Você está na página 1de 8

Trabalho de História 6

ANA-O novo ordenamento político e socioeconómico (1832/34-1851)


No âmbito da disciplina de História vamos apresentar um trabalho sobre as unidades
4 e 5. Começando pela unidade 4 que tem como título “Implementação do
Liberalismo em Portugal” e como subtítulo “O novo ordenamento político e
socioeconómico (1832/34-1851)”
RAFA-A ação reformadora da regência de D. Pedro
A maioria das reformas que consolidaram o regime liberal no âmbito social, económico,
administrativo, judicial e fiscal foram tomadas pelo ministro da Fazenda e da Justiça do
governo liberal da ilha Terceira, Mouzinho da Silveira, durante o ano de 1832.
Com o objetivo de liberalizar a economia e comércio e libertar a terra dos senhorios para a
a agricultura foram extintas as portagens e peagens, foram diminuídos os direitos de
importação, foram suprimidos monopólios do sabão e do vinho do Porto e foram eliminados
de situações de privilégio na economia.
MARIANA- As Reformas mais importantes foram:
Reforma da administração:
- criação de províncias, comarcas e concelhos chefiados por funcionários régios
(prefeitos, subprefeitos, provedores)
- criação do registo civil para subtrair a população à influência eclesiástica
Reformas da justiça:
- divisão do país em círculos judiciais, comarcas, julgados e freguesias;
- hierarquia de juízes;
- criação do Supremo Tribunal da Justiça;
- finanças;
- criação do Tribunal do Tesouro Público para arrecadação de impostos e
contabilização das receitas do Estado;
- eliminação do antigo sistema de tributação local a favor do clero e nobreza e criação
de sistema de arrecadação nacional de impostos para o Estado;
- abolição dos privilégios, foros privados, portagens, sisas e corporações;
- criação de um Código Comercial (autor Ferreira Borges).

GABI-Importância da Legislação de Mouzinho da Silveira

José Xavier Mouzinho da Silveira foi o ministro designado para a criação das reformas
legislativas que vieram a consolidar o liberalismo.
Mouzinho da Silveira começou por:
- Abolir os pequenos morgadios, os forais e os dízimos e extinguiram-se os bens da
Coroa e as respectivas doações;
Estas medidas tinham o objetivo de disponibilizar mais terras e trabalho para a população
rural.
Acompanhando a libertação da terra deu-se a libertação do comércio que consistia na
eliminação de situações de privilégio na organização de atividades económicas.

A nível económico, Mouzinho da Silveira tomou medidas como:


- Extinguir as portagens e todos os encargos sobre a circulação interna de mercadorias;
- No comércio externo diminuíram-se os direitos de exportação;
- Aboliram-se os monopólios de sabão e vinho do Porto.
ANA-Tendo como base o autor Ferreira Borges, o ministro publicou em 1833 o primeiro
código que tinha como principal objetivo refletir os princípios de livre produção e circulação,
ou seja, o liberalismo económico.

Para além destas medidas, Mouzinho da Silveira tomou medidas em relação à organização
administrativa:
- Dividiu o país em províncias, comarcas e concelhos, comandados respectivamente
por prefeitos, subprefeitos e provedores, todos estes eram funcionários de nomeação
régia.
- A criação do registo civil teve como objetivo colocar ao mesmo nível os cidadãos na
administração pública, subtraindo-os ao aparelho eclesiàstico, assim substituindo os
registos de nascimento, casamento e óbito que apenas constavam nos registos
paroquiais.

MARIANA- Mouzinho da Silveira tomou medidas a nível judicial, que se prolongou até
1835:
- Criou o princípio do júri;
- Dividiu o país em círculos judiciais que se dividiam em comarcas, que se dividiam em
julgados, que por sua vez se dividiam em freguesias;
- Nos círculos judiciais e comarcas existia uma hierarquia de juízes que exerciam em
circunscrições (divisões territoriais), estes eram nomeados pelo rei;
- Destacou-se o supremo tribunal da justiça, localizado em Lisboa, composto por juízes
conselheiros e com jurisdição sobre todo o reino;
- Ao mesmo tempo que se eliminava de vez a velha justiça do foro privado criava-se a
lei aplicada de forma igual para todos e reconhecia-se o direito de petição (forma de
apresentar exposições escritas para defesa de direitos constitucionais, da defesa ou de
interesse geral).

Mouzinho da Silveira deu uma especial atenção às finanças:’


- Eliminou o sistema secular da tribulação local, através do qual a maior parte dos
impostos era a favor da nobreza e do clero.
- Formou um sistema de tributação nacional, devidamente centralizado.
- Criou o Tribunal do Tesouro Público, substituindo assim o Erário Régio com objetivo
de arrecadação de impostos e contabilização dos fundos do estado.

RAFA-Outras Reformas

Tanto a Constituição de 1822 como a Carta Constitucional de 1826, recusaram ao clero


regular qualquer tipo de direito em representação em Cortes e de voto em eleições. Estas
medidas causaram uma grande revolta por parte do clero, o que fez com que aderissem ao
restauro do Absolutismo, entre outros golpes.
O ministério de D.Pedro utilizou isto como uma desculpa para efetuar várias medidas para
eliminação do clero regular, tais como:
- a expulsão jesuítas, que foram acolhidos por D.Miguel;
- proibiram os iniciados nos mosteiros;
No decreto de 1834, criado por Joaquim António de Aguiar, o novo ministro da justiça,
acabando com todos os conventos, mosteiros, colégios e hospícios de ordens religiosas
masculinas, cujos bens foram confiscados e incorporados na Fazenda Nacional.
GABI-A nacionalização de bens não se ficou apenas pelos bens confiscados ao clero e
atingiram, também, propriedades da coroa da Universidade de Coimbra, da Casa das
Rainhas, do Infantado e Titulares Nobres relacionados com a causa miguelista.
De 1834 a 1835, o Estado liberal procedeu à venda dos bens nacionais em hasta pública.
Isto permitiu ao novo ministro da fazenda, Silva Carvalho, pagar as dívidas contraídas,
evitando o aumento dos impostos.

ANA-Os projetos setembrista e cabralista


Para percebermos o setembrismo temos de saber os seus antecedentes, neste caso a guerra
civil.
A guerra civil, que durou dois anos (1832-1834) foi entre os vintistas e os cartistas. Os
vitistas apoiavam Constituição 1822 que tinha sido aprovada pelas Cortes Constituintes, já os
cartistas apoiavam a Carta Constitucional de 1826 que foi outorgada pelo rei D. Pedro.
O período compreendido entre 1836 e 1851 foi marcado por forte instabilidade política
opondo vintistas e cartistas. O confronto entre vintistas e cartistas acabou por se traduzir em
dois projetos políticos diferenciados:
- vintismo- revolução setembrista, de 1836 a 1842, liderado por Passos Manuel.
- cartismo- governo cartista, de 1842 a 1851, liderado por Costa Cabral.

MARIANA- Começando por falar na Revolução Setembrista. Tudo começou com a


insatisfação de populares, de militares, de membros da burguesia industrial urbana e dos
pequenos e médios comerciantes devido ao favorecimento que governos cartistas tinham
dado à alta burguesia e aos grandes proprietários. Nas eleições de 1836, para a formação de
novas Cortes, os deputados adeptos do vintismo venceram no Porto e na Beira. Quando
chegaram a Lisboa, a 9 de setembro de 1836, deu-se uma revolta.
Os objetivos desta revolução era revogar a Carta Constitucional, ou seja, fazer com que deixe
de vigorar, repor a Constituição de 1822, restabelecer os princípios do vintismo – mais
democrático, assente na soberania popular.

RAFA-Durante a vigência dos vários governos setembristas (num total de sete), a sua ação
governativa e a sua obra legislativa ficaram marcadas por importantes reformas.
Começando pela a reforma educativa de Passos Manuel, que em 1836, reestruturou, ao nível
nacional, os vários graus de ensino, centralizou a administração escolar, e iniciou a
instalação dos liceus em Portugal. Economicamente, adotaram medidas de cariz
protecionista, com o intuito de proteger os interesses da pequena e da média burguesia e de
diminuir a dependência do reino face a Inglaterra, adotaram também uma pauta aduaneira
de janeiro de 1837. Promoveram a proteção à indústria e criaram associações empresariais
do comércio e da indústria. É importante salientar também que em 1838 realizou-se a
primeira Exposição Industrial Portuguesa, um evento onde a indústria portuguesa foi
exposta ao mundo. Administrativamente, o Código Administrativo de 1836 permitiu uma
reforma marcada pela redução do número de concelhos. A descentralização e autonomia
local dividiu o país em distritos, concelhos e freguesias. Por fim, financeiramente os
governos setembristas procuraram reduzir a despesa pública através do recurso à diminuição
dos vencimentos do funcionalismo público.
GABI-Entre 1839 e 1842, começaram a existir rivalidades entre tendências do liberalismo e
deu-se o avanço das forças conservadoras, incluindo miguelistas que contribuíram para o fim
do setembrismo. A 27 de janeiro de 1842 deu-se o pronunciamento cabralista com um golpe
do ministro da Justiça Costa Cabral, através de um pronunciamento pacífico, no Porto.
Assim, o sétimo e último governo setembrista foi derrubado.

Iniciou-se o período cabralista com a liderança de Costa Cabral, com a restauração da Carta
Constitucional e com a abolição da Constituição de 1838.
O Cabralismo foi caracterizado pela restauração da Carta de 1826 que tinha como princípios
a defesa da ordem pública e o desenvolvimento económico. Tinham também uma base social
de apoio, conservadores cartistas, ligados ao grande comércio e à finança, e grandes
latifundiários. E foi liderado por Costa Cabral que assumiu-se como o dirigente, que
governou com mão firme, tendo mesmo sido considerado um tirano e que procurou
controlar as Cortes e as eleições.

ANA-A ação governativa de Costa Cabral


Administrativamente, foi publicado o Código Administrativo de 1842 (em vigor durante 36
anos) que conduziu à centralização administrativa.
Economicamente, foi criado o Banco de Portugal com a função de banco
comercial e de banco emissor, foi assinado o Tratado de Comércio com a Inglaterra, em
1842, com disposições aduaneiras protecionistas, mais favoráveis ao reino foi também
elaborado um cadastro das propriedades fundiárias e a criado a décima industrial e por fim
criaram a Companhia das Obras Públicas de Portugal,em 1844, à qual foram adjudicadas ou
atribuídas várias obras (construção de estradas e de pontes, sobretudo no Norte).
MARIANA- Ao nível económico-financeiro, criaram o Tribunal de Contas (1849) destinado
a fiscalizar todas as receitas e as despesas do Estado, criaram também a Companhia de
Tabacos, do Sabão, das Pólvoras, da Companhia Confiança Nacional, da Companhia das
Estradas do Minho, que negociavam e especulavam sobre os contratos que lhes eram
atribuídos pelo Estado e foram concedidos privilégios pelo governo a companhias criadas,
em troca de empréstimos e adiantamentos ao Estado.
Num lado mais negativo, Costa Cabral publicou as “leis da saúde” que proibiam os
enterramentos nas igrejas e para piorar a situação foram instituídos grandes impostos. As
leis fiscais publicadas a partir de 1845 e o despotismo de Costa Cabral causou uma oposição
que se traduziu numa guerra civil que se deflagrou em 1846 com a revolta da Maria da Fonte.

RAFA- A revolta da Maria da Fonte


Uma curiosidade sobre esta revolta: a revolta tem como nome Maria Da fonte pois a
instigadora dos motins iniciais terá sido uma mulher do povo chamada Maria, natural da
freguesia de Fontarcada, que por isso ficaria conhecida pela alcunha de Maria da Fonte.
Como a fase inicial do movimento insurrecional teve uma forte componente feminina,
acabou por ser esse o nome dado à revolta.
A insurreição ou revolta iniciou-se no Minho e difundiu-se para Trás-os-Montes, Vale do
Douro e pelo Centro do reino. Foi um levantamento popular que contou com a participação
de muitas mulheres.
GABI- Esta revolta teve consequências. A 20 de maio o governo demitiu-se, do qual Costa
Cabral era ministro do reino e este refugia-se em Espanha. A 21 de maio, foi empossado ou
instituído o novo governo liderado pelo Duque de Palmela e nos meses seguintes foi
estabelecida uma política de conciliação que consistia na desmobilização das juntas
revolucionárias.

Com o fim do Cabralismo, o duque de Saldanha foi convidado a formar governo, o que
assumiu contornos de golpe de Estado: “A Emboscada”. Formou-se no Porto uma Junta em
oposição ao governo de Lisboa (Junta Provisional do Reino). E retomou-se a guerra civil:
Patuleia. Os revoltosos renderam-se a 31 de maio de 1847 e a paz foi assinada na Convenção
do Gramido. O duque de Saldanha, em 1851, desencadeou um novo golpe de Estado que
afastou Costa Cabral definitivamente do poder.

ANA-O legado do Liberalismo na primeira metade do século XIX


Agora passando para a unidade 5 que tem como título “O legado do Liberalismo na primeira
metade do século XIX”.
Estado como garante da ordem liberal
-O Liberalismo, uma ideologia centrada na defesa dos direitos do indivíduo

Os direitos naturais ou direitos do Homem


Durante a primeira metade do século XIX os ideais liberais difundiram-se gradualmente pela
Europa, assumindo-se como uma rutura com os valores do Antigo Regime. O liberalismo
defende a igualdade perante a lei, a liberdade individual e a propriedade privada, que cabe ao
Estado preservar estes princípios burgueses. O liberalismo deu o nome de direitos naturais
ou direitos do homem, pois derivam da condição humana que é naturalmente livre e
igualitária. Os liberais fazem da defesa da liberdade individual o centro da sua ideologia, que
é chamada de liberalismo. A igualdade deriva de toda a humanidade nascer livre.

MARIANA-Os direitos do cidadão; o cidadão, ator político


Segundo o liberalismo, o indivíduo para além de ser humano é um cidadão que intervém na
Governação. Isto quer dizer que o cidadão vai fazer papel de ator político, exercendo a
soberania nacional e representando a vontade da maioria. O cidadão intervinha
politicamente de várias maneiras:
-Como eleitores (que escolhiam os representantes para as assembleias e para outros
cargos).
-Como detentores de cargos (faziam as leis e administravam o país, a nível central e local).
RAFA-Mas também participavam em clubes, assistiam a assembleias, ou, simplesmente
liam e escreviam nos jornais. Já o cidadão anónimo intervinha na vida pública e
condicionava a decisão do Estado. O liberalismo na primeira metade do século XIX fez com
que o exercício político da cidadania fosse baseado no dinheiro e na propriedade.
Considerava-se os bens materiais como uma espécie de passaporte para a capacidade
política, ou seja, quem tivesse uma independência económica maior tinha mais oportunidade
de se instruírem, logo tinham opiniões mais fundamentadas e governavam melhor. Coube à
burguesia (classe mais rica e instruída) tomar a iniciativa política. Através do sufrágio
censitário reservou para si o poder político e controlou o acesso às funções públicas e
administrativas. Este foi o liberalismo moderado, que fez do Estado o garante dos interesses
burgueses.
GABI-O liberalismo político; a secularização das instituições
O reconhecimento dos direitos individuais tornou-se o principal objetivo das instituições e
dos regimes políticos. Era necessário um Estado neutro que respeitasse as liberdades e que
tornasse todos iguais perante a lei.
Para evitar o absolutismo, o liberalismo político depende de várias formas que limitem o
poder. Este fundamenta-se em diplomas constitucionais que funcionarão na base da
soberania popular e na separação dos poderes que será exercida por uma representação e
procederá à secularização das instituições.

ANA-O constitucionalismo
Os liberais legitimam o seu poder político através dos seus textos constitucionais e
substituem um regime antiquado por um regime baseado na ordem jurídica, que pode
mesmo ser apresentado em forma de monarquia, desde que esta seja constitucional.
Existem dois processos resultantes das constituições liberais: as que são votadas pelos
representantes da Nação (as Constituições), e as que são redigidas pelos soberanos (as Cartas
Constitucionais).

MARIANA-A separação dos poderes


Os direitos e garantias dos cidadãos dependem, por decisão dos liberais moderados, da
rigorosa separação e equilíbrio dos poderes político-constitucionais, de modo a evitar que o
supremo magistrado ou uma qualquer assembleia legislativa se intitule o centro das
competências políticas.
Para os liberais moderados, o reforço do poder executivo não é apagado pelo princípio da
separação e do equilíbrio.
O reforço do poder executivo consignou-se em França na Carta Constitucional de 1814, e em
Portugal na Carta Constitucional de 1826.

RAFA-A representação da Nação


A Nação soberana exerce o poder de forma indiscreta, e representa-o na forma de
“prudentes”, os cidadãos que possuem um certo grau de fortuna, e, resultante disso, têm
exclusividade do direito de eleger e de ser eleito.
Os parlamentos são a sede da representação nacional, e encarregam-se das funções
legislativas. O liberalismo moderado defende o princípio de duas câmaras: câmara baixa é
composta pelos deputados eleitos e a câmara alta composta pelos descendentes da
aristocracia.

GABI-A secularização das instituições


O Estado Laico, também conhecido como Estado Neutro, separa as esferas temporal e
espiritual e seculariza as instituições que se libertam da influência religiosa.
Este Estado é defensor da liberdade religiosa e das liberdades civis de consciência, de
pensamento, de expressão, de ensino e estabelece reformas destinadas a emancipar o
indivíduo e o estado da tutela da igreja.
Cria-se o registo civil para registar os nascimentos, casamentos e óbitos.
Criou-se também uma rede de assistência de ensino absolutamente laicos.
A escola pública tornou-se o maior meio de divulgação das qualidades da fraternidade, do
patriotismo e da tolerância.
A expropriação e a nacionalização do fundo patrimonial das ordens religiosas contribuíram
para enfraquecer o poderio económico da igreja. Este enfraquecimento retira ao clero os
privilégios judiciais e fiscais, e priva-o do voto transformando os seus membros em vulgares
cidadãos e funcionários do Estado.
Todos estes fatores levaram a uma descristianização dos costumes e anticlericalismos.

ANA-O liberalismo económico; o direito à propriedade e à livre iniciativa


O liberalismo económico defende a iniciativa individual e a não intervenção do estado na
economia.
Um dos fisiocratas era o Quesnay considerava que a atividade agrícola era a essência da
riqueza e que devia ser dada aos agricultores a liberdade de aproveitarem o solo de forma a
retirar o máximo rendimento.
Outro fisiocrata era o Gournay dizia que as atividades comerciais e industriais deveriam
usufruir de liberdade. O “Laissez faire, laissez passer” ficou como uma das palavras de ordem
do fisiocratismo e do liberalismo económico.
No entanto, o principal fisiocrata era o Adam Smith para ele não eram necessárias
intervenções do estado na regulação da economia, o qual deveria abnegar de práticas
protecionistas e monopolistas. Ao estado apenas competiria facilitar a produção e a
comercialização, garantir a ordem pública e a justiça e proteger a propriedade. O liberalismo
económico revelou-se uma força vital para o desenvolvimento do capitalismo industrial do
século XIX.

MARIANA-Os limites da universalidade dos direitos humanos; a problemática


da abolição da escravatura
Nos seus textos jurídicos (Declarações dos direitos e constituições), os liberais definiram a
liberdade, igualdade e a propriedade como direitos humanos universais, possíveis, de serem
usufruídos por todos os indivíduos, em todos os tempos e lugares, dado derivarem da
condição humana.
Porém, os estados liberais nem sempre garantiram tais direitos. A propriedade continuou
privilégio dos abastados, ou seja, da burguesia; a igualdade dos homens foi apenas perante a
lei e nunca uma verdadeira igualdade de oportunidades. Quanto à liberdade, o princípio
mais sagrado da ideologia liberal, viu-se desvirtuada, ou seja, tiraram o merecimento, como
por exemplo pela manutenção do tráfico de escravos e da escravatura na maior parte dos
estados liberais. A questão da escravatura foi uma das que mais confrontos provocou.

RAFA-Na França e nos Estados Unidos


A contradição entre a defesa da liberdade e a prática da escravatura foi colocada aos
liberais.
Na França houve muitas medidas tomadas pela assembleia nacional constituinte, quer pela
convenção para pôr fim ao esclavagismo. Mas esta questão ficou mais difícil de chegar a uma
resposta, quando começaram a debater a extinção ou manutenção da escravatura, porque a
revolta dos escravos ameaçava os interesses açucareiras dos proprietários e comerciantes
franceses. Assim depois de abolida pela convenção. Uns anos mais tarde a escravatura foi
restabelecida por napoleão e só em 1848 é que ficou totalmente erradicada.
Nos estados unidos da américa os princípios de liberdade e igualdade conviveram
contraditoriamente coma escravatura dos negros. A constituição do país permitiu que
houvesse escravos, mas deixou ao critério de cada estado.
O afrontamento entre abolicionistas e esclavagistas deu-se a uma guerra civil (guerra da
Secessão), que opôs os estados do sul e do norte. E, por fim, a 13ª Emenda à Constituição dos
EUA entrou em vigor em dezembro de 1865 e acabou com a escravidão nos Estados Unidos.

GABI-A abolição da escravatura em Portugal


A problemática da abolição da escravatura em Portugal gravitou em torno da proibição do
tráfico negreiro.
Na segunda metade do século XVIII, a legislação pombalina preparou a extinção da
escravatura na metrópole, ao proibir o transporte de escravos negros em Portugal.
Razões filantrópicas, económicas e diplomáticas conjugaram-se, no século XIX, para que
Portugal também extinguisse o tráfico esclavagista.
As razões filantrópicas deveram-se aos defensores dos direitos do Homem e foram
invocadas pela Grã-Bretanha nas inúmeras pressões que sobre Portugal exerceu, para que
pusesse fim ao tráfico negreiro.
Porém, na raiz da pressão britânica residiam motivações económicas:
Interessava à Grã-Bretanha o controle dos recursos agrícolas e minerais das colónias das
economias europeias suas dependentes, de que o caso mais flagrante era o de Portugal.

ANA- Motivos económicos e filantrópicos levaram Sá da Bandeira a decretar a proibição de


importação e exportação de escravos das colónias portuguesas ao sul do Equador,
concretizada em dezembro de 1836.
Face à dependência do Brasil e à desestruturação da economia portuguesa, Sá da Bandeira
vislumbrou a necessidade do desenvolvimento dos territórios de África, onde a exploração do
tráfico daria lugar ao fomento das atividades produtivas e à criação de infraestruturas
adequadas.
Embora os traficantes continuassem a traficar clandestinamente, uma série de decretos
consumou, nas décadas seguintes, o abolicionismo em Portugal.
Finalmente, em fevereiro de 1869, o rei D. Luís assinava e fazia publicar o decreto de
Governo, onde se determinava que “Fica abolido o estado de escravidão em todos os
territórios da monarquia portuguesa, desde o dia da publicação do presente decreto”.
Foi o último ato, em Portugal, de um processo que não deixou de expressar a vitória da
liberdade, da igualdade e da dignidade do ser humano à escala internacional.

Você também pode gostar