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PERFIL COGNITIVO DO TPAS

As personalidades antissociais podem assumir


diversas formas: a expressão do comportamento
antissocial pode variar consideravelmente, desde
o conluio, a manipulação e a exploração até o
ataque direto.

Uma palavra-
palavra-chave comum a essas
variações é “irresponsável”, pois elas são
todas extrema e persistentemente
irresponsáveis nas áreas do trabalho,
finanças, família, propriedade ou
comunidade ou quanto ao impacto de suas
ações sobre os outros.

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VISÃO DE SI
Veem--se como solitárias,
Veem VISÃO DOS OUTROS
autônomas e fortes. Algumas delas Veem os outros de duas maneiras
consideram-
consideram-se agredidas e distintas: como exploradores que,
maltratadas pela sociedade e, portanto, merecem ser explorados,
assim, justificam vitimar os outros ou como fracos e vulneráveis e,
por acreditar que tenham sido assim, merecem o papel de presas.
vitimadas. Outros pacientes podem Concentram-
Concentram-se especialmente em
simplesmente se entregar a um qualquer pessoa percebida como
papel predatório em um “mundo exploradora e fraca ao mesmo
cão”, no qual quebrar as regras da tempo.
sociedade é normal e até desejável.

Crenças
Visão de si mesmo Visão dos outros
condicionais/preditivas
(crenças centrais) (crenças centrais)
e imperativas
Forte, inteligente, Fracos, tolos, vulneráveis, “É tolice trabalhar se você
autônomo, invulnerável. regrados. pode usar o sistema”, “Se
“Faço minhas próprias “Só os tolos seguem as eu não (vender drogas),
regras”, “Sou esperto”, regras”, “A fraqueza de outra pessoa o fará”, “Se
“Tenho direito”, “Preciso de outra pessoa é minha acontecer de eu ferir
excitação”. oportunidade”. alguém, não há razão para
se preocupar com isso”,
“Aproveite a chance”,
“Consiga o que você quer”,
“Divirta-
“Divirta-se um pouco”.

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Estratégias superdesenvolvidas Estratégias subdesenvolvidas
(comportamentos) (comportamentos)

Demonstrar manipulação, manifestar Apresentar responsabilidade,


engano, manifestar oportunismo, exibir demonstrar empatia, aderir à regra,
predação, buscar emoções. exibir inibição comportamental.

“Preciso me preocupar comigo mesmo”.


“Preciso ser o agressor ou serei a vítima”.
“Tenho o direito de quebrar regras”.
“Regras são arbitrárias e visam proteger ‘os que têm’
daqueles ‘que não têm”’.
CRENÇAS A crença condicional é:
 “Se eu não tiranizar (ou manipular, explorar, atacar)
os outros, nunca vou conseguir o que mereço”.

As crenças instrumentais ou imperativas são:


 “Pegue o outro cara antes que ele pegue você”.
 “Agora é sua vez”.
 “Pegue, você merece”.
(Beck, Davis, & Freeman,
2017)

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Estratégia: Afeto:
As estratégias principais se dividem em duas Quando determinado afeto está presente,
classes: este é essencialmente a raiva – pela injustiça
- A personalidade antissocial explícita irá atacar, de que outras pessoas têm posses que as
roubar e enganar os outros. personalidades antissociais merecem ou por
- O tipo mais sutil – o “vigarista” – procura seduzir os terem sido pegas ou, de alguma outra
outros e, por meio de manipulações sutis e astutas, forma, frustradas em seus objetivos.
explorá-
explorá-los ou enganá-
enganá-los.

INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES
 Veracidade ou confiabilidade do autorrelato.
autorrelato.

 Obter documentos relevantes, tais como tratamento anterior e/ou registros


legais.

 Informações colaterais são particularmente úteis.

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CONCEITUALIZAÇÃO
 Pacientes antissociais são um pouco desconcertantes.
 Sua vida cognitiva poderia ser equiparada a uma imagem espelhada de
pessoas com problemas de depressão e ansiedade.
 É improvável que indivíduos antissociais culpem-
culpem-se ou julguem-
julguem-se cruéis
diante de críticas, como é comum naquelas pessoas que estão deprimidas.
Na verdade, pacientes que são antissociais muitas vezes expressam pouco
interesse pelas opiniões dos outros ou por como suas ações afetam os outros.
Tampouco são propensos a superestimar e exagerar possíveis perigos, como
é comum em pessoas que sofrem de ansiedade. Pacientes antissociais têm a
tendência de subestimar o perigo, indo em busca de situações arriscadas
justamente por causa da excitação que elas proporcionam.

