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23 TeoMedCut
23 TeoMedCut
Armando Machado
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Faculdade de Ciências
Departamento de Matemática
2011
ii
Introdução v
Capítulo I. Medidas em 5 -álgebras
§1. Somas e produtos no contexto positivo 1
§2. Medidas em 5 -álgebras 11
§3. Medidas em semianéis 20
§4. Prolongamento de medidas em semianéis 31
§5. Aplicações mensuráveis 50
Capítulo II. O integral
§1. Integração de funções positivas 67
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 101
§3. Propriedades elementares do integral indefinido 148
§4. Produto de medidas e teorema de Fubini 166
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 187
§6. Integrais paramétricos 216
Capítulo III. Espaços funcionais e aplicações
§1. Aplicações convexas e desigualdades 229
§2. Os espaços P: 240
§3. Decomposição de Lebesgue e teorema de Radon-Nikodym 268
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 277
§5. Translações e produto de convolução em ‘8 310
§6. Aplicações do produto de convolução e derivadas fracas 334
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 363
§8. O integral indefinido revisitado 412
§9. Aplicações de variação limitada e medidas
de Lebesgue-Stieltjes vetoriais 425
Apêndice 1. Uma versão do teorema de Sard 457
Índice de Símbolos 467
Índice Remissivo 471
Bibliografia 475
INTRODUÇÃO
Na Teoria da Medida associamos aos conjuntos a sua medida, que vai ser,
idealmente, um número real maior ou igual a !, mas que temos neces-
sidade de permitir que possa ser também _. Examinamos assim neste
parágrafo o modo de trabalharmos, algébrica e analiticamente, no conjun-
to constituído pelos números reais maiores ou iguais a ! e pelo elemento
extra _.
1Note-se que é frequente utilizar-se esta notação para o intervalo aberto Ó!ß _Ò, em vez
do intervalo fechado.
2 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
A razão por que não tentamos estender estas duas operações à totalidade de
‘ deve-se à dificuldade de definir a soma Ð_Ñ Ð_Ñ sem abrir mão das
propriedades usuais das operações (comutatividade, associatividade e
distributividade). O problema não é o facto de termos um dos casos usuais de
indeterminação, porque o mesmo acontece com ! ‚ Ð_Ñ e, como veremos,
o facto de termos dado uma definição para esse produto não vai comprometer
as propriedades desejadas e revela-se ser a opção importante no que respeita
às aplicações à Teoria da Medida.2
I.1.3 (Propriedades das operações em ‘ ) As operações de adição e mutipli-
cação em ‘ têm ! e " como elementos neutros, respetivamente, são comu-
tativas e associativas e verificam a propriedade distributiva usual. Mais preci-
samente, dados Bß Cß D − ‘ , tem-se
! B œ B ! œ B, " ‚ B œ B ‚ " œ B,
B C œ C B, B ‚ C œ C ‚ B,
ÐB CÑ D œ B ÐC DÑ, ÐB ‚ CÑ ‚ D œ B ‚ ÐC ‚ DÑ,
B ‚ ÐC DÑ œ B ‚ C B ‚ D , ÐC DÑ ‚ B œ C ‚ B D ‚ B.
2Intuitivamente, podemos dizer que estamos a dar ao ! mais força que ao _, no que
respeita à multiplicação.
§1. Somas e produtos no contexto positivo 3
3−M
definidas, por recursão no número de elementos do conjunto de índices M ,
pela exigência de se ter
" B3 œ !
3−g
e, para cada 3! − M ,
" B3 œ B3! " B3 . 3
3−M 3−MÏÖ3! ×
3Propomos, como exercício no fim do capítulo (cf. o exercício I.1.1), a verificação de que
esta definição é legítima (independência da escolha de 3! em M ), assim como a verificação
das propriedades “familiares” dos somatórios finitos explicitadas a seguir.
4No sentido que já foram, sem dúvida, utilizadas, porventura sem terem sido explici-
tamente enunciadas, no contexto dos números reais.
4 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
3−M
b) (Mudança de índices) Seja M w outro conjunto de índices e :À M w Ä M uma
aplicação bijetiva. Tem-se então
" B3 œ " B:Ð4Ñ .
3−M 4−M w
4−M
4−N
! B4 œ _.
também que, se, para cada 4, B4 œ B Á ! e o conjunto N é infinito, então
4−N
Repare-se que, no caso em que N é finito, esta soma coincide com a já
conhecida, tendo em conta a propriedade de monotonia referida na alínea c)
de I.1.5, que implica que o supremo é, neste caso, um máximo, igual à soma
no sentido finito.
I.1.7 (Mudança de índices) Sejam ÐB4 Ñ4−N uma família, finita ou infinita, de
elementos de ‘ , N w outro conjunto de índices e :À N w Ä N uma aplicação
bijetiva. Tem-se então
" B3 œ " B:Ð3Ñ .
4−N 3−N w
:−
em ‘ da sucessão de elementos W8 .
Em particular, no caso em que os B8 são finitos, a série ! B: é convergente
_
:−
6 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
" B: œ " B: .
_
:œ" :−
:−M
:−M
4−N w 4−N
4−M 4−N
consequência de M ser também uma parte finita de N .
I.1.10 (Segunda propriedade de monotonia) Seja ÐB4 Ñ4−N uma família, finita
ou infinita, de elementos de ‘ e seja, para cada 4 − N , C4 Ÿ B4 . Tem-se
então
" C4 Ÿ " B4 Þ
4−N 4−N
4−M 4−N
resulta do que referimos na alínea f) de I.1.5, visto que podemos escrever
" C4 Ÿ " B4 Ÿ " B4 .
4−M 4−M 4−N
I.1.11 (Propriedade associativa) Seja ÐB4 Ñ4−N uma família, finita ou infinita, de
elementos de ‘ . Suponhamos que o conjunto de índices N é união, finita ou
infinita, de subconjuntos N" , onde " − F , disjuntos dois a dois. Tem-se então
§1. Somas e produtos no contexto positivo 7
4−N"
do segundo membro como um supremo, bastará provar que, fixado E § F
finito, se tem
" B4 " ˆ" B4 ‰.
4−N " −E 4−N"
podemos, para cada " − E, considerar M" § N" finito tal que
" B4 ˆ" B4 ‰
$
4−M" 4−N"
5
e, sendo M o conjunto finito união dos M" , com " − E, obtemos, tendo em
conta a associatividade finita referida na alínea d) de I.1.5,
8 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
C ‚ ˆ" B4 ‰ Ÿ " ÐC ‚ B4 Ñ,
4−N 4−N
como queríamos.
I.1.14 (Produto de dois somatórios) Sejam ÐB4 Ñ4−N e ÐC5 Ñ5−O duas famílias,
finitas ou infinitas, de elementos de ‘ . Tem-se então
ˆ" B4 ‰ ‚ ˆ" C5 ‰ œ " ÐB4 ‚ C5 Ñ.
4−N 5−O Ð4ß5Ñ−N ‚O
œ "
4−N 5−O 4−N 5−O 4−N 5−O
ÐB4 ‚ C5 Ñ.
Ð4ß5Ñ−N ‚O
I.1.15 Seja ÐB4 Ñ4−N uma família de elementos de ‘ tal que ! B4 _. Existe
4−N
então um conjunto contável N! § N tal que B4 œ !, para cada 4 − N Ï N! .
Dem: Para cada 8 − , o conjunto N8 , dos 4 − N tais que B4 8" , é finito,
sem o que
10 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
Exercícios
" Ð8 "ÑB8 œ ˆ ‰ .
B #
8−
"B
"
_
" #!
Ÿ ,
8œ"
8! #! #
W5 œ "
5
"
8œ"
8!
§1. Somas e produtos no contexto positivo 11
verifica
" œ " " Š" ‹ " " Š" 5 ‹ " " œ _.
" " " "
8−
8 5− 8−E
8 5− 8−E
# 5−
#
5 5
"
"
œ _.
8 #
8 lnÐ8Ñ
E4 − `, então - E4 − `.7
3) Se N é um conjunto finito ou numerável de índices e se, para cada 4 − N ,
4−N
E4 − `, então + E4 − `;
4−N
5) \ − `;
6) Se E − ` e F − `, então a diferença
E Ï F œ ÖB − \ ± B − E • B  F×
também pertence a `.
Dem: A conclusão de 4) resulta de que se pode escrever
, E4 œ \ Ï ˆ. Ð\ Ï E4 щ.
4−N 4−N
` œ ÖE § \ ± E ] − U] ×.
4−N 4−N
de \ , a qual vai conter os abertos Y de \ , para os quais Y ] é aberto em
] , em particular pertence a U] . Concluímos assim que U\ § `, e portanto,
se E − U\ Î] , vem E − U\ § ` donde E œ E ] − U] , o que mostra
que U\ Î] § U] .
I.2.10 (Medida numa 5 -álgebra) Sejam \ um conjunto e ` uma 5 -álgebra de
partes de \ . Chama-se medida na 5 -álgebra ` a uma aplicação
.À ` Ä ‘ verificando as seguintes propriedades:
1) .ÐgÑ œ !;
2) (Aditividade) Qualquer que seja a família contável ÐE4 Ñ4−N de conjuntos
disjuntos dois a dois, pertencentes a `,
.Ð. E4 Ñ œ " .ÐE4 Ñ.
4−N 4−N
I.2.11 (Lema) Sejam \ um conjunto e ÐE4 Ñ4−N uma família contável de partes
4−N 4−N
E4w œ E4 Ï ˆ. E5 ‰,
54
16 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
6) Se Eß F − `, então
.ÐE FÑ .ÐE FÑ œ .ÐEÑ .ÐFÑ.
4−N 4−N
E4w − `, E4w § E4 e os E4w disjuntos dois a dois, tendo-se então
.ÐE4w Ñ Ÿ .ÐE4 Ñ, portanto
8−
conclusões de 3) e 5),
.ÐE" Ñ .Ð, E8 Ñ œ .ÐE" Ï , E8 Ñ œ lim .ÐE" Ï E8 Ñ œ
8− 8−
œ lim Ð.ÐE" Ñ .ÐE8 ÑÑ,
donde
.Ð, E8 Ñ œ .ÐE" Ñ lim Ð.ÐE" Ñ .ÐE8 ÑÑ œ lim .ÐE8 Ñ.
8−
.ÐEÑ œ " !B .
B−E
Exercícios
E7 œ . F8
_
8œ7
I.3.1 Dado um conjunto não vazio X de números reais, vamos chamar X -inter-
valos semiabertos (ou, simplesmente, intervalos semiabertos, no caso em que
X œ ‘) aos subconjuntos de ‘ da forma
Ó+ß ,Ó œ ÖB − ‘ ± + B Ÿ ,×,
onde +ß , − X . Repare-se que não fazemos nenhuma restrição sobre a relação
de ordem entre os reais + e , mas, se + ,, tem-se Ó+ß ,Ó œ g.
Qualquer X -intervalo semiaberto pode assim ser escrito na forma Ó+ß ,Ó com
+ Ÿ , em X e uma tal representação é única, no caso dos intervalos semiaber-
tos não vazios, visto que então , tem que ser o máximo do intervalo e + o seu
ínfimo. É claro que o conjunto vazio admite infinitas representações daquele
tipo; essas representações são exatamente as do tipo Ó+ß +Ó, com + − X arbi-
trário.
I.3.2 (Propriedades dos intervalos semiabertos) Dado um conjunto não vazio
X § ‘, a classe f dos X -intervalos semiabertos de ‘, que tem o conjunto
vazio g como um dos seus elementos, verifica a seguinte propriedade:
§3. Medidas em semianéis 21
3−M
Dem: Trata-se de uma consequência da propriedade 2) da definição de
seminanel, por indução no número de elementos, maior ou igual a ", do
conjunto de índices.
I.3.6 (O anel associado) Sejam \ um conjunto e f um semianel de partes de \ .
Notemos T a classe dos subconjuntos de \ que são união de alguma família
finita de conjuntos ÐG3 Ñ3−M disjuntos dois a dois e pertencentes a f . Tem-se
então que a classe T contém f e goza das seguintes propriedades:
então + E3 − T;
1) Se ÐE3 Ñ3−M é uma família finita não vazia de conjuntos pertencentes a T,
3−M
2) Se E − T e F − T, então E Ï F − T.
22 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
3−M
não estamos a exigir que os conjuntos sejam disjuntos dois a dois.
A propriedade 1) resulta por indução no número de elementos, maior ou
3−M 4−N
e ÐH4 Ñ4−N são duas famílias finitas de conjuntos de f , em ambos os casos
disjuntos dois a dois, tem-se
EF œ. ÐG3 H4 Ñ,
Ð3ß4Ñ−M‚N
4−N
não vazia de conjuntos de f disjuntos dois a dois e tem-se então
E Ï F œ , ÐE Ï H4 Ñ,
4−N
3−M
3−M
vimos no caso particular já estudado, cada G3 Ï F − T. Como referimos no
início, daqui decorre que E Ï F − T.
Uma vez que g − f § T , podemos provar 3) por indução no número de
elementos, maior ou igual a ", do conjunto de índices M . Para isso, basta
mostrarmos que, se E − T e F − T, então E F − T. Ora, isso resulta
mais uma vez do que se disse no início, uma vez que se tem
E F œ E ÐF Ï EÑ,
onde os conjuntos E e F Ï E pertencem a T e são disjuntos.
§3. Medidas em semianéis 23
4−N
camente, de se ter - E4 − f .
caso, não era necessário explicitar em 2) a hipótese, verificada automati-
4−N
Provamos em seguida algumas propriedades das medidas em semianéis,
que decorrem das que já conhecemos no caso em que o semianel é uma
5-álgebra, mas que necessitam aqui de argumentos mais completos.
Apenas nos debruçamos sobre propriedades que serão utilizadas no pro-
cesso de prolongamento das medidas à 5 -álgebra gerada, uma vez que,
obtido um tal prolongamento, as restantes propriedades decorrem do que
se conhece para as 5 -álgebras.
F − f e se - E4 § F , então
3) Se ÐE4 Ñ4−N é uma família de conjuntos em f disjuntos dois a dois, se
4−N
4−N
24 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
4−N
F Ï ˆ. E4 ‰ œ . G5 ,
4−N 5−O
para uma certa família finita ÐG5 Ñ5−O de conjuntos de f disjuntos dois a
dois. Então F vai ser a união dos conjuntos E4 e G5 de f , todos disjuntos
dois a dois, pelo que, aplicando a propriedade associativa das somas finitas,
.ÐFÑ œ ˆ" .ÐE4 щ ˆ" .ÐG5 щ,
4−N 5−O
escrever também E œ -E4w , com E4w § E4 e os E4w disjuntos dois a dois, onde
em particular E4 § F4 e E4 − f . Tendo em conta o lema I.2.11, podemos
cada E4w , apesar de poder não pertencer a f , pertence, por I.3.6, à classe T
referida nesse resultado, isto é,
E4w œ . G4ß54 ,
54 −O4
para certas famílias finitas ÐG4ß54 Ñ54 −O4 de conjuntos de f disjuntos dois a
dois. Pela alínea 3), já demonstrada,
" .ÐG4ß54 Ñ Ÿ .ÐF4 Ñ.
54 −O4
De se ter
E œ . E4w œ . Š. G4ß54 ‹,
4−N 4−N 54 −O4
4−M
Dem: Por uma mudança do conjunto de índices, podemos já supor que
M œ ou M œ Ö"ß #ß á ß R ×. Basta então definirmos $4 œ $ Î#4 , lembrando a
caracterização da soma dos termos de uma série geométrica.
I.3.11 (A medida de Lebesgue-Stieltjes nos intervalos semiabertos) Sejam
N œ Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto não vazio, com cada extremidade finita
ou infinita, e 1À N Ä ‘ uma função crescente (no sentido lato). Tem então
lugar uma medida -1 , no semianel f dos N -intervalos semiabertos, definida
por
-1 ÐÓ+ß ,ÓÑ œ 1Ð, Ñ 1Ð+ Ñ,
11O conjunto X pode assim ser, além do próprio ‘, um intervalo de um dos tipos Ó+ß ,Ò,
com + , em ‘, Ó+ß _Ò ou Ó_ß +Ò, com + − ‘.
12Reparar que, por I.1.15, se N não é contável é impossível existir uma tal família.
13Repare-se que, no caso em que a função crescente 1 é contínua à direita, podemos
escrever, mais simplesmente, -1 ÐÓ+ß ,ÓÑ œ 1Ð,Ñ 1Ð+Ñ. É frequente fazer-se esta exi-
26 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
gência suplementar sobre a função 1 o que não diminui a classe das medidas de
Lebesgue-Stieltjes (cf. o exercício I.3.4 adiante). Preferimos não fazer essa exigência para
não introduzir uma assimetria artificial esquerda-direita.
§3. Medidas em semianéis 27
œ " -1 ÐE4 Ñ.
4Á4!
4−M
4−M
Tendo em conta a definição da soma, para 4 − M , como supremo de todas as
28 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
Sendo
$ œ -1 ÐEÑ " -1 ÐE4 Ñ !,
4−M
4−M
+ +w , e 1Ð+w Ñ 1Ð+ Ñ #$ , assim como, para cada 4 − M , ,4w − N onde a
função 1 seja contínua, com ,4 ,4w e 1Ð,4w Ñ 1Ð,4 Ñ $4 . Como o compacto
Ò+w ß ,Ó de ‘, está contido em Ó+ß ,Ó œ - Ó+4 ß ,4 Ó, e portanto também na união
4−M
Ó+4 ß ,4w Ò,
garante a existência de uma parte finita M de M tal que Ò+w ß ,Ó § - Ó+4 ß ,4w Ò e
dos abertos 4 − M , a propriedade das coberturas dos compactos14
4−M
portanto, por maioria de razão, Ew œ Ó+w ß ,Ó está contido na união, com 4 − M ,
dos E4w œ Ó+4 ß ,4w Ó. Podemos assim aplicar o que vimos em 3) para deduzir que
$ $
-1 ÐEÑ œ 1Ð, Ñ 1Ð+ Ñ 1Ð, Ñ 1Ð+w Ñ
œ .1 ÐEw Ñ Ÿ
# #
Ÿ ˆ" -1 ÐE4w щ œ ˆ" 1Ð,4w Ñ 1Ð+4 щ Ÿ
$ $
4−M
# 4−M
#
4−M
Exercícios
1ÐBÑ œ œ
.ÐÓB! ß BÓÑ, se B B!
.
.ÐÓBß B! ÓÑ, se B B!
.‡ ˆ. E4 ‰ Ÿ " .‡ ÐE4 Ñ.
4−N 4−N
É claro que uma medida que esteja definida na 5 -álgebra cÐ\Ñ de todos
os subconjuntos de \ é, em particular, uma medida exterior em \ (cf. as
propriedades 3) e 4) de I.2.12). No entanto, em geral, uma medida exterior
não será uma medida e, tal como acontecia com as medidas em semianéis,
as medidas exteriores apenas terão para nós um interesse provisório, como
auxiliares para a construção de medidas em 5 -álgebras.
O nosso próximo passo é mostrar como, partindo de uma medida num
semianel de partes de \ , conseguimos construir uma medida exterior
associada em \ .
32 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
4−N
ÐE4 Ñ4−N de E, se estas existirem, e como sendo _ se E não admite
nenhuma f -cobertura contável15, obtemos uma medida exterior
.‡ À c Ð\Ñ Ä ‘ , que prolonga ., no sentido de se ter .‡ ÐEÑ œ .ÐEÑ, para
cada E − f .
Dizemos que .‡ é a medida exterior em \ associada à medida . no
semianel f .
4−N
resulta, pela definição de ínfimo, que .ÐEÑ Ÿ .‡ ÐEÑ. Mas uma das
f-coberturas contáveis de E é a constituída pelo único conjunto E e daqui
resulta que .‡ ÐEÑ Ÿ .ÐEÑ, e portanto .‡ ÐEÑ œ .ÐEÑ. Em particular, por ser
g − f , tem-se .‡ ÐgÑ œ .ÐgÑ œ !. Sejam agora agora E e F subconjuntos de
\ com E § F . Uma vez que toda a f -cobertura contável de F é também
uma f -cobertura contável de E, concluímos que .‡ ÐEÑ Ÿ .‡ ÐFÑ.
Consideremos, enfim, ÐE4 Ñ4−N família contável de partes de \ , e mostremos
que
.‡ ˆ. E4 ‰ Ÿ " .‡ ÐE4 Ñ,
4−N 4−N
4−N
Para cada 4 − N , consideremos uma f -cobertura contável ÐF4ß#4 Ñ#4 −>4 de E4
tal que
" .ÐF4ß#4 Ñ Ÿ .‡ ÐE4 Ñ $4 .
#4 −>4
4−N
propriedade associativa dos somatórios, que
.‡ ˆ. E4 ‰ Ÿ " .‡ ÐE4 Ñ,
4−N 4−N
$ .‡ ˆ. E4 ‰ " .‡ ÐE4 Ñ,
4−N 4−N
I.4.3 Apesar de isso não ter sido necessário para a definição da medida exterior
associada no resultado precedente, são especialmente cómodos, e nalguns
casos essenciais, os semianéis f de partes dum conjunto \ para os quais o
próprio \ , e portanto qualquer parte de \ , admite uma f -cobertura contável.
.‡ Ð. F E4 Ñ œ " .‡ ÐF E4 Ñ.
4−N 4−N
16Os conjuntos .‡ -mensuráveis são assim aqueles que dividem qualquer subconjunto F
de \ em dois subconjuntos onde .‡ é aditiva.
§4. Prolongamento de medidas em semianéis 35
4−N
é também .‡ -mensurável.
Subdem: Trata-se de uma consequência de 2) e 4), uma vez que g é
.‡ -mensurável e que se pode escrever
. E4 œ \ Ï ˆ, Ð\ Ï E4 щ.
4−N 4−N
‡ˆ . F E4 ‰ œ
4−N 4−N 4−N
‡
œ . ÐF E4! Ñ .
4−N
.‡ -mensurável e, para cada F § \ ,
.‡ ˆ. F E4 ‰ œ " .‡ ÐF E4 Ñ.
4−N 4−N
17Quem não tiver dificuldade em pensar na intersecção de uma família vazia de subcon-
juntos de \ como sendo o próprio \ , reconhecerá que não é necessária a restrição “não
vazia” na afirmação, uma vez que \ œ \ Ï g é mensurável, pelo que vimos em 2).
36 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
4−N 4−N
" .‡ ÐF E4 Ñ œ .‡ ˆ. F E4 ‰,
4−N 4−N
4−N
.‡ -mensurável, basta, tendo em conta 1), mostrar que, para cada conjunto
F § \,
.‡ ÐF ˆ. E4 ‰Ñ .‡ ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ Ÿ .‡ ÐFÑ,
4−N 4−N
4−N 4−M
" .‡ ÐF E4 Ñ .‡ ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ Ÿ
4−M 4−M
donde
" .‡ ÐF E4 Ñ Ÿ .‡ ÐFÑ .‡ ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ,
4−M 4−N
o que, tendo em conta a definição das somas como supremo das somas par-
ciais finitas, implica que
" .‡ ÐF E4 Ñ Ÿ .‡ ÐFÑ .‡ ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ,
4−N 4−N
F ˆ- E4 ‰ é a união dos F E4 , 4 − N ,
donde, lembrando que .‡ é uma medida exterior e reparando que
4−N
§4. Prolongamento de medidas em semianéis 37
.‡ ÐF ˆ. E4 ‰Ñ .‡ ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ Ÿ
Ÿ " . ÐF E4 Ñ . ÐF Ï ˆ. E4 ‰Ñ Ÿ .‡ ÐFÑ,
4−N 4−N
‡ ‡
4−N 4−N
como queríamos.
8) A classe `s é uma 5 -álgebra de partes de \ e a restrição de .‡ a ` sé
uma medida.
Subdem: Já verificámos, em 2), que g − ` s e que \ Ï E − ` s, para
s s
cada E − `, em 3), que a intersecção de dois conjuntos em ` ainda está
em ` s, em 5), que a união de uma família finita de conjuntos em ` s ainda
pertence a `s e, em 7), que a união de uma família contável de conjuntos em
`s disjuntos dois a dois ainda pertence a ` s. Para verificarmos que ` s é
- E4 œ - E4w , com os E4w disjuntos dois a dois e, pelo que referimos atrás,
ainda pertence a `s. Ora, isso resulta do lema I.2.11, que garante que se tem
4−N 4−N
E4w
−` s. O facto de a restrição a `s da medida exterior .‡ ser uma medida
‡
resulta de que . ÐgÑ œ ! e da aditividade contável, provada em 7).
3−M
G3 , 3 − M , que são disjuntos dois a dois, obtemos
38 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
4−N 4−N
o que, pela definição da medida exterior .‡ ÐFÑ como um ínfimo, implica que
se tem efetivamente
.‡ ÐF EÑ .‡ ÐF Ï EÑ Ÿ .‡ ÐFÑ.
Uma vez que, por se ter F œ ÐF EÑ ÐF Ï EÑ e por .‡ ser uma medida
exterior, tem-se também .‡ ÐFÑ Ÿ .‡ ÐF EÑ .‡ ÐF Ï EÑ, concluímos que
.‡ ÐFÑ œ .‡ ÐF EÑ .‡ ÐF Ï EÑ, ou seja, que E é efetivamente .‡ -mensu-
rável.
I.4.7 (Teorema de extensão de Hahn) Sejam \ um conjunto, f um semianel de
partes de \ e .À f Ä ‘ uma medida. Sendo ` a 5 -álgebra gerada por f ,
dois, tal que ! .ÐE4 Ñ Ÿ ! .ÐF5 Ñ. Ora, tendo em conta I.2.11, existem
f-cobertura contável ÐE4 Ñ4−N de E, esta com os conjuntos disjuntos dois a
conjuntos disjuntos dois a dois F5w § F5 , com -F5w œ -F5 , onde cada F5w ,
4−N 5−O
apesar de poder não pertencer a f é, por I.3.6, união de uma família finita
ÐE5ß3 Ñ3−M5 de conjuntos de f disjuntos dois a dois e podemos então considerar
a família contável de conjuntos de f disjuntos dois a dois constituída pelos
E5ß3 , com 5 − O e 3 − M5 , para a qual se tem
E § . F5 œ . F5w œ . E5ß3
5 5 5ß3
e
" .ÐE5ß3 Ñ œ " .
sÐE5ß3 Ñ œ " .
sÐF5w Ñ Ÿ " .
sÐF5 Ñ œ " .ÐF5 Ñ,
5ß3 5ß3 5 5 5
como queríamos.
4−N
isso acontecer, o seminanel f é, em particular, 5 -total (cf. I.4.3).
Uma vez que uma 5 -álgebra é, em particular, um semianel, a noção de
medida 5 -finita faz naturalmente também sentido para medidas em 5 -álge-
bras.
I.4.10 Por exemplo, se N œ Ó-ß .Ò é um intervalo aberto não vazio de ‘, com
extremidades finitas ou infinitas, e 1À N Ä ‘ é uma função crescente (no
40 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
E \4 , que pertencem a f .
I.4.12 (Teorema de extensão de Hahn precisado) Sejam \ um conjunto, f um
semianel de partes de \ e .À f Ä ‘ uma medida 5 -finita. Sendo ` a
5 -álgebra gerada por f , tem-se então que o prolongamento de Hahn
.
sÀ ` Ä ‘ , que é trivialmente ainda uma medida 5 -finita, é a única medida
na 5 -álgebra ` cuja restrição a f é ..
Tendo em conta este facto, é frequente utilizarmos o mesmo símbolo . para
designar a medida 5 -finita no semianel e o seu prolongamento de Hahn à
5-álgebra gerada.
Dem: Suponhamos que .w À ` Ä ‘ é uma medida cuja restrição a f seja ..
Comecemos por verificar que, para cada E − `, .w ÐEÑ Ÿ . sÐEÑ, para o que
podemos já supor que . sÐEÑ _. Ora, se ÐE4 Ñ4−N é uma f -cobertura
contável de E arbitrária, vem
.w ÐEÑ Ÿ .w ˆ. E4 ‰ Ÿ " .w ÐE4 Ñ œ " .ÐE4 Ñ,
4−N 4−N 4−N
4−N 4−N
4−N
Uma vez que os F4 estão nas condições já estudadas anteriormente, e
verificam portanto .w ÐF4 Ñ œ .
sÐF4 Ñ, obtemos
b) Para cada + − N ,
-1 ÐÓ+ß .ÒÑ œ 1Ð. Ñ 1Ð+ Ñ,
se ambos os limites laterais forem finitos, e -1 ÐÓ-ß .ÒÑ œ _, caso contrário.
Dem: a) Consideremos uma sucessão estritamente crescente de elementos
+8 − N onde 1 seja contínua (cf. I.3.9) com +8 Ä + e reparemos que se pode
considerar a sucessão decrescente de borelianos E8 œ Ó+8 ß +Ó cuja intersec-
ção é Ö+×. Tendo em conta a alínea 7) de I.2.12, vem, por ser -1 ÐE" Ñ _,
-1 ÐÖ+×Ñ œ lim -1 ÐE8 Ñ œ lim Ð1Ð+ Ñ 1Ð+8 ÑÑ œ 1Ð+ Ñ 1Ð+ Ñ.
Exercícios
E œ +E8 .
contável de conjuntos em f ) com F § E8 e . sÐE8 Ñ .‡ ÐFÑ 8" e tomar
Ex I.4.5 Verificar que não existe nenhum boreliano E § ‘ que “divida ao meio
todos os intervalos”, no sentido de se ter, sempre que + Ÿ , ,
"
-ÐE Ó+ß ,ÓÑ œ -ÐÓ+ß ,ÓÑ,
#
onde - é a medida de Lebesgue. Sugestão: Se existisse, considerar uma nova
medida . nos borelianos de ‘, definida por .ÐFÑ œ -ÐE FÑ, e utilizar a
precisão do teorema de extensão de Hahn em I.4.12 para garantir que se teria
então .ÐFÑ œ "# -ÐFÑ, para todo o boreliano F , verificando o que acontece
para F œ E Ó!ß "Ó.
Ex I.4.6 Sejam N œ Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto não vazio, com cada
extremidade finita ou infinita, e 1À N Ä ‘ uma função crescente e conside-
remos as correspondentes medidas de Lebesgue-Stieltjes -1 , no semianel fN
§4. Prolongamento de medidas em semianéis 45
(cf. I.2.16).
Ex I.4.8 Sejam \ um conjunto, f um semianel de partes de \ e .À f Ä ‘ uma
medida. Sejam .‡ À c Ð\Ñ Ä ‘ a medida exterior associada, ` s a 5 -álgebra
‡ s
dos conjuntos . -mensuráveis e ` § ` a 5 -álgebra gerada por f e lembre-
mos que a restrição de .‡ a ` s é uma medida e que a sua restrição a ` é,
por definição, o prolongamento de Hahn de ..
O objetivo deste exercício é encontrar argumentos no sentido de mostrar que,
pelo menos quando .À f Ä ‘ é 5 -finita, não se perde muito ao considerar o
prolongamento de Hahn definido apenas em ` e não na totalidade de ` s.
a) Concluir da alínea a) do exercício I.4.4 que, se E − ` s verifica
.‡ ÐEÑ _, então existe F − ` com E § F e .‡ ÐF Ï EÑ œ !.
b) No caso em que a medida .À f Ä ‘ é 5 -finita, mostrar, mais
geralmente, que, para cada E − ` s, existe F − ` com E § F e
.‡ ÐF Ï EÑ œ !.
-
Sugestão: Construir uma família contável de conjuntos E4 − ` s, 4 − N , com
‡
. ÐE4 Ñ _ e E œ E4 e aplicar a cada E4 a conclusão de a).
4−N
c) Ainda no caso em que a medida .À f Ä ‘ é 5 -finita, mostrar que, para
cada E − ` s, existem Fß G − ` com G § E § F e .‡ ÐF Ï GÑ œ !.
Sugestão: Aplicar b) ao conjunto E, para construir F , e ao conjunto \ Ï E,
para construir G , a partir do seu complementar.
