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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA __ VARA

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE___MONTES CLAROS_MG


PEDIDO DE LIMINAR
REQUERENTE: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, portadora do RG: MG xxxxxxxxxxxxxxx, CPF
xxxxxxxxxxxxxx.9x. Estado civil: Casada, profissã o: Assistente Administrativo (nã o
trabalhando no momento). Residência e domicilio no End. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx, Montes Claros – Mg: CEP: xxxxxxxxxxxxxxxx, por seu advogado infra-
assinado, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento arts.
300 e ss do CPC propor,
AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA/LIMINAR
em face do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE
DE MINAS GERAIS - IFNMG, CNPJ xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, Autarquia federal, situado
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, representada por seus respectivos representantes legais e
procuradores da repú blica.
PRELIMINARMENTE
a) DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer os benefícios da ASSISTÊ NCIA JUDICIÁ RIA GRATUITA, uma vez que o AUTORA nã o
possui condiçõ es financeiras para arcar com os custos processuais sem comprometer o
essencial para sua estabilidade e a de seus familiares, uma vez estando desempregada,
conforme anexos de carteira de trabalho, e nã o possuindo declaraçã o de imposto de renda,
por ser isenta.
Dessa forma, a autora se enquadra perfeitamente no conceito de pessoa juridicamente
pobre, conforme o disposto do artigo 98 novo CPC/2015, conforme declaraçã o anexa de
demais comprovantes de despesas, por nã o poder arcar com as custas judiciais e tã o pouco
com honorá rios advocatícios.
Conforme o NCPC/2015, para que a parte se beneficie da justiça gratuita, basta que na
pró pria petiçã o inicial se faça à afirmaçã o de que nã o está em condiçõ es de pagar as custas
processuais e os honorá rios advocatícios sem prejuízo da pró pria subsistência,
dispensando qualquer outra declaraçã o.
I - DOS FATOS
Trata-se de demanda movida por xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx em face da Comissã o de
Heteroidentificaçã o do INFMG de Montes Claros - MG. A autora é candidata a uma das vagas
da á rea administrativa do CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Diário Oficial da União. Mais
precisamente concorrente a uma das vagas destinadas à s pessoas negras ao cargo de
Assistente em Administraçã o – ensino médio completo.
Ademais, a autora realizou a prova objetiva, tendo alcançado 68 pontos e ao ser convocada
a comparecer perante a banca examinadora para comprovar a sua condiçã o de
negra/parda – conforme por ela declarada na inscriçã o e autodeclaração, conforme
também se declara ao IBGE e demais ó rgã o pú blicos, obstante, teve sua aprovaçã o a
concorrência entre os candidatos cotistas negros/pardos indeferida, sendo eliminada da
convocaçã o do certame (quadro de classificaçã o anexo).
Como pode ser observado a autora foi aprovada dentro do numero de vagas, no entanto,
teve sua vaga obstacularizada em face da ú ltima fase, denominada fase de
heteroidentificaçã o, onde a banca composta por pessoas, julga e analisa os traços étnicos
das pessoas.
A autora, no prazo previsto pela instituiçã o examinadora, recorreu administrativamente
da aludida decisã o, tendo sido mantida a decisã o de indeferimento do recurso e eliminaçã o
do concurso, assim, fazendo se necessá rio o pleito judicial como medida de justiça.
II – DO DIREITO
A presente açã o judicial visa repara o eminente dano ora sofrido pela autora, sendo este, de
difícil reparaçã o caso o lapso temporal se estenda, pois, outros candidatos estã o sendo
convocados para sua vaga, criando a perspectiva de direito.
O aludido caso retrata o trá gico ambiente brasileiro, onde quase toda a populaçã o é
mestiça, e grande parte possui os traços da etnia negra/afrodescendente, portanto, sendo
de difícil distinçã o tamanha segregaçã o racial.
No edital, prevê a tã o famosa, autodeclaração, que consiste em qualquer indivíduo
portador das características aparentes se autodeclarar daquela cor ou etnia, assim, como
autora o fez em toda a sua vida. Portanto, a descriçã o fenotípica do indivíduos nã o
sobrepõ e a autodeclaraçã o, ainda mais, sendo portadora das características mínimas
necessá rias. Com tamanha subjetividade que a candidata foi eliminada, pode até se
pressupor algum tipo de favorecimento entre a escolha dos aprovados, por ora aqui nã o
podendo ser provada ou discutida.
É de se destacar, que os tribunais, já analisaram casos semelhantes, onde aqueles em que a
verossimilhança traz a verdade real ao caso concreto, nos moldes do julgado infra,
‘‘Diante da subjetividade que subjaz à definiçã o do grupo racial de uma pessoa por uma
comissã o avaliadora e havendo dú vida quanto a isso, tem-se que a presunçã o de veracidade
da autodeclaraçã o deve prevalecer’’, definiu no acó rdã o. Como a decisã o nã o foi unâ nime
na 3ª Turma, o recurso foi julgado na ‘‘turma estendida’’, com a presença de dois
integrantes da 4ª Turma, como prevê o artigo 942 do Có digo de Processo Civil. 5024707-
08.2018.4.04.7100
A decisã o supra, por maioria, reformou sentença que manteve o ato administrativo da
Universidade Federal que indeferiu o ingresso dela na cota de negros e pardos. Motivo da
recusa: a Comissã o Permanente de Verificaçã o da Autodeclaraçã o É tnico-Racial da
universidade deixou de homologar a autodeclaraçã o por entender que ela nã o apresentava
características físicas de pessoa parda.
Enfim, do que se trata a autodeclaraçã o:
Em trecho do parecer/resposta emitido pela CGU, disponível no sitio do ó rgã o, enfatiza que
os critérios adotados de auto declaraçã o, nã o podem ser mesurados, já que, nã o se pode
inferir qual seria a cor do pardo, uma vez que, mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou
mestiça, sã o todas pardas.
O critério adotado é a “autodeclaraçã o” em cinco categorias de cor ou raça: “branca”,
“preta”, “parda”, “amarela” e “indígena”. Vale considerar também que, pois sã o pesquisas
domiciliares, o respondente responde por si (se morador) e pode também responder por
membros do domicílio nã o presentes no momento da pesquisa. Nã o há instruçã o para o
entrevistador se valer da heteroclassificaçã o. Mais especificamente quanto ao termo de cor
ou raça “parda”, considerado “termo residual” por especialistas (Cf. Petruccelli, 2007), em
investigaçõ es no IBGE até os anos 2000, houve instruçã o para coletar nessa categoria
“pessoa que se enquadrar como parda ou se declarar como mulata, cabocla, cafuza,
mameluca ou mestiça”.