 Em geral, os padrões de pensamento criminoso parecem


operar no nível de crenças intermediárias e não são tão
fixos e globais quanto os esquemas, nem tão específicos
a situações quanto os pensamentos automáticos.

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SI MESMO E OS OUTROS:
Identificar--se e buscar aprovação de associados criminosos
Identificar criminosos::
“Não tenho nada em comum com pessoas que vivem uma vida certinha”
empatia,, ausência de remorso e insensibilidade
Desconsiderar os outros, falta de empatia insensibilidade::
“Não há motivo para se preocupar com as pessoas que você machuca”
vulnerabilidade::
Evitar intimidade e vulnerabilidade
“Se eu me abrir para alguém, vão se aproveitar de mim”
criminal::
Apresentar hostilidade e desconfiança em relação aos agentes de justiça criminal
“Os policiais são os verdadeiros criminosos”
Evidenciar grandiosidade e merecimento:
merecimento:
“Todas as mulheres me desejam”
outros::
Buscar dominância e controle sobre os outros
“Ninguém pode me dizer o que fazer”

INTERAÇÃO COM O AMBIENTE


 Demanda por excitação e busca de emoções: “Não há melhor sensação do que o
barato que sinto quando roubo”.
 Explorar e manipular situações/relacionamentos para ganho pessoal: “Não faz sentido
trabalhar em tempo integral se você pode entrar em um programa assistencial”.
 Apresentar hostilidade a regras, regulamentos e leis: “Leis existem para prejudicar,
não para ajudar”.
 Justificar, minimizar e das desculpas para comportamentos perniciosos: “Se eu não
vender drogas em meu bairro, outra pessoa venderá”.
 Mostrar atitude deliberadamente preguiçosa, caminho de menor resistência: “Tudo se
resolverá sozinho”.
 Desistir diante de adversidades: “Quando não compreendo as coisas, desisto”.
 Subestimar consequências negativas: “Jamais serei preso por vender drogas, pois
conheço todos os meus fregueses”.

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TRATAMENTOS

 Alguns estudos sugerem que a psicopatia não responde ao tratamento ou


piora.

 Para TPAS:
- TCC
- Um modelo de tratamento para TPAS e TP Borderline baseado no modelo
cognitivo original de Beck, desenvolvido por Davidson.
- A Terapia do Esquema tem se mostrado efetiva para o tratamento dos TP
em geral.

 Apesar do desenvolvimento de técnicas mais robustas e do aumento de


estudos de eficácia, a “pesquisa sobre tratamentos para TP permanece
modesta, e muitos estudos possuem limitações substanciais, incluindo
desafios no pareamento de terapias em termos de intensidade, frequência,
objetivos e duração.”

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MODELO COGNITIVO
TRADICIONAL DO
TRANSTORNO DA
PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL

TRATAMENTO
 Percepção da necessidade de mudança e das consequências de não mudar.
percebem--se
 As pessoas com sintomas depressivos e ansiosos muitas vezes percebem
como em sofrimento e buscam alívio dos sintomas.
 pacientes que são antissociais podem achar que seus padrões criminosos e
perniciosos são compensadores e egossintônicos. Seu interesse em alterar
tais padrões pode ser mínimo, ou mesmo algo a se evitar.
 Da perspectiva deles, o problema e a necessidade de mudança residem em
outras pessoas e instituições, e não no próprio comportamento.
 Desmotivação do terapeuta.

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AVALIAÇÃO

INTRUMENTO DE AVALIAÇÃO
DO PENSAMENTO CRIMINOSO
 Psychological Inventory of Criminal Thinking Styles (PICTS; Walters,
1995), a Escala de Sentimentos Criminais - Modificada (CSS-
(CSS-M; Simourd,
Simourd,
1997), a Measure of Criminal Attitudes and Associates (MCAA; Mills,
Kroner, Forth, 2002), as Texas Christian University Criminal Thinking
Kroner, & Forth,
Scales (TCU CTS; Knight, Garner, Simpson, Morey,
Morey, & Flynn, 2006), a
Measure of Offender Thinking Styles (MOTS; Mandracchia,
Mandracchia, Morgan,
Garos, & Garland, 2007), o Criminogenic Thinking Profile (CTP; Mitchell
Garos,
Tafrate, 2012) e a Criminal Cognitions Scale (Tangney et al., 2012).
& Tafrate,

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ESTRATÉGIA COLABORATIVA
 A confrontação leva à desvinculação e perda do impulso para seguir em
frente.