Ex I.4.9 (Semianel associado a uma partição) Sejam \ um conjunto e Ð\4 Ñ4−N
uma família finita de subconjuntos de \ , não vazios, disjuntos dois a dois e
de união \ (uma partição de \ por conjuntos não vazios).
46 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
intˆ. G4 ‰ œ g.22
4−N
Y: œ . ‘<8 .
" "
8"
ß <8
8−
Ð: "Ñ# Ð: "Ñ#8"
"
Verificar que Y: é um aberto de ‘ com -ÐY: Ñ Ÿ :" e que Y: contém todos
os racionais do intervalo Ò!ß "Ó. Deduzir que G: œ Ò!ß "Ó Ï Y: é um subcon-
junto fechado de ‘ com interior vazio, em particular é um conjunto magro, e,
no entanto, -ÐG: Ñ !.
d) Continuando com as notações de c), seja
E œ , Y: .
:−
Verificar ainda a seguinte propriedade25: Se Ð:8 Ñ8 " Ð;8 Ñ8 " , então tem-se
GR ÐÐ:8 Ñ8 " Ñ œ GR ÐÐ;8 Ñ8 " Ñ se, e só se, existe 5 " verificando as três
condições: i) Para cada 8 5 , :8 œ ;8 ; ii) :5 " œ ;5 ; iii) Para cada 8 5 ,
:R œ R e ;8 œ ! (por outras palavras, os elementos são, respetivamente, da
forma
Ð:" ß á ß :5" ß :5 ß R ß R ß …Ñ, Ð:" ß á ß :5" ß :5 "Ñ).
de ordem de Ö!ß #× sobre o subconjunto G œ G# ÐÖ!ß #× Ñ de Ò!ß "Ó, a que
damos o nome de conjunto de Cantor.26 Reparar que se tem, em particular,
! − G e " − G (imagens, naturalmente, do mínimo e do máximo de Ö!ß #× ).
c) Verificar que o conjunto de Cantor G não é contável, por ter a cardinali-
dade do conjunto c ÐÑ de todas as partes de .
d) Para cada 5 ! e cada sequência :" ß á ß :5 de 5 elementos de Ö!ß #×,
notemos N:5" ßáß:5 o intervalo aberto
(em particular, para 5 œ !, temos um único N†! œ Ó "$ ß #$ Ò). Mostrar que as
extremidades deste intervalo são elementos do conjunto de Cantor e que
N:5" ßáß:5 não contém nenhum elemento do conjunto de Cantor.
Sugestâo: Lembrar que G# tem restrição estritamente crescente a Ö!ß #× e
reparar que
G# Ð:" ß á ß :5 ß "Ñ œ G# Ð:" ß á ß :5 ß !ß #ß #ß …Ñ.
f) (cf. Rudin [10]) Sendo G § Ò!ß "Ó o conjunto de Cantor, mostrar que
G G œ Ò!ß #Ó, onde G G é, naturalmente, o conjunto das somas C D ,
com Cß D − G . Mostrar ainda que, para cada B − G , " B − G (simetria
relativamente ao ponto "# − Ò!ß "Ó) e deduzir que se tem G G œ Ò"ß "Ó.
Sugestão: Para a primeira propriedade, dado B − Ò!ß #Ó, considerar Ð<8 Ñ8 "
em Ö!ß "ß #× tal que B# œ G# ÐÐ<8 Ñ8 " Ñ e escolher então Ð:8 Ñ8 " e Ð;8 Ñ8 "
em Ö!ß #× tais que, para cada 8, #<8 œ :8 ;8 .
g) Sendo G § Ò!ß "Ó o conjunto de Cantor, verificar que se pode definir uma
aplicação sobrejetiva e crescente, no sentido lato, 0! À G Ä Ò!ß "Ó pela
condição de, para cada B − G , com B œ G# ÐÐ:8 Ñ8 " Ñ e Ð:8 Ñ8 " − Ö!ß #× ,
vir 0! ÐBÑ œ G" ÐÐ :#8 Ñ8 " Ñ. Verificar que, para cada um dos intervalos abertos
N:5" ßáß:5 definidos em d), a função 0! toma um mesmo valor nas suas duas
extremidades e deduzir que a função 0! admite um único prolongamento
26Para sermos mais precisos, este é apenas o exemplo mais simples de uma família de
subconjuntos de ‘ a que se dá o nome de conjuntos de Cantor, mas não vamos ter
necessidade dessa generalidade.
§4. Prolongamento de medidas em semianéis 49
crescente 0 À Ò!ß "Ó Ä Ò!ß "Ó, prolongamento esse que vai ser constante em
cada intervalo N:5" ßáß:5 . Mostrar que este prolongamento 0 À Ò!ß "Ó Ä Ò!ß "Ó, a
função singular de Cantor-Lebesgue, é uma função contínua, crescente,
sobrejetiva e com derivada igual a ! em cada ponto de Ò!ß "Ó Ï G .
Sugestão: Lembrar que uma função crescente, definida num intervalo, cujo
contradomínio seja um intervalo é necessariamente contínua.
Ex I.4.12 (Aplicações topológicas do conjunto de Cantor) Para a resolução
deste exercício vamos supor conhecimentos mais profundos de Topologia,
nomeadamente o teorema de Tychonoff, sobre a compacidade de um produto
infinito de compactos.
a) Seja R " um inteiro fixado e consideremos em Ö!ß á ß R × a topologia
discreta e em Ö!ß "ß á ß R × a topologia produto infinito de Tychonoff.
Mostrar que a aplicação GR À Ö!ß "ß á ß R × Ä Ò!ß "Ó, definida na alínea a)
do exercício I.4.11, é contínua. Sugestão: Dados Ð:8 Ñ8 " − Ö!ß "ß á ß R × e
"
$ !, fixar 5 " tal que ÐR "Ñ5 $ e mostrar que se tem
27Repare-se que, apenas com mudanças mínimas na demonstração, o resultado pode ser
adaptado ao caso em que se pede apenas que E seja fechado nalgum subconjunto aberto
Y de ‘, obtendo-se então um prolongamento contínuo de 0! a Y . Analogamente,
podíamos substituir o intervalo N § ‘ por um subconjunto convexo não vazio de um
espaço vetorial normado.
50 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
existência de uma aplicação contínua e sobrejetiva 2À Ò!ß "Ó Ä Ò!ß "Ó ‚ Ò!ß "Ó
(uma curva de Peano).
28Não é possível deixar de fazer um paralelo com as funções contínuas entre espaços
topológicos: Uma aplicação 0 À \ Ä ] é contínua se, e só se, para cada aberto Z de ] ,
0 " ÐZ Ñ é um aberto de \ .
29Mais uma vez, impõe-se naturalmente um paralelo com o que se passa num espaço
topológico \ : Se \ w § \ é um aberto (o que corresponde, para os espaços mensuráveis à
exigência de que \ w seja mensurável), então os abertos de \ w são exatamente os abertos
de \ que estão contidos em \ w .
§5. Aplicações mensuráveis 51
4−N
aplicação tal que, para cada 4 − N , 0Î\4 À \4 Ä ] seja uma aplicação
mensurável de Ð\4 ß `Î\4 Ñ para Ð] ß a Ñ, então 0 é mensurável de Ð\ß `Ñ
para Ð] ß a Ñ.30
Dem: Para cada F − a , tem-se
0 " ÐFÑ œ . Ð0Î\4 Ñ" ÐFÑ,
4−N
onde cada Ð0Î\4 Ñ" ÐFÑ pertence a `Î\4 , e portanto a `, o que implica que
0 " ÐFÑ − `.
I.5.7 (Condição suficiente de mensurabilidade) Sejam Ð\ß `Ñ e Ð] ß a Ñ
espaços mensuráveis e W uma classe de partes de ] tal que a 5 -álgebra de
partes de ] gerada por W seja a . Tem-se então que uma aplicação
0 À \ Ä ] é mensurável se, e só se, para cada F − W, 0 " ÐFÑ − `.
Dem: Se 0 é mensurável, então, para cada F − a , 0 " ÐFÑ − `, e portanto
30Mais uma vez, impõe-se uma comparação com o que se passa no contexto dos espaços
topológicos: Para verificar que uma função é contínua, basta verificar que são contínuas
as suas restrições aos conjuntos de uma certa cobertura aberta. Aqui, em vez de
coberturas abertas arbitrárias, temos coberturas mensuráveis contáveis mas o que “se
perde” com a exigência de as coberturas serem contáveis “ganha-se” com o facto de, em
geral, os conjuntos mensuráveis serem muito mais “numerosos” que os abertos.
52 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
constatamos que a classe dos F § ] tais que 0 " ÐFÑ − ` é uma 5 -álgebra
de partes de ] que, por hipótese, contém a classe W. Uma vez que a é a
mais pequena 5 -álgebra de partes de ] que contém W, segue-se que a classe
referida contém a , o que significa precisamente que 0 é uma aplicação
mensurável.
I.5.8 (Corolário) Sejam \ e ] espaços topológicos, sobre os quais
consideramos as 5 -álgebras dos borelianos. Se 0 À \ Ä ] é uma aplicação
contínua, então 0 é mensurável.
Dem: Lembrando que a 5 -álgebra dos borelianos é a gerada pela classe dos
abertos, temos uma consequência do resultado precedente, uma vez que, para
cada aberto Z de ] , o conjunto 0 " ÐZ Ñ é aberto em \ , e portanto um
boreliano de \ .
I.5.9 Sejam Ð\ß `Ñ e Ð] ß a Ñ espaços mensuráveis. Diz-se que uma aplicação
0 À \ Ä ] é bimensurável se é bijetiva, mensurável e com 0 " À ] Ä \
também mensurável.
I.5.10 Tendo em conta I.5.8, se \ e ] são espaços topológicos, sobre os quais
consideramos as 5 -álgebras dos borelianos, e se 0 À \ Ä ] é um homeomor-
fismo, então 0 é uma aplicação bimensurável.
I.5.11 Sejam Ð\ß `Ñ e Ð] ß a Ñ dois espaços mensuráveis e .À ` Ä ‘ e
.w À a Ä ‘ duas medidas. Dizemos que uma aplicação mensurável
0 À \ Ä ] é compatível com as medidas se, para cada F − a ,
.Ð0 " ÐFÑÑ œ .w ÐFÑ.
No caso particular em que \ œ ] , ` œ a e . œ .w e temos portanto uma
aplicação mensurável 0 À \ Ä \ , dizemos que . é uma medida 0 -invariante
se 0 for compatível com as medidas.
I.5.12 (Propriedades elementares das medidas compatíveis) a) Se Ð\ß `Ñ é
um espaço mensurável, qualquer medida .À ` Ä ‘ é M\ -invariante.
b) Sejam Ð\ß `Ñ, Ð] ß a Ñ e Ð^ß c Ñ três espaços mensuráveis e .À ` Ä ‘ ,
.w À a Ä ‘ e .ww À c Ä ‘ três medidas. Se 0 À \ Ä ] e 1À ] Ä ^ são
compatíveis com as medidas, então 1 ‰ 0 À \ Ä ^ é também compatível com
as medidas.
c) Sejam Ð\ß `Ñ e Ð] ß a Ñ dois espaços mensuráveis e .À ` Ä ‘ e
.w À a Ä ‘ duas medidas. Se 0 À \ Ä ] é bimensurável e compatível com
§5. Aplicações mensuráveis 53
4−N 4−N
cada B − ‘, 7B -invariante.
Dem: O facto de estas aplicações serem bimensuráveis é uma consequência
de se tratar de homeomorfismos, cujos inversos são, respetivamente, 5 e 7B .
Notemos . e, para cada B − ‘, .B as medidas na 5 -álgebra U‘ imagens
diretas de - pelas aplicações mensuráveis 5 À ‘ Ä ‘ e 7B À ‘ Ä ‘. O que
temos que mostrar é que se tem . œ .B œ -. Ora, isso resulta da definição da
medida de Lebesgue em I.4.15 e das propriedades desta em I.4.16, visto que,
sempre que + Ÿ , em ‘,
.ÐÓ+ß ,ÓÑ œ -ÐÓ+ß ,ÓÑ œ -ÐÒ,ß +ÒÑ œ + Ð,Ñ œ , +,
.B ÐÓ+ß ,ÓÑ œ -ÐB Ó+ß ,ÓÑ œ -ÐÓ+ Bß , BÓÑ œ
œ Ð, BÑ Ð+ BÑ œ , +.
Outra situação que será importante nas aplicações é aquela em que consi-
deramos o produto cartesiano de conjuntos munidos de 5 -álgebras.
E Ï Ew œ . E3 , F Ï F w œ . F4
3−M 4−N
e tem-se então
ÐE ‚ FÑ Ï ÐEw ‚ F w Ñ œ ÐÐE Ï Ew Ñ ‚ FÑ ÐÐE Ew Ñ ‚ ÐF Ï F w ÑÑ
œ ˆ. ÐE3 ‚ Fщ ˆ. ÐE Ew Ñ ‚ F4 ‰,
3−M 4−N
31Trata-sede um abuso de notação, uma vez que V ‚ W também designa o conjunto dos
pares ÐEß FÑ com E − V e F − W. O significado que se dá à notação será claro no
contexto.
§5. Aplicações mensuráveis 57
3−M 4−N
Sendo ` a 5 -álgebra de partes de \ gerada por V e a a 5 -álgebra de partes
de ] gerada por W, tem-se então que ` Œ a é a 5 -álgebra de partes de
\ ‚ ] gerada por V ‚ W.
Dem: Uma vez que, para cada E − V e F − W, tem-se E − ` e F − a ,
donde
E ‚ F − ` ‚ a § ` Œ a,
concluímos que V ‚ W § ` Œ a . Resta-nos mostrar que, se c é uma 5 -ál-
gebra arbitrária de partes de \ ‚ ] tal que V ‚ W § c , então tem-se neces-
sariamente ` Œ a § c . Dividimos a prova desse facto em três partes:
1) Vamos mostrar que V ‚ a § c .
Subdem: Fixemos E − V. Notemos aE a classe dos conjuntos F § ]
tais que E ‚ F − c . O facto de se ter E ‚ g œ g − c mostra que g − aE .
Se F − aE , o facto de se ter, para cada 4 − N , E ‚ ]4 − V ‚ W § c , e
portanto
E ‚ ] œ . E ‚ ]4 − c,
4−N
implica que
E ‚ Ð] Ï FÑ œ ÐE ‚ ] Ñ Ï ÐE ‚ FÑ − c,
ou seja, ] Ï F − aE . Sendo agora ÐF5 Ñ5−O uma família contável de
conjuntos em aE , o facto de se ter, para cada 5 , E ‚ F5 − c implica que
E ‚ Š . F5 ‹ œ . ÐE ‚ F5 Ñ − c,
5−O 5−O
implica que
Ð\ Ï EÑ ‚ F œ Ð\ ‚ FÑ Ï ÐE ‚ FÑ − c,
ou seja, \ Ï E − `F . Sendo agora ÐE5 Ñ5−O uma família contável de
conjuntos em `F , o facto de se ter, para cada 5 , E5 ‚ F − c implica que
Š . E5 ‹ ‚ F œ . ÐE5 ‚ FÑ − c,
5−O 5−O
Dem: Uma vez que estas aplicações são contínuas, elas são mensuráveis,
quando se considera em ‘ ‚ ‘ a 5 -álgebra dos borelianos U‘‚‘ . Mas, por
I.5.27, esta 5 -álgebra coincide com a 5 -álgebra U‘ Œ U‘ .
I.5.29 Considerando em ‘ a 5 -álgebra U‘ dos borelianos e em ‘ ‚ ‘ a
5 -álgebra produto U‘ Œ U‘ , as aplicações :,<À ‘ ‚ ‘ Ä ‘ definidas
por
62 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
:ÐBß CÑ œ B C, <ÐBß CÑ œ B ‚ C,
são mensuráveis.
Dem: Comecemos por reparar que, uma vez que ‘ e ‘ induzem a mesma
topologia em ‘ œ Ò!ß _Ò (a topologia induzida pela da reta acabada ‘),
concluímos que as 5 -álgebras U‘ e U‘ têm a mesma restrição a ‘ ,
nomeadamente a 5 -álgebra U‘ dos borelianos de ‘ (cf. I.2.9). Tendo em
conta I.5.22, concluímos que as 5 -álgebras U‘ Œ U‘ e U‘ Œ U‘ têm
também a mesma restrição a ‘ ‚ ‘ , nomeadamente U‘ Œ U‘ , pelo que
concluímos do resultado precedente que : e < têm restrições mensuráveis ao
subconjunto mensurável ‘ ‚ ‘ do seu domínio. Apesar de a ideia ser
semelhante, separemos agora o exame dos dois casos:
1) O domínio ‘ ‚ ‘ é união de três subconjuntos mensuráveis, nomeada-
mente
‘ ‚ ‘ , Ö_× ‚ ‘ , ‘ ‚ Ö_×,
e a restrição de : a cada um deles é mensurável, no primeiro caso como já
foi referido e, nos outros dois, por termos aplicações de valor constante _.
Aplicando I.5.6, concluímos que : é mensurável.
2) O domínio ‘ ‚ ‘ é união de cinco subconjuntos mensuráveis, nomea-
damente
‘ ‚ ‘ , Ö!× ‚ ‘ , ‘ ‚ Ö!×,
Exercícios
Ex I.5.1 Para cada número racional B, seja denÐBÑ o menor natural ; " tal que
B œ :; , para algum : − ™. Considerando em ‘ a 5 -álgebra dos borelianos,
utilizar I.5.6 para mostrar que é mensurável a aplicação 0 À ‘ Ä ‘ definida
por
0 ÐBÑ œ œ
denÐBÑ, se B − ,
lnÐlBlÑ, se B Â .
§5. Aplicações mensuráveis 63
\ § . D ] § Ò$Q ß $Q Ó
D−N
é bimensurável.
Ex I.5.9 Consideremos em ‘ a 5 -álgebra dos borelianos U‘ e em ‘ ‚ ‘ a
5 -álgebra produto U‘ Œ U‘ . Verificar que são mensuráveis os
subconjuntos Y ß Z e ?‘ de ‘ ‚ ‘ , definidos por
Y œ ÖÐBß CÑ − ‘ ‚ ‘ ± B C×,
Z œ ÖÐBß CÑ − ‘ ‚ ‘ ± B C×,
?‘ œ ÖÐBß CÑ − ‘ ‚ ‘ ± B œ C×. 35
35Uma tentação óbvia seria descrever ?‘ como o conjunto dos pares ÐBß CÑ tais que
B C œ !, mas isso não é possível, uma vez que não existe subtração no contexto de ‘ .
§5. Aplicações mensuráveis 65
.ÐBß CÑ œ œ
lB Cl, se B − ‘ e C − ‘
_, se B œ _ ou C œ _ 36
36Quem tenha uma preferência por definir .Ð_ß _Ñ œ !, pode fazê-lo sem alterar a
conclusão do exercício, mas a definição que apresentámos ser-nos-á conveniente adiante.
66 Cap. I. Medidas em 5 -álgebras
37Reparar que, no caso da alínea a), não fazia sentido considerar a função 0 1, uma vez
que não se pode definir a diferença de elementos arbitrários de ‘
68 Cap. II. O integral
F+ œ . E+ 8" ,
8−
\_ œ , F8 ,
8−
que, sempre que + Ÿ , em ‘, 0 " ÐÓ+ß ,ÓÑ é mensurável (cf. I.5.7) e isso vai
resultar de que
0 " ÐÓ+ß ,ÓÑ œ ÖB − \ ± 0 ÐBÑ + • 0 ÐBÑ Ÿ ,× œ F+ Ï F, .
e como se tem 0 ÐBÑ 1ÐBÑ se, e só se, existe + − com 0 ÐBÑ Ÿ + 1ÐBÑ,
podemos escrever
F œ . ÐF+w Ï F+ Ñ,
+−
38Estas conclusões já foram encontradas por quem resolveu o exercício I.5.10. Tal como
referimos a propósito desse exercício, poderíamos ser tentados a transformar a condição
0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ em 0 ÐBÑ 1ÐBÑ œ !, mas iso não é possível, uma vez que não existe
subtração no contexto de ‘ .
39A restrição N Á g é desnecessária para quem aceitar pensar no ínfimo e no supremo de
uma família vazia, no contexto de ‘ , como sendo respetivamente _ e !. É claro que,
nesse caso a conclusão é trivial, por 0 e J serem aplicações constantes.
70 Cap. II. O integral
ÖB − \ ± 0 ÐBÑ +× œ , ÖB − \ ± 04 ÐBÑ +×
4−N
ÖB − \ ± J ÐBÑ +× œ . ÖB − \ ± 04 ÐBÑ +×
4−N
tem-se
0 ÐBÑ œ sup 18 ÐBÑ.
8−
41Repare-se que os +4 estão bem determinados para os índices 4 tais que \4 Á g mas que,
se \4 œ g, qualquer +4 − ‘ verifica a condição referida. Análoga observação vale evi-
dentemente para os ,5 .
72 Cap. II. O integral
Para concluir a igualdade do enunciado, basta assim verificar que, para cada
par Ð4ß 5Ñ − N ‚ O
+4 .Ð\4 \5w Ñ œ ,5 .Ð\4 \5w Ñ
onde Ð\4 Ñ4−N é uma partição adaptada à função 0 e 0 ÐBÑ œ +4 , para cada
B − \4 .
Repare-se que, apesar de 0 ÐBÑ nunca ser _, o integral pode ser _, uma
vez que, para alguns 4, pode ser .(\4 ) œ _ e +4 !. Já no caso em que
' 0 . . _.
.Ð\Ñ _, tem-se evidentemente, para cada função simples 0 À \ Ä ‘ ,
( ! . . œ !.
' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !, visto que, sendo Ð\4 Ñ4−N uma partição adaptada a 0 ,
tem-se .Ð\4 Ñ œ !, para cada 4.
II.1.12 Seja Ð\ß `Ñ um espaço mensurável. Se Ð\4 Ñ4−N é uma família finita de
conjuntos mensuráveis disjuntos dois a dois e de união \ e se Ð+4 Ñ4−N é uma
família de elementos de ‘ , então podemos definir uma função simples
0 À \ Ä ‘ , tendo a família dos Ð\4 Ñ como partição adaptada, pela condição
de se ter 0 ÐBÑ œ +4 , para cada B − \4 (o facto de 0 ser mensurável resulta de
I.5.6, uma vez que a restrição a cada \4 é constante).
Como caso particular do anterior, se E − ` e considerarmos a família
formada pelos dois conjuntos E e \ Ï E, concluímos que tem lugar a função
simples ˆE À \ Ä ‘ , definida por
ˆE ÐBÑ œ œ
", se B − E,
!, se B Â E,
( ˆE . . œ .ÐEÑ
( 0 . . Ÿ ( 1 . .;
( 0 1 . . œ ( 0 . . ( 1 . .;
( +0 . . œ +( 0 . ..
Por outro lado, uma vez que 0 1 e +0 são funções que em cada \4 tomam
os valores constantes +4 ,4 e ++4 , respetivamente, vemos que estas funções
são simples e que
( 0 . . œ ( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ,
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ.
\
( ! . .ÐBÑ œ !
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !,
Dem: Seja Ð\4 Ñ4−N uma família finita de conjuntos mensuráveis, disjuntos
dois a dois e de união \ e Ð+4 Ñ4−N uma família de elementos de ‘ , tais que,
para cada B − \4 , 2ÐBÑ œ +4 . Tem-se então que E é a união dos conjuntos
mensuráveis, disjuntos dois a dois, E \4 , onde 2ÎE toma o valor constante
+4 e \ também é a união da família dos conjuntos mensuráveis disjuntos dois
a dois \ Ï E e E \4 , onde 2 ‚ ˆE toma os valores constantes ! e +4 , o que
mostra que as funções 2ÎE À E Ä ‘ e 2 ‚ ˆE À \ Ä ‘ são simples e que
(1)
4−N
5−O
a união da família contável de conjuntos mensuráveis disjuntos dois a dois
E5 \4 e portanto, tendo em conta a fórmula para .Ð2Ñ ÐEÑ obtida acima e a
propriedade de Fubini para as somas em I.1.12,
.Ð2Ñ ÐEÑ œ " +4 .ÐE \4 Ñ œ " +4 ˆ".ÐE5 \4 щ œ
œ ".Ð2Ñ ÐE5 Ñ,
4−N 5−O 5−O 4−N
5−O
Dem: Para cada B − \ , o facto de a sucessão dos 08 ÐBÑ ser crescente implica
que ela converge em ‘ para o supremo dos seus termos, que é, por
definição 0 ÐBÑ. O facto de 0 À \ Ä ‘ ser mensurável é uma consequência
de II.1.5, ou, alternativamente, de II.1.4. Seja, para cada 8 − ,
j8 œ ( 08 ÐBÑ . .ÐBÑ − ‘
j œ ( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ
e, nesse sentido, reparamos, desde já, que, uma vez que, para cada 8 − ,
08 ÐBÑ Ÿ 0 ÐBÑ, para cada B − \ , vem
j Ÿ ( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ.
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ j
( 2ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ j.
\8 œ ÖB − \ ± 32ÐBÑ Ÿ 08 ÐBÑ×,
conjunto que é mensurável por II.1.3.42 O facto de a sucessão dos 08 ÐBÑ ser
8−
B − \8 para todo o 8 − , ou 2ÐBÑ ! e então 32ÐBÑ 2ÐBÑ Ÿ 0 ÐBÑ,
donde, por 0 ÐBÑ ser o supremo dos 08 ÐBÑ, 32ÐBÑ 08 ÐBÑ, para algum
8 − , para o qual se tem portanto B − \8 . Consideremos agora a medida
.Ð32Ñ associada à função simples 32À \ Ä ‘ (cf. II.1.17). O facto de, para
cada 8 − e B − \ , se ter 32ÐBш\8 ÐBÑ Ÿ 08 ÐBÑ (se B  \8 , o primeiro
membro é ! e, se B − \8 , o primeiro membro é 32ÐBÑ) implica que
42Este é o primeiro ponto onde intervém, de modo essencial, o facto de estarmos a consi-
derar funções mensuráveis.
80 Cap. II. O integral
18 ÐBÑ œ œ
:"
#8 , se B − \8ß: ,
_, se B − \_ ,.
função que é mensurável por ter restrição constante, em particular mensu-
rável, a cada um dos conjuntos mensuráveis \_ e \8ß: , : − , de união \
(cf. I.5.6).43
3) Vamos agora verificar que, para cada B − \ , a sucessão Ð18 ÐBÑÑ8− é
crescente e com 18 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ.
Subdem: Se B − \_ , isto é, se 0 ÐBÑ œ _, isso resulta de se ter
18 ÐBÑ œ _, para todo o B. Caso contrário, tem-se 0 ÐBÑ _ e a
afirmação resulta de que, como veremos, para cada 8 − , 18 ÐBÑ Ÿ 18" ÐBÑ
e
"
(1) 0 ÐBÑ 18 ÐBÑ Ÿ 0 ÐBÑ.
#8
Ora, sendo : − tal que B − \8ß: , vem
:" :
(2) 8
Ÿ 0 ÐBÑ 8 ,
# #
isto é,
"
18 ÐBÑ Ÿ 0 ÐBÑ 18 ÐBÑ ,
#8
condições equivalentes a (1), e, por outro lado, escrevendo (2) na forma
#: # #:
8"
Ÿ 0 ÐBÑ 8" ,
# #
vemos que, ou
#: # #: "
8"
Ÿ 0 ÐBÑ 8" ,
# #
ou
#: " #:
8"
Ÿ 0 ÐBÑ 8" ,
# #
tendo-se, no primeiro caso, B − \8"ß#:" e portanto 18" ÐBÑ œ #:#
#8" e, no
#:"
segundo caso, B − \8"ß#: e portanto 18" ÐBÑ œ #8" , em ambos os casos,
43Asfunções 18 não serão, em geral, simples, uma vez que podem tomar o valor _ e
um número infinito de valores reais (embora discreto).
§1. Integração de funções positivas 81
:" #: #
18 ÐBÑ œ œ 8" Ÿ 18" ÐBÑ.
#8 #
4) Seja, para cada 8 − , 08 À \ Ä ‘ a função mensurável definida por
08 ÐBÑ œ minÖ18 ÐBÑß 8×
(cf. II.1.4), função que é simples, por tomar apenas um número finito de
valores, nomeadamente os da forma #:8 , com : − ™ e ! Ÿ : Ÿ #8 ‚ 8 (na
figura a seguir, representamos, para os primeiros valores de 8, os valores
possíveis para 08 ÐBÑ).
concluímos que
08 ÐBÑ Ÿ minÖ18" ÐBÑß 8 "× œ 08" ÐBÑ.
Se B − \_ , tem-se 0 ÐBÑ œ _ e 18 ÐBÑ œ _, pelo que 08 ÐBÑ œ 8, o que
implica que 08 ÐBÑ Ä _ œ 0 ÐBÑ. Se B  \_ , tem-se 0 ÐBÑ _ e,
escolhendo 8! − tal que 8! 0 ÐBÑ, tem-se, para cada 8 8! ,
18 ÐBÑ Ÿ 0 ÐBÑ Ÿ 8, donde
08 ÐBÑ œ minÖ18 ÐBÑß 8× œ 18 ÐBÑ,
pelo que, por ser 18 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, tem-se também 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ.
II.1.20 (Aditividade) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e 0 ß 1À \ Ä ‘
duas aplicações mensuráveis. Tem-se então
tem, por um lado, limite ' 0 ÐBÑ 1ÐBÑ . .ÐBÑ e, por outro lado, limite
' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ ' 1ÐBÑ . .ÐBÑ, o que implica que
nesse caso, sabemos, por I.1.8, que se tem ˆ! 04 ‰ÐBÑ œ lim W8 ÐBÑ, onde
uma mudança do conjunto de índices, examinar o caso em que N œ . Ora,
4œ"
Uma vez que, pelo caso finito, os W8 À \ Ä ‘ são funções mensuráveis,
com
4œ"
( " 04 ÐBÑ . .ÐBÑ œ lim ( W8 ÐBÑ . .ÐBÑ œ lim " ( 04 ÐBÑ . .ÐBÑ œ
8
4− 4œ"
Podemos agora definir uma aplicação .Ð0 Ñ À ` Ä ‘ por qualquer das duas
4−N
4−N
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ
E
para significar ' 0ÎE ÐBÑ . .ÎE ÐBÑ, sempre que 0 é uma função definida numa
parte de \ contendo E, cuja restrição a E seja mensurável. No caso em que
84 Cap. II. O integral
( 0 ÐBÑ .B.
E
œ( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ.
\Ï]
Dem: Começamos por reparar que, para cada B − \ , a sucessão Ð80 ÐBÑÑ8−
de elementos de ‘ é crescente e tem limite Ð_Ñ ‚ 0 ÐBÑ.44 Podemos então
( _ . .ÐBÑ œ _. 45
\
deduzimos que
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ !.
\
Dem: Uma vez que Ð_Ñ ‚ 0 ÐBÑ œ _, para cada B − \ , podemos ter em
conta o corolário precedente para deduzir que
œ ( _ . .ÐBÑ œ _,
\
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !
se, e só se, 0 ÐBÑ œ ! quase sempre, isto é, se, e só se, existe ] − `, com
.Ð] Ñ œ !, tal que 0 ÐBÑ œ !, para cada B − \ Ï ] .
Dem: Suponhamos que existe ] − `, com .Ð] Ñ œ !, tal que 0 ÐBÑ œ !,
para cada B − \ Ï ] . Tendo em conta a alínea a) de II.1.16 e II.1.24, vem
então
47Pelo contrário, de se ter 0 ÐBÑ _ quase sempre, não se pode deduzir que ' 0 . .
seja finito; basta pensar, por exemplo, numa função de valor constante " num espaço de
medida _.
§1. Integração de funções positivas 87
Dem: Tendo em conta II.1.24, sendo ] − ` com .Ð] Ñ œ ! tal que, para
cada B − \ Ï ] , 0 ÐBÑ Ÿ 1ÐBÑ, vem
œ ( 1ÐBÑ . .ÐBÑ.
