ingratidão, ironia e revolta.
Bernardim Ribeiro faz a seguinte proposta a Gil Vicente: ³0 î
)1î
îR; ³(
R.
o objectivo desta proposta é ter uma oportunidade de estar junto da infanta sem ser
reconhecido pela corte.
Durante o ensaio geral do Auto, Paula Vicente adopta uma atitude irónica e crítica.
O Auto é representado na corte, na ³sala de dosselR.
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