 Qualidades como ser caloroso, colaborativo, diretivo, gratificante e capaz


de compreender rapidamente o ponto de vista de um paciente são cruciais.

 Investir em um bom relacionamento de trabalho, evocando do cliente suas


motivações para fazer mudanças, explorando o impacto de padrões
antissociais na vida do indivíduo, investigando qualidades potenciais e
aprofundando-
aprofundando-se no que o paciente mais valoriza.
(Beck, Davis, & Freeman, 2017)

- A entrevista motivacional – ou adaptações dela – é um conjunto de habilidades


essenciais na prática forense.

 Levar os pacientes a maior envolvimento e colaboração, bem como


distanciar os terapeutas da confrontação, do aconselhamento e de
intervenções para as quais o indivíduo ainda não está pronto.
 Estilo terapêutico complexo composto por quatro processos gerais e
dinâmicos: engajamento no tratamento, foco, evocação de motivação
intrínseca e planejamento de mudança
 As conversas são caracterizadas como respeitosas, apoiadoras,
colaborativas, sem críticas e sem confrontos, enfatizando a autonomia e a
autodireção do paciente.
 Usa duas vezes mais reflexões do que perguntas.
 Forte ênfase em perguntas abertas (em vez de fechadas) e reforço
habilidoso das razões pessoais do indivíduo para mudar.

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REVISÃO DE SINAIS E SINTOMAS
 Outra estratégia de engajamento é revisar as listas de sintomas com os pacientes,
pedindo aos clientes que revisem os sinais e observem aqueles que se encaixam e
não se encaixam na própria história e em seus padrões.
- “Quais desses padrões você observou em sua vida?”
- “Quando o padrão apareceu?”
- “Como esse padrão afetou negativamente sua vida?”
- “O que está em jogo se você não o modificar?”
- “Que passos você pode dar para mudar esse padrão?”

 Evitar o uso de rótulos como “antissocial”, “sociopata” ou “psicopata”.

 A meta é aumentar a consciência dos pacientes das consequências negativas


associadas a seus padrões de comportamento de longa data e dominantes.

FOCO EM QUALIDADES
E VALORES
 Reconhecer as qualidades do paciente.

 Os antissociais são semelhantes aos pacientes tradicionais: eles


desejam oportunidades para sustentar a família, conectar-
conectar-se com
os outros, ter um trabalho significativo, e assim por diante.

 Isso não significa dizer que os terapeutas jamais encontrarão


clientes que possuem valores antissociais, apenas não é tão
comum quanto as pessoas imaginam.

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TCC
 APLICAÇÃO CLÍNICA DA INTERVENÇÃO:

 Padrões de pensamento criminoso: crenças que afetam escolhas


e comportamentos que, se inalteradas, acabam por influenciar a
trajetória de vida.

A meta da TCC é alterar os padrões de pensamento por


trás das tomadas de decisão que resultam em subsequente
dano a si mesmo ou aos outros, aumentando as decisões
que levam a comportamentos produtivos, desfechos pró-
pró-
sociais e, por fim, a uma vida não destrutiva.

SEQUÊNCIAS DE TCC FOCADAS EM


RISCOS/NECESSIDADES CRIMINOGÊNICOS
 Ex. Sequência A-
A-P-D: Amigos-
Amigos-pensamentos-
pensamentos-decisões: Pense sobre o AMIGO de alto risco e o
papel que ele desempenha no comportamento de alto risco.
 “Fale-
“Fale-me de um parente, amigo ou conhecido seu que costuma se envolver em problemas com
a lei ou que você acredita ser provavelmente uma má influência em alguns aspectos. O que
essa pessoa tem que a torna uma má influência ou que parece acarretar problemas? Por que é
difícil evitar passar tempo com ela?”

 Explore as DECISÕES arriscadas ligadas a essa pessoa.


 Explore os PENSAMENTOS que precedem as decisões arriscadas relacionadas a essa pessoa.
 Explore uma DECISÃO melhor relacionada a evitar a influência dessa pessoa.
 Explore os PENSAMENTOS que antecedem uma decisão melhor.
 Resuma o contraste no PENSAMENTO que leva às duas decisões diferentes.

