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Prof.

João Pedro Marra Nogueira


Teoria Geral do Processo
Unidade I

Teoria Geral do Processo –

É uma disciplina jurídica dedicada à elaboração, à organização e à articulação dos conceitos


jurídicos fundamentais processuais.

Conceitos jurídicos fundamentais processuais –

São todos os conceitos indispensáveis à compreensão jurídica do fenômeno processual,


onde quer que ele ocorra. Ou seja: são conceitos que servem como pressuposto para uma
abordagem científica do Direito positivo.

São exemplos: processo, competência, decisão, cognição, admissibilidade norma processual,


demanda, legitimidade, pretensão processual, capacidade de ser parte, capacidade
processual, capacidade postulatória, prova, presunção e tutela jurisdicional.

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A Teoria Geral do Processo pode ser compreendida como uma teoria
geral, pois os conceitos jurídicos fundamentais processuais, que
compõem o seu conteúdo, têm pretensão universal.
Convém adjetivá-la como "geral" exatamente para que possa ser
distinguida das teorias individuais do processo, que têm pretensão de
servir à compreensão de determinadas realidades normativas.

O Direito Processual Civil, por exemplo, é o conjunto das normas que


disciplinam o processo jurisdicional civil - visto como ato-jurídico
complexo ou como feixe de relações jurídicas. Compõe-se das normas
que determinam o modo como o processo deve estruturar-se e as
situações jurídicas que decorrem dos fatos jurídicos processuais.

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A Ciência do Direito Processual Civil é o ramo do
pensamento jurídico dedicado a formular as diretrizes,
apresentar os fundamentos e oferecer os subsídios para as
adequadas compreensão e aplicação do Direito Processual
Civil. O Direito Processual Civil é o objeto desta Ciência.

Cabe a ela a elaboração, articulação e sistematização dos


conceitos jurídico-positivos, construídos para a
compreensão de um determinado direito positivo.
Um exemplo: é a Ciência do Processo que definirá o que são
a apelação, uma liminar, uma decisão interlocutória, uma
penhora, uma reconvenção etc., para o direito processual
civil brasileiro.

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Note, assim, que são dois planos distintos de linguagem: o plano normativo (Direito
Processual) e o plano doutrinário (Ciência do Direito Processual). O plano da linguagem
doutrinária opera sobre o plano normativo, por isso a linguagem doutrinária é considerada
uma metalinguagem: linguagem (científica) sobre linguagem (normativa).

Assim,
Uma coisa é discutir o conteúdo das normas de um determinado Direito Positivo - saber a)
se o juiz pode ou não determinar provas sem requerimento das partes; b) qual é o recurso
cabível contra determinada decisão; c) se determinada questão pode ser alegada a qualquer
tempo durante o processo; d) como se conta o prazo para a apresentação da defesa etc.
Esses são problemas da Ciência do Direito Processual.

Coisa bem distinta é saber o que a) é uma decisão judicial, b) se entende por prova; c) torna
uma norma processual; d) é o processo. Essas são questões anteriores à análise do Direito
positivo; o aplicador do Direito deve conhecê-las antes de examinar o Direito Processual;
são pressupostos para a compreensão do Direito Processual, pouco importa o conteúdo de
suas normas. Esses são os problemas atinentes à Teoria Geral do Processo.

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Teoria Geral do Processo -
tem como objeto a Ciência do Direito Processual (civil,
penal ou trabalhista etc.), e não o Direito Processual.
Ela não se preocupa com o Direito Processual; ou seja,
não se atém ao conteúdo das suas normas.

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O Conceito de Processo –
Processo pode ser compreendido sob três perspectivas fundamentais: como um
método de criação de normas jurídicas, como um ato jurídico complexo e, nesse caso,
é sinônimo de procedimento, e, também, como relação jurídica.

a) O processo enquanto método de criação de normas jurídicas: o processo seria o


modo de produção da norma, pois o poder de criação de normas somente pode ser
exercido processualmente. ex. processo legislativo (produção de normas gerais pelo
Poder Legislativo), processo administrativo (produção de normas gerais e
individualizadas pela Administração
b) O processo enquanto ato jurídico complexo: o processo é um ato de formação
sucessiva, uma vez que os vários atos que o formam sucedem-se no tempo em busca
da prestação jurisdicional, tramitando, via de regra, sempre para frente.
c) O processo enquanto conjunto de relações jurídicas: Nesta perspectiva, o processo
seria um conjunto de relações de natureza jurídica, que se estabelecem entre os
sujeitos processuais.

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Importante –
Os conceitos de processo expostos não são antagônicos, muito
menos excludentes entre si, formando uma perspectiva
multifacetada do Processo, sendo que o artigo 14 do CPC/2015
abarca todos estes conceitos em sua redação:

Art. 14. A norma processual (a) não retroagirá e será aplicável


imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados (b) e as situações jurídicas (c)
consolidadas sob a vigência da norma revogada.

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Os Sujeitos Processuais –

Sujeitos Processuais são todos aqueles, que, de qualquer


forma, participam do processo, como o Magistrado, as
partes (autor e réu, requerente e requerido, exequente e
executado, etc), os representantes, em caso de curadoria e
tutela, os auxiliares da justiça (oficiais de justiça,
escreventes, assessores e etc), os advogados públicos
(Procuradores do Estado, do Município, de Autarquias, de
Empresas Públicas ou de Sociedade de Economia Mista) e
privados, os Promotores de Justiça e os Defensores
Públicos.

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Instrumentalidade do processo – Processo e Direito material.

O processo é um método de exercício da jurisdição. A jurisdição


caracteriza-se por tutelar situações jurídicas (situações substanciais:
ativas, passivas, direitos e deveres etc) concretamente afirmadas em
um processo. (grosso modo: mérito)

Não há processo oco: todo processo traz a afirmação de ao menos uma


situação jurídica carecedora de tutela jurisdicional. Essa situação
jurídica afirmada pode ser chamada de direito material
processualizado ou simplesmente direito material.

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O processo deve ser compreendido, estudado e
estruturado tendo em vista a situação jurídica material
para a qual serve de instrumento de tutela.

A essa abordagem metodológica do processo pode dar-


se o nome de instrumentalismo, cuja principal virtude é
estabelecer a ponte entre o direito processual e o
direito material.

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Essa perspectiva é fundamental para compreender uma
série de institutos processuais:
a) causa de pedir;
b) conteúdo da sentença e coisa julgada;
c) defesas do demandado;
d) direito probatório etc.

É impossível compreender esses temas sem analisar a


relação que cada um desses institutos mantém com o
direito material processualizado.

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As Normas do Direito Processual –
O Direito Processual possui regras de aplicação geral em todos os ramos do direito que
se dedicar a procedimentalizar, havendo, no entanto, normas de aplicação específica,
de acordo com cada um desses ramos (Direito Processual Penal, Militar, Civil,
Constitucional, Administrativo, do Trabalho e etc).
No entanto, dentre essas normas gerais, merece especial destaque as Normas
Fundamentais do Processo Civil, uma vez que o CPC/2015 dedicou seu 1º Título
(artigos 1 a 12) exclusivamente para tratar de suas normas fundamentais.
Essas normas fundamentais, dentre outros aspectos do referido código, em razão de
sua adequação constitucional e contemporaneidade, se aplicam subsidiariamente em
todas as matérias de caráter processual, inclusive no Direito Processual Penal e no
Direito Processual Militar (Citação por hora certa, art. 362, caput do CPP, que faz
menção à aplicação do CPC de forma complementar).

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