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ANDRAGOGIA E APRENDIZAGEM NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A


DISTÂNCIA -CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA

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ANDRAGOGIA E APRENDIZAGEM NA MODALIDADE DE
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - CONTRIBUIÇÕES DA
NEUROCIÊNCIA

OLIVEIRA, Gilberto Gonçalves


UNIUBE
gilberto.oliveira@uniube.br
BATISTA, Gustavo Araújo (orientador)
UNIUBE
mrgugaster@gmail.com

INTRODUÇÃO

A partir dos anos 90, na chamada “década do cérebro”, os investimentos em


pesquisa resultaram numa catarata de conhecimentos sobre o sistema nervoso que
parecem inesgotáveis. Os exames de imagem, o desenvolvimento da informática e a
disseminação da informação aceleraram o processo de conhecimento proporcionando o
surgimento da Neurociência.
Por neurociência, ou neurociências como sugerem alguns autores, se compreende o
conhecimento de diversas áreas específicas que tem como objeto de estudo o sistema
nervoso, em especial o cérebro humano.
Embora a neurociência seja considerada como um enfoque recente da ciência, ela já era
de fato estudada e pensada nos moldes atuais há muitos séculos. Hipócrates (460-357
a.c) explicava muitas situações e mecanismos de doenças, como a epilepsia
contrariando as crenças da época de que se tratasse de pessoas possuídas por espíritos.
A neurociência adquiriu forma e consistência nos últimos cinqüenta anos em
decorrência dos avanços das ciências que estudam o sistema nervoso com a tecnologia
de imagem, permitindo a analise do funcionamento cerebral em tempo real.
A neurociência tem procurado compreender os diversos processos mentais, como
ocorrem, onde, quais regiões específicas do cérebro estão relacionadas e como ocorre o
comportamento em termos de atividade cerebral.
Educação e a Neurociência estão envolvidas com o mesmo objeto de conhecimento, a
pessoa, seu comportamento, como aprende e como se torna pessoa. Cada vez mais, mais
pesquisadores procuram estabelecer relações possíveis entre as duas ciências.
As conseqüências das descobertas iniciadas na década de 90 foram impactantes
em todas as áreas de conhecimento. Na Neurologia, a nova teoria neuronal definida
neste período derrubou conceitos fortemente arraigados de células neuronais com
funções muito importantes, mas com capacidade regenerativa e adaptativa muito
limitada. As pesquisas atuais em neurogenese mostram o contrário, neurônios
desenvolvem e se modificam em várias fases da vida e mesmo no indivíduo adulto
(SCORZA, F. A et al, 2004, p. 3). As áreas de conhecimento e atuação que de algum
modo envolvam o sistema nervoso e principalmente o cérebro humano foram e vem
sendo influenciadas por estas descobertas.
Mudanças radicais vêm ocorrendo nas teorias e práticas específicas de cada área de
atuação em Neurociência. Na Educação, este conhecimento tem provocado discussões e
reavaliação pedagógica. Sabendo que o cérebro é uma estrutura moldável pelos
estímulos ambientais e que nele ocorre o aprender e o lembrar do aluno, é essencial
conhecer seu funcionamento para ajudar o aluno a aprender. Não é, pois, suficiente para
quem educa conhecer como ocorre o input e o output do conhecimento no processo
ensino/aprendizagem, mas também é necessário conhecer a “central de processamento”
deste conhecimento, o cérebro.
Não é satisfatório saber como ensinar, como avaliar o que foi ensinado; faz-se
necessário apresentar o conhecimento num formato que o cérebro aprenda melhor. A
aprendizagem significativa tem seu substrato orgânico e biológico na reorganização das
conexões entre os neurônios, na neurogênese, compreendidos no conceito da
neuroplasticidade como capacidade plástica do cérebro se reorganizar em vários níveis
quando submetido a estímulos eficientes e freqüentes ou após uma agressão.
Reunindo aspectos de Neurociências, EaD e Andragogia é que surgiu esta
proposta de estudo: analisar a compreensão do aprendizado a distância e como os
conhecimentos contribuem para a qualidade da educação de adultos. Pretendo, ao
analisar aspectos básicos da educação a distância, bases conceituais da Andragogia e
sob o a ótica da Neurociência propor sugestões de respostas à questão:
O que a EaD necessita para ter bons resultados na educação de adultos?
Como os conhecimentos atuais de neurociências podem contribuir para a
compreensão da EaD como opção eficaz na educação de alunos adultos?
Pretende-se nesta reflexão pessoal tecer alguns comentários acerca de autores que
embasam as teorias pedagógicas da EaD, da andragogia sob a ótica da neurociência, de
como desenvolver o processo ensino/aprendizagem do aluno adulto compatível com os
conhecimentos atuais.