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AUTOMONITORAMENTO E
REESTRUTURAÇÃO DE
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS
 Outra estratégia é identificar um padrão de pensamento criminoso que
influencia a tomada de decisões do paciente e tornar tal padrão o foco
de constante automonitoramento e reestruturação cognitiva.

 Evitar críticas e julgamentos.

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PROGRESSO E TÉRMINO
 Tanto os ganhos comportamentais como os cognitivos têm maior
probabilidade de serem mantidos se o paciente antissocial for capaz
de identificar razões emocionalmente convincentes para implementar
as estratégias aprendidas no tratamento.
 Revisar regularmente os pequenos sucessos.
 Relacionamentos e redes pró-
pró-sociais devem ser introduzidas e
encorajadas sempre que possível.
 Pacientes sob supervisão judicial ou correcional: potencial falta de
informação e planejamento em relação ao término do tratamento.

 Profissionais que adotam uma abordagem focada nos


esquemas rotulam explicitamente a postura terapêutica como
“reparentalização limitada”.

 Alguns ou todos esses elementos também podem estar


presentes em outras variações do modelo cognitivo, mas sem
necessariamente nomear a postura como reparentalização.
reparentalização.

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TERAPIA DO ESQUEMA
(TE) PARA O
TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL

 Em 2011, uma revisão sistemática da literatura apontou: “No geral,


esta revisão destaca a lacuna entre a popularidade clínica da TE e a
base de evidências”.

 O estudo indicou:
- Quantidade limitada de estudos sobre a eficácia da TE versus
tamanhos de efeito relativamente grandes.
- TE parecia exibir efeitos maiores do que os geralmente
encontrados em psicoterapias para transtornos de personalidade.

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 Também sugeriu melhorar as seguintes áreas-
áreas-chave nos estudos de eficácia da TE:

1. Usar cálculos de poder ao planejar o tamanho da amostra.


2. Assegurar que os grupos de controle sejam o mais semelhante possível à condição
de TE para reduzir a possibilidade de que as diferenças sejam devidas a efeitos
não terapêuticos, como frequência de contato, duração, intensidade, etc.
3. Planejar avaliações de qualidade e garantia de treinamento regular e supervisão
para os terapeutas.
4. Incluir a mudança de esquema como medida de resultado essencial.
5. Garantir que a intervenção seja acessível aos médicos, explorando os prazos e
formatos que podem ser implementados nos serviços de psicologia clínica nas
organizações de saúde.

Indivíduos com
comportamento
antissocial
Geralmente costumam ter
Programas de
incluem o histórias de vida
TCC ENTRETANTO....
trabalho com
demonstraram caracterizadas
distorções por falta de a maioria das
redução de 10 a
cognitivas, mas vítimas não se
53% nas taxas proteção e
não com experiências de torna agressiva.
de reincidência
crenças e
criminal maus-
maus-tratos,
esquemas exclusão,
negligência e
abuso.

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- Associações positivas entre o
comportamento antissocial e os esquemas:

 Abandono;
 Privação emocional;
 Desconfiança/abuso;
 Isolamento/Alienação Social;
 Arrogo/Grandiosidade;
 Autocontrole/Autodisciplina
Insuficientes.

 Tão importante quanto os esquemas, é a operação de processos


esquemáticos.

“O padrão de comportamento agressivo e antissocial que é


externalizado resultaria não apenas de um conjunto de esquemas
nucleares típicos do autoconceito desses indivíduos, mas também do
recurso a determinados estilos de coping com esses mesmos
esquemas que são muitas vezes aprendidos no seu meio social de
origem e que, não raramente, são adaptativos e aceitos nesse
mesmo meio”.

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O PROCESSO TERAPÊUTICO
 Resistência elevada.
 Psicoterapia “forçada”.
 Aliança terapêutica mais difícil, embora necessária (ataques ao
terapeuta, empatia).
 Proximidade relacional e contato com as lembranças de experiências
traumáticas são muito ameaçadoras para o indivíduo.
 Atitude franca e direta do terapeuta.
 Abertura e disponibilidade do terapeuta para ouvir e compreender os
pontos de vista do indivíduo sobre seus problemas, seu
comportamento e as consequências deles.

Nosso trabalho não é de convencimento


 O comportamento agressivo e antissocial pode constituir um padrão mal-
mal-adaptativo e
disfuncional aos olhos do terapeuta ou das outras pessoas, mas foi funcional para o
paciente: evitou que se sentisse depreciado, garantiu status e poder sobre os outros
e um estilo de vida lucrativo, entre outros aspectos.
 Identificar vantagens e desvantagens dos comportamentos com o paciente, evitando
julgamentos e críticas.

elevam a resistência – estratégias motivacionais são úteis

- Reflexão e ênfase na liberdade de escolha são as mais úteis no início do processo


terapêutico.

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HIPERCOMPENSAÇÃO E
EVITAÇÃO
HIPERCOMPENSAÇÃO EVITAÇÃO

HIPERCOMPENSAÇÃO Compatível
com história
Decorrente de de vida
Crenças de
estratégias de
Esquema de defeito/vergonha,
coping
Arrogo/Grandiosidade fracasso e
disfuncionais -
indesejabilidade
Hipercompensação
Sentem-
Sentem-se
superiores e
evitam
autodepreciação
Resistência à mudança
Coagindo os
de um estilo de
outros sentem-
sentem-
comportamento
se respeitados
agressivo e dominante

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 “É o comportamento agressivo que assegura uma
posição de dominância sobre os demais. Desistir de
estratégias agressivas equivale a correr o risco de
depreciação, de ser dominado por outros mais fortes
ou mais capazes e a resignar-
resignar-se a uma posição
inferior no ranking da comparação social”.

 “Ganhar reputação pela agressão não só aumenta o status em um


grupo social e possibilita o acesso a mais recursos, mas também
impede a agressão de outros – e isso é verdadeiro tanto para uma
criança em uma pracinha como para um detento em uma prisão”.

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VISÃO DO COMPORTAMENTO
AGRESSIVO
 Da sociedade: É condenado social, moral e legalmente;
 Do terapeuta: Forma do indivíduo se proteger de sentimentos de
humilhação, rebaixamento e inferioridade; estratégia de sobrevivência.

- Assim como perfeccionismo e riqueza podem esconder sensação


de defeito e medo de rejeição.
- Mostrar que existem outras formas de lidar com tais sensações.

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EVITAÇÃO
 Evitação cognitiva, comportamental e emocional (especialmente tristeza
e raiva autodirigida).
 Esta etapa pode consumir mais tempo do que com outros pacientes.
 Cautela quanto ao uso de técnicas de imagem para se conectar com
experiências precoces e traumáticas:

1. mostrar que ninguém lida bem com isso;


2. autorrevelação;
autorrevelação;
3. confrontação gradual: escrita de cartas, construção de história de
vida.

 Evitação emocional: estratégias experienciais e técnicas de imagem são


úteis, mas também precisam de cautela e de um trabalho prévio com as
crenças sobre as emoções, seu papel e função.

 Leque restrito de experiência emocional por parte dos pacientes.

 Após o trabalho com as evitações cognitiva e emocional e o


inicia--se o
desenvolvimento de competências de regulação emocional, inicia
enfrentamento de situações e contextos evitados comportamentalmente.
comportamentalmente.

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Diminuição das
Focar a terapia no
estratégias de Só depois combate direto aos
hipercompensação
EMPs
e evitação

 Disponibilizar ajuda entre sessões, caso o paciente sinta que pode


perder o controle;

 No início do tratamento a terapia pode ser duas vezes por semana.

RELAÇÃO TERAPÊUTICA
 Histórias de vida: modelação
- Necessidades não atendidas de calor, afeto, vínculo e aceitação;
famílias pouco saudáveis; cuidadores frios, ausentes ou inconstantes;
bairros problemáticos e inseguros.
 Visão dos outros: distantes, desligados, indisponíveis, desinteressados
em fornecer suporte e afeto.
 Crenças condicionais:
- É melhor não se aproximar emocionalmente de ninguém, pois sofrerei
ainda mais quando essa pessoa me abandonar.

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 Posição de participante-
participante-observador.

 O estilo interpessoal do paciente no cotidiano é apresentado na


sessão.

 Terapeuta deve ser capaz de identificar e mostrar para o


paciente suas distorções e reações exageradas, ao mesmo
tempo que se mostra aberto e disponível para manter a terapia.

 Utilizar reparentalização.
reparentalização.

