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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO


ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA

JANE GOMES DE OLIVEIRA

COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DOCENTE DE


GRADUAÇÃO EM EAD NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS: Um
Estudo em Duas Instituições de EAD da Cidade de Belo Horizonte

BELO HORIZONTE
2012
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JANE GOMES DE OLIVEIRA

COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DOCENTE DE


GRADUAÇÃO EM EAD NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS: Um
Estudo em Duas Instituições de EAD da Cidade de Belo Horizonte

Monografia do Curso de Especialização apresentado à


Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como
requisito parcial para a obtenção do título de Especialista
em Educação a Distância.

Orientadora: Profª Samira Fayez Kfouri da Silva

Belo Horizonte
2012
2

Dedico esta monografia ao meu marido, filhos e


neta pela paciência, compreensão, dedicação e
carinho durante meu trajeto para vencer mais
esse desafio.
3

AGRADECIMENTOS

Este trabalho é fruto da colaboração de muitas pessoas. Dentre elas,


gostaria de agradecer, especialmente.

As duas instituições de Ensino Superior, por terem permitido a


realização do trabalho; e aos entrevistados, que contribuíram para que a pesquisa
fosse realizada.

A Profª Samira , minha orientadora, pelas contribuições para que


esse trabalho fosse concluído.

A todos os professores da Unopar, pelos ensinamentos que


contribuíram para as reflexões acerca desse trabalho.

Aos colegas de curso que dividiram comigo as angústias e


expectativas e me motivaram para buscar meus objetivos.

Aos meus pais, irmãos pelo incentivo, amizade e auxílio nos


momentos mais difíceis desse percurso.

Ao meu marido, Marco Antonio, pela compreensão e amor, fatores


essenciais para o desenvolvimento e a conclusão do trabalho.

Aos meus amados filhos Felipe e Fernanda, minha neta Yasmin,


minha nora Zuleyce o meu genro Raphael, que souberam compreender, a minha
ausência temporária e me ajudaram a vencer mais esse desafio.

No geral, a todos os meus familiares e amigos, impossível


mencioná-los todos, que me incentivaram e me deram força durante esse período,
obrigada!
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Vivemos uma época de grandes desafios no


ensino focado na aprendizagem. E vale a pena
pesquisar novos caminhos de integração do
humano e do tecnológico; do sensorial,
emocional, racional e ético; do presencial e do
virtual; de integração da escola, do trabalho e
da vida.

(José Manuel Moran, 2011).


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OLIVEIRA Jane Gomes de. COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DOCENTE DE


GRADUAÇÃO EM EAD NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS: Um Estudo em Duas
Instituições de EAD da Cidade de Belo Horizonte. 2012. 37 f. Monografia (Curso Pós
Graduação em Educação a Distância) – Sistema de Ensino Presencial Conectado,
Universidade Norte do Paraná, Belo Horizonte, 2012.

RESUMO

Este estudo está centrado nas reflexões acerca das mutações sofridas pela
educação ao longo dos tempos e do aparecimento de um novo perfil para o
profissional requerido pela sociedade. Considerando esse cenário e a exigência de
novas competências, faz-se necessário pensar e mapear quais seriam as
competências profissionais adequadas ao ambiente a partir de um dos atores
envolvidos no processo, o docente de graduação de EAD. A pesquisa objetivou
identificar e analisar as competências necessárias ao docente de graduação de EAD
na percepção dos alunos de duas instituições de EAD da cidade de Belo Horizonte.
Nessa investigação procurou-se identificar as competências do docente de
graduação de EAD; descrever e analisar os resultados e propor ações práticas para
atuação dos docentes dessa modalidade de ensino. A metodologia desenvolvida
nesta pesquisa foi de natureza descritiva, com abordagem qualitativa sendo utilizado
um estudo de caso. Foi desenvolvido um estudo empírico com 20 alunos formandos
de EAD, sendo 10 alunos de cada instituição pesquisada a partir de entrevistas
semi-estruturadas. Dentre as competências apontadas pelos alunos destacam-se
como mais relevantes a utilização de recursos e metodologia diversificada, a
atuação como mediador e orientador, o fornecimento de feedback rápido e
individualizado além da presença de capacidade didático- pedagógica. Observou-se
que os alunos consideram importante o conhecimento técnico e mercadológico, mas
que deve haver o equilíbrio entre a interação e o alinhamento entre teoria e a
prática. Além das já mencionadas foram também destacadas pelos investigados
como competências importantes, a flexibilidade, a visão holística dos aspectos
acadêmicos e mercadológicos, a capacidade de planejamento e de diálogo
presentes no processo de ensino aprendizagem. Pode-se constatar que os alunos
tendem a preferir as competências relacionadas ao aspecto técnico em detrimento
das competências de cunho comportamental. Os resultados apresentados mostram
que o docente de graduação de EAD frente a tantas mudanças deve levar em conta
a capacidade de lidar com incertezas, com vários desafios. O cenário atual exige
que seja ressignificado o perfil do docente de graduação em geral e principalmente
dessa modalidade de ensino. A vulnerabilidade do professor exige mudança de
comportamento. Configura-se neste momento um profissional se deparando com
inúmeros desafios onde o principal é conciliar todas as atividades exigidas pela
função. Ao assumir a docência no EAD, o indivíduo se depara em seu cotidiano com
atribuições, barreiras e pressões que irão desafiar constantemente a sua
capacidade.

Palavras-chave: Docência. Graduação. Competências. Ensino a distância.


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OLIVEIRA Jane Gomes. SKILLS REQUIRED FOR TEACHING OF GRADUATION


IN ODL IN PERCEPTION OF STUDENTS: A Study of two Institutions of EAD of City
of Belo Horizonte. 2012. 37 f. Monograph (Course graduate distance education) -
System of Classroom Connectd, North University of Parana, Belo Horizonte, 2012.

