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Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Desenvolvimento de um Sistema de Informação e


Apoio à Gestão Florestal baseado em Tecnologia
Open Source

Pedro Miguel Morais Gomes

Orientador:

Professor Doutor José Martinho Lourenço

Coorientador:

Professor Doutor João Paulo Fonseca da Costa Moura

Vila Real

2012
O ORIENTADOR

______________________________
(Professor Doutor:)

O COORIENTADOR

______________________________
(Professor Doutor:)

i
ii
Dissertação de Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica, apresentada ao
Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro, realizada sob a orientação do Professor Doutor José
Manuel Martinho Lourenço, Professor Auxiliar do Departamento de Geologia da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e coorientação do Professor Doutor
João Paulo Fonseca da Costa Moura, Professor Auxiliar do Departamento de
Engenharias da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em conformidade com
o Decreto-Lei n.º 216/92, de 13 de outubro.

iii
iv
AGRADECIMENTOS

Queria agradecer a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização
deste trabalho, em especial:

A toda a minha família e amigos;

Ao Professor Doutor José Manuel Martinho Lourenço, meu orientador científico, pela
sua amizade e disponibilidade, por alimentar e manter vivo este meu sonho, por todo o
valioso conhecimento transmitido enquanto professor e orientador, pelas correções e
recomendações oportunas;

Ao Professor Doutor João Paulo Fonseca da Costa Moura, meu coorientador


científico, por desde logo se disponibilizar para me apoiar no tema, pela sua amizade e
incentivo permanente, pela paciência, pelos seus preciosos comentários e sugestões
que contribuíram para o aprimoramento deste trabalho;

Ao Roberto Starnini, executive manager da Gis&Web S.r.l., pela ajuda nos muitos
momentos difíceis que surgiram durante a criação da aplicação, pelas horas perdidas
comigo na busca de soluções, pela disponibilidade e pela partilha incondicional de
muito do seu conhecimento;

A todos os professores e colegas do Mestrado de Sistemas de Informação Geográfica;

Ao Armando Carvalho, pela sua compreensão, ao facilitar a conciliação da minha


atividade profissional com os estudos;

A todas as pessoas que me apoiaram direta ou indiretamente durante todo este


período... o meu obrigado!

v
vi
DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO E APOIO À GESTÃO FLORESTAL
BASEADO EM TECNOLOGIA OPEN SOURCE

RESUMO
A crescente importância das novas tecnologias de informação e
comunicação, nomeadamente a internet e em particular do seu serviço WWW,
levaram a uma evolução também ao nível das ferramentas SIG. Os SIG desktop
evoluíram para SIG Distribuídos, e os WebSIG constituem-se atualmente como
potenciais apoios na prestação de serviços dinâmicos e inovadores ao cidadão. A
contrariar o elevado custo e especificidade técnica associada às licenças de software
SIG e WebSIG proprietário, tem surgido recentemente um conjunto de projetos Open
Source com diferentes níveis de maturidade, complexidade e funcionalidade, tornando
a escolha da tecnologia aberta cada vez mais válida.

Sendo a floresta uma atividade com uma componente espacial muito forte, e
que abrange por norma áreas muito extensas, a noção de distribuição no espaço e no
tempo dos seus múltiplos recursos e atividades é essencial a um bom planeamento e
gestão destes espaços. Nesse sentido, este trabalho pretendeu desenvolver uma
aplicação WebSIG (SIAGF, Sistema de Informação e de Apoio à Gestão Florestal)
baseada em software Open Source, cujo objetivo passa por centralizar e organizar
dados geográficos relevantes para a gestão florestal, promovendo a sua
disponibilização e difusão via internet, utilizando uma interface comum. O acesso à
informação faz-se de forma deslocalizada bastando para tal existir um ponto de
acesso à internet e um computador. O SIAGF tem por base os Planos de Gestão
Florestal e pretende dotar e facilitar o acesso, por parte dos gestores florestais e
técnicos, a um conjunto de informação de cariz espacial, de forma rápida, simples e
deslocalizada, ao mesmo tempo que pretende possibilitar uma maior interação entre
estes últimos e o proprietário, que pode aceder de igual forma à informação sobre a
sua propriedade. A aplicação está vocacionada para associações, empresas ou
entidades públicas, que manipulam e gerem informação relativa a várias propriedades
e a vários proprietários. A simplicidade das ferramentas disponíveis permite que o
sistema possa ser usado por utilizadores menos familiarizados com os SIG mas que
reconhecem a importância da análise espacial no processo de tomada de decisões.

Palavras-chave: WebSIG, Open Source, Gestão Florestal

vii
viii
DEVELOPMENT OF AN INFORMATION SYSTEM TO SUPPORT FOREST MANAGEMENT
BASED ON OPEN SOURCE TECHNOLOGY

ABSTRACT
The growing relevance of new information and communication technologies,
particularly internet and specially the WWW service, have led to an evolution in terms
of GIS tools. Desktop GIS evolved into Distributed GIS and WebGIS are currently
potentially supporting dynamic and innovative services delivered to citizens. In
opposition to the technical specificity and high costs associated with proprietary GIS
and WebGIS software licenses, has emerged recently a set of Open Source projects
with different levels of maturity, complexity and functionality, making the choice of open
technology more and more valid.

Forest is an activity with a strong spatial component, covering very large


areas. In this context the concept and distribution of its multiple resources and
activities, in space and time, is essential to a good planning and management of these
spaces. In this sense, this work aims to develop a WebGIS application (SIAGF, System
of Information and Support to Forest Management) based on Open Source software,
whose goal is to centralize and organize geographic data relevant to forest
management, available through the internet, using a simple interface. Access to
information is so relocated by an access point to the internet and a computer. The
SIAGF is based on Forest Management Plans and aims to provide and facilitate
access, by forest managers and technicians, to a set of space-oriented information,
quickly, simply and ubiquitous, while we intend to enable greater interaction between
managers, technicians and owners. The application is designed for associations,
corporations or public entities who manipulate and manage information about
properties and their owners. The simplicity of the available tools allows the system to
be used even by those less familiar with GIS who recognize the importance of spatial
analysis in decision-making.

Keywords: WebGIS, Open Source, Forest Management

ix
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SIGLAS E ACRÓNIMOS

ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line

AFN - Autoridade Florestal Nacional

API - Application Programming Interface

ASP - Active Server Page

BLOB - Binary Large Object

BSD - Berkeley Software Distribution

CAD - Computer Aided Design

CAOP - Carta Administrativa Oficial de Portugal

CCDRn - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

CGI - Common Gateway Interface

CNIG - Centro Nacional de Informação Geográfica

CSW - Catalogue Services for the Web

DAP - Diâmetro à altura do peito

DELL - Dell Incorporated

DGOTDU - Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano

DGRF - Direção Geral dos Recursos Florestais

DNS - Domain Name Service

EPSG - European Petroleum Survey Group

FOSS - Free and Open Source Software

FSF - Free Software Foundation

FTP - File Transfer Protocol

GDAL - Geospatial Data Abstraction Library

GEOS - Geometry Engine - Open Source

GIF - Graphics Interchange Format

GML - Geography Markup Language

GNSS - Global Navigation Satellite System

GNU - GNU´s Not Unix

GPL - General Public License

xi
GPS - Global Positioning System

HP - Hewlett Packard Company

HTML - Hypertext Markup Language

HTTP - Hyper Text Transfer Protocol

ICNB - Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade

IDE - Infra-estruturas de Dados Espaciais

IBM - International Business Machines Corporation

IG - Informação Geográfica
IGEOE - Instituto Geográfico do Exército

IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico

IGP - Instituto Geográfico Português

IP - Internet Protocol

IRC - Internet Relay Chat

JPEG - Joint Photographic Experts Group

JSP - Java Server Page

LAN - Local Area Network

LGPL - Lesser General Public License

MIT - Massachusetts Institute of Technology

MS4W - MapServer For Windows

OGC - Open Geospatial Consortium

ONU - Organização das Nações Unidas

OSI - Open Source Iniciative

PDF - Portable Document Format

PGF - Plano de Gestão Florestal

PHP - Hypertext Preprocessor

PMDFCI - Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios

PROF - Plano Regional de Ordenamento Florestal

PROJ4 - Cartographic Projections Library

RCM - Resolução de Conselho de Ministros

SFS - Simple Feature Specifications

xii
SGBDR - Sistema de Gestão de Bases de Dados Relacionais

SIG - Sistema de Informação Geográfica

SIGD - Sistema de Informação Geográfica Distribuído

SMTP - Simple Mail Transfer Protocol

SNIG - Sistema Nacional de Informação Geográfica

SOAP - Simple Object Access Protocol

SQL - Structured Query Language

SRID - Spatial Reference System Identifier

SSL - Secure Sockets Layer

SVG - Scalable Vector Graphics

TCP - Transmission Control Protocol

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

TIF - Tagged Image File

UDDI – Universal Description, Discovery, and Integration

URL - Uniform Resource Locator

W3C - World Wide Web Consortium

WAN - Wide Area Network

WCS - Web Coverage Service

WFS - Web Feature Service

WFS - G - Web Feature Service Gazette

WMS - Web Map Service

WSDL - Web Service Definition Language

WWW - World Wide Web

XML - Extensible Mark-up Language

xiii
xiv
ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS............................................................................................................ v

RESUMO ............................................................................................................................ vii

ABSTRACT .......................................................................................................................... ix

SIGLAS E ACRÓNIMOS ..................................................................................................... xi

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

1.1 ENQUADRAMENTO ........................................................................................................... 1


1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 2
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................... 2

2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO


GEOGRÁFICA............................................................................................................................... 5

2.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO ................................................................................................. 5


2.2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ............................................................................................ 5
2.3 INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ............................................................................................... 7
2.4 COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO EM CARTOGRAFIA............................................................. 9
2.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ....................................................................... 12
2.5.1 Projeções e Sistemas de Referenciação Espacial .................................................. 17

3 DISTRIBUIÇÃO DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA WEB ........................................... 21

3.1 OBJETIVOS DO CAPITULO ............................................................................................... 21


3.2 A INTERNET ................................................................................................................... 21
3.3 OS SIG DISTRIBUÍDOS ................................................................................................... 25
3.3.1 Os WebSIG e a publicação de dados geográficos na Web .................................... 28
3.3.2 Arquitetura e componentes de um WebSIG ........................................................... 29
3.4 INTEROPERABILIDADE E O OPEN GEOSPATIAL CONSORTIUM ............................................ 33
3.5 SOFTWARE SIG OPEN SOURCE, FREE E COMERCIAL ...................................................... 36
3.6 TECNOLOGIA SIG NO ORDENAMENTO, PLANEAMENTO E GESTÃO FLORESTAL .................... 42
3.6.1 Os Planos de Gestão Florestal ............................................................................... 44

4 DESENVOLVIMENTO DO SIAGF - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE APOIO À GESTÃO


FLORESTAL................................................................................................................................ 49

4.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO ............................................................................................... 49


4.2 ENQUADRAMENTO DO PROJETO ...................................................................................... 49
4.3 OBJETIVOS DO SIAGF ................................................................................................... 49
4.4 ARQUITETURA DO SISTEMA ............................................................................................. 50

xv
4.5 DESENHO DA INTERFACE GRÁFICA .................................................................................. 51
4.6 ÁREA DE ESTUDO........................................................................................................... 52
4.7 INFORMAÇÃO DISPONIBILIZADA ....................................................................................... 53
4.8 AS TECNOLOGIAS........................................................................................................... 58
4.8.1 GisClient .................................................................................................................. 59
4.8.2 PostgreSQL/PostGIS............................................................................................... 63
4.8.3 O MapServer ........................................................................................................... 64
4.8.4 Apache .................................................................................................................... 65
4.8.5 Openlayers .............................................................................................................. 66
4.9 INSTALAÇÃO E CONFIGURAÇÃO ....................................................................................... 67

5 O SIAGF E O SEU FUNCIONAMENTO ............................................................................. 71

5.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO ............................................................................................... 71


5.2 A INTERFACE GRÁFICA ................................................................................................... 71
5.3 FERRAMENTAS DOS SIAGF ............................................................................................ 77
5.4 ALGUMAS APLICAÇÕES PRÁTICAS .................................................................................... 80

5.4.1 Localização de áreas com problemas de fitossanidade ......................................... 80


5.4.2 Localização das áreas de pinhal com potencial de resinagem ............................... 83
5.4.3 Verificar condicionante para arborização ................................................................ 85

6 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO ........................................................................... 87

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................ 91

xvi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Informação geográfica e sociedade da informação (Adaptado de JULIÃO, 1999). ..... 9

Figura 2 - Exemplar de um dos mais antigos mapas de Portugal (1630) (IGP, 2011). .............. 10

Figura 3 - Visualização e apresentação de informação geográfica. ........................................... 12

Figura 4 - Planos de informação manipulados por um SIG (LLOPIS, 2005). ............................. 13

Figura 5 - Componentes de um SIG (adaptado de LLOPIS, 2005). ........................................... 14

Figura 6 - Modelos de dados vetorial e raster (GIOVANNI e VÂNIA, 2010). ............................. 17

Figura 7 - Representação esquemática dos sistemas cartográficos mais usuais em Portugal


continental (OA: Observatório Astronómico da Academia de Ciências de Lisboa; PC: ponto
central; O: origem das coordenadas cartográficas) (MATOS, 2001). ......................................... 19

Figura 8 - Esquema representativo de redes LAN e WAN (WIKI, 2012). ................................... 22

Figura 9 - Componentes de um URL. ......................................................................................... 25

Figura 10 - Distribuição de informação geográfica via Web (Adaptado de DANGERMOND,


2008). .......................................................................................................................................... 26

Figura 11 - Funcionalidade e interatividade dos SIGD ( adaptado de PENG e TSOU, 2003). .. 29

Figura 12 - Esquema de funcionamento de uma arquitetura cliente/servidor. ........................... 30

Figura 13 - Arquitetura de três camadas (Adaptado de ELSMASRI e NAVATHE, 2004). ......... 31

Figura 14 - Principais componentes de um WebSIG (CONDEÇA, 2009). ................................. 32

Figura 15 - Extrato da cartografia em papel do Perímetro Florestal do Barroso elaborado pelos


Serviços Florestais Portugueses em 1943. ................................................................................. 43

Figura 16 - Esquematização do processo necessário à elaboração de um PGF (adaptado de


GOMES, 2011). ........................................................................................................................... 46

Figura 17 - Exemplo ilustrativo da leitura do extrato de uma Carta de Ordenamento Florestal.


Cartografia com a delimitação das parcelas de ordenamento (em cima), que depois deve ser
complementada com uma memória descritiva (neste caso em formato analógico) das
intervenções previstas ao longo do tempo (em baixo). .............................................................. 47

Figura 18 - Arquitetura de três camadas do SIAGF. ................................................................... 50

Figura 19 - Organização da interface gráfica do SIAGF. ............................................................ 51

Figura 20 - Enquadramento geográfico da área de estudo. ....................................................... 53

Figura 21 - Arquitetura e tecnologias do SIAGF ........................................................................ 59

Figura 22 - Esquema ilustrativo dos componentes e funcionamento do GisClient. ................... 60

xvii
Figura 23 - Aspeto gráfico do GisClient Author ( exemplo de configuração dos dados do projeto
SIAGF). ........................................................................................................................................ 61

Figura 24 - Exemplo de um ficheiro mapfile (.map) do MapServer gerado através da interface


gráfica do GisClient Author aquando da criação do projeto SIAGF............................................ 62

Figura 25 - Comparação da utilização a nível mundial dos principais servidores Web


disponíveis no mercado (NETCRAFT, 2012). ............................................................................. 66

Figura 26 - Configuração do ficheiro php que estabelece a ligação entre a base de dados e o
GisClient. ..................................................................................................................................... 68

Figura 27 - Incorporação de sistemas de coordenadas e respetivos parâmetros de


transformação.............................................................................................................................. 69

Figura 28 - Interface gráfica do SIAGF. ...................................................................................... 71

Figura 29 - Cabeçalho do SIAGF. ............................................................................................... 72

Figura 30 - Barra de ferramentas. ............................................................................................... 72

Figura 31 - Área de visualização da informação geográfica. ...................................................... 72

Figura 32 - Rodapé do SIAGF com indicação das coordenadas. ............................................... 72

Figura 33 - Rodapé do SIAGF com ativação da ferramenta de medição de distâncias (imagem


superior) e com ativação da ferramenta de medição de áreas (imagem inferior). ..................... 73

Figura 34 - Barra de seleção, pesquisa e apresentação de resultados. .................................... 73

Figura 35 - Menu de pesquisa de informação por grupos de seleção. ....................................... 74

Figura 36 - Pesquisa de informação com apresentação em forma de tabela. .......................... 75

Figura 37 - Pesquisa de informação no SIAGF com apresentação em forma de lista. ............. 75

Figura 38 - Apresentação de informação complementar (foto) como resultado da pesquisa da


parcela de ordenamento IV1. ...................................................................................................... 76

Figura 39 - Apresentação de informação complementar (documento em pdf) relativa ao lote de


venda de material lenhoso 11/2012. ........................................................................................... 76

Figura 40 - Apresentação da legenda no SIAGF. ....................................................................... 77

Figura 41 - Mapa de referência do SIAGF .................................................................................. 77

Figura 42 - Identificação do local e da parcela de ordenamento correspondente. ..................... 81

Figura 43 - Extrato do PGF com a calendarização das operações da parcela III-10 aberto
quando selecionado o link "Ver plano de intervenções do PGF". ............................................... 81

Figura 44 - Resultado do mapa produzido pelo SIAGF para poder ser entregue a diferentes
entidades. .................................................................................................................................... 82

Figura 45 - Exemplo ilustrativo da inserção de anotações. ........................................................ 82

xviii
Figura 46 - Resultado em tabela da pesquisa de todas as áreas de pinheiro bravo existentes na
propriedade. ................................................................................................................................ 83

Figura 47 - Utilização de informação da camada lotes de material lenhosos. ........................... 84

Figura 48 - Ficha do lote 11/2012 onde é possível identificar o número de árvores nas classes
de idade superiores a 25. ........................................................................................................... 85

Figura 49 - Localização através da toponímia da Carta Militar. .................................................. 85

Figura 50 - Localização das parcelas de ordenamento onde incide a condicionante Rede


Natura 2000. ................................................................................................................................ 86

xix
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Principais vantagens do software Open Source em relação ao comercial. ............. 38

Quadro 2 - Principais desvantagens e riscos do software Open Source em relação ao


comercial. .................................................................................................................................... 38

Quadro 3 - Algumas soluções tecnológicas, comerciais e Open Source, para a implementação


de um WebSIG. ........................................................................................................................... 39

Quadro 4 - Exemplos de sites dedicados a compilar e a acompanhar os principais projetos SIG


e WebSIG Open Source. ............................................................................................................. 40

Quadro 5 - Utilização dos SIG na área florestal.......................................................................... 44

Quadro 6 - Exemplos de informação geográfica utilizada na elaboração de um PGF. .............. 45

Quadro 7 - Descrição das áreas que constituem a interface gráfica do SIAGF. ........................ 51

Quadro 8 - Informação geográfica disponibilizada no SIAGF para visualização ou impressão. 56

Quadro 9 - Disponibilização de Informação não geográfica associada à informação geográfica


do SIAGF. .................................................................................................................................... 58

Quadro 10 - Ferramentas disponíveis no SIAGF. ....................................................................... 78

xx
xxi
1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO

Na Conferência da ONU Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,


conhecida como Cimeira da Terra, celebrada no Rio de Janeiro em 1992, foi aprovada
uma importante resolução com o objetivo de alcançar um desenvolvimento sustentável
e de proteger o meio ambiente. Na estratégia para alcançar tal objetivo, foi dada
especial relevância ao papel da informação geográfica, qualificada como crítica quanto
à tomada de decisões a nível nacional, regional e global, implicando a necessidade de
dispor permanentemente de informação atualizada, disponível instantaneamente e de
forma ubíqua. Estes requisitos obrigaram ao desenvolvimento e implementação de
IDEs, entendidas como sistemas (de informação geográfica) distribuídos em rede, nos
quais intervêm produtores de dados, programadores de software, intermediários (que
procedem à adaptação e integração das soluções e componentes existentes de modo
a criar um sistema adaptado aos utilizadores menos experientes) e utilizadores.