 A construção do relacionamento ao tratar transtornos da personalidade é


provavelmente mais importante do que ao tratar problemas sintomáticos.

 No sofrimento agudo (em geral depressão e/ou ansiedade), o indivíduo


normalmente pode ser motivado a testar as sugestões do terapeuta,
sendo recompensando pela redução quase imediata do sofrimento.

 Os primeiros encontros são muito importantes para definir expectativas


na relação de trabalho.

 Explicar o que esperar e o que é esperado do paciente desmistifica a


experiência e a torna mais concreta e compreensível.

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ERROS COMUNS
 Insistir para que o paciente reconheça rapidamente as consequências
negativas de seu comportamento agressivo para os outros: aumenta a
resistência, pois precisaria fazer uma autocrítica; prejudica a relação
terapêutica e aumenta a “atribuição da responsabilidade pelos atos
agressivos a fatores externos”.

 Julgamento e preconceito por parte do terapeuta (acolher e


compreender o motivo que leva o indivíduo a recorrer à agressão).

 Buscar uma mudança rápida.

 O terapeuta deve estar consciente tanto dos comportamentos


transferenciais do paciente quanto as próprias respostas emocionais
automáticas e frequentemente negativas.
 Os pacientes antissociais podem também exagerar ou simular sintomas,
esperando obter uma receita para uma substância controlada, mudança
de cela, resposta compassiva da justiça, etc.
 Um relacionamento colaborativo pode iniciar com o clínico carregando a
maior carga, pode ser de 80 para 20, ou 90 para 10.

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CASO CLÍNICO:
DIAGNÓSTICO DE TPAS

Irresponsabilidade

Ausência de medo,
despreocupação
com o perigo

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Culpa os
outros Justificar,
minimizar e
dar desculpas
para
Intimidação, comportamen-
comportamen-
subestima tos perniciosos
conseq.
negat.
negat.
Desistir
Mundo diante
injusto adversidades

grandiosidade Grandiosidade
arrogância

Desconsidera-
Desconsidera-
ção pelos
outros, Dominância
racionaliza-
racionaliza-
ção

Insight
Falsidade,
trapaça,
manipulação
Falsidade,
trapaça,
manipula-
manipula-
ção

Agressão

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 Sr. Crocker preenche os seguintes critérios do modelo categórico (em destaque):

1. Fracasso em ajustar-
ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais,
legais, conforme
indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. – pensão dos
filhos.
filhos.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos
ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas.
5. Descaso pela segurança de si ou de outros.
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma
conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação
a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.

- Segundo o modelo alternativo, Sr. Crocker apresenta prejuízo no


funcionamento da personalidade e as seguintes facetas de traços
patológicos:

 Manipulação;
 Insensibilidade;
 Desonestidade;
 Hostilidade;
 Exposição a risco;
 Irresponsabilidade.

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- Em relação às crenças:

 Visão de si:
- Considera-
Considera-se agredido pelos outros, uma vítima.
- “Sou esperto”, “Tenho direito”.
 Visão dos outros:
- Exploradores, inferiores, fracos, mentirosos.
 Crenças:
- Esposas foram exploradoras, portanto, merecem ser exploradas.
- “É tolice trabalhar se você pode usar o sistema”, “Aproveite a
chance”.

CATEGORIAS DE
PENSAMENTOS CRIMINOSOS
 Desconsiderar os outros, falta de empatia, ausência de remorso e insensibilidade: não há
motivo para se preocupar com os filhos sem pensão.
 Evidenciar grandiosidade e merecimento: “Todas as mulheres me desejam”, “Dou de
dez em todos os marceneiros”.
 Buscar dominância e controle sobre os outros: exige atestado, vai processor a empresa.
 Explorar e manipular situações/relacionamentos para ganho pessoal: mentir sobre
diagnósticos, falsificar documentos para emprego.
 Apresentar hostilidade a regras: não paga pensão para se vingar.
 Justificar, minimizar e das desculpas para comportamentos perniciosos: roubou coisas
sem importância, não vê os filhos porque são mentirosos.
 Desistir diante de adversidades: “Quando não compreendo as coisas, desisto”.
 Subestimar consequências negativas.

29
- Esquemas:
- Precisamos de mais dados do Sr. Crocker:
Crocker:

 Abandono;
 Privação emocional;
 Desconfiança/Abuso;
 Isolamento/Alienação Social;
 Arrogo/Grandiosidade;
 Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes.

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