NEUROCIÊNCIA: UM SABER NECESSÁRIO À FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O conceito de Neurociência já se tornou familiar ao educador, tanto em


formação inicial, quanto na formação continuada. A educação, como arte em
construção, é o eixo central da interdisciplinaridade, que envolve conhecimentos sobre o
ser humano em suas diversas dimensões: filosófica, antropológica, sociológica,
psicológica, biológica e neurológica. Alguns destes aspectos são preponderantes em
períodos da história da educação por diversos motivos. Foi tomista-aristotélica pela fé e
razão na Idade Média, foi cartesiana-newtoniana pela neutralidade em busca da verdade
única sem preconceitos.
Kincheloe (1997, p.15) analisa a era Reagan-Bush que testemunhou a
reconfirmação da epistemologia de verdade única, procurando soluções educacionais
dentro das fronteiras cartesianas-newtonianas. A educação behaviorista do professor foi
influente por longos períodos da história. A preocupação, neste contexto, de formar o
bom professor era uma tentativa de corresponder ao conceito de bom ensino, em que a
média dos estudantes apresentava mais questões corretas em testes padronizados de
múltipla escolha (p.21).
Contreras (2002, p. 143) concorda com o pensamento de Stenhouse (1991,
1996) acerca da necessidade da investigação-ação para que as idéias educativas tornem-
se de fato práticas educativas. A sala de aula é lugar de pesquisa e experimentação que
faltam às demais áreas da neurociência para se testar as idéias na prática.
O desafio para a educação não se encontra, apenas, em saber como ensinar ou
como avaliar o que foi ensinado; faz-se necessário apresentar o conhecimento num
formato que o cérebro aprenda melhor.
A aprendizagem significativa tem seu substrato orgânico e biológico na
reorganização das conexões entre os neurônios, na neurogênese, compreendida pelo
conceito da neuroplasticidade como capacidade plástica do cérebro se reorganizar em
vários níveis, quando submetido a estímulos eficientes e freqüentes ou após uma
agressão.
A questão passa por delimitar o que se compreende por saber. Este estudo toma
como referência a compreensão de Tardif (2002, p.60) do que seja saber:
É necessário especificar também que atribuímos à noção de “saber”
um sentido amplo que engloba os conhecimentos, as competências,
as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo
que foi muitas vezes chamado de saber, de saber-fazer e de saber-ser.

Dos saberes docentes, a neurociência serve de base para o ensino, como


competência de seu “saber-ensinar”. Tardif (2002, p. 64) diz:
Se os saberes dos professores possuem uma certa coerência, não se
trata de uma coerência teórica nem conceitual, mas pragmática e
biográfica: assim como as diferentes ferramentas de um artesão, eles
fazem parte da mesma caixa de ferramentas, pois o artesão que os
adotou ou adaptou pode precisar deles em seu trabalho.

Tardif (2002.p.19) compreende que o saber do professor tem como objeto de


trabalho seres humanos e advém de várias instâncias de sua realidade como ambiente
familiar, da instituição que o formou, da sua formação continuada e de seus pares. É
plural, heterogêneo, temporal, personalizado, situado e se constrói durante toda a vida.
Contreras (2002. p 95) destaca, na formação de professores, a necessidade do
domínio técnico na solução de problemas, assim como o conhecimento dos
procedimentos adequados de ensino e sua devida aplicação.

