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Direito Internacional Privado

Trabalho 2

Turma J

Integrantes:

Alisson Eleutério Fukuhara

Bruno Costa Alves

Stéfany Cristina de Oliveira Alves

Questão 1:

Litispendência ocorre quando duas causas são idênticas, ou seja, seus três elementos
identificadores são iguais, são eles: as partes, o pedido e a causa de pedir, conforme prevê o art.
337, § 2º, do CPC. Quando se verifica entre dois processos brasileiros a identidade dos
elementos da demanda, ocorre o fenômeno da litispendência. A questão que se coloca é se essa
mesma solução seria aplicável no caso de um processo brasileiro e um processo estrangeiro com
as mesmas partes, pedido e a causa de pedir. Conforme o CPC:

Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz


litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as
disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais
em vigor no Brasil.

Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira


não impede a homologação de sentença judicial estrangeira quando
exigida para produzir efeitos no Brasil.

Nesse sentido entende-se que a sentença estrangeira, ainda que transitada em julgado,
não produz qualquer efeito no Brasil, a não ser que homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
Além disso, o reconhecimento da sentença estrangeira não é automático e depende do
preenchimento dos requisitos positivos e negativos, sendo possível, inclusive, que ele seja
denegado. A justiça brasileira é indiferente ao fato de haver ação ajuizada em país alienígena,
mesmo se idêntica a outra que aqui tramite.

Questão 2:

A cláusula de arbitragem estrangeira é instituto comumente presente em contratos que,


conforme definição expressa na Convenção de Nova Iorque, é um acordo escrito pelo qual as
partes se comprometem a submeter à arbitragem todas as divergências que tenham surgido ou
que possam vir a surgir entre si no que diz respeito a um relacionamento jurídico definido, seja
ele contratual ou não, com relação a uma matéria passível de solução mediante arbitragem.

Ponderando a enorme quantidade de contratos firmados entre grandes empresas de


porte internacional com seus contratados no Brasil, onde muitas vezes os serviços a serem
prestados serão executados, em que se encontra presente a cláusula em tela, o que se observa
na prática poderia acabar funcionando como uma maneira de afastar a parte brasileira e
hipossuficiente da apreciação do judiciário, ante à premente imposição da jurisdição arbitral a
ser realizada no exterior.

Diante da manifesta desproporcionalidade entre as partes no contrato, há


entendimento firmado no sentido de que a cláusula arbitral estrangeira não afasta a
possibilidade de que seja ajuizada ação no Brasil que verse sobre o referido contrato.

Nesse sentido, o STJ teve a oportunidade de discutir o tema no RO 114, pela sua 4ª
turma que, nos termos do voto do relator: “A jurisdição, como exercício da soberania do estado,
é inderrogável e inafastável e, ainda que válidas, como na presente hipótese de competência
internacional concorrente,as cláusulas que elegem foro alienígena em contratos internacionais
não tem o poder de afastar a jurisdição brasileira.Entender de forma diversa apenas porque as
partes assim pactuaram significaria, em ultima análise,afronta ao postulado da soberania
nacional.”

Cumpre destacar ainda que se trata de um caso em que se tem a jurisdição nacional
frente à jurisdição estrangeira, esta na forma de uma Câmara Arbitral com sede no exterior

Neste passo, face à referida decisão do STJ tem-se a possibilidade de que venha o
contratado a escapar da cláusula de arbitragem no exterior e buscar o judiciário local, sobretudo
naqueles casos onde tratamos de obrigação contratual inteiramente executada no Brasil.

Questão 3:

Sobre a possibilidade da homologação de sentença estrangeira que verse sobre propriedade de


bem imóvel no Brasil, tal homologação é vetada e respaldada pelo artigo 23 do CPC, que trata
como matéria exclusiva da jurisdição brasileira.

Art. 23: Compete à autoridade judiciária brasileira, com


exclusão de qualquer outra:

I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;

II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação


de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens
situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território
nacional;

III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união


estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda
que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional.

Esse artigo é complementado no tocante desta questão pelo artigo 25, do mesmo código que
acaba abrindo um parênteses nesta chamada exclusividade judiciária, tratando que enquanto
estiver disposto no contrato uma cláusula de eleição de foro, torna-se então possível a
homologação de sentença estrangeira que verse sobre bem imóvel localizado no Brasil.

Agora no que tange a responsabilidade civil concorrente, o artigo 25 acaba por permitir
uma sentença parcial do mérito:e

Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o


processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula
de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.

O exemplo mais fácil para demonstrar a incidência de tais dispositivos é quando pensamos na
situação de um imóvel situado no Brasil e foi vendido para um estrangeiro. Essa matéria é de
exclusividade da jurisdição brasileira. Agora quando incidir alguma multa decorrente do
contrato de compra e venda, esta pode ser matéria de homologação em sentença estrangeira,
desde que parcial.

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