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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 11º VARA (DE

FAMÍLIA/CÍVEL) DA COMARCA DE MACEIÓ/AL.

Processo nº: xxx

CONTESTAÇÃO

AMBEV S.A, já qualificada, por seu procurador que esta subscreve, com
escritório no xxx onde recebe as intimações, e-mail: (xxxxxx@xx.com.br), nos autos
do processo que lhe move JAIR INÁCIO MELLO CARDOSO, já qualificado, vem à
presença de Vossa Excelência, oferecer CONTESTAÇÃO, pelos motivos de fato e de
direito que a seguir expõe:

I - Dos Fatos:

Assevera a parte promovente que no dia 03 de agosto de 1999 adquiriu 06 (seis)


garrafas de refrigerante guaraná zero de 2L e que no referido dia, no momento em que o
mesmo e sua família foram consumir uma delas depararam-se com um corpo estranho
no interior do produto, o que causou asco.
Ressalte-se que não foi apresentada qualquer prova do alegado (registro
fotográfico, por exemplo) e que o produto não chegou a ser ingerido.
Ajuizou, no dia 28 de outubro de 2020, ação de indenização por danos materiais
e morais, contra a Indústria de bebidas AMBEV, requerendo provimento jurisdicional
de cunho condenatório no intuito de receber indenização por dano material no valor de
R$ 5,99 (cinco reais e noventa e nove centavos) e moral no valor de R$ 80.000,00
(oitenta mil reais), em decorrência de aquisição de produto com objeto estranho em seu
interior.

II - Das Preliminares:
I – ARGUIÇÃO DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA OU TERRITORIAL
Conforme demanda o art. 64 do CPC/2015, a incompetência, absoluta ou
relativa deve ser alegada como questão preliminar na contestação, o que se faz pelos
fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
O MM. Juízo, no qual o Autor ajuizou essa ação, é incompetente para processar e julgar
a mesma, tendo em vista que o valor da causa ultrapassa o teto de até 40 salario
mínimos, por isso resta claro a incompetência devido o valor da causa, ressaltasse
também a incompetência territorial devido o autor ter ajuizado a presente demanda na
cidade de Maceió, tendo em vista que a empresa ré não resta claro ter filiais na cidade,
tampouco no Estado de Alagoas.
Portanto, deve-se o. Magistrado, declarar-se incompetente para julgar a presente ação,
remetendo os autos à comarca de SÃO PAULO-SP.

DA PRELIMINAR DE MÉRITO

Da prescrição
Quando se fala em prescrição, essa pode ser classificada de duas formas:
aquisitiva ou extintiva. Prescrição aquisitiva é aquela na qual adquire-se uma
propriedade pela usucapião, já a prescrição extintiva é aquela na qual, segundo Clovis
Bevilaqua, ocorre a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade
defensiva, em consequência do não uso dela, durante determinado tempo.

São três os requisitos para que haja a prescrição: a violação do direito, com o
nascimento da pretensão; a inércia do titular; o decurso do tempo fixado em lei.

Ocorre que os fatos ocorreram em meados do ano de 1999, todavia o autor só


ajuizou a presente demanda no ano de 2020. Atualmente, a renúncia deverá ser
expressa (art. 332, § 1º, CPC), passando a prever que o juiz poderá julgar liminarmente
improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de prescrição.
Os prazos prescricionais não podem ser alterados pela vontade das partes (art. 192, CC).
A presente ação cobra títulos que estão prescritos. Senão vejamos.

O prazo para tal cobrança é de 5 anos. No caso, temos que o autor cobra em
torno de 20 anos depois. Logo, o prazo, quando proposta a ação, já prescreveu o direito.
Contudo, proposta a demanda, o autor não envida esforço algum para, nos
termos do artigo 219, parágrafo terceiro do Código de Processo Civil, promover a
citação dos requeridos-peticionários-contestantes, no prazo de 90 dias da propositura da
ação; tampouco demonstra motivo razoável pelo qual teria deixado de fazê-lo.

Com efeito, é totalmente irrazoável que o autor tenha demorado mais de 15 anos para
promover a citação.

Assim, requer-se seja reconhecida a prescrição do processo.

Destarte, como se vê, o pedido encontra óbice na prescrição. Assim, nos termos do
art. 487, II, do CPC/2015, deve haver a extinção do processo com resolução do mérito
em virtude da prescrição apontada.
III - Do Direito

Conforme Preceitua o Artigo 18 da Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990 na qual


fala:
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes
de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de
uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias.
Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado,
por meio de manifestação expressa do consumidor.
Portanto, excelência, como demostra a Letra da Lei acima exposta, não resta duvidas
que não cabe o pedido formulado pelo autor em termos de danos morais, pois além de
ser passível de restituição da quantia paga ou do produto, ainda está claro que o autor
não consumiu o produto, não causando nenhum tipo de dano ao mesmo.

Jurisprudência

A seguir, mostrará entendimento que é relativamente parecida a esta demanda e


que possuem julgados em defesa do requerido.
De acordo com a 4ª Turma do Superior Tribunal de justiça, para a qual o dano só
ocorre a partir da ingestão do produto considerado impróprio, ou ao menos se ele for
levado à boca. A divergência poderá ser eventualmente dirimida em julgamento da 2ª
Seção.
O último caso, a decisão do TJ-SP foi revertida pela 3ª Turma. A 33ª Câmara de
Direito Privado negou indenização em caso de consumidora que comprou pacote de
macarrão e, ao abri-lo, encontrou insetos.
Ou seja, existe divergência quanto ao entendimento, todavia, mostra que é de se
entender a situação e negar o pedido do requerente, pois além de não causar danos ao
mesmo, o autor sequer abriu a tampa da garrafa e nem tampouco ingeriu o produto.
V - Dos Pedidos:
Pelo exposto, requer:
a) Seja reconhecida a incompetência ou incorreção do valor da causa, ou a ausência de
legitimidade (apontar a parte legítima), ou a falta de interesse processual, ou a
indevida concessão do benefício da justiça gratuita; (de acordo com o caso concreto, se
houver);
b) a improcedência do pedido inicial, condenando o autor ao pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios;
c) pede, ademais, seja acolhida e julgada procedente esta Exceção de Incompetência
(em razão do valor da causa e do lugar), e, empós disto, sejam os autos remetidos a:
d) A decretação da extinção da punibilidade do Requerente, por verificar-se a prescrição
da pretensão punitiva pelo Estado como medida da mais lídima Justiça!
e) Que seja indeferido o pedido de danos morais pelas parte autora, tendo em vista que
não foi gerado e nem comprovado nenhum tipo de dano moral ao autor.
F) A total procedência dos pedidos

Termos em que,
Pede deferimento.

Maceió - AL 18 de Maio de 2021

Advogado
OAB/AL XXX

Paulo Henrique Rodrigues Feitosa


Djalma cândido da silva Filho

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