MM. Juiz, em se tratando de concurso pú blico, sabe-se que este deve pautar-se pelo
princípio da isonomia, expressamente consagrado no caput do artigo 5º da Carta
Constitucional, pois que dito princípio constitui-se em diretriz bá sica que norteia toda a
interpretaçã o das normas constitucionais. Ou seja, mesmo tratamento aos iguais que estã o
na mesma situaçã o, portanto, todos os candidatos desde certame se apresentam conforme
fotos do pró prio IFNMG como pardos, basta verificar as postagens publicadas dos
aprovados em pá gina oficial.
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Nesse contexto,
Nesse diapasã o, conforme previsã o edilícia, o item que descreve o uso da autodeclaração,
prescreve que no momento da dú vida, como é o caso da judicializaçã o em destaque,
prevalência da autodeclaraçã o deve prevalecer.
6.2.12.7. A presunçã o relativa de veracidade de que goza a autodeclaraçã o do candidato
prevalecerá em caso de dú vida razoá vel a respeito de seu fenó tipo, motivada no parecer da
comissã o de heteroidentificaçã o.
É mister dizer que a autora é negra/parda, conforme atesta por foto, bem como sua etnia,
sendo filha de afrodescendentes, conforme consta em certidã o de nascimento que
corrobora ao seu prosseguimento no concurso em questã o, concorrendo à vaga para
negro/pardo. Por ora, pretende-se com a liminar ter seu direito garantido, pode provar
perante juízo sua etnia parda, nã o havendo prova mais contundente do que a prova
presencial.
II.2 DA TUTELA ANTECIPADA
Quanto ao pedido de tutela antecipada, o seu deferimento pressupõ e a existência
concomitante da "probabilidade do direito" e o "perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo", equivalentes, respectivamente, ao fumus boni iuris e ao periculum in mora (art.
300, do CPC), dispensando-se este no caso de tutela de evidência (art. 311, do CPC).
Além destes requisitos, há também uma condiçã o negativa, que consiste na inexistência de
irreversibilidade da medida (§ 3º do art. 300, do CPC).
Extrai-se do exposto, que resta presente a fumaça do bom direito, com suporte na
Constituiçã o Federal, e na jurisprudência, e ainda, claro, desponta o perigo da mora, vez
que, a CONVOCAÇÃ O PARA AVALIAÇÃ O DE TÍTULOS E EXPERIÊ NCIA PROFISSIONAL,
encerrou-se no dia 23.11.2015.
Ademais, o STJ consolidou o entendimento de que o ato administrativo pode ser objeto do
controle jurisdicional quando ferir o princípio da legalidade, assim é vá lido o controle das
regras e das exigências dispostas em edital de concurso pú blico pelo Poder Judiciá rio, afim
de adequá -los aos princípios constitucionais, como a razoabilidade e a proporcionalidade.
A Lei nº 12.990/2014 menciona em seu art. 2º que "poderão concorrer às vagas reservadas
a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no
concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE".
No ato da inscriçã o, 0 candidat0 em comento já preencheu, em sua ficha de inscriçã o, tal
condiçã o, tendo se autodeclarado pardo. De acordo com a lei de regência, apenas
autodeclaraçã o pelo candidato é condiçã o necessá ria para concorrer à s vagas reservadas
aos cotistas de cor negra/parda.
III - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto requer o autor:
a) A gratuidade de Justiça;
b) Seja deferida a antecipaçã o de tutela para ordenar a Banca Examinadora que aceite o
prosseguimento do autor no certame, nas vagas destinadas aos candidatos negros;
c) Seja determinada a citaçã o das rés, na figura de seus representantes legais, para
querendo, contestar a presente demanda no prazo legal (arts. 335, do CPC), sob pena de
revelia;
d) A produçã o de todas as provas admitidas pelo Direito;
e) Seja ao final:
- Julgada totalmente procedente o pedido inicial para que seja confirmada a tutela
antecipada e condenar as rés a permitir o prosseguimento do autor no concurso;
f) Que seja estipulada multa cominató ria diá ria à ré, consoante prescriçã o legal, no caso de
descumprimento da medida, se concedida, nos termos da lei ;
g) Que seja apó s a prolaçã o da decisã o oficiado BANCA EXAMINADORA para IMEDIATO
cumprimento da tutela antecipada;
Por inestimá vel, dá -se à presente o valor de R$ 1.000,00 (mil reais)
Nestes termos,
Pede deferimento.
Montes Claros-MG, XX, abril de 2020
_______________________________
Advogado
OAB n.
whatsapp (38) 99243-2345

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