ABSTRACT

This study is focused in the reflections about the changes in education over the times
and the appearance of a new profile for the professional required by society.
Considering this scenario and the requirement for new skills, it is necessary to
consider and map what would be the professional skills appropriate to the
environment from one of the actors involved in the process, the faculty of graduate
studies of ODL. The research aimed to identify and analyze the skills necessary for
the faculty of graduate studies for ODL in the perception of students of two
institutions of EAD of the city of Belo Horizonte. In this research we attempted to
identify the powers of the faculty of graduate studies of EAD; describe and analyze
the results and propose practical actions for actions of the teachers of this modality of
education The methodology developed in this research was descriptive, with a
qualitative approach being used a case study. We developed an empirical study with
20 students trainees of EAD, and 10 students in each institution researched from
semi-structured interviews. Among the skills identified by the students stand out as
more relevant to the use of resources and diverse methodology, work as mediator
and advisor the provision of feedback fast and individualized in addition to the
presence of didactic capacity- pedagogical. It was observed that students consider
important the technical knowledge and marketing, but that there must be a balance
between the interaction and the alignment between the theory and practice. In
addition to the already mentioned were also highlighted by investigated as important
skills, flexibility, the holistic vision of academia and analize, capacity planning and
dialog present in the teaching-learning process. We can see that students tend to
prefer the skills relating to the technical aspect to the detriment of the powers of
imprint behavioral. The results presented show that the faculty of graduate studies for
ODL forward to so many changes must take into account the ability to deal with
uncertainties, with several challenges. The current scenario requires that such is the
profile of the faculty of graduate studies in general and especially of this modality of
education. It is now a professional if encountering many challenges where the main
and reconcile all the activities required for the function. To take the teaching
profession in ODL, the individual is confronted in their daily lives with tasks, barriers
and pressures that will challenge constantly their ability.

Key-words: Teaching. Graduation. Competences. Distance Education.


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Árvore das Competências........................................................................18


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixa Etária dos Alunos Entrevistados nas IES pesquisadas..................23


Tabela 2 – Competências do Docente Apontadas pelos Alunos Entrevistados........27
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CES Conselhos de Educação Superior


CNE Conselho Nacional de Educação
DCN Diretrizes Curriculares Nacionais
IES Instituições de Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Educação e Pesquisa
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC Ministério da Educação e Cultura
MG Minas Gerais
SESU Secretaria de Educação Superior
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1.1 Justificativa ................................................................................................... 12
1.2 Objetivos ...................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 14
1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................. 14

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 15
2.1 O Ensino a Distância no Brasil ......................................................................... 15
2.2 Competências .................................................................................................. 17
2.2.1 Competências Educacionais ...................................................................... 18
2.3 O trabalho do docente de EAD ........................................................................ 19
2.4 Metodologia ..................................................................................................... 21
2.4.1 Caracterização da Pesquisa ...................................................................... 21
2.4.2 Universo ..................................................................................................... 21
2.4.2.1 Sujeitos Pesquisados .......................................................................... 22
2.4.3 Coleta de Dados ........................................................................................ 22
2.4.4 Tratamento dos Dados .............................................................................. 22
2.5 Apresentação e análise de dados .................................................................... 23
2.5.1 Os Sujeitos Alunos..................................................................................... 23
2.5.1.1 O Docente do Curso de EAD e Suas Competências ........................... 24
2.5.1.2 A Percepção dos Alunos Sobre as Competências Necessárias aos
Docentes ......................................................................................................... 25
2.5.2 Identificando Pontos Relevantes ............................................................... 28

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 29

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

APÊNDICE ................................................................................................................ 36
11

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a sociedade contemporânea vem passando por


mudanças no âmbito do conhecimento, da expansão tecnológica, na ótica dos
valores e na explosão demográfica. A educação é um dos segmentos inseridos
nessas transformações oriundas da virada do século.
O modelo de educação para o século XXI, discutida na Declaração Mundial
sobre Educação Superior (1998), afirma a necessidade do aprimoramento dos
projetos educacionais e indica para a busca de novas posturas visando a formação
de uma mão de obra qualificada atendendo assim, às demandas da sociedade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (1996) brasileira traz
novas propostas para o sistema educacional apresentando novos formatos de
modalidades de ensino que aliam a tecnologia e suas ferramentas ao atendimento
de centenas de alunos de maneira simultânea (ALVES, 2009).
Com os desdobramentos da LDB-96, em 1997, surge a modalidade de ensino
como a Educação a Distância - EAD, descrita na Lei em seu artigo 80,
regulamentado pelo Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que surge como
referência para as Instituições de Ensino Superior (IES) apresentando uma
organização de programas que consideram as demandas sociais, que oportuniza
uma maior flexibilidade, além de definir novos perfis profissionais incorporados à
novos conceitos de competências.
Com o surgimento de um novo perfil para o profissional demandado pelo
mercado, o sistema educacional brasileiro acaba por sinalizar para transformações e
evoluções direcionadas ao seu formato.
Segundo estudos de Alves (2009) a primeira mudança se deu a partir das
décadas de 1980 e 90 com o aumento da procura pelos cursos superiores no Brasil
(ALVES, 2009).
A partir do ano 2000, a modalidade EAD passa a iniciar seu processo de
expansão, preconizado no Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que indica
os requisitos necessários para credenciamento das instituições interessadas na
oferta, corroborado pelo documento Parâmetros de Qualidade para a Educação
Superior a Distância.
12

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira (INEP, 2010), ocorreu um crescimento de 200% das matrículas entre
2004 e 2007 no Ensino a Distância, com uma média de 20% de crescimento ao ano,
tanto na graduação como na especialização.
Diante da realidade posta com a expansão e a consolidação do universo do
ensino superior nos deparamos com novas exigências específicas para o docente de
graduação de EAD a partir de demandas relacionadas à sua própria práxis (ROPÉ E
TANGUY, 2003).
A formação de competências explicitada nos documentos do MEC aparece
como exigência essencial dentro da formação superior (BRASIL, 1998).
A partir do cenário apresentado com a exigência de um novo perfil profissional
com novas habilidades, faz-se necessário refletir sobre quais seriam as
competências necessárias ao docente de graduação de EAD, na percepção de
alunos de duas instituições de EAD da cidade de Belo Horizonte.