\
48Pelo contrário, do facto de duas funções mensuráveis terem o mesmo integral não se
pode inferir que elas tenham que ser iguais quase sempre. Ver, no entanto, o exercício
II.1.15, no fim do capítulo.
88 Cap. II. O integral
( 0 ÐBÑ . / ÐBÑ œ " +3 / Ð\3 Ñ œ " +3 ˆ" "‰ œ " ˆ" +3 ‚ "‰ œ
II.1.33 (Lema de Fatou) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e Ð08 Ñ8− uma
sucessão de funções mensuráveis 08 À \ Ä ‘ tais que 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, para
cada B − \ .50 Tem-se então, para a função mensurável 0 À \ Ä ‘ assim
definida, que, qualquer que seja
j ( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ,
j ( 08 ÐBÑ . .ÐBÑ. 51
50Comparando com o teorema da convergência monótona, reparar que aqui não exigimos
que a sucessão seja crescente mas, em compensação, a conclusão é mais fraca.
51Na versão mais forte do Lema de Fatou, não se exige que a sucessão dos 0 ÐBÑ tenha
8
limite, e toma-se para 0 ÐBÑ o sublimite mínimo lim inf 08 ÐBÑ. A conclusão costuma então
ser enunciada na forma equivalente
Sendo j ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ arbitrário, existe assim 8! tal que, para cada
8 8! , j ' 18 ÐBÑ . .ÐBÑ e então o facto de se ter, para cada B,
18 ÐBÑ Ÿ 08 ÐBÑ, portanto ' 18 ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ ' 08 ÐBÑ . .ÐBÑ implica que se tem
também j ' 08 ÐBÑ . .ÐBÑ.
II.1.34 (Teorema da convergência dominada) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de
medida e Ð08 Ñ8− uma sucessão de funções mensuráveis 08 À \ Ä ‘ tais
que 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, para cada B − \ e que exista uma aplicação mensurável
1À \ Ä ‘ , com
( 1ÐBÑ . .ÐBÑ _
\
\ \ \
( 0 8 . . ˆ( 0 . . ‰ $ ,
( 1 0 8 . . ˆ( 1 0 . . ‰ $ ,
em que a segunda desigualdade, tendo em conta (1) pode ser escrita nas
formas equivalentes
ˆ( 1 . . ‰ ˆ ( 0 8 . . ‰ ˆ ( 1 . . ‰ ˆ ( 0 . . ‰ $ ,
ˆ( 0 8 . . ‰ ˆ ( 0 . . ‰ $ .
ˆ( 0 . . ‰ $ ˆ ( 0 8 . . ‰ ˆ ( 0 . . ‰ $ ,
4−N
II.1.16,
( 1ÐBÑ . .Ð0 Ñ ÐBÑ œ lim ( 18 ÐBÑ . .Ð0 Ñ ÐBÑ œ lim ( 18 ÐBÑ0 ÐBÑ..ÐBÑ œ
3−M 3−M
e, do mesmo modo,
œ +( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ.
\
convergência monótona,
œ ( 0 Ð:ÐBÑÑ . .ÐBÑ.
\
Exercícios
caracterizar o integral
53Estas fórmulas, pelo menos no caso em que . é a medida de contagem, são atribuídas
ao matemático português Daniel da Silva (1814 – 1878).
§1. Integração de funções positivas 97
8Ä_
5œ" 5œ"
( 0 ÐBÑ .B œ !,
‘
Mostrar que se tem 0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ quase sempre. Mostrar ainda que a hipótese
de o integral ser diferente de _ é essencial para a conclusão.
Sugestão: Utilizar a conclusão do exercício II.1.3.
4−N
conjunto dos B − \ tais que B − E4 , para um número infinito de valores de
4. Mostrar que E é um conjunto mensurável e que .ÐEÑ œ !.
Sugestão: Considerar a função 0 À \ Ä ‘ definida por
0 ÐBÑ œ " ˆE4 ÐBÑ.
4−N
§1. Integração de funções positivas 99
lim (
#8# cosÐ8Ñ8
.B œ #.
Ò!ß"Ó 8# B&
Mostrar que, para cada $ !, existe & ! tal que, sempre que E − `
verifica .ÐEÑ &, tem-se
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ $.
E
(
$
0 ÐBÑ . .ÐBÑ .
\8 #
b) Reparar que uma sucessão ÐC8 Ñ8− , de elementos dum espaço métrico ] ,
é de Cauchy se, e só se, a sucessão dupla de números reais, que a
Ð7ß 8Ñ − ‚ associa .ÐB7 ß B8 Ñ tem limite !.
c) (Teorema da convergência dominada para sucessões duplas) Sejam
Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e Ð07ß8 ÑÐ7ß8Ñ−‚ uma sucessão dupla de
funções mensuráveis 07ß8 À \ Ä ‘ tal que, para cada B − \ a sucessão
dupla de elementos 07ß8 ÐBÑ − ‘ tenha limite 0 ÐBÑ − ‘ . Verificar que a
Ð7ß 8Ñ − ‚ e B − \ , então
" Ð8Ñ 8 com ' 0!Ð8Ñß" Ð8Ñ . . Â Z , chegando então ao absurdo por aplicação
do teorema da convergência dominada à sucessão de funções
18 œ 0!Ð8Ñß" Ð8Ñ À \ Ä ‘ .
com WM œ ! B4 .
4−N
4−M
b) Sejam Ð\ß `Ñ um espaço mensurável e Ð04 Ñ4−N uma sucessão
generalizada de funções mensuráveis 04 À \ Ä ‘ tal que, para cada B − \ ,
a sucessão generalizada dos elementos 04 ÐBÑ − ‘ tenha limite 0 ÐBÑ em ‘ .
Verificar que, apesar de 0 ÐBÑ admitir uma caracterização, em termos de
ínfimos e supremos, análoga à referida em II.1.5, isso não nos permite
concluir que a função 0 À \ Ä ‘ tenha que ser mensurável.
c) Suponhamos que o espaço mensurável Ð\ß `Ñ é tal que os conjuntos
unitários ÖB×, com B − \ , são mensuráveis. Mostrar que qualquer função
0 À \ Ä ‘ , mensurável ou não, é limite, ponto a ponto, de uma sucessão
generalizada de funções mensuráveis \ Ä ‘ . Sugestão: Considerar, para
§1. Integração de funções positivas 101
com '\ 1ÐBÑ . .ÐBÑ _, tal que 04 ÐBÑ Ÿ 1ÐBÑ, para cada 4 − N e B − \ ,
0 À \ Ä ‘ é mensurável e, supondo que existe 1À \ Ä ‘ mensurável,
vem
- ]4 é também separável.
d) Se Ð]4 Ñ4−N é uma família contável de subconjuntos separáveis de \ , então
4−N
e) Se ] § \ é compacto, então ] é separável.
Dem: a) Temos uma consequência de ] ser uma parte densa em ] .
b) A conclusão resulta de II.2.1 e da alínea a) de I.5.25.
c) Se F § ] é um conjunto contável denso em ] , F é também denso em
adÐ] Ñ, uma vez que adÐFÑ, sendo um fechado de \ que contém ] , contém
também adÐ] Ñ.
4−N 4−N
e) Para cada 8 − , a propriedade das coberturas dos conjuntos compactos
garante a existência de uma parte finita F8 § ] tal que a união das bolas
abertas F"Î8 ÐBÑ, com B − F8 , contenha ] . Tem-se então que a união F dos
F8 , com 8 − , é um subconjunto contável de ] que é denso em ] , uma vez
que, para cada C − ] e $ !, podemos escolher 8 tal que 8" $ e
B − F8 § F tal que C − F"Î8 ÐBÑ, e então B − ] F$ ÐCÑ.
II.2.3 (Imagem por uma aplicação contínua) Sejam \ um espaço topológico
s um espaço métrico e 0 À \ Ä \
de base contável, \ s uma aplicação contínua.
s
Tem-se então que 0 Ð\Ñ § \ é separável.
Dem: Seja h uma base contável de abertos de \ e escolhamos, para cada
Y − h, com Y Á g, um elemento BY − Y . Vemos verificar que o
subconjunto contável F § 0 Ð\Ñ, cujos elementos são os 0 ÐBY Ñ, é denso em
0 Ð\Ñ. Ora, se C − 0 Ð\Ñ e $ !, vem C œ 0 ÐBÑ, para um certo B − \
donde, pela continuidade de 0 em B, existe um aberto Y w de \ , com B − Y w
tal que 0 ÐY w Ñ § F$ ÐCÑ e, sendo Y − h tal que B − Y § Y w tem-se
0 ÐBY Ñ − F F$ ÐCÑ.
II.2.4 (Aplicações topologicamente mensuráveis) Sejam Ð\ß `Ñ um espaço
mensurável, I um espaço de Banach54 e 0 À \ Ä I uma aplicação. Vamos
dizer que 0 é topologicamente mensurável se 0 é mensurável, quando se
considera em I a 5 -álgebra UI dos borelianos, e 0 Ð\Ñ é separável.
Dem: Uma vez que 0 Ð\Ñ § I e 1Ð\Ñ § J são separáveis, o mesmo vai
acontecer às respetivas aderências ^ œ adÐ0 Ð\ÑÑ e [ œ adÐ1Ð\ÑÑ, que são
fechados, em particular borelianos de I e J , respetivamente. Uma vez que
0 À \ Ä ^ e 1À \ Ä [ também são mensuráveis, quando em ^ e [ se
consideram as 5 -álgebras dos borelianos U^ e U[ , respetivamente, tendo em
conta I.5.21, vem então mensurável a aplicação 2À \ Ä ^ ‚ [ , quando se
considera no espaço de chegada a 5 -álgebra produto U^ Œ U[ que, por
I.5.27, coincide com a 5 -álgebra dos borelianos de ^ ‚ [ , o que implica
que 2À \ Ä I ‚ J é mensurável, quando se considera em I ‚ J a
5-álgebra dos borelianos. O facto de 2Ð\Ñ ser separável é uma consequência
de se ter 2Ð\Ñ § 0 Ð\Ñ ‚ 1Ð\Ñ, que é de base contável, e portanto separável
tendo em conta a alínea c) de I.5.25.
II.2.9 (Somas e produtos de aplicações topologicamente mensuráveis) Seja
Ð\ß `Ñ um espaço mensurável. Tem-se então:
a) Se I é um espaço de Banach e 0 ß 1À \ Ä I são duas aplicações
topologicamente mensuráveis, então 0 1À \ Ä I é também topologica-
mente mensurável.
b) Sejam J ß Kß L três espaços de Banach e 0À J ‚ K Ä L uma aplicação
bilinear contínua, que encaramos como uma “multiplicação”, notando, para
cada A − J e D − K,
A ‚ D œ 0ÐAß DÑ − L .
Se 0 À \ Ä J e 1À \ Ä K são duas aplicações topologicamente mensuráveis,
então é topologicamente mensurável a aplicação 0 ‚ 1À \ Ä L , definida por
Ð0 ‚ 1ÑÐBÑ œ 0 ÐBÑ ‚ 1ÐBÑ œ 0Ð0 ÐBÑß 1ÐBÑÑ.
55Este resultado é uma das razões pelas quais temos que trabalhar com aplicações topo-
logicamente mensuráveis. Se 0 e 1 fossem apenas aplicações mensuráveis, não consegui-
ríamos mostrar que 2 é mensurável, sem as hipóteses de I e J serem de separáveis.
56No caso de :, topologicamente mensurável é o mesmo que mensurável, uma vez que
Š, igual a ‘ ou ‘# , é separável.
106 Cap. II. O integral
4−N
0 À \ Ä I uma aplicação tal que, para cada 4 − N , 0Î\4 À \4 Ä I seja topo-
logicamente mensurável. Tem-se então que 0 À \ Ä I é topologicamente
mensurável.
Dem: A aplicação é mensurável, tendo em conta I.5.6, e o facto de 0 Ð\Ñ ser
separável é uma consequência de se tratar da união dos 0 Ð\4 Ñ, que são
separáveis (cf. a alínea d) de II.2.2).
II.2.12 Sejam Ð\ß `Ñ um espaço mensurável, ] um espaço métrico e Ð08 Ñ8−
uma sucessão de aplicações mensuráveis tal que, para cada B − \ ,
08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ. Tem-se então que a aplicação 0 À \ Ä ] , assim definida, é
mensurável.
Dem: Tendo em conta I.5.7, tudo o que temos que verificar é que, para cada
aberto Z de ] , 0 " ÐZ Ñ − `, podendo já afastar-se o caso trivial em que
Z œ ] , e portanto 0 " ÐZ Ñ œ \ . Lembrando que, no contexto dos espaços
métricos, a distância a um conjunto fechado não vazio é uma função contínua
que se anula exatamente nesse conjunto fechado, podemos, para cada 7 − ,
considerar o aberto Z7 § Z , definido por
"
Z7 œ ÖC − ] ± .ÐCß ] Ï Z Ñ ×.
7
Vamos mostrar em seguida que se tem
0 " ÐZ Ñ œ . , 08" ÐZ7 Ñ,
Ð7ß5Ñ−‚ 8 5
o que, uma vez que cada 08" ÐZ7 Ñ − `, provará que 0 " ÐZ Ñ − `, e
terminará a demonstração.
Suponhamos que B − 0 " ÐZ Ñ. Vem 0 ÐBÑ − Z , ou seja, .Ð0 ÐBÑß ] Ï Z Ñ !,
pelo que existe 7 − tal que .Ð0 ÐBÑß ] Ï Z Ñ 7" e, por ser
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 107
existe 5 − tal que, para todo o 8 5 , .Ð08 ÐBÑß ] Ï Z Ñ 7" , por outras
palavras, 08 ÐBÑ − Z7 e B − 08" ÐZ7 Ñ. Ficou assim provado que
B− . , 08" ÐZ7 Ñ.
Ð7ß5Ñ−‚ 8 5
c) de II.2.2, que - 08 Ð\Ñ e a sua aderência são também separáveis. Uma vez
vez que cada 08 Ð\Ñ é separável, deduzimos sucessivamente, das alíneas d) e
que cada 0 ÐBÑ é limite da sucessão dos 08 ÐBÑ, que pertencem a - 08 Ð\Ñ,
8−
8−
concluímos que
0 Ð\Ñ § adˆ. 08 Ð\щ
8−
58Repare-seque os D4 estão bem determinados para os índices 4 tais que \4 Á g mas que,
se \4 œ g, qualquer D4 − I verifica a condição referida. Análoga observação vale evi-
dentemente para os A5 .
110 Cap. II. O integral
Para concluir a igualdade do enunciado, basta assim verificar que, para cada
par Ð4ß 5Ñ − N! ‚ O!
.Ð\4 \5w Ñ A4 œ .Ð\4 \5w Ñ D5
onde Ð\4 Ñ4−N é uma partição adaptada à função 0 , 0 ÐBÑ œ A4 , para cada
B − \4 e N! é o conjunto dos 4 − N tais que .Ð\4 Ñ _.
Observe-se desde já que, no caso em que consideramos para I o espaço ‘,
função simples (cf. II.1.6) e com ' 0 . . _ e que, nesse caso, o integral
uma função 0 À \ Ä ‘ § ‘ é uma aplicação em escada se, e só se, é uma
( ! . . œ !.
tem-se ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !, visto que, sendo Ð\4 Ñ4−N uma partição adaptada a
equivalente, se . œ !), então, para cada aplicação em escada 0 À \ Ä I ,
4−N! 4−N!
Dem: Seja Ð\4 Ñ4−N uma família finita de conjuntos mensuráveis disjuntos
dois a dois e de união \ tais que em cada \4 a aplicação 0 tome o valor
constante A4 e que A4 œ !, sempre que .Ð\4 Ñ œ _. Uma vez que ! ‰ 0
toma o valor constante !ÐA4 Ñ em \4 e que !ÐA4 Ñ œ !, sempre que
.Ð\4 Ñ œ _, concluímos que ! ‰ 0 é também uma aplicação em escada e
Dem: Seja Ð\4 Ñ4−N uma família finita de conjuntos mensuráveis disjuntos
dois a dois e de união \ tais que em cada \4 a aplicação 0 tome o valor
constante A4 e que A4 œ !, sempre que .Ð\4 Ñ œ _. Uma vez que m0 ÐBÑm
toma o valor constante mA4 m em \4 e que mA4 m œ !, sempre que
.Ð\4 Ñ œ _, concluímos que B È m0 ÐBÑm é também uma aplicação em
escada e
existir :À \ Ä ‘ , mensurável e com ' :ÐBÑ . .ÐBÑ _, tal que, para
Dizemos que uma sucessão Ð08 Ñ8− de aplicações 08 À \ Ä I é dominada se
conjunto que é mensurável por ser a intersecção, para " Ÿ 4 Ÿ 8, das ima-
gens recíprocas de Ò!ß _Ò pelas funções mensuráveis \ Ä ‘,
B È m0 ÐBÑ A4 m m0 ÐBÑ A5 m.
Para cada 8 − , a união dos E8ß5 , com " Ÿ 5 Ÿ 8, é igual a \ , uma vez
que, para cada B − \ , dos vetores A" ß á ß A8 , há pelo menos um a distância
mínima de 0 ÐBÑ. Além disso, se B − E8ß5 , tem-se
m0 ÐBÑ A5 m Ÿ m0 ÐBÑ A" m œ m0 ÐBÑm,
donde
mA5 m œ mÐA5 0 ÐBÑÑ 0 ÐBÑm Ÿ mA5 0 ÐBÑm m0 ÐBÑm Ÿ #m0 ÐBÑm.
Apesar de, para cada 8 − , os conjuntos E8ß5 não serem necessariamente
disjuntos dois a dois, por poder existir na sequência A" ß á ß A8 mais que um
vetor a distância mínima de 0 ÐBÑ, podemos deduzir do lema I.2.11 a
existência de conjuntos mensuráveis disjuntos dois a dois F8ß5 § E8ß5 , para
" Ÿ 5 Ÿ 8, ainda com união igual a \ .
Defina-se agora, para cada 8 − , uma aplicação 08 À \ Ä I pela condição
de se ter 08 ÐBÑ œ A5 , para cada B − F8ß5 , aplicação que verifica, como
mostrámos atrás, m08 ÐBÑm Ÿ #m0 ÐBÑm, e para a qual
08 Ð\Ñ § ÖA" ß á ß A8 × § 0 Ð\Ñ Ö!×,
As aplicações 08 são topologicamente mensuráveis, por terem restrições
constantes, em particular topologicamente mensuráveis, aos conjuntos F8ß5
de união \ , e, no caso em que 0 é integrável, são mesmo aplicações em
escada, por terem imagem finita e verificarem
e, sendo :À \ Ä ‘ uma função mensurável, com ' :ÐBÑ . .ÐBÑ _, tal
que, para cada 8 − , m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ, tem-se
m0!Ð:Ñ ÐBÑ 0" Ð:Ñ ÐBÑm Ÿ m0!Ð:Ñ ÐBÑm m0" Ð:Ñ ÐBÑm Ÿ #:ÐBÑ,
onde ' #:ÐBÑ . .ÐBÑ œ #' :ÐBÑ . .ÐBÑ _Þ Para cada B − \ , dado & !
arbitrário, podemos escolher :! − tal que, para cada 8 :! , se tenha
m08 ÐBÑ 0 ÐBÑm #& , pelo que, em particular, para cada : :! ,
m0!Ð:Ñ ÐBÑ 0" Ð:Ñ ÐBÑm Ÿ m0!Ð:Ñ ÐBÑ 0 ÐBÑm m0 ÐBÑ 0" Ð:Ñ ÐBÑm &,
o que mostra que a sucessão dos reais m0!Ð:Ñ ÐBÑ 0" Ð:Ñ ÐBÑm tem limite !.
para deduzir que a sucessão dos integrais ' m0!Ð:Ñ ÐBÑ 0" Ð:Ñ ÐBÑm . .ÐBÑ tem
Podemos assim aplicar o teorema da convergência dominada (cf. II.1.34)
':
Sejam :ß :
sÐBÑ . .ÐBÑ _, tais que, m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ e m0 s 8 ÐBÑm Ÿ :
sÐBÑ. Pela
continuidade da soma, do produto e da norma, nos espaços vetoriais
normados, tem-se, para cada B − \ ,
116 Cap. II. O integral
( :ÐBÑ :
sÐBÑ . .ÐBÑ œ ( :ÐBÑ . .ÐBÑ ( :
sÐBÑ . .ÐBÑ _,
vem
que é limite dos integrais ' 08 ÐBÑ . .ÐBÑ, com Ð08 Ñ8− sucessão dominada
arbitrária de aplicações em escada 08 À \ Ä I tal que, para cada B − \ ,
08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ. Tal como em II.1.15, no caso em que \ œ ‘ e . é a medida
de Lebesgue nos borelianos de ‘, usa-se também as notações alternativas
integrável, isto é, uma função mensurável com ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ _Þ Tem-se
II.2.32 Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e 0 À \ Ä ‘ § ‘ uma função
também que ' 08 . . Ÿ ' 0 . . _, o que mostra que as funções simples
temos uma sucessão dominada de funções. A desigualdade anterior mostra
são mesmo funções em escada e como, para estas, já sabemos que os inte-
grais nos dois contextos coincidem (cf. II.2.20), deduzimos do teorema da
integrável, igual, por definição ao limite dos integrais ' 08 . ., coincide com
convergência monótona (cf. II.1.18) que o integral de 0 , como função
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !.
\
' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ ! resulta diretamente da definição visto que, como referido
em II.2.21, isso já acontece no caso em que 0 é uma aplicação em escada.
II.2.34 (Aditividade) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida, I um espaço de
Banach e 0 ß s0 À \ Ä I duas aplicações integráveis. Tem-se então que
0 s0 À \ Ä I é também uma aplicação integrável e
Daqui decorre, naturalmente, por indução, que, se Ð04 Ñ4−M é uma família finita
! 04 À \ Ä I e
de aplicações integráveis 04 À \ Ä I , é também integrável a aplicação
4−N
60O que permite que utilizemos sem risco, como estamos a fazer, a mesmo notação nos
dois casos.
118 Cap. II. O integral
61Que o torna portanto também um espaço de Banach distinto, uma vez que a sucessões
convergentes para um dado vetor e as sucessões de Cauchy são as mesmas para duas
normas equivalentes.
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 119
com ' : . . _ tal que,, para cada B − \ , m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ, vem
08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ para cada B − \ . Sendo :À \ Ä ‘ uma função mensurável
( !Ð0 ÐBÑÑ . .ÐBÑ œ lim( !Ð08 ÐBÑÑ . .ÐBÑ œ lim !Š( 08 ÐBÑ . .ÐBÑ‹ œ
' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ é o mesmo nos dois contextos, em particular este integral
integrável quando se considera I como espaço de chegada e então o integral
\
pertence a J .
120 Cap. II. O integral
' : . . _, tal que m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ. Tendo em conta II.2.27, tem-se,
tal que 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, para cada B − \ . Seja :À \ Ä ‘ mensurável, com
para cada 8 − ,
Uma vez que, por definição, tem-se ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ lim ' 08 ÐBÑ . .ÐBÑ, e
portanto também ½' 0 ÐBÑ . .ÐBѽ œ lim ½' 08 ÐBÑ . .ÐBѽ e que, pelo teore-
cada B − \ , ' m08 ÐBÑm . .ÐBÑ Ä ' m0 ÐBÑm . .ÐBÑ, concluímos de (1) que
ma da convergência dominada em II.1.34, por ser m08 ÐBÑm Ä m0 ÐBÑm, para
também
62Comparar com II.1.22. Repare-se que não enunciamos aqui uma propriedade de
aditividade numerável, uma vez que não sabemos o que é a soma de uma família infinita
de vetores do espaço de Banach I . Fa-lo-emos, no entanto, adiante em II.2.50.
122 Cap. II. O integral
Seja então Ð\5 Ñ5−O uma família finita de conjuntos de ` disjuntos dois a
dois e de união \ tal que em cada \5 a aplicação 0 tome um valor constante
A5 − I e lembremos que, sendo O! o conjunto dos 5 − O tais que
.Ð\5 Ñ _, tem-se A5 œ !, para cada 5  O! (cf. II.2.17). Tem-se então
que 0ÎE À E Ä I toma os valores constantes A5 nos conjuntos mensuráveis
E \5 , que são disjuntos dois a dois e de união E, e que só podem verificar
.ÐE \5 Ñ œ _ se for .Ð\5 Ñ œ _, pelo que deduzimos de II.2.22 que
0ÎE À E Ä I é uma aplicação em escada, e, sendo O!w ¨ O! o conjunto dos
5 − O tais que .ÐE \5 Ñ _, vem, por definição,
:À \ Ä ‘ uma aplicação mensurável, com '\ :ÐBÑ . .ÐBÑ _, tal que,
cações em escada 08 À \ Ä I tal que, para cada B − \ , 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ. Seja
e que mˆE ÐBÑ08 ÐBÑm Ÿ m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ, temos sucessôes dominadas de
aplicações em escada Ð08 ÎE Ñ8− e ЈE 0 Ñ8− , com 08 ÎE ÐBÑ Ä 0ÎE ÐBÑ, para
cada B − E, e ˆE ÐBÑ08 ÐBÑ Ä ˆE ÐBÑ0 ÐBÑ, para cada B − \ , donde, pelo
teorema da convergência dominada (II.2.39), 0ÎE À E Ä I e ˆE 0 À \ Ä I são
aplicações integráveis e
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 123
podemos concluir que se tem efetivamente (1), para cada função integrável
0 À \ Ä I e cada E − `, o que nos permite definir .Ð0 Ñ ÐEÑ − I por
qualquer das duas expressões no enunciado.
O facto de se ter .Ð0 Ñ ÐEÑ œ !, sempre que .ÐEÑ œ !, é uma consequência da
primeira caracterização, tendo em conta II.2.33. O facto de, sempre que
zação, tendo em conta II.2.34, uma vez que, sendo E œ - E4 , tem-se, para
4−M 4−M
4−M
cada B − \ ,
ˆE ÐBÑ0 ÐBÑ œ " ˆE4 ÐBÑ0 ÐBÑ.
4−M
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ
E
para significar 'E 0ÎE ÐBÑ . .ÎE ÐBÑ. No caso em que \ œ ‘ e . é a medida de
Lebesgue - nos borelianos de ‘, escreve-se também simplesmente
( 0 ÐBÑ .B.
E
œ ( s0 ÐBÑ . .ÐBÑ.
\
e, no caso em que '\ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ '\ 1ÐBÑ . .ÐBÑ, tem-se necessariamente
0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ quase sempre.
Dem: Pode-se escrever 1ÐBÑ œ 0 ÐBÑ Ð1ÐBÑ 0 ÐBÑÑ, com 1ÐBÑ 0 ÐBÑ !
o que implica que '\ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ '\ 1ÐBÑ . .ÐBÑ e que, se for
tem-se ' 1ÐBÑ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !, portanto, por II.1.30, 1ÐBÑ 0 ÐBÑ œ !
quase sempre, ou seja, 0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ quase sempre.
uma função mensurável com '\ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !, então 0 ÐBÑ œ ! quase
No contexto das funções positivas, viu-se em II.1.30 que, se 0 À \ Ä ‘ é
sempre. É claro que, nesta forma, o resultado deixa de ser válido para
aplicações integráveis com valores num espaço de Banach (considerar,
por exemplo uma função em escada que tome valores simétricos em dois
conjuntos com igual medida e se anule no restante do domínio). O melhor
que conseguimos nesta direção vai ser um corolário do resultado que
apresentamos em seguida.
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ − G .
"
.ÐEÑ E
Tem-se então 0 ÐBÑ − G quase sempre, isto é, existe ] − ` com .Ð] Ñ œ !
tal que 0 ÐBÑ − G , para cada B − \ Ï ] .
Dem: Vamos dividir a demonstração em duas partes:
1) Sejam A − I e < ! tais que F< ÐAÑ § I Ï G , onde F< ÐAÑ é a bola
aberta de I com centro A e raio <. Vamos mostrar que se tem quase sempre
0 ÐBÑ Â F< ÐAÑ.
Subdem: Seja 1À \ Ä ‘ a aplicação mensurável definida por 1ÐBÑ œ
m0 ÐBÑ Am e reparemos que, para cada E − f , tem-se
63Como exemplos típicos de situações deste tipo, temos aquele em . é uma medida
5 -finita numa 5 -álgebra ` e tomamos para f a classe dos E − ` com .ÐEÑ _ (cf.
I.4.11) e aquele em que ` é a 5 -álgebra dos borelianos de um intervalo aberto X de ‘, .
é a medida de Lebesgue-Stieltjes associada a uma certa função 1 e f é a classe dos
X-intervalos semiabertos (cf. I.4.10). Repare-se que nestes exemplos os conjuntos dos
semianel têm todos medida finita.
126 Cap. II. O integral
" '
também 5 -finita. Seja E − f arbitrário. Se .ÐEÑ !, o facto de se ter
.ÐEÑ E 0 ÐBÑ . .ÐBÑ − G implica que
4−N
\4 E − ` verifica .Ð\4 EÑ _, deduzimos de II.2.44 que
pelo que, por ser também, como vimos atrás, .Ð1Ñ Ð\4 EÑ <.Ð\4 EÑ,
temos mesmo .Ð1Ñ Ð\4 EÑ œ <.Ð\4 EÑ, donde, mais uma vez pelo
4−N
8−
.Ð] Ñ Ÿ ! .Ð]8 Ñ œ !
8−
tem-se ] − `, e, para cada B − \ Ï],
0 ÐBÑ Â - F8 , portanto 0 ÐBÑ − G . Ficou assim provado que se tem
8−
8−
efetivamente 0 ÐBÑ − G quase sempre.
II.2.46 (Corolário) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e f § ` um
semianel tal que a 5 -álgebra gerada por f seja ` e que a restrição de . a f
seja 5 -finita. Sejam I um espaço de Banach e 0 À \ Ä I uma aplicação
topologicamente mensurável tal que, sempre que E − f , se tenha
.ÐEÑ _, 0ÎE À E Ä I integrável e
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ !.
E
64Para um estudo mais aprofundado das famílias somáveis num espaço de Banach, ver,
por exemplo [9].
128 Cap. II. O integral
½A " A4 ½ $.
4−M
Tem-se então:
a) Se a família é somável, não existe mais que um vetor A com a propriedade
referida, pelo que é legítimo definir a soma de uma família somável, notada
" A4
4−N
4−N
notação seria ambígua).
4−N
palavras, mais uma vez, a notação não é ambígua).
d) (Mudança de índices) Sejam ÐA4 Ñ4−N uma família de vetores de I , N w
outro conjunto de índices e :À N w Ä N uma aplicação bijetiva. Tem-se então
que a família ÐA4 Ñ4−N é somável se, e só se, a família ÐA:Ð3Ñ Ñ3−N w é somável e,
quando isso acontecer,
" A3 œ " A:Ð3Ñ .
4−N 3−N w
W8 œ " A:
8
:œ"
½A " A 4 ½ $ , ½ A w " A4 ½ $ .
4−M 4−M w
Ÿ ½ A " A 4 ½ ½ A w " A4 ½ $ $ œ # $ ,
4−M 4−M
4−M!
+ $ e o facto de se ter +4 ! implica então que, para cada parte finita
M ¨ M! , tem-se
+ $ "+4 Ÿ "+4 Ÿ +,
4−M! 4−M
4−M
finita arbitrária M , por M! M ser uma parte finita contendo M! ,
"+4 Ÿ " +4 + ",
4−M 4−M! M
" A4 œ ( A4 . / Ð4Ñ,
4−N N
tendo-se, em particular,
já que esta condição implica, em particular, que mA4 m œ ! para cada 4 fora de
uma certa parte contável de N , pelo que o conjunto dos A4 é contável e
portanto a família é mesmo uma aplicação topologicamente mensurável.
67Comparar com II.1.32. Note-se que não afirmamos que uma família somável tenha que
ser absolutamente somável (embora se possa provar que isso acontece no caso em que
I œ ‘ ou, mais geralmente, em que I tenha dimensão finita, ver, por exemplo, os
exercícios da secção 2.5 de [9]).