O cérebro humano e a aprendizagem


Esta é uma questão que surge com freqüência na educação. Teorias educacionais
sempre buscaram respostas, as quais têm-se revelado incompletas e vão-se completando
na medida em que novos conhecimentos são produzidos.
A medicina progrediu muito na investigação e na explicação dos processos
envolvidos no funcionamento do cérebro humano. Hoje é possível detectar processos
químicos e fisiológicos desencadeados pelos estímulos que chegam ao sistema nervoso.
Através de exames de imagem é possível mapear a informação e demonstrar em que
área cerebral está sendo processada.
A educação é um segmento importante de neurociência que hoje discute
conceitos de neuroplasticidade, sinapse neuronal, desenvolvimento neurológico,
períodos de desenvolvimento propícios à aprendizagem e muitos outros dentro da
neuroeducação, neurodidática e currículo compatível com o funcionamento cerebral.
A contribuição da neurociência para a educação, principalmente na pedagogia
já é fato, embasando métodos pedagógicos e instrumentalizando o professor.
Do ponto de vista neurológico uma aprendizagem somente ocorre em
decorrência da neuroplasticidade (LUNDY-EKMAN, Laurie.2004,p.62)
O cérebro humano não finaliza seu desenvolvimento, mas por constantes
modificações se reestrutura e se reorganiza para atender eficientemente o indivíduo em
cada etapa do ciclo de sua vida.
Com os seres humanos, o caminho para a maturidade é cercado de experiências
que podem ser identificadas pelo educador, permitindo que ele, além de compreender o
que acontece, possa antecipar e antever etapas, com o intuito de enfrentar e adaptar-se
melhor às dificuldades.
O jovem sedimenta suas aquisições e o adulto deverá assumir
responsabilidades que irão se tornando mais objetivas em termos de finalidade de seus
atos.
Os estudos de neurociências demonstram, ao contrário do que se acreditava,
que o cérebro humano é capaz de gerar novas células (SCORZA, 2005;
KEMPERMANN, 1997; GAGE, 1997).
Existe um sincronismo entre o cérebro em desenvolvimento e o que modela seu
crescimento de maturação. Joenk (2002, p. 03) destaca a plasticidade cerebral:

Diante das imensas possibilidades de realização do ser humano, essa


plasticidade é essencial: o cérebro pode servir a novas funções
criadas pela cultura na história do ser humano, sem que sejam
necessárias transformações na estrutura do órgão físico. O
funcionamento cerebral é moldado tanto ao longo da história da
espécie como no desenvolvimento individual, isto é, a estrutura e o
funcionamento do cérebro não são inatos, fixos e imutáveis, mas
passam por mudanças no decorrer do desenvolvimento do indivíduo
devido à interação do ser humano com o meio físico e social.

Vygotisky contribuiu com sua teoria para a compreensão dos processos de


interação da atividade humana, funções mentais superiores, mediação simbólica e
elaboração conceitual. Oliveira (1992, p. 24 apud Joenk, 2002) destaca a importância da
abordagem sócio-interacionista para que se compreenda a contribuição da neurociência
atual para a educação.
Eslinger (2005) afirma que o pensamento, a emoção, os planos de ação e auto-
regulação da mente e do corpo passam no cérebro por um longo processo de
crescimento, o qual, com efeito, dura a vida inteira. O desenvolvimento cerebral é
intenso nos primeiros anos de vida, chegando a crescer mais de 80% de seu tamanho
adulto. Este desenvolvimento reduz progressivamente, mas continua este processo por
toda a vida do indivíduo. O autor acresce ainda que “[...] idéias novas que estão
emergindo da pesquisa sobre cognição e desenvolvimento cerebral que podem dar
novas direções para o planejamento e implementação educacional”.
Estas idéias estão muito relacionadas a sistemas múltiplos de inteligência,
sistemas múltiplos de memória e múltiplas funções executivas. Estas são as funções
cerebrais desenvolvidas no cérebro adulto.
Compreende-se com facilidade a diferença da educação infantil, do jovem e do
adulto, não se admitindo adaptações de uma fase para outra, mas enfoques e recursos
próprios para cada etapa da vida.
A aprendizagem ocorrerá ao longo da vida do indivíduo e ninguém mais espera
terminar sua formação com um último certificado.
Com as contribuições de teóricos da Educação como Piaget, Vygotisky e Paulo
Freire tem sido possível embasar conceitos atuais de aprendizagem como sendo um
processo para além da mudança de comportamento. Aprendizagem pode ser
compreendida como um processo interativo entre sujeito e o que ele conhece, uma
construção de conhecimento com a auto-iniciativa e auto-motivação.
Como a educação pode atender este indivíduo desde a fase pré-natal até a morte
e, talvez, além de sua morte?
A neurociência pode contribuir para que sejam compreendidos os diversos
mecanismos cerebrais envolvidos no processo ensino-aprendizagem nas diversas faixas
etárias do indivíduo, ou seja, em qualquer fase do desenvolvimento da vida de uma
pessoa.
Os conceitos atuais de neurociência apontam o cérebro humano como uma
estrutura altamente complexa, capaz de se modificar a partir dos estímulos para
responder às exigências de adaptação e necessidades de sobrevivência. O cérebro é
moldado nas situações e pode ser modificado pelo processo de ensino-aprendizagem.
Os processos de desenvolvimento e amadurecimento cerebrais são mais intensos
na infância, desaceleram com o passar dos anos, mas não cessam na vida adulta. O
cérebro humano não finaliza seu desenvolvimento, mas por constantes modificações se
reestrutura e se reorganiza para atender eficientemente o indivíduo em cada etapa do
ciclo de sua vida.
A motivação e a experiência são fundamentais na metodologia de
ensino/aprendizagem do aluno adulto.
Resta-nos, na condição de educadores e pesquisadores, desenvolver nossas
habilidades de realizar trabalhos educativos em equipes multidisciplinares, com a visão
sistêmica do contexto educacional, em suas múltiplas dimensões e possibilidades
organizacionais. No momento atual os conhecimentos da neurociência levam mais a
outros questionamentos do que a respostas definitivas.
O que se pode reconhecer é que na formação de professores a sua capacitação é
muito mais uma postura filosófica de que não sabemos, estamos aprendendo. Não temos
a resposta para a pergunta: preparados para quê?
São conhecimentos que levam à reflexão sobre a responsabilidade da cultura, do
meio, da educação no neurodesenvolvimento estrutural e funcionalmente diferentes em
cada indivíduo. São fenômenos circulares, não polares, com sentido unificado que
permeia organismo, cultura e ambiente.

ANDRAGOGIA E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.


A Pedagogia, ocupando-se do processo ensino-aprendizagem durante o período
de desenvolvimento do indivíduo se cerca de “saberes” de diversas áreas de
conhecimento e a contribuição da Neurociência já tem seu espaço reconhecido por
diversos estudiosos (BARTOSZECK, A. B. 2007, p.1).
A educação de jovens e adultos é hoje uma necessidade. A Sociedade do
Conhecimento requer a formação continuada, ao longo da vida, por toda a vida
(GADOTTI, M, 2000, p. 7)
Em minha curta experiência de docência, pude perceber a lacuna de estudos do processo
de ensino-aprendizagem do adulto, como também percebo a EaD como resposta da
educação para o aluno adulto. Gomes, R. de C. et al, (2002, p. 2) afirma:

“Na EAD não há uma concepção de educação específica, então é


necessário investigar o que mais se adequaria em termos de orientação
de aprendizagem para alunos adultos, que é a maior demanda da EAD e
a formação do indivíduo como um todo, para os dias atuais”.
Knowles (1977 p.21) apud Gomes, R. de C. G.i et al, 2002, p.2, diz que "A teoria da
aprendizagem de adultos apresenta um desafio para os conceitos estáticos da
inteligência, para as limitações padronizadas da educação convencional...".
Uma Pedagogia para o aluno adulto, a Andragogia, foi proposta por Malcolm Knowles
na década de 1970. No dicionário Houaiss, o termo pedagogia deriva do grego antigo
paidós (criança) e agogé (condução).
Ao apresentar sua proposta do termo andragogia, do grego antigo andros (adulto) e
gogos (educar) como um caminho educacional para o adulto, como arte de ensinar aos
adultos, Malcolm Knowles contrapôs pedagogia/andragogia.
Educadores, entre os quais Pierre F. (1973) apud Morais, M. de L. C. de, 2007, p 1, perceberam

que os princípios da andragogia formam um conceito de educação do ser humano que não deve ser restringido, mas
sim ampliado. O termo andragogia está relacionado com educação de adultos com aplicações em educação

continuada e na graduação universitária conforme experiência de Cavalcanti (1999, p.9). Andragogia é


um caminho educacional para compreender o adulto, é o ensino para adultos.
Segundo a pedagoga Hamze, 2000, p 1, A:

Andragogia é a arte de ensinar aos adultos, que não são aprendizes


sem experiência, pois o conhecimento vem da realidade (escola da
vida). O aprendizado é factível e aplicável. Esse aluno busca
desafios e soluções de problemas, que farão diferenças em suas
vidas. Busca na realidade acadêmica realização tanto profissional
como pessoal, e aprende melhor quando o assunto é de valor
imediato.