A nível europeu, a Comissão Europeia criou a Diretiva 2007/2/CE, de 14 de


Março de 2007, conhecida como Diretiva INSPIRE, publicada no Diário Oficial da
União Europeia em 25 de Abril de 2007. Esta Diretiva tem por objetivo, entre outros,
fixar normas gerais com vista ao estabelecimento de uma IDE na Comunidade
Europeia, baseada nas IDEs dos seus estados membros.

A nível nacional, o IGP constitui-se como o Ponto de Contacto Nacional,


responsável por, entre outros, proceder à transposição da Diretiva para a legislação
nacional (http://snig.igeo.pt/inspire). Esta transposição, publicada no Decreto-Lei nº
180/2009 de 7 de Agosto, revê o Sistema Nacional de informação geográfica e fixa
normas gerais para a constituição de infra-estruturas de informação geográfica em
Portugal. A sua implementação, faseada, prevê-se que esteja concluída em Outubro
de 2020 (http://snig.igeo.pt/Inspire/calendario.asp).

Até que tal possa ser concretizado, a necessidade de informação que ajude
na gestão e apoie à decisão é uma realidade também na área do ordenamento e
gestão florestal. Referindo-se por norma a áreas bastante extensas, onde se
desenvolvem múltiplas atividades e processos, a perceção espacial e o acesso rápido
à informação pode muitas vezes fazer a diferença. A importância da floresta e da sua
gestão é reconhecida pelo Estado e sociedade em geral através de um conjunto de
legislação e de instrumentos de planeamento e ordenamento que estipulam, regulam e

1
condicionam a sua atividade de forma espacial, tendo em vista a preservação e
sustentabilidade dos recursos.

No nosso País são diversas as Entidades e Organismos estatais que


regulam espacialmente as atividades no território, muitas delas produtoras de
informação espacial. Esta informação encontra-se normalmente dispersa por cada
entidade, não adotando qualquer IDE, e muitas das vezes em formatos que não
permitem o seu relacionamento. A juntar a esta informação temos ainda um conjunto
vasto de informação produzida no decorrer da gestão, nomeadamente no
cumprimento dos Planos de Gestão Florestal de cada propriedade, cuja utilidade e
valor se baseia na atualidade da informação que os constitui.

Pelas razões apresentadas torna-se imperativo criar uma plataforma de cariz


florestal, comum e disponível aos diversos intervenientes, capaz de ir ao encontro da
dinâmica que ocorre neste tipo de ecossistemas, permitindo reunir informação e
disponibilizá-la de forma rápida e simples, utilizando as vantagens da perceção mental
e visual dos processos.

1.2 OBJETIVOS

Este trabalho tem como principal objetivo implementar uma plataforma


WebSIG dedicada a disponibilizar um conjunto de informação de apoio à gestão
florestal. O sistema a implementar deverá constituir-se como uma solução de baixo
custo, pelo que o recurso a software Open Source será fundamental. Ao mesmo
tempo pretende-se perceber se, ao nível dos SIG e WebSIG, o software Open Source
atualmente existente possui a maturidade e ferramentas necessárias para permitir a
implementação por pessoas com pouca experiência em programação sem
comprometer a qualidade do serviço prestado.

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação encontra-se dividida em seis grandes capítulos:

• Capítulo 1. Apresentação, enquadramento do tema da dissertação, definição


dos objetivos e sua estrutura;

• Capítulo 2. Abordagem da importância da disponibilização e do acesso à


informação por parte dos cidadãos e da forma como o desenvolvimento das
novas tecnologias de informação e comunicação se têm constituído também

2
como veículo privilegiado para a difusão de informação geográfica. Neste
contexto, fala-se ainda do interesse do conceito de visualização na perceção
de fenómenos geográficos e do surgimento dos SIG como ferramenta
tecnológica capaz de ir ao encontro dessa necessidade.

• Capítulo 3. Breve descrição do funcionamento da internet e realce da sua


importância como meio de difusão de informação geográfica. Apresenta-se o
conceito de SIG Distribuído e de WebSIG, sua arquitetura e funcionamento.
São ainda enumeradas algumas soluções Open Source e comerciais
atualmente existentes ao nível dos SIG e WebSIG, abordadas algumas
vantagens e desvantagens e feita uma referência ao Open Geospatial
Consortium e à relevância do trabalho desenvolvido no sentido de facilitar e
promover a distribuição de informação geográfica.

• Capítulo 4. Dá-se a conhecer o projeto SIAGF, o seu enquadramento, bem


como os objetivos tidos em conta durante o seu desenvolvimento. É descrita a
arquitetura do sistema e projetada a interface gráfica fazendo-se uma breve
abordagem às tecnologias envolvidas na sua implementação e à escolha da
informação a disponibilizar.

• Capítulo 5. Apresenta-se o resultado do desenvolvimento da aplicação SIAGF,


descreve-se com algum pormenor a sua interface gráfica e faz-se uma
abordagem à forma de funcionamento da aplicação e de algumas das suas
principais potencialidades.

• Capítulo 6. Descreve-se os resultados obtidos, são expostas as principais


conclusões e são abertas novas perspetivas para dar continuidade à
investigação do tema.

3
4
2 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO E A
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

2.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Este capitulo aborda a importância da disponibilização e do acesso à


informação por parte dos cidadãos, e a forma como o desenvolvimento das novas
tecnologias de informação e comunicação se têm constituído também como veiculo
privilegiado para a difusão de informação geográfica. Neste contexto, fala-se ainda do
interesse do conceito de visualização na perceção de fenómenos geográficos e do
surgimento dos SIG como ferramenta tecnológica capaz de ir ao encontro dessa
necessidade.

2.2 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Atualmente, em plena globalização, uma sociedade moderna e desenvolvida


caracteriza-se pela sua capacidade de integrar e dinamizar circuitos de informação
(JULIÃO, 1999). A sociedade da informação é um conceito que procura caracterizar
um modo de desenvolvimento social e económico em que a aquisição,
armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e
disseminação de informação, conducente à criação de conhecimento e à satisfação
das necessidades dos cidadãos e das empresas, desempenham um papel central na
atividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos
cidadãos e das suas práticas culturais (MSI, 1997). A sua importância está bem
patente na Resolução do Conselho de Ministros nº 16/96, de 21 de Março, onde é
reconhecido que "a modernização empresarial para a competição e a cooperação
internacionais, a reforma da Administração, a formação das pessoas para o trabalho, o
consumo, a saúde, a cultura, o ambiente, a cidadania ou o lazer, dependem hoje, e
crescentemente, da qualidade das redes informativas disponíveis e da capacidade de
uso efetivo da informação pelos cidadãos e pelas organizações". Trata-se portanto de
um conceito utilizado para descrever uma sociedade que faz o melhor uso possível
das TIC e que considera a informação como elemento central de toda a atividade
humana (CASTELLS, 2004).

5
Logo que se propagaram, as novas tecnologias de informação despoletaram
um sem número de aplicações e usos que, por sua vez, produziram mais inovação
tecnológica (CASTELLS, 2000). Nas últimas décadas conheceram grandes avanços,
com o aparecimento de novos programas, aumento da capacidade de processamento
dos computadores, desenvolvimento de comunicações por satélite, democratização da
microinformática e das tecnologias multimédia e, sobretudo, pela generalização de
redes mundiais de comunicação (TENEDÓRIO et al., 2003).

As TIC fazem já parte do nosso quotidiano e estão cada vez mais a alterar a
forma como se comunica, trabalha e usa o espaço e o tempo (FERREIRA, 2002).
Oferecem instrumentos úteis para comunicações pessoais e de trabalho, para o
processamento de textos e de informação sistematizada, acesso a bases de dados e à
informação distribuída nas redes eletrónicas digitais, para além de se encontrarem
integradas em numerosos equipamentos do dia-a-dia, em casa, no escritório, na
fábrica, nos transportes, na educação e na saúde (MSI, 1997).

COELHO (2000) considera que as oportunidades criadas pela espiral de


inovação permitem o desenvolvimento de novas empresas, com capacidade criativa,
adaptadas aos novos modelos organizacionais da sociedade, oferecendo emprego
mais qualificado e sustentável no longo prazo. A indústria existente, apoiada por esse
movimento de inovação, ambiciona níveis mais elevados de competitividade,
modernizando-se e obtendo ganhos de produtividade que a adequem ao novo
contexto internacional. Também o Estado estará mais aberto e transparente aos
cidadãos e às empresas, com novas formas tecnológicas, que permitam o acesso
eletrónico a informação de âmbito público, reduzindo a distância entre a administração
pública e aqueles que requerem os seus serviços.

O final do século XX foi igualmente marcado pela emergência de uma nova


forma de conectividade a nível global. Esta conectividade total, designada no nosso
dia-a-dia pelo termo internet, é consolidada pela convergência de tecnologias
informáticas e de comunicação com a procura de novas fontes de vantagem
competitiva nos processos de negócio, de maior qualidade nos serviços e eficácia nas
organizações. Este progresso tecnológico veio permitir armazenar, processar,
apresentar e comunicar informação em qualquer dos seus formatos – oral, escrita ou
visual – sem limitações de tempo e distância (FURTADO, 2006). SHAPIRO e VARIAN
(1999) referem que o valor da internet reside na sua capacidade de fornecer acesso
imediato à informação e a sua importância ultrapassa em muito as fronteiras da cultura
e da sociedade. O seu papel como plataforma de criação e distribuição de conteúdos,
perfeitamente enraizado no nosso quotidiano, tornou-se num bem de primeira

6
necessidade, essencial ao pleno desenvolvimento socioeconómico e à educação da
sociedade atual (CASTELLS, 2004).

A importância da informação é hoje universalmente aceite no seio das mais


variadas organizações, permitindo a manutenção da visão global dos dados e levando
a dar cumprimento à missão que justifica a sua existência. É por isso considerada
como um dos recursos cuja gestão e aproveitamento mais influência o sucesso das
mesmas (AFONSO, 2008). O destino de uma empresa, organização ou Estado,
embebido neste tipo de sociedade pode ser profundamente afetado por decisões
tecnológicas. Em tempos de competição tão elevada onde o ritmo das sociedade é
bastante acelerado, as decisões necessitam de ser igualmente agilizadas (GRAEML,
1998).

A evolução da sociedade moderna mede-se, entre outros parâmetros, pela


capacidade e possibilidade de acesso dos cidadãos à informação, pelo que a sua
utilidade e valor pode estar comprometida pela não distribuição ou pelo não acesso à
mesma. Da mesma forma, o seu valor é determinado pelas ações e decisões do
utilizador, não sendo por si só uma característica dos dados (FURTADO, 2006).
Segundo GOUVEIA (2004) o desenvolvimento tecnológico e as novas tecnologias não
transformam a sociedade por si só, mas são utilizadas pelas pessoas nos seus
contextos sociais, económicos e políticos, criando uma nova comunidade local e
global: a Sociedade da Informação e do Conhecimento.

2.3 INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

A sociedade da informação difere da sociedade tradicional em inúmeros


aspetos. É no entanto na sua organização geográfica que se podem encontrar maiores
dissemelhanças que, embora inquestionáveis, são difíceis de quantificar (FERREIRA,
2005).

A expressão "dados espaciais" ou "informação geográfica" refere-se a


qualquer tipo de dados/atributos que descrevam fenómenos aos quais esteja
associada alguma dimensão espacial através da sua localização efetiva sob a
superfície terrestre (FARIA, 2006). A expressão denota dados que descrevem factos,
objetos e fenómenos associados à sua localização sobre a superfície terrestre, num
certo instante ou período de tempo (CÂMARA et al., 1996).

O conceito de informação geográfica, entendido num sentido mais lato,


engloba não só informação cartográfica mas todo o tipo de informação de índole

7
quantitativa e/ou qualitativa suscetível de ser georreferenciada (JULIÃO, 1999), isto é,
informação que pode ser relacionada com localizações especificas e passível de
análise espacial (MACHADO, 1993). De acordo com SHIREY (2001) esta é
normalmente descrita através de três componentes de informação:

• Espaço - componente que descreve o espaço ocupado pelos fenómenos


representados, normalmente referenciados a um sistema de coordenadas.
Estes fenómenos são classificados num dos três tipos de elementos básicos:
ponto, linha e polígono;

• Atributos - os objetos espaciais possuem um conjunto de propriedades


associadas que indicam a sua natureza;

• Metadados - descrevem a componente espacial e não espacial, permitindo


assegurar uma correta utilização da informação geográfica.

Em verdade quase todas as organizações lidam, sob as mais diversas


formas, com informação relacionada com uma posição na superfície da Terra, e por
isso a ciência da informação geográfica é cada vez mais comum a quase todos os
sectores de atividade, utilizada para os mais diversos fins e domínios de aplicação, em
áreas tão distintas como as geociências, economia e gestão, sociologia e saúde,
engenharias e criminologia, entre muitas outras (GIOVANNI e VÂNIA, 2010).

CURRY e EAGLES (1999), consideram que o crescimento explosivo das


ciências de informação geográfica e tecnologias de informação estão a ajudar a
rescrever a forma como os objetos se configuram no espaço, uma vez que tecnologias
como o telefone ou a internet permitiram quebrar a barreira colocada pela separação
geográfica. De facto, a era digital em que nos encontramos envolve novos
paradigmas, move-se em bits em vez de átomos (FERREIRA, 2005). A informação
que flui nas redes tanto pode transportar texto, como vozes, imagens ou dados, ou até
mesmo a nossa posição exata no globo terrestre (FERREIRA, 2005). Por isso, as
novas tecnologias de informação influenciam também fortemente a ciência geográfica.

A internet é, sem dúvida, reconhecida como meio privilegiado de distribuição


de informação geográfica. O seu desenvolvimento veio trazer novas possibilidades de
acesso à informação, complementadas pela disponibilização de um conjunto de
ferramentas que facilitam a qualquer cidadão o seu acesso. JULIÃO (1999) realça a
importância de proporcionar e dotar o cidadão de um conjunto de conhecimentos
geográficos, não só em termos de utilização de tecnologia apropriada, mas também de

8
raciocínio espacial e da importância do relacionamento espacial entre os diferentes
tipos de objetos, entidades e indivíduos, formando aquilo que designa de Geocidadão
(Figura 1).

Figura 1 - Informação geográfica e sociedade da informação (Adaptado de JULIÃO, 1999).

O mesmo autor considera ainda que a sociedade de informação é, na


realidade, uma sociedade de informação geográfica ou georreferenciável. A utilização
e distribuição deve por isso fazer-se de forma equilibrada, de modo a permitir a todos
os indivíduos a participação numa sociedade igualitária, onde os fluxos do saber se
possam sobrepor aos fluxos dos interesses (FERREIRA, 2005).

Na sociedade moderna, a evolução demasiado rápida a que estão sujeitos


determinados conceitos e/ou atributos (como a escala, a distância, a paisagem e os
recursos), leva a dificuldades na perceção evolutiva de certos fenómenos espaciais
que se materializam sobre o território (FERREIRA, 2005). A necessidade de que essa
perceção geográfica se efetive faz com que haja uma procura constante de mais e
melhores técnicas que permitam a recolha, análise e processamento de dados
espaciais, bem como de meios facilitadores para a comunicação e interpretação do
conhecimento geográfico (CURRY e EAGLES, 1999).

2.4 COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO EM CARTOGRAFIA

MACEACHREN e TAYLOR (1994) refere a cartografia como sendo a


disciplina que trata da organização, apresentação, comunicação e utilização de
informação geográfica, desde a criação de mapas e produtos relacionados até ao seu
uso final. A cartografia trata portanto de expressar graficamente, por mapas, o nosso
conhecimento da superfície terrestre e dos seus vários aspetos (FERREIRA, 2005).

9
Um mapa é uma das principais formas de representação do espaço
geográfico real, de uma forma abstrata, que nos ajuda a compreender o ambiente que
nos rodeia e que envolve transformações de vários tipos (projeção, escala) de uma ou
mais características do próprio espaço (PETERSON, 1995).

Nas últimas décadas a importância dos mapas como forma de comunicação


de informação espacial tem sido incrementada pelo seu uso nas organizações e na
sociedade em geral, bem como pelos avanços tecnológicos verificados.

Inicialmente a informação geográfica era representada sob a forma de


mapas na sua forma física, nomeadamente em formato papel. A informação era
representada sob a forma de pontos, linhas e áreas, representadas sobre um suporte
opaco ou transparente, utilizando uma codificação formada por símbolos, texturas e
cores explicados numa legenda ou texto adjunto (Figura 2) (BURROUGH e
MCDONNELL, 1998).

Figura 2 - Exemplar de um dos mais antigos mapas de Portugal (1630) (IGP, 2011).

CARTWRIGHT et al. (1999) refere que este tipo de formato representa a


realidade dinâmica e complexa, de forma estática e simplificada, e como tal as
representações mentais daí retiradas podem limitar as interações do utilizador com a
realidade.

A introdução dos computadores, nos anos 60 do século XX, e o


desenvolvimento tecnológico verificado nas últimas décadas, deram inicio a uma nova
era também na cartografia. Com o aparecimento dos primeiros sistemas CAD surgiu a
cartografia digital e os mapas em papel foram substituídos por mapas em formato
digital (CNIG, 1994). Este formato de cartografia revolucionou a forma de conceção,

10
estruturação, armazenamento, manipulação, análise e publicação dos mapas
(FURTADO, 2006). Para além da sua função tradicional de representação e
comunicação de informação espacial, os produtos derivados da cartografia digital
assumiram uma nova dimensão com a possibilidade de análise e exploração dessa
mesma informação (VISVALINGAM, 1994).

O CNIG refere que a cartografia digital introduziu alterações significativas ao


nível dos produtos cartográficos, apresentando vantagens e potencialidades em
relação à cartografia analógica tradicional (CNIG, 1994), nomeadamente:

• Possibilitar o manuseamento da informação contida num mapa,


permitindo a atualização e representação de elementos gráficos com
maior rapidez;

• Facilitar a reprodução de cartas atualizadas, a diferentes escalas ou


projeções, reduzindo os preços de produção desses produtos;

• Manter a qualidade da informação uma vez que os documentos em


formato digital não se deterioram com o tempo e o uso;

• Possibilitar a navegação ao longo de uma parcela de terreno sem ser


interrompido pela fronteira artificial que constitui o limite de uma folha
de papel, introduzindo a noção de continuidade dos elementos
geográficos;

• Possibilitar a realização de ampliações e reduções, o que facilita o


trabalho sobre a informação em formato digital;

• Alterar a simbologia (cor, espessura, tipo de traço, entre outras


características) das entidades gráficas, permitindo desta forma ensaiar
novas representações simbólicas de grande importância na Cartografia;

• A estruturação da informação por camadas (layers) permite, por


exemplo, trabalhar com menos informação simultaneamente.

O avanço tecnológico aliado à cartografia digital fizeram com que os novos


mapas pudessem conter quantidades enormes de informação que pode ser filtrada e
adequada visualmente às necessidades do utilizador consoante o objetivo da análise.
A possibilidade de selecionar e visualizar as entidades de um mapa, de as poder
visualizar a diferentes escalas ou com diferente simbologia, constitui um passo em

11
frente perante aquilo que se designa por mapa interativo (Figura 3) (PETERSON,
1995).

Figura 3 - Visualização e apresentação de informação geográfica.

Independentemente do formato da informação cartográfica, a questão chave


que está no centro da constante evolução das últimas décadas tem que ver com o
conceito de visualização (ICA, 2011). O poder das imagens enquanto forma de
comunicação é sobejamente conhecido, dado que o cérebro humano está
vocacionado para processar e responder a estímulos. PETERSON (1994) considera
que esta capacidade especial deve ser o caminho a explorar também na análise e
interpretação de informação geográfica. A conjugação de diferentes técnicas e o
desenvolvimento tecnológico permitem-nos hoje aproveitar e desenvolver este
conceito, interligando princípios tradicionalmente separados (FURTADO, 2006).