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 131
portanto
" mA4 m $.
4−N ÏM!
œ " mA4 m $,
N ÏM N ÏM
4−N ÏM
o que mostra que a família é, de facto, somável, e com 'N A4 . / Ð4Ñ como
soma. A desigualdade ½! A4 ½ Ÿ ! mA4 m resulta de II.2.38.
4−N 4−N
4−N
tem-se que 0 é integrável e
Dem: Comecemos por notar que, no caso em que o conjunto dos índices N é
finito, o resultado é uma consequência de II.2.34. Resta-nos mostrar o
resultado no caso em que N é numerável, caso em que, por uma mudança do
conjunto de índices, podemos supor que N œ Þ Nesse caso, sabemos que se
tem 0 ÐBÑ œ lim =8 ÐBÑ onde =8 ÐBÑ œ ! 04 ÐBÑ, e portanto os =8 À \ Ä I são
8
4œ"
aplicações integráveis e com integrais
\ 4œ" \
4œ" 4−N
Ÿ ( 1ÐBÑ . .ÐBÑ _
\
o que mostra que a família dos integrais '\ 04 ÐBÑ . .ÐBÑ é absolutamente
somável, e portanto
4œ" \ 4−N \
(cf. II.2.40). Qualquer que seja a família contável ÐE3 Ñ3−M de conjuntos de `
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 133
3−M
dente, considerando para 1À \ Ä ‘ a função definida por 1ÐBÑ œ m0 ÐBÑm e
para 03 À \ Ä I a aplicação definida por 03 ÐBÑ œ ˆE3 ÐBÑ0 ÐBÑ, reparando que,
para cada B − \ Ï E, 03 ÐBÑ œ !, para todo o 4, e, para cada B − E3! ,
14 ÐA" ß A# ß á ß AR Ñ œ A4 ,
+4 ÐA4 Ñ œ Ð!ß á ß !ß A4 ß !ß á ß !Ñ.
Tal como fizémos na secção II.1, vamos agora examinar alguns resultados
que estudam o comportamento do integral quando se altera a medida con-
siderada.
68Repare-se que, ao contrário do que acontecia em II.1.35, não permitimos aqui que :ÐBÑ
possa tomar o valor _, visto que não fez sentido multiplicar um vetor de I por _.
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 135
mensurável e com ' <ÐBÑ . .Ð:Ñ ÐBÑ _ e m08 ÐBÑm Ÿ <ÐBÑ, tem-se, tendo
mente a .Ð:Ñ tal que, para cada B − \ , 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ. Sendo <À \ Ä ‘
em conta II.1.35,
:ÐBÑ08 ÐBÑ Ä :ÐBÑ0 ÐBÑ e m:ÐBÑ08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ<ÐBÑ. Uma vez que, como
vimos no início, os :08 são aplicações integráveis relativamente a . e com
deduzir que
( :ÐBÑ0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ lim( :ÐBÑ08 ÐBÑ . .ÐBÑ œ lim( 08 ÐBÑ . .Ð:Ñ ÐBÑ œ
4−N! 4−N!
Uma vez que se tem A4 œ ! sempre que .Ð\4 Ñ œ _, ou .w Ð\4 Ñ œ _,
ou +.Ð\4 Ñ œ _, concluímos que 0 também é uma aplicação em escada
relativamente às medidas ., .w e +. e vemos que se tem
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 137
onde, em cada caso, poderão ter ficado a faltar parcelas nos segundos
membros, correspondentes a alguns dos índices 4 em N Ï N! , mas todas iguais
a ! por ser A4 œ !. Comparando as igualdades destacadas em (1) e (2)
obtemos assim, neste caso particular, as igualdades no enunciado.
Passemos agora ao caso geral em que 0 é integrável relativamente a . e a .w ,
e portanto também relativamente a . .w e a +.. Relativamente a . .w ,
podemos considerar uma sucessão dominada Ð08 Ñ8− de funções em escada
função mensurável :À \ Ä ‘ , com ' :ÐBÑ .Ð. .w ÑÐBÑ _, tal que
08 À \ Ä I tais que 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, para cada B − \ , existindo assim uma
m08 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ, para cada B − \ e 8 − . Uma vez que, por II.1.37, tem-se
e, do mesmo modo,
( 0 ÐCÑ . . ÐCÑ œ " . Ð]4 ÑA4 œ " .Ð: Ð]3 ÑÑA4 œ ( 0 Ð:ÐBÑÑ . .ÐBÑ.
w w "
] 4−N! 4−N! \
função mensurável <À ] Ä ‘ , com '] <ÐCÑ . .w ÐCÑ _, tal que, para
escada 08 À ] Ä I , com 08 ÐCÑ Ä 0 ÐCÑ, para cada C − ] , e portanto uma
œ ( 0 Ð:ÐBÑÑ . .ÐBÑ.
\
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 139
Exercícios
1ÐBÑ œ œ
0 ÐBÑ, se m0 ÐBÑm é racional
!, se m0 ÐBÑm é irracionalÞ
69Relativamente ao que foi provado em II.2.29, abrimos mão da majoração m08 ÐBÑm Ÿ
#m0 ÐBÑm, mas obtivémos a condição mais forte de se ter 08 Ð\Ñ § 0 Ð\Ñ, e não apenas
08 Ð\Ñ § 0 Ð\Ñ {0}, que, nalguns casos, é importante.
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 141
mensurável e com ' l0 ÐBÑl . .ÐBÑ _, então existem funções mensurá-
a) Mostrar que, se 0 À \ Ä ‘ é uma função integrável, isto é, uma função
veis, 1ß 2À \ Ä ‘ , com ' 1ÐBÑ . .ÐBÑ _ e ' 2ÐBÑ . .ÐBÑ _, tais
que, para cada B − \ , 0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ 2ÐBÑ.
Sugestão: Tomar para 1 e 2 as funções 0 e 0 definidas, respetivamente,
por
l0 ÐBÑl 0 ÐBÑ l0 ÐBÑl 0 ÐBÑ 71
0 ÐBÑ œ , 0 ÐBÑ œ .
# #
s \ Ä ‘ são outras duas funções mensuráveis, com
b) Mostrar que, se s1ß 2À
s , para cada
integrais finitos, tais que se tenha também 0 ÐBÑ œ s1ÐBÑ 2ÐBÑ
B − \, então
72Oselementos da forma =A >D , com =ß > − ‘ e = > œ ", podem ser encarados como
médias pesadas de A e D associadas aos pesos = e >.
§2. Integração de funções com valores num espaço de Banach 143
73Como no caso 8 œ #, >" A" â >8 A8 pode ser encarado como uma média pesada
74Mais uma vez, o integral ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ − G pode ser encarado como uma média
dos vetores A" ß á ß A8 , associada aos pesos >" ß á ß >8 .
\
pesada dos valores de 0 , com a “distribuição de pesos” definida pela medida de
probabilidade .Þ
75A conclusão de g) também podia ter sido reformulada no mesmo sentido.
144 Cap. II. O integral
(
"
0 ÐBÑ . .ÐBÑ − adÐGÑ.
.Ð\ Ï EÑ \ÏE
( B . .ÐBÑ.
"
B\ œ
.Ð\Ñ \
que
0 é integrável e
somável de vetores de I .
4−N
conjunto dos B tais que :ÐBÑ _ e aplicando II.2.49 às restrições a ] das
aplicações 04 .
81Esta observação permite fazer a ponte com a definição mais geral de aplicação local-
mente integrável que será apresentada adiante em III.4.15.
§3. Propriedades elementares do integral indefinido 149
( 0 ÐBÑ.B œ ( 0 ÐBÑ .B œ (
,
0 ÐBÑ .B œ
+ Ò+ß,Ó Ó+ß,Ó
( 0 ÐBÑ.B œ ( 0 ÐBÑ.B.
, +
+ ,
(
+
0 ÐBÑ .B œ !,
+
, +
+ + ,
+ ,
+ - - ,
+ ,
A fórmula está assim estabelecida nos casos em que , está entre + e - (no
sentido lato) e passamos a estabelecê-la nos casos em que + está entre , e - e
em que - está entre + e , . Ora, tendo em conta o caso já estudado, temos, no
primeiro caso,
, , + + +
e, no segundo caso,
+ + - + ,
>!
M8 o intervalo Ò>ß >8 Ó ou o intervalo Ò>8 ß >Ó, conforme > Ÿ >8 ou >8 Ÿ >, e repa-
remos que
Mas, tem-se ˆM8 ÐBÑm0 ÐBÑm Ÿ m0 ÐBÑm, com 'Ò+ß,Ó m0 ÐBÑm .B _,
ˆM8 Ð>Ñm0 Ð>Ñm œ m0 Ð>Ñm, para todo o 8 e, para cada B Á >, por ser >8 Ä >, vem
ˆM8 ÐBÑm0 ÐBÑm œ !, a partir de certa ordem. Podemos então aplicar o teorema
da convergência dominada para garantir que
Dem: Sendo Ð>8 Ñ8− uma sucessão qualquer de elementos de N Ï Ö>! × com
>8 Ä >! , tem-se
Ð0 1ÑÐ>8 Ñ Ð0 1ÑÐ>! Ñ 0 Ð>8 Ñ 0 Ð>! Ñ 1Ð>8 Ñ 1Ð>! Ñ
œ Ä 0 w Ð>! Ñ 1w Ð>! Ñ,
>8 >! >8 >! >8 >!
Ð+0 ÑÐ>8 Ñ Ð+0 ÑÐ>! Ñ 0 Ð>8 Ñ 0 Ð>! Ñ
œ+ Ä +0 w Ð>! Ñ.
>8 >! >8 >!
d) Se 0 À N Ä I é derivável em >! , J é outro espaço de Banach e -À I Ä J
é uma aplicação linear contínua, então - ‰ 0 À N Ä J é derivável em >! e
Ð- ‰ 0 Ñw Ð>! Ñ œ -Ð0 w Ð>! ÑÑ.
Dem: Sendo Ð>8 Ñ8− uma sucessão qualquer de elementos de N Ï Ö>! × com
>8 Ä >! , tem-se
Dem: Sendo Ð>8 Ñ8− uma sucessão qualquer de elementos de N Ï Ö>! × com
>8 Ä >! , tem-se
Ð0 ‚ 1ÑÐ>8 Ñ Ð0 ‚ 1ÑÐ>! Ñ 0 Ð>8 Ñ 0 Ð>! Ñ
œ ‚ 1Ð>8 Ñ
>8 >! >8 >!
1Ð>8 Ñ 1Ð>! Ñ
0 Ð>! Ñ ‚ Ä 0 w Ð>! Ñ ‚ 1Ð>! Ñ 0 Ð>! Ñ ‚ 1w Ð>! Ñ.
>8 >!
Dem:83 Uma vez que o caso + œ , é trivial vamos supor já que + , . Tendo
em conta a continuidade de 0 , para mostrar a desigualdade do enunciado
basta mostrar que, para cada + +w , se tem
m0 Ð,Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ Q Ð, +w Ñ.
Fixemos um tal +w e seja $ ! arbitrário. Consideremos o conjunto G dos
> − Ò+w ß ,Ó tais que
m0 Ð>Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ ÐQ $ ÑÐ> +w Ñ.
Trata-se de um subconjunto fechado de Ò+w ß ,Ó, que é não vazio, por conter +w ,
pelo que podemos considerar o máximo - do conjunto G , que verifica
portanto a desigualdade
m0 Ð-Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ ÐQ $ ÑÐ- +w Ñ.
Se se tivesse - , , então o facto de se ter
lim ½ ½ œ m0 w Ð-Ñm Ÿ Q Q $
0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñ
>Ä- >-
implicava a possibilidade de escolher >, com - > , tal que
½ ½ Q $,
0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñ
>-
de onde deduzíamos que
m0 Ð>Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ m0 Ð>Ñ 0 Ð-Ñm m0 Ð-Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ
Ÿ ÐQ $ ÑÐ> -Ñ ÐQ $ ÑÐ- +w Ñ œ ÐQ $ ÑÐ> +w Ñ,
ou seja, > − G , o que contrariava a hipótese de - ser o máximo de G . Tem-se
assim - œ , , ou seja, m0 Ð,Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ ÐQ $ ÑÐ, +w Ñ. Por fim, uma vez
que $ ! é arbitrário, a desigualdade anterior implica que se tem mesmo
m0 Ð,Ñ 0 Ð+w Ñm Ÿ Q l, +w l, como queríamos.
II.3.8 (Corolário) Sejam + Ÿ , em ‘, I um espaço de Banach e 0 À Ò+ß ,Ó Ä I
uma aplicação contínua tal que, para cada > − Ó+ß ,Ò, 0 seja derivável em > e
0 w Ð>Ñ œ !. Tem-se então que 0 é uma aplicação constante.
83A demonstração que vamos fazer é a simplificação de uma, devida a J. Dieudonné, para
um resultado mais forte em que se permite a existência de um conjunto contável de
pontos do intervalo onde não se exige a derivabilidade de 0 (cf. [3]). Ver o exercício
II.3.2, no fim do capítulo, para uma versão desse resultado mais forte.
154 Cap. II. O integral
Dem: Sendo B Ÿ C em Ò+ß ,Ó, o facto de se ter 0 ÐBÑ œ 0 ÐCÑ resulta de aplicar
o teorema da média, com Q œ !, à restrição de 0 ao intervalo ÒBß CÓ, de
forma a concluir que m0 ÐCÑ 0 ÐBÑm Ÿ !.
II.3.9 (Derivada do integral indefinido)84 Sejam N § ‘ um intervalo de inte-
rior não vazio, I um espaço de Banach e 0 À N Ä I uma aplicação local-
mente integrável. Sejam >! − N e s0 À N Ä I o correspondente integral indefi-
nido, definido por
>!
w
Se 0 é contínua em >" − N , então s0 é derivável em >" e com s0 Ð>" Ñ œ 0 Ð>" Ñ.
Dem: Seja $ ! arbitrário. Seja & ! tal que, para cada > − N com
>" & > >" &, se tenha m0 Ð>Ñ 0 Ð>" Ñm $ . Para cada > − N Ï Ö>" ×
nessas condições, tem-se então, notando M § Ó>" &ß >" &Ò o intervalo
fechado de extremidades >" e >,
s Ð>Ñ s0 Ð>" Ñ Ð> >" Ñ0 Ð>" Ñm œ
m0
>! >!
>" >" M
donde
½ 0 Ð>" ѽ Ÿ $,
s0 Ð>Ñ s0 Ð>" Ñ
> >"
s0 Ð>Ñ0
s Ð>" Ñ
o que mostra que se tem de facto >>" Ä 0 Ð>" Ñ, quando > Ä >" .
Suponhamos que existe uma aplicação contínua 0̃ À Ò+ß ,Ó Ä I tal que, para
w
cada > − Ó+ß ,Ò, 0˜ seja derivável em > e com 0˜ Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ. Tem-se então
que é uma aplicação contínua, com s0 Ð+Ñ œ ! e derivável em cada > − Ó+ß ,Ò e
w
com s0 Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ. Concluímos daqui, tendo em conta o corolário II.2.8, que
a função contínua 1 œ 0˜ s0 À Ò+ß ,Ó Ä I , que é derivável em cada > − Ó+ß ,Ò e
w w
com 1w Ð>Ñ œ 0˜ Ð>Ñ s0 Ð>Ñ œ ! tem que ser constante, em particular
ou seja,
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
C
0 ÐBÑ .B.
Ò+ß,Ò CÄ, +
C−Ó+ß,Ò
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
+
0 ÐBÑ .B.
Ó-ß+Ó CÄ- C
C−Ó-ß+Ò
œ( 0 ÐBÑ .B.
Ò+ß,Ò
( 0 ÐBÑ .B œ ( (
A
0 ÐDÑ .D œ lim 0 ÐDÑ .D œ
Ó-ß+Ó Ò+ß-Ò AÄ- +
A−Ó+ß-Ò
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
+ +
œ lim 0 ÐBÑ .B.
AÄ- A CÄ- C
A−Ó+ß-Ò C−Ó-ß+Ò
§3. Propriedades elementares do integral indefinido 157
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
C
0 ÐBÑ .B.
Ò+ß,Ò CÄ, +
C−Ó+ß,Ò
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
+
0 ÐBÑ .B.
Ó-ß+Ó CÄ- C
C−Ó-ß+Ò
Dem: a) Temos que mostrar que, qualquer que seja a sucessão de elementos
C8 − Ò+ß ,Ò, com C8 Ä ,, tem-se
( 0 ÐBÑ .B œ lim (
C8
0 ÐBÑ .B.
Ò+ß,Ò +
( 0 ÐBÑ .B œ (
C8
ˆÒ+ßC8 Ò ÐBÑ 0 ÐBÑ .B
+ Ò+ß,Ò
onde, para cada B, mˆÒ+ßC8 Ò ÐBÑ 0 ÐBÑm Ÿ m0 ÐBÑm e ˆÒ+ßC8 Ò ÐBÑ 0 ÐBÑ œ 0 ÐBÑ a
partir de certa ordem, e a função B È m0 ÐBÑm tem, por hipótese, integral
finito.
b) Pode-se dar uma demonstração análoga à de a) ou, alternativamente,
reduzir a conclusão de b) à de a), do mesmo modo que no resultado
precedente, tendo em conta a invariância da medida de Lebesgue por simetria
em I.5.14 e o teorema trivial de mudança de variáveis em II.2.56.
œ(
.
:w ÐBÑ .B œ :Ð.Ñ :Ð-Ñ œ . w - w œ -ÐÓ- w ß . w ÓÑÞ
-
infinitas), caso em que, por este intervalo não ser vazio, tem-se +w ,w .
Subdem: Uma vez que : é crescente e N w œ :ÐN Ñ não tem mínimo
nem máximo, concluímos que N não tem mínimo nem máximo, portanto
N œ Ó+ß ,Ò, com + , (extremidades finitas ou infinitas). O que se pretende
mostrar é que coincidem nos borelianos de N w a restrição da medida de
Lebesgue - e a medida imagem direta :‡ . (cf. I.5.13) e, tendo em conta
I.4.10 e a versão precisada do teorema de extensão de Hahn em I.4.12,
bastará, para isso, provar que, quaisquer que sejam - w Ÿ . w em Ó+w ß ,w Ò, tem-se
(1) -ÐÓ- w ß . w ÓÑ œ :‡ .ÐÓ- w ß . w ÓÑ.
Ora, comecemos por reparar que, para cada Cw − Ó+w ß ,w Ò, o facto de : ser
crescente e contínua implica que :" ÐÖCw ×Ñ é um intervalo não vazio fechado
em Ó+ß ,Ò, cuja extremidade direita não pode ser , (senão : não tomava
valores maiores que Cw ), portanto necessariamente com máximo em Ó+ß ,Ò.85
Podemos assim tomar - − Ó+ß ,Ò igual ao máximo do conjunto :" ÐÖ- w ×Ñ e
. − Ó+ß ,Ò igual ao máximo do conjunto :" ÐÖ. w ×Ñ e constatamos, mais uma
vez por : ser crescente, que para cada B − Ó+ß ,Ó
B Ÿ - Í :ÐBÑ Ÿ - w , B Ÿ . Í :ÐBÑ Ÿ . w ,
portanto :" ÐÓ- w ß . w ÓÑ œ Ó-ß .Ó. Podemos agora escrever, tendo em conta
II.3.10,
85Analogamente, esse conjunto também tem mínimo em Ó+ß ,Ò, mas não utilizaremos esse
facto.
§3. Propriedades elementares do integral indefinido 161
N œ ÖB − N ± :ÐBÑ œ +w ×,
N0 œ ÖB − N ± :ÐBÑ − Ó+w ß ,w Ò×,
N œ ÖB − N ± :ÐBÑ œ ,w ×,
onde o primeiro e o último podem eventualmente ser vazios, e
:(N! Ñ œ Ó+w ß ,w Ò. Tem-se .ÐN Ñ œ .ÐN Ñ œ ! visto que cada um destes
intervalos ou é de interior vazio, e nesse caso tem medida de Lebesgue !, ou
tem interior não vazio, e nesse caso :w ÐBÑ œ !, para cada B no intervalo.
Aplicando o que vimos em 2) à restrição :ÎN! À N! Ä Ó+w ß ,w Ò, obtemos
Exercícios
0 Ð>Ñ0 Ð=Ñ
Sugestão: Verificar que, para cada = + >, >= pertence ao segmento
de I de extremidades 0 Ð+Ñ0
+=
Ð=Ñ
e 0 Ð>Ñ0
>+
Ð+Ñ
.
Ex II.3.4 Sejam N § ‘ um intervalo, I um espaço de Banach e 0 À N Ä I uma
aplicação integrável (e não só localmente integrável). Dado >! − N , mostrar
que o integral indefinido s0 À N Ä I , definido por
>!
§3. Propriedades elementares do integral indefinido 163
a) ( B! .B _ Í ! ";
Ó!ß+Ó
b) ( B! .B _ Í ! ".
Ò+ß_Ò
Ex II.3.7 a) Sejam + ! e :À Ò+ß _Ò Ä ‘ uma função contínua tal que, para
um certo ! ",
lim B! :ÐBÑ œ !.
BÄ_
Mostrar que
( :ÐBÑ .B _.
Ò+ß_Ò
(
È
"
.B.
Ó!ß_ÒÏÖ"×
$
lB% B# l
A ‚ D œ 0ÐAß DÑ − L .
Sejam + , em ‘ e 0 À Ò+ß ,Ó Ä J e 1À Ò+ß ,Ó Ä K duas aplicações deriváveis
em todos os pontos e com derivadas contínuas. Mostrar que
b) Efetuar uma integração por partes em cada intervalo Ò 8" ß 8Óe passar ao
limite, para deduzir que, para cada B ! em ‘,
>ÐB "Ñ œ B>ÐBÑ.
c) Verificar que >Ð"Ñ œ " e deduzir, por indução em 8, que, para cada
8 − ,
>Ð8Ñ œ Ð8 "Ñx.
81 ‘,
1 &1
ß 81
' '
onde 8 ! é inteiro e é nula fora da união destes intervalos. Verificar que a
função 1 tem integral _, calculando o seu integral como soma de uma
série.
b) Mostrar que existe e é finito o limite dos integrais
lim (
C
0 ÐBÑ .B. 86
CÄ_ !
Sugestão: Para cada C ", utilizar uma integração por partes para concluir
que
( cosÐ"Ñ (
C C
cosÐCÑ cosÐBÑ
0 ÐBÑ .B œ .B
" C " B#
e mostrar que o integral no segundo membro tem limite finito quando
C Ä _, mostrando que a função B È cosÐBÑ
B# é integrável em Ò"ß _Ò e
utilizando II.3.13.
Ex II.3.13 (Generalização trivial de II.3.15) Sejam N § ‘ um intervalo de
interior não vazio e :À N Ä ‘ uma função monótona (no sentido lato),
derivável em todos os pontos e com derivada contínua :w À N Ä ‘ e
consideremos o correspondente intervalo N w œ :ÐN Ñ. Mostrar que:
a) Se 0 À N w Ä ‘ é uma função mensurável e F § N w é um boreliano, então
87A razão desta observação está em que se pode ter, por exemplo, g ‚ F œ g œ g ‚ F w ,
com F Á F w , pelo que poderia haver a priori ambiguidade na definição de . ‚ .w ÐgÑ.
§4. Produto de medidas e teorema de Fubini 167
como queríamos.
5−O
Tem-se então c § Y .
Dem: Vamos dividir a demonstração em várias partes:
1) Vamos dizer, em geral, que uma classe Y de partes de ^ é razoável90 se
verificar as condições 1) e 2) no enunciado. Uma vez que a classe cÐ^Ñ, de
todas as partes de ^ , é razoável e que a intersecção de uma família arbitrária
de classes razoáveis é trivialmente uma classe razoável, podemos chamar Y!
à intersecção de todas as classes razoáveis que contêm f , que vai ser uma
classe razoável contendo f e contida em qualquer classe razoável que
contenha f (podemos dizer que Y! é a classe razoável gerada por f ). O
lema ficará provado se verificarmos que c § Y! , para o que bastará provar
que Y! é uma 5 -álgebra,91 e é isso que vamos fazer em seguida.
2) Para cada conjunto G § ^ , seja
YG œ ÖE § ^ ± E G − Y! ×.
Tem-se então que YG é uma classe razoável.
Subdem: Sendo Eß F − YG , com F § E, tem-se F G § E G ,
donde
ÐE Ï FÑ G œ ÐE GÑ Ï ÐF GÑ − Y! ,
o que mostra que E Ï F − YG . Sendo ÐE5 Ñ5−O uma família contável de
conjuntos de YG disjuntos dois a dois, os conjuntos E5 G são também
disjuntos dois a dois, donde
Š . E5 ‹ G œ . ÐE5 GÑ − Y! ,
5−O 5−O
Com efeito, tendo em conta o lema I.2.11, podemos escrever -E4 œ -E4w ,
onde os conjuntos E4w são disjuntos dois a dois e, tendo em conta b) e c),
pertencem a Y! .
II.4.6 (Teorema de Fubini para conjuntos) Sejam Ð\ß `ß .Ñ e Ð] ß a ß .w Ñ dois
espaços de medida 5 -finitos e consideremos a medida produto . Œ .w na
5 -álgebra ` Œ a . Seja G − ` Œ a . Tem-se então:
a) Para cada B − \ , o conjunto
GB߆ œ ÖC − ] ± ÐBß CÑ − G×
Dem: Basta-nos provar apenas a), uma vez que b) resulta de aplicar a) ao
s − a Œ `,
conjunto G
s œ ÖÐCß BÑ − ] ‚ \ ± ÐBß CÑ − G×,
G
œ ( . ÐGB߆ Ñ .
w w
ÐGBw Ñ . .ÐBÑ œ
\
Suponhamos, enfim, que G œ -G4 , onde ÐG4 Ñ4−N é uma família contável de
portanto G Ï G w − Y .
portanto G − Y .
Verificámos assim que a classe Y contém o semianel ` ‚ a (que inclui
\ ‚ ] ) e verifica as hipóteses 1) e 2) do lema II.4.5 pelo que, por esse lema,
Y contém a 5 -álgebra gerada ` Œ a , que é exatamente o que pretendemos.
2) Passemos agora à demonstração de a) no caso geral. O facto de a medida
. ser 5 -finita permite-nos, por uma mudança de conjunto de índices,
"Ÿ:Ÿ8
Por outro lado, para cada B − \ , GB߆ é a união da sucessão crescente dos
conjuntos G8 B߆ pelo que GB߆ é mensurável e com .w ÐGB߆ Ñ œ lim .w ÐG8 B߆ Ñ e
§4. Produto de medidas e teorema de Fubini 173
como queríamos.
II.4.8 (Nota) A determinação que acabamos de fazer fará pouco sentido para
quem 1 seja, por definição, a área do círculo referido; é, em particular, o que
acontece quando nos colocamos no contexto da definição geométrica das
funções trigonométricas. Essa determinação já faz, no entanto, todo o sentido
quando nos colocamos num contexto em que definimos as funções trigono-
métricas de forma não geométrica, por exemplo por
174 Cap. II. O integral
Dem: Basta-nos provar apenas a), uma vez que b) resulta de aplicar a) à
aplicação mensurável s0 À ] ‚ \ Ä ‘ definida por s0 ÐCß BÑ œ 0 ÐBß CÑ, para
a qual se tem
œ " +4 . Œ .w Ð^4 Ñ œ
4−N
4−N
mensurável de \ em ‘ e que
B È ( 0 ÐBß CÑ . .w ÐCÑ.
]
C È ( 0 ÐBß CÑ . .ÐBÑ.
\
Dem: Basta-nos provar apenas a), uma vez que b) resulta de aplicar a) à
aplicação topologicamente mensurável s0 À ] ‚ \ Ä I definida por
s0 ÐCß BÑ œ 0 ÐBß CÑ, que, no caso em que 0 À \ ‚ ] Ä I é integrável, é
integrável e com
para cada B − \ Ï \ w , '] m0 ÐBß CÑm . .w ÐCÑ _, o que implica que
pelo que, tendo em conta II.1.29, existe \ w − ` com .Ð\ w Ñ œ ! tal que,
e portanto, se B − \ Ï \_ ,
B È ( 0 ÐBß CÑ . .w ÐCÑ.
]
( (
"
ˆ^4 ÐBß CÑ . . Œ .w ÐBß CÑ Ÿ m0 ÐBß CÑm . . Œ .w ÐBß CÑ _
\‚] mA4 m \‚]
B È ( 0 ÐBß CÑ . .w ÐCÑ.
]
½( 08 ÐBß CÑ . .w ÐCѽ Ÿ ( m08 ÐBß CÑm . .w ÐCÑ Ÿ ( #m0 ÐBß CÑm . .w ÐCÑ,
] ] ]
onde
( Š( #m0 ÐBß CÑm . .w ÐCÑ‹ ..ÐBÑ œ ( Š( #m0 ÐBß CÑm ..w ÐCÑ‹ ..ÐBÑ œ
\Ï\_ ] \ ]
( 0 ÐBß CÑ . . Œ .w ÐBß CÑ
\‚]
Exercícios
pertence a `, por outras palavras, esta parte das conclusões das alíneas a) e
b) de II.4.6 não depende da consideração das medidas . e .w e, muito menos,
do facto de estas serem 5 -finitas. Sugestão: Reparar que estes conjuntos são
imagens recíprocas de G por aplicações mensuráveis convenientes.
Ex II.4.2 (Cf. Halmos [6]) Reparar que, se Ð\ß `ß .Ñ e Ð] ß a ß .w Ñ são espaços
de medida, não necessariamente 5 -finitos, faz sentido generalizar a definição
§4. Produto de medidas e teorema de Fubini 181
( -ÐG†ßC Ñ . / ÐCÑ œ !.
Ò!ß"Ó
93Adiferença é que não podemos garantir que esta seja a única extensão de . ‚ .w a
` Œ a.
182 Cap. II. O integral
( BC .B .C.
$
E
" A4 œ ( A4 . / Ð4Ñ.
4−N
b) No caso em que N é finito, verificar que toda a família ÐA4 Ñ4−N de vetores
de I é absolutamente somável e que a soma definida em a) coincide com a
soma finita habitual de vetores de I .
c) No caso em que N œ , verificar que, para uma família absolutamente
somável, ÐA: Ñ:− , a soma da família coincide com a soma da série, no
sentido análogo ao habitual:
8Ä_
:− :œ"
4−N
mostrar que 0 é integrável e
então
(
#1 8
"
sinÐBÑ /B> .B œ Ð" /#18> Ñ.
! " >#
b) Mostrar que, para cada B ! em ‘, tem-se
(
"
/B> .> œ .
Ò!ß_Ò B
( .B œ (
sinÐBÑ " /#18>
.>.
Ó!ß#18Ó B Ò!ß_Ò " >#
Sugestão: Para verificar que a função definida em Ó!ß #18Ó ‚ Ò!ß _Ò, que
vai ser utilizada, é integrável, utilizar o teorema de Fubini para funções
positivas, reparando que lsinBÐBÑl é limitado em Ó!ß #18Ó.
d) Deduzir de c) e do teorema da convergência monótona que se tem
lim (
sinÐBÑ 1
.B œ ,
8Ä_ Ó!ß#18Ó B #
Ó+ß,Ó +
Sugestão: Sendo G § Ó+ß ,Ó ‚ Ó+ß ,Ó o conjunto dos pares ÐBß CÑ tais que
B C, utilizar o teorema de Fubini para calcular de duas maneiras distintas a
medida
-: Œ -< ÐGÑ œ -: Œ -< ÐG ?Ñ,
s0 ÐBÑ œ ( s1ÐBÑ œ (
B B
0 Ð>Ñ .>, 1Ð>Ñ .>.
+ +
Sugestão: Fixado >, reparar que Ò+ß >Ó ‚ Ò+ß >Ó é a união disjunta dos subcon-
§4. Produto de medidas e teorema de Fubini 187
+ E>
e que
+ + F>
concluímos que -# œ - Œ -.
