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EU,LEIT ORA
GLACY MORAES MACHADO T EM 70 ANOS E É PRAT ICANT E DE NUDISMO E SÓCIA DE UM CLUBE NAT URIST A (FOT O:
ARQUIVO PESSOAL)
“Assim como no filme O Curioso Caso de Benjamim Button, eu nasci velha e fui rejuvenescendo
com o t empo. Desde muit o pequena, a calcinha já me incomodava. Na adolescência, não queria usar
sut iã como as out ras mocinhas na escola. Lembro que minha mãe achava um absurdo e ficava
chocada. Isso na década de 50!
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Em 1973, aos 24 anos, fui admit ida em concurso pela CRT (Companhia Riograndense de
Telecomunicações). Lá, conheci meu parceiro de vida, porque é isso que fomos um para o out ro.
Dez anos depois, começamos a nos relacionar e fomos morar junt os. Eu já est ava com 34 anos
quando me casei. Ele era meu colega de t rabalho e t ambém nos t ornamos sócios de uma vida em
comum. Não t ivemos filhos, já que ent rei na menopausa precocement e, com apenas 37 anos. Mas,
t ive ent eados muit o queridos com quem convivo at é hoje e os t rat o como meus.
Ent rar na menopausa aos 37 anos foi um bait a balde de água fria pra mim, pois, na época, est ava
pensando seriament e em ser mãe. Com o result ado do exame nas mãos, decidi t ocar a vida sem
maiores t raumas. Tinha meus ent eados e sobrinhos para encherem minha casa e minha vida de
alegria. Não pensei mais no assunt o, nem nunca sent i um vazio exist encial da mat ernidade para ser
preenchido. Sempre me vi com complet ude.
Tive apenas um casament o na minha vida int eira, que durou 12 anos e acabou em 1996. Não houve
nenhum mot ivo específico para a nossa separação, resolvemos de comum acordo porque
est ávamos t omando rumos diferent es em nossas vidas. Tomamos essa decisão para que nenhum
dos dois t ivesse que abrir mão dos sonhos. Depois, não quis mais ninguém e preferi seguir minha
vida sozinha, como est ou at é hoje. Opt ei pela minha t ot al liberdade!
GLACY MORAES MACHADO T EM 70 ANOS E É PRAT ICANT E DE NUDISMO E SÓCIA DE UM CLUBE NAT URIST A (FOT O:
ARQUIVO PESSOAL)
Dois anos depois da minha separação, aos 48 anos de idade e já aposent ada, comecei a me
int eressar pelo nat urismo. Foi assist indo a um vídeo sobre uma vila nat urist a chamada ‘Colina do
Sol’ que as coisas em minha vida t omaram um out ro rumo. Não sabia, na época, que no Brasil t inham
várias áreas livres para nudismo. At é ent ão, só sabia desses clubes na Europa e nos Est ados Unidos.
No mesmo dia fui conhecer o clube e, ao chegar, já sabia que t inha encont rado meu lugar no mundo.
Começava ali a rejuvenescer e a projet ar para a minha vida uma busca pela paz int erior. Paz que
conquist ei pelo simples at o de t irar as minhas roupas, me despindo de t udo, para ficar socialment e
nua, sem disfarces nenhum. Ali pude ser eu mesma, livre de t udo! Aceit ei minhas imperfeições e
comecei a me desvencilhar de cert os preconceit os que ainda t inha em relação ao meu corpo.
O clube 'Colina do Sol' fica no município de Taquara, no int erior do Rio Grande do Sul, a cerca de 70
quilômet ros de Port o Alegre, nma linda área verde de 50 hect ares, com cerca de 60 chalés em
est ilo rúst ico, camping, pousada, mini-mercado, rest aurant e, quadras esport ivas e at é praia art ificial.
Achei t udo aquilo muit o incrível, fiquei realment e impressionada e impact ada. Pensava: ‘Será
mesmo que exist e um lugar assim no Brasil, onde eu possa ficar nua?’ Há nat urist as que residem no
clube desde a sua fundação, em meados dos anos 90. Ent re eles, há milit ares, professores,
médicos, enfermeiros, art ist as plást icos, aposent ados. Tem t ambém pessoas que vieram do Chile,
Argent ina e Port ugal.
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Naquele mesmo ano, aluguei uma cabana no clube por um mês e fui fazer, pela primeira vez na vida,
uma t ent at iva de nudez social. Foi uma mudança e t ant o de vida, sem volt as, sem paranoias. Sou
out ra pessoa depois daquela experiência. A nudez t e faz livre e inocent e como uma criança. A
gent e não quer saber de julgar nada nem ninguém, só quer vivenciar os efeit os dessa t al liberdade
que é conviver nua com out ras pessoas junt o à nat ureza. Só isso já me t raz uma paz t remenda!
GLACY MORAES MACHADO T EM 70 ANOS E É PRAT ICANT E DE NUDISMO E SÓCIA DE UM CLUBE NAT URIST A (FOT O:
ARQUIVO PESSOAL)
Sou sócia do clube há 22 anos. Aqui vivem muit as famílias dist int as e complet ament e normais, com
filhos, net os, pais e avós. Me recordo que, quando cheguei, olhava no rost o das pessoas nuas e via
que elas não olhavam para baixo, para as part es ínt imas de ninguém. Todo mundo olhava diret o no
olho, como se quisessem enxergar dent ro da alma. Confesso que demorei um cert o t empo para
ficar t ot alment e sem roupa, fui t irando aos poucos. Primeiro a blusa, depois a part e de baixo.
Olhava para a minha barriga, que já não era mais de uma menininha jovem, e morria de vergonha. Aos
poucos fui perdendo a t imidez. Pensei at é em fazer uma lipoaspiração para modelar meu corpo e
me sent ir mais à vont ade. Mas, logo essa paranoia em busca do corpo ideal t ambém passou. Ufa!
CONTINUA D EP OIS DA P U BLICIDAD E
Apesar de ser mulher e est ar sozinha, nunca me sent i t ão segura em um ambient e como aqui, onde
a nudez social é incent ivada e nossa vulnerabilidade é t ot alment e aceit a. No Colina algumas regras
devem ser respeit adas. É proibido, por exemplo, comport ament o sexual ost ensivo, fazer gest os
obscenos, assédio ou propost as com conot ação sexual. Usar roupas ínt imas ou de banho em áreas
comuns t ambém não pode. Qualquer visit ant e é bem-vindo, mas é preciso agendar a visit a
ant ecipadament e, preencher um formulário de ident ificação e, claro, aceit ar as regras.
A diferença ent re nat urismo e nudismo é conceit ual. Para mim, o nudismo é o at o de se despir das
roupas, já o nat urismo é est ar em harmonia com a nat ureza, consigo mesmo e t ambém com os
out ros. É uma filosofia que vai muit o além do simples at o de t irar a roupa.
Quando decidi mudar radicalment e de vida, minha mãe ficou muit o chocada. Ela foi a pessoa que
mais crit icou minha decisão e disse que não aceit ava, que não t inha me educado para isso e ainda
se pergunt ava o t empo t odo: 'Onde foi que eu errei?' Ela era uma mulher muit o conservadora,
sempre foi. Fui vê-la nua soment e depois de idosa, quando t ive que cuidar dela. Já as opiniões dos
meus familiares e amigos próximos eram divididas. Parece que met ade da família e amigos não
queriam muit o aceit ar minha decisão por t er uma visão complet ament e conservadora e ret rógrada.
E a out ra part e aplaudiu e achou maravilhosa minha mudança. Mas, at é hoje, não consegui t razer
nenhum deles para o nat urismo. Nem pra uma visit inha, pena!
O que me fez ret ornar ao Brasil de vez foi a pandemia e t odas as consequências para o t urismo.
Est ou morando novament e aqui no clube desde out ubro de 2020. Cost umo dizer que, aqui, um dia
nunca será igual ao out ro.
Ao t omar a decisão de virar nat urist a, muit os amigos se afast aram de mim. Ouvi muit os deles
dizerem que eu havia mudado demais. E mudei mesmo, para melhor! Algumas amigas deixaram de
me seguir nas redes sociais, porque meu perfil é abert o e alguns inconvenient es ficavam enviando
mensagens e escrevendo bobagens. Nada t ão drást ico, só que meu círculo de amizades próximas
mudou. Quem est á de fora do nat urismo acha que a nudez social é um pano de fundo para fazer
sacanagens ou orgias. O povo gaúcho é muit o conservador. Mas, veja que cont radição: é aqui no sul
do país que vive o maior número de adept os do nat urismo na América Lat ina.
At é hoje as pessoas que não enxergam a nudez com bons olhos me acham muit o ousada. Mas
ousada sempre fui, desde menina. O que ainda mais me espant a é que, em pleno 2021, a nudez
ainda é considerada t abu. Sou uma mulher aposent ada, dona de mim, no auge dos meus 70 anos de
idade, e decidi viver sozinha e despida das roupas!
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