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2.

A VIRAGEM PARA UMA OUTRA


ERA
2.1 MUTUAÇÕES SOCIOPOLÍTICAS E NOVO MODELO ECONÓMICO

2.1.1 O DEBATE ESTADO-NAÇÃO

No século XX, o Estado-Nação torna-se o principal elemento estruturador da ordem internacional, em


que cada nação estruturada politicamente corresponde a um Estado. Neste contexto, o Estado-nação
caracteriza-se por centralizar o poder e a soberania, por possuir novas estruturas administrativas, por se
preocupar pela diplomacia internacional, verificando-se ainda o princípio das nacionalidades e a
autodeterminação das nações. No entanto, o Estado-Nação proporciona aspetos negativos que põem
em causa a sua manutenção. Assim sendo, a sua crise deveu-se a vários fatores, tais como:

 os conflitos étnicos;
 os nacionalismos separatistas;
 a crescente valorização das diferenças e especificidades de grupos e indivíduos;
 no plano supranacional, os processos de integração económica e política afetam a confiança
dos cidadãos nas capacidades dos Estado-Nação para assumir as suas responsabilidades que
tornam difícil para o Estado impor o seu poder;
 os mecanismos de funcionamento de uma economia globalizada criaram fluxos financeiros a
nível global que escaparam ao controlo e à fiscalidade dos Estado-Nação;
 as questões transnacionais como a emergência do terrorismo e da criminalidade internacional
também contribuíram para a crise dos Estado-Nação.

A globalização das principais atividades económicas, dos media e da comunicação, a circulação de


capitais e de pessoas à escala mundial, os contactos multiculturais que envolvem a sociedade civil, a
criminalidade transfronteira e o terrorismo, os grandes problemas ambientais não se resolvem apenas
no quadro do Estado-Nação. Mostram-se necessários os esforços concertados de autoridades supra e
transnacionais (EU, FMI, Banco Mundial, OMC, OCDE, UNESCO, ONG, UNICEF, cimeiras internacionais).

2.1.2 A EXPLOSÃO DAS REALIDADES ÉTNICAS

No século XX, as diversas identidades que o mundo engloba agitam-se, intensificando assim as
diferenças étnicas e os ataques terroristas organizados. Esta agitação deve-se essencialmente a
questões étnicas, separatistas e também a questões transnacionais. As questões étnicas verificaram-se
em grande escala na Índia entre o hindu e o sikh e no Sri Lanka entre os tâmis e os budistas. Já as
questões separatistas verificaram-se em grande proporção em Espanha entres os bascos e os catalães.
Por fim, as questões nacionalistas verificaram-se maciçamente com os tchetchenos que se opõem à
soberania da Rússia. Na maior parte dos casos, os confrontos têm como incentivo a pobreza e a
marginalidade vividas, o que muitas vezes resulta em números elevados de mortos causados por
ataques terroristas que o Estado não consegue prever ou travar.
2.1.3 AS QUESTÕES TRANSNACIONAIS, MIGRAÇÕES, SEGURANÇA, AMBIENTE

Na sociedade atual, o mundo é afetado por questões transnacionais, nomeadamente as migrações, o


ambiente e a segurança, sendo então indispensável resolvê-las de forma a não continuarem a ter um
impacto negativo nas sociedades.

Relativamente às migrações, estas foram aumentando cada vez mais, em grande parte devido a motivos
económicos e políticos. A nível económico, as populações procuram sempre alternativas para as
condições em que vivem, de forma a melhorá-las, recorrendo assim à migração para fugir à miséria,
nomeadamente para países mais ricos. A nível político, as populações procuram alternativas para o
ambiente de guerra, de instabilidade política ou de catástrofe natural que predomina na região em que
vivem, uma vez que não é proporcionada segurança, sendo assim necessário refugiarem-se em países
que proporcionem segurança aos seus habitantes. Outra característica dos migrantes é que a maioria é
do sexo feminino e são pessoas com formação profissional elevada.

As migrações trazem também problemas para os países de acolhimento, nomeadamente conflitos


étnicos, problemas demográficos devido ao excesso de população e problemas económicos pela
incapacidade de integrar os migrantes em postos de trabalho, tendo como consequência o aumento do
desemprego, podendo assim a migração obter respostas negativas por parte da população “original”,
como os casos de discriminação, xenofobia, hostilidade ou racismo. Neste contexto, é assim
fundamental não esquecer e promover a importância da cooperação, da proteção dos direitos humanos
e a as vantagens da interculturalidade

Atualmente, segundo dados da ONU, entre estudantes, trabalhadores e refugiados existem mais de 250
milhões de migrantes em todo o mundo. Assim, no mundo atual, outras razões emergiram para as
migrações embora as razões económicas e sociais se mantenham.

Relativamente à segurança, pelo mundo são cada vez mais os casos de terrorismo, dominando então um
clima de insegurança nas sociedades, que não têm forma de combater eficazmente os ataques, como foi
o caso do atentado a 11 de setembro de 2001, a famosa data que marca o dia dos atentados terroristas
ao World Trade Center, Nova Iorque, o coração económico dos EUA, e ao Pentágono, Washington, o
centro político-militar extremamente importante para os EUA. Este atentado terrorista viria a ser
reivindicado pelo grupo radical islâmico, Al Qaeda, liderado por Bin Laden. Neste contexto, é muito
difícil para os Estados combaterem as redes de terrorismo internacional, uma vez que com o progresso
tecnológico e científico são utilizadas técnicas cada vez mais desenvolvidas, em que diferentes grupos se
ajudam mutuamente.

Mas não é só o terrorismo que contribui para a insegurança, mas também a maior facilidade de
comunicação e a proliferação incontrolada de armas de destruição maciça como as armas nucleares,
químicas e bacteriológicas, havendo assim uma maior facilidade em abalar a segurança mundial, uma
vez que há um maior número de criminalidade.

Por fim, relativamente ao ambiente, este tem vindo a ser destruído ao longo dos anos e a situação tem
vindo a piorar cada vez mais, estando então o planeta cada vez mais degradado. Essa degradação deve-
se, em grande parte, ao crescimento demográfico, ao desenvolvimento económico, à constante
exploração dos recursos naturais e ao progresso industrial e tecnológico. Assim, todos estes fatores
resultaram na destruição de florestas, na extinção de espécies animais, na poluição da terra, do mar e
do ar, na escassez dos recursos naturais, no empobrecimento do solo, no aquecimento global e na
destruição de habitats e da camada de ozono. Neste contexto, é indispensável que se tomem medidas
para travar a exploração do Homem, situação defendida por ambientalistas que procuram assim chamar
à atenção para as consequências provocadas no planeta que irão afetar toda a sociedade. Neste âmbito,
realizou-se em 1992 a Cimeira da Terra, onde se acordou um conjunto de propostas, designadas de
“desenvolvimento sustentável” para a gestão dos recursos naturais de forma a resguardar a qualidade
de vida das gerações futuras.

Os problemas ambientais, apesar de terem origens locais, ultrapassam as fronteiras e têm


consequências mundiais alarmantes. Por exemplo, a desflorestação na Índia contribuí para a ocorrência
de inundações no Bangladesh e as chuvas ácidas em cidades alemãs afetam as florestas da Escandinávia.
Neste contexto, a poluição das grandes metrópoles arrasta-se ao longo de muitos quilómetros e atinge
países vizinhos. Em última instância, a ação local sobre a natureza implica sempre uma consequência
global. Por isso, a resposta às ameaças ambientais exige uma ação conjunta às escalas local, nacional e
mundial. A cooperação internacional é, assim, fundamental para a promoção do desenvolvimento
sustentável e para a melhoria de vida das populações. O mundo já tomou consciência disso e a prova é a
realização de acordos mundiais como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente
Humano, em 1972, a Agenda 21, o Protocolo de Quioto e, mais recentemente, o RIO +20.

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