2.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O paradigma da sociedade da informação, pautado pelo fluxo de informação


que conduz ao conhecimento e pelo desenvolvimento dos sistemas de informação nas
organizações, é transversal à sociedade, pelo que também no domínio da geografia e
da informação geográfica se abriram novas perspetivas (AFONSO, 2008).

O rápido crescimento e desenvolvimento socioeconómico revelaram uma


expansão das atividades humanas pelos territórios e um consequente aumento da
necessidade de recursos como a terra, ar, água e matérias-primas. Ao mesmo tempo
as sociedades humanas tornaram-se mais organizadas, não apenas para assegurar a
existência de recursos suficientes, mas para garantir o conjunto de atividades

12
complexas que acompanham os padrões atuais de desenvolvimento social e
económico. Toda esta dinâmica requer uma compreensão dos padrões espaciais e
temporais dos recursos, mas também a perceção dos processos espaciais e temporais
que regem a sua disponibilidade (BURROUGH e MCDONNELL, 1998). Para além
disso, havia também a necessidade de ferramentas de apoio que ajudassem a
resolver o problema do armazenamento e gestão do elevado volume de informação e
que permitissem análises de informação diversa, e complexa, com vista ao
desenvolvimento equilibrado da evolução humana e da sua interação com o espaço
que o rodeia (ALMEIDA, 2007).

Os SIG surgem assim naturalmente como evolução tecnológica capaz de ir


ao encontro dessa mesma necessidade. O termo é aplicado para designar um
conjunto de tecnologias que realizam o tratamento computacional de dados
georreferenciados e que oferecem ao administrador (urbanista, gestor, engenheiro) a
possibilidade de ter ao seu alcance toda a informação disponível sobre um
determinado assunto, inter-relacionando-a com base no que lhes é fundamentalmente
comum, a sua localização geográfica (FRANÇA, 2004; LLOPIS, 2005; SKRDLA, 2005)

Os SIG integram operações correntes de gestão de base de dados, como


organização, armazenamento, manipulação, pesquisa de informação e análise
estatística, com os benefícios de visualização e de análises geográficas únicas
proporcionadas pela utilização de mapas (ARANHA, 2006). Estas capacidades
distinguem os SIG de outros sistemas de informação e fazem deles uma ferramenta
valiosa e insubstituível para explicar eventos, prever resultados e planear estratégias,
permitindo aumentar prodigiosamente as capacidades humanas para conhecer a
complexidade do mundo real (MACHADO, 1993).

LLOPIS (2005) refere que a base do seu funcionamento consiste em


manipular planos de informação que representam um determinado elemento do
mundo real sobre uma base comum (Figura 4).

Figura 4 - Planos de informação manipulados por um SIG (LLOPIS, 2005).

13
Estes planos de informação podem ser de diferentes fontes e formatos e,
uma vez inseridos e integrados na base, podem ser combinados de diversas
maneiras, através de algoritmos de manipulação e análise ou simplesmente
permanecerem disponíveis para consulta, visualização e impressão (SANTIAGO et al.,
2002).

Da mesma forma que sucede para a definição de SIG a descrição dos seus
componentes não é consensual. Em termos genéricos pode considerar-se que os
componentes de um SIG se relacionam com operações como: entrada de dados;
armazenamento de dados; manipulação e análise de dados e saída de dados (VIANA,
2005). De acordo com LLOPIS (2005) é composto por um conjunto de elementos
distintos, como mostra a Figura 5.

Software: Inclui quer os Utilizadores: É o


programas de SIG quer componente mais
programas informáticos importante de um SIG
de bases de dados, Este deve desenvolver os
estatísticos, de procedimentos e definir as
processamento de tarefas do SIG.
imagens ou qualquer
outro software. Dados: A
disponibilidade e
precisão dos dados
pode afectar os

Hardware: As possibilidades resultados de

do equipamento informático qualquer análise.

afectam a capacidade de
armazenamento, a
velocidade de Procedimentos: A análise
processamento, facilidade requer métodos bem definidos
de uso e tipo de saída e consistentes para produzir
disponível. resultados correctos e
reproduzíveis.

Figura 5 - Componentes de um SIG (adaptado de LLOPIS, 2005).

As fontes de informação de um SIG são bastante diversificadas,


dependentes da área de trabalho que se está a desenvolver e para a qual foi planeado
e implementado o sistema. CORDEIRO (2010) dá alguns exemplos:

• Cartografia de base e temática, nomeadamente topográfica, litológica,


geológica, florestal e hidrográfica, entre outras;

• Dados estatísticos relativos à demografia, habitação, educação, saúde e


emprego, entre outros;

14
• Características dos dados ou dos elementos representados, fotografias ou
documentos;

• Redes de equipamentos sociais, tais como escolas, hospitais e centros de


saúde;

• Redes de infraestruturas, de transporte, distribuição de água, energia,


saneamento, entre outras;

• Imagens via satélite, fotografia aérea ou ortofotos;

• Património histórico e planos de ordenamento, entre outros.

Apesar das diferentes fontes, os dados são normalmente divididos em dois


tipos de formato: analógico (e.g. informação alfanumérica, dados de trabalho de
campo, cartografia em papel, fotografia aérea em papel, entre outros) ou digital (e.g.
imagens de satélite, dados de recetor GNSS e dados de CAD, entre outros).

Uma vez que os SIG manipulam unicamente informação em formato digital,


a existência de fontes de informação em diferentes formatos faz com que a sua
integração numa base comum seja quase sempre uma tarefa morosa, especialmente
quando se encontra em formatos pouco compatíveis com o sistema e requerem
frequentemente a sua digitalização manual (CORDEIRO, 2010).

Os programas CAD podem ser considerados a base gráfica de todos os SIG


no sentido em que permitem fazer a representação gráfica de inúmeras fontes de
informação (ARANHA, 2006). Contudo, é importante lembrar que existe uma grande
diferença entre um CAD e um SIG que tem que ver com a necessidade de, no caso do
SIG, existir em paralelo, senão em primeiro lugar, uma base de dados com códigos e
elementos descritivos dos objetos desenhados (MONTGOMERY e SCHUCH, 1993).
Quando um utilizador de SIG cria um mapa, independentemente da natureza
do tema, cria uma base de dados espacial com componentes geográfica e
alfanumérica. A primeira contém, entre outras, as posições, limites e relações
topológicas das diferentes categorias, enquanto a segunda contém aspetos relativos à
descrição qualitativa e/ou quantitativa inerente a cada categoria.

No que respeita à informação gráfica de um SIG esta pode ser representada


segundo dois modelos de dados genéricos: vetorial e raster (ou matricial).

No modelo de dados vetorial o espaço é ocupado por uma série de


entidades representadas por pontos, linhas e polígonos, descritas pelas suas

15
propriedades e cartografadas segundo um sistema de coordenadas geométricas X,Y
ou X,Y,Z no caso de se tratar de dados tridimensionais (MATOS, 2001). Uma linha é
constituída por segmentos de reta correspondentes a um conjunto de pontos
ordenados e interligados entre si. Um polígono também é definido por uma lista de
pontos ordenados onde o primeiro coincide com o último, delimitando o espaço que
encerra no seu interior (MOURA, 2005). Num modelo vetorial os objetos são estáticos
e têm fronteiras bem definidas, mas por vezes também é possível a utilização de
objetos compostos e a associação de tipologia (GIOVANNI e VÂNIA, 2010). Este tipo
de modelo esteve originalmente associado a informação proveniente de CAD ou a
processos de digitalização manual ou semi-automática e tem por norma associada
uma base de dados com informação alfanumérica que descreve os seus atributos
(LOURENÇO, 2010). O modelo vetorial é mais indicado para representação de
entidades com distribuição espacial exata (e. g. localização de pontos de captação de
água, estradas ou uso do solo) (BURROUGH e MCDONNELL, 1998). Tem uma
estrutura de dados compacta e a topologia pode ser descrita de forma explícita, o que
o torna particularmente aconselhável, por exemplo, em análise de redes de tráfico ou
geométricas (STATEMASTER, 2007).

Num modelo de dados matricial, ou raster, o espaço é composto por uma


matriz de células regulares (pixels), cuja posição é identificável pelos índices de linha e
coluna da matriz, em conjunto com a coordenada da primeira célula e com a dimensão
da mesma (MATOS, 2001). A cada célula está associado um único valor, que pode ser
discreto, como a utilização do terreno, contínuo, como a temperatura, ou um valor
nulo, se não existir informação (SMITH et al., 2007). A dimensão da matriz, ou seja, o
número de colunas e de linhas, é determinada pela resolução da imagem, i.e.,
depende da área real representada por cada célula da matriz (MOURA, 2005). Os
sistemas raster são o resultado do desenvolvimento tecnológico das ultimas décadas e
surgem como um prolongamento da aquisição de informação através de imagem:
fotografia aérea, de satélite, ou qualquer informação digitalizada ou rasterizada
(CORDEIRO, 2010; GIOVANNI e VÂNIA, 2010).

16
Figura 6 - Modelos de dados vetorial e raster (GIOVANNI e VÂNIA, 2010).

No modelo raster a informação pode ser armazenada em vários formatos,


desde uma estrutura base, como por exemplo o formato TIF, ao formato JPEG, ou até
um BLOB armazenado diretamente numa base de dados relacional. O
armazenamento em bases de dados, quando corretamente indexado, permite um
acesso rápido à informação, mas exige um espaço considerável de armazenamento
(STATEMASTER, 2007).

O modelo raster é indicado para representação de grandezas com variação


espacial continua (e.g. pressão atmosférica ou temperatura) (BURROUGH e
MCDONNELL, 1998). Tem uma estrutura de dados simples e permite a incorporação
imediata de dados de sensores remotos, para além de suportar funções de análise
espacial com recurso a algoritmos muito simples do ponto de vista conceptual
(MATOS, 2001).

Outro aspeto importante num SIG tem que ver com a relação espacial entre
elementos de um mapa. Estas relações constituem o que se designa de topologia.
Esta não é mais que um procedimento matemático para definir explicitamente relações
espaciais (BURROUGH e MCDONNELL, 1998). Os SIG armazenam relações
topológicas de modo que a maior quantidade de dados seja processada rapidamente.
Quando existem relações topológicas a capacidade de análise, modelagem de fluxos
em redes e sobreposição de aspetos geográficos, é aumentada (IPEF, 1993).

2.5.1 Projeções e Sistemas de Referenciação Espacial

As entidades representadas numa aplicação SIG são referenciadas


relativamente à sua posição no mundo real. Na superfície esférica da Terra essas
posições são geralmente medidas em termos de coordenadas geográficas (latitude e

17
longitude). Porém, numa aplicação SIG, são mais frequentemente referidas num
sistema de coordenadas plano e bidimensional, que descreve a distância a partir da
origem (0,0) ao longo de dois eixos: abcissas (X) e ordenadas (Y), que representam
respetivamente o eixo Oeste/Este e Sul/Norte (CÂMARA et al., 1996; GIOVANNI e
VÂNIA, 2010).

Pelo facto de a Terra possuir uma forma irregular, são adotados diversos
modelos para a sua representação. O geóide é uma superfície equipotencial,
aproximadamente correspondente ao nível médio das águas do mar (cota nula),
utilizado como referência para a altimetria (GONÇALVES e MADEIRA, 2008). Como a
superfície do geóide é difícil de representar matematicamente ao invés do geóide
geralmente adotam-se elipsóides como superfícies de referência, fixando um sistema
de coordenadas para cada uma destas superfícies (geóide e elipsóide). Para adotar
um determinado elipsóide como superfície de referência (referencial geodésico) é
então necessário conhecer a sua posição relativamente a um sistema físico
constituído pelo centro de massa da Terra, pela posição média do seu eixo de rotação
e por um conjunto de pontos sobre o geóide. Ao conjunto de parâmetros que
caracteriza o próprio elipsóide e o seu posicionamento relativamente à Terra, chama-
se datum (GIOVANNI e VÂNIA, 2010).

Para representar a superfície terrestre é necessária, como vimos, uma


transformação de uma superfície curva (geralmente de um elipsoide) para uma plana,
o que requer transformações matemáticas denominadas projeções. Naturalmente
estas transformações introduzem erros e distorções das formas, áreas, distâncias e
direções. Existem, por isso, muitos tipos de projeções cartográficas que se distinguem
pela sua melhor ou pior adaptação para representar determinada porção da superfície
terrestre, preservando tanto quanto possível as propriedades passíveis de distorção,
minimizando por vezes a distorção de uma propriedade em detrimento de outra
(GONÇALVES e MADEIRA, 2008).

Em Portugal foram utilizadas várias projeções cartográficas, sendo as mais


frequentes a projeção de Bonne, que mantém a proporção entre as áreas (projeção
equivalente; GASPAR, 2005) e a projeção de Gauss-Kruger (que conserva os ângulos
e as formas elementares, deformando as áreas) associadas, respetivamente, aos
elipsoides de Bessel e de Hayford, este último também designado elipsoide
internacional por ter sido adotado internacionalmente em 1924 (MATOS, 2001).
Designa-se por sistema cartográfico o conjunto de um sistema geodésico de
referência e uma projeção cartográfica. Alguns dos mais usuais em Portugal
continental são os sistemas Bessel-Bonne datum Lisboa (BBLx), também designado

18
de forma simples por Sistema Bessel-Bonne (Figura 7a), Hayford-Gauss do datum de
Lisboa (HGLx), também designado Hayford-Gauss Antigo (HGA) (CASACA et al.,
2000) (Figura 7b), Hayford-Gauss do datum 73 (HG73) ou Hayford-Gauss Moderno
(Figura 7c) e um outro, derivado do segundo, utilizado na cartografia militar, designado
Hayford-Gauss Militar (HGM) (Figura 7d), obtido por translação da origem das
coordenadas cartográficas de modo a tornar positivas as coordenadas militares no
território do continente (MATOS, 2001).

Figura 7 - Representação esquemática dos sistemas cartográficos mais usuais em Portugal


continental (OA: Observatório Astronómico da Academia de Ciências de Lisboa; PC: ponto
central; O: origem das coordenadas cartográficas) (MATOS, 2001).

Atualmente, para Portugal, e no sentido de ligar convenientemente a rede


geodésica portuguesa à rede geodésica europeia, foi adotado o sistema European
Terrestrial Reference System 1989 (ETRS89-PT/TM06), que vem substituir todos os
sistemas anteriormente usados e considerados agora como obsoletos (IGEO, 2011).
Este novo sistema utiliza uma projeção transversa de Mercator e tem como elipsóide
de referência o GRS80.

19
Convém nesta matéria fazer ainda referência ao catálogo de sistemas de
referência espacial EPSG, organismo de referência que mantém e publica o conjunto
de dados e parâmetros que permitem identificar e caracterizar a maioria dos diferentes
sistemas de referenciação espacial existentes (SRID). Estes sistemas são por norma
identificados através de códigos (código EPSG) que se encontram disponíveis através
do endereço http://www.epsg-registry.org/. A facilidade de acesso a este repositório de
sistemas fez com que a maioria do software SIG, nomeadamente os sistemas Open
Source, tenha adotado a nomenclatura do código EPSG para identificar o sistema de
referenciação espacial da informação geográfica que manipulam.

20
3 DISTRIBUIÇÃO DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA WEB

3.1 OBJETIVOS DO CAPITULO

Neste capitulo é feita uma breve descrição do funcionamento da internet e


realçada a sua importância como meio de difusão de informação geográfica.
Apresenta-se o conceito de SIG Distribuído e de WebSIG, sua arquitetura e
funcionamento. São ainda enumeradas algumas soluções Open Source e comerciais
atualmente existentes ao nível dos SIG e WebSIG, abordadas algumas vantagens e
desvantagens e feita uma referência à importância do Open Geospatial Consortium e
à relevância do trabalho desenvolvido no sentido de facilitar e promover a distribuição
de informação geográfica.

3.2 A INTERNET

A internet pode ser definida de forma simples como sendo a maior rede de
trabalho existente no mundo, que conecta computadores descentralizados fisicamente.
Alguns destes computadores são clients, muitas vezes designados por workstations, e
outros são servidores, também designados file servers. Os primeiros dizem respeito
aos computadores na rede que solicitam serviços e os segundos recebem os pedidos,
fazem o processamento e reencaminham a resposta de volta ao client.

É no entanto possível, em muitos locais de trabalho, encontrar redes mais


simples e pequenas constituídas por grupos de computadores relativamente próximos
e ligados entre si, através de hardware especifico ou cabos, criando um tipo de rede
normalmente designada de Local Area Networks (LAN). No caso de a rede se
estender por grandes distâncias, ligando áreas geográficas separadas, é possível a
existência de diversas redes locais, ligadas entre si através de um sistema de
comunicação que pode passar pela banda larga (ADSL), conexões de banda mais
rápida ou mesmo fibra ótica. A este grupo completo de redes locais interconectadas
entre si dá-se também o nome de Wide Area Network (WAN) (Figura 8).

21
Figura 8 - Esquema representativo de redes LAN e WAN (WIKI, 2012).

Como rede de trabalho massiva, a internet torna possível a ligação de todos


os computadores existentes independentemente da sua localização. GIOVANNI e
VÂNIA (2010) fazem uma analogia entre a internet e uma rede rodoviária: "existem
estradas principais, que servem para ligar pontos estratégicos, a partir das quais
existem estradas/ligações secundárias que ligam a localizações mais pequenas, e por
aí adiante, até chegar a praticamente todo o lado".

A comunicação entre computadores é feita através de uma linguagem


específica que permite identificar cada computador ligado à rede e que garante que a
informação enviada chega ao computador pretendido. Esta linguagem de
comunicação, vulgarmente designada IP, engloba igualmente um sistema de regras
que regem o comportamento da internet em determinadas situações (TCP -
Transmission Control Protocol), garantindo que não existam falhas de comunicação ou
mal entendidos na comunicação entre computadores. Uma vez ligada à internet, cada
máquina (computador ou servidor - host) é identificada por um endereço IP único. Este
endereço é atualmente composto por quatro conjuntos de números (por exemplo:
280.191.19.333). Alguns servidores possuem um endereço IP fixo (ou estático),
enquanto outros possuem endereços dinâmicos (atribuídos cada vez que é efetuada
uma conexão). Independentemente da forma como os endereços IP são obtidos, não
existem dois computadores com o mesmo número a funcionar ao mesmo tempo.

O mais interessante da internet não é a própria internet, mas as aplicações


que a acompanham. A aplicação mais popular é sem dúvida a WWW (World Wide
Web), mas existem muitas outras, nomeadamente o correio eletrónico, ou E-mail
(SMTP - Simple Mail Transfer Protocol), transferência de ficheiros (FTP - File
Transfere Protocol) e canais de conversação (IRC - Internet Relay Chat) entre outras.

22
Todas elas têm em comum o facto de usarem o protocolo IP para comunicarem
através da internet.

Os endereços IP são a única forma de especificar/identificar uma máquina


ligada à net, pelo que se quisermos comunicar com um servidor Web, por exemplo,
precisamos especificar o seu endereço IP. Apesar disso, quando navegamos na
internet, raramente especificamos o endereço IP. Ao invés indicamos um hostname do
tipo www.utad.pt.

O relacionamento dos hostnames aos endereços IP é feito através de um


mecanismo denominado DNS, de forma que ao especificarmos um endereço de
destino, o browser envia um pedido de resolução de endereço ao servidor DNS, para
saber qual o endereço IP associado a essa máquina (host). O servidor DNS envia
então o endereço IP associado, e o browser pode usá-lo para comunicar diretamente
com esse host. Apesar de ser possível a ligação a um servidor através do seu
endereço IP, a ligação via DNS tem como objetivo facilitar a memorização do
endereço.

A aplicação internet-based mais utilizada atualmente é, como já foi referido o


WWW, e pode-se dizer que o recente aumento do interesse pela Internet é o resultado
do crescente desenvolvimento dessa aplicação. O WWW é construído sobre um
protocolo denominado HTTP, projetado para ser um protocolo pequeno e rápido, bem
adaptado para sistemas de distribuição e informação multimédia e hypertext jumps
entre sites. A Web consiste em páginas de informação em máquinas (hosts) que
executam o servidor Web. Muitas vezes o host em si é referido como sendo o servidor
Web, o que é tecnicamente incorreto. O servidor Web é um programa que serve
páginas Web, mediante solicitação. Normalmente quando um utilizador, num endereço
IP especifico, faz um determinado pedido de um ficheiro, o servidor Web tenta
recuperar o ficheiro e enviá-lo para o utilizador. O ficheiro solicitado pode ser o código
HTML (Hypertext Markup Language) de uma página Web, uma imagem GIF, um
ficheiro Flash, um documento XML (Extensible Markup Language), ou outro. É o
browser que determina o que deve ser solicitado, e não o servidor Web. O servidor
simplesmente processa o pedido.

É importante salientar que os servidores Web, normalmente, não se


preocupam com o conteúdo desses ficheiros. O código HTML de uma página Web, por
exemplo, é processado pelo browser e não pelo servidor Web. O servidor, por sua vez,
devolve a página solicitada tal como ela se encontra, independentemente da página e

23
do que ela contém. Se existirem erros de sintaxe HTML no ficheiro, os erros serão
devolvidos juntamente com o resto da página.

Quando é solicitada uma página a um servidor Web através da internet, é


estabelecida uma conexão IP entre o computador que faz o pedido e a máquina que
está a executar o servidor. A página Web solicitada é enviada através dessa conexão,
que é interrompida logo que a página é recebida. Se a página recebida contiver
referências a informações adicionais que devam ser descarregadas (por exemplo:
imagens GIF ou JPEG), cada uma delas será descarregada usando uma nova
conexão. Por isso, para descarregar a totalidade de uma página Web com cinco fotos,
são necessários pelo menos seis pedidos/acessos.

Os servidores Web são, por norma, simples e tudo o que fazem é servir
páginas. Não permitem interagir com uma base de dados, personalizar as páginas
Web, processar os resultados enviados por um utilizador através de um formulário, ou
qualquer outra tarefa. Para aumentar as capacidades do servidor Web e permitir a
execução desse tipo de operações, são necessários servidores de aplicações Web
(Web application servers), que são software que estende o servidor Web,
permitindo-lhe executar tarefas que não poderia desempenhar por si só. Quando um
servidor Web recebe uma solicitação de um browser, este analisa o pedido para
determinar se se trata de uma simples página Web ou uma página que precisa de
tratamento por um servidor de aplicações Web. Por outras palavras, os servidores de
aplicações Web são pré-processadores de páginas. Processam a página solicitada
antes de esta ser enviada de volta para o cliente (browser), e ao fazê-lo abrem a porta
para que os programadores façam todo o tipo de operações no servidor, tais como
realizar pesquisas, alterar as suas páginas on-the-fly com base na data, hora, primeira
visita, e muitas outras opções.

O armazenamento da informação na WWW é feita em páginas que podem


conter texto, títulos, cabeçalhos, listas, menus, tabelas, formulários, imagens, scripts,
folhas de estilo e multimédia. Estas páginas são construídas usando uma série de
tecnologias que são processadas e exibidas pelos navegadores Web (browsers).

Os Web browsers são programas "amigáveis" usados para aceder a sites e


páginas Web e têm como tarefa processar as páginas Web recebidas e exibi-las ao
utilizador, com tudo aquilo que elas contêm.

As páginas Web são ficheiros de texto construídos usando linguagem HTML,


que é implementada através de uma série de etiquetas (tags) normalmente fáceis de
aprender. Os browsers usam essas etiquetas para processar e exibir as informações a

24
visualizar. As páginas da Web podem também conter hypertext jumps, que são links
para outras páginas ou Web sites.

Cada página na WWW tem um endereço, aquele que habitualmente


digitamos no browser para instrui-lo a carregar uma página Web em particular. Estes
endereços são chamados URL, e não são apenas utilizados para identificar páginas
ou objetos da WWW. Por exemplo os ficheiros num servidor FTP também têm
identificadores URL. Os URL da WWW consistem em seis partes, ou menos, conforme
explicado na Figura 9.

Figura 9 - Componentes de um URL.

3.3 OS SIG DISTRIBUÍDOS

A crescente importância das novas tecnologias de informação e


comunicação, nomeadamente a internet e em particular o seu serviço WWW veio
permitir o acesso público e virtual às tecnologias e à informação, levando a que, quer o
número de utilizadores, quer o número e variedade de produtores de informação,
tenham tido um crescimento exponencial (GONG, 2000; PENG e TSOU, 2003;
ALMEIDA, 2007). A par desta crescente evolução, também as ferramentas SIG se
adaptaram e constituem-se atualmente como potenciais apoios na prestação de
serviços dinâmicos e inovadores ao cidadão.

O contexto de generalização do uso da internet, e o seu consequente


desenvolvimento, fez com que os SIG deixassem de ser sistemas fechados e
centralizados em aplicações desktop, assistindo-se agora ao desenvolvimento de um
novo conceito, os SIG Distribuídos, que de acordo com PENG e TSOU (2003) estão
comummente associados ao desenvolvimento dos SIG na internet mas incluem
também os SIG em tecnologias móveis (Figura 10).

25
Figura 10 - Distribuição de informação geográfica via Web (Adaptado de DANGERMOND,
2008).

Surgem assim novas ferramentas e funcionalidades orientadas para a


distribuição de informação geográfica, nomeadamente através de tecnologia WWW,
independentemente do seu formato, como mapas, imagens, bases de dados,
operações de análise e relatórios, entre outros (GONG, 2000; MATHIYALAGAN et al.,
2005). Também os componentes do SIG são agora descentralizados e distribuídos por
vários computadores numa LAN ou na internet (CONDEÇA, 2009).

BARRIGUINHA (2008) refere que os SIGD são a junção de duas poderosas


tecnologias: os SIG, analisando e integrando, e a internet, fornecendo conectividade a
um nível global. Segundo PLEWE (1997) ou LONGLEY et al. (2005) os SIGD
permitem a distribuição de informação geográfica para uma vasta audiência,
familiarizada ou não com a tecnologia SIG, mantendo e permitindo, na sua forma mais
evoluída, funcionalidades similares às existentes num ambiente SIG centralizado. Para
o efeito bastará possuírem um computador com ligação à internet criando-se a
possibilidade de acesso a aplicações e funcionalidades SIG, através de browsers, sem
necessidade de aplicações específicas, e à disponibilização de soluções
independentes da plataforma utilizada pelo cliente (NOBRE, 2009).

Um SIGD tem como objetivo fundamental disponibilizar acesso facilitado a


informação geográfica e a ferramentas de modelação e processamento, a uma dada
comunidade de utilizadores. Oferecem, como a própria designação indica, uma
arquitetura aberta e distribuída para disseminação de dados espaciais e aplicações
Web de processamento na internet. Esta característica faz com que as organizações
facilmente distribuam conteúdos e aplicações de geoprocessamento sem grandes

26
restrições de tempo e custo para os seus utilizadores ou consumidores (BATISTA,
2011)

PENG e TSOU (2003), FARIA (2006) e ALMEIDA (2007) destacam algumas


potencialidades que caracterizam a WWW e que passaram a ser incorporadas na
informação geográfica, nomeadamente:

• Maior acessibilidade: qualquer utilizador de internet pode agora disponibilizar


ou descarregar informação, de forma simples e rápida, com benefícios tanto
para os produtores como para os utilizadores;

• Maior facilidade de atualização: ao basear-se numa arquitetura cliente-servidor,


a informação geográfica disponibilizada através da WWW pode beneficiar das
vantagens de um controle centralizado dos dados, permitindo que, através de
um único ponto de manutenção, se consiga garantir a alteração e atualização
imediata dos dados, disponibilizados para qualquer cliente WWW em tempo
quase real;

• Meio de transmissão de informação: para além de melhorar a acessibilidade, a


internet pode também suportar o acesso distribuído à informação geográfica,
isto é, torna possível o acesso à informação geográfica sem no entanto ser
necessário descarregá-la previamente para o computador local;

• Redução de custos: do ponto de vista do produtor, a publicação e distribuição


de informação geográfica através da internet representa uma poupança
significativa relativamente aos meios e processos tradicionais, uma vez que os
custos de impressão e de distribuição são transferidos para o utilizador. O facto
de não ser necessário possuir qualquer software comercial e especifico de
informação geográfica é também uma mais valia.

Apesar das inúmeras vantagens que a Web adiciona ao SIG, esta traz
também alguns inconvenientes. BONNICI (2005) refere que o maior pode ser a
velocidade, da qual dependem fatores como a capacidade de conexão da internet, o
volume de dados ou o tráfego na rede. Para além disso, por norma, um SIG faz muito
uso da componente gráfica, normalmente exigente em termos de processamento, pelo
que a conexão de internet pode tornar as operações bastante lentas para os
utilizadores (ALESHEIKH et al., 2002). Sobretudo pelas limitações referidas, algumas
tecnologias distribuídas não conseguem ainda atingir a complexidade de programas
dedicados como ArcGIS®. Por outro lado, estas novas tecnologias Web não

27
necessitam dos mesmos recursos que estes programas dedicados. Computadores
poderosos, treino intenso e licenças caras são por norma ultrapassáveis numa solução
SIGD.

ALMEIDA (2007) descreve muito bem o seu funcionamento: "Quando um


utilizador faz um pedido de um mapa através da internet, é enviada uma mensagem
ao servidor Web que a lê e a reconhece como sendo um pedido SIGD, e processa-a
numa instrução interna que é passada ao processo SIG, que finalmente a executa. O
mesmo processo devolve o resultado ao SIGD, sob a forma de mapa, texto ou tabela,
que procede à formatação da apresentação dos dados num formato internet Standard,
no qual se destaca a linguagem GML.

3.3.1 Os WebSIG e a publicação de dados geográficos na Web

As aplicações SIGD, nomeadamente os SIG de internet, dispõem de


diversos níveis de tecnologia para publicar dados geográficos na Web, que vão desde
a simples publicação de dados, imagens ou mapas estáticos, até sites mais
sofisticados, que suportam mapas dinâmicos e mapas interativos personalizados até
plataformas multi-computador e multi-sistema operativo (ALESHEIKH et. al., 2002;
MITCHEL, 2005; PENEV, 2006; BARRIGUINHA, 2008).

Como muitas outras tecnologias de informação em rápida evolução, em


resultado dos vários níveis de complexidade possíveis, é fácil encontrar alguma
confusão e o uso inconsistente de terminologias ao abordar a partilha de conjuntos de
dados geoespaciais "online". De facto a terminologia é variada: internet GIS (PENEV,
2006), WebMapping (GIOVANNI e VÂNIA, 2010), Web-based GIS (AL-SABHAN,
2003), Informação Geográfica Distribuída (PLEWE, 1997) ou WebGIS (LUCCIO, 2008)
designado em português pelo termo WebSIG. Esta questão encontra-se debatida por
MATHIYALAGAN et. al. (2005) que considera que SIGD é, efetivamente, o termo mais
abrangente. As restantes terminologias estão normalmente associadas ao maior ou
menor nível tecnológico da aplicação, intimamente relacionado com a funcionalidade e
interatividade disponível para o utilizador através da internet (Figura 11).

28
Figura 11 - Funcionalidade e interatividade dos SIGD ( adaptado de PENG e TSOU, 2003).

Para este estudo, em particular, importa realçar o conceito de WebSIG.


PENG e TSOU (2003) refer que um WebSIG é um SIG Distribuído através de uma
rede de computadores para integrar, divulgar e comunicar informação geográfica na
WWW. Esta será a definição adotada para este trabalho.

Apesar das diferentes terminologias, as soluções aplicacionais apresentam a


mesma base tecnológica, fazendo uso das mesmas tecnologias em que se baseia a
rede global da internet, nomeadamente o conjunto de protocolos de comunicação
entre computadores em rede, a que chamamos genericamente TCP/IP (Transmission
Control Protocol/Internet Protocol), e o protocolo HTTP para transmissão dos dados a
nível aplicacional, inicialmente vocacionado para transmitir páginas Web (RAMOS,
2009).

3.3.2 Arquitetura e componentes de um WebSIG

Os WebSIG adotam por norma uma arquitetura cliente/servidor de três ou


mais níveis/camadas (three-tier ou n-tier) (PENG e TSOU, 2003; DAVIS JR. et al.,
2005).

A arquitetura cliente/servidor (Figura 12) refere-se a um modelo


computacional onde dois ou mais computadores interagem de modo a que um solicita
serviços (cliente) e outro oferece os serviços solicitados (servidor) (GORNI et al.,
2007). GÓIS (2002) aborda algumas das suas principais características:

• Cliente - é a componente que interage com o utilizador através de uma


interface, gráfica ou não, permitindo consultas ou a execução de comandos

29
para recuperação de dados e análise. Representa o meio pelo qual os
resultados são apresentados e é o processo ativo na relação cliente/servidor.
Ele inicia e termina as conversações com os servidores, solicitando serviços
distribuídos, e não se comunica com outros clientes;

• Servidor - denominado servidor ou “back-end”, é a entidade que fornece um


determinado serviço que fica disponível para todo o cliente que o necessite. A
natureza e a função do serviço são definidos pelo objetivo da aplicação
cliente/servidor. Além disso, é o processo reativo na relação cliente/servidor.
Recebe e responde às solicitações dos clientes, não se comunica com outros
servidores enquanto estiver desempenhando o papel de servidor, presta
serviços distribuídos e pode atender a diversos clientes simultaneamente.

Figura 12 - Esquema de funcionamento de uma arquitetura cliente/servidor.

No caso dos WebSIG a arquitetura acrescenta uma camada intermédia entre


a camada do cliente e a camada do servidor, que recebe o nome de middleware, ou
servidor de aplicações (application server) que pode, neste caso, agir também como
cliente (DAVIS JR. et al., 2005). Nesta arquitetura os programas que formam o nível
de processamento e o armazenamento de dados residem em servidores separados
(Figura 13). Assim, a componente de visualização encontra-se na máquina do cliente,
a componente lógica no servidor de aplicações, ou servidor Web, e os dados num
servidor de dados (PENG e TSOU, 2003).

30
Figura 13 - Arquitetura de três camadas (Adaptado de ELSMASRI e NAVATHE, 2004).

Nos WebSIG mais desenvolvidos, e onde se exige um melhor desempenho,


é usual que o armazenamento de dados se faça por mais que um servidor,
introduzindo pelo menos mais um servidor especifico para a componente espacial
(servidor de mapas). Estamos assim perante uma arquitetura de quatro ou mais
camadas (multi-camadas ou n-tier).

O sistema WebSIG materializa-se através de protocolos pré-definidos, onde


o cliente envia um pedido ao servidor (Figura 14) através de um browser de internet
(1), recorrendo a uma aplicação programada com linguagens compatíveis com
sistemas de informação Web (2). De seguida, o servidor de mapas (3) interpreta o
pedido, adquire os dados pretendidos e armazenados no servidor de dados (4),
manipula-os, produz uma imagem (5) e envia-os ao cliente via HTTP (6) (CONDEÇA,
2009).

31
Figura 14 - Principais componentes de um WebSIG (CONDEÇA, 2009).

O cliente serve como interface para que os utilizadores possam interagir com
os dados espaciais e com as funções de análise fornecidas pelo WebSIG (CONDEÇA,
2009). Em contraste com os SIG presentes nos computadores pessoais (SIG Desktop)
que utilizam a interface gráfica do utilizador para construir o cliente, no WebSIG a
internet é o seu cliente. Dependendo do grau de interatividade, os clientes podem ser
constituídos por simples página HTML ou, para o caso de páginas dinâmicas, com
maior grau de interatividade, podem ser utilizados clientes que utilizem HTML
dinâmica, recorrendo a extensões que vêm complementar e aumentar as
competências do explorador de internet (MOURA, 2006). Exemplos destas extensões
do lado do cliente são Java applets e controlos ActiveX (PENG e TSOU, 2003;
BARRIGUINHA, 2008).

O servidor de internet, usualmente designado por servidor HTTP, permite


responder às requisições dos browsers de internet via HTTP e serve páginas Web ao
cliente na forma de texto, imagem, folhas de estilo e scripts (DHAKAL, 2010). São por
norma páginas estáticas. Quando as funcionalidades ou o grau de interatividade
exigidos são superiores ao que pode ser oferecido pelo HTML, nomeadamente para
páginas dinâmicas, também do lado do servidor é usual recorrer a extensões como por
exemplo PHP, ASP ou JSP (MOURA, 2006). Segundo PENG e TSOU (2003), no
caso de um WebSIG, as principais funções do servidor de aplicações passam pelo

32
estabelecimento, manutenção e termo da ligação entre o servidor de internet e o
servidor de mapas.

O servidor de mapas, também designado de IMS é muitas vezes referido


como a componente central de um WebSIG, uma vez que é ele que processa os
pedidos dos clientes e gera resultados (CONDEÇA, 2009). Este componente fornece
funções tradicionais específicas dos SIG que podem incluir entre muitos outros, os
filtros de pesquisa, serviços de geocodificação, análise espacial, criação de mapas e
gerar e transmitir os mapas para o cliente baseados nos pedidos do utilizador. O
output de um servidor de mapas pode ser feito de duas formas: diversos níveis de
informação filtrada enviados para o cliente para manipulação por parte do utilizador ou
uma simples imagem num formato gráfico (e.g. JPEG, GIF, TIFF) (PENG e TSOU,
2003).

Por fim, o servidor de dados é aquele que fornece os dados espaciais e não
espaciais através de um sistema de gestão de base de dados, relacional ou não
relacional, permitindo o acesso e gestão dos mesmos por intermédio de linguagem
SQL (BARRIGUINHA, 2008).

3.4 INTEROPERABILIDADE E O OPEN GEOSPATIAL CONSORTIUM

Os dados geográficos fazem atualmente parte do quotidiano da maioria das


ciências, organizações e empresas, pelo que a quantidade de informação produzida e
disponível em formato digital é bastante elevada e aumenta consideravelmente em
cada ano. Também o desenvolvimento tecnológico e a melhoria dos canais de
informação tem permitido o surgimento de novos softwares e hardwares na área dos
SIG (BRANDÃO et al., 2007; SILVA, 2008).

CONDEÇA (2009) refere que a proliferação de diferentes sistemas de


informação proprietários, com estruturas de base próprias e diferentes modelos
conceptuais, tem criado problemas na partilha de informação geográfica, devido à
existência de formatos incompatíveis e à dificuldade de acesso aos diversos recursos
através de um único interface, simples e gratuito. Estes problemas incluem, por
exemplo, distorção de dados, perdas de qualidade da informação e de definições de
atributos e informação sobre georreferenciação (CASANOVA et al., 2005).

A integração de informação geográfica disponível em diferentes formatos


levanta a necessidade de criar mecanismos de resolução de incompatibilidades, tendo
em vista facilitar a partilha e reutilização de informação (GONÇALVES, 2010). Assim,

33
importa destacar o papel de algumas Fundações, em particular do Open Geospatial
Consortium (OGC), para alterar este panorama.

A OGC é uma organização internacional sem fins lucrativos que foi fundada
em 1994 e que tem como membros empresas de software proprietário, entidades
governamentais e universidades que, em conjunto, desenvolvem processos para criar
especificações abertas e públicas (OpenGIS® Specifications) para interfaces que
suportem soluções interoperáveis e que possam ser disponibilizadas via WebSIG,
wireless ou através de mainstreams (OGC, 2011). Segundo GOODCHILD et al (1997)
a interoperabilidade tem como principal objetivo padronizar as funcionalidades dos SIG
por forma a permitir o acesso e a partilha de informação geográfica num ambiente em
rede recorrendo a um interface universal. Como organização, considera-se altamente
representativa do atual empenho de organizações governamentais, universidades e
empresas, incluindo as principais produtoras de software SIG, na obtenção de normas
na área da informação espacial e dos “Web Services para informação geográfica”
(ALMEIDA, 2007).

A OGC apresenta como objetivos estratégicos (OGC, 2011):

• Providenciar normas livres e abertas ao mercado e demais utilizadores;

• Liderar a nível mundial a criação e o estabelecimento de normas que permitam


que conteúdos geoespaciais e serviços possam ser suavemente integrados
nos processos de negócio das empresas e do público em geral;

• Facilitar a adoção de arquiteturas geoespaciais abertas, no ambiente das


empresas;

• Promover normas para suportar a formação de novos mercados e de


aplicações tecnológicas geoespaciais;

• Acelerar a assimilação por parte do mercado da interoperabilidade.

Com efeito, são já várias as especificações desenvolvidas pela OGC,


utilizadas por diferentes sistemas (livres e proprietários), das quais se destacam:

• WMS (Web Map Service) – Esta especificação define um serviço para a


produção de mapas na internet cujas representações podem ser em formatos
de imagem, como PNG, GIF e JPEG, ou em formatos vetoriais, como o SVG
criado pela W3C. Não permite operações de manipulação de dados, quer seja
para adequar a sua simbologia quer para efetuar operações de

34
geoprocessamento (OGC, 2011). Quando o cliente requisita um mapa
utilizando o serviço, um conjunto de parâmetros deve ser passado ao servidor,
nomeadamente as camadas desejadas, os estilos a aplicar sobre as camadas,
a área de cobertura do mapa, a projeção ou sistema de coordenadas
geográficas, o formato da imagem gerada e também o seu tamanho (FARIA,
2006; GRISI et al., 2009).

• WFS (Web Feature Service) – Esta especificação está orientada para a


manipulação de dados a partir de plataformas computacionais distribuídas e de
acesso através da internet (MOURA, 2006). Neste caso o servidor envia ao
cliente dados sob a forma vetorial, permitindo ao cliente manipular a
informação recebida, gravar ou exportar para outros formatos e efetuar
operações de geoprocessamento: o formato de receção dos dados é o GML
(standard OGC) (CONDEÇA, 2009). O serviço pode ser implementado pelo
servidor em duas versões: básica, onde apenas operações de consulta ficam
disponíveis, ou transacional, que implementa o serviço completo, que inclui
operações de inserção, remoção, atualização, a par da consulta de objetos
(entidades) geográficos (FARIA, 2006; GRISI et al., 2009). O serviço WFS-S
constitui um caso especifico do serviço WFS que oferece a possibilidade de
localizar um objeto geográfico a partir da sua designação e consultar os
atributos que lhe estão associados.

• WCS (Web Coverage Service) – este serviço vem fazer para os dados
matriciais o mesmo que o WFS fez para os dados vetoriais. Isto é, o cliente,
para uma determinada extensão geográfica, solicita os dados WCS, que lhe
são transferidos de forma manipulável, quer em termos de simbologia quer em
termos de operações de geoprocessamento (ALMEIDA, 2007).

• GML (Geography Markup Language) – baseado em XML foi desenvolvido para


permitir a transferência e armazenamento de dados entre o servidor e o cliente.
Permite armazenar, transportar, processar e transformar informação
geográfica.

• SLD (Styled Layer Descriptor) – trata-se de um esquema em XML usado para


descrever a simbologia existente nos mapas.

• CSW (Catalogue Services for the Web) – este serviço permite a pesquisa de
informação geográfica a partir dos metadados que a definem.

35
SILVA (2008) refere que a utilização da internet para acesso e partilha da
informação geográfica veio acelerar o processo que permite ao utilizador utilizar e
manipular informação, independentemente da sua origem e formato, conduzindo ao
desenvolvimento dos Web Services (interface que descreve um conjunto de operações
na internet recorrendo a diversas normas, destacando-se o XML, SOAP, WSDL e
UDDI).

3.5 SOFTWARE SIG OPEN SOURCE, FREE E COMERCIAL

De acordo com RAMSEY (2007) um software Open Source pode ser


definido como aquele cujo código fonte se encontra disponível para ser modificado e
distribuído pelo público em geral. O conceito foi criado pela Open Source Iniciative
(OSI) com base no projeto da Free Software Foundation (FSF) promotor do também
conhecido Free Software. O projeto GNU considera que estes são dois movimentos
distintos, com diferentes filosofias e valores, referindo que apesar de divergirem nos
seus princípios, na prática são muito semelhantes (GNU, 2011). O Open Source é
visto como uma metodologia de desenvolvimento enquanto o Free Software é
sobretudo visto como um movimento social e uma questão de ética. STEINIGER e
BOCHER (2009) ultrapassam as diferenças ideológicas e associam os dois conceitos
em Free and Open Source Software (FOSS). O mesmo autor considera que a força de
um projeto FOSS é dado pelas potencialidades técnicas do produto mas também pelo
tamanho e maturidade da comunidade que o suporta e que contribui para o seu
desenvolvimento. Esta comunidade pode ser formada por pessoas individuais,
universidades, fundações ou mesmo empresas detentoras de software proprietário e
comercial como a IBM, HP e Dell, entre outras.

Em Portugal é normalmente utilizado arbitrariamente a designação “software


aberto”, “software livre”, “software de fonte aberta” ou "Open Source" para se referir ao
conceito de FOSS.

Quando um projeto de produção de um programa qualificado como software


aberto começa, existe por norma apenas um programador ou um pequeno grupo que
a ele se dedica. O projeto começa por ser publicitado num qualquer fórum na internet
e depois, se surgirem outros programadores interessados, cria-se um endereço na
internet para o projeto. A comunidade de contribuidores começa então a crescer e o
que era um simples projeto evolui para um programa cada vez mais funcional
(TREZENTOS e SIMÃO, 2004).

36
Em lado oposto ao software aberto temos o software normalmente
designado comercial ou proprietário. Aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação
é, em alguma medida, proibido pelo seu proprietário. É normalmente desenvolvido por
uma equipa dedicada, geralmente associada a empresas especificas, onde a
componente económica é o fator primordial do seu desenvolvimento, que se manifesta
claramente pelos seus direitos de autor. No caso do software proprietário, quando se
adquire um produto não se está a comprar o software, mas sim a adquirir uma licença
para a utilização do mesmo. A propriedade do software permanece com o produtor.

Apesar de "livre" o software de código aberto também pode ser "licenciado".


Estas licenças permitem definir explicitamente os direitos legais dos utilizadores e a
sua liberdade de executar, estudar, modificar, redistribuir e aceder ao código fonte do
software. A execução deste tipo de licenças é importante para proteger os direitos
legais dos seus utilizadores e ao mesmo tempo garantir as liberdades de
desenvolvimento do próprio software (TSOU e SMITH, 2011). Das várias licenças
aprovadas pela FSF e OSI, as mais conhecidas são provavelmente a GPL, LGPL,
BSD dentro da qual existem diversas derivações (por exemplo, NetBSD, FreeBSD), e
a licença MIT. O conteúdo das várias licenças pode ser aprofundado em TREZENTOS
e SIMÃO (2004).

O desenvolvimento de software Open Source tem experimentado um largo


desenvolvimento ao longo dos últimos anos e é transversal a quase todas as áreas do
conhecimento. Pode ser encontrado nos computadores desktop a partir de
processadores de texto (e.g. OpenOffice.org), navegadores Web (e.g., Mozilla Firefox),
editores de imagens (e.g. Inkscape), aplicações científicas (e.g. Projeto R),
modeladores 3D (e.g. Blender), editores de texto (e.g. Notepad++), entre muitos
outros.

Devido a diferentes formas de desenvolvimento, podem retirar-se muitos


benefícios no uso do software Open Source em detrimento do software proprietário
(Quadro 1). Todavia, antes da sua adoção, é igualmente importante estar ciente de
alguns riscos ou desvantagens que a sua escolha pode acarretar (Quadro 2). Tendo
por base TREZENTOS e SIMÃO (2004) enumeram-se alguns deles:

37
Quadro 1 - Principais vantagens do software Open Source em relação ao comercial.

Mais configurável e flexível e por isso mais capaz de suprir as necessidades


Flexibilidade individuais ou de uma organização.

Custo e Inexistência de O software Open Source é frequentemente entendido como software


problemas de passível de ser obtido gratuitamente ou a um preço comparativamente mais
baixo. Pode ser instalado o número de vezes que se entender, para os
licenciamento propósitos que se entenderem, sem correr o risco de infringir a lei.

Conformidade com as
Hoje, a maioria das aplicações classificadas como software Open Source
normas da indústria encontram-se em conformidade com normas internacionais.

O software Open Source promove a interoperabilidade em dois sentidos.


Interoperabilidade com Por um lado, ao seguir as normas internacionais, garantem a fácil troca de
dados e ficheiros entre aplicações. Por outro, dado que o código fonte é
sistemas existentes
disponibilizado, torna-se fácil a uma outra aplicação saber em que formato
devem os dados entrar ou sair.

Segurança O facto de o código estar disponível permite detetar falhas e vulnerabilidades


mais facilmente.

Rápido
No mundo do software Open Source, em que o código fonte dos programas
desenvolvimento e é permanentemente escrutinado, a deteção e correção de falhas é feita a um
correção de falhas ritmo superior àquele do software proprietário.

A possibilidade de trabalhar o código fonte permite que o mesmo sistema de


Escalabilidade software evolua facilmente de um pequeno projeto para um grande projeto,
sem grandes custos.

Quadro 2 - Principais desvantagens e riscos do software Open Source em relação ao


comercial.

Certas aplicações podem provir de círculos de desenvolvimento


Possibilidade de
demasiado pequenos que não tenham captado o interesse de
proveniência duvidosa programadores experientes, resultando em aplicações mal programadas
e, consequentemente, pouco fiáveis
Uma vez que o código fonte é disponibilizado de forma aberta existe
Risco de fragmentação sempre a possibilidade de surgirem fragmentações do projeto base, o que
pode levar ao surgimento de versões incompatíveis.

A instalação é por norma mais complexa, implica a instalação de um


Problemas de instalação conjunto de softwares que raramente vêm instalados por defeito nas
máquinas atuais.

O software aberto surge, regra geral, de meios altamente especializados


em que a documentação requerida é mínima, mas altamente técnica, o
Pobre documentação de
que acaba, por ser um entrave à expansão deste tipo de software em
suporte meios menos técnicos, como no caso dos utilizadores com menores
competências na área.

Continua na página seguinte...

38
Quadro 2 - Principais desvantagens e riscos do software Open Source em relação ao comercial (Continuação).

Alguns consultores em segurança informática consideram que o facto do


código deste software ser aberto, pode conduzir a que as suas falhas se
Problemas de segurança tornem mais aparentes, advogando que a melhor política de segurança
em relação ao software é a "segurança pelo segredo".

O suporte deste tipo de software é feito normalmente por duas formas:


por alguém altamente especializado na área, ou então através da internet
Suporte técnico escasso e listas de correio eletrónico. Este último meio funciona bem nos casos
em que o projeto envolve já uma grande comunidade.

Em caso de falha do software não existe ninguém que possa ser


Ausência de abrigo legal processado pelos danos, ou pelo mau funcionamento, como pode
acontecer no caso do software proprietário.

As organizações, em geral, mostram alguma relutância em usar software


Inexistência de pertença a que não tenha emergido de organizações comerciais respeitáveis. Assim,
a falta de pertença a uma organização reputada é um risco inerente ao
uma organização
software aberto.

Não existe um plano estratégico para o software aberto como um todo


global. As funcionalidades que vão sendo implementadas não obedecem
a um calendário estratégico, como acontece com o software proprietário.
Incerteza estratégica Estas vão sendo implementadas à medida que os utilizadores e
programadores deste tipo de software se vão apercebendo da utilidade
das mesmas e as vão desenvolvendo.

Ao nível dos WebSIG, e dos SIG em geral, tem também surgido diversas
soluções tecnológicas, tanto proprietárias como Open Source, para a sua
implementação (Quadro 3).

Quadro 3 - Algumas soluções tecnológicas, comerciais e Open Source, para a implementação


de um WebSIG.

Categoria Software comercial Software aberto

Bases de dados

Bases de dados
espaciais

Aplicações GIS
desktop

Continua na página seguinte...

39
Quadro 3 - Algumas soluções tecnológicas, comerciais e Open Source, para a implementação de um WebSIG
(Continuação).

Categoria Software comercial Software aberto

Aplicações
WebSIG/servidores
de mapas

Navegadores Web

Servidores Web

Linguagem de
programação Web

Para além desta pequena listagem é ainda possível encontrar na internet


sites dedicados à compilação e acompanhamento de dezenas de projetos SIG e
WebSIG Open Source atualmente em desenvolvimento (Quadro 4). A pesquisa de
aplicações Open Source através do motor de busca http://freegis.org/ (Acedido em
13/04/2012), obteve uma listagem de 355 resultados para a palavra "software", 85
para "WebGIS" e 28 para "Desktop GIS". São por isso uma boa fonte de informação
que pode ajudar a escolher o projeto Open Source que melhor se adapte às
necessidades dos utilizadores ou de uma dada organização em particular.

Quadro 4 - Exemplos de sites dedicados a compilar e a acompanhar os principais projetos SIG


e WebSIG Open Source.

Endereço de internet Descrição Idioma

Portal da Open Source Geospatial Foundation com inúmera


informação atualizada dos vários projetos SIG Open Source
apoiados pela própria fundação. Possui informação de projetos Diversos,
https://www.osgeo.org/ WebSIG, aplicações desktop, livrarias, catálogos de metadados, incluindo
etc. Serve como portal para utilizadores e programadores Português
compartilharem as suas ideias e contribuírem para o
desenvolvimento dos projetos.

Continua na página seguinte...

40
Quadro 4 - Exemplos de sites dedicados a compilar e a acompanhar os principais projetos SIG e WebSIG Open
Source (Continuação).

Endereço de internet Descrição Idioma

Portal da Open Source Geospatial Foundation com inúmera


informação atualizada dos vários projetos SIG Open Source
apoiados pela própria fundação. Possui informação de Diversos,
https://www.osgeo.org/ projetos WebSIG, aplicações desktop, livrarias, catálogos de incluindo
metadados, etc. Serve como portal para utilizadores e Português
programadores compartilharem as suas ideias e
contribuírem para o desenvolvimento dos projetos.

Portal de alojamento de serviços relacionados com os SIG,


incluindo projetos WebSIG, pacotes de ferramentas, Inglês
http://MapTools.org
utilidades, livrarias, etc. Possui também listas de discussão
da comunidade e documentação dos vários projetos.

Grande compilação de software SIG livre (desktop e


WebSIG) com informação dos seus últimos Alemão
http://freegis.org/ desenvolvimentos, noticias e documentação. Possui um
motor de busca de software/aplicações bastante Inglês
interessante que permite filtrar a pesquisa por tipo,
linguagem de programação, licenças, estado, sistema Francês
operativo, entre outros.

http://opensourcegis.org/ Compilação muito completa com links de páginas SIG Open Inglês
Source onde é feita uma pequena apresentação de cada um
deles.

http://www.gabrielortiz.com/ Repositório de informação para profissionais SIG com


informação variada. Dirigida mais para aplicações desktop,
Espanhol
possui alguns tutoriais, truques, comentários, bibliografia e
diversos links relacionados com o tema.

Website colaborativo para a partilha de documentos,


opiniões, questões, sugestões e soluções relacionadas com Alemão
tecnologias SIG e sobretudo WebSIG Open Source. Possui Inglês
http://geotux.tuxfamily.org/ uma listagem com uma descrição esquemática bastante
completa dos principais projetos WebSIG atualmente em Francês
desenvolvimento com todas as suas principais Espanhol
características.

Para além destes repositórios é igualmente possível encontrar alguns


estudos onde é avaliada a performance técnica de muitos deles, comparando-os,
inclusivamente, com alguns dos softwares SIG/WebSIG comerciais mais conhecidos
(BONNICI, 2005; RINAUDO et al. 2007; BAUDSON e CHRISTL, 2010).

STEINIGER e BOCHER (2008) considera que o aumento da popularidade


do Open Source ao nível dos SIG e WebSIG é facilmente comprovado número de
projetos iniciados nos últimos anos, pelo crescente apoio financeiro por parte de
organizações não-governamentais e fundações, pela quantidade de descargas feitas
através da internet e também pelo grande número de artigos científicos publicados.

41
O grande número de opções ao nível dos projetos abertos, com todas as
suas vantagens e desvantagens, com diferentes níveis de maturidade, complexidade e
funcionalidade, tornam a escolha da tecnologia WebSIG Open Source cada vez mais
válida quando comparada com as opções comerciais existentes. A diminuição do
preço dos computadores e a crescente popularidade dos mapas distribuídos via
internet, tem sido o maior impulsionador do desenvolvimento deste tipo de projetos,
permitindo a difusão e o acesso a tecnologias SIG a custo mais reduzido e de uma
forma mais generalizada (CALDEWEYHER et al., 2006).

3.6 TECNOLOGIA SIG NO ORDENAMENTO, PLANEAMENTO E GESTÃO


FLORESTAL

As florestas são uma fonte de recursos naturais e desempenham um


importante papel na preservação de um ambiente sustentável para a vida humana. Até
há bem pouco tempo as práticas de gestão destes espaços eram baseadas sobretudo
na sua componente económica, procurando a maximização da produção e da
qualidade da matéria prima, nomeadamente da madeira, com consequente aumento
do seu valor comercial.

Atualmente, o reconhecimento da importância multifuncional dos


ecossistemas florestais, como produtores de madeira, resina, biomassa, mas
sobretudo de bens indiretos como o turismo, a reposição da biodiversidade, regulação
dos fluxos de água, controlo de erosão, sumidouro de carbono, ou tão simplesmente
pela produção de oxigénio, colocam novos desafios aos profissionais que trabalham
ou gerem estes espaços.

Também ao nível politico tem havido uma maior consciencialização do seu


papel, levando a que, por iniciativa própria ou por acordos internacionais, tenha
surgido um conjunto de legislação e de instrumentos de planeamento e ordenamento
que estipulam, regulam e condicionam a sua atividade de forma espacial, tendo em
vista a preservação e sustentabilidade dos ecossistemas.

Sendo a floresta uma atividade com uma componente espacial muito forte e
que abrange por norma áreas muito extensas, desde muito cedo a cartografia e os
mapas fizeram parte do dia a dia dos gestores florestais (Figura 15).

42
Figura 15 - Extrato da cartografia em papel do Perímetro Florestal do Barroso elaborado pelos
Serviços Florestais Portugueses em 1943.

O desafio espacial coloca-se na capacidade de integrar os seus múltiplos


recursos, com múltiplas atividades (e.g. btt, caminhadas pedestres, resinagem, caça,
entre outras) funções (e.g. ambientais, económicas e sociais) e condicionantes (e.g.
Rede Natura 2000, Reserva Ecológica, Risco de Incêndio, declives, entre outros), bem
como na capacidade de reagir e de acompanhar as alterações naturais e
antropogénicas ocorridas com o passar do tempo (e.g. ações de gestão, fogos, pragas
e doenças, entre outros).

É nesta matéria que os SIG, fazendo uso das suas capacidades de


armazenamento, integração, edição, extração, visualização e análise de diferentes
tipos de dados georreferenciados, permitem um conhecimento mais concreto e preciso
das situações, criando informação atualizada e facilitando a tomada de decisão dos
diversos intervenientes, desde governos, passando pelos gestores, técnicos e pelos
próprios proprietários florestais. A sua utilização verifica-se desde a simples produção
de cartografia temática, com delimitação e enquadramento das diferentes
propriedades florestais, até estudos mais complexos, como a elaboração de
cartografias de aptidão de espécies florestais ou cartografia de risco de incêndio. Para
além destas, uma pequena pesquisa bibliográfica demonstra a sua utilização em
muitos mais domínios (Quadro 5).

43
Quadro 5 - Utilização dos SIG na área florestal.

Objetivos Bibliografia

Consultadoria florestal AIRES et al., 2004

FELÍCISIMO et al., 2002; MARTINS et al., 2004;


Ordenamento e gestão florestal
PROFBP, 2006

Inventário florestal WOODWELL e STONE, 1990

Estudo de perda de solos TOMAZONI e GUIMARÃES, 2005

Processos de certificação YIJUN, 2003

ARANHA e ALVES, 2001; HAMZAH, 2001;


Gestão e avaliações do risco de incêndio
FREIRE et al., 2002

Proteção e conservação de espécies CRUZ et al., 2004; ALTOÉ et al., 2005

Gestão de recursos hídricos NUNES et al., 2004

FISCHER e DUNLEVY, 2010; GORDON et al.,


Gestão de vida selvagem
2010

Controlo de pragas e doenças VAN SICKLE, 1989; MOURA, 2005

3.6.1 Os Planos de Gestão Florestal

Os PGF são um instrumento de planeamento para o território português,


tendo em vista a programação espacial e temporal de um conjunto de ações a
desenvolver sobre as diferentes componentes da floresta procurando a sua
sustentabilidade ambiental, económica e social, sempre num quadro de
desenvolvimento rural integrado. São afinal, o instrumento final de execução de um
conjunto de politicas definidas a nível superior e que incidem sobre um determinado
espaço florestal através de ações concretas.

Com a publicação da Lei de Bases da Política Florestal (Lei nº. 33/96, de 17


de agosto) surge a necessidade de estabelecer normas específicas de intervenção
sobre a ocupação e a utilização dos espaços florestais, promovendo a
sustentabilidade dos bens e serviços neles auferidos, ou seja, surge a necessidade de
adoção e aplicação de PGFs. O Decreto–Lei nº. 205/99, de 9 de Junho, definiu o
processo de elaboração, aprovação e execução destes Planos e o Decreto–Lei nº.

44
16/2009, de 14 de Janeiro, aprova o seu regime jurídico. Os PGF, apesar de
regulados por legislação própria, não são um plano isolado, mas antes uma peça
essencial para a concretização da rede de instrumentos de ordenamento e das
políticas florestais, recursos hídricos, de conservação da natureza ou de
desenvolvimento rural. Assim como existem inúmeros recursos associados à floresta,
também o número de entidades Estatais que os regulam são diversas e muitas delas
são também produtoras ou difusoras de informação geográfica , como é o caso da
AFN1, da CCDRn2, do ICN3, IGEO4, ou DGOTDU5.

Como vimos anteriormente, sendo a floresta uma atividade com uma


componente espacial muito forte a elaboração de um PGF pressupõe o
manuseamento de um conjunto de informação geográfica muito vasto, de diferentes
tipos e proveniências, mas também a produção de nova informação (Quadro 6). A par
da informação geográfica/gráfica encontra-se também um conjunto de informação sob
a forma de texto ou imagem que, por norma não estando, pode facilmente ser
associada à informação geográfica sob a forma de dados alfanuméricos, permitindo
assim a sua manipulação através de um SIG.

Quadro 6 - Exemplos de informação geográfica utilizada na elaboração de um PGF.

Exemplos de informação geográfica utilizados na elaboração de um PGF

• Limite da propriedade • Faixas primárias e secundárias de gestão


• Ocupação do solo de combustível
• Reserva ecológica nacional • Pontos de água
• Reserva agrícola nacional • Postos de vigia
• Zonas de Caça • Sítios arqueológicos
• Toponímia • Linhas de água
• Risco de Incêndio • Mapas pluviométricos
• Rede Natura 2000 • Mapas de temperatura
• Histórico de áreas ardidas • Caminhos florestais
• Ortofotomapas • Projetos florestais atuais e anteriores
• Plano Regional de Ordenamento • Linhas elétricas
Florestal • Outros

______________________________________________________
1 - AFN - Autoridade Florestal Nacional (http://www.afn.min-agricultura.pt/portal)
2 - CCDRn - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (http://www.ccdr-n.pt/pt/)
3 - ICNB - Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/)
4 - IGP - Instituto Geográfico Português (http://www.igeo.pt/)
5 - DGOTDU - Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (http://www.dgotdu.pt/)

45
Da vária informação produzida durante a elaboração de um PGF a
cartografia de ordenamento é sem dúvida a mais importante, uma vez que demarca no
espaço um conjunto de parcelas (parcelas de ordenamento) onde em função da
ocupação atual, da análise das políticas e das condicionantes físicas ou de
ordenamento que incidem nesse mesmo espaço, serão preconizadas um conjunto de
intervenções espaçadas no tempo tendo em vista atingir um determinado objetivo
(Figura 16; Figura 17).

Figura 16 - Esquematização do processo necessário à elaboração de um PGF (adaptado de


GOMES, 2011).

Apesar de não haver dúvida da utilidade de toda esta informação de cariz


florestal, também neste caso o seu valor pode ficar comprometido pela não
distribuição ou pelo não acesso à mesma por parte dos diversos interlocutores
(proprietário, técnicos, gestores, Estado), bem como pela sua desatualização,
colocando em causa a utilidade da sua existência. Assim, é de todo fundamental
garantir que a informação consultada pelos cidadãos ou instituições seja a mais
atualizada possível, mas também que esta possa ser distribuída, de forma a ser
facilmente acedida e interpretada, e desta forma incorporada e implementada na
gestão efetiva dos espaços.

46
Figura 17 - Exemplo ilustrativo da leitura do extrato de uma Carta de Ordenamento Florestal.
Cartografia com a delimitação das parcelas de ordenamento (em cima), que depois deve ser
complementada com uma memória descritiva (neste caso em formato analógico) das
intervenções previstas ao longo do tempo (em baixo).

47
48
4 DESENVOLVIMENTO DO SIAGF - SISTEMA DE INFORMAÇÃO
DE APOIO À GESTÃO FLORESTAL

4.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Neste capitulo é dado a conhecer o projeto SIAGF, o seu enquadramento,


bem como os objetivos tidos em conta durante o seu desenvolvimento. É descrita a
arquitetura do sistema e projetada a interface gráfica, fazendo-se uma breve
abordagem às tecnologias envolvidas na sua implementação e à escolha da
informação a disponibilizar.

4.2 ENQUADRAMENTO DO PROJETO

O SIAGF é uma aplicação WebSIG que tem por base os PGF e que
pretende dotar e facilitar o acesso, por parte dos gestores florestais e técnicos, a um
conjunto de informação de cariz espacial, de forma rápida, simples e deslocalizada, ao
mesmo tempo que pretende possibilitar uma maior interação entre estes últimos e o
proprietário, que pode aceder de igual forma à informação sobre a sua propriedade. A
aplicação está vocacionada para associações, empresas ou entidades públicas, que
manipulam e gerem informação relativa a várias propriedades e a vários proprietários.
A simplicidade das ferramentas disponíveis permite que o sistema possa ser usado
por utilizadores menos familiarizados com os SIG mas que reconhecem a importância
da análise espacial no processo de tomada de decisões.

4.3 OBJETIVOS DO SIAGF

A implementação do SIAGF foi feita com base numa série de premissas que
se consideraram importantes para o sucesso e manutenção da aplicação. Assim, o
sistema teria como objetivos:

• disponibilizar informação espacial relevante para a gestão florestal


nomeadamente a que consta nos PGF;

• apresentar um baixo custo de implementação e manutenção;

• permitir uma implementação, manutenção e utilização simples;

49
• inquirir a informação espacial com base nos seus atributos;

• disponibilizar a ligação a um conjunto de informação complementar não


geográfica (fotografias, documentos, etc.);

• visualizar cartografia de base (ortofotomapas e cartas militares);

• disponibilizar ferramentas de medição de áreas e distâncias;

• permitir a impressão de mapas;

• permitir de forma simples a manutenção e atualização dos dados;

• disponibilizar vários níveis de informação que pode ser personalizada para os


diferentes utilizadores.

4.4 ARQUITETURA DO SISTEMA

A implementação do SIAGF teve por base a arquitetura típica de três


camadas, utilizada para a generalidade dos WebSIG, já abordada na secção 3.3.2
(Figura 18):

Figura 18 - Arquitetura de três camadas do SIAGF.

• Os clientes – Os utilizadores acederão à aplicação SIAGF a partir de uma


página da internet;
• Os serviços – A aplicação será solicitada e disponibilizada através de um
servidor Web, onde estarão definidas e executadas as suas funcionalidades,
recorrendo a métodos de um SIG para a internet;
• A gestão de dados – O SGBD armazena todos os dados necessários ao
funcionamento da aplicação.

50
4.5 DESENHO DA INTERFACE GRÁFICA

A interface gráfica do SIAGF é composta por sete áreas distintas (Figura 19):

Figura 19 - Organização da interface gráfica do SIAGF.

No quadro seguinte (Quadro 7) são descritas individualmente cada uma das


sete áreas que compõe a interface gráfica.

Quadro 7 - Descrição das áreas que constituem a interface gráfica do SIAGF.

O cabeçalho corresponde à parte superior da interface gráfica e servirá


para identificar a aplicação através de um nome.

A barra de ferramentas irá disponibilizar um conjunto de funções que irão


atuar diretamente no mapa principal, nomeadamente:

• Medir áreas e distâncias;


• Aproximar e afastar os objetos visualizados;
• Imprimir ou guardar imagem;
• Alterar a escala de visualização;
• Atualizar a visualização;
• Escrever/apagar anotações ou linhas;
• Visualizar anterior/posterior;
• Selecionar diretamente no mapa;
• Disponibilizar ajuda.

51
Quadro 7 - Descrição das áreas que constituem a interface gráfica do SIAGF (Continuação).

Uma área de visualização onde será possível visualizar as camadas


selecionadas, obter informações complementares sobre um ou mais
elementos e aplicar sobre eles as funções presentes na barra de
ferramentas.

A área de seleção e pesquisa com três funções principais:


• Listar e selecionar os grupos temáticos e camadas que
pretendemos ativos na área de visualização;
• Aceder, pesquisar e filtrar informação com base nos atributos
das camadas;
• Visualizar o resultado das pesquisas sob a forma de tabelas.

Uma área com a legenda dos grupos temáticos e camadas selecionados e


representados no mapa interativo.

Um mapa de referência, devidamente sincronizado com o mapa interativo


(área de visualização), que permite um melhor enquadramento espacial da
informação que está a ser apresentada, sobre um mapa de fundo, a uma
escala menor.

O rodapé será utilizado para a apresentação de informações


complementares.

4.6 ÁREA DE ESTUDO

Para desenvolvimento do SIAGF foi utilizada como área piloto o Baldio de


Paradança, freguesia de Paradança, concelho de Mondim de Basto, distrito de Vila
Real (Figura 20). Trata-se de uma propriedade comunitária com 737 ha que abrange a
quase totalidade da Freguesia de Paradança (832 ha) e mais umas pequenas áreas
das freguesias vizinhas. No concelho de Mondim de Basto existem um total de doze
áreas comunitárias (Baldios) e em conjunto ocupam cerca de 65% da área total do seu
território administrativo. Em todas elas o espaço florestal é predominante e representa
o seu principal setor de atividade.

52
Figura 20 - Enquadramento geográfico da área de estudo.

A propriedade comunitária de Paradança encontra-se atualmente a ser


gerida em parceria entre a Freguesia de Paradança e os Serviços Florestais (AFN), e
dedica-se quase exclusivamente à exploração de lenho de Pinus pinaster. O seu PGF
foi aprovado em Agosto de 2010 e é o instrumento de referência para a gestão do seu
território. Como se trata de um plano físico e estático, em papel, existe muitas vezes
dificuldade em transpor para o terreno as várias intervenções já realizadas, bem como
as que se encontram planeadas. Nesse sentido, esta área servirá, nesta fase inicial,
como área de teste estabelecendo como objetivo futuro que o SIAGF possa ser
alargado a todas as áreas comunitárias do concelho de Mondim de Basto.

4.7 INFORMAÇÃO DISPONIBILIZADA

Como já foi referido o SIAGF pretende ser uma aplicação de cariz florestal.
Para esta versão a aplicação disponibiliza o acesso a um conjunto de informação
geográfica, e aos seus respetivos atributos, permitindo a sua visualização e
impressão. A informação geográfica constitui-se individualmente em camadas e foi
posteriormente organizada em sete grupos temáticos (Quadro 8), por forma a facilitar
e a tornar mais intuitiva ao utilizador a sua localização na interface gráfica do SIAGF,
nomeadamente:

• Limites administrativos - os limites administrativos estabelecem as divisões


administrativas estabelecidas pelos Governos para gerir o território. A nível

53
florestal são importantes pois enquadram a propriedade nas instituições
governamentais descentralizadas responsáveis por esse território, bem como
na legislação que nele vigora. Nesse sentido, são disponibilizados os limites
administrativos das freguesias e dos concelhos de acordo com a Carta
Administrativa Oficial de Portugal (CAOP V.2011). Esta informação é
disponibilizada pelo Instituto Geográfico do Exército e encontra-se disponível
na internet para descarga em formato shapefile .

• Plano de Gestão Florestal - Uma vez que o PGF é o instrumento florestal de


planeamento de nível local, ao nível da execução, mais importante, a
cartografia de ordenamento, nomeadamente os limites da propriedade e as
parcelas de ordenamento, constituem-se no SIAGF como peças cartográficas
fundamentais. As parcelas de ordenamento são pequenas unidades territoriais
que delimitam áreas com semelhante ocupação cultural e/ou onde se
preconiza o mesmo tipo de intervenção silvícola. No que diz respeito às
parcelas de ordenamento é ainda disponibilizada informação sobre a sua
ocupação cultural, as principais infra-estruturas presentes, lotes de material
lenhoso que tenham sido realizados, características do material cortado,
projetos de investimento, aceder às intervenções previstas no PGF, entre
outros. Esta informação é disponibilizada mediante pedido, na Sede da
Freguesia de Paradança ou na AFN, em formato shapefile ou em papel.

• Plano Regional de Ordenamento Florestal - Esta figura de planeamento de


nível regional condiciona e regula as ações florestais de acordo com a Sub-
Região Homogénea em que se insere. Para além disso define geograficamente
a localização dos Corredores Ecológicos (áreas com valor ecológico a
preservar e que por norma possuem apoios Comunitários específicos), e
enquadra administrativamente a gestão florestal no caso de esta ser feita em
parceria com o Estado (Circunscrições Florestais). Esta informação é
disponibilizada pela AFN e encontra-se disponível na internet para descarga
em formato shapefile.

• Defesa de Floresta Contra Incêndio - No nosso País os incêndios


constituem-se como um dos principais riscos associados à floresta. Por esse
motivo as atividades nela desenvolvidas devem sempre ter em conta este fator.
Grande parte da informação relativa a medidas de planeamento que permitam
minimizar o seu risco encontra-se presente nos designados Planos Municipais
de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Neles encontra-se uma vasto conjunto
de informação geográfica de onde foi selecionada para esta versão do SIAGF

54
informação relativa às faixas de gestão de combustível (áreas de intervenção
silvícola especifica, tendo em vista a diminuição da continuidade horizontal e
vertical do material lenhoso potencialmente combustível), pontos de água (para
abastecimento dos meios de combate aos incêndios) e postos de vigia de
incêndios. Esta informação é disponibilizada pela AFN ou pela Câmara
Municipal de Mondim mediante pedido e está disponível em formato shapefile.
Para além desta informação foi ainda incorporada uma Carta de Risco de
Incêndio Florestal disponibilizada pelo IGEO através de um serviço WMS que é
atualizada anualmente.

• Conservação da Natureza e Biodiversidade - Este grupo temático diz


respeito sobretudo à informação geográfica produzida pelo Instituto de
Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). Este Organismo
Governamental é o responsável pela salvaguarda dos valores ambientais,
ecológicos e de biodiversidade dos ecossistemas em Portugal, produzindo um
conjunto de figuras de ordenamento que condicionam também a atividade
florestal. Esta informação é disponibilizada pelo ICNB e encontra-se disponível
na internet para descarga em formato shapefile.

• IGESPAR - Portugal é um País com milhares de anos de ocupação humana.


Vestígios desta ocupação fazem parte da nossa história e são protegidos por
Lei através dos denominados "Sítios Arqueológicos". A localização destes
Sítios condiciona qualquer atividade que se realize na sua proximidade. Esta
informação em formato shapefile é disponibilizada pelo IGESPAR mediante
pedido.

• Cartas de Ocupação do Solo - Apesar de a informação relativa à ocupação


do solo já se encontrar disponível nos PGFs, considerou-se que a noção da
sua evolução temporal poderia ser bastante importante. O CORINE Land
Cover é um projeto do programa CORINE, que tem como principal objetivo o
de produzir cartografia de ocupação e uso do solo nos países na União
Europeia. Esta informação é disponibilizada pelo Instituto Geográfico do
Exército e encontra-se disponível na internet através de um serviço WMS.

• Carta Militar Portuguesa - Como informação de base foram utilizados a titulo


experimental excertos de folhas da Carta Militar de Portugal 1:25.000, devido à
grande quantidade de informação que estas disponibilizam diretamente (e.g.
altitude, linhas de água, toponímia, caminhos) quer indiretamente (e.g. relevo,
declive). A Carta Militar Portuguesa é por norma a informação de base

55
preferida do gestor florestal. Esta informação é disponibilizada pelo Instituto
Geográfico do Exército.

• Ortofotomapas (Informação de Base) - Para o SIAGF foram igualmente


disponibilizados a titulo experimental excertos dos Ortofotos de 2005 (voo
IGP/DGRF 2005). Estes servem de complemento à informação contida na
Carta Militar, permitindo extrair indiretamente alguma informação relativa à
ocupação do solo, caminhos, aceiros, densidades de povoamentos, entre
outros. Esta informação é disponibilizada pelo Instituto Geográfico do Exército.

Quadro 8 - Informação geográfica disponibilizada no SIAGF para visualização ou impressão.

Formato
Grupo temático Camada Fonte
base

Carta Administrativa Oficial de


Limites de concelho Vetor
Limites administrativos Portugal (CAOP) 2011
Limites de freguesia Shapefile
www.igeo.pt/

Limites da propriedade

Parcelas de ordenamento

Rede viária e divisional Vetor Plano de Gestão Florestal do

Plano de Gestão Florestal Regime florestal Shapefile Baldio de Paradança

Lotes de material lenhoso

Projetos florestais

Plano Regional de Sub-região homogénea Vetor Plano regional de ordenamento


Ordenamento Florestal Corredor ecológico Shapefile florestal do Tâmega

Carta de risco de incêndio


Carta de risco de incêndio
florestal
florestal WMS
www.igeo.pt/

Defesa de Floresta Contra


Faixas de gestão de
Incêndio
combustível
Vetor
Pontos de água Plano Municipal de Defesa da
Shapefile
Floresta Contra Incêndios de
Postos de vigia
Boticas (PMDFCI)

Continua na página seguinte...

56
Quadro 8 - Informação geográfica disponibilizada no SIAGF para visualização ou impressão (Continuação).

Formato
Grupo temático Camada Fonte
base

Sítios Rede Natura 2000 Instituto de Conservação da


Vetor Natureza e Biodiversidade
Conservação da Natureza Áreas Protegidas (ICNB)
Shapefile
Zona de Proteção Especial www.icnb.pt/

Instituto de Gestão do
Vetor Património Arquitetónico e
IGESPAR Sitio Arqueológico Arqueológico (IGESPAR)
Shapefile
http://www.igespar.pt/

Corine land cover 2000 Instituto Geográfico do Exército

Cartas de Ocupação do Solo Corine land cover 2006 WMS (IGEOE)

http://www.igeo.pt/

Instituto Geográfico do Exército


Extratos da Carta Militar de Raster
Carta Militar de Portugal (IGEOE)
Portugual 1:25000, M888 MrSID
http://www.igeoe.pt/

Ortofotos Digitais- Voo Raster


Ortofotomapas http://www.igeoe.pt/
IGP/DGRF 2005 ECW

Associada à informação geográfica, e mais concretamente no caso de


informação relativa ao PGF, houve a necessidade de colocar à disposição um conjunto
de outra informação, como imagens e documentos, que facilitasse e/ou
complementasse a interpretação da informação geográfica visualizada (Quadro 9). O
acesso a esta informação através do SIAGF foi feita com a incorporação de links ao
servidor onde esta se encontra armazenada.

57
Quadro 9 - Disponibilização de Informação não geográfica associada à informação geográfica
do SIAGF.

Descrição da informação
Grupo temático Camada
associada

Fotos das parcelas de


ordenamento recolhidas no
Parcelas de ordenamento terreno (formato JPG)

Plano de intervenções previsto


para a parcela de ordenamento
selecionada de acordo com o
PGF (formato PDF)

Plano de Gestão Florestal


Lotes de material lenhoso Informação dendrométrica do
Lote (formato PDF)

Fotos recolhidas no terreno do


Projetos florestais (PRODER)
projeto executado (formato JPG)

4.8 AS TECNOLOGIAS

Após pesquisa e leitura da informação disponibilizada em sites dedicados e


especializados em projetos GIS e WebSIG Open Source (Quadro 3), tornou-se
necessário encontrar uma tecnologia cujas características fossem ao encontro dos
objetivos traçados para o SIAGF. O contacto com alguns programadores, cujas
informações e esclarecimentos graciosos se revelaram extremamente valiosos e
decisivos, acabaram por fazer recair a nossa escolha sobre o GisClient
(http://www.gisclient.org/) como plataforma base para a sua implementação.

O GisClient é um software desenvolvido para ambiente Web que permite a


gestão de projetos SIG complexos mediante o uso de funcionalidades simples. Este é
sem dúvida o software mais importante e diferenciador da aplicação SIAGF e serviu de
interface para configurar toda a aplicação e gerir as suas várias componentes. Na
Figura 21 são apresentadas as principais tecnologias utilizadas para cada uma das
componentes do SIAGF de acordo com a arquitetura desenvolvida.

58
Figura 21 - Arquitetura e tecnologias do SIAGF

4.8.1 GisClient

O GisClient é um software Open Source, licenciado sob licença GNU/GPL3,


que surge sob iniciativa da empresa Gis&Web srl, com sede em Génova, Itália. Utiliza
a interface simples e completa do MapServer e a potência do PostgreSQL/PostGIS.
Foi desenvolvido com recurso a tecnologia AJAX, Javascript, PHP/MapScript e
encontra-se testado com UMNMapServer 4 e 5, utilizando alguns dos principais
browsers (e.g. Internet Explorer, Firefox, Opera e Safari).

Como a maioria dos software Open Source em desenvolvimento o GisClient


possui na Web uma plataforma própria com a descrição da iniciativa, documentos,
downloads vários, noticias e mailing lists para troca de informação entre a comunidade
de programadores e utilizadores do projeto (http://www.gisclient.net/ - acedido em
20/02/2012).

De entre as várias funcionalidades do software os seus criadores destacam


as seguintes:

• ferramentas de navegação, como pan, zoom, seleção de intervalo, medição do


comprimento e da área;

• ferramentas de pesquisa avançada, combinando parâmetros alfanuméricos e


geométricos;

• criação e gestão do projeto utilizando apenas a interface gráfica;

59
• definição de padrões de pesquisa configurável via interface Web;

• geração automática de um layout como resultado do modelo de pesquisa;

• ferramentas para administração de projetos, dos dados e das ferramentas de


análise;

• gestão do acesso aos dados e às ferramentas de análise com base nos perfis
do utilizador;

• impressão em formato PDF ou JPG.

O potencial do GisClient está assente na sua arquitetura, desenvolvendo em


simultâneo funcionalidades que facilitam a implementação, gestão e configuração de
um WebSIG típico através das suas três componentes (Figura 22): GisClient Author;
GisClient WS; GisClient OWS.

Figura 22 - Esquema ilustrativo dos componentes e funcionamento do GisClient.

O GisClient Author é a componente que permite ao administrador criar e


gerir um conjunto de projetos WebSIG, através de uma interface gráfica Web (Figura
23). As suas principais funcionalidades são:

• gestão dos catálogos que conectam as fontes de dados geoespaciais e


alfanuméricas que compõem cada um dos projetos;

60
• manipulação de diferentes tipos de fontes de informação como: RDBMS
PostgreSQL / PostGIS; Oracle Spatial; MS SQL Server; MYSQL; Info Mapa
TAB; OGR / GDAL; arquivo Shape ESRI; WMS e WFS;

• utilização de imagens raster em diferentes tipos de formatos (TIF, ECW,


MrSID, JPG, PNG, GRASS Raster, etc.) através da utilização de bibliotecas
GD ou GDAL;

• gestão dos elementos-chave de cada mapa, que adota a estrutura de Temas /


Grupos Camadas / Camadas / Classes;

• gestão do "estilo" da representação para entidades geoespaciais, através das


funcionalidades UMN MapServer ou através da definição de OGC SLD (Stiled
Layer Descriptor);

• definição de parâmetros de gestão, compatíveis para serviços WMS e WFS da


OGC (cliente e servidor);

• Definição dos modelos de gestão e pesquisa de dados, ligados às entidades


geoespaciais, baseados na associação de tabelas.

Figura 23 - Aspeto gráfico do GisClient Author ( exemplo de configuração dos dados do projeto
SIAGF).

O GisClient Author é considerado a funcionalidade chave do software


GisClient. Permite ao administrador disponibilizar para os diferentes utilizadores (que
podem ter os direitos de acesso configurados consoante as características do seu
perfil) um conjunto de ferramentas de pesquisa poderosas e complexas, sem
necessidade de escrever ou alterar o código fonte. Além disso, a interface do utilizador
permite ainda ao administrador:

• definir associações entre tabelas (1 para 1 ou 1 para muitos);

61
• definir as consultas usando "QueryBuilder";

• personalizar o formato de dados de saída;

• conectar com recursos externos (aplicações, gráficos, relatórios de dados) com


os parâmetros definidos pelo utilizador.

O GisClient WS é a componente de middleware do GisClient. Permite a


disponibilização de serviços Web como:

• configurar um novo mapa baseado no OpenLayers, sem necessidade de


escrever novas linhas de código;

• disponibilizar ferramentas redline e de edição;

• imprimir documentos com modelo XHTML ou criação de arquivos Geotif.

Por sua vez, o GisClient OWS é um serviço Web da OGC que tem por base
o MapServer e a partir do qual herdou o código para as diferentes funcionalidades. O
Mapfile, usado pelo MapServer (Figura 24), é criado automaticamente pelo GisClient
Author, através da sua interface gráfica de utilizador(Figura 23).

Figura 24 - Exemplo de um ficheiro mapfile (.map) do MapServer gerado através da interface


gráfica do GisClient Author aquando da criação do projeto SIAGF.

62
4.8.2 PostgreSQL/PostGIS

O PostgreSQL é um SGBD relacional utilizado pelo GisClient. Trata-se de


um SGBD relacional orientado a objetos, desenvolvido em plataforma Open Source
sob licença BSD (POSTGRESQL, 2012). Inicialmente desenvolvido pela Universidade
da Califórnia (Berkeley Computer Science Department), possui atualmente mais de 20
anos de desenvolvimento, durante os quais foi pioneiro em muitos conceitos que
acabaram por ser integrados mais tarde em bases de dados comerciais. O aspeto
objeto-relacional do PostgreSQL adiciona inúmeras capacidades e funcionalidades
diretamente ao modelo de dados relacional que podem ser aprofundadas em
POSTGRESQL (2012).

O PostgreSQL utiliza uma estrutura em tudo similar à das bases de dados


proprietárias, consistindo em esquemas, tabelas, vistas e utilizadores.

Uma das grandes capacidades do PostgreSQL, extraordinariamente


relevante para este trabalho, é o facto de suportar um plug-in espacial chamado
PostGIS. O PostGIS é uma extensão do PostgreSQL que permite a introdução,
manipulação e análise de informação geográfica. É licenciado sob licença GNU/GPL
(General Public Licence), segue as certificações SFS (Simple Feature Specifications)
do OGC, fornece funções de geoprocessamento através de comandos SQL e utiliza as
bibliotecas PROJ48 e Geos9 com mais de 600 funções para integração em pesquisas
espaciais (CONDEÇA, 2009).

De acordo com (CAVALLINI et al., 2010) o PostGIS adiciona ao PostgreSQL


as três características chave numa base de dados geográfica:

• a informação acerca da geometria das features;

• um conjunto de funções para lidar com as geometrias dos elementos e para


desenvolver tarefas de geoprocessamento;

• um mecanismo para indexação espacial, tornando mais eficiente a


manipulação de dados geométricos.

Uma vez que o PostGIS é construído sobre PostgreSQL, automaticamente


herda as suas importantes características “Enterprise”: garantias de transações,
fiabilidade, crash recovery, hot backup, replicação, suporte SQL92 completo, entre
outras (CAVALLINI et al., 2010).

63
No PostgreSQL toda a informação configurada através do GisClient Author é
armazenada sob a forma de tabelas, bem como a informação geográfica, suas
características e atributos através da sua extensão do PostGIS.

No GisClient a manipulação PostgreSQL/PostGIS é feita recorrendo a uma


outra aplicação, designada de PgAdmin (http://www.pgadmin.org/). Trata-se de um
popular recurso de administração e plataforma de desenvolvimento para o
PostgreSQL de fonte aberta, criado para atender às necessidades dos utilizadores
menos familiarizados com programação, permitindo escrever simples consultas SQL
para o desenvolvimento de bases de dados complexas.

4.8.3 O MapServer

O MapServer é considerado como um dos mais completos sistemas para


disponibilização de dados geográficos em ambiente de redes (Internet e Intranet)
possuindo recursos avançados para implementação de soluções corporativas de
processamento de dados geográficos (OPENGEO, 2007). O GisClient, reconhecendo
todas as suas potencialidades, utiliza o código fonte deste servidor de mapas para as
diferentes funcionalidades da aplicação.

De entre as suas principais características, BARRIGUINHA (2008) destaca


as seguintes:

• multi-plataforma – Linux, Microsoft® Windows, Mac OS® X, Solaris, entre


outros;

• criação de mapas estruturados em diferentes tipos de camadas;

• rotulagem de camadas, incluindo controlo de discordância de rótulos;

• saída formatada por modelos, personalizada;

• suporte para fontes TrueType;

• automação de elementos de mapas (escala, mapa de referência e legenda);

• mapeamento temático usando classes baseadas em expressões lógicas ou


expressões regulares;

• interface para desenvolvimento em PHP, Python, Perl, Ruby, Java, e C#;

• capacidade de trabalhar com dados matriciais nos formatos: TIFF/GeoTIFF,


EPPL7 e vários outros, através da biblioteca GDAL (Geospatial Data
Abstraction Library);

64
• capacidade de trabalhar com dados vetoriais nos formatos: ESRI® Shapefiles,
PostGIS, ESRI® ArcSDE, Oracle® Spatial, MySQL e muitos outros, via
biblioteca OGR (Simple Feature Library);

• implementa as principais especificações OpenGIS® do Open GeoSpatial


Consortium (OGC): WMS (cliente/servidor), WFS não transacional
(cliente/servidor), WMC, WCS, Filter Encoding, SLD e GML;

• tratamento de projeções de mapas em tempo real (mais de mil projeções


através da biblioteca Proj4);

• indexação espacial quadtree para ESRI® Shapefiles.

O MapServer fornece um CGI com inúmeras funcionalidades para


desenvolvimento de aplicações mais simples de SIG em ambiente de internet,
possibilitando o desenvolvimento de aplicações sem a necessidade de conhecimentos
em programação. Para programadores mais experientes, o MapServer fornece um
completo API que pode ser acedido através de várias linguagens de programação
(OPENGEO, 2007; BARRIGUINHA, 2008)

O MapServer apresenta uma extensa lista de utilizadores que formam uma


comunidade ativa. No site principal (http://www.mapserver.org/) existe muita
documentação de apoio tal como diversa bibliografia acerca da sua utilização,
configuração e diversas aplicações criadas com o software.

4.8.4 Apache

O Apache é um servidor Web Open Source extremamente configurável,


robusto e de alta performance, desenvolvido por uma equipa de voluntários (conhecida
como Apache Group) e escrito em linguagem C ANSI. No site do apache
(http://www.apache.org/) podemos encontrar toda a informação necessária, desde o
seu código fonte, relações e correções de bugs, informações sobre CGI’s, bases de
dados, informações sobre SSL entre outros (ENGELSCHALL, 2001). Segundo a
NETCRAFT (2012) o Apache é atualmente mais usado que todos os outros servidores
Web do mundo juntos (Figura 25).

65
Figura 25 - Comparação da utilização a nível mundial dos principais servidores Web
disponíveis no mercado (NETCRAFT, 2012).

Entre os tópicos responsáveis pela sua popularidade ALBUQUERQUE e


MAESTRELLI (2000) destacam a instalação e configuração simples, suporte a SSL,
CGI’s e a bases de dados, grande número de listas de discussão e suporte técnico,
estabilidade, escalabilidade, segurança quando bem configurado e o facto de ser
suportado por diversas plataformas (Linux, Solaris, Digital UNIX, IBM e Windows NT,
entre muitas outras).

4.8.5 Openlayers

O OpenLayers é uma livraria de software aberto, escrita em Javascript, para


construir complexas aplicações Web geográficas, capaz de aceder a vários serviços
OGC, como WMS e WFS, e ainda a sistemas proprietários como Ka-Map; TMS;
WorldWind; GeoRSS; Google, Yahoo, Microsoft e MultiMap (DAVIS et al., 2005;
GIOVANNI e VÂNIA, 2010). Um dos seus pontos fortes, face a outros modelos de
programação Web mais complexos, é que, sendo totalmente em javascript, pode ser
embebida com bastante facilidade na maior parte das páginas Web,
independentemente da tecnologia de programação subjacente (RAMOS, 2009). A
relativa facilidade com que consegue efetuar o acesso simultâneo a fontes de
informação geográfica diversificadas e pela simplicidade da sua inclusão em qualquer
tipo de ambiente de programação Web, entende-se ser uma tecnologia a considerar.

66
4.9 INSTALAÇÃO E CONFIGURAÇÃO

A plataforma utilizada foi Windows 7. O primeiro passo diz respeito à


instalação do GisClient. A sua instalação é facilitada através do download de um
pacote compactado integrado (.Zip), disponível no site oficial do GisClient, que inclui o
MS4W. Esta aplicação é a responsável pela instalação do MapServer para Windows e
de todos os aplicativos de acompanhamento necessários ao funcionamento do
MapServer e do GisClient. O pacote descarregado incluí:

1. Apache version 2.2.10


2. GisClient 2.1.4

3. PHP version 5.2.6


4. MapServer 5.2.1 CGI and MapScript (CSharp, Java, PHP, Python) - support GD 2.0.35,
FreeType 2.1.10, GDAL/OGR 1.6.0RC2,
5. PROJ, WMS/WFS, Flash, PDF, ECW3.1, PostGIS, GEOS,
6. libcurl 7.15.1, FastCGI, AGG 2.4
7. MapServer utilities
8. gdal/ogr utilities
9. proj.4 utilities
10. shp2tile utility
11. shapelib utilities
12. shpdiff utility

13. avce00 utilities


14. PHP_OGR Extension 1.1.1
15. OWTChart 1.2.0
16. DEMtools utilities

A par do software existente neste pacote foi ainda instalado o software


PostgreSQL /PostGIS versão 8.1.4,. juntamente com a aplicação PgAdminII.

Não se pretende neste trabalho documentar exaustivamente a instalação do


MS4W. A sua instalação é simples e não requer outra decisão senão a escolha do
disco onde serão instalados os programas e a pasta base. Seguindo a recomendação
do pacote de instalação, esta foi efetuada no diretório C:\ms4w. Para o funcionamento
da aplicação SIAGF e armazenamento de informação alfanumérica, foi criada uma
estrutura de pastas, como a que se descreve:

C:\ms4w\apps\gisclient-2.1\public\siagf

• ...\img - (endereço de todas as imagens que complementam os dados do


SIAGF);

67
• ...\doc - (endereço dos documentos que complementam os dados do
SIAGF).

Para o armazenamento e gestão da informação foi criada uma base de


dados à qual se deu o nome "siagf". Para o seu correto funcionamento foram criados
utilizadores e níveis de permissão (superutilizador) e adicionados 3 esquemas: dados;
gisclient 21; public. O esquema dados respeita a toda a informação geográfica
presente no SIAGF que é importada utilizando a funcionalidade PostGIS e onde ficam
armazenados os seus atributos. No esquema gisclient 21 encontra-se a informação
com todos os dados que configuram o SIAGF. As tabelas aqui existentes são
preenchidas em função das configurações feita através do GisClient Author. O
esquema public armazena a componente espacial do projeto e da informação
geográfica, bem como da sua geometria. Também aqui se encontram os códigos
ESPG da informação, bem como a caracterização das suas projeções, que permitirão
a sua posterior reprojeção para o sistema de coordenadas do projeto SIAGF.

A ligação da base de dados ao GisClient fica terminada com a configuração


de um ficheiro de configuração (C:\ms4w\apps\gisclient-2.1\config\config.db.php) onde
é necessário colocar o nome do utilizador com poderes de "superutilizador" e da sua
password (Figura 26).

Figura 26 - Configuração do ficheiro php que estabelece a ligação entre a base de dados e o
GisClient.

68
Como o GisClient é um software/aplicação desenvolvida para facilitar a
configuração de todo o processo, qualquer utilizador que se sinta mais à vontade pode
fazer muitas das alterações diretamente na base de dados ou nos ficheiros .map do
MapServer.

Um outro aspeto importante para o funcionamento do sistema tem que ver


com os sistemas de coordenadas utilizados. O GisClient possui a capacidade de
reprojetar a informação geográfica carregada para um sistema de coordenadas
escolhido para o mapa de referência (para o projeto). No entanto, esta reprojeção só é
possível se forem conhecidas as características dos sistemas e respetivos parâmetros
de transformação, existindo um ficheiro específico para o efeito:
C:\ms4w\proj\nad\epsg. Neste ficheiro devem estar armazenados todos os sistemas
de coordenadas que a aplicação vai utilizar, caso contrário pode não ser possível
visualizar o tema carregado. No caso especifico do SIAGF foi necessário incorporar o
sistema de coordenadas de referência PT-TM06/ETRS89 (ESPG 3763) e um outro
presente em alguns dos temas, o datum 73/Hayford-Gauss - IGP (ESPG 27493)
(Figura 27).

Figura 27 - Incorporação de sistemas de coordenadas e respetivos parâmetros de


transformação.

69
70
5 O SIAGF E O SEU FUNCIONAMENTO

5.1 OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Este capitulo tem como objetivo apresentar o resultado do desenvolvimento


da aplicação SIAGF, descreve-se com algum pormenor a sua interface gráfica e faz-se
uma abordagem à forma de funcionamento da aplicação e de algumas das suas
principais potencialidades.

5.2 A INTERFACE GRÁFICA

A interface gráfica do SIAGF foi criada de acordo com o modelo proposto. É


bastante intuitiva e utiliza algumas das pré-configurações fornecidas pelo GisClient
(Figura 28). Convém referir que à data da realização deste trabalho apenas existia
disponível uma versão do GisClient Author em italiano. Assim, a criação e utilização do
SIAGF pressupôs a criação de uma versão em português que inclui todo o texto
passível de ser lido pelo utilizador aquando da utilização da aplicação.

Figura 28 - Interface gráfica do SIAGF.

Analise-se então, com mais pormenor, cada uma das áreas que compõem a
interface do SIAGF.

No cabeçalho foi colocado o nome da aplicação, bem como o nome da


plataforma utilizada (Figura 29).

71
Figura 29 - Cabeçalho do SIAGF.

Imediatamente por baixo localiza-se a denominada barra de ferramentas.


Nesta barra encontram-se dispostas todas as ferramentas disponibilizadas pela
aplicação (Figura 30). A sua descrição pormenorizada é feita no capitulo seguinte.

Figura 30 - Barra de ferramentas.

O mapa interativo é o local onde é possível visualizar a informação


geográfica com a simbologia que foi configurada através do GisClient Author. (Figura
31). É sobre a informação aqui visualizada que é possível fazer atuar as ferramentas
listadas no quadro anterior.

Figura 31 - Área de visualização da informação geográfica.

O rodapé foi utilizado para permitir a visualização dinâmica das coordenadas


correspondentes à posição do cursor tanto em termos de coordenadas cartográficas
(valores de X e de Y) como geográficas (latitude e longitude) com a indicação do
respetivo sistema de coordenadas de referência (ETRS89/TM06) (Figura 32).

Figura 32 - Rodapé do SIAGF com indicação das coordenadas.

72
No caso em que se ativem as ferramentas de medição de distâncias ou de
áreas, os valores são igualmente apresentados neste espaço (Figura 33). No caso das
distâncias é dada informação relativa a distância de cada segmento e à distância total
dos vários segmentos desenhados. Em termos de área é apresentada informação do
seu perímetro em metros e da área da superfície em m2.

Figura 33 - Rodapé do SIAGF com ativação da ferramenta de medição de distâncias (imagem


superior) e com ativação da ferramenta de medição de áreas (imagem inferior).

Do lado direito da interface do SIAGF encontra-se o menu de seleção,


pesquisa e apresentação de resultados (Figura 34).

O menu "Selecionar informação" (para seleção de camadas) é aquele que


se visualiza por defeito, pelo que para passar ao menu de pesquisa este terá de ser
ativado ao clicar em "Pesquisar informação". Utilizando a ferramenta de zoom
podemos localizar, sobre o mapa interativo, a área que pretendemos realçar/visualizar
e, ativando ou desativando as camadas disponíveis, visualizar a informação da
camada que incide na área em questão.

Figura 34 - Barra de seleção, pesquisa e apresentação de resultados.

73
No menu "Selecionar informação" encontram-se listados todos os grupos
temáticos e camadas que é possível ativar/desativar e visualizar no mapa interativo.
Dentro de cada grupo temático encontram-se vários camadas que é possível ativar
individualmente ou em grupo (através da simples seleção do grupo temático). Alguma
informação (camadas ou etiquetas), apesar de selecionada, pode ter sido configurada,
através do GisClient Author para apenas poder ser visualizada a partir de determinada
escala por forma a facilitar a leitura da mesma, evitando o excesso de informação, e
para não se tornar tão pesada para o sistema. É por exemplo o caso das etiquetas da
camada parcelas de ordenamento (Parcelas_UBParadança).

Ativando o menu "Pesquisar informação" surge um conjunto de


possibilidades de configuração do processo de pesquisa (Figura 35). Se no menu de
acesso aos dados se selecionar o campo "Grupos de seleção" estamos a configurar a
forma como o sistema vai ser ativado a quando da utilização da ferramenta "Pesquisa"
existente no painel de ferramentas. A pesquisa será assim feita de forma espacial, ao
selecionar sobre o mapa a informação que interceta com o ponto, linha ou área
desenhadas.

Figura 35 - Menu de pesquisa de informação por grupos de seleção.

Se em vez de "Grupos de seleção" se ativar o campo "Modelos de


pesquisa", então a pesquisa será feita através de consulta direta à base de dados e
existe a possibilidade de fazer pesquisa condicional com base nos atributos do tema
selecionado. O resultado dessa pesquisa pode ser apresentado sob a forma de "Lista"
ou "Tabela" (Figura 36). Optando pela apresentação de resultados através de tabela, é
gerada uma nova janela com a listagem dos elementos que verificam as condições da
pesquisa e com a possibilidade de exportação em formato pdf ou xls.

74
Figura 36 - Pesquisa de informação com apresentação em forma de tabela.

Na forma de "lista" os dados são apresentados através do surgimento de


uma nova janela ao lado do menu "Pesquisar informação" com o nome "Resultados"
(Figura 37). Estes dados são listados neste pequeno espaço para simples
visualização. Esta forma de pesquisa permite, no entanto, visualizar simultaneamente
sobre o mapa os elementos geográficos que verificam as condições da pesquisa, que
no caso do SIAGF aparecem realçados com a cor amarelo.

Figura 37 - Pesquisa de informação no SIAGF com apresentação em forma de lista.

Em ambas as situações o resultado da pesquisa permite visualizar (Figura


38) ou redirecionar para a informação complementar nos casos referidos no Quadro 9
( Figura 39). As imagens são mostradas automaticamente como resultado da pesquisa
enquanto os documentos estão disponíveis através de um link.

75
Figura 38 - Apresentação de informação complementar (foto) como resultado da pesquisa da
parcela de ordenamento IV1.

Figura 39 - Apresentação de informação complementar (documento em pdf) relativa ao lote de


venda de material lenhoso 11/2012.

76
A área da legenda mostra todos os temas e camadas visíveis no mapa, à
escala atual, associando as respetivas cores e símbolos configurados previamente no
GisClient Author (Figura 40).

Figura 40 - Apresentação da legenda no SIAGF.

O mapa de referência não é mais do que a visão do mapa interativo


visualizado na sua extensão máxima (menor escala, pré-definida através do GisClient
Author), de forma a permitir um melhor enquadramento da informação visualizada no
mapa interativo (Figura 41).

Figura 41 - Mapa de referência do SIAGF

Um retângulo verde representa a área visualizada no mapa interativo na sua


extensão máxima. Arrastando este pequeno retângulo dentro do mapa de referência
permite também a alteração do mapa interativo para a área selecionada.

5.3 FERRAMENTAS DOS SIAGF

O SIAGF disponibiliza um conjunto diversificado de ferramentas, com as


mais diversas funções, que permitem atuar sobre a visualização dos dados, inquirir a
base de dados, criar layouts para imprimir ou exportar informação e criar formulários

77
para visualização dos resultados da pesquisa. No Quadro 10 é explicado com maior
pormenor a funcionalidade de cada uma delas.

Quadro 10 - Ferramentas disponíveis no SIAGF.

Permite recarregar o mapa na sua máxima extensão

Permite visualizar o mapa da vista anterior

Permite visualizar o mapa da vista seguinte

A escala indica o intervalo em que o mapa é apresentado.


Selecionando a pequena seta do lado direito abre uma drop-down
com uma lista de escalas pré-definidas que podem ser selecionadas

Permite aproximar os objetos (escala maior)

Permite afastar os objetos (escala menor)

Permite deslocar o ponto de vista sobre o mapa.

Permite recarregar o mapa na sua máxima extensão

Permite visualizar o mapa da vista anterior

Permite recarregar o mapa na sua máxima extensão

Permite visualizar o mapa da vista anterior

Permite visualizar o mapa da vista seguinte

A escala indica o intervalo em que o mapa é apresentado.


Selecionando a pequena seta do lado direito abre uma drop-down
com uma lista de escalas pré-definidas que podem ser selecionadas

Permite aproximar os objetos (escala maior)

Permite afastar os objetos (escala menor)

Permite deslocar o ponto de vista sobre o mapa.

Continua na próxima página...

78
Quadro 10 - Ferramentas disponíveis no SIAGF (Continuação).

Permite seleção e consulta de objetos no mapa com base na


marcação de um ponto, polígono, circulo ou área.

Permite inserir comentário sobre o mapa (texto)

Permite desenhar sobre o mapa (linhas)

Permite apagar linha desenhada sobre o mapa

Permite medir o comprimento em metros, sob a forma de distância


total e da distância do segmento

Permite a medição de áreas em metros quadrados e do seu


respetivo perímetro, em metros

Permite reconstruir/atualizar o mapa. É útil para repor as definições


originais ou apagar qualquer desenho ou seleção que tenha sido
feita com a utilização de outras ferramentas

No SIAGF esta ferramenta está configurada para produzir um


relatório, em pdf, com a informação representada no mapa. É
possível fazer algumas configurações como colocar o titulo, escolher
a escala de impressão, orientação de folha, formato e a inclusão ou
não de legenda

Esta ferramenta permite salvar uma cópia da imagem do mapa, em


PNG ou TIFF, definindo a resolução (150 ou 300 dpi).

Cria uma nova imagem de referência com a mesma extensão e os


mesmos elementos que são exibidos atualmente no mapa.

Continua na próxima página...

79
Quadro 10 - Ferramentas disponíveis no SIAGF (Continuação).

Esta ferramenta permite salvar uma cópia da imagem do mapa, em


PNG ou TIFF, definindo a resolução (150 ou 300 dpi).

Cria uma nova imagem de referência com a mesma extensão e os


mesmos elementos que são exibidos atualmente no mapa.

Clicando em "opções" abre uma drop-down com algumas


configurações possíveis para consulta à base de dados por seleção
de objetos diretamente no mapa. Nomeadamente a forma como se
pretende que estes sejam apresentados e/ou- a forma de realce
visual dado aos objetos selecionados.

Ferramenta de ajuda. Permite abrir uma pequena janela com uma


pequena explicação das funções de cada uma das ferramentas.

5.4 ALGUMAS APLICAÇÕES PRÁTICAS

O SIAGF possui, como foi visto, todas as vantagens de um WebSIG. Foi no


entanto projetado de forma a que a sua mais valia se manifeste ao nível da gestão
florestal. Este subcapítulo pretende dar a conhecer através de três exemplos práticos
todo o seu potencial. Trata-se de situações em que o SIAGF permite extrair quase
instantaneamente um vasto conjunto de informação permitindo um ganho considerável
de tempo e a desmaterialização dos processos, sempre com a vantagem da sua
perceção visual.

5.4.1 Localização de áreas com problemas de fitossanidade

Após uma deslocação ao campo o proprietário ou gestor passam por uma


área de povoamento adulto que apresenta sintomas de declínio, tendo sido possível
verificar alguns pinheiros secos. Através de um ponto de acesso à internet pode
entrar no SIAGF e verificar, no próprio terreno ou em gabinete, que parcela de
ordenamento corresponde a área em causa (Figura 42). Pode ainda aceder aos seus
atributos e verificar algumas das suas características.

80
Figura 42 - Identificação do local e da parcela de ordenamento correspondente.

Ativando a cartografia de base percebe que se encontra na parcela de


ordenamento III-10 e que se trata portanto de uma área de pinheiro bravo em idade de
corte (45 anos). Através do link existente nos atributos das parcelas acede ao plano de
intervenções do PGF e consegue perceber que o corte desta parcela estava previsto
apenas para o terceiro e quinto ano (Figura 43). No entanto, face ao foco encontrado
poderá ser conveniente solicitar a antecipação do mesmo.

Figura 43 - Extrato do PGF com a calendarização das operações da parcela III-10 aberto
quando selecionado o link "Ver plano de intervenções do PGF".

81
Se tiver necessidade de reportar a situação a alguma entidade pode produzir
um mapa da parcela em causa (formato pdf) através da ferramenta de impressão de
mapa localizada na barra de ferramentas do SIAGF (Figura 44).

Figura 44 - Resultado do mapa produzido pelo SIAGF para poder ser entregue a diferentes
entidades.

Pode igualmente proceder à localização do foco através da leitura das


coordenadas existentes no rodapé ou utilizando pontos de referência encontrados na
Carta Militar. Em alternativa pode ainda marcar diretamente no mapa a sua posição e
deixar uma anotação antes da impressão (Figura 45).

Figura 45 - Exemplo ilustrativo da inserção de anotações.

82
5.4.2 Localização das áreas de pinhal com potencial de resinagem

O pinheiro bravo é no nosso País a principal espécie produtora de resina. De


acordo com o Decreto-Lei nº 41033/1957 de 18 de Março a resinagem "à vida" só é
permitida com árvores com um DAP superior a 25,5 cm. Os exemplares de pinheiro
bravo com estes valores de DAP são por norma árvores com mais de 25 anos de
idade para estações de média qualidade (MARQUES et al., 2007). A informação
geográfica das parcelas de ordenamento do PGF possui nos seus atributos
informação sobre a espécie e sobre a classe de idade dos povoamentos. Fazendo
uma pesquisa condicional através do SIAGF, utilizando as parcelas de ordenamento
do PGF, podemos pedir ao sistema que nos identifique todos os povoamentos de
pinheiro bravo nas classes de idade superior a 25 anos. Podemos igualmente querer
que nos produza um relatório de todas as parcelas de pinheiro bravo para podermos
ter uma visão mais global dos dados percebendo não só quais as áreas que
atualmente possuem as características necessárias, mas também aquelas em classes
de idade imediatamente inferiores e que a curto prazo poderão vir a ser resinadas,
tornando-se uma mais valia económica (Figura 46).

Figura 46 - Resultado em tabela da pesquisa de todas as áreas de pinheiro bravo existentes na


propriedade.

O resultado pode ser exportado em formato xls e utilizado, por exemplo,


para obter uma estimativa da área total disponível para resinagem na propriedade.
Podemos ainda ver, caso possuam, alguma foto, ou pedir ao sistema para as localizar
individualmente ou em conjunto no mapa. Para além disso, é possível, ativando a

83
camada referente à Carta Militar ou à rede viária e divisional, verificar se as áreas em
causa possuem acessos ou ter uma ideia das condições de terreno (declives),
questões importantes para qualquer explorador de resina.

No caso de terem existido lotes parciais recentes de material lenhoso nas


parcelas de ordenamento do PGF podemos ainda ter acesso a mais informação
(Figura 47). Conseguimos obter, em áreas relativamente homogéneas, uma estimativa
do número de árvores disponíveis para resinar, uma vez que as fichas dos lotes têm
por norma informação relativa à distribuição do número de árvores por classe de DAP
(Figura 48). Somando o total de árvores com DAP superior a 25,5 e dividindo pela
área do lote, em ha, fica-se a saber, em média, quantas árvores por ha estão
disponíveis para resinagem e, inclusivamente, fazer uma estimativa do rendimento que
é possível advir de áreas com características semelhantes.

Figura 47 - Utilização de informação da camada lotes de material lenhosos.

84
Figura 48 - Ficha do lote 11/2012 onde é possível identificar o número de árvores nas classes
de idade superiores a 25.

5.4.3 Verificar condicionante para arborização

Após uma visita de campo numa área conhecida como "Plaino de S. Paulo"
o proprietário ou gestor identifica uma área onde gostaria de ver instalados eucaliptos.
Suspeita, no entanto, que é atravessada pela condicionante da Rede Natura 2000.
Através de um ponto de acesso à internet pode entrar no SIAGF e verificar se existe
alguma condicionante para a área em causa. Pode iniciar por fazer uma localização
aproximada da área através da Carta Militar uma vez que possui toponímia (Figura
49).

Figura 49 - Localização através da toponímia da Carta Militar.

85
Depois, ativando a camada das parcelas de ordenamento do PGF, verifica
quais as parcelas de ordenamento que se localizam na área. Por fim ativa a camada
da Rede Natura 2000 apercebendo-se assim que todas as parcelas de ordenamento
que incidem sobre a área são abrangidas pela condicionante da Rede Natura 2000
(Figura 50). Sendo assim a instalação de eucaliptos não poderá ser efetuada sendo
conveniente a adoção de uma espécie autóctone.

Figura 50 - Localização das parcelas de ordenamento onde incide a condicionante Rede


Natura 2000.

86
6 CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

O desenvolvimento do SIAGF, nesta sua versão experimental, mostra desde


logo o potencial e utilidade dos SIGD também na área de ordenamento florestal. O
trabalho desenvolvido ao longo desta dissertação permitiu demonstrar como é
possível, de uma forma relativamente simples e sem grandes custos, disponibilizar
informação geográfica e alfanumérica para um vasto público utilizando algumas das
muitas aplicações Open Source disponíveis para descarga na internet. Foi assim
possível construir uma ferramenta que consideramos de muita utilidade para os
demais intervenientes no setor das florestas e que cumpre na sua totalidade os
objetivos traçados inicialmente.

O SIAGF é um gestor de informação geográfica cujo objetivo passa por


centralizar e organizar dados geográficos relevantes para a gestão florestal,
promovendo a sua disponibilização e difusão via internet, segundo níveis de acesso
configuráveis e utilizando uma interface comum. O acesso à informação faz-se de
forma deslocalizada bastando para tal existir um ponto de acesso à internet e um
computador. A informação é disponibilizada através de tecnologia WebSIG, não
havendo, portanto, qualquer custo associado à aquisição dos softwares utilizados.

Tendo por base a plataforma do GisClient, o SIAGF foi dotado de um


conjunto de ferramentas bastante completo. Para além das típicas ferramentas de um
WebSIG que permitem atuar sobre a visualização da informação geográfica, ou
efetuar medições, o SIAGF possui a mais valia de poder aceder aos dados
alfanuméricos presentes na base de dados, permitindo inclusive fazer pesquisas
espaciais com base nos seus atributos. Tem igualmente a grande vantagem de, quer a
informação gráfica quer a alfanumérica que resulta da inquisição à base de dados
poder ser exportada em formato Excel ou pdf ou ainda ser utilizada para criar
relatórios (mapas). Estes relatórios podem, por exemplo, ser configurados para
permitir a criação de plantas cartográficas, muitas vezes necessárias para pedir
enquadramentos e pareceres às entidades governamentais no decorrer da gestão.

A escolha do GisClient como plataforma de base para todo o sistema,


mostrou ser uma boa aposta. Apesar de ser constituído por uma comunidade de
programadores relativamente pequena possui um bom nível de desenvolvimento e
maturidade e permitiu, tal como era objetivo, a criação de um WebSIG por alguém
pouco familiarizado com programação, uma vez que possui uma instalação
relativamente simples e uma interface "User friendly", facilitando bastante a sua

87
manutenção e atualização. O contacto com alguns dos seus programadores, tornou
este trabalho numa experiência técnica e pessoal muito enriquecedora que acabou por
contribuir igualmente para o espirito dos Open Source, através da criação da versão
em português do GisClient (versão 2.1.4). Ficou igualmente demonstrado que existe
atualmente um conjunto muito diversificado de tecnologias e software Open Source
capaz de se constituir como alternativa bastante válida quando comparada com as
soluções comerciais existentes.

A versão do SIAGF aqui apresentada não pode ser entendida como um


instrumento finalizado. O seu desenvolvimento passará desde logo por três
componentes principais:

• O primeiro prende-se com a criação do primeiro WebSIG de áreas


comunitárias em Portugal, procurando numa primeira fase compilar e
disponibilizar informação relativa às áreas comunitárias de todo o Concelho de
Mondim de Basto, criando um perfil de utilizador para cada uma delas, e
fazendo com que o SIAGF possa ser um instrumento de gestão florestal e um
veiculo difusor de informação que facilite a comunicação entre as entidades
florestais que atuam nesse Concelho e os seus proprietários;

• O segundo passa pela migração do SIAGF para a versão GisClient 3.0


libertada recentemente. Esta nova versão, de acordo com os seus
programadores, terá como maior novidade a possibilidade de utilização dos
serviços WMF gratuitos da Google (Google Earth) ou da Microsoft (Bing Maps).
A migração do SIAGF para esta versão do GisClient revelar-se-á de extrema
importância uma vez que, como se pretende expandir a informação
disponibilizada ao nível concelhio, esta possibilidade tornará seguramente o
sistema mais rápido para além de toda a vantagem de poder usufruir de uma
cartografia de base sempre atualizada;

• O terceiro componente diz respeito às camadas de informação disponibilizadas


atualmente pelo SIAGF. Existe ainda muita informação que poderá ser
compilada e disponibilizada numa nova versão. É o caso de alguma cartografia
temática como cartas de declives, exposições, tipos de solo, temperaturas,
entre muitas outras. Ter igualmente em conta que alguma informação,
nomeadamente informação de base (Carta Militar e Ortofotos), não se encontra
disponível gratuitamente. A importância desta informação para a gestão
florestal faz com que devam ser encontradas parcerias ou protocolos com
algumas entidades detentoras, no sentido de esta poder a vir a ser

88
disponibilizada para visualização através do SIAGF. Alternativamente, poderá
vir a usufruir dos serviços disponibilizados pela infra-estrutura de informação
geográfica em implementação em Portugal, que se prevê que esteja concluída
em Outubro de 2020.

89
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