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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUZA DE DIREITO DA VARA DE

EXECUÇÃO PENAL DO DISTRITO FEDERAL.

Processo nº 0031764-65.2015.8.07.0015

HELTON FERNANDES DA CRUZ, já devidamente qualificado nos autos


do processo em epígrafe, atualmente recolhido Centro de Internamento e Reeducação-
CIR, onde cumpre pena em regime semiaberto, não se conformando com a respeitável
decisão que denegou o benefício das Saídas temporárias prevista no artigos 122 a 125
da Lei 7.210/84, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência
interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro no art. 197 da Lei 7.210/84.

Requer seja recebido e processado o presente recurso para que, a partir das
razões desde já inclusas, possa Vossa Excelência exercer, caso assim entenda, juízo de
retratação concedendo o direito pleiteado.

Caso Vossa Excelência entenda por manter a decisão denegatória após ouvido
o ilustre representante do Ministério Público, requer seja encaminhado o presente
recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, para julgamento.

Termos em que,

pede deferimento.

Brasília/DF, 14 de outubro de 2019.

Naique Fernandes Rabelo

OAB/DF 29.709
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL.

razões de agravo em execução

Referente ao Processo de nº. 0031764-65.2015.8.07.0015

Juízo de Origem: Vara de Execução Penal do Distrito Federal.

Recorrente: Helton Fernandes da Cruz

Em que pese o indiscutível conhecimento jurídico da Excelentíssima Juíza a


quo, requer-se a reforma da respeitável Decisão que denegou o direito as saídas
temporárias, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I-DOS FATOS:

Trata-se de processo penal no qual o recorrente foi condenado à pena de 15


anos de reclusão, por crime previsto nos artigos arts. 213 e 214, na forma dos arts. 69 e
71, caput, todos do Código Penal c/c art. l°, V e VI, da Lei 8072/90.

A sentença foi proferida dia 13 de abril de 2009, sendo condenado a pena de


25 (vinte e cinco) anos de reclusão no regime inicial fechado (fls. 14/34).

Em recurso de Apelação a pena foi reduzida para 15 (quinze) anos de


reclusão no regime inicialmente fechado (£1s.4l/5l).

O reeducando foi preso para fim de cumprimento de pena no dia 27 de abril


de 2016.

Após ter cumprido 1/6 da pena que lhe foi imposta, conforme inteligência
da Súmula 471 do STJ, requereu-se a progressão de regime para o semiaberto bem
como as saídas temporárias (mov.).

Vale ressaltar, que o requerente foi submetido a exame criminológico n°


321/18, no qual houve as seguintes recomendações (mov):

“- Atendimento psicoterápico frequente e ininterrupto individual;

-Participação em Grupo Sexualidade Saudável nível 01 e 02;

- Participação em Grupo de sensibilização sobre violência contra a mulher;


- Classificação para atividades laborais;

- Classificação para os estudos.”

Das recomendações supracitadas foram atendidas a participação nos grupos


de Sexualidade nível I (mov. 14.1) e Sexualidade nível II ( mov.40.1).

Em relatório emitido pelo sistema prisional, foi informado que o presídio


em que o reeducando se encontra recolhido atualmente não possui grupo de
Sensibilização sobre violência contra a mulher (mov.46.1).

Em petição datada em 22 de outubro de 2018, esta procuradora requereu os


benefícios das saídas temporárias e cientificou que o reeducando não tinha interesse de
ser transferido ao CPP, requerendo que todos os seus benefícios externos fossem
concedidos a onde se encontra.

Em decisão proferida dia 09 de outubro de 2019, concedeu-se ao


reeducando o trabalho externo porém suspensas as saídas temporárias (mov. 57.1).

No mais, até a presente data, o requerente não possui classificação para


atividades laborais bem como para estudos.

Este é o relatório necessário.

II DO DIREITO

A Lei de Execuções Penais em seu artigo 123,determina:

I - comportamento adequado;

II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for


primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;

III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

O reeducando possui todos os requisitos objetivos favoráveis para a


concessão da saída temporária, conforme relatório via SIAPEN-WEB.

No entanto, devido ao supracitado laudo criminológico este não tem seu


benefício de saídas temporárias deferido por faltar cumprimento de algumas
recomendações contidas no exame, qual seja, frequência em grupo sensibilização sobre
violência contra a mulher, classificação para atividades laborais e estudo e atendimento
psicoterápico frequente e ininterrupto individual.
Ora, o reeducando se encontra no regime semiaberto desde 11 de outubro de
2018, há mais de um ano sem conseguir que fossem atendidas as referidas
recomendações.

Vale ressaltar, que o crime aconteceu em 1997, sendo o reeducando preso há


19 ( dezenove) anos após, ficando todo este tempo em liberdade sem notícias de
condutas delituosas.

Assim, o apenado não pode ficar a mercê do Estado que por sua inércia,
ineficiência e descaso não promove ao interno condições de atender o que se
recomendou em exame criminológico.

Vejamos em recente decisão análoga deste Tribunal:

PENAL. EXECUÇÃO PENAL. CRIME SEXUAL CONTRA VULNERÁVEL.


PROGRESSÃO AO REGIME ABERTO. SAÍDAS TEMPORÁRIAS.
SENTENCIADA IDOSA. DEMORA NA IMPLEMENTAÇÃO DAS SUGESTÕES
CONTIDAS NO LAUDO DE EXAME CRIMINOLÓGICO. DECISÃO
PARCIALMENTE REFORMADA. 1. Impõe-se maior cautela na reinserção ao
convívio em sociedade dos apenados por crime sexual, considerando que, normalmente,
tais indivíduos apresentam desajustes em sua personalidade e, não raro, voltam a
cometer o mesmo tipo de delito. Assim, mostra-se prudente que, nos casos em que o
laudo de exame criminológico realizado no sentenciado indica a existência de
desajustamento na personalidade, a reintegração social se dê de forma paulatina, com a
implementação das sugestões contidas no laudo e concessão de benefícios externos
antes da progressão ao regime aberto, que, no Distrito Federal, é cumprido na
modalidade prisão domiciliar, por ausência de casa de albergado. 2. Verificada demora
excessiva na implementação das sugestões apresentadas no laudo de exame
criminológico, tendo sido cumprida mais da metade da pena em regime
semiaberto, sem o gozo de benefícios externos, e se tratando de apenada idosa,
impõe-se o deferimento de autorização para saídas temporárias, como forma de
possibilitar a sua reinserção gradual no convívio em sociedade. 3. Recurso de
agravo conhecido e parcialmente provido.
(Acórdão 1185226, 07078555620198070000, Relator: JESUINO RISSATO, 3ª Turma
Criminal, data de julgamento: 11/7/2019, publicado no PJe: 16/7/2019. Pág.: Sem
Página Cadastrada.)

Vale ressaltar, que a patrona do do reeducando já requereu incontáveis vezes os


beneficios e todas as vezes foram a este negado mesmo que o sistema prisional onde se
encontra reconhido tenha informado q não dispõe de grupos indicados ao reeducando.

Há mais de um ano, apesar de oficio comunicando ao presidio que este deve ser inserido
em vagas de trabalho laboral e em estudo, nada foi feito até a presente data.

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