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 189
homeomorfismo, com inverso 7B . O que temos que mostrar é que a medida
imagem direta 7B ‡ -8 coincide com a medida -8 e isso vai resultar da
afirmação de unicidade na definição de -8 , uma vez que, sendo
E œ Ó+" ß ," Ó ‚ Ó+# ß ,# Ó ‚ â ‚ Ó+8 ß ,8 Ó − f8
(onde +4 Ÿ ,4 ), vem
7B ‡ -8 ÐEÑ œ -8 ÐB EÑ œ
œ -8 ÐÓ+" B" ß ," B" Ó ‚ â ‚ Ó+8 B8 ß ,8 B8 ÓÑ œ
œ ÐÐ," B" Ñ Ð+" B" ÑÑ ‚ â ‚ ÐÐ,8 B8 Ñ +8 B8 ÑÑ œ
œ Ð," +" Ñ ‚ â ‚ Ð,8 +8 Ñ œ -8 ÐEÑ.
que são todos translações do conjunto Ó!ß ;"" Ó ‚ Ó!ß ;"# Ó ‚ â ‚ Ó!ß ;"8 Ó, e
portanto são medidos por . com o mesmo valor ;"" ‚ ;"# ‚ â ‚ ;"8 .
3) Vejamos agora que, mais geralmente, se <" ß á ß <8 são reais estritamente
positivos, então
.ÐÓ!ß <" Ó ‚ Ó!ß <# Ó ‚ â ‚ Ó!ß <8 ÓÑ œ <" ‚ <# ‚ â ‚ <8 .
"
toma o valor " em Ó!ß "Ó8 , tendo-se assim, por I.5.8, -. œ -8 , portanto
. œ - -8 .
II.5.10 (O coeficiente de dilatação de um isomorfismo) Seja 0À ‘8 Ä ‘8 um
isomorfismo. Existe então um único real -0 − Ó!ß _Ò tal que, para cada
boreliano E § ‘8 , -8 Ð0ÐEÑÑ œ -0 -8 ÐEÑ. Dizemos que -0 é o coeficiente de
dilatação do isomorfismo 0Þ
Dem: Que não pode existir mais que um número real -0 nas condições
anteriores é uma consequência de que, escolhendo um boreliano E com
! -8 ÐEÑ _ (por exemplo uma bola de raio maior que !, que é
limitada e de interior não vazio), não pode deixar de ser -0 œ -8-Ð80ÐEÑ
ÐEÑÑ
.
8
Considere-se agora a medida . nos borelianos de ‘ definida por
.ÐEÑ œ -8 Ð0ÐEÑÑ (a medida imagem direta de -8 pela aplicação mensurável
0" À ‘8 Ä ‘8 Ñ, medida para a qual se tem, para cada B − ‘8 ,
.ÐB EÑ œ -8 Ð0ÐB EÑÑ œ -8 Ð0ÐBÑ 0ÐEÑÑ œ -8 Ð0ÐEÑÑ œ .ÐEÑ,
ou seja, é invariante por translação. Por outro lado, uma vez que a aplicação
linear 0À ‘8 Ä ‘8 é contínua (como qualquer aplicação linear ‘8 Ä ‘8 Ñ,
sabemos que existe Q ! tal que m0ÐCÑm Ÿ Q mCm, para cada C − ‘8 , e
daqui resulta que, se E § ‘8 é um boreliano limitado, o boreliano 0ÐEÑ
também é limitado, e portanto .ÐEÑ œ -8 Ð0ÐEÑÑ _. Deduzimos agora
de II.5.9 que existe -0 − Ò!ß _Ò tal que . œ -0 -8 , isto é, tal que, para cada
boreliano E de ‘8 , -8 Ð0ÐEÑÑ œ -0 -8 ÐEÑ, tendo-se mesmo -0 !, uma vez
que
_ œ -8 Б8 Ñ œ -8 Ð0Б8 ÑÑ œ -0 -8 Б8 Ñ.
como queríamos.
8 8
II.5.12 (Mudança de variáveis linear num integral) Seja 0À ‘ Ä ‘ um
isomorfismo, com coeficiente de dilatação -0 . Tem-se então:
a) Para cada função mensurável 1À ‘8 Ä ‘ ,
194 Cap. II. O integral
Dem: O facto de se ter -8 Ð0ÐEÑÑ œ -0 -8 ÐEÑ, para cada boreliano pode ser
encarado como afirmando que o isomorfismo 0 é compatível com as
medidas, quando se considera no espaço de chegada a medida de Lebesgue
-8 e no domínio a medida . œ -0 -8 . Tendo em conta o teorema trivial de
mudança de variáveis (II.1.38, nas hipóteses de a), e II.2.56, nas hipóteses de
b)), tem-se
onde, por II.1.35, nas hipóteses de a), e por II.2.54, nas hipóteses de b)),
Ô -" â !×
Ö! â !Ù
!
Ö Ù
-#
Õ! â -8 Ø
ã ã ä ã
!
O caso em que 8 " é uma consequência de II.5.11, uma vez que 3" ÐÖB×Ñ
está contido no subespaço vetorial ‘B de dimensão " 8 ".
103As coordenadas polares usuais de um ponto B − ‘# Ï Ö!× são > ! e ! − ‘ tais que
B œ Ð>cosÐ!Ñß >senÐ!ÑÑ, em que ! fica só determinado a menos de um múltiplo inteiro de
21. Quando se pretende ter uma aplicação bijetiva, restringe-se ! a um intervalo
conveniente, por exemplo Ò!ß #1Ò e se se pretender ter mesmo um homeomorfismo,
diminui-se ainda mais o domínio de !, por exemplo para Ó!ß #1Ò, retirando-se neste caso a
‘# os pontos da forma Ð>ß !Ñ, com > !, que constituem um conjunto de medida nula. A
vantagem das coordenadas polares generalizadas, que substituem !, por um elemento da
esfera, está em que são dispensados estes artifícios e a generalização para ‘8 é mais
simples.
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 199
coincidem a medida (- Œ .W8 ÑÐ:Ñ e a medida imagem direta de -8" por F" .
Comecemos por considerar + Ÿ , em Ó!ß _Ò e E − UW8 . Reparemos que
F " Ð!Ñ Ï Ö!× œ FÐÓ!ß "Ó ‚ W8 Ñ e portanto, nas notações de II.5.19,
3" ÐEÑ œ FÐÓ!ß "Ó ‚ EÑ œ Ó!ß "Ó † E
donde
.W8 ÐEÑ œ Ð8 "Ñ-8" ÐÓ!ß "Ó † EÑ.
œ(
, 8" +8"
. .W8 ÐBÑ œ
E 8"
,8" +8"
œ .W8 ÐEÑ,
8"
o que mostra que
F"
‡ -8" ÐÓ+ß ,Ó ‚ EÑ œ Ð- Œ .W8 ÑÐ:Ñ ÐÓ+ß ,Ó ‚ EÑ _.
Podemos agora calcular este último integral com o auxílio das coordenadas
polares generalizadas, isto é, considerando o homeomorfismo
FÀ Ó!ß _Ò ‚ W8" Ä ‘8 Ï Ö!×, FÐ>ß BÑ œ >B,
(cf. II.5.21) e obtemos, tendo em conta mais uma vez o teorema de Fubini,
œ 1 .W8" ÐW8" Ñ(
"
>8" >8" .> œ
!
" " #1"8
œ 18"8 Ð Ñœ .
8 8# 8#
Dem: Vamos dividir a prova em várias partes, cada uma tendo eventual-
mente a sua própria demonstração.
a) O conjunto E é um boreliano, por ser um produto cartesiano de borelianos
de ‘, e o facto de 0 ser, em particular, um homeomorfismo, e portanto
bimensurável, implica que 0 ÐEÑ é também um boreliano. Observe-se
também que -8 ÐEÑ œ " e que, sendo Q o máximo no compacto O da
202 Cap. II. O integral
Lembrando que as bolas aberta e fechada de centro , e raio < !, para esta
norma, são respetivamente
F< Ð,Ñ œ Ó," <ß ," <Ò ‚ â ‚ Ó,8 <ß ,8 <Ò,
F < Ð,Ñ œ Ò," <ß ," <Ó ‚ â ‚ Ò,8 <ß ,8 <Ó,
notaremos
F<w Ð,Ñ œ Ó," <ß ," <Ó ‚ â ‚ Ó,8 <ß ,8 <Ó,
Por exemplo, o conjunto E no enunciado é da forma F<w Ð,Ñ, com < œ "# e
, œ Ð+" "# ß á ß +8 "# Ñ.
c) Recordemos que, se 0À ‘8 Ä ‘8 é uma aplicação linear, a norma de
operador de 0, notada m0m é, por definição, o menor dos números 5 ! tais
que, para cada ? − ‘8 , m0Ð?Ñm Ÿ 5m?m, tendo-se assim, em particular, a
desigualdade m0Ð?Ñm Ÿ m0mm?m, para cada ? − ‘8 .
d) Nesta alínea, e ao longo das alíneas e) e f), vamos considerar fixado um
número $ ! arbitrário.
Notaremos 7 ! o mínimo sobre o compacto O da função contínua
B È -H0B .
Fixemos V " maior ou igual ao máximo sobre o compacto O da função
contínua B È mÐH0B Ñ" m.
Tendo em conta a continuidade uniforme sobre o compacto O das funções
contínuas B È H0B e B È -H0B , escolhemos & ! tal que, sempre que
, − O e B − O verificam mB ,m Ÿ &, tem-se
(1) mH0B H0, m Ÿ $ , |cH0B -H0, l Ÿ 7$ .
e) Vamos mostrar que, quaisquer que sejam , − O e ! < Ÿ & tais que
F<w Ð,Ñ § O , tem-se
portanto
mÐH0, Ñ" Ð0 ÐBÑ 0 Ð,ÑÑm œ
œ mÐH0, Ñ" Ð0 ÐBÑ 0 Ð,ÑÑ ÐB ,Ñ ÐB ,Ñm Ÿ
Ÿ V $ mB ,m mB ,m œ Ð" V $ Ñ<,
isto é,
ÐH0, Ñ" Ð0 ÐBÑ 0 Ð,ÑÑ − F Ð"V$ Ñ< Ð!Ñ,
ou ainda
0 ÐBÑ − 0 Ð,Ñ H0, ÐF Ð"V$ Ñ< Ð!ÑÑ.
e portanto
tais que E4 œ F<w 4 Ð,4 Ñ, com ! <4 Ÿ &, tal que E œ -E4 . Uma vez que o
finita ÐE4 Ñ4−N de borelianos disjuntos dois a dois nas condições de e), isto é,
boreliano 0 ÐEÑ será então a união dos borelianos 0 ÐE4 Ñ que são disjuntos
dois a dois, poderemos então concluir que
tem
s.
Ò+"w ß ,"w Ó ‚ â ‚ Ò+8w ß ,8w ] œ 0" ÐÒ+" ß ," Ó ‚ â ‚ Ò+8 ß ,8 ÓÑ § Y
s B œ H00ÐBÑ ‰ 0,
Mas, do teorema de derivação da função composta, vem H0
donde
-H0s B œ -H00ÐBÑ ‚ -0
Dem: Tendo em conta o lema II.5.25, já sabemos que, para cada boreliano
E § Y , 0 ÐEÑ é boreliano e
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 207
e que, pela caracterização do integral para a medida definida por uma função
mensurável positiva (II.1.35, nas hipóteses de a), e II.2.54, nas hipóteses de
b)), tem-se
Exercícios
s 8 Ñ œ " . 106
.Ws 8 ÐW
8x
c) Reparar que Ws ! œ Ö"× e . s ÐÖ"×Ñ œ " e mostrar que, se 8 ", tem-se
W!
s 8 (comparar com II.5.20).
. s ÐÖB×Ñ œ !, para cada B − W
W8
d) (Coordenadas simpliciais generalizadas) Adaptando trivialmente a
demonstração de II.5.21, mostrar que, para cada 8 !, tem lugar um
homeomorfismo
F s 8 Ä ‘8"
sÀ Ó!ß _Ò ‚ W Ï Ö!×, FÐ>ß BÑ œ >B,
106Em particular, por exemplo no caso 8 œ ", esta medida não é o que esperaríamos ser o
“comprimento” do conjunto em questão.
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 211
0! ÐBÑ œ mBm
"
! , se B Á !
,
!, se B œ !
( 0! ÐBÑ . -8 ÐBÑ _ Í ! 8,
F < Ð!Ñ
( 0! ÐBÑ . -8 ÐBÑ _ Í ! 8.
‘8 ÏF < Ð!Ñ
( / .B œ È1,
#
B
‘
# # # #
tendo em conta a identidade /B C œ /B ‚ /C e calculando o integral
desta função em ‘# de dois modos distintos, utilizando, por um lado, o
107O valor da função no ponto ! é evidentemente irrelevante para efeitos do cálculo dos
integrais e só é exibido para fixar ideias. Com este valor, a função fica contínua em ! se, e
só se, ! !.
212 Cap. II. O integral
( ÐÈ1Ñ8" ,
# "
B8 /B .B œ
Ò!ß_Ò Ð8 "Ñ"8"
ÐÈ1Ñ8" ,
" 8" "
>Рќ
# # Ð8 "Ñ"8"
em particular,
>Ð Ñ œ È1.
"
#
e que, para cada Ð>ß !Ñ − Ó!ß _Ò ‚ Ó!ß #1Ò, o coeficiente de dilatação da
aplicação linear derivada H<Ð>ß!Ñ À ‘8 Ä ‘8 é
-H<Ð>ß!Ñ œ >.
-8 ÐE Ï . O
s 7 Ñ œ !.
7−
111Estas propriedades serão reencontradas adiante, num contexto mais geral, em III.4.6. À
primeira é costume dar o nome de regularidade exterior e à segunda o de regularidade
interior.
§5. Medida de Lebesgue em dimensões superiores 215
1 1
:À W" ‚ Ó ß Ò Ä W# Ï ÖTR ß TW ×, :ÐBß )Ñ œ cosÐ)ÑÐBß !Ñ sinÐ)ÑTR Þ
# #
Diremos que B − W" é a longitude generalizada de :ÐBß )Ñ e, como já
referimos, ) é a sua latitude. Mostrar que a aplicação : é um
homeomorfismo, em particular : e :" são aplicações mensuráveis.
b) Sejam E § W" um boreliano e 1# )! 1# fixados e consideremos as
correspondentes calotes aberta e fechada FEß)! ß F Eß)! § W# , constituídas
pelos pontos de W# Ï ÖTR ß TW × cuja latitude é, respetivamente maior e maior
ou igual a )! e a longitude generalizada pertence a E, definidas portanto por
FEß)! œ ÖcosÐ)ÑÐBß !Ñ sinÐ)ÑTR ×)! )1Î# ß B−E
F Eß)! œ ÖcosÐ)ÑÐBß !Ñ sinÐ)ÑTR ×)! Ÿ)1Î# ß B−E
1 1
(cf. a figura a seguir, em que )! œ ' e E é um arco de amplitude "# Ñ.
e mostrar por que razão a conclusão pretendida decorre deste facto. Ter
também em conta a alínea b) do exercício II.5.8.
w `0
0B߆ Ð>Ñ œ ÐBß >Ñ − I .
`>
2w Ð>Ñ œ (
`0
ÐBß >Ñ . .ÐBÑ,
\ `>
onde, em particular, estamos a afirmar que é integrável a aplicação no
integral precedente.
Dem: Seja >! − N arbitrário. Escolhamos uma sucessão arbitrária de
elementos >8 − N Ï Ö>! × com >8 Ä >! . Para cada B − \ , tem-se então
`0 0 ÐBß >8 Ñ 0 ÐBß >! Ñ
ÐBß >! Ñ œ lim .
`> >8 >!
Por outro lado, para cada 8 − , resulta da hipótese 3) do enunciado, pelo
teorema da média em II.3.7, aplicado ao intervalo fechado de extremidades >!
e >8 , que
m0 ÐBß >8 Ñ 0 ÐBß >! Ñm Ÿ :ÐBÑ l>8 >! l,
donde
218 Cap. II. O integral
œ(
2Ð>Ñ 2Ð>! Ñ `0
lim ÐBß >! Ñ . .ÐBÑ,
>Ä>! > >! \ `>
2w Ð>Ñ œ (
`0
ÐBß >Ñ . .ÐBÑ
\ `>
e a continuidade da aplicação 2w À N Ä I é então uma consequência direta de
II.6.1.
Dem: Sendo ÐD8 Ñ8− uma sucessão qualquer de elementos de Y Ï ÖD! × com
D8 Ä D! , tem-se
Ð0 1ÑÐD8 Ñ Ð0 1ÑÐD! Ñ 0 ÐD8 Ñ 0 ÐD! Ñ 1ÐD8 Ñ 1ÐD! Ñ
œ Ä 0 w ÐD! Ñ 1w ÐD! Ñ,
D8 D! D8 D! D8 D!
Ð+0 ÑÐD8 Ñ Ð+0 ÑÐD! Ñ 0 ÐD8 Ñ 0 ÐD! Ñ
œ+ Ä +0 w ÐD! Ñ.
D8 D! D8 D!
Dem: Sendo ÐD8 Ñ8− uma sucessão qualquer de elementos de Y Ï ÖD! × com
D8 Ä D! , tem-se
:Ð>Ñ œ 0 ÐD >AÑ,
e com
:w Ð>! Ñ œ A ‚ 0 w ÐD >! AÑ.
Dem: Tendo em conta o lema na alínea e), podemos considerar uma aplica-
ção :À Ò!ß "Ó Ä I ,
:Ð>Ñ œ 0 ÐD! >ÐA! D! ÑÑ,
a qual é derivável, no sentido real, em cada > − Ò!ß "Ó e com
m:w Ð>Ñm œ mÐA! D! Ñ0 w ÐD! >ÐA! D! ÑÑm Ÿ Q lA! D! l,
donde, pelo teorema da média em II.3.7,
m0 ÐA! Ñ 0 ÐD! Ñm œ m:Ð"Ñ :Ð!Ñm Ÿ
Ÿ Q lA! D! lÐ" !Ñ œ Q lA! D! l.
112Temos assm uma condição sobre a derivabilidade e o valor da derivada nos pontos do
segmento que une D! a A! .
113Por exemplo, I œ ‚…
§6. Integrais paramétricos 221
w `0
0B߆ ÐDÑ œ ÐBß DÑ − I .
`D
2w ÐDÑ œ (
`0
ÐBß DÑ . .ÐBÑ,
\ `D
onde, em particular, estamos a afirmar que é integrável a aplicação no
integral precedente.
Dem: Seja D! − Y arbitrário. Para estudar a derivabilidade de 2 em D! , basta
estudar a derivabilidade da sua restrição a uma bola aberta F< ÐD! Ñ que esteja
contida em Y . Escolhamos uma sucessão arbitrária de elementos
D8 − F< ÐD! Ñ Ï ÖD! × com D8 Ä D! . Para cada B − \ , tem-se então
`0 0 ÐBß D8 Ñ 0 ÐBß D! Ñ
ÐBß D! Ñ œ lim .
`D D8 D!
Por outro lado, para cada 8 − , resulta da hipótese 3) do enunciado, pelo
teorema da média na alínea f) de II.6.4, que
m0 ÐBß D8 Ñ 0 ÐBß D! Ñm Ÿ :ÐBÑ lD8 D! l,
donde
0 ÐBß D8 Ñ 0 ÐBß D! Ñ
m m Ÿ :ÐBÑ,
D8 D!
pelo que, pelo teorema da convergência dominada em II.2.39, concluímos
que é integrável a aplicação \ Ä I , B È `0
`D ÐBß D! Ñ e que
œ(
2ÐDÑ 2ÐD! Ñ `0
lim ÐBß D! Ñ . .ÐBÑ,
DÄD! D D! \ `D
`0
m ÐBß DÑm Ÿ :3 ÐBÑ.
`D3
Definindo então uma aplicação 2À Y Ä I ,
ÐDÑ œ (
`2 `0
ÐBß DÑ . .ÐBÑ,
`D3 \ `D3
' `0
Dem: Dado D! − Y arbitrário, para mostrar que existe a derivada parcial
`2
`D3 ÐD! Ñ e é igual a \ `D3 ÐBß D! Ñ . .ÐBÑ, basta ter em conta II.6.2, para a
aplicação
ÐBß D3 Ñ È 0 ÐBß ÐD! " ß á ß D3 ß á ß D! 7 ÑÑ
que, por restrição, se pode considerar definida no produto cartesiano de \
por um intervalo aberto de ‘ contendo D! 3 . No caso em que, para cada
`0
" Ÿ 3 Ÿ 7 e cada B − \ , a aplicação Y Ä I , D È `D 3
ÐBß DÑ é contínua, o
`2
facto de as aplicações `D3 À Y Ä I serem contínuas é uma consequência
direta de II.6.1.
Exercícios
expÐDÑ œ "
" :
D
: !
:x
(onde se faz a convenção !! œ "), série essa que é também a soma de uma
família absolutamente somável de números complexos (cf. o exercício
II.4.8).
a) Mostrar que se tem
expÐ!Ñ œ ", expÐDÑ œ expÐDÑ,
e, para B − ‘,
expÐBÑ œ /B , expÐ3BÑ œ cosÐBÑ 3 senÐBÑ,
essa variável, para concluir que a aplicação 2 tem derivada parcial relativamente a essa
variável, caracterizada pelo integral acima.
115Por outras palavras, se, para cada B − \ , 0 À Y Ä I é de classe G " , então 2 é de
B߆
classe G " .
224 Cap. II. O integral
Sugestão: A mesma que para a alínea precedente, sendo além disso de ter em
conta que, para cada & !,
lim lnÐ>Ñ >& œ !.
>Ä!
onde, por definição, para cada > ! em ‘, >D œ expÐlnÐ>ÑDÑ. Verificar que
esta função é contínua, derivável em cada ponto D − H e com derivada
contínua e que se tem
Verificar ainda que, tal como na alínea b) do exercício II.3.11, tem-se, para
cada D − H, >ÐD "Ñ œ D >ÐDÑ.
Ex II.6.3 Na teoria do integral pelos métodos de Riemann, costumam-se
demonstrar os dois resultados seguintes:
1) Sejam I um espaço de Banach, M e O dois intervalos fechados e limitados
com
2w ÐCÑ œ (
`0
ÐBß CÑ .B.
M `C
Verificar que estes dois resultados podem ser demonstrados a partir dos
teoremas sobre o integral paramétrico em II.6.1 e II.6.2.
Ex II.6.4 Seja 2À Ò!ß _Ò Ä ‘ a função definida por
Verificar que 2Ð!Ñ œ ! e 2ÐBÑ œ ", para cada B Á !. Por que razão não se
aplica aqui o teorema de continuidade do integral paramétrico II.6.1?
Ex II.6.5 (Transformada de Fourier) Sejam I um espaço de Banach complexo
e 0 À ‘ Ä I uma aplicação integrável.
a) Mostrar que se pode definir uma nova aplicação s0 À ‘ Ä I , chamada
transformada de Fourier de 0 , por
0 ÐBÑ œ œ
/B , se B !,
0, se B !.
226 Cap. II. O integral
s0 ÐCÑ œ "
" #13C
b) Seja 1À ‘ Ä ‘ § ‚ a função definida por
1ÐBÑ œ /lBl .
Reparar que se tem quase sempre 1ÐBÑ œ 0 ÐBÑ 0 ÐBÑ e deduzir que 1 é
integrável e que a sua transformada de Fourier s1À ‘ Ä ‚ está definida por
#
s1ÐCÑ œ .
" %1 # C #
senÐ#1CÑ cosÐ#1CÑ"
s0 ÐCÑ œ #1 C #1 C 3, se C Á !
.
", se C œ !
s1ÐCÑ œ
senÐ#1CÑ
1C , se C Á !
.
#, se C œ !
116Em rigor esta condição só é colocada aqui para simplificar o exercício, uma vez que se
pode verificar ser implicada pelas restantes: O facto de m0 w ÐBÑm ter integral finito em ‘
implica que, para + e , “próximos” de _, m0 Ð,Ñ 0 Ð+Ñm é “pequeno”, o que implica
uma condição do tipo Cauchy, que arrasta a existência de limite para 0 ÐBÑ, quando
§6. Integrais paramétricos 227
œ lim (
# C
0 Ð DÑ .C œ
E 8Ä_ ‘ " %1# C# 8
œ(
#
0 ÐDÑ .C œ 0 ÐDÑ.
F ‘ " %1 # C #
B Ä _, e esse limite tem que ser !, sem o que 0 não seria integrável; O exame do
limite quando B Ä _ é análogo.
CAPÍTULO III
Espaços funcionais e aplicações
o que mostra que =A >D − F < Ð!Ñ. O caso da bola aberta é análogo, ou
reduz-se ao da bola fechada se repararmos que, se Aß D − F< Ð!Ñ, então existe
! <w < tal que Aß D − F <w Ð!Ñ e tem-se F <w Ð!Ñ § F< Ð!Ñ.
III.1.4 Sejam I um espaço vetorial, G § I um conjunto convexo, A" ß á ß A8
elementos de G e >" ß á ß >8 − ‘ com >" â >8 œ ". Tem-se então
230 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
( 0 ÐBÑ . .ÐBÑ − G .
"
.Ð\Ñ \
4−N
"
.Ð\4 Ñ
œ ",
4−N
.Ð\Ñ
2) Vamos admitir que 0 pode ser uma aplicação integrável, mas fazemos a
hipótese de se ter ! − G . Nesse caso, podemos deduzir de II.2.29 a existência
de uma sucessão dominada de aplicações em escada 08 À \ Ä G § I com
" '
08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ, para cada B − \ . O que vimos em 1) garante que, para cada
8, .Ð\Ñ \ 08 . . − G e portanto
( s0 ÐBÑ . .ÐBÑ C! − G .
"
œ
.Ð\Ñ \
é um conjunto convexo.
117O que é trivialmente equivalente a exigir que, dados Aß D − G e > − Ò!ß "Ó, tem-se
0 ÐÐ" >ÑD >AÑ Ÿ Ð" >Ñ0 ÐDÑ >0 ÐAÑ. Repare-se que, no caso em que I œ ‘, e
portanto G é um intervalo, esta noção corresponde a exigir que 0 tem o gráfico com a
concavidade voltada para cima, tal como se estuda num curso básico de Análise Real.
232 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
o que mostra que 0 Ð=A >DÑ Ÿ =0 ÐAÑ >0 ÐDÑ, ou seja, que 0 é uma
aplicação convexa.
III.1.8 (Corolário) Sejam I um espaço vetorial, G § I um conjunto convexo e
0 À G Ä ‘ uma aplicação convexa. Dados A" ß á ß A8 − G e >" ß á ß >8 !
tais que >" â >8 œ ", tem-se então
0 Ð>" A" â >8 A8 Ñ Ÿ >" 0 ÐA" Ñ â >8 0 ÐA8 Ñ.
Dem: Uma vez que, para cada " Ÿ 4 Ÿ 8, ÐA4 ß 0 ÐA4 ÑÑ − I:30 , que é um
conjunto convexo, concluímos que
Š" >4 A4 ß " >4 0 ÐA4 Ñ‹ œ " >4 ÐA4 ß 0 ÐA4 ÑÑ − I:30 ,
8 8 8
= œ ! e > œ " ou = œ " e > œ !, casos em que temos mesmo uma igualdade.
Por eventual troca dos papéis das variáveis podemos também já supor que
+ ,. Tem-se então + =+ >, , e o teorema de Lagrange garante a
existência de + - =+ >, . , tais que
0 Ð=+ >,Ñ 0 Ð+Ñ 0 Ð=+ >,Ñ 0 Ð+Ñ
œ œ 0 w Ð-Ñ
>Ð, +Ñ Ð=+ >,Ñ +
0 Ð,Ñ 0 Ð=+ >,Ñ 0 Ð,Ñ 0 Ð=+ >,Ñ
œ œ 0 w Ð.Ñ
=Ð, +Ñ , Ð=+ >,Ñ
e portanto, por a aplicação 0 w ser crescente,
0 Ð=+ >,Ñ 0 Ð+Ñ 0 Ð,Ñ 0 Ð=+ >,Ñ
Ÿ ,
>Ð, +Ñ =Ð, +Ñ
ou ainda
= Ð0 Ð=+ >,Ñ 0 Ð+ÑÑ Ÿ >Ð0 Ð,Ñ 0 Ð=+ >,ÑÑ,
o que também pode ser escrito na forma
0 Ð=+ >,Ñ œ =0 Ð=+ >,Ñ >0 Ð=+ >,Ñ Ÿ =0 Ð+Ñ >0 Ð,Ñ.
" '
aplicação integrável tal que 0 Ð\Ñ § G e que 1 ‰ 0 À \ Ä ‘ seja integrável.
Tem-se então .Ð\Ñ \ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ − G e
234 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
"
.Ð\4 Ñ
œ"
4−N
.Ð\Ñ
( 1Ð:ÐBÑÑ . .ÐBÑ.
"
œ
.Ð\Ñ \
È
C" â C8
8
C" ‚ â ‚ C8 Ÿ .
8
Repare-se que, apesar de a notação sugerir que se está a definir uma norma,
tal não é certamente o caso, uma vez que o conjunto das funções :À \ Ä ‘
não é um espaço vetorial e que o valor m:m< pode ser _. No entanto, se
: ", a definição de m:m< vai intervir na caracterização de uma norma que
será estudada na próxima secção (cf. III.2.5).
III.1.17 (Desigualdade de Hölder) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida,
: " e ; " dois expoentes conjugados e :ß <À \ Ä ‘ duas funções
mensuráveis. Tem-se então
Dem: Sejam +ß , − ‘ ,
\ \
( : :(
"
sÐBÑ: . .ÐBÑ œ :ÐBÑ: . .ÐBÑ œ ",
\ + \
s ÐBÑ œ ˆ:
sÐBÑ: ‰ : ˆ<
s ÐBÑ; ‰ ; Ÿ " : "s ;
" "
:
sÐBÑ< sÐBÑ: < ÐBÑ ,
: ;
visto que esta desigualdade é trivial no caso em que um dos valores :
sÐBÑ e
s ÐBÑ é ! ou _ e, no caso em que ambos são finitos e não nulos, temos um
<
caso particular da desigualdade em III.1.13. Deduzimos daqui que
( : ( :
sÐBÑ: . .ÐBÑ ( <
s ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ" " s ÐBÑ; . .ÐBÑ œ
sÐBÑ<
\ : \ ; \
" "
œ œ ",
: ;
o que termina a demonstração.
III.1.18 (Desigualdade de Minkowsky) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medi-
da, : " um real e :ß <À \ Ä ‘ duas aplicações mensuráveis. Tem-se
então
m: < m: Ÿ m: m: m< m: .
Ÿ m:m: Š( Ð: <Ñ . .‹
"
Ð:"Ñ; ;
Ÿ m<m: Š( Ð: <ÑÐ:"Ñ; . .‹ œ
"
;
obtemos
Š( Ð: <Ñ: . .‹
" ";
Ÿ m: m: m< m:
\
"
o que, por ser " ; œ :" , é precisamente a desigualdade do enunciado.
Exercícios
então C" œ C# œ â œ C8 .
b) Sejam Bß C ! e : " tais que
ÐB CÑ: œ #:" ÐB: C: Ñ.
Mostrar que se tem então B œ C .
Ex III.1.5 Sejam C" ß á ß C8 números reais, com C4 !, e >" ß á ß >8 números
reais, com >4 ! e >" â >8 œ " (um sistema de pesos). Chama-se média
harmónica pesada dos C4 ao inverso da média aritmética pesada dos inversos
dos C4 , isto é, ao número
"
.
>" C"" â >8 C"8
\ \ \
com ambos os membros finitos e não nulos, então existe - − Ó!ß _Ò tal que
<ÐBÑ; œ - :ÐBÑ: , quase sempre. Sugestão: Reexaminar a demonstração do
resultado citado, provando que se tem : s ÐBÑ quase sempre, tendo em
sÐBÑ œ <
conta a alínea a) do exercício III.1.4.
