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Setembrismo (1836/ 1842)

Em setembro de 1836 dá-se uma revolução civil que obrigou a rainha D. Maria a revogar a
Carta Constitucional e a jurar a Constituição de 1822 e a convocar eleições. A Revolução de
setembro teve lugar em 1836, motivada pelo descontentamento produzido pela política de
pendor liberal-cartista. Os seus protagonistas foram os democratas em conjunto com os
membros da burguesia industrial e os comerciantes, aos quais se aliaram as classes baixas
contra os grandes proprietários e os grandes burgueses ligados ao grande comércio
estrangeiro, defensores do ideário cartista que levaram o país à miséria e o governo era
acusado de corrupção.
O Setembrismo, que iria manter-se até 1842, data da substituição da Constituição de 1838
pela Carta Constitucional, passou por diferentes fases. A primeira caracteriza-se por um regime
ditatorial imposto por Passos Manuel, que conseguiu imprimir alguma evolução,
nomeadamente no ensino, na administração e na economia, mercê das suas medidas
revolucionárias, como foi o caso da abolição da escravatura em África, e, no plano económico,
a tentativa de favorecer a nossa indústria em detrimento do comércio com a Inglaterra.
Os líderes setembristas eram o visconde Sá da Bandeira e Passos Manuel. O novo governo
procurou desenvolver um país mais democrático. Em 1838, foi promulgada uma nova
constituição que procurava um compromisso entre o conservadorismo da Carta Constitucional
e o radicalismo da Constituição de 1822.
Constituição de 1838:
-O rei perde o poder moderador mas continua com a possibilidade de vetar definitivamente as
leis;
-O voto é censitário;
-Dá relevo aos direitos individuais;
-Existem duas Câmaras: Deputados e Senadores.
Em termos económicos o governo setembrista tomou medidas protecionistas:
-Aumentando as taxas alfandegárias para as importações;
-Fomentou o associativismo comercial;
-Desenvolveram a exploração colonial em África, o tráfico de escravos foi proibido a sul do
equador, para fomentar o desenvolvimento de outras áreas económicas (não baseadas na mão
de obra escrava);
-Não aboliram as taxas fiscais aplicadas aos pequenos agricultores.
Em termos económicos a política setembrista saldou-se por um relativo fracasso.
Ao nível do ensino promoveu a reforma do ensino primário, secundário e universitário;
Reformaram-se as universidades; Foram criados os liceus, onde se lecionava um ensino
moderno que preparasse os filhos da burguesia para seguirem para estudos superiores; A
criação dos liceus não teve efeitos imediatos, devido à falta de professores com preparação.
O setembrismo falhou por não ter abolido os pesados impostos que recaíam sobre os
pequenos agricultores e pelo facto de não ter aumentado as taxas dos grandes proprietários.
Em termos de desenvolvimento industrial também se pode dizer que foi um relativo fracasso.
A falta de capitais para investir e o seu desvio para fins especulativos e de usura dificultou o
desenvolvimento económico. No entanto pode-se dizer que o governo setembrista permitiu
algum desenvolvimento à burguesia.
O cabralismo (1842/ 1851)
Nome dado à política de governo do ministro de D. Maria II, António Bernardo da Costa Cabral.
Este destacou-se ao longo da sua carreira política pelo radicalismo revolucionário, sendo
inicialmente militante setembrista.
O governo setembrista enfrentou a oposição dos liberais mais radicais, dos mais
conservadores, como por exemplo os cartistas. Em fevereiro de 1842, o ministro da Justiça,
António Costa Cabral, através de um golpe de Estado pacífico, pôs termo à Constituição de
1838, com o apoio da rainha D. Maria II. O novo governo será conhecido por cabralismo,
caracteriza-se por: poder autoritário, restauração da Carta Constitucional e representa o
regresso ao poder da grande burguesia sob a bandeira da ordem pública e do desenvolvimento
económico;
Algumas medidas do cabralismo:
-Fomento industrial (difusão do vapor);
-Desenvolvimento das obras públicas (Companhia das Obras Públicas de Portugal, 1844),
reparação e construção de estradas, construíram-se pontes, entre essas a ponte sobre o rio
Douro;
-Realizou-se uma reforma fiscal (Código Administrativo de 1842), criação do Tribunal de Contas
para fiscalizar as despesas do estado;
-Reforma dos estudos do liceu e da orgânica da Guarda Nacional;
-A Lei da Saúde Pública (1846) proibia o enterramento nas Igrejas;
Com esta lei e o excesso de autoritarismo e burocracia do governo cabralista desencadearam
duas movimentações de cariz popular. A revolta da Maria da Fonte e a Patuleia. Em abril/maio
de 1846, no Minho, desencadeia-se a revolta da Maria da Fonte. A Patuleia decorre de outubro
de 1846 a junho de 1847. Começa no Porto e alastra a todo o país. O pretexto foi o facto do
não cumprimento da promessa da rainha de realizar eleições por sufrágio direto para a
Câmara dos Deputados. Costa Cabral pelo golpe militar do marechal Duque de Saldanha, que
instituiu a Regeneração foi obrigado à expartição até ao ano de 1849, nesta altura regressou a
Portugal e assumiu o cargo de presidente do Conselho, cargo que ocupou até ao ano de 1851.
Nesta altura alguns falam em depor a rainha enquanto outros falam de uma tentativa de uma
implantação de uma República. Perante a gravidade da situação o governo pediu a intervenção
de Espanha e de Inglaterra. Na Convenção do Gramido, que ocorreu em Gondomar em junho
de 1847 foi assinada a paz entre as fações em disputa (setembristas e cabralistas).
Durante o cabralismo assistiu-se a um crescente poderio de viscondes e de barões, burguesia
que enriquecera com a compra das propriedades das ordens religiosas, extintas em 1834, e
consequentemente teve ao seu alcance meios para assumir cargos de poder no seio da
finança, do comércio e da exploração agrária, tendo aliás esta sido bastante protegida durante
a estadia de Costa Cabral no poder.

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