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo Morosini (2005), as transformações trazidas pelas organizações


passam a exigir a formação de profissionais capazes de otimizar o conhecimento
das pessoas, capazes de dinamizar a aprendizagem, fazendo deles sujeitos
pensantes, reflexivos e autônomos.
Alarcão (2006) por sua vez coloca que o ensino superior desenvolve nos
indivíduos conhecimentos e habilidades que auxiliam e transformam suas práticas
tornando-os um profissional mais crítico e criativo.
Diante destas transformações, as Instituições de Ensino Superior (IES)
acabam sendo pressionadas a adotar uma política de qualificação de seus
profissionais docentes a partir das mudanças estabelecidas pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB, 1996) em conformidade com as diretrizes estabelecidas
pelo MEC.
Acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) que regem o ensino
superior, o parecer n. 776/97 do CNE.
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(...) aponta no sentido de assegurar maior flexibilidade na organização de


cursos e carreiras, atendendo à crescente heterogeneidade tanto da
formação prévia como das expectativas e dos interesses dos alunos.
Ressalta, ainda, a nova LDB, a necessidade de uma profunda revisão de
toda a tradição que burocratiza os cursos e se revela incongruente com as
tendências contemporâneas de considerar a boa formação no nível de
graduação como uma etapa inicial da formação continuada (CNE, 776/97).

Diante dessas colocações, Ramos (2001) faz uma análise do contexto das
IES que ofertam cursos de graduação em EAD. Para ele, elas passam a vivenciar
uma realidade complexa, primeiro por sofrerem um crescimento acelerado, depois
por ser responsável tanto pela sua própria qualificação para lidar com as
especificidades do mercado, quanto pela qualificação dos profissionais que
preparam para o mercado de trabalho, tendo que cumprir adequadamente à
legislação que rege o ensino superior no Brasil.
A extinta Secretaria de Educação a Distância– SEED e o Departamento de
Regulação e Supervisão da Educação a Distância- DRSEAD responsáveis pela
regulação do EAD, através de diversas legislações, orientam às IES que ofertam o
EAD no que tange a adaptação e flexibilização de seus currículos, buscando uma
melhor formação de seus profissionais no sentido de uma maior adequação às
diversas demandas regionais, locais e do mercado, atendendo à legislação.
Segundo Boog (2008, p. 81), “O sistema formal de ensino não fornece os
profissionais necessários para a atuação neste setor”. A partir deste ponto de vista,
pode-se perceber a eminente necessidade das instituições de ensino superior
brasileiras formar profissionais capacitados para atender as demandas provenientes
do mundo competitivo.
Nóvoa (2002) corrobora a afirmação de Boog (2002) e acrescenta que
o professor do ensino superior tanto da modalidade presencial quanto de EAD, tem
seu perfil fragilizado pelas mudanças ocorridas no mundo do trabalho e são
merecedores de uma atenção especial.
A literatura sobre o docente do ensino superior vem demonstrando a
necessidade de maiores reflexões sobre esse profissional buscando mudanças
significativas em sua prática construindo assim, novas competências (NÓVOA,
2009).
Feitas estas considerações, constata-se a importância do papel do professor
que atua nos cursos de EAD, reforçando o interesse em sua análise, considerando
que os mesmos fazem parte da realidade do ensino superior que tem passado, na
14

última década, por uma série de mudanças e por um crescimento significativo,


levando à necessidade de se estabelecer um novo perfil para o docente que atua
nessa modalidade.
Nesse sentido, acrescenta-se que esta monografia visa contribuir com
reflexões acerca da lógica que envolve as competências no âmbito do trabalho do
docente de EAD e trazer à luz maior conhecimento sobre este profissional.
A pergunta que motivou esta pesquisa foi: Quais são as competências
necessárias ao docente de graduação de EAD, na percepção de alunos de duas
instituições de EAD da cidade de Belo Horizonte?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

 Identificar e analisar as competências necessárias ao docente de graduação de


EAD, na percepção de alunos de duas instituições privadas de EAD da cidade de
Belo Horizonte.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Identificar na percepção do aluno, as competências necessárias ao docente de


graduação de EAD em duas instituições privadas de Belo Horizonte;
 Descrever na percepção do aluno, as competências necessárias ao docente de
graduação de EAD;
 Analisar os resultados e propor ações práticas para os docentes dessa
modalidade de ensino nas instituições pesquisadas.
15

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 O ENSINO A DISTÂNCIA NO BRASIL

De acordo com os Referenciais de Qualidade (2007), a Educação a Distância


é uma modalidade educacional que exige a mesma organização da modalidade
presencial, apresentando como eixos norteadores o projeto pedagógico, a
organização curricular de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs),
metodologia de ensino, recursos e materiais didáticos, recursos financeiros, perfil
profissional do egresso, corpo técnico-administrativo e finalmente os instrumentos de
avaliação.
A EAD está normatizada pela LDB, e por decretos posteriores, dentre eles o
de nº 2494/98 que define em seu art. 2º: "os cursos a distância que conferem
certificado ou diploma de conclusão de ensino fundamental para jovens e adultos, do
ensino médio, da educação profissional e de graduação serão oferecidos por
instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas para esse fim [...]",
pela Portaria 40, pelo Decreto Nº. 5.622, os pelos Referenciais de Qualidade, dentre
outros.
Essa modalidade de ensino é considerada, de acordo com LDB (1996) como
uma das formas de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, mediada por
recursos didáticos e ferramentas tecnológicas sistematicamente organizados.
De acordo com Alves (2009), Zambalde & Figueiredo (2008) a EAD pode ser
identificada como uma modalidade de ensino caracterizada pela comunicação
bidirecional que envolve diversos atores entre eles: o professor, alunos, tutores e
coordenadores sendo realizada através de recursos tecnológicos diversificados.
A formatação do EAD apresenta especificidades que envolvem a sua
organização didático-pedagógica, a gestão do corpo docente, discente e da equipe
multidisciplinar, a gestão financeira, as suas instalações físicas e, principalmente a
atuação dos docentes envolvidos (SINAES, 2005, BRASIL, 2005).
Segundo Alves (2009) a história da EAD no Brasil pode ser identificada em
três fases, a inicial, a intermediário e a era atual. Num primeiro momento surgem as
Escolas Internacionais (1904) e a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro (1923). Logo
16

após é criado o Instituto Monitor (1939) e o Instituto Universal Brasileiro (1941) com
funções e públicos específicos que tinham como meta a capacitação para o mercado
de trabalho, no segmento da educação profissional básica.
O autor aponta como fase intermediária, no histórico da EAD, a Universidade
de Brasília (1973) que projetou programas de ensino a distância que foram
interrompidos pela ditadura dominante no período.
Já no período moderno surgem três organizações que podem ser
consideradas relevantes para o percurso do EAD no Brasil, são elas: a Associação
Brasileira de Tecnologia Educacional- ABT, o Instituto de Pesquisas Avançadas em
Educação- IPAE e a Associação Brasileira de Educação a Distância- ABED
(OLIVEIRA, 2009).
Como descreve Alves (2009) a ABT criada em 1971 por profissionais da área
de radiodifusão, uniu especialistas com atuação nas áreas de tecnologias aplicadas
à educação, e tinha como uma de suas principais funções organizar Seminários
Brasileiros de Tecnologias Educacionais. A instituição também foi responsável pela
fundação da revista Tecnologia Educacional, pioneira nos programas de pós-
graduação à distância.
No ano de 1973 surge o IPAE como precursor dos encontros nacionais e dos
congressos brasileiros de educação a distância. Essa instituição foi de fundamental
importância para as reflexões acerca da EAD no contexto mundial e brasileiro. Além
disso, auxiliou na elaboração das disposições normativas que foram incorporadas à
Lei de Diretrizes e Bases – LDB em 1988 (ALVES, 2009).
Segundo o autor, a instituição possui o maior e mais completo acervo sobre a
EAD no país, com ações conjugadas focadas na divulgação da produção científica e
na informação, além de editar a Revista Brasileira de Educação a Distância, lançada
em 1993.
A última organização, como afirma Alves (2009) foi a Associação Brasileira de
Educação a Distância – ABED, que tem como meta estimular estudos, pesquisas e o
desenvolvimento de projetos focados para a EAD.
A ABED, segundo o autor, também sedia a realização de congressos,
conferências, seminários nacionais e internacionais buscando aprimoramento
constante dos sistemas de aprendizagem dessa modalidade de ensino.
Complementando o histórico da EAD no Brasil, Alves (2009), aponta duas
universidades como sendo as pioneiras na implantação de cursos de graduação a
17

distância no país, a Universidade Federal de Mato Grosso e a Universidade Federal


do Pará, que foi a primeira a obter um parecer oficial de credenciamento, pelo
Conselho Nacional de Educação, em 1998.

2.2 COMPETÊNCIAS

Segundo afirma Le Boterf (2003), o conceito de competência vem sendo


construído gradativamente. Ele descreve o conceito de competência como sendo a
evolução do conceito de qualificação onde os indivíduos combinam conhecimentos,
habilidades, experiências além de capacidades cognitivas e emocionais.
Autores como Ruas, Antonello e Bettis (2005) aprofundam o conceito de
competência proposto por Le Boterf (2003). Para eles, o conceito de competência é
direcionado às interações entre as pessoas, as organizações e suas dinâmicas de
funcionamento.
Zarifian (1999) relaciona as competências a aspectos comportamentais e
sociais vivenciados pelos indivíduos.
Já Bittencourt (2001) por sua vez, relaciona as competências aos eixos que
envolvem o conhecimento, a experiência e a maturidade do indivíduo.
A partir da necessidade de novos perfis demandados pelo setor produtivo,
Albuquerque e Oliveira (2002) afirmam que as competências passam a integrar o
universo do professor do EAD no que tange à construção de uma nova prática.
Segundo Masetto (2003a) o ator principal, a figura central do processo de
produção de conhecimento em um curso de graduação de EAD é o docente que
atua em atividades voltadas ao ensino visando atingir o produto final que é a
formação de um profissional qualificado. A partir da participação do aluno em um
ciclo organizado e específico de aprendizado, o foco principal está diretamente
relacionado com o trabalho do docente e com competências necessárias para a sua
execução (MASETTO, 2003a).
O conceito de competência é representado por Gramigna (2007) através da
Árvore de Competências baseada em eixos de conhecimento, habilidade e atitude-
CHA. A Árvore de Competências ilustra a estruturação das competências
18

demonstrada na combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes


(GRAMIGNA, 2007).

Figura 1: Árvore das Competências


Fonte: adaptado de Gramigna (2007)

Considerando as descrições de Gramigna (2007), a copa da árvore


representa habilidades tais como o talento, a capacidade técnica, e a capacidade de
resolver problemas; o tronco e os galhos retratam os conhecimentos, as
informações; e finalmente a raiz que retrata as atitudes envolvendo os valores, as
crenças e princípios.
Para a autora, estas três dimensões podem ser entendidas se analisadas sob
a seguinte ótica: o conhecimento é identificado como o que precisa ser feito, as
habilidades representam o como deve ser feito e, as atitudes demonstram o porque
será feito.

2.2.1 Competências Educacionais

Nesta perspectiva, Perrenoud (2000) ressalta a necessidade de se construir e


de adotar um exercício pedagógico que privilegie a formação de competências
estabelecendo assim, a interface entre alunos e professores.
No campo educacional, o conceito de Perrenoud (2000) que aponta para a
noção de competência aproxima-se da perspectiva de Zarifian (1999), que classifica,
estabelece as competências em três eixos: as competências técnicas (profissionais),
as competências organizacionais e as competências relacionais.
19

Analisando a competência técnica do docente de graduação, Masetto (2003b)


entende que competência tem a ver com eixos que envolvem concomitantemente
saberes, conhecimentos, valores, atitudes e habilidades.
Tardif (2002) compartilha da posição de Zarafian (1999) e complementa com
saberes que envolvem a ação, e que apresentam características atemporais, plurais,
heterogêneas, e personalizadas.
Diante dessa realidade Moreira (2003) coloca que o discente não tem que
somente aprender conteúdos, mas também buscar a auto-aprendizagem, a sua
autonomia embasada na construção de competências necessárias à sua formação e
às demandas estabelecidas pelo mercado.
Schon (2000) levanta a necessidade do desenvolvimento de sistemas
educacionais competitivos que incorporem práticas docentes envolvendo posturas
reflexivas e contextualizadas a partir da realidade e das expectativas dos alunos.
A temática sobre a competência docente vem sendo pesquisada de forma
direta nas últimas décadas por diversos autores dentre eles (MASETTO, 2003b;
PERRENOUD, 2000: CUNHA, 2003, MOORE, 2006), e de forma indireta por autores
como (TARDIF, 2002; SCHON, 2000; MOREIRA, 2003) que estudam as posturas e
características desses docentes.
A partir dessas diversas abordagens evidencia-se a presença de reflexões
profundas acerca da temática envolvendo competências no universo do docente
universitário de qualquer modalidade (CUNHA, 2003).

2.3 O TRABALHO DO DOCENTE DE EAD

Saviani (1998) coloca que as discussões sobre o trabalho docente no Brasil


surgem na década de 80 e caracterizam-se por conceitos voltados para o
materialismo histórico e dialético, fundamentados pela proletarização e direcionados
para o desenvolvimento do trabalho na escola.
Veiga (1998) e Nóvoa (2009) enriquecem as colocações de Saviani (1998) e
argumentam que apesar da divisão do trabalho também ser uma realidade na
organização do trabalho docente, a autonomia segue sendo uma característica
20

importante dentro da sua prática. Constata-se que o trabalho envolvendo a teoria e a


prática não vem ocorrendo efetivamente ficando ainda restrita ao nível formal.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (1996) se omitiu no
que tange à formação pedagógica do professor universitário. Em sua primeira
versão redigida pelo então Senador Darcy Ribeiro, a formação pedagógica dos
professores universitários era contemplada:

Art. 74 – A preparação para o exercício do magistério superior se faz, em


nível de pós-graduação, em programas de mestrado e doutorado,
acompanhados da respectiva formação didático-pedagógica, inclusive de
modo a capacitar o uso das modernas tecnologias do ensino (SAVIANI,
1998, p. 144).

Na versão final da lei é retirada do texto a necessidade da formação


pedagógica do professor universitário, configurando-se como: “Art. 66 – A
preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-
graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado” (LDB, 1996).
De acordo com a percepção de Masetto (2003a) analisando as atividades
exercidas pelo docente universitário de graduação:

[...] não se tem consciência na prática de que a aprendizagem dos alunos é


o objetivo central dos cursos de graduação e o nosso trabalho de docentes
deve privilegiar não apenas o processo de ensino, mas o processo de
ensino-aprendizagem, em que a ênfase esteja presente na aprendizagem
dos alunos e não na transmissão de conhecimento por parte de professores
(MASETTO, 2003a, p.12).

Para Ramos (2007) referendado por Abreu e Masetto (2009), as relações


envolvendo as competências devem promover um processo constante de interações
entre docentes e discentes envolvendo a integração entre a teoria e a prática.
De acordo com estudos de Gil (2009) o ensino superior de EAD no Brasil se
encontra em uma encruzilhada pedagógica no que tange ao seu quadro de
docentes. Observa-se que os docentes de EAD dificilmente são capacitados pelas
instituições onde atuam. No processo de seleção e contratação dos docentes, não
se faz qualquer exigência ou pré-requisito para que os mesmos dominem teorias,
metodologias ou técnicas de aprendizagem.
Como salienta este autor, até então a formação exigida do professor
universitário tanto na modalidade presencial como na EAD tem se restringido ao
conhecimento da disciplina a ser ensinada. Pode-se perceber que as IES vem
21

valorizando somente a titulação dos professores deixando a competência


pedagógica para segundo plano complementa (GIL, 2009).
Autores como Masetto (2003), Cunha (2003), Lowan (2004) e Gil (2009), ao
pesquisarem sobre as teorias que envolvem a temática sobre as competências
buscam ressignificar o saber do docente de graduação de EAD e suas principais
habilidades.

2.4 METODOLOGIA

2.4.1 Caracterização da Pesquisa

A metodologia desenvolvida nesta pesquisa foi de natureza descritiva, com


abordagem qualitativa. De acordo com Gil (2005) e Vergara (2006) a pesquisa
descritiva visa descrever as características de determinada população ou fenômeno
ou estabelece correlações entre as variáveis abordadas.
A pesquisa foi realizada a partir de um estudo de caso. Segundo Yin (2001), o
objetivo do estudo de caso é analisar uma dada unidade social. No que se refere
aos objetivos, segundo Becker (1999), em geral o estudo de caso busca alcançar
uma compreensão abrangente do grupo estudado.

2.4.2 Universo

O universo considerado para a execução da pesquisa foi constituído por duas


instituições privadas que ofertam o EAD, com período de atuação de mais de quatro
anos no mercado o que faz com que sejam instituições já consolidadas no cenário
educacional da cidade de Belo Horizonte.
22

2.4.2.1 Sujeitos Pesquisados

A definição dos sujeitos pesquisados obedeceu a requisitos tais como:


envolvimento no fenômeno; conhecimento amplo do tema da pesquisa; e a
capacidade para exprimir a essência e o detalhe para a compreensão do fenômeno
(TRIVIÑOS, 1987).
A seleção dos sujeitos pesquisados obedeceu aos critérios de acessibilidade
optando por alunos formandos em diversos cursos de EAD das duas instituições
pesquisadas por serem considerados amadurecidos para abordar a temática
investigada.
Deste modo, a pesquisa foi composta por 20 alunos formandos de cursos de
EAD, sendo 10 de cada instituição selecionada. Na pesquisa os sujeitos da
pesquisa serão os objetos de análise.

2.4.3 Coleta de Dados

Para atingir os objetivos propostos esta pesquisa se fundamentou na coleta


de dados por meio de entrevista semi-estruturada. As entrevistas foram gravadas
com consentimento dos alunos após a explicitação dos objetivos e finalidade do
estudo.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo (BARDIN, 1977) e
coletados no período de outubro a dezembro de 2011.
As entrevistas seguiram um roteiro previamente estruturado permitido à
padronização das perguntas, além de admitir ao entrevistado formular respostas
pessoais que melhor expressassem sua subjetividade (VERGARA, 2003).

2.4.4 Tratamento dos Dados

Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo e a análise


23

temática. Na análise de conteúdo, de acordo com Bardin (1979), são obtidos


indicadores que permitam a inferência de conhecimentos presentes nos relatos dos
entrevistados. Já Minayo (2000) conceitua a análise temática como uma técnica de
tabulação que aborda temas relevantes que surgem durante a entrevista.
Os dados foram analisados utilizando as etapas de preparação, tabulação
quantitativa e análise temática, segundo (VERGARA, 2006) transcritas na íntegra,
observados aspectos relevantes colocados pelos entrevistados (BARDIN, 1979).

2.5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

2.5.1 Os Sujeitos Alunos

O objeto de análise desta pesquisa foram os alunos formandos dos cursos de


graduação de EAD. Foram entrevistados 20 alunos de 02 IES que ofertam EAD na
cidade de Belo Horizonte, sendo 10 de cada instituição.
A partir das entrevistas pôde-se traçar o perfil dos grupos de alunos.
Verificou-se a predominância do sexo masculino representando 54% dos
respondentes. Quanto à faixa etária, a maior parte do grupo (56%), constituiu-se de
pessoas acima de 50 anos de idade, 26,00% na faixa de 41 a 50 anos e 18,00 %
abaixo de 40 anos. Os dados referentes à faixa etária dos alunos são explicitados na
tabela 01:

Tabela 01: Faixa Etária dos Alunos Entrevistados nas IES Pesquisadas
Faixa etária Frequência (%)
Até 30 anos 08,00
31 a 40 anos 10,00
41 a 50 anos 26,00
Acima de 50 56,00
Fonte: Entrevista com Alunos.
24

2.5.1.1 O Docente do Curso de EAD e Suas Competências

Ao serem questionados se têm conhecimento de como a instituição seleciona


seus professores, e que critérios eles consideram necessários para essa seleção,
99% colocaram que não tinham conhecimento de como se dá a contratação, sendo
que 1% ouvir falar ser por meio de uma análise do currículo do professor.
Quanto aos critérios de seleção foi ressaltado pelos alunos que devem ser
levados em consideração: a experiência de mercado, o domínio da didática e a
formação acadêmica, sendo a primeira com 30%, a segunda com 70% e a última
com 40%. Pelas respostas dos alunos, percebe-se que deve existir um equilíbrio
entre a experiência profissional e a formação acadêmica do professor, apresentando
como predominância o domínio didático do professor requisito que irá propiciar o
encontro entre a teoria e a prática.
Ao analisarmos essa resposta pode-se ater à afirmação de Gil (2006) de que
a atuação do docente de ensino de EAD deve procurar alinhar a teoria e a prática,
tendo o professor como um dos requisitos essenciais a habilidade didático-
pedagógica.
Ao serem questionados se os professores relacionam os conteúdos
ensinados às competências profissionais exigidas pelo mercado, 80% dos
entrevistados colocam que os professores não contextualizam/relacionam o
conteúdo ensinado as competências necessárias para a formação no mercado de
trabalho; 20% acham que os professores promovem esta relação parcialmente,
sendo que 10% consideram que os professores promovem a relação dos conteúdos
com as competências. Percebe-se que essa relação é praticamente inexistente
advinda do próprio desconhecimento do professor em relação a estas competências.
Os alunos afirmam que a maior parte dos professores (70%), por não ter uma
formação didático-pedagógica e por desconhecer as competências requeridas para
a formação dos cursos na qual atuam, não consegue estabelecer em suas aulas a
relação entre o conteúdo ensinado e as competências dos cursos.
Quanto à indagação se as atividades desenvolvidas nas aulas pelos
professores contribuem para a compreensão e o aprendizado dos alunos de EAD,
80% dos respondentes consideram que a maneira como os docentes estão
conduzindo suas aulas não contribuem já que os mesmos vem privilegiando os
25

conceitos e consequentemente as aulas teóricas, deixando para segundo plano ou


desconsiderando a contextualização do conteúdo com a realidade de mercado e dos
alunos.
Outros 20% colocam que algumas atividades desenvolvidas contribuem para
o entendimento das aulas e a compreensão dos conteúdos. São elas: os fóruns que
na percepção dos alunos desenvolvem a autonomia, a capacidade de expressão e
comunicação; a habilidade de escrita e de argumentação; o estudo de caso, que
aprimora a capacidade de análise, de desenvolver raciocínio lógico e crítico, e ainda
a disponibilização de alguns vídeos e links que contextualizam a temática abordada.

2.5.1.2 A Percepção dos Alunos Sobre as Competências Necessárias aos


Docentes

De acordo com a percepção dos alunos entrevistados 45% consideram que


os professores devem possuir habilidades como domínio do conteúdo e 60%
experiência profissional na área. Quanto à prática no desenvolvimento de suas
aulas, cerca de 80% consideram que o professor deve adotar recursos e uma
metodologia diversificada para que a aula seja menos cansativa e com maior
interação entre as partes sendo que 70% consideram que os mesmos devem
apresentar capacidade didático- pedagógica.
Alguns extratos de falas dos alunos entrevistados podem ser destacados
abaixo:
Acho que o professor deve dominar o conteúdo, ter experiência de mercado
para nos auxiliar na nossa formação profissional (A1. 3).

“Além de dominar o conteúdo o professor deve preparar aulas criativas,


interessantes, motivadoras e principalmente interativas para que o aluno
não fique desmotivado” (A2. 17).

O professor deve se preocupar com a aprendizagem do aluno e equilibrar


aulas e atividades teóricas e práticas (A2. 20).

[...] o professor deve acompanhar a turma através das informações do tutor,


dar o seu feedback durante os chats, fóruns e as atividades recebidas,
reavaliar sua prática para selecionar suas estratégias de aula (A1. 13).

O professor deve preparar sua aula sempre contextualizando o conteúdo


com a realidade do aluno (A1. 09).
26

Um dado interessante é que 70% dos alunos consideram como uma


competência importante a preparação de uma aula que alie a teoria à prática, que se
preocupe com a sua interação com o aluno, tornando-a mais instigante, e
motivadora.
Observa-se que 35% elegeram a flexibilidade e a criatividade como relevantes
para a atuação do docente; 60% reconhecem que além das competências técnicas
inerentes à função, o acompanhamento do aluno, é uma competência essencial para
o sucesso do processo de aprendizagem do EAD.
Outro dado relevante detectado nas entrevistas é que 45% consideram
importante que o professor de EAD procure identificar e considerar as expectativas
do aluno. 75% considera que o professor deve atuar como mediador e orientador
dando suporte aos questionamentos e anseios dos alunos.
Entre os respondentes, 70% colocam que o professor deve buscar
qualificação constante e deve disponibilizar, em suas aulas, informações objetivas e
relevantes sobre o curso; 70% também considera importante que o professor dê um
feedback rápido, constante e de preferência individualizado, promovendo assim um
acompanhamento mais próximo e consequentemente uma maior interação do aluno
com o conteúdo.
Além disso, os respondentes apontam em cerca de 65%, que os professores
devem incentivar e auxiliar o aluno na busca de variadas e motivadoras fontes de
informações além de disponibilizar materiais diversificados para estudos
intercalando conteúdo e atividades para que o processo de aprendizagem não se
torne monótono e cansativo possibilitando com certeza uma aprendizagem
colaborativa.
Outros aspectos citados por 40% dos entrevistados como competências
importantes para o docente de EAD são aqueles relacionados a saber trabalhar as
diferenças além de valorizar e encorajar as experiências dos alunos.
Finalmente, dentre as expectativas dos respondentes quanto às
competências necessárias ao docente, 65% também considera importante o
aumento das atividades desenvolvidas em grupo, pois acreditam que a mesma irá
colaborar para o exercício da habilidade de se trabalhar em equipe.
A tabela 2 descreve as principais competências apontadas pelos
entrevistados.
27

Tabela 02: Competências do Docente Apontadas pelos Alunos Entrevistados


Itens discriminados %
Utiliza recursos e metodologia diversificada 80,00
Atua como mediador e orientador 75,00
Fornece feedback rápido e individualizado 70,00
Apresenta capacidade didático-pedagógica 70,00
Trabalha com informações objetivas 70,00
Procura qualificação constante 70,00
Desenvolve atividades em grupo/equipe 65,00
Incentivar busca de fontes de informação 65,00
Prepara a aula aliando teoria e prática 60,00
Pratica interação e diálogo com os alunos 60,00
Possui experiência na área do curso 60,00
Utiliza variadas fontes de informações 50,00
Considera as expectativas dos alunos 45,00
Tem domínio sobre o processo acadêmico 45,00
Possui domínio do conteúdo 45,00
Sabe trabalhar com as diferenças 40,00
Valoriza e encoraja as experiências dos alunos 40,00
É criativo e flexível 35,00
Possui visão holística e poder de negociação 35,00

Fonte: Entrevista com Alunos.


Nota: A soma das frequências é superior a 100% por ter sido possível aos entrevistados mais de uma
resposta.

A preparação da aula foi uma das competências mencionadas pelos alunos e


deve ser remetida às reflexões promovidas por Gramigna (2007) que coloca que a
capacidade de planejar os trabalhos e atividades desenvolvidas é inerente à vida do
docente e deve ocorrer em todas as etapas de sua prática, desde a concepção do
curso até a preparação das aulas.
28

2.5.2 Identificando Pontos Relevantes

Todas as competências apontadas pelos alunos destacam-se como


importantes para o desenvolvimento do trabalho do docente de EAD como ator
principal e articulador dos processos de ensino.
Os resultados da pesquisa mostraram que os alunos consideram relevantes:
ter conhecimento do mercado, capacidade de considerar as expectativas dos alunos
e habilidade para utilizar recursos e metodologias diversificados.
Na visão do grupo, são competências importantes aquelas que apontam o
domínio da área do conhecimento, a interação, a flexibilidade e a credibilidade. Isto
sugere, na visão dos entrevistados, que estas competências são fundamentais para
a atuação de um docente de graduação de EAD.
As entrevistas revelam que a competência didático-pedagógica é apontada
pelo grupo pesquisado com elevado nível de importância. Este resultado referenda a
afirmação de Masetto (2003ª) que coloca este ponto dentre as preocupações que os
docentes devem considerar, aqui reconhecida pelos alunos pesquisados.
No que tange às competências comportamentais, os alunos indicam como
competências relevantes habilidades tais como: visão sistêmica/holística, a
valorização das experiências dos alunos, o domínio da área do curso. O grupo
entrevistado dá ênfase a algumas atitudes tais como: desenvolver trabalho em
equipe, ser criativo e flexível, dentre outras.
Quanto às competências técnicas são reveladas pelo grupo pesquisado: ter
um bom domínio do conteúdo e do processo acadêmico, conhecer as competências
requeridas pelo curso, o conhecimento do mercado, ter conhecimento didático-
pedagógico e procurar qualificação constante.
Observando a colocação dos alunos pode-se constatar que os mesmos
consideram as competências técnicas como mais relevantes sendo mais valorizadas
pelo grupo do que as comportamentais.
As respostas dos entrevistados corroboram com a afirmação de Moore (2007)
que considera que as competências técnicas são mais relevantes e valorizadas
pelos alunos de EAD do que as competências comportamentais.
29

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou descrever e analisar a competência necessária ao


docente de graduação de EAD, na percepção de alunos de duas instituições
privadas de ensino superior de EAD da cidade de Belo Horizonte.
Sendo assim autores como (ZARIFIAN, 2003), MASETTO (2003, a-b); e
PERRENOUD (2001) apresentaram reflexões acerca da identificação de conceitos
sobre competências, sendo as mesmas também detectadas e identificadas pelos
alunos pesquisados.
O estudo foi de caráter descritivo e adotou-se uma abordagem qualitativa, na
qual foi utilizado o método do estudo de caso. Apesar da análise e da possibilidade
que houve de se examinar um fenômeno contemporâneo no seu contexto real, os
resultados obtidos não permitem que se façam generalizações para todo o universo
dos docentes de graduação de EAD, mas apontam algumas singularidades que
compõem o universo de trabalho nesse espaço educacional.
Note-se que a partir das percepções do grupo investigado prevalecem
algumas especificidades quanto à relevância das competências apontadas pelos
alunos. Dessa maneira constata-se que os alunos tendem a preferir as
competências relacionadas ao aspecto técnico em detrimento das competências de
cunho comportamental.
Ao ser analisado o eixo da competência técnica, foram destacados o domínio
do conteúdo, os aspectos didático-pedagógicos, alcançando índices bastante
elevados entre 70% e 80%.
No conjunto de competências pesquisadas, as primeiras classificadas como
relevantes para o grupo de alunos foram: a utilização de recursos e metodologia
diversificada, a atuação como mediador e orientador, o fornecimento de feedback
rápido e individualizado além da apresentação de capacidade didático- pedagógica.
Dentre as competências apontadas pelos alunos destacam-se o
conhecimento técnico e mercadológico além da interação e do alinhamento entre
teoria e a prática.
Percebe-se que o conjunto de competências exigidas para o exercício da
docência de graduação em EAD traz também como competência relevante a
característica de flexibilidade, a necessidade de se ter uma visão holística dos
30

aspectos acadêmicos e mercadológicos, além da capacidade técnica, a capacidade


de planejamento e de interação importante no processo de ensino aprendizagem.
Quanto aos aspectos genéricos das competências do docente, a maior parte
dos alunos salienta a lacuna do conhecimento didático por parte dos professores
percebendo a falta de conhecimento específico da docência pelos mesmos.
Esse estudo constatou que o principio orientador da prática do docente de
EAD deve estar centrado no aluno buscando competências que desenvolvam
concepções metodológicas, estratégias de ensino que viabilizem uma prática de
ensino que oportunize a ele a auto-aprendizagem.
Para atender às novas exigências do mercado e se obter todas as
competências exigidas para o novo perfil dos docentes de graduação do EAD, torna-
se necessário uma maior profissionalização deste profissional. Cabe as instituições
que ofertam o EAD, investir na qualificação de seus docentes acabando com as
improvisações presentes nas práticas desses profissionais que podem representar
um diferencial importante na qualidade dos cursos ofertados por essa modalidade de
ensino.
Torna-se cada vez mais evidente a necessidade das instituições que ofertam
o EAD investirem no aperfeiçoamento didático-pedagógico dos seus docentes.
O mercado urge por profissionais qualificados, capazes de articular os
procedimentos didáticos aos processos de cunho administrativos garantindo assim,
a implementação plena do projeto pedagógico da instituição.
Algumas das principais contradições apontadas pelos alunos são a dicotomia
entre a teoria e a prática, a dificuldade de se contextualizar os conteúdos e a
realidade apresentada pelo mercado e vivenciada pelos alunos.
O docente de graduação de EAD frente a tantos desafios deve levar em conta
a capacidade de lidar com incertezas, com vários desafios. A vulnerabilidade deste
profissional exige mudanças de comportamento.
Configura-se neste momento o professor se deparando com inúmeros
desafios onde o principal é conciliar todas as atividades exigidas pela função. Ao
assumir a docência de EAD, o indivíduo se depara em seu cotidiano com
atribuições, barreiras e pressões que desafiam constantemente a sua capacidade.
Cabe ao docente a necessidade imediata de se adotar uma prática
pedagógica mais interativa, um maior aprimoramento das tecnologias de informação
e suas ferramentas, e a necessidade constante de atualização e qualificação do
31

profissional, devido aos desafios e dificuldades que se apresentam cada vez


maiores.
Sendo assim, pode-se concluir que o professor de EAD deve buscar uma
atuação direcionada de acordo com seu discernimento, levando em conta as
especificidades inerentes dessa modalidade de ensino.
Vale ressaltar que as conclusões obtidas neste estudo são especificas para o
universo dessa pesquisa, ou seja, alunos de cursos de graduação de EAD de duas
IES da cidade de Belo Horizonte. Recomenda-se a realização de estudos que
aprofundem, investiguem a prática do docente de EAD, os meios e metodologias de
ensino utilizados, bem como as competências requeridas para o aprimoramento
deste profissional.
Coloca-se, então como desafio à relevância do conhecimento das
competências requeridas ao professor que atua no EAD bem como as metodologias
e a didática adotadas por eles, por que trará significativa colaboração para a
melhoria da qualidade do ensino e, consequentemente, a eficácia na formação das
competências requeridas para os alunos que optam por essa modalidade de ensino.
32

REFERÊNCIAS

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prática e princípios teóricos. 6. ed. São Paulo: MG Ed. Associados, 2009.

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Estevão e Renato Aguiar. 4 ed. São Paulo: HUCITEC, 1999.178 P.

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Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
no. 248, dez.1996, p.27.833-27.841.

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sobre Educação Superior no século XXI, visão e ação. Marco Referencial de ação
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Nascimento. Piracicaba, ed. UNIMEP, 1998.

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Summus Editorial, 2003b.

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ZAMBALDE, André Luiz; & FIGUEIREDO, Cristhiane Xavier. Ensino a Distância.


UFLA/FAEPE. 2008.
36

APÊNDICE
37

UNOPAR- Universidade Norte do Paraná


PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO- Educação a Distância
Tema: COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AO DOCENTE DE GRADUAÇÃO EM
EAD NA PERCEPÇÃO DE ALUNOS: um estudo em duas instituições de EAD da
cidade de Belo Horizonte
Aluna: Jane Gomes de Oliveira
Orientadora: Profa. Samira Fayez Kfouri da Silva
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

ROTEIRO DE ENTREVISTA- ALUNOS

1- Você tem conhecimento de como a instituição seleciona seus professores?


Que critérios você considera necessários para esta seleção?

2- Você considera que os professores relacionam os conteúdos ensinados às


competências profissionais exigidas pelo mercado?

3- Se as atividades desenvolvidas nas aulas pelos professores contribuem para


a compreensão e o aprendizado dos alunos de EAD?

4- Na sua percepção, quais são as habilidades/competências necessárias para


o docente de graduação de EAD?

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