Ex III.1.7 Analogamente ao exercício III.1.6, verificar que, sob as hipóteses de
III.1.18 (desigualdade de Minkowsky), se for : " e
m: < m: œ m: m: m< m: ,
com ambas as parcelas do segundo membro finitas e não nulas, então existe
- − Ó!ß _Ò tal que <ÐBÑ œ - :ÐBÑ, quase sempre.
§2. Os espaços P: .
III.2.4 (Valor num ponto duma classe contínua) Seja Y § ‘8 um aberto, para
o qual consideramos a restrição da medida de Lebesgue -8 aos respetivos
borelianos. Sejam I um espaço de Banach e 0 ß s0 À Y Ä I duas aplicações
contínuas tais que Ò0 Ó œ Ò0 s Ó em Q /8=ÐY ß IÑ. Tem-se então, para cada
B − Y , 0 ÐBÑ œ s0 ÐBÑ.
Faz assim sentido dizer que uma classe Ò0 Ó − Q /8=ÐY ß IÑ é contínua se
existir uma aplicação contínua s0 À Y Ä I tal que Ò0 Ó œ Ò0 s Ó e, para uma tal
classe, definir o seu valor Ò0 ÓÐBÑ no ponto B pela igualdade Ò0 ÓÐBÑ œ s0 ÐBÑ.
118O que está aqui em jogo é o facto geral de, no contexto de um espaço de medida,
sempre que temos duas propriedades verdadeiras quase sempre, a respetiva conjunção ser
ainda verdadeira quase sempre, facto esse já referido em I.2.28 e cuja justificação é
decalcada pela que acabamos de fazer.
242 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
\ \
\
:
o que mostra que Ò+0 Ó − P Ð\ß IÑ e mÒ+0 Óm: œ l+lmÒ0 Óm: . Dados
Ò0 Óß Ò1Ó − P: Ð\ß IÑ, tem-se, pela desigualdade de Minkowsky (cf. III.1.18),
\ \
\ \
:
em particular Ò0 1Ó − P Ð\ß IÑ e mÒ0 Ó Ò1Óm: Ÿ mÒ0 Óm: mÒ1Óm: .
Suponhamos enfim que Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ é tal que mÒ0 Óm: œ !, tem-se assim
( m0 ÐBÑm . .ÐBÑ œ !,
:
\
:
com m0 ÐBÑm − ‘ , para cada B − \ , pelo que, tendo em conta II.1.30,
m0 ÐBÑm: œ ! quase sempre, donde 0 ÐBÑ œ ! quase sempre, ou seja, Ò0 Ó œ !,
o que mostra que temos efetivamente uma norma.
III.2.6 (Nota) Um caso particular muito frequente nas aplicações é aquele em
que o espaço de Banach I é ‘ ou ‚, com a norma mAm œ lAl. Nesse caso, a
fórmula de definição da norma toma o aspeto
8œ"
8œ"
8œ"
(no sentido que Ò1Ó é o limite em P: Ð\ß IÑ da sucessão das somas parciais).
Dem: Sejam 58 À \ Ä ‘ § ‘ as aplicações mensuráveis definidas por
244 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
4œ"
4œ" 4œ"
isto é,
8Ä_
4œ"
1ÐBÑ œ Û 4œ"
se B − \ Ï ]
Ü !, se B − ]
4œ"
4œ8! "
donde,
o que nos permite concluir que Ò=8 Ó œ ! Ò14 Ó tem limite Ò1Ó no espaço
8
4œ"
vetorial normado P: Ð\ß IÑ.
III.2.9 (Teorema de completude) Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida, I
um espaço de Banach e : " um número real. Tem-se então:
a) O espaço vetorial normado P: Ð\ß IÑ é completo (portanto um espaço de
Banach).
b) Sejam 0 − MensÐ\ß IÑ e Ð08 Ñ8− uma sucessão de aplicações de
MensÐ\ß IÑ tais que Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ, Ò08 Ó − P: Ð\ß IÑ e Ò08 Ó Ä Ò0 Ó em
P: Ð\ß IÑ. Existe então uma subsucessão de aplicações 25 œ 0!Ð5Ñ tal que
25 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ quase sempre.120
Dem: Seja Ð08 Ñ8− uma sucessão de aplicações de MensÐ\ß IÑ, com
120Pelo contrário, não se pode concluir, em geral, que se tenha 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ quase
sempre; ver um contraexemplo na alínea c) do exercício III.2.3.
246 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Ò08 Ó − P: Ð\ß IÑ, tal que a sucessão dos Ò08 Ó seja uma sucessão de Cauchy
em P: Ð\ß IÑ. Podemos construir recursivamente uma aplicação estritamente
crecente !À Ä tal que, sempre que 7ß 8 !Ð5Ñ, mÒ07 Ó Ò08 Óm: #"5 .
Consideremos então a subsucessão de aplicações 25 œ 0!Ð5Ñ . Tem-se, em
particular, mÒ25" Ó Ò25 Óm: #"5 pelo que
4œ"
4œ"
0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ quase sempre, então '\ 0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ '\ 1ÐBÑ . .ÐBÑ e a
Dem: O facto de esta aplicação estar bem definida vem de que, se
III.2.11 (Nota) Uma questão que se põe naturalmente é a de saber que relação
existe entre os espaços P: Ð\ß IÑ e P; Ð\ß IÑ, com : Á ; em Ò"ß _Ò, em
particular se um deles terá que estar contido no outro. É fácil reconhecer que,
em geral, isso não é necessariamente verdade. Por exemplo, se \ œ Ó!ß _Ò,
com a medida de Lebesgue nos respetivos borelianos, e se 0 ß 1À \ Ä ‘ são
as funções definidas por
ÈB , È
" "
0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ œ
se B Ÿ " % B, se B Ÿ "
" "
,
B# , se B " B, se B "
Tem-se então :; " pelo que podemos considerar " " definido pela
condição :; "" œ ", isto é, o expoente conjugado de :; . Pela desigualdade de
Hölder relativa a estes expoentes conjugados (cf. III.1.17), podemos agora
escrever
\ \
e portanto
"
m:m: Ÿ .Ð\Ñ ": m:m; ,
b) Se I um espaço de Banach
P: Ð\ß IÑ P; Ð\ß IÑ § P< Ð\ß IÑ
e, para cada Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ P; Ð\ß IÑß
mÒ0 Óm< Ÿ maxÖmÒ0 Óm: ß mÒ0 Óm; ×.
" "
Pela desigualdade de Hölder, relativa ao expoentes conjugados ! e ",
podemos agora escrever
\ \
!: ";
e portanto, tendo em conta o facto de se ter < < œ ",
!: ";
m : m < Ÿ m: m : ‚ m: m; Ÿ
< <
!: ";
Ÿ maxÖm:m: ß m:m; ×Ð < < Ñ œ
œ maxÖm:m: ß m:m; ×.
e que tem lugar uma norma neste espaço vetorial, definida, por transporte por
meio do isomorfismo, por
250 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Dem: Seja ] − ` com .Ð] Ñ œ ! tal que :ÐBÑ Ÿ m:m_ para cada
B − \ Ï ] . Para cada B − \ Ï ] tem-se então também
:ÐBÑ<ÐBÑ Ÿ m:m_ <ÐBÑ,
donde
Dem: Uma vez que se tem :ÐBÑ Ÿ m:m_ quase sempre e <ÐBÑ Ÿ m<m_
quase sempre, concluímos que se tem quase sempre simutaneamente as duas
desigualdades, portanto quase sempre
:ÐBÑ <ÐBÑ Ÿ m:m_ m<m_ ,
o que significa que m:m_ m<m_ é um majorante essencial de : <. O
facto de m: <m_ ser o menor dos majorantes essenciais implica assim que
m : < m _ Ÿ m : m _ m< m_ .
III.2.20 Sejam Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida e I um espaço de Banach.
Podemos então definir uma aplicação
Q /8=Ð\ß IÑ Ä ‘ , Ò0 Ó È mÒ0 Óm_ œ supess m0 ÐBÑm
B−\
122Nesteaspeto P_ Ð\ß IÑ comporta-se um pouco melhor que os espaços P: Ð\ß IÑ, com
" Ÿ : Ÿ _ (cf. III.2.9), uma vez que não é necessário considerar subsucessões.
254 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
0 ÐBÑ œ œ
lim 08 ÐBÑ, se B Â ]
!, se B − ]
b) Se I é um espaço de Banach
P: Ð\ß IÑ P_ Ð\ß IÑ § P< Ð\ß IÑ
e, para cada Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ P_ Ð\ß IÑß
mÒ0 Óm< Ÿ maxÖmÒ0 Óm: ß mÒ0 Óm_ ×
e portanto
F œ -F4 ,
finita ÐF4 Ñ4−M de conjuntos de f disjuntos dois a dois tais que, sendo
isto é,
" .ÐF4 Ñ
$
(2) .
4−N ÏM
#
como queríamos.
para Ò0 Óß Ò1Ó − P Ð\ß IÑ. Em particular P# Ð\ß IÑ com este produto interno,
#
œ ÈØÒ0 Óß Ò0 ÓÙ,
\ \
pelo que, uma vez que já sabemos que a aplicação Ò0 Ó È mÒ0 Óm# é uma
norma, concluímos que temos um produto interno, cuja norma associada é a
norma m † m# . O facto de termos um espaço de Hilbert resulta de que já
sabemos que P# Ð\ß IÑ, com a norma m † m# , é completo.
III.2.32 Como casos particulares muito frequentes na prática, temos aqueles em
que o espaço de Banach I é ‘ ou ‚, com os produtos internos definidos
respetivamente por Ø+ß ,Ù œ +, e por Ø+ß ,Ù œ + ,, casos em que obtemos
respetivamente as seguintes fórmulas para os produtos internos de P# ÐIß ‘Ñ
e P# ÐIß ‚Ñ,
125No caso em que o corpo dos escalares é ‘, consideramos “antilinear” como sinónimo
de “linear”, tal como interpretamos, mais geralmente, o conjugado + de um real + como
sendo o próprio +.
262 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
b) Tem-se
m : ‚ < m _ Ÿ m: m _ ‚ m< m_ .
( Ð:ÐBÑ<ÐBÑÑ . .ÐBÑ Ÿ
<
\
\ \
e portanto
b) Uma vez que :ÐBÑ Ÿ m:m_ quase sempre e <ÐBÑ Ÿ m<m_ quase sempre,
tem-se :ÐBÑ ‚ <ÐBÑ Ÿ m:m_ ‚ m<m_ quase sempre, donde a desigualdade.
c) O mais simples é talvez adapatar a demonstração de III.2.18, que não é
mais do que o caso particular : œ " do enunciado. Ora, sendo ] − ` com
.Ð] Ñ œ ! tal que :ÐBÑ Ÿ m:m_ para cada B − \ Ï ] , tem-se. para cada
§2. Os espaços P: 263
B − \Ï],
:ÐBÑ: <ÐBÑ: Ÿ m:m_
:
<ÐBÑ: ,
donde
( Ð:ÐBÑ<ÐBÑÑ . .ÐBÑ œ (
:
Ð:ÐBÑ<ÐBÑÑ: . .ÐBÑ Ÿ
\ \Ï]
e portanto
b) Se : ", ; " e < " são números reais tais que :" "; œ "< , obtém-se,
por restrição da aplicação bilinear em a), uma aplicação bilinear contínua
P: Ð\ß J Ñ ‚ P; Ð\ß KÑ Ä P< Ð\ß LÑ,
que verifica
mÒ0 Ó ‚ Ò1Óm< Ÿ Q mÒ0 Óm: mÒ1Óm; .
Exercícios
Ex III.2.1 Mostrar que, apesar de em III.2.5 termos apenas definido P: Ð\ß IÑ,
como espaço vetorial normado, no caso em que : ", é possível definir,
mais geralmente, mas apenas como subespaços vetoriais de Q /8=Ð\ß IÑ, os
por
assinalar com uma linha as normas relativas a esta medida, mostrar que
m:mw_ œ m:m_ (utilizar a última observação em II.1.28) e reparar que, para
cada : <,
:<
m:m: œ Ðm:mw:< Ñ : .
III.3.1 Dado um espaço de medida Ð\ß `ß .Ñ, diz-se que uma nova medida
.
sÀ ` Ä ‘ é .-absolutamente contínua se se tem . sÐEÑ œ ! para cada
E − ` tal que .ÐEÑ œ !.127
III.3.2 Seja Ð\ß `ß .Ñ um espaço de medida. Relembremos que, como vimos
em II.1.22, a cada função mensurável :À \ Ä ‘ fica associada uma nova
medida .Ð:Ñ definida na mesma 5 -álgebra ` por
127Para uma explicação para este nome, ver a conclusão do exercício I.2.6, válida com a
restrição de a medida .
s ser finita.
§3. Decomposição de Lebesgue e teorema de Radon-Nikodym 269
.Ð:Ñ ÐEÑ œ ( :ÐBшE ÐBÑ . .ÐBÑ Ÿ ( <ÐBшE ÐBÑ . .ÐBÑ œ .Ð<Ñ ÐEÑ.
\ \
o que mostra que as restrições a F5 das funções : e < são integráveis, como
funções F5 Ä ‘. Mas, por hipótese,
Uma vez que <ÐBÑ :ÐBÑ, para cada B − F5 , deduzimos de II.2.44 que se
5−O
cada B − \ Ï F , tem-se B − E5 Ï F5 , para algum 5 , donde :ÐBÑ Ÿ <ÐBÑ.
Ficou assim provado que :ÐBÑ Ÿ <ÐBÑ quase sempre.
4) O que vimos em 2) e 3) prova a conclusão de b). Para provarmos c) basta
agora termos em conta b) e o facto de se ter .Ð:Ñ œ .Ð<Ñ se, e só se, para cada
E − `, .Ð:Ñ ÐEÑ Ÿ .Ð<Ñ ÐEÑ e .Ð<Ñ ÐEÑ Ÿ .Ð:Ñ ÐEÑ e de se ter :ÐBÑ œ <ÐBÑ
quase sempre se, e só se, :ÐBÑ Ÿ <ÐBÑ quase sempre e <ÐBÑ Ÿ :ÐBÑ quase
sempre.
4−N
$4
aplicação mensurável 3À \ Ä Ó!ß _Ò pela condição de se ter 3ÐBÑ œ .Ð\4 Ñ ,
para cada B − \4 . Considerando a medida .w œ .Ð3Ñ À ` Ä ‘ , tem-se
.w ÐEÑ œ !, sempre que E − ` verifica .ÐEÑ œ ! e vem
o que mostra que .w é uma medida finita. Por fim, se .w ÐEÑ œ !, vem
o que implica que ˆE ÐBÑ3ÐBÑ œ ! quase sempre, donde, por ser 3ÐBÑ !,
.ÐEÑ œ !.
III.3.5 Seja Ð\ß `Ñ um espaço mensurável. Diz-se que duas medidas . e . s,
definidas em `, são mutuamente singulares, ou que . s é .-singular, se
existir F − ` com .ÐFÑ œ ! tal que . sÐ\ Ï FÑ œ !. Repare-se que,
considerando \ Ï F no lugar de F , constatamos que . s e . são então também
mutuamente singulares, e portanto . é . s-singular.
Se Ð\ß `ß .Ñ é um espaço de medida e . sÀ ` Ä ‘ é uma segunda medida,
chama-se decomposição de Lebesgue de . s (relativamente a .) a um par
ordenado de medidas Ð. s+ ß .
s= Ñ, definidas em `, tal que . s+ seja .-absolu-
tamente contínua, .
s= seja .-singular e . sœ. s+ .
s= .
III.3.6 Repare-se que a medida identicamente nula .s œ ! é simultaneamente
.-absolutamente contínua e .-singular (tomar F œ gÑ. Reciprocamente, se
§3. Decomposição de Lebesgue e teorema de Radon-Nikodym 271
( 2ÐBÑ . .
sÐBÑ œ ( <ÐBÑ 2ÐBÑ . .ÐBÑ,
\ \
s œ ( 2ÐBÑ 2ÐBÑ
ØÒ2Óß Ò2ÓÙ s . .ÐBÑ.
\
Para cada Ò2Ó − P#. Ð\ß ‘Ñ, podemos escrever, tendo em conta a desigualdade
de Cauchy-Schwarz128,
( l2ÐBÑl . .
sÐBÑ Ÿ ( l2ÐBÑl . .ÐBÑ œ ( l2ÐBÑl ‚ " . .ÐBÑ Ÿ
\ \ \
"
Ÿ mÒ2Óm# mÒ"Óm# œ .Ð\Ñ # mÒ2Óm# ,
em particular 2 é integrável relativamente à medida .
se
l( 2ÐBÑ . .
sÐBÑl Ÿ ( l2ÐBÑl . .
"
sÐBÑ Ÿ .Ð\Ñ # mÒ2Óm# .
\ \
Fica assim bem definida uma aplicação linear contínua 0À P#. Ð\ß ‘Ñ Ä ‘ por
0ÐÒ2ÓÑ œ ( 2ÐBÑ . .
sÐBÑ.
\
num espaço de Hilbert, vai existir Ò1Ó − P#. Ð\ß ‘Ñ § P". Ð\ß ‘Ñ tal que, para
cada Ò2Ó − P#. Ð\ß ‘Ñß 0ÐÒ2ÓÑ œ ØÒ1Óß Ò2ÓÙ, isto é
( 2ÐBÑ . .
sÐBÑ œ ( 1ÐBÑ 2ÐBÑ . .ÐBÑ.
\ \
e obtemos
donde 'Ew 1ÐBÑ . .ÐBÑ œ 'Ew ! . .ÐBÑ o que, por II.2.44, implica que 1ÐBÑ œ !
.-quase sempre em Ew , isto é, .ÐEw Ñ œ !. Podemos assim definir uma nova
função mensurável < À \ Ä ‘ por
<ÐBÑ œ œ
!, se B − Ew
1ÐBÑ, se B Â Ew
para a qual se tem <ÐBÑ œ 1ÐBÑ quase sempre, pelo que < verifica as
propriedades enunciadas.
3) Consideremos uma função mensurável <À \ Ä ‘ verificando as condi-
ções enunciadas em 2) e notemos F œ ÖB − \ ± <ÐBÑ "×. Tem-se então
F − ` e .ÐFÑ œ !.
Dem: Uma vez que " Ÿ <ÐBÑ, para cada B − F , podemos escrever
e portanto, por ser .ÐFÑ œ . sÐFÑ .ÐFÑ, com .ÐFÑ _, vem
.ÐFÑ œ !.
4) Podemos definir medidas .
s+ ß .
s= À ` Ä ‘ por
.
s+ ÐEÑ œ .
sÐE Ï FÑ, .
s= ÐEÑ œ .
sÐE FÑ,
tendo-se que . sœ. s+ .
s= e .
s= é .-singular.
Subdem: A verificação de que . s+ e .
s= são efetivamente medidas pode
ser feita facilmente de modo direto, mas podemos também reparar que não
temos mais que as medidas imagem direta das restrições de . s aos conjuntos
mensuráveis \ Ï F e F pelas inclusões destes conjuntos em \ (cf. I.5.13).
274 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
:ÐBÑ œ "<ÐBÑ
<ÐBÑ
, se B Â F
.
!, se B − F
( 2ÐBÑ . .
sÐBÑ œ ( <ÐBÑ 2ÐBÑ . .
sÐBÑ ( <ÐBÑ 2ÐBÑ . .ÐBÑ,
\ \ \
portanto
2ÐBÑ œ
"<ÐBÑ8
"<ÐBÑ , se B − E Ï F
,
!, se B Â E Ï F
para a qual se tem Ò2Ó − P#. Ð\ß ‘Ñ, uma vez que para cada B − E Ï F
" <ÐBÑ8
2ÐBÑ œ œ " <ÐBÑ â <ÐBÑ8" Ÿ 8.
" <ÐBÑ
Obtemos então
( sÐBÑ œ (
" <ÐBÑ8 . . :ÐBÑÐ" <ÐBÑ8 Ñ . .ÐBÑ
EÏF EÏF
e portanto, uma vez que, par cada B − E Ï F , os " <ÐBÑ8 constituem uma
sucessão crescente convergente para ", o teorema da convergência monótona
e o facto de ser .Ð:Ñ ÐE FÑ Ÿ .Ð:Ñ ÐFÑ œ ! implica que
§3. Decomposição de Lebesgue e teorema de Radon-Nikodym 275
. sÐE Ï FÑ œ (
s+ ÐEÑ œ . sÐBÑ œ (
" .. :ÐBÑ . .ÐBÑ œ
EÏF EÏF
œ .Ð:Ñ ÐE Ï FÑ œ .Ð:Ñ ÐE Ï FÑ .Ð:Ñ ÐE FÑ œ .Ð:Ñ ÐEÑ.
s+ ÐEÑ œ ( s= ÐEÑ œ (
" "
. sw+ ÐBÑ,
.. . s=w ÐBÑ.
..
E 3
s ÐBÑ E 3
s ÐBÑ
Se E − ` verifica .ÐEÑ œ !, tem-se também .w ÐEÑ œ !, donde . sw+ ÐEÑ œ !,
o que implica, por definição, que . s+ ÐEÑ œ 0. Provámos assim que a medida
.
s+ é . -absolutamente contínua. Seja agora F − `, com .w ÐFÑ œ !, tal que
w
.
s= Ð\ Ï FÑ œ ! . Tem-se então . ÐFÑ œ !e
s= Ð\ Ï FÑ œ (
"
. s=w ÐBÑ œ !,
..
\ÏF 3
sÐBÑ
œ(
"
3ÐBÑ . .
s sÐBÑ œ . sÐEÑ,
E 3
sÐBÑ
concluímos que Ð. s+ ß .
s= Ñ é efetivamente uma decomposição de Lebesgue de
.
s relativamente a ..
b) Suponhamos agora que . s é .-absolutamente contínua. Tem-se então que
276 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
œ( sw ÐBÑ œ (
" "
.. 3ÐBÑ . .
s sÐBÑ œ .
sÐEÑ,
E 3
s ÐBÑ E 3
s ÐBÑ
o que mostra que se tem efetivamente .
s œ .Ð:Ñ .
Exercícios
!B œ œ
", se B − E
!, se B Â E
e seja .
s a restrição aos borelianos de ‘ da medida associada a esta família
pelo método descrito em I.2.14, isto é, a definida por
sÐFÑ œ " !B .
.
B−F
129Alguns autores, como Halmos [6], usam em vez de “medida de Radon” a designação
“medida de Borel”. Note-se também que a definição de medida de Radon poderia ter sido
dada sem a exigência do espaço ter base contável, mas essa exigência vai importante para
a maioria dos resultados que vamos estabelecer.
278 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
B−N
7−N
7Ÿ8
131Para provarmos b), o que temos assim que mostrar é que .‡ ÐEÑ œ .ÐEÑ, para cada
boreliano E.
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 281
(2) .‡ ÐE Y Ñ .‡ ÐE Ï Y Ñ Ÿ .‡ ÐZ Ñ,
e, atendendo a que se tem então .‡ ÐZ Ñ œ .ÐZ Ñ, .‡ ÐE Y Ñ Ÿ .‡ ÐZ Y Ñ
œ .ÐZ Y Ñ e .‡ ÐE Ï Y Ñ Ÿ .‡ ÐZ Ï Y Ñ, para provarmos (2) será suficiente
mostrarmos que, quaisquer que sejam os abertos Y e Z de \ ,
(3) .ÐZ Y Ñ .‡ ÐZ Ï Y Ñ Ÿ .ÐZ Ñ.
A igualdade (3) é trivial se .ÐZ Ñ œ _, pelo que podemos já supor que
.ÐZ Ñ _, e portanto também .ÐZ Y Ñ _ e .‡ ÐZ Ï Y Ñ _, por
Z Y e Z Ï Y estarem contidos no aberto Z , caso em que (3) se pode
escrever na forma equivalente
(4) .ÐZ Y Ñ Ÿ .ÐZ Ñ .‡ ÐZ Ï Y Ñ.
Tendo em conta a conclusão da parte 2), para mostrarmos (4), basta
mostrarmos que, para cada compacto O § Z Y ,
(5) .ÐOÑ Ÿ .ÐZ Ñ .‡ ÐZ Ï Y Ñ.
Seja $ ! arbitrário. Aplicando, mais uma vez, a conclusão de (2), agora ao
aberto Z Ï O , que contém Z Ï Y , concluímos a existência de um compacto
O w § Z Ï O tal que
.ÐO w Ñ .ÐZ Ï OÑ $ .‡ ÐZ Ï Y Ñ $
e, uma vez que O O w œ g e O O w § Z , obtemos
.ÐZ Ñ .ÐO O w Ñ œ .ÐOÑ .ÐO w Ñ .ÐOÑ .‡ ÐZ Ï Y Ñ $
donde, pela arbitrariedade de $ ,
.ÐZ Ñ .ÐOÑ .‡ ÐZ Ï Y Ñ
e temos a desigualdade (5), como queríamos.
5) Para cada boreliano E de \ , tem-se .ÐEÑ Ÿ .‡ ÐEÑ.
Subdem: Para cada aberto Y de \ , com E § Y , tem-se .ÐEÑ Ÿ .ÐY Ñ
pelo que, tendo em conta a definição de .‡ ÐEÑ como um ínfimo, tem-se
efetivamente .ÐEÑ Ÿ .‡ ÐEÑ.
6) Seja E § \ um boreliano tal que E § O , para algum compacto O § \ .
Tem-se então .ÐEÑ œ .‡ ÐEÑ.
Subdem: Suponhamos, por absurdo, que isso não acontecia ou seja,
tendo em conta a conclusão de 5), que .ÐEÑ .‡ ÐEÑ. Tendo em conta a
alínea a) do lema III.4.5, podíamos considerar um aberto Y de \ com
.ÐY Ñ _ (por Y estar contido num compacto de \ que, por hipótese,
tem medida finita) e obtínhamos então, por se ter também
.ÐY Ï EÑ Ÿ .‡ ÐY Ï EÑ, o absurdo
.ÐY Ñ œ .ÐEÑ .ÐY Ï EÑ .‡ ÐEÑ .‡ ÐY Ï EÑ œ .‡ ÐY Ñ œ .ÐY Ñ.
282 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
(reparar que temos a norma do espaço P: Ð\ß ‘Ñ e não do espaço P: Ð\ß IÑ).
Subdem: Se Z − h0 38 , existe uma família finita ÐY4 Ñ4−N de abertos em
132Quem não gostar deste preciosismo lógico, acrescentará g à base de abertos h referida
em 2).
284 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
œ .ÐY Ï OÑ"Î: $ ,
como queríamos.
4) Seja I! uma parte contável densa de I . Notemos W § W>Ð\ß IÑ o
conjunto contável das classes Ò1Ó com 1À \ Ä I aplicação em escada da
forma B È ˆZ ÐBÑA, com Z − h0 38 e A − I! . Vamos mostrar que, para cada
$ ! e cada aplicação em escada 0 À \ Ä I da forma 0 ÐBÑ œ ˆE ÐBÑD , com
E − U\ , .ÐEÑ _, e D − I , existe Ò1Ó − W tal que m0 1m: $ .
Subdem: Podemos já afastar os casos triviais em que D œ ! ou
.ÐEÑ œ !, casos em que se teria Ò0 Ó œ ! e se podia tomar 1 œ !,
correspondente a Z œ g − h0 38 e A − I! arbitrário. Escolhamos A − I! tal
que
$
mD Am minÖmDmß ×,
#.ÐEÑ"Î:
em particular A Á !, e, tendo em conta a conclusão de 3), escolhamos
Z − h0 38 tal que
$
mˆZ ˆE m:
#mAm
e consideremos o correspondente Ò1Ó − W, com 1ÐBÑ œ ˆZ ÐBÑA. Notando 2 a
aplicação em escada definda por 2ÐBÑ œ ˆE ÐBÑA, obtemos
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 285
como queríamos.
5) Notemos W0 38 § W>Ð\ß IÑ o conjunto contável das somas finitas de
elementos de W. Vamos mostrar que W0 38 é denso em W>Ð\ß IÑ, para a
norma mm: , o que, como referimos em 1), terminará a demonstração do nosso
resultado.
Subdem: Sejam então Ò0 Ó − W>Ð\ß IÑ e $ ! arbitrários. Do que
referimos em II.2.18, concluímos a existência de um número finito de
elementos Ò0" Óß á ß Ò05 Ó − W>Ð\ß IÑ, cada um dos quais da forma particular
estudada em 4), tais que Ò0 Ó œ Ò0" Ó â Ò05 Ó, pelo que, para cada
" Ÿ 4 Ÿ 5 , podemos considerar Ò14 Ó − W com m04 14 m: 5$ . Tem-se então
que Ò1Ó œ Ò1" Ó â Ò15 Ó − W0 38 e
:
4œ" 4œ"
134Estaparte pode ser dispensada, do ponto de vista estritamente lógico, por quem quiser
examinar a demonstração do caso geral.
288 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
:ÐBÑ œ œ
!, se B Â Y!
.
supÖ= ± B − Y= ×, se B − Y!
4−N
Costuma-se dizer que as funções :4 constituem uma partição da unidade do
compacto O subordinada à cobertura aberta finita constituída pelos Y4 .
Dem: Vamos dividir a demonstração em duas partes:
tais que O § - O4 .
1) Vamos provar a existência de conjuntos compactos O4 § Y4 , onde 4 − N ,
sÐBÑ œ " :
: s4 ÐBÑ,
4−N
" :4 ÐBÑ œ
:
sÐBÑ
Ÿ"
4−N
:
sÐBÑ Ð" <ÐBÑÑ
" :4 ÐBÑ œ
:
sÐBÑ
œ ".
4−N
:
sÐBÑ Ð" <ÐBÑÑ
Ÿ Š( " . .ÐBÑ‹
"Î:
œ .ÐY Ï OÑ"Î: $ .
Y ÏO
3) Vamos agora verificar que, para cada Ò1Ó − W>Ð\ß IÑ (cf. III.2.26) e cada
$ !, existe Ò0 Ó − G- Ð\ß IÑ tal que
mÒ1Ó Ò0 Óm: $.
mÒ1Ó Ò0 Óm: œ ½" ÐÒ14 Ó Ò04 Óѽ Ÿ " mÒ14 Ó Ò04 Óm: $.
5 5
:
4œ" 4œ"
136A hipótese de 0 ser topologicamente mensurável poderia ser dispensada, por decorrer
da de cada restrição a Y4 ser topologicamente mensurável (cf. a alínea a) do exercício
III.4.7 adiante).
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 293
então que E œ -E: é um conjunto de ` com .ÐEÑ œ ! tal que, para cada
E: § O: e .ÐE: Ñ œ ! tal que 0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ, para cada B − O: Ï E: . Tem-se
converge em L para
Se Ò1Ó − P"69- Ð\ß IÑé tal que Ø:ß Ò1ÓÙ œ !, para todo o : − V- Ð\ß ‘Ñ, então
Ò1Ó œ !, isto é, 1ÐBÑ œ ! quase sempre.
Dem: Comecemos por reparar que se pode considerar um semianel f § U\ ,
constituído pelos borelianos E § \ que estão contidos nalgum compacto de
\ , borelianos que verificam .ÐEÑ _, e que, tendo em conta a alínea b)
do lema III.4.5, \ é a união de uma sucessão de compactos O8 , 8 − , o
que implica que a restrição de . a este semianel é 5 -finita. Este último facto
também implica que qualquer boreliano E é a união dos borelianos O8 E
que estão em f , pelo que a 5 -álgebra gerada por f é U\ . Tendo em conta
II.2.46, e uma vez que, para cada E − f , 1ÎE À E Ä I é integrável, para
138Mesmo que o corpo dos escalares de I seja ‚, podemos multiplicar números reais por
vetores de I .
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 297
( 1ÐBÑ . .ÐBÑ œ !.
E
Se Ò1Óß Ò2Ó − P"69- Ð\ß IÑ são tais que Ø:ß Ò1ÓÙ œ Ø:ß Ò2ÓÙ, para todo o
: − V- Ð\ß ‘Ñ, então Ò1Ó œ Ò2Ó, isto é, 1ÐBÑ œ 2ÐBÑ quase sempre.