A Andragogia está centrada no aluno, na independência, na autogestão. A


aprendizagem do adulto é para aplicação prática em sua vida, com utilidade no
enfrentamento de desafios pessoais e profissionais. A motivação e a experiência são
fundamentais na metodologia de ensino/aprendizagem do aluno adulto.
Estes conceitos estão presentes na definição da EaD. No Diário Oficial da União, 10
fevereiro de 1998 define que Educação a Distância é:

“... uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a


mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados
isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação.”
Numa visão andragógica é necessário compreender o funcionamento do cérebro do
adulto que tem características próprias diferentes do cérebro da criança em
desenvolvimento na visão da pedagogia.
A EaD é uma metodologia de estudo e acompanhamento do processo
ensino/aprendizagem adequados para o aluno adulto com base nas teorias de
aprendizagem que se aproximam do construtivismo e interacionismo.
Os conhecimentos atuais de neurociências dão suporte para compreender o cérebro
humano nas diversas fases da vida do indivíduo. Analisando a fase adulta do indivíduo
podem sem identificados pontos congruentes dos conceitos aplicados na Educação a
Distância, educação continuada, andragogia e conhecimentos científicos do cérebro.

ANDRAGOGIA- Como ensinar adultos.


O termo andragogia foi apresentando em 1833 por Alexander Kapp, logo a seguir caiu
em desuso e reapareceu com Rosen em relatório que apontava a necessidade de
professores, métodos e filosofia específicos (VOGT, M.S.L. 2007, p. 36). Foi um longo
período para que um conceito sobre andragogia pudesse chegar a uma definição.
Linderman(1926) apud Melo,S.M.P. 2009 p.2 afirma que [...] “nós aprendemos aquilo
que fazemos”. A experiência é o livro texto do adulto aprendiz, propondo bases para o
aprendizado centrado no aluno e “aprender fazendo”. Melo (2009, p.2), comenta que:

“... Nosso sistema acadêmico se desenvolveu numa ordem inversa:


assuntos e professores são os pontos de partida e os alunos são
secundários... O aluno é solicitado a se ajustar a um currículo pré-
estabelecido... Grande parte do aprendizado consiste na transferência
passiva para o estudante da experiência e conhecimento de outrem.”

Alguns educadores iniciaram por volta de 1950 a discussão de idéias da aprendizagem


do aluno adulto ser favorecida em ambientes informais, flexíveis, sem ameaças e
confortáveis. Estas discussões ficaram esquecidas por 10 anos sendo retomadas por
Malcon Knowles em 1960 quando adotou o nome andragogia para sua teoria da
aprendizagem de adultos. A andragogia foi definida com a “arte e a ciência de ajudar o
adulto a aprender”. Este autor apresentou a andragogia como a antítese da pedagogia.
O modelo pedagógico é criticado por ser centrado no professor que detém as
responsabilidades das principais decisões do processo ensino-aprendizagem. Este
modelo ainda é base para a educação de alunos adultos. Pesquisadores que se seguiram
compreenderam que as idéias da andragogia é que deveriam permear a pedagogia por
serem pertinentes ao processo de ensino-aprendizado da pessoa independente de sua
idade.

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – Conceitos referentes.


A Educação Continuada é um conceito que ganhou importância especial em decorrência
das mudanças sociais e as constantes transformações no mundo do trabalho. Novos
paradigmas não são tão fáceis de serem assimilados quando os anteriores ainda são
consistentes e de certo modo também eficientes.
A Educação a Distância foi sendo reforçada pelas diversas Tecnologias de Informação e
Comunicação, não somente como ferramentas de trabalho, mas como ampliação da
inteligência humana, numa nova leitura da realidade e uma visão particular do mundo
proporcionando conhecimentos até então impensáveis.
Segundo Trindade (1992) apud Fiscina, F.L.F, 2004, p.5 ) nos métodos e sistemas da
EaD existe o envolvimento de princípios básicos: o princípio da andragogia, da auto-
aprendizagem, da multimídia e da interatividade. EAD é uma modalidade de ensino-
aprendizagem caracterizada pela separação física entre aluno e professores e uma
interação entre eles, proporcionada por algum tipo de tecnologia. (BELLONI, 2001;
NISKIER, 1999; MARTIN, 1999; VEIGA et al., 1998; WILLIS, 1994, apud TESTA,
M. G.,2002). Pelo auto-estudo, e baseado no material disponibilizado pelo professor, o
aluno faz a sua formação e se instrui a distância. Construindo o conhecimento de forma
distinta do processo presencial, de sala de aula, a EAD tem ambientes psicossociais e
vínculos próprios. É uma realidade complexa em que interação e separação ganham
novas significações que associadas aos recursos tecnológicos de interação, resulta em
uma complexidade ainda maior.
Os métodos de ensino-aprendizagem presenciais não são capazes, hoje, de cumprir as
metas a serem alcançadas pela educação formal e formação planejada tanto para a área
pública quanto privada, incluindo empresas e organizações.
A separação física cria uma clientela própria de pessoas motivadas para o
aprendizado, com necessidades específicas de formação a ser utilizada em solução de
problemas pessoais ou profissionais. Também trazem suas experiências pessoais e
profissionais que favorecem a colaboração e a troca com os demais participantes.
Conforme Perry, G. T. (2006 p.8) é preciso criar um ambiente que favoreça a
aprendizagem significativa ao aluno. Do ponto de vista social, a EAD, ao utilizar-se de
ambientes virtuais, forma uma rede com relações interpessoais, com práticas e hábitos
próprios de cada cultura. Existe uma relação entre os recursos tecnológicos utilizados e
as atividades propostas, com ajustes e adaptações necessárias entre si. As tecnologias
devem caracterizar-se por sua diversidade, atualização contínua, respeito aos aspectos
sócio-culturais, psicoafetivos, cognitivos com a visão de que se trata de um sistema,
uma rede. Haguenauer C. (2005 p.2), afirma:

É preciso modernizar a educação para acompanhar as enormes


transformações na área da neurologia, da cognição e da tecnologia da
informação ocorridas no mundo. Uma grande vantagem desta
modalidade é a integração das diversas mídias num único meio ou
veículo de comunicação: a Internet.

Com a EAD surge um novo modelo de educação, ainda em construção, na


tentativa de responder aos desafios sociais e a tantos novos paradigmas.

A EaD como metodologia de ensino-aprendizagem e acompanhamento que se encaixa


no perfil do aluno adulto. Está cada vez mais desnecessário enfatizar o termo “a
Distância” porque as tecnologias nos aproximam apesar das distâncias físicas ou
temporais. As novas tecnologias podem servir como justificativa para reflexão,
resignificar a educação, avaliar metodologias e estratégias superadas.

OBJETIVOS E METODOLOGIA
Essa pesquisa apresenta como objetivo geral, elucidar as contribuições diretas e
indiretas da neurociência para a formação de professor.
Fundamenta-se em um estudo bibliográfico, realizado a partir dos aportes
teóricos de autores do campo da neurociência e da formação de professores, tais como:
LUNDY-EKMAN, Laurie.(2004), Scorza (2005), Joenk (2002), Kincheloe (1997),
Contreras (2002), Stenhouse (1991, 1996), Tardif (2002), dentre outros. . E é nesse
contexto que se desenvolve esta pesquisa, com o objetivo de elucidar as contribuições
diretas e indiretas da neurociência para a formação de professor.
Além da revisão literária, soma-se a isso uma pesquisa qualitativa, cujo
objetivo geral é apontar as contribuições da neurociência para a formação de professores
em geral e, especificamente, quanto à compreensão e avaliação do processo ensino-
aprendizagem.
A metodologia empregada envolve procedimentos de investigação que, em um
primeiro momento, dedica-se a elencar autores cujos escritos na área da neurociência
lançaram esclarecimentos sobre esta área do saber ainda em construção e, em um
segundo momento, a reunir autores que trataram da formação docente e, em um terceiro
momento, a fazer uma confluência entre tais escritos com o propósito de associar os
conhecimentos neurocientíficos de modo a direcioná-los como subsídios a serem
empregados na área de formação docente.
Além da revisão literária, soma-se a isso uma pesquisa qualitativa, cujo objetivo geral é
apontar as contribuições da neurociência para a formação de professores em geral e,
especificamente, quanto à compreensão e avaliação do processo ensino-aprendizagem.
Quanto à metodologia empregada, em um primeiro momento, foram elencados autores,
cujos escritos, lançam esclarecimentos sobre a área da neurociência, em um segundo
momento, reuniu-se autores que trataram da formação docente e, em um terceiro
momento, está previsto uma confluência entre tais escritos com o propósito de associar
os conhecimentos neurocientíficos de modo a direcioná-los como subsídios a serem
empregados na área de formação docente. Esta pesquisa encontra-se ainda em
andamento, razão pela qual os resultados têm sido parciais. No momento, o estudo está
em fase de definição de coleta dos dados e de realização de leituras pertinentes ao tema,
a fim de ampliar e aprofundar o perfil bibliográfico e qualitativo da presente
investigação.

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