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Módulo XIV: Lei de Igualdade

Quinquagésima Terceira Aula: Desigualdades sociais. Igualdade de direitos do


homem e da mulher

Objetivos específicos: Identificar as causas das desigualdades sociais. Explicar


as razões da igualdade de direitos do homem e da mulher.
Conteúdo básico:
■ As desigualdades sociais não estão na lei da natureza, são obra do homem e
não de Deus. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 806.
■ As desigualdades sociais desaparecerão quando (...) o egoísmo e o orgulho
deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade do merecimento. Dia
virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus deixarão de
considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou
menos puro e isso não depende da posição social. Allan Kardec: O livro dos
espíritos, questão 806-a.
■ São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?
Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de
progredir? Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 817.
■ Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A
emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. [...] Visto que
os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma
diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.
Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 822-a.
Subsídios:
1. Desigualdades sociais
As questões sociais preocupam vivamente a nossa época. Vê-se, não sem
espanto, que os progressos da civilização, o aumento enorme dos agentes
produtivos e da riqueza e o desenvolvimento da instrução não têm podido
extinguir o pauperismo nem curar os males do maior número. Entretanto, os
sentimentos generosos e humanitários não desapareceram. No coração dos
povos aninham se instintivas aspirações para a justiça e bem assim anseios
vagos de uma vida melhor. Compreende-se geralmente que é necessária uma
divisão mais equitativa dos bens da Terra. Daí mil teorias, mil sistemas
diversos, tendentes a melhorar a situação das classes pobres, a assegurar a
cada um os meios do estritamente necessário. Mas, a aplicação desses
sistemas exige da parte de uns muita paciência e habilidade; da parte de
outros, um espírito de abnegação que lhes é absolutamente essencial. Em vez
dessa mútua benevolência que, aproximando os homens, lhes permitiria
estudar em comum e resolver os mais graves problemas, é com violência e
ameaças nos lábios que o proletário reclama seu lugar no banquete social; é
com acrimônia que o rico se confina no seu egoísmo e recusa abandonar os
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famintos as menores migalhas da sua fortuna. Assim, um abismo abre-se; as


desavenças, as cobiças, os furores acumulam-se de dia em dia.
A causa do mal e o seu remédio estão, muitas vezes, onde não são
procurados, e por isso é em vão que muitos se têm esforçado por criar
combinações engenhosas. Sistemas sucedem a sistemas, instituições dão
lugar a instituições, mas o homem permanece desgraçado, porque se conserva
mau. A causa do mal está em nós, em nossas paixões e em nossos erros. Eis
o que se deve transformar. Para melhorar a sociedade, é preciso melhorar o
indivíduo; é necessário o conhecimento das leis superiores de progresso e de
solidariedade, a revelação da nossa natureza e dos nossos destinos, e isso
somente pode ser obtido pela filosofia dos Espíritos.
Talvez haja quem não admita essa ideia. Acreditar que o Espiritismo possa
influenciar sobre a vida dos povos, facilitar a solução dos problemas sociais é
ainda muito incompreensível para as ideias da época. Mas, por pouco que se
reflita, seremos forçados a reconhecer que as crenças têm uma influência
considerável sobre a forma das sociedades. Na Idade Média, a sociedade
[ocidental] era a imagem fiel das concepções católicas. A sociedade moderna,
sob a inspiração do materialismo, vê apenas [...] a luta dos seres, luta ardente,
na qual todos os apetites estão em liberdade. Tende a fazer do mundo atual a
máquina formidável e cega que tritura as existências, e onde o indivíduo não
passa de partícula, ínfima e transitória, saída do nada para, em breve, a ele
voltar. Mas, quanta mudança nesse ponto de vista, logo que o novo ideal vem
esclarecer-nos o ser e regular-nos a conduta! Convencido de que esta vida é
um meio de depuração e de progresso, que não está isolada de outras
existências, ricos e pobres, todos ligarão menos importância aos interesses do
presente. Em virtude de estar estabelecido que cada ser humano deve
renascer muitas vezes sobre este mundo, passar por todas as condições
sociais, sendo as existências obscuras e dolorosas então as mais numerosas e
a riqueza mal empregada, acarretando gravosas responsabilidades, todo
homem compreenderá que, trabalhando em benefício da sorte dos humildes,
dos pequenos, dos deserdados, trabalhará para si próprio, pois lhe será
preciso voltar à Terra e haverá nove probabilidades sobre dez de renascer
pobre.
Graças a essa revelação, a fraternidade e a solidariedade impõem-se; os
privilégios, os favores, os títulos perdem sua razão de ser. A nobreza dos atos
e dos pensamentos substitui a dos pergaminhos. Assim concebida, a questão
social mudaria de aspecto; as concessões entre classes tornar-se-iam fáceis e
veríamos cessar todo o antagonismo entre o capital e o trabalho. Conhecida a
verdade, compreender-se-ia que os interesses de uns são os interesses de
todos e que ninguém deve estar sob a pressão de outros. Daí a justiça
distributiva, sob cuja ação não mais haveria ódios nem rivalidades selvagens,
porém, sim, uma confiança mútua, a estima e a afeição recíprocas; em uma
palavra, a realização da lei de fraternidade, que se tornará a única regra entre
os homens.
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Como se vê, muitos [...] fatores importantes entram na composição ou


delineamento do problema [social] [...]e, deles, os que pela generalidade
sobrelevam aos demais são o capital e o trabalho. Mas, se não considerarmos
outro fator, de si importantíssimo, será impossível a solução. É de [...] ética o
problema social, sem a qual não pode ser solucionado. Juntemos, pois, esse
outro fator importantíssimo aos primeiros e teremos a chave da solução. O
amor: eis aí o importantíssimo fator, que, com o capital e o trabalho, forma a
trindade da questão.
Pelo exposto, pode dizer-se que desigualdades sociais são [...] o mais elevado
testemunho da verdade da reencarnação, mediante a qual cada espírito tem
sua posição definida de regeneração e resgate. Dessa forma, aqueles que, por
exemplo, [...] numa existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem,
em existência seguinte, às mais ínfimas condições, desde que os tenham
dominado o orgulho e a ambição.
Consideradas sob esse ponto de vista [...] a pobreza, a miséria, a guerra, a
ignorância, como outras calamidades coletivas, são enfermidades do
organismo social, devido à situação de prova da quase generalidade dos seus
membros. Cessada a causa patogênica com a iluminação espiritual de todos
em Jesus-Cristo, a moléstia coletiva estará eliminada dos ambientes humanos.
Por outro lado, as desigualdades sociais não estão na lei da natureza, são obra
do homem e não de Deus. Assim, desaparecerão um dia, quando [...] o
egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Restará apenas a desigualdade
de merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de
Deus deixarão de considerar-se como de sangue mais ou menos puro. Só o
Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social.
2. Igualdade de direitos do homem e da mulher
A questão social não abrange somente as relações das classes entre si,
abrange também a mulher [...] à qual seria equitativo restituir-se os direitos
naturais, uma situação digna, para que a família se torne mais forte, mais
moralizada e mais unida.
Com efeito, o homem e a mulher são iguais perante Deus, tendo, pois os
mesmos direitos, uma vez que a ambos Deus outorgou a inteligência do bem e
do mal, assim como a faculdade de progredir. A inferioridade da mulher em
alguns países é devido ao [...] predomínio injusto e cruel que sobre ela
assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força
sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o
direito. Note-se, entretanto, que a constituição física mais fraca da mulher, em
relação ao homem, tem a finalidade de [...] lhe determinar funções especiais.
Ao homem, por ser mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves;
a ambos, o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma
vida cheia de amargor. Assim, Deus apropriou a organização de cada ser às
funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força
física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a
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delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos
seus cuidados.
Em decorrência desses ensinamentos, Kardec pergunta aos Espíritos
Superiores se uma legislação, para ser justa, deve prever a igualdade dos
direitos do homem e da mulher. Respondem eles: Dos direitos, sim; das
funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-
se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua
aptidão. A lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos
direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é
contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da
civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. [...] Visto que os
Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença
há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.
De fato, a [...] mulher é um espírito reencarnado, com uma considerável soma
de experiências em seu arquivo perispiritual. Quantas dessas experiências já
vividas terão sido em corpos masculinos? Impossível precisar, mas,
seguramente, muitas, se levarmos em conta os milênios que a Humanidade já
conta de experiência na Terra. Para definir a mulher moderna, precisamos
acrescentar às considerações anteriores o difícil caminho da emancipação
feminina. A mulher de hoje não vive um contexto cultural em que os papéis de
ambos os sexos estejam definidos por contornos precisos. A sociedade atual
não espera da mulher que ela apenas abrigue e alimente os novos indivíduos,
exige que ela seja também capaz de dar sua quota de produção à coletividade.
Em síntese, pode-se dizer que o [...] homem e a mulher, no instituto conjugal,
são como o cérebro e o coração do organismo doméstico. Ambos são
portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio da família [...].16
Uma e outro [a mulher e o homem] são iguais perante Deus [...] e as tarefas de
ambos se equilibram no caminho da vida, completando-se perfeitamente, para
que haja, em todas as ocasiões, o mais santo respeito mútuo.

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