Dem: Basta atender a que, para todo o : − V- Ð\ß ‘Ñ, vem
Ø:ß Ò1Ó Ò2ÓÙ œ Ø:ß Ò1ÓÙ Ø:ß Ò2ÓÙ œ !,
portanto Ò1Ó Ò2Ó œ !.
Dem: Podemos considerar o elemento < : − V- Ð\ß ‘Ñ, para o qual se tem
<ÐBÑ :ÐBÑ !, para cada B − \ , pelo que, por definição,
! Ÿ FÐ< :Ñ œ FÐ<Ñ FÐ:Ñ.
4−M
visto que, se B Â O , ambos os membros são nulos. Uma vez que se tem
:4 : ¡ Y4 , obtemos
família Ð$4 Ñ4−N com $4 ! e !$4 Ÿ $ (cf. I.3.10) e seja, para cada 4 − N , Y4
para cada 4 − N , .‡ ÐE4 Ñ _. Seja $ ! arbitrário. Consideremos uma
FÐ:Ñ Ÿ .‡ ÐZ Ñ .‡ ÐZ Ï OÑ
ou seja, escrito de outra forma,
(8) .‡ ÐZ Ï OÑ Ÿ .‡ ÐZ Ñ FÐ:Ñ.
Mais uma vez, tendo em conta a definição de .‡ ÐZ Ï OÑ como um supremo,
para provar (8) basta provar que, para cada < ¡ Z Ï O tem-se
FÐ<Ñ Ÿ .‡ ÐZ Ñ FÐ:Ñ,
ou, o que é equivalente,
(9) FÐ: <Ñ Ÿ .‡ ÐZ Ñ.
Mas, sendo O w § Z Ï O um compacto tal que <ÐBÑ œ ! para cada B  O w ,
tem-se que O O w é um compacto contido em Z tal que :ÐBÑ <ÐBÑ œ !
para cada B Â O O w e o facto de, para cada B − \ com :ÐBÑ Á !, ser
B − O , e portanto B  O w , donde <ÐBÑ œ !, implica que, para cada B − \ ,
:ÐBÑ <ÐBÑ Ÿ ", e portanto : < ¡ Z . A desigualdade (9), que nos
faltava provar, é assim uma consequência da definição de .‡ ÐZ Ñ como um
supremo.
e) Sejam E § \ boreliano, + ! e : − V- Ð\ß ‘ Ñ tal que :ÐBÑ +, para
cada B − E. Tem-se então FÐ:Ñ +.ÐEÑ.
Subdem: Podemos já afastar o caso trivial em que + œ !. Consideremos
- " arbitrário. Consideremos o aberto Y de \ ,
-
Y œ ÖB − \ ± :ÐBÑ "×,
+
que contém E. Sendo < ¡ Y arbitrário, tem-se <ÐBÑ Ÿ +- :ÐBÑ, para cada
B − \ , uma vez que, se B − Y , <ÐBÑ Ÿ " +- :ÐBÑ e, se B  Y , <ÐBÑ œ !, e
concluímos agora da propriedade de monotonia referida em III.4.25 que se
tem
- -
FÐ<Ñ Ÿ FÐ :Ñ œ FÐ:Ñ.
+ +
A definição de .ÐY Ñ œ .‡ ÐY Ñ como um supremo implica agora que se tem
.ÐY Ñ Ÿ +- FÐ:Ñ, e portanto, por ser .ÐEÑ Ÿ .ÐY Ñ, também
-
.ÐEÑ Ÿ FÐ:Ñ.
+
Tendo em conta a arbitrariedade de - , podemos considerar, para cada 8 − ,
- œ " 8" , e, passando ao limite a sucessão de desigualdades obtida, vemos
que .ÐEÑ Ÿ +" FÐ:Ñ, ou seja, FÐ:Ñ +.ÐEÑ.
f) Em particular, deduzimos de e) que . é uma medida de Radon.
Subdem: Se O § \ é um compacto, o lema de Urysohn em III.4.11
garante a existência de : ¡ \ tal que :ÐBÑ œ " para cada B − O , o que
302 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
ÝQ
Q Ð5"Ñ Q Ð5"Ñ Q5
Ÿ :ÐBÑ Ÿ
Ü 8,
8 , se 8 8 ,
Q5
se 8 Ÿ :ÐBÑ,
cada uma das quais é contínua, por ter restrição contínua a três fechados cuja
união é \ (os correspondentes a cada um dos casos da definição respetiva) e
tem suporte compacto, uma vez que, para cada B  O , :ÐBÑ œ !, e portanto
também :5 ÐBÑ œ !. Reparemos que, para cada B − \ , tem-se
:ÐBÑ œ :" ÐBÑ :# ÐBÑ â :8 ÐBÑ,
uma vez que existe " Ÿ 5 Ÿ 8, não necessariamente único, tal que
Q Ð5"Ñ
8 Ÿ :ÐBÑ Ÿ Q85 e que, para um tal 5 , tem-se :4 ÐBÑ œ !, para cada
4 5 , :5 ÐBÑ œ :ÐBÑ Q Ð5"Ñ
8 e :4 ÐBÑ œ Q 8 , para cada " Ÿ 4 Ÿ 8 ".
Consideremos os borelianos \" ß \# ß á ß \8 , disjuntos dois a dois e de união
O, definidos por
Q Ð5 "Ñ Q5
\5 œ ÖB − O ± Ÿ :ÐBÑ ×
8 8
e reparemos que, aplicando a conclusão de h) a :5 , que verifica :5 ÐBÑ œ !
para cada B Â \5 \5" â \8 , concluímos que
Q Q
FÐ:5 Ñ Ÿ .Ð\5 â \8 Ñ œ Ð.Ð\5 Ñ â .Ð\8 ÑÑ,
8 8
e portanto que
FÐ:Ñ œ FÐ:" Ñ FÐ:# Ñ â FÐ:8 Ñ Ÿ
ˆ.Ð\" Ñ #.Ð\# Ñ â 8.Ð\8 щ.
(10) Q
Ÿ
8
Q Ð5"Ñ
Por outro lado, uma vez que, para cada B − \5 , :ÐBÑ 8 , podemos
escrever
"(
8
Q Ð5 "Ñ
. .ÐBÑ œ
5œ" \5 8
Subdem: Basta examinar o caso em que não se tem :Ð\Ñ § Ò!ß _Ò e,
sendo O § \ um compacto tal que :ÐBÑ œ ! para cada B  O , seja Q !
tal que Q seja o mínimo de :ÐBÑ para B − O . Seja & ! arbitrário.
Uma vez que .ÐOÑ _, a caracterização desta medida como um ínfimo
permite fixar um aberto Y de \ , com O § Y e .ÐY Ñ .ÐOÑ &. Tendo
em conta o lema de Urysohn em III.4.11, consideremos uma função contínua
<À \ Ä Ò!ß "Ó tal que < ¡ Y e <ÐBÑ œ ", para cada B − O . O que vimos na
alínea e) implica que .ÐOÑ Ÿ FÐ<Ñ. Por outro lado, uma vez que a aplicação
contínua de suporte compacto : Q < já tem a propriedade de se ter
:ÐBÑ Q <ÐBÑ !, para cada B − \ , deduzimos do que se viu em i) que
FÐ:Ñ Q .ÐOÑ Ÿ FÐ:Ñ Q FÐ<Ñ œ FÐ: Q <Ñ Ÿ
Ÿ ( :ÐBÑ Q <ÐBÑ . .ÐBÑ œ
\
e portanto
Mais uma vez, tendo em conta a arbitrariedade de &, podemos substituir & por
"
8 e tomar o limite de ambos os membros para deduzir a desigualdade preten-
dida.
k) Sendo : − V- Ð\ß ‘Ñ arbitrário, podemos aplicar o que vimos em j) à
função : − V- Ð\ß ‘Ñ para deduzir que
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 305
portanto
140Por outras palavras F é “tão linear quanto possível”, tendo em conta o facto de o seu
domínio não ser um espaço vetorial.
306 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Exercícios
E œ . Š . E5ßY ‹.
5− Y −V5
' :ÐBÑ . .ÐBÑ é o supremo dos integrais ' :ÐBÑ . .ÐBÑ, com O compacto
função localmente integrável. Mostrar que, se E − U\ , então o integral
E O
144A prova seguindo as linhas desta sugestão é devida a Loeb e Talvila, [8]Þ
§4. Medidas de Radon em localmente compactos 309
a) Mostrar que existe uma topologia em P"69- Ð\ß IÑ definida pela condição
um conjunto i § P"69- Ð\ß IÑ ser uma vizinhança de Ò0 Ó − P69- "
Ð\ß IÑ se, e
só se, existe um compacto O § \ e $ ! tais que UOß$ ÐÒ0 ÓÑ § i Þ
b) Mostrar que uma sucessão de elementos Ò08 Ó − P"69- Ð\ß IÑ converge para
um elemento Ò0 Ó − P"69- Ð\ß IÑ em P69- "
Ð\ß IÑ (cf. III.4.19) se, e só se,
converge para esta topologia.
c) Verificar que, para a topologia de P"69- Ð\ß IÑ definida em a), cada
Ò0 Ó − P"69- Ð\ß IÑ admite um sistema fundamental de vizinhanças numerável.
Mais precisamente, considerando uma sucessão crescente de compactos
O8 § \ nas condições da alínea b) de III.4.5 (para Y œ \ ), verificar que se
obtém um tal sistema fundamental de vizinhanças tomando a classe dos
conjuntos UO8 ß 8" ÐÒ0 ÓÑ, com 8 − . Sugestão: Utilizar a propriedade das
coberturas dos compactos para mostrar que qualquer compacto O § \ está
contido num dos compactos O8 .
d) Verificar que a topologia que consideramos em P"69- Ð\ß IÑ é separada (de
Hausdorff).
e) Verificar que G- Ð\ß IÑ é denso em P"69- Ð\ß IÑ, para a topologia que
consideramos neste espaço (comparar com III.4.14).
Sugestão: Dados 0 em P"69- Ð\ß IÑ, um compacto O § \ e $ !, aplicar a
conclusão da alínea a) de III.4.5 para considerar um aberto Y w e um
compacto O w com O § Y w § O w , reparar que 0ÎY w − P" ÐY w ß IÑ e aplicar o
resultado de densidade III.4.14, reparando que uma aplicação em V- ÐY w ß IÑ é
restrição de uma em V- Ð\ß IÑ.
f) Sejam J ß Kß L três espaços de Banach e 0À J ‚ K Ä L uma aplicação
bilinear contínua, que encaramos como uma “multiplicação”, notando, para
cada A − J e D − K, A ‚ D œ 0ÐAß DÑ − L . Seja 0 À \ Ä J uma aplicação
contínua. Verificar que é contínua a aplicação
P"69- Ð\ß KÑ Ä P69-
"
Ð\ß LÑ, Ò1Ó È Ò0 Ó ‚ Ò1Ó
tendo-se
7! Ð0 Ñ œ 0 , 7B Ð7Bw Ð0 ÑÑ œ 7BBw Ð0 Ñ,
145Este
resultado explica a razão, porventura considerada estranha, de termos utilizado a
composição com 7B na definição de 7B Ð0 Ñ.
312 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
o que mostra que 7B ÐÒ0 ÓÑ − P: Б8 ß IÑ e que m7B ÐÒ0 ÓÑm: œ mÒ0 Óm: .
Suponhamos agora que Ò0 Ó − P_ Б8 ß IÑ. Podemos assim considerar um
boreliano E § ‘8 com -8 ÐEÑ œ ! tal que m0 ÐCÑm Ÿ mÒ0 Óm_ , para cada
C Â E e tem-se então
m7B Ð0 ÑÐCÑm œ m0 ÐC BÑm Ÿ mÒ0 Óm_ ,
sempre que C B Â E, isto é, sempre que C Â 7B ÐEÑ, onde 7B ÐEÑ é um
boreliano de ‘8 com -8 Ð7B ÐEÑÑ œ -8 ÐEÑ œ !, o que implica que 7B ÐÒ0 ÓÑ
está em P_ Б8 ß IÑ e que m7B ÐÒ0 ÓÑm_ Ÿ mÒ0 Óm_ . Para mostrar que se tem
mesmo m7B ÐÒ0 ÓÑm_ œ mÒ0 Óm_ basta agora reparar que se pode escrever
mÒ0 Óm_ œ m7B Ð7B ÐÒ0 ÓÑÑm_ Ÿ m7B ÐÒ0 ÓÑm_ .
Ÿ( $ : ÎQ . -8 ÐCÑ œ $ : ,
FV" Ð!Ñ
œ ( :ÐB CÑ<
s ÐCÑ . -8 ÐCÑ œ :‡<
s ÐBÑ.
‘8
148Reparar que o resultado precedente é o caso limite deste em que < œ _. Reparar
também que um dos casos particulares deste resultado é aquele em que : œ ; œ < œ " e
que, nesse caso, vimos em III.5.6 que temos mesmo uma igualdade. Reparar também na
diferença relativamente à situação tratada em III.2.34, em que, em vez do produto de
convolução, temos a multiplicação usual.
§5. Translações e produto de convolução em ‘8 317
‘8
‘8 ÏE!
‘8 ÏE!
‘8
Ÿ( ˆ<ÐB CÑ :;Î< ‰=
. .ÐCÑ œ ( <ÐB CÑ; . .ÐCÑ œ
‘8 ‘8
e portanto também
m : ‡< m < Ÿ " œ m: m: m< m; ,
s ÐBÑ œ "
:
s‡< :‡<ÐBÑ
+,
pelo que, tendo em conta o que se viu no caso particular estudado em a),
m:‡<m< œ +,m: s m< Ÿ +, œ m:m: m<m; ,
s ‡<
como queríamos.
0 ‡1ÐBÑ
s s ÐBÑ œ s0 ‡1ÐBÑ
œ s1‡0 ÐBÑ œ s1‡0 s .
152É claro que não há qualquer inconveniente em utilizar a notação Ò0 Ó‡Ò1Ó para designar
também o elemento de Q /8=Б8 ß LÑ associado, desde que seja claro qual o contexto em
que nos colocamos.
§5. Translações e produto de convolução em ‘8 323
153De facto, verifica-se facilmente que a segunda igualdade é válida, mais geralmente,
para cada B − ‘8 , por ambos os membros serem identicamente nulos, no caso em que
+ œ !, e quando + Á !, por ambos os membros serem nulos para cada B  W0" ß1 œ W+0" ß1 .
O facto de não se passar o mesmo com a primeira igualdade é o “castigo” que sofremos
pela arbitrariedade da definição que demos do produto de convolução nos pontos fora do
domínio de convolução e resulta de que podem existir pontos em W0" 0# ß1 que não estão
nem em W0" ß1 nem em W0# ß1 .
§5. Translações e produto de convolução em ‘8 325
Ÿ( m0 ÐB CÑ ‚ 1ÐCÑm . -8 ÐCÑ Ÿ
‘8
como queremos.
III.5.21 (Outras condições suficientes para a convolucionabilidade forte I)
Sejam J ß Kß L três espaços de Banach e 0À J ‚ K Ä L uma aplicação
bilinear contínua.
Sejam 0 À ‘8 Ä J uma aplicação contínua e de suporte compacto (cf. III.4.8)
e 1À ‘8 Ä K uma aplicação localmente integrável (cf. III.4.15). Tem-se
então que 0 e 1 são fortemente convolucionáveis e a aplicação 0 ‡1À ‘8 Ä L
é contínua.
Dem: Lembrando que a continuidade é uma propriedade local, basta provar-
mos que, para cada B! − ‘8 e < !, a bola aberta F< ÐB! Ñ está contida no
domínio de convolução W0 ß1 e a restrição de 0 ‡1 a esta bola aberta é
contínua. Fixemos então B! − ‘8 e < !. Seja O § ‘8 um compacto, que
podemos já supor não vazio, tal que 0 ÐBÑ œ !, para cada B  O e seja V o
máximo em O da função contínua B È m0 ÐBÑmÞ Notando F < ÐB! Ñ a bola
fechada de centro ! e raio <, consideremos o compacto O w œ F < ÐB! Ñ O ,
imagem do compacto F < ÐB! Ñ ‚ O de ‘8 ‚ ‘8 pela aplicação contínua
ÐAß DÑ È A D . Consideremos uma constante Q ! tal que
m0ÐAß Aw Ñm Ÿ Q mAmmAw m.
§5. Translações e produto de convolução em ‘8 327
III.5.22 (Caso do suporte compacto) Suponhamos que, para além das hipóteses
do resultado precedente, a aplicação localmente integrável 1À ‘8 Ä K é
também de suporte compacto154. Tem-se então que a aplicação contínua
0 ‡1À ‘8 Ä L é de suporte compacto.
Mais precisamente, se Oß P § ‘8 são dois compactos tais que 0 ÐBÑ œ ! para
cada B  O e 1ÐBÑ œ ! para cada B  P, então O P § ‘8 é um compacto
tal que 0 ‡1ÐBÑ œ ! para cada B  O P.
Dem: O facto de O P ser compacto resulta de se tratar da imagem do
compacto O ‚ P § ‘8 ‚ ‘8 pela aplicação contínua ÐBß CÑ È B C . A
conclusão resulta agora de que, se B Â O P, então, para todo o C − ‘8 ,
0 ÐB CÑ ‚ 1ÐCÑ œ !, e portanto
(
`0 `0
ÐB! CÑ ‚ 1ÐCÑ . -8 ÐCÑ œ ‡1ÐB! Ñ.
‘8 `B3 `B3
parciais em relação a cada uma das variáveis e estas são de classe G : . O caso
: œ _ é uma consequência do caso em que : é finito.
III.5.26 (Casos de derivabilidade do produto de convolução II) Sejam
J ß Kß L três espaços de Banach e 0À J ‚ K Ä L uma aplicação bilinear
contínua.
Seja 0 À ‘8 Ä J uma aplicação integrável e de suporte compacto. Seja
1À ‘8 Ä K uma aplicação contínua tal que, para um certo " Ÿ 3 Ÿ 8, exista,
`1 `1
para cada B − ‘8 , a derivada parcial `B 3
ÐBÑ e a aplicação `B 3
À ‘8 Ä J seja
`1
contínua. Tem-se então que tanto 0 e 1 como 0 e `B 3
são fortemente
8
convolucionáveis, a aplicação 0 ‡1À ‘ Ä L é contínua e admite, para cada
B − ‘8 , uma derivada parcial
` `1
Ð0 ‡1ÑÐBÑ œ Ð0 ‡ ÑÐBÑ,
`B3 `B3
e a aplicação
` `1 8
Ð0 ‡1Ñ œ 0 ‡ À ‘ Ä L,
`B3 `B3
é contínua.
Dem: Tendo em conta III.5.23, sabemos que 0 e 1 são fortemente convolu-
`1
cionáveis, e com 0 ‡1À ‘8 Ä L contínua, e que 0 e `B 3
são fortemente
`1
convolucionáveis, e com 0 ‡ `B 3
À ‘8 Ä L contínua. Resta-nos mostrar que,
para cada " Ÿ 3 Ÿ 8 e cada B! œ ÐB! " ß á ß B! 8 Ñ, 0 ‡1 tem derivada parcial
em relação à variável 3 em B! dada por
` `1
Ð0 ‡1ÑÐB! Ñ œ 0 ‡ ÐB! Ñ
`B3 `B3
e, para isso, basta mostrarmos que isso acontece com a restrição de 0 ‡1 a
uma certa bola aberta F< ÐB! Ñ, onde, para fixar ideias, consideramos em ‘8 a
norma do máximo mm_ . Vamos, para isso, utilizar a propriedade comutativa
do produto de convolução em III.5.14, que implica que, para cada B − ‘8 ,
ÐBÑ œ ( 0 ÐCÑ ‚
`1 `1
0‡ ÐB CÑ . -8 ÐCÑ.
`B3 ‘8 `B 3
m0ÐAß Aw Ñm Ÿ Q mAmmAw m.
`1
Considerando B − F< ÐB! Ñ, tem-se m `B 3
ÐB CÑm Ÿ V sempre que C − O e
daqui resulta que, para cada C − ‘8 ,
`1 `1
m0 ÐCÑ ‚ ÐB CÑm Ÿ Q m0 ÐCÑmm ÐB CÑm Ÿ Q Vm0 ÐCÑm,
`B3 `B3
onde
(
`1 `0
0 ÐCÑ ‚ ÐB! CÑ . -8 ÐCÑ œ ‡1ÐB! Ñ.
‘8 `B3 `B3
Exercícios
III.6.1 (Lema) Tem lugar uma aplicação de classe G _ , :À ‘ Ä Ò!ß "Ò, definida
por
:Ð>Ñ œ œ
! , se > Ÿ !
.
/"Î> , se > !
:: Ð>Ñ œ œ
! , se > Ÿ !
" "Î> ,
>: / , se > !
aplicação que é contínua uma vez que se verifica, por indução em :, utili-
zando a regra de Cauchy para levantar indeterminações, que
=:
lim =: /= œ lim œ !.
=Ä_ =Ä_ /=
( F5 ÐBÑ . -8 ÐBÑ œ (
" "
F5 Ð CÑ .Ð 8 -8 ÑÐCÑ œ
‘8 ‘8 5 5
( 5 FÐCÑ . -8 ÐCÑ œ ".
" 8
œ
5 8 ‘8
O ww œ O F 5# Ð!Ñ œ . F 5# ÐBÑ § Y ,
B−O
B−O
e portanto
e portanto
4−N
tais que O § - O4 .
1) Vamos provar a existência de conjuntos compactos O4 § Y4 , onde 4 − N ,
sÐBÑ œ " :
: s4 ÐBÑ,
4−N
" :4 ÐBÑ œ
:
sÐBÑ
Ÿ"
4−N
:
sÐBÑ Ð" <ÐBÑÑ
340 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
" :4 ÐBÑ œ
:
sÐBÑ
œ ".
4−N
:
sÐBÑ Ð" <ÐBÑÑ
Ÿ( F5 ÐCÑ $ . -8 ÐCÑ œ $ .
F"Î5 Ð!Ñ
Se Ò1Ó − P"69- ÐY ß IÑé tal que Ø:ß Ò1ÓÙ œ !, para todo o : − V-_ ÐY ß ‘Ñ, então
Ò1Ó œ !, isto é, 1ÐBÑ œ ! quase sempre.
Dem: Tendo em conta III.4.23, bastará provar que se tem, mais geralmente,
Ø:ß Ò1ÓÙ œ !, para todo o : − V- ÐY ß ‘Ñ. Fixemos então um tal : − V- ÐY ß ‘Ñ,
que podemos já supor diferente da função !.
Seja O § Y um compacto tal que :ÐBÑ œ !, para cada B − Y Ï O . Podemos
então considerar & ! tal que o compacto O w œ O F & Ð!Ñ ¨ O esteja
ainda contido em Y (a existência de um tal & é trivial se Y œ ‘8 e, caso
contrário, basta tomar & menor que o mínimo estritamente positivo para
B − O da distância de B ao conjunto fechado ‘8 Ï Y , que é função contínua
de B). Seja : sÀ ‘8 Ä I o prolongamento de : que toma o valor ! fora de Y ,
função ainda com suporte compacto e cuja continuidade decorre da continui-
dade das suas restrições aos abertos Y e ‘8 Ï O de união ‘8 , esta última por
ser identicamente !.
Seja $ ! arbitrário. Aplicando III.6.5, concluímos a existência de 5! −
tal que, para cada 5 5! , a aplicação de classe G _ e de suporte compacto
F5 ‡:sÀ ‘8 Ä ‘ verifica, para cada B − O w ,
lF5 ‡:
sÐBÑ :
sÐBÑl $
mØ:ß Ò1ÓÙm œ mØ:ß Ò1ÓÙ Ø< ß Ò1ÓÙm œ ½( Ð:ÐBÑ < ÐBÑÑ1ÐBÑ .-8 ÐBѽ Ÿ
Y
Se Ò1Óß Ò2Ó − P"69- ÐY ß IÑsão tais que Ø:ß Ò1ÓÙ œ Ø:ß Ò2ÓÙ, para todo o
: − V-_ ÐY ß ‘Ñ, então Ò1Ó œ Ò2Ó, isto é, 1ÐBÑ œ 2ÐBÑ quase sempre.
Dem: Basta atender a que, para todo o : − V-_ ÐY ß ‘Ñ, vem
Ø:ß Ò1Ó Ò2ÓÙ œ Ø:ß Ò1ÓÙ Ø:ß Ò2ÓÙ œ !,
portanto Ò1Ó Ò2Ó œ !.
( 0 Ð>Ñ .> œ !.
w
Y
( 03 ÐBÑ . -8 ÐBÑ œ !.
Y
( s0 3 ÐB" ß á ß B8 Ñ .B3 œ (
`0s
ÐB" ß á ß B8 Ñ .B3 œ
‘ ÒVßVÓ `B3
Y Y Y
`:
0˜ ÐBÑ œ :ÐBÑ0 ÐBÑ, 0˜ 3 ÐBÑ œ ÐBÑ0 ÐBÑ :ÐBÑ03 ÐBÑ.
`B3
Estas aplicações têm restrições contínuas a Y Ï ÖB! × e, para cada
`0˜
B − Y Ï ÖB! ×, tem-se `B 3
ÐBÑ œ 0˜ 3 ÐBÑ. Tendo em conta a alínea b) do lema
III.6.11, vem assim
4−M
teorema da partição da unidade em III.6.4, consideremos funções
<4 À ‘8 Ä ‘ de classe G _ , onde 4 − M , tais que cada, para cada 4 − M , exista
tenha, para cada B − O , ! <4 ÐBÑ œ ". Podemos considerar, para cada 4 − M ,
um compacto O4 § Y4 com <4 ÐBÑ œ ! para cada B − ‘8 Ï O4 e que se
4−M
uma função :4 À Y Ä ‘ de classe G _ definida por :4 ÐBÑ œ <4 ÐBÑ:ÐBÑ, para
qual se tem, não só :4 − V-_ ÐY ß ‘Ñ, mas também :4 ÎY4 − V-_ ÐY4 ß ‘Ñ, por ser
4−M
já que, para cada cada B Â O , ambos os membros são !, deduzimos que se
tem também, para cada B − Y ,
ÐBÑ œ "
`: ` :4
ÐBÑ,
`B3 4−M
`B3
e portanto
œ " (
` :4 ÎY4
ÐBÑ 0ÎY4 ÐBÑ . -8 ÐBÑ œ
4−M Y4 `B3
œ " (
` :4
ÐBÑ 0 ÐBÑ . -8 ÐBÑ œ
4−M Y `B3
œ (
`:
ÐBÑ 0 ÐBÑ . -8 ÐBÑ,
Y `B3
o que prova o resultado.
III.6.15 (Enunciado alternativo do caráter local) Sejam I um espaço de
Banach, Y § ‘8 um aberto, Ò0 Óß Ò1Ó − P"69- ÐY ß IÑ e " Ÿ 3 Ÿ 8. Suponhamos
que, para cada B! − Y , existe um aberto Z de ‘8 , com B! − Z § Y , tal que
Ò0ÎZ Ó − P"69- ÐY4 ß IÑ admita Ò1ÎZ Ó − P69-
"
ÐY4 ß IÑ como derivada fraca relati-
vamente à variável 3. Tem-se então que Ò0 Ó admite Ò1Ó como derivada fraca
relativamente à variável 3.
Dem: Sendo, para cada B − Y , ZB um aberto com B − ZB § Y nas condições
do enunciado, a família ÐZB ÑB−Y verifica as hipóteses em III.6.14.
348 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
œ (
`:
ÐBÑ Ð0" ÐBÑ 0# ÐBÑÑ . -8 ÐBÑ.
Y `B 3
Até agora, o único resultado que encontrámos e que nos permite identi-
ficar derivadas fracas foi aquele em que a função é contínua, admite deri-
vada parcial, no sentido usual, em todos os pontos (com uma eventual
singularidade no caso em que 8 #) e esta derivada parcial é contínua
(cf. III.6.12). Examinamos agora duas situações em que podemos garantir
a existência de derivadas fracas sem que as hipóteses referidas sejam
verificadas.
§6. Aplicações do produto de convolução e derivadas fracas 349
s0 Ð>Ñ œ ( 0 Ð=Ñ .=
>
s0 À N Ä I ,
>!
( : Ð>Ñ0
s Ð>Ñ .> œ ( :w Ð>Ñ Š( 0 Ð=Ñ .=‹ .> œ
>
w
N Ò+ß,Ó +
œ( : Ð>Ñ Š(
w
ˆÒ+ß>Ó Ð=Ñ 0 Ð=Ñ .=‹ .> œ
Ò+ß,Ó Ò+ß,Ó
: − V-_ ÐY ß ‘Ñ arbitrário. Uma vez que se tem também :< − V-_ ÐY ß ‘Ñ, vem
e portanto
`<
Ø: ß Ò 0 Ó Ò<1ÓÙ œ
`B3
œ ( :ÐBÑ ÐBÑ0 ÐBÑ . -8 ÐBÑ ( :ÐBÑ<ÐBÑ1ÐBÑ .-8 ÐBÑ œ
`<
Y `B 3 Y
œ (
`: `:
ÐBÑ<ÐBÑ0 ÐBÑ. -8 ÐBÑ œ Ø ß Ò<0 ÓÙ.
Y `B3 `B3
!,
`<
s0 3 ÐBÑ œ `B3 ÐBÑ0 ÐBÑ <ÐBÑ03 ÐBÑ, se B − Y
se B Â Y
352 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Ow
- ÐO wÑ
O 8
w
s ÐBÑ œ ( F5 ÐB CÑ0
F5 ‡0 s ÐCÑ. -8 ÐCÑ œ ( F5 ÐB CÑ0
s ÐCÑ. -8 ÐCÑ œ
‘8 Ow
pelo que podemos concluir que ÒF5 ‡0 ÓÎO Ä Ò0 ÓÎO em P" ÐOß IÑ. Ficou
assim provado que ÒF5 ‡0 Ó Ä Ò0 Ó em P"69- Б8 ß IÑ.
III.6.23 (Suavização de uma derivada fraca) Sejam I um espaço de Banach e
Ò0 Ó − P169- Б8 ß IÑ admitindo uma derivada fraca H3 Ò0 Ó − P169- Б8 ß IÑ
relativamente à variável 3. Tem-se então que as aproximações
F5 ‡0 À ‘8 Ä I e F5 ‡1À ‘8 Ä I , de classe G _ , verificam, para cada
B − ‘8 ,
`ÐF5 ‡0 Ñ
ÐBÑ œ F5 ‡H3 Ò0 ÓÐBÑ.
`B3
Dem: Seja B − ‘8 fixado. Podemos então considerar a função G _ de ‘8
para ‘ que a C associa F5 ÐB CÑ, que é de suporte compacto, por ser nula
fora da bola F "Î5 ÐBÑ, e cuja derivada em ordem à variável 3 em cada ponto C
é igual a ``BF35 ÐB CÑ. Sendo H3 Ò0 Ó œ Ò1Ó e tendo em conta a definição da
derivada fraca e III.5.24, tem-se assim
œ(
` F5 ` F5
ÐB CÑ0 ÐCÑ . -8 ÐCÑ œ ‡0 ÐBÑ œ
‘8 `B 3 `B3
`ÐF5 ‡0 Ñ
œ ÐBÑ.
`B3
`05 s
` F5 ‡0
ÐBÑ œ s ÓÐBÑ,
ÐBÑ œ F5 ‡H3 Ò0
`B3 `B3
onde, mais uma vez por III.6.22, ÒF5 ‡H3 Ò0 s ÓÓ Ä H3 Ò0s Ó em P" Б8 ß IÑ e
`05 s ÓÎZ œ H3 Ò0 ÓÎZ em P" ÐZ ß IÑ.
portanto, por restrição Ò `B3 ÎZ Ó Ä H3 Ò0
`Ð0 ‚ 15 Ñ `0 `15
ÐBÑ œ ÐBÑ ‚ 15 ÐBÑ 0 ÐBÑ ‚ ÐBÑ
`B3 `B3 `B3
`Ð0 ‚15 Ñ
pelo que concluímos, em particular, que `B3 À Y Ä L é contínua e
portanto, por III.6.12, Ò `Ð0`B‚13 5 Ñ Ó œ H3 Ò0 ‚ 15 Ó. Tendo em conta III.4.22 e
III.4.20, vemos que, em P"69- ÐZ ß LÑ,
Ò0 ‚ 15 ÓÎZ œ Ò0 ÓÎZ ‚ Ò15 ÓÎZ Ä Ò0 ÓÎZ ‚ Ò1ÓÎZ ,
`Ð0 ‚ 15 Ñ `0
Ò ÓÎZ Ä Ò ÓÎZ ‚ Ò1ÓÎZ Ò0 ÓÎZ ‚ H3 Ò1ÓÎZ ,
`B3 `B3
e daqui deduzimos finalmente, tendo em conta III.6.18, que
`0
H3 ÐÒ0 ÓÎZ ‚ Ò1ÓÎZ Ñ œ Ò ÓÎZ ‚ Ò1ÓÎZ Ò0 ÓÎZ ‚ H3 Ò1ÓÎZ ,
`B3
como queríamos.
constante com valor A! e Ò0ÎZ w Ó é constante com valor A" , então Ò0ÎZ Z w Ó é
constante com ambos os valores A! e A" ).
3) Diz-se que a classe Ò0 Ó é localmente constante se é localmente constante
em cada ponto de Y (com um valor que poderá variar de ponto para ponto).
Note-se que, lembrando a alínea b) de III.4.16 e o referido em 1), se
Ò0 Ó − Q /8=ÐY ß IÑ é uma classe localmente constante, então tem-se
Ò0 Ó − P"69- ÐY ß IÑ.
III.6.27 (Classes localmente constantes e classes constantes) Sejam Y § ‘8
um aberto, I um espaço de Banach e Ò0 Ó − Q /8=ÐY ß IÑ. Tem-se então:
a) Se Ò0 Ó é uma classe constante, com valor A! , então Ò0 Ó é uma classe
localmente constante, com o mesmo valor A! em todos os pontos.
b) Se Ò0 Ó é uma classe localmente constante, com o mesmo valor A! em
todos os pontos, então Ò0 Ó é uma classe constante, com valor A! .
Dem: A afirmação de a) é trivial. Suponhamos então que Ò0 Ó é localmente
constante, com o mesmo valor A! em todos os pontos. Consideremos uma
família contável ÐZ4 Ñ4−N cujo conjunto dos termos seja uma base de abertos
de ‘8 e notemos N w o conjunto dos índices 4 tais que Z4 § Y e Ò0ÎZ4 Ó seja
constante de valor A! . Para cada 4 − N w , podemos considerar um boreliano
4−N w
verificar que 0 ÐBÑ œ A! , para cada B − Y Ï E, o que mostrará que Ò0 Ó é
efetivamente uma classe constante com valor A! . Ora, se B − Y Ï E,
podemos considerar um aberto Z com B − Z § Y tal que Ò0ÎZ Ó seja
constante de valor A! e escolher 4 − N tal que B − Z4 § Z , tendo-se então
também Ò0ÎZ4 Ó constante de valor A! , isto é, 4 − N w , e por ser B Â E4 , tem-se
efetivamente 0 ÐBÑ œ A! .
III.6.28 (Classes localmente constantes de domínio conexo) Sejam Y § ‘8
um aberto conexo, I um espaço de Banach e Ò0 Ó − Q /8=ÐY ß IÑ uma classe
localmente constante. Tem-se então que Ò0 Ó é mesmo uma classe constante.
Dem: Vamos afastar já o caso trivial em que Y œ g. Seja B! − Y fixado e
seja A! − I tal que Ò0 Ó seja localmente constante em B! , com valor A! . Seja
Y w o conjunto dos B − Y tais que Ò0 Ó seja localmente constante em B com
valor A! . Se B" − Y w , podemos considerar um aberto Z com B" − Z § Y tal
que Ò0ÎZ Ó seja constante com valor A! e então vem Z § Y w . Provámos assim
que Y w é aberto. Analogamente, se B" − Y Ï Y w , podemos considerar um
aberto Z com B" − Z § Y tal que Ò0ÎZ Ó seja constante com valor A" Á A! e
então vem Z § Y Ï Y w . Provámos assim que Y Ï Y w também é aberto. Uma
vez que Y é conexo e que B! − Y w , concluímos que Y Ï Y w œ g, isto é, que
Y w œ Y . Provámos assim que Ò0 Ó é localmente constante com o mesmo valor
A! em todos os pontos donde deduzimos, por III.6.27, que Ò0 Ó é uma classe
constante com valor A! .
358 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
portanto A5 Ä A em I , com
( 0 ÐBÑ . -8 ÐBÑ − I .
"
Aœ
+ Z
Mas, de se ter
O facto de o aberto F< ÐB! Ñ ser conexo implica assim que a restrição a F< ÐB! Ñ
da aplicação F5 ‡0 tem um valor constante A5 . Mas, por III.6.22, a sucessão
das classes ÒF5 ‡0 Ó converge em P"69- Б8 ß IÑ para Ò0 Ó, e portanto a sucessão
das classes ÒF5 ‡0ÎF< ÐB! Ñ Ó converge em P"69- ÐF< ÐB! Ñß IÑ para Ò0ÎF< ÐB! Ñ Ó. Tendo
em conta o lema III.6.29 e III.6.28, concluímos que Ò0ÎF< ÐB! Ñ Ó é uma classe
localmente constante, e portanto constante. Acabámos asim de provar que a
classe Ò0ÎY Ó é localmente constante.
III.6.31 (Teorema das derivadas nulas) Sejam I um espaço de Banach,
Y § ‘8 um aberto e Ò0 Ó − P"69- ÐY ß IÑ admitindo, para cada " Ÿ 3 Ÿ 8, uma
derivada fraca H3 Ò0 Ó œ ! − P"69- ÐY ß IÑ. Tem-se então que Ò0 Ó é uma classe
localmente constante.
Dem: Seja B! − Y arbitrário. Seja < ! tal que o compacto F < ÐB! Ñ esteja
contido em Y . Tendo em conta o lema de extensão III.6.20, podemos
considerar uma classe Ò0 s Ó − P" Б8 ß IÑ admitindo, para cada " Ÿ 3 Ÿ 8,
69-
uma derivada fraca H3 Ò0 s Ó − P" Б8 ß IÑ e tal que Ò0ÎF ÐB Ñ Ó œ Ò0s ÎF ÐB Ñ Ó. Em
69- < ! < !
constante. O facto de F< ÐB! Ñ ser um aberto conexo implica então, por
III.6.28, que Ò0ÎF< ÐB! Ñ Ó é mesmo uma classe constante, o que, tendo em conta
a arbitrariedade de B! , implica que Ò0 Ó é uma classe localmente constante.
e F5 ‡1ÐBÑ
s œ ! para cada B  O F "Î5 Ð!Ñ. Fixando 5 5! tal que 5" Ÿ &,
tem-se assim, em particular F5 ‡1ÐBÑs œ ! para cada B  O w e podemos
s a Y , que pertence a V-_ ÐY ß IÑ e verifica
considerar a restrição 2 de F5 ‡1
mÒ1Ó Ò2Óm: œ mÒ1Ó
s F5 ‡1Ó
s m: $.
Exercícios
0 ÐBÑ œ œ 1ÐBÑ œ œ
B, se B ! ", se B !
, .
!, se B ! !, se B !
0! ÐBÑ œ mBm
"
! , se B Á !
,
!, se B œ !
3œ"
H3 ÐÒ1Ó ‰ 0 Ñ œ " Ò
8
`04
Ó ‚ ÐH4 Ò1Ó ‰ 0 Ñ.
4œ"
`B3
162De facto esta hipótese é desnecessária, por resultar da aditividade em 2), se repararmos
que se tem g œ g g.
163A condição de termos a soma de uma família absolutamente somável é mais forte do
que a condição usual de termos apenas uma família somável e veremos adiante que ela
implica que as medidas vetoriais que utilizamos são apenas aquelas que têm variação total
finita. De qualquer modo, são apenas estas últimas as que nos interessarão e, ao exigir
esta condição mais forte, limitamos o conhecimento que seria necessário possuir sobre
famílias somáves mais gerais.
364 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
:Ÿ8
ser o supremo das somas ! m=ÐF3 Ñm com ÐF3 Ñ3−M família finita de conjuntos
medida de variação total de =, pela condição de, para cada E − `, l=lÐEÑ
3−M
de ` disjuntos dois a dois e com F3 § E. Além disso:
a) Para cada Eß F − `, com F § E, tem-se m=ÐFÑm Ÿ l=lÐEÑ, em particu-
lar m=ÐEÑm Ÿ l=lÐEÑ;
b) Se E − `, tem-se l=lÐEÑ œ ! se, e só se, =ÐFÑ œ !, para todo o F − `
com F § E.
c) Se + − \ é tal que Ö+× − `, então l=lÐÖ+×Ñ œ m=ÐÖ+×Ñm
Dem: Comecemos por reparar que, para cada E − ` existem sempre
famílias finitas ÐF3 Ñ3−M de conjuntos de ` disjuntos dois a dois contidos em
E, como as famílias com um único conjunto igual a F , onde F − ` e
F § E (por exemplo F œ EÑ, o que mostra que faz sentido considerar o
164Reparar que, ao contrário do que sucedia no resultado referido, não há aqui lugar a
exigir que uma certa medida seja finita, uma vez que as medidas vetoriais são sempre
finitas.
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 365
supremo referido e que se tem m=ÐFÑm Ÿ l=lÐEÑ, para cada F nas condições
referidas. Se for =ÐFÑ œ !, para todo o F § E, todas as somas cujo supremo
define l=lÐEÑ são iguais a !, o que mostra que l=lÐEÑ œ !. Reciprocamente,
se l=lÐEÑ œ !, então, para cada F − ` com F § E, tem-se
m=ÐFÑm Ÿ l=lÐEÑ œ !,
portanto =ÐFÑ œ !. Em particular, já podemos concluir que l=lÐgÑ œ !. No
caso em que Ö+× − `, tem-se mesmo l=lÐÖ+×Ñ œ m=ÐÖ+×Ñm, uma vez que já
sabemos que m=ÐÖ+×Ñm Ÿ l=lÐÖ+×Ñ e a desigualdade oposta resulta de que,
para cada família finita ÐF3 Ñ3−M de conjuntos de ` disjuntos dois a dois e
4−N 4−N
demonstração. Dividimos essa prova em duas partes, em cada uma das quais
justificamos uma desigualdade.
1) Mostremos que se tem
" l=lÐE4 Ñl Ÿ l=lÐEÑ.
4−N
4−M
é finito, o que implica que se tem também l=lÐE4 Ñ _ para cada 4 − M .
Fixemos então um tal conjunto finito M § N , que podemos já supor não
vazio, seja 8 o número de elementos de M e seja $ ! arbitrário. Para cada
4 − M , podemos considerar uma família finita ÐF4ß5 Ñ5−O4 de conjuntos de `
disjuntos dois a dois e contidos em E4 tal que
Ÿ l=lÐEÑ.
Tendo em conta a arbitrariedade de $ , concluímos que
366 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
como queríamos.
2) Provemos agora a desigualdade oposta
l=lÐEÑ Ÿ " l=lÐE4 Ñl.
4−N
Ora, dada uma tal família, vemos que, para cada 3 − M , F3 œ - ÐF3 E4 Ñ,
4−N
com estes conjuntos disjuntos dois a dois, e que, para cada 4 − N , os
conjuntos F3 E4 , com 3 − M , são disjuntos dois a dois e contidos em E4
pelo que podemos escrever
como queríamos.
III.7.5 (A medida de variação total é finita) Sejam I um espaço de Banach,
Ð\ß `Ñ um espaço mensurável e =À ` Ä I uma I -medida. Tem-se então
que a medida de variação total l=lÀ ` Ä ‘ verifica l=lÐ\Ñ _.
Dem: Vamos dividir a demonstração é várias partes, cada uma eventual-
mente com a sua própria demonstração.
1) Comecemos por reparar que, tendo em conta a condição 2) na definição
4−N
2) Apenas para efeito desta demonstração, vamos dizer que um conjunto
E − ` é =-limitado se existir O ! tal que, para cada F − ` com
F § E, m=ÐFÑm Ÿ O .165
3) Se Eß Ew − ` são dois conjuntos =-limitados, então E Ew é também
=-limitado.
Subdem: Sejam Oß O w ! tais que m=ÐFÑm Ÿ O , para cada F § E, e
165É claro que, depois de demonstrado este resultado, podemos concluir que todo o
conjunto é =-limitado, bastando tomar l=lÐ\Ñ como constante O .
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 367
8−
que é absurdo, tendo em conta 1). Para fazer a construção recursiva referida,
começamos por utilizar 4), com E œ \ , para considerar \" − ` tal que
m=Ð\" Ñm " e que \ Ï \" não seja =-limitado e, supondo já construídos
\" ß á ß \8 nas condições referidas, utilizamos de novo 4), com
E œ \ Ï Ð\" â \8 Ñ, para considerar \8" § \ Ï Ð\" â \8 Ñ, tal
que \8" − `, m=Ð\8" Ñm " e
Ð\ Ï Ð\" â \8 ÑÑ Ï \8" œ \ Ï Ð\" â \8" Ñ
não =-limitado.
6) Vamos mostrar que, se E − ` verifica l=lÐEÑ œ _, então existe uma
E Ï -F3 , que se tem mesmo -F3 œ E. Seja 8! Ÿ 8 o menor natural tal que
" m=ÐF3 Ñm O .
8!
3œ"
" m=ÐF3 Ñm Ÿ #O
8!
3œ"
e portanto 8! 8 e
" m=ÐF3 Ñm O .
8
3œ8! "
E w œ . F3 , Eww œ . F3 ,
8! 8
3œ" 3œ8!
o facto de l=l ser uma medida com l=lÐEÑ œ _ implica que se tem
l=lÐEw Ñ œ _ ou l=lÐEww Ñ œ _ pelo que, para obter as condições reque-
ridas, basta tomar M œ Ö"ß á ß 8! × se l=lÐEww Ñ œ _ e M œ Ö8! "ß á ß 8×
se l=lÐEww Ñ _.
7) Vamos mostrar que l=lÐ\Ñ _, o que terminará a demonstração.
Subdem: Suponhamos, por absurdo, que l=lÐ\Ñ œ _. Vamos cons-
truir recursivamente, para cada 8 − , uma família finita ÐF8ß3 Ñ3−M8 de
conjuntos de ` disjuntos dois a dois de modo que, notando \8 a união dos
F8ß3 com 3 − M8 , se tenha, para cada 8, F8"ß3 § \ Ï Ð\" â \8 Ñ
" m=ÐF8ß3 Ñm ", |=|Ð\ Ï Ð\" â \8 ÑÑ œ _.
3−M8
3−M 3−M
Ÿ l=lÐEÑ l=w lÐEÑ,
donde, tendo em conta a arbitrariedade da família,
l= =w lÐEÑ Ÿ l=lÐEÑ l=w lÐEÑ.
3−M
(cf. II.2.40), cuja medida de variação total l.Ð0 Ñ l é a medida positiva .Ð:Ñ ,
associada à função mensurável :À \ Ä ‘ , :ÐBÑ œ m0 ÐBÑm.
Dem: O facto de .Ð0 Ñ ser uma I -medida resulta de II.2.40 e II.2.50.
Resta-nos mostrar que, dado E − `, tem-se
08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ e m08 ÐBÑm Ÿ #m0 ÐBÑm. Uma vez que m08 ÐBÑm Ä m0 ÐBÑm, o
teorema da convergência dominada para funções positivas mostra que
e portanto, para provar (1), bastará mostrar a existência de 8! tal que, para
cada 8 8! ,
Reciprocamente, se, para cada E − `, .Ð0 Ñ ÐEÑ œ .Ð1Ñ ÐEÑ, então, para cada
E − `,
3−M 3−M
e portanto
|=+ lÐEÑ Ÿ l=l+ ÐEÑ, |== lÐEÑ Ÿ l=l= ÐEÑ.
œ " m=+ ÐF3 Ñm " m== ÐF3 Ñm Ÿ l=+ lÐEÑ l== lÐEÑ
3−M 3−M
3−M 3−M
uma vez que ambos os membros desta igualdade são !, no caso em que
\4 \5w œ g, e, caso contrário, A4 œ Aw5 , já que ambos os vetores são iguais
a 0 ÐBÑ, para B em \4 \5w .171 A linearidade da aplicação F! é uma
consequência direta da definição, desde que nos lembremos que, dadas duas
aplicações simples, existe uma partição simultaneamente adaptada a ambas
(cf. II.2.23).
2) Consideremos o espaço vectorial W>Ð\ß IÑ das classes de equivalência de
aplicações em escada 1À \ Ä I que, como referido em III.2.26 e III.2.31, é
um subespaço vetorial denso do espaço de Hilbert P# Ð\ß IÑ (onde a medida
positiva considerada é a medida .). Tem então lugar uma aplicação linear
contínua FÀ W>Ð\ß IÑ Ä Š, definida por FÐÒ1ÓÑ œ F! Ð1Ñ, para a qual se tem
lFÐÒ1ÓÑl Ÿ .Ð\Ñ"Î# mÒ1Óm# .
171Comparar com II.2.19, reparando que agora a situação é mais simples por não ser
necessário lidar com o problema levantado por conjuntos de medida infinita.
380 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
por
0 ÐBÑ œ
s0 ÐBÑ, s ÐBÑm œ "
se m0
A! s ÐBÑm Á " .
mA! m , se m0
=ÐEÑ œ ( 0 ÐBÑ . .
sÐBÑ œ ( :ÐBÑ0 ÐBÑ . .ÐBÑ œ ( 1ÐBÑ . .ÐBÑ,
E E E
173De facto, como se constata pela demonstração, a hipótese de a medida ser 5 -finita é
aqui totalmente desnecessária. Só a impomos para podermos retomar as mesmas hipóteses
em III.7.24, resultado em que ela intervém na demonstração de um dos casos limites.
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 383
É agora fácil constatar que ficamos com uma aplicação bem definida
III.7.24 Nas condições de III.7.23, para cada Ò1Ó − P; Ð\ß IÑ, tem lugar uma
aplicação linear contínua 0Ò1Ó À P: Ð\ß IÑ Ä Š, definida por
cuja norma é m0Ò1Ó m œ mÒ1Óm; . Fica assim definida uma aplicação linear contí-
nua injetiva de P; Ð\ß IÑ para o dual PÐP: Ð\ß IÑà ŠÑ, que a Ò1Ó associa 0Ò1Ó .
Dem: A linearidade de 0Ò1Ó À P: Ð\ß IÑ Ä Š é simplesmente a linearidade na
primeira variável da aplicação ÐÒ0 Óß Ò1ÓÑ È ØÒ0 Óß Ò1ÓÙ e a continuidade desta
aplicação linear é uma consequência de se ter
l0Ò1Ó ÐÒ0 ÓÑl œ lØÒ0 Óß Ò1ÓÙl Ÿ mÒ0 Óm: ‚ mÒ1Óm; ,
0 ÐBÑ œ œ
m1ÐBÑm;# 1ÐBÑ, se 1ÐBÑ Á !
.
0ß se 1ÐBÑ œ !
œ Š( m1ÐBÑm; . .ÐBÑ‹
(3) "Î:
.
œ ÐmÒ1Óm; Ñ;Î: œ ÐmÒ1Óm; Ñ;"
\
0 ÐBÑ œ m1ÐBÑm
1ÐBÑ
, se B − E
.
!, se B Â E
Tem-se
Dem: Vamos dividir a demonstração em várias alíneas, cada uma com a sua
própria demonstração:
1) Vamos verificar que, para cada E − `, existe um, e um só, =ÐEÑ − I tal
que, para cada A − I ,
ØAß =ÐEÑÙ œ FÐÒˆE AÓÑ,
o que mostra que se tem ÒˆE AÓ − P: Ð\ß IÑ e mÒˆE AÓm: Ÿ .ÐEÑ"Î: mAm,
donde
lFÐÒˆE AÓÑl Ÿ mFmmÒˆE AÓm: Ÿ mFm.ÐEÑ"Î: mAm.
Subdem: Uma vez que, para cada B − \ , ˆE ÐBÑ œ ! ˆE4 ÐBÑ, vem,
4−N 4−N
4−N
para cada A − I ,
ØAß =ÐEÑÙ œ FÐÒˆE AÓÑ œ " FÐÒˆE4 AÓÑ œ " ØAß =ÐE4 ÑÙ œ ØAß " =ÐE4 ÑÙ
4−N 4−N 4−N
4−N
análoga mas também resulta de se ter g œ g g, donde =ÐgÑ œ =ÐgÑ =ÐgÑ.
4−N
Podemos então escrever, uma vez que a função simples ! ˆE4 A4 toma o
4−N
valor A4 em E4 e o valor ! em \ Ï E,
œ Š" .ÐE4 Ñ‹
"Î:
œ .ÐEÑ"Î:
4−N
e portanto
388 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
4−N
medida vetorial.
Subdem: Para cada parte finita M § N , podemos aplicar a conclusão de
3) à família dos E4 , com 4 − N , cuja união está contida em E, para deduzir
que
"m=ÐE4 Ñm Ÿ mFm.Š. E4 ‹
"Î:
Ÿ mFm.ÐEÑ"Î:
4−M 4−M
4−N
família dos =ÐE4 Ñ, com 4 − N , é absolutamente somável, e portanto somável.
4−N
parte finita M! § N tal que, para cada parte finita M § N , com M ¨ M! , se tenha
4−M
vemos que
Ÿ mFm.ŠE Ï .E4 Ñ‹
"Î:
Ÿ mFm&"Î: $ ,
4−M
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 389
6) Tem-se Ò1Ó − P" Ð\ß IÑ e vamos mostrar que, qualquer que seja a
aplicação simples 0 À \ Ä I , tem-se Ò0 Ó − P_ Ð\ß IÑ § P: Ð\ß IÑ e
4−N
FÐÒ0 ÓÑ œ " FЈ\4 A4 Ñ œ " ØA4 ß =Ð\4 ÑÙ œ " ¢A4 ß ( 1ÐBÑ . .ÐBÑ£ œ
4−N 4−N 4−N \4
8) Vamos agora mostrar que, de facto, tem-se mesmo Ò1Ó − P; Ð\ß IÑ e que,
para cada Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ, FÐÒ0 ÓÑ œ ØÒ0 Óß Ò1ÓÙ, o que terminará a demons-
tração.
Subdem: Para cada 8 − , seja \8 − `,
\8 œ ÖB − \ ± m1ÐBÑm Ÿ 8×
e reparemos que os \8 constituem uma sucessão crescente de união \ . Para
cada 8, tem-se, por definição Ò1Î\8 Ó − P_ Ð\8 ß IÑ e portanto, por III.2.23,
também Ò1Î\8 Ó − P; Ð\8 ß IÑ. Podemos assim aplicar a conclusão de 7) para
deduzir que, para cada aplicação topologicamente mensurável 0 À \8 Ä I tal
que Ò0 Ó − P: Ð\ß IÑ, notando 0 a aplicação topologicamente mensurável que
prolonga 0 e é nula em \ Ï \8 , tem-se
ØÒ0 Óß Ò1Î\8 ÓÙ œ ( Ø0 ÐBÑß 1ÐBÑÙ . .ÐBÑ œ FÐÒ0 ÓÑ Ÿ mFmmÒ0 Óm: œ mFmmÒ0 Óm:
\8
pelo que, uma vez que as funções que a B associam ˆ\8 ÐBÑ m1ÐBÑm; consti-
tuem uma sucessão crescente convergente, para cada B, para m1ÐBÑm; ,
deduzimos do teorema da convergência monótona que
Dem: Vamos utilizar o lema de Rudin em III.3.4 para deduzir este resultado
do caso já estudado no lema precedente. Esse lema garante-nos a existência
de uma medida finita .w À ` Ä ‘ , definida por .w œ .Ð3Ñ , para uma certa
aplicação mensurável 3À \ Ä Ó!ß _Ò, para a qual se tem, para cada
E − `, .w ÐEÑ œ ! se, e só se .ÐEÑ œ !.
Em particular coincidem as relações de equivalência no espaço das aplica-
ções topologicamente mensuráveis \ Ä I associadas a . e a .w , o que dá ao
espaço vetorial Q /8=Ð\ß IÑ das classes de equivalência um significado que
não depende de qual dessas duas medidas se considera, tal como sucede ao
seu subespaço vetorial P_ Ð\ß IÑ. Isso já não sucede com os subespaços
P< Ð\ß IÑ, com " Ÿ < _, pelo que reservaremos aquela notação para os
associados à medida . e usaremos a notação alterada Pw < Ð\ß IÑ quando
considerarmos a medida .w , usando a notação m † m<w para a respetiva norma.
Feitas estas observações, vemos que se pode considerar um isomorfismo
>À Q /8=Ð\ß IÑ Ä Q /8=Ð\ß IÑ, >ÐÒ0 ÓÑ œ Ò0 Ó,
176Podemos dizer que Ò1Ó “representa” o funcional linear contínuo F. A aplicação linear
injetiva referida em III.7.24 é assim, neste caso, um isomorfismo.
392 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
;
s − Pw Ð\ß IÑ tal que, para cada
lema precedente garante a existência de Ò1Ó
:
Ò0 Ó − Pw Ð\ß IÑ,
\ \
desde que se defina 1ÐBÑ œ 3ÐBÑ"Î; s1ÐBÑ, o que é mais uma vez a conclusão
pretendida, por ser
( 0 ‚ .= ou ( 0 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ
' 0 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ ficar bem definido pela igualdade no enunciado resulta de
e portanto temos mesmo uma aplicação integrável. O facto de o integral
III.7.29 Usamos o sinal ‚ na notação do integral para sublinhar que este tem
implícito uma aplicação bilinear à qual associámos o mesmo sinal. Um caso
particular importante em que essa aplicação bilinear é especialmente natural
é aquele em que K œ I é um espaço de Banach sobre Š, J œ Š e a
aplicação bilinear contínua I ‚ Š Ä I é a multiplicação pelos escalares.
Nesse caso usaremos também a notação mais habitual
( 0 ÐBÑ . =ÐBÑ
como alternativa a ' 0 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ. Repare-se que não há risco de confusão,
Š-medida, uma vez que o integral ' 0 ÐBÑ . .ÐBÑ, quando se olha para .
no caso em que olhamos uma medida positiva finita .À ` Ä ‘ § Š como
integráveis e
Ÿ ( Q m0 ÐBÑmm1ÐBÑm..ÐBÑ œ Q ( m0 ÐBÑm..ÐBÑ.
c) Trata-se de uma consequência de que, por ser 0 ÐBÑ œ s0 ÐBÑ quase sempre,
tem-se também 0 ÐBÑ ‚ 1ÐBÑ œ s0 ÐBÑ ‚ 1ÐBÑ quase sempre.
4−N 4−N
c) ( 0 ÐBÑ .!ÐBÑ œ !.
4−N 4−N
e, analogamente,
œ + ( 0 ÐBÑ . =ÐBÑ.
e, analogamente
e, analogamente,
œ + ( 0 ÐBÑ . =ÐBÑ,
o que prova a) e b). Quanto a c), também se podia dar uma prova simples do
mesmo tipo, mas é mais fácil notar que se trata de uma consequência de b),
com + œ !, uma vez que o facto de qualquer aplicação topologicamente
mensurável ser integrável para a medida vetorial ! é uma consequência de se
ter l!l œ ! e de o integral de qualquer função mensurável positiva para a
medida positiva ! ser igual a !, em particular finito.
(lembrar que uma função contínua real atinge um máximo sobre cada com-
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 399
mA Dm ½A ½.
D
mDm
D
Dem: Sendo sD œ mDm , tem-se mDm
s œ " e D œ mDm sD , pelo que a desigualdade
do enunciado ficará estabelecida se verificarmos que é crescente em Ò"ß _Ó
a função
s # œ ØA >Dß
:Ð>Ñ œ mA >Dm s œ mAm# ># #>dÐØAß sDÙÑ
s A >DÙ
(reparar que :Ð"Ñ œ mA sDm# e :ÐmDmÑ œ mA Dm# ). Ora isso resulta de
que : é derivável em cada > e com
:w Ð>Ñ œ #> #dÐØAß sDÙÑ !,
uma vez que, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz,
dÐØAß sDÙÑ Ÿ lØAß sDÙl Ÿ mAmmDm
s Ÿ ".
linear associado a =,
178Repare-se
que, no caso em que I œ ‘, com a multiplicação como produto interno, e =
é uma medida positiva finita, esta aplicação linear F= não é mais do que a definida em
III.4.26.
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 401
1ÐBÑ œ
s1ÐBÑ, se m1ÐBÑm
s Ÿ"
s1ÐBÑ
m1ÐBÑm
s
, se m1ÐBÑm
s "
1 − V- Ð\ß IÑ com m1m_ Ÿ " e ' m1ÐBÑ 2ÐBÑm . .ÐBÑ $ . Vemos agora
! $ l=lÐ\Ñ arbitrário. Tendo em conta o que se viu em 4), existe
que
vemos que
402 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
onde
Ÿ ( :ÐBÑm2ÐBÑ 1ÐBÑm..ÐBÑ Ÿ
Ÿ Q ( m2ÐBÑ 1ÐBÑm..ÐBÑ $
vemos que
§7. Medidas vetoriais e resultados de dualidade 403
0 ÐBÑ œ :ÐBÑ<ÐBÑ
:ÐBÑ
2ÐBÑ, se :ÐBÑ <ÐBÑ !
!, se :ÐBÑ <ÐBÑ œ !
,
1ÐBÑ œ
<ÐBÑ
:ÐBÑ<ÐBÑ 2ÐBÑ, se :ÐBÑ <ÐBÑ !
!, se :ÐBÑ <ÐBÑ œ !
que verificam 0 ÐBÑ 1ÐBÑ œ 2ÐBÑ, para cada B − \ . Apesar de isso não ser
eventualmente claro à primeira vista, a aplicação 0 , e portanto também a
aplicação 1 œ 2 0 , é contínua. Com efeito, sendo Z o aberto de \
constituído pelos pontos com :ÐBÑ <ÐBÑ !, a função tem restrição
contínua a Z , e portanto é contínua nos pontos de Z , e a continuidade num
ponto B! − \ Ï Z resulta da continuidade de 2 nesse ponto e de se ter
0 ÐB! Ñ œ 2ÐB! Ñ œ ! e portanto, para cada B − \ ,
m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm œ m0 ÐBÑm Ÿ m2ÐBÑm œ m2ÐBÑ 2ÐB! Ñm.
O facto de se ter 0 ÐBÑ œ 1ÐBÑ œ !, sempre que 2ÐBÑ œ ! implica que se tem
também 0 ß 1 − V- Ð\ß IÑ e, por ser m2ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ <ÐBÑ, tem-se, para
cada B − \ , m0 ÐBÑm Ÿ :ÐBÑ e m1ÐBÑm Ÿ <ÐBÑ. Vemos agora que
mFÐ2Ñm œ mFÐ0 Ñ FÐ1Ñm Ÿ mFÐ0 Ñm mFÐ1Ñm Ÿ AÐ:Ñ AÐ< Ñ,
donde, tendo em conta a arbitrariedade de 2, AÐ: <Ñ Ÿ AÐ:Ñ AÐ<Ñ.
6) Existe uma medida de Radon .À U\ Ä ‘ , com .Ð\Ñ Ÿ mFm, tal que,
para cada : − V- Ð\ß ‘ Ñ,
notação em III.4.10). Uma vez que, para cada : nessas condições, tem-se
m:m_ Ÿ ", e portanto, pelo que se viu em 2), A(:) Ÿ mFm, concluímos que
.Ð\Ñ Ÿ mFm, em particular a medida de Radon . é finita. Para cada
: − V- Ð\ß ‘ Ñ tem-se então
Tendo em conta III.2.23, tem-se também Ò1Ó − P" Ð\ß IÑ e portanto podemos
considerar a medida vetorial = