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Tema 11: Administrativo. Cargo em comissão.

Gravidez e estabilidade no serviço


público.

Helga Lana ajuizou ação de obrigação de fazer com pedido de reparação por danos
morais e materiais em face do município do Rio de Janeiro, alegando que em
fevereiro de 2015, foi nomeada para ocupar cargo em comissão, oportunidade
em que passou a exercer as funções de administradora de Posto de Saúde, recebendo
por isso a remuneração mensal de R$ 1.800,00.

Aconteceu que, no dia 3 de março de 2017 - exatos cinco meses


anteriores ao nascimento de sua filha - a autora foi dispensada do trabalho,
em que pese tenha informado o seu estado de gravidez. Em seguida, protocolou um
requerimento na Secretaria de Administração do réu, no intuito de reverter o
panorama, mas não teve resposta favorável.

A autora aduz ter havido violação do direito social de proteção à maternidade, cujo
espeque pode ser encontrado no art. 6º da Constituição Federal. Observa-se, ainda, a
violação do princípio da dignidade da pessoa humana. O correto seria o
reconhecimento de sua estabilidade, porque, ainda que o contrato fosse
temporário, a dispensa somente ocorreu por causa da sua gravidez.

Existe na conduta do réu, pois, uma tentativa de burlar o ordenamento jurídico, haja
vista que o verdadeiro motivo, a sua gravidez, não pode fundamentar o ato de
exoneração, independentemente de o vínculo com a Administração ser precário ou
não.

Por esses motivos, Helga Lana pede a condenação do réu ao pagamento de


indenização equivalente à remuneração que faria jus desde a sua exoneração, no dia 3
de março de 2017, a condenação ao pagamento dos reflexos da indenização sobre as
verbas rescisórias, quais sejam, décimo terceiro e décimo terceiro proporcional, férias
e férias proporcionais, além de indenização por danos morais, no valor de R$
30.000,00.

Pede, ainda, que seja anulado o ato administrativo que ensejou a sua exoneração,
com a consequente volta às funções de administração que exercia no Posto de
Saúde e a condenação em honorários advocatícios.

O município do Rio de Janeiro ofereceu contestação, suscitando, preliminarmente, a


incompetência absoluta do juízo, por acreditar que é a Justiça Trabalhista que detém a
investidura necessária para a análise do assunto.

No mérito, o réu alega que, em se tratando de cargo comissionado, não pode subsistir
nenhum argumento favorável a uma possível estabilidade. Nesses casos, é pacífico
em nossa jurisprudência que toda exoneração é ad nutum, quer dizer, independe de
motivação, e, no caso, o fato de o período de gravidez da autora ter coincidido com o
ato administrativo em questão é irrelevante. Logo, a autora não tem direito às
indenizações e tampouco à estabilidade que almeja. Dessa forma, o réu requer a total
improcedência dos pedidos.

A petição inicial, de fls. 02-15, veio instruída com os documentos de fls. 16-27.

A gratuidade de justiça foi deferida à autora, em decisão de fls. 31.

Vieram os autos conclusos.

Elabore a sentença.

Solução do Caso Concreto:

Petição Inicial:

• Causa de Pedir Remota: Nomeação para cargo em comissão e a estabilidade


decorrente de sua gravidez (Artigo 7º, XVIII da CRFB).
• Causa de Pedir Próxima: A dispensa do cargo em comissão durante o período
de estabilidade decorrente de sua gravidez
• Pedido Imediato: Condenar; Declarar e Determinar.
• Pedido Mediato: 1 –Dano Material (remuneração devida desde a data de sua
exoneração – 3 de março de 2017, bem como os reflexos da indenização (13º,
férias); 2 – Dano Moral; 3 – Anulação do ato administrativo que ensejou a
exoneração; Retorno (reintegração como consequência) às funções; 4 -
Pagamento dos honorários advocatícios.

Contestação

• Questões Prévias: Incompetência absoluta do Juízo uma vez que alega que
a matéria deve ser discutida na Justiça do Trabalho.

Mérito: 1 – Que inexiste estabilidade no cargo em comissão. Que toda exoneração


se dá ad nutum, ou seja, independe de motivação.

2 – Que o fato do ato administrativo ter coincidido com a gravidez da parte


autora é irrelevante.

3 – Que as verbas pleiteadas são descabidas.


Pedido: Requer a total improcedência dos pedidos autorais.

O cerne da controvérsia reside em identificar se o juízo é competente para o


conhecimento e julgamento da matéria; se há que se falar em estabilidade no
cargo em comissão, especialmente; se a autora faz jus a alguma indenização.

Legislação Aplicável:

- Artigo 7º, inciso XVIII da Constituição da República - (XVIII - licença à gestante,


sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias);

- Artigo 39, §3º da Constituição da República – (§ 3º Aplica-se aos servidores


ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos
diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir).

- Artigo 10, II, “b” do ADCT – (Art. 10. Até que seja promulgada a lei
complementar a que se refere o art. 7º, I, da Constituição: (...) II - fica vedada a
dispensa arbitrária ou sem justa causa: (...); b) da empregada gestante, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto).

Jurisprudência do Caso Concreto:

1 – Quanto à competência para o julgamento da matéria


EMENTA Agravo regimental na medida cautelar na reclamação Administrativo e
Processual Civil. Ação civil pública. Vínculo entre servidor e o poder público.
Contratação temporária - ADI nº 3.395/DF-MC. Cabimento da reclamação.
Incompetência da Justiça do Trabalho (...). (STF - Rcl: 4069 PI ,Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 10/11/2010, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJe-107 DIVULG 03-06-2011 PUBLIC 06-06-2011 EMENT VOL-
02537-01 PP-00019).

2 – Quanto ao mérito da demanda

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


SERVIDORAS PÚBLICAS E EMPREGADAS GESTANTES. LICENÇA-
MATERNIDADE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ART. 7º, XVIII, DA
CONSTITUIÇÃO. ART. 10, II, "B", do ADCT.(...). (RE nº 568.985/SC-AgR,
Segunda Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 28/11/08).

Direito Administrativo. Município de Itaboraí. Cargo em comissão. A Autora


encontrava-se em estado de gravidez no momento da sua dispensa trabalhista. Os
cargos em comissão são de livre provimento e dispensa, não sendo
alcançados pela proibição de exoneração no período de gravidez.
Entretanto, é devida a indenização pelo respectivo período em razão dos
princípios da dignidade da pessoa humana e da moralidade pública, a impedirem a
prática de ato arbitrário e injusto. Outrossim, observa-se que a norma
constitucional (art. 10, II, "h" do ADCT) garante à servidora contratada
temporariamente para o exercício de função pública uma
estabilidade provisória. Assim, para conciliar a proteção à maternidade com
o regramento dos cargos em comissão, há de ser resguardado à servidora gestante
exonerada durante a gravidez o direito à indenização correspondente aos
vencimentos que teriam sido percebidos caso mantido o vínculo com o Poder
Público. (...). Recurso desprovido. ( Apelação n º 0024217-82.2013.8.19.0023 –
TJRJ - Vigésima Segunda Câmara Cível - Relator: DES. CARLOS EDUARDO
MOREIRA DA SILVA).

REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E DE


INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E MATERIAL. CONTRATO
TEMPORÁRIO. EXONERAÇÃO DE EMPREGADA GESTANTE.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. (Reexame Necessário nº 0002289-
31.2013.8.19.0070 – TJRJ - Décima Sexta Câmara Cível - Relator:
Desembargador MARCO AURÉLIO BEZERRA DE MELO).

RELATÓRIO

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FUNDAMENTAÇÃO

Antes de se analisar a demanda propriamente dita, deve-se destacar que o cargo em


comissão, nas palavras de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (In Curso
de Direito Administrativo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 269) “são aqueles
vocacionados para serem ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança da
autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum,
isto é, livremente, quem os esteja titularizando”.

O artigo 37, II da CR assim define os cargos em comissão:


“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:

(...).

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em


concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;
(...).”

Percebe-se, pois, que o cargo em comissão deverá ser ocupado por pessoa de
confiança da autoridade competente.

De igual forma, a exoneração do ocupante do cargo em comissão se dá de forma


livre, não necessitando a autoridade competente apresentar qualquer motivação.

Prosseguindo, a Lei nº 8.112/90, em seu artigo 3º afirma que o cargo em comissão é


espécie do gênero Cargo Público, conforme se depreende abaixo:

“Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas


na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor.

Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados


por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão”.

O artigo 35 da Lei nº 8.112/90 dispõe acerca da exoneração do cargo em comissão,


demonstrando o afirmado linhas acima no sentido de inexistir necessidade de
motivação no ato, nos seguintes termos:

“Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de função de


confiança dar-se-á:

I - a juízo da autoridade competente;

II - a pedido do próprio servidor”.

O artigo 37, V dispõe que os cargos em comissão destinam-se apenas às atribuições


de direção, chefia e assessoramento, sendo inconstitucional a criação de cargo em
comissão com atribuição diversa.
Nesse sentido, vejamos o que diz o citado dispositivo, in verbis:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:

(...);

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes


de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se
apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;

Quanto às garantias aplicadas ao ocupante do cargo em comissão, espécie do gênero


Cargo Público, cabe destacar o disposto no artigo 39, §3º da Constituição da
república, in verbis:

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão


conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por
servidores designados pelos respectivos Poderes.

(...)

§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV,
VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo
a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo
o exigir.

Dentre os incisos acima citados, convém destacar os seguintes: IV


(remuneração); VIII (13º salário) e XVII (Férias com acréscimo de 1/3).

Por fim, cumpre informar que o prazo para o oferecimento da presente demanda é
prescricional e quinquenal.

Nesse sentido, processo nº 0022842-57.2014.8.19.0008 – APELAÇÃO - Des(a).


MAURO DICKSTEIN - Julgamento: 06/06/2017 - DÉCIMA SEXTA CÂMARA
CÍVEL

ORDINÁRIA. COBRANÇA. SERVIDOR MUNICIPAL DE BELFORD ROXO


OCUPANTE EXCLUSIVAMENTE DE CARGO DE ASSISTENTE TÉCNICO
EM COMISSÃO. CONDENAÇÃO DA EDILIDADE AO PAGAMENTO DAS
VERBAS REFERENTES ÀS FÉRIAS VENCIDAS, BEM COMO AOS
VALORES RELATIVOS AO TERÇO CONSTITUCIONAL, ALÉM DO
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO CORRESPONDENTE AO PERÍODO
RECLAMADO, DIANTE DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
ADIMPLEMENTO. DIREITO ASSEGURADO A TODOS OS
TRABALHADORES. INTELIGÊNCIA DO ART. 39, §3º, DA CARTA
MAGNA. DIREITO FUNDAMENTAL GARANTIDO NA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, EM SEU ART. 7º. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA
CORTE SUPREMA. PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL.
DECRETO Nº 20.910/32. (...)”.

Dando sequência, a partir desse momento serão analisadas todas as questões


suscitadas na demanda.

Questão Prévia.
A parte ré aduziu questão prévia relacionada à competência funcional do juízo
estadual para conhecer e julgar a demanda posta em juízo.

Considerando que a relação travada entre a administração pública e o particular


possui natureza jurídico-administrativa, a competência para o julgamento da causa
pertence à Justiça Estadual.

Nesse sentido, o verbete sumular nº 218 do Superior Tribunal de Justiça, in


verbis:

Compete à Justiça dos Estados processar e julgar ação de servidor estadual


decorrente de direitos e vantagens estatutárias no exercício de cargo em
comissão.

No mesmo sentido, os seguintes julgados:

EMENTA Agravo regimental na medida cautelar na reclamação Administrativo e


Processual Civil. Ação civil pública. Vínculo entre servidor e o poder público.
Contratação temporária - ADI nº 3.395/DF-MC. Cabimento da reclamação.
Incompetência da Justiça do Trabalho.(...). (STF - Rcl: 4069 PI ,Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 10/11/2010, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: DJe-107 DIVULG 03-06-2011 PUBLIC 06-06-2011 EMENT VOL-
02537-01 PP-00019).

EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM RECLAMAÇÃO. DECISÃO


PROFERIDA NA ADI 3.395-MC. AFRONTA. INOCORRÊNCIA.
AUSÊNCIA DE IDENTIDADE DE OBJETO ENTRE O ATO
IMPUGNADO E A DECISÃO INDICADA COMO DESRESPEITADA. O
manejo de reclamação é restrito às hipóteses expressamente previstas nos
arts. 102, I, “l”, e 103-A, § 3º, da Constituição da República - incabível a
utilização desse instrumento como sucedâneo de recurso ou atalho
processual. Tendo a liminar sido referendada nos termos do voto do Relator,
há afronta à decisão proferida na ADI 3.395-MC quando não reconhecida a
competência da Justiça Trabalhista em feitos nos quais caracterizada relação
mantida pela Administração Pública Direta, autárquica ou fundacional e
seus servidores com investidura a) em cargo efetivo; b) ou em cargo em
comissão. O Tribunal de origem se limitou a afastar a alegada incompetência
sob o fundamento de que, após a EC 45/2004, a competência para dirimir os
conflitos decorrentes de relação de trabalho nascida em representação
comercial é da Justiça do Trabalho. Ausência de identidade de objeto entre o
ato impugnado e a decisão indicada como desrespeitada. Agravo regimental
conhecido e não provido. (Rcl 13291 AgR / MG - MINAS GERAIS
AG. REG. NA RECLAMAÇÃO Relator(a): Min. ROSA WEBER
Julgamento: 07/10/2014Órgão Julgador: Primeira Turma).

Idem RECLAMAÇÃO 27.359 SÃO PAULO (VER ACÓRDÃO –


HELGA e COMPETÊNCIA JUSTIÇA COMUM).

Dessa forma, rejeito a questão prévia apresentada pela parte ré.

MÉRITO

No mérito, cabe destacar que o cargo em comissão, espécie do gênero cargo público,
se destina exclusivamente às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

Cabe à autoridade competente indicar pessoa de sua confiança para exercer as


funções de direção, chefia e assessoramento, sendo livre a nomeação para ocupar tal
cargo.

Quanto à exoneração, não se exige que o ato administrativo possua qualquer


motivação ou justificativa. Por isso, diz-se também que no cargo em comissão a
exoneração se dá ad nutum.

Percebe-se, pois, que como regra geral a nomeação se dá a título precário, não tendo
o seu ocupante, como regra geral, estabilidade no cargo em comissão, essa reservada
somente aos cargos de caráter efetivo, preenchidos após aprovação em
concurso público de provas e/ou provas e títulos.
No entanto, o artigo 39, §3º da Constituição da República, determina a aplicação aos
ocupantes de cargo público de algumas das garantias previstas no artigo 7º do mesmo
diploma.

Dentre essas garantias, cabe ressaltar a extensão da proteção à maternidade, 13º


Salário e Férias acrescidas do terço constitucional.
Especificamente quanto à proteção à maternidade, o artigo 10, II do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT dispõe que a
estabilidade conferida às mulheres grávidas se estende desde a
confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.
Assim, podemos fazer uma releitura do instituto do cargo em comissão, para tê-lo
como sendo aquele cargo de livre nomeação (em caráter precário) e exoneração,
salvo quando se tratar de ocupante do sexo feminino grávida, momento a partir do
qual a mesma terá direito à estabilidade provisória.

Tal estabilidade não pode ser confundida com o direito à permanência


no cargo, pois como visto, o mesmo é de livre nomeação e exoneração.
Dessa forma, buscando conciliar a natureza precária/temporária do cargo em
comissão com a estabilidade provisória conferida à sua ocupante em razão de
gravidez, o Superior Tribunal de Justiça admitiu a indenização substitutiva da
estabilidade provisória, conforme julgado abaixo:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. DISPENSA DE SERVIDORA
CONTRATADA EM CARÁTER TEMPORÁRIO DURANTE O PERÍODO
DE GESTAÇÃO. ARTS. 7º, XVIII, DA CF E10, II, b, DO ADCT.
INDENIZAÇÃO SUBSTITUTIVA DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA.
POSSIBILIDADE. VALORES POSTERIORES À IMPETRAÇÃO.
SÚMULAS 269 E 271/STF. PRECEDENTES. 1. De acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, as servidoras públicas, incluídas as
contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho,
possuem direito à licença-maternidade e à estabilidade provisória, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, consoante dispõem os arts.
7º, XVIII, da Constituição Federal e 10, II, b, do ADCT, sendo a elas assegurada a
indenização correspondente às vantagens financeiras pelo período constitucional
da estabilidade. Precedentes. (...) À vista do exposto, dou parcial
provimento ao recurso ordinário e concedo a segurança postulada, a fim
de assegurar à recorrente o direito à percepção da indenização substitutiva,
correspondente às remunerações devidas a partir da data da impetração do
presente mandamus (7/11/2007) até o quinto mês após o parto” (RMS 027308,
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEGUNDA TURMA, DJe
17/09/2013).
Importante ressaltar que a parte ré não impugnou as alegações da parte autora, tendo
se limitado apenas a afirmar a inexistência de estabilidade no cargo em comissão, a
legalidade do ato atacado, bem como o não cabimento das verbas pleiteadas.

Nesse ponto, restou demonstrado acima, diferente do afirmado pela parte ré, que a
gestante ocupante de cargo em comissão possui direito à estabilidade provisória.

Além disso, em razão das garantias previstas na Constituição da República e


extensíveis aos ocupantes do cargo em comissão por força do artigo 37, §3º da
Constituição, a parte autora possui direito às verbas relativas à remuneração, décimo
terceiro salário e férias acrescidas do terço constitucional.

Percebe-se, pois, que o ato de exoneração da parte autora desrespeitou a regra da


estabilidade provisória, tendo o STJ reconhecido a possibilidade de substituir a
estabilidade provisória da autora por uma indenização que reflita as verbas que a
mesma faria jus caso estive no exercício do cargo.

Em razão de tais fatos, não merecem prosperar as alegações da parte ré.

Passo a analisar nesse momento os pedidos autorais.

No caso concreto, o vínculo jurídico que existia entre a autora e a administração


pública se extinguiu com o ato de exoneração.

Dessa forma, não se pode mais reintegrá-la ao cargo em comissão, pois como visto
linhas acima, a nomeação para se ocupar o cargo em comissão depende do juízo da
autoridade competente, sendo tal cargo de livre nomeação e exoneração, cabendo
nessa fase discutir se a parte autora faz jus ou não as verbas pleiteadas.

Em razão do exposto, julgarei improcedente o pedido de anulação do ato


administrativo atacado e a consectária reintegração ao cargo.

Passo a analisar o pedido de condenação da parte ré no pagamento das verbas


referentes à remuneração, férias acrescidas do terço constitucional (incluindo as
proporcionais) e 13º salário (incluindo a verba proporcional).

Inicialmente convém destacar que o pedido em questão é ilíquido e, por isso, em caso
de eventual procedência, deverá ser apurado em sede de liquidação de sentença.

Além disso, a autora não delimitou no tempo o quantum pretendido, isto é, a data
final para o recebimento das remunerações pretendidas, o que deverá ser feito por
esse juízo.

Feitas tais considerações, deve ser ressaltado que o pedido da parte autora encontra
fundamento diretamente no texto constitucional.
Não se pode autorizar que a autora seja exonerada do seu cargo durante o período de
estabilidade provisória e nada receba.

De ressaltar-se que embora a relação mantida entre as partes possua natureza


jurídico-administrativa, o artigo 39, §3º da Constituição da República estende aos
ocupantes de cargos públicos alguns dos direitos previstos para trabalhadores da
iniciativa privada, dentre esses, o direito à remuneração, férias acrescidas do terço
constitucional e férias, além da própria estabilidade para as gestantes.

Nesse ponto, alega a parte autora que foi exonerada em 03 (três) de março de
2017, 05 (cinco) meses antes do nascimento de sua filha, fato esse não contestado
pela parte ré nos termos do artigo 373, II do CPC.

Considerando que a estabilidade provisória da parte autora se estende até 05 meses


após o nascimento da criança (artigo 10, II, “b” do ADCT), a autora faz jus: 1) a
remuneração do seu cargo durante o período de estabilidade provisória; 2) às verbas
relativas às férias integrais e/ou proporcionais com o acréscimo do terço
constitucional e, 3) 13º salário integral e proporcional.

Tais verbas são devidas desde o dia 03 (três) de março de 2015 (data do ato de
exoneração) até 5 (cinco) meses após o nascimento da criança.

Assim, julgarei o pedido da parte autora parcialmente procedente para condenar a


parte ré no pagamento à parte autora das verbas relativas: 1) à remuneração do seu
cargo durante o período de estabilidade provisória; 2) às verbas relativas às férias
integrais e/ou proporcionais com o acréscimo do terço constitucional e, 3) 13º salário
integral e proporcional. Tais verbas serão devidas desde o dia 03 (três) de março de
2017 (data do ato de exoneração) até 5 (cinco) meses após o nascimento da filha da
parte autora, devendo ser apuradas em sede de liquidação de sentença e acrescidas
dos consectários legais.

OBS: JULGAMENTO FINAL TEMA 810 STF

Por fim, quanto ao dano moral, embora existam precedentes do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro julgando improcedente tal pedido em razão da natureza do
cargo, não se pode desconsiderar que a gravidez é um momento onde a mulher
necessita de maiores recursos para preparar a chegada do seu filho.

Além disso, durante o período de gravidez a mulher deve se submeter a


acompanhamento médico, utilizar medicamentos específicos, tudo isso a demonstrar
que a indevida exoneração da parte autora gerou mais do que um mero
aborrecimento.
Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, Processo nº 0343289-77.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO - Des(a). RENATA
MACHADO COTTA - Julgamento: 08/11/2017 - TERCEIRA CÂMARA CÍVEL:

APELAÇÃO. DIREITO CONSTITUCIONAL. LICENÇA-MATERNIDADE.


PEDIDO INDENIZATÓRIO. DIREITO ASSEGURADO
CONSTITUCIONALMENTE. ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA
SERVIDORA COMISSIONADA. INTELIGÊNCIA DO ART. 7º, INCISO XVIII
C/C ART. 39, § 3º DA CARTA MAGNA E DO ART. 10, II, B DO ADCT.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. (...). Danos morais. Em relação ao
pedido de indenização por danos morais, entendo que a também
sentença merece reforma. São inegáveis o transtorno e a
preocupação da autora ao ver-se desprovida de sua remuneração,
justamente em um momento de maiores gastos familiares com a
chegada de um filho. É bem verdade que, no âmbito deste E. Tribunal de
Justiça, existem precedentes no sentido de que não são devidos danos morais
nas hipóteses em análise, porquanto se trata de cargo de livre nomeação e
livre exoneração. Contudo, não coaduno com tal posicionamento, tendo em
vista que, apesar de se tratar e cargo de nomeação e exoneração ad nutum,
no período de gozo de licença gestante, a servidora possui a legítima
expectativa de permanecer na titularidade do cargo. Em relação aos danos
morais, o quantum reparatório deve ser fixado de acordo com o bom senso e o
prudente arbítrio do julgador, sob pena de se tornar injusto e insuportável para o
causador do dano. Sob tais parâmetros, atenta aos princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, considero razoável
a quantia de R$ 8.000,00. Desprovimento do recurso da ré. Provimento
do recurso da autora.

O dano moral deverá ser arbitrado de forma proporcional à repercussão que teve na
vida social e privada da reclamante.

Na fixação do dano moral levo em consideração o fato narrado e, além disso, a


vedação do enriquecimento sem causa na forma do artigo 884 do C.C, motivo pelo
qual entendo ser justa e razoável a quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), valor esse
que deverá ser acrescido dos consectários legais.

OBS: DECISÃO NEUSA AGO 2019 TEMA 810 do STF

OBS: Com a modificação legislativa no artigo 292, V do CPC, a parte autora passou
a ter que especificar o quantum pretendido a título de dano moral.

“Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:

(...);
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

(...)”

Com isso, caso o pedido de dano moral não seja acolhido integralmente, gerará para o
demandante uma sucumbência parcial quanto a esse pedido, conforme artigos 85,
caput e 86, caput e parágrafo único, todos do Código de Processo Civil, abaixo
transcritos.

Deve ser destacado que o verbete sumular nº 105 do TJRJ (“A indenização por dano
moral, fixada em valor inferior ao requerido, não implica, necessariamente, em
sucumbência recíproca”) foi cancelado.

Tal verbete foi editado no ano de 2005 porque “Consolidou-se a jurisprudência no


sentido de que, como o arbitramento da verba compensatória é judicial, é irrelevante
o fato de o autor não ter sido atendido por inteiro em sua pretensão, para o efeito de
fixação dos ônus sucumbenciais”.

No entanto, no dia 03/07/2017 houve o seu cancelamento “em virtude de a matéria


estar regulamentada pelo enunciado nº 326 da Súmula do Colendo Superior Tribunal
de Justiça).

Quando da criação do citado verbete, a lei não exigia que a parte autora indicasse o
valor pretendido a título de danos morais, ou seja, que quantificasse o valor
pretendido a esse título.

Como visto acima, com a reforma do Código de Processo Civil, o artigo 292, V do
CPC passou a exigir que o pedido de dano moral seja liquido.

Como consequência, caso o mesmo não seja integralmente acolhido, gerará com isso
a sucumbência recíproca da parte autora.

Em razão do exposto acima, o verbete sumular 326 do STJ (“Na ação de


indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca”) embora ainda válido, também e a
meu sentir poderia ter perdido sua aplicabilidade (OU NÃO!), pois a partir da
entrada em vigor do CPC, a parte demandante deverá apresentar o quantum
pretendido a título de dano moral e o não acolhimento total ou parcial do pedido
gerará a sucumbência parcial.
Honorários Advocatícios e Despesas Processuais.

Por fim, quanto ao pedido de condenação nas despesas processuais e honorários


advocatícios, deve ser ressaltado que tal tema encontra-se disciplinado nos artigos 82
ao 97 do Código de Processo Civil.

A sucumbência é orientada pelo princípio da causalidade, segundo o qual os


honorários advocatícios e as despesas processuais devem ser suportados por aquele
que deu causa à demanda.

Considerando que a parte ré é o Município do Rio de Janeiro, deve-se atentar para os


seguintes artigos:

- Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.

(...)

§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por


cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:

I - o grau de zelo do profissional;

II - o lugar de prestação do serviço;

III - a natureza e a importância da causa;

IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2o e os seguintes
percentuais:

I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;

II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000
(dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou
do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até
20.000 (vinte mil) salários-mínimos;

IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou


do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até
100.000 (cem mil) salários-mínimos;

V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do


proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.

§ 4o Em qualquer das hipóteses do § 3o:

I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo,


quando for líquida a sentença;

II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos


previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado;

III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito
econômico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado
da causa;

IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida


ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação.

§ 5o Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o


benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao
valor previsto no inciso I do § 3o, a fixação do percentual de honorários deve
observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim
sucessivamente.

§ 6o Os limites e critérios previstos nos §§ 2o e 3o aplicam-se


independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de
improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.

(...)

§ 9o Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de


honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze)
prestações vincendas.

(...)

§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar,


com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo
vedada a compensação em caso de sucumbência parcial.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam
seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de
sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no § 14.

§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios


incidirão a partir da data do trânsito em julgado da decisão.

§ 17. Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa própria.

§ 18. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos
honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e
cobrança.

§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos


da lei.

- Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão


proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas.

Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro


responderá, por inteiro, pelas despesas e pelos honorários.

- Art. 97. A União e os Estados podem criar fundos de modernização do Poder


Judiciário, aos quais serão revertidos os valores das sanções pecuniárias
processuais destinadas à União e aos Estados, e outras verbas previstas em lei.

Além disso, importante ressaltar o disposto no verbete nº 145 do TJRJ, in verbis:

“Se for o Município autor estará isento da taxa judiciária desde que se comprove
que concedeu a isenção de que trata o parágrafo único do artigo 115 do CTE, mas
deverá pagá-la se for o réu e tiver sido condenado nos ônus sucumbenciais.”

OBS: Atentar para o duplo grau de jurisdição:

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença:

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público;

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o
juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do
respectivo tribunal avocá-los-á.

§ 2o Em qualquer dos casos referidos no § 1o, o tribunal julgará a remessa


necessária.
§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito
econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e


fundações de direito público;

II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as


respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que
constituam capitais dos Estados;

III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas


autarquias e fundações de direito público.

§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver


fundada em:

I - súmula de tribunal superior;

II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal


de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou


de assunção de competência;

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito


administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.

DISPOSITIVO

Em face do exposto e por esses fundamentos, julgo IMPROCEDENTES os pedidos


para anulação do ato de exoneração e para a reintegração da parte autora.

Em face do exposto e por esses fundamentos, julgo parcialmente procedente o pedido


da parte autora para CONDENAR a parte ré no pagamento a título de danos
materiais: 1) das verbas relativas à remuneração do cargo ocupado pela parte autora
durante o período de estabilidade provisória; 2) das verbas relativas às férias integrais
e/ou proporcionais com o acréscimo do terço constitucional devidas durante o
período de estabilidade provisória da parte autora e, 3) das verbas relativas ao 13º
salário, integral e proporcional durante o período de estabilidade provisória da parte
autora. Tais verbas serão devidas desde o dia 03 (três) de março de 2017 (data do ato
de exoneração) até 5 (cinco) meses após o nascimento da filha da parte autora,
devendo ser apuradas em sede de liquidação de sentença e acrescidas dos
consectários legais.
Em face do exposto e por esses fundamentos, julgo parcialmente procedente o pedido
da parte autora para CONDENAR a parte ré no pagamento a título de danos morais
no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), valor esse que deverá ser acrescido dos
consectários legais.

Considerando a sucumbência recíproca, condeno a parte autora no pagamento do


percentual de 50% das despesas processuais e honorários advocatícios, cujo
percentual deverá ser fixado na forma do artigo 85, §4º, II do Código de
Processo Civil, observada a gratuidade de justiça.
Condeno a parte ré no pagamento do percentual de 50% (cinquenta por cento) da taxa
judiciária (Súmula 145 do TJRJ) e honorários advocatícios, cujo percentual deverá
ser fixado na forma do artigo 85, §4º, II do Código de Processo Civil.

Deverá a parte ré restituir a parte autora 50% das despesas processuais


antecipadas, cujo valor será abatido da condenação relacionada ao pagamento
da Taxa Judiciária acima imposta (caso não houvesse JG deferida).

Considerando o valor da condenação, bem como o disposto no artigo 496, §3º, II do


Código de Processo Civil, deixo de observar o duplo grau de jurisdição.

P.I. ou P.R.I.

DATA

JUIZ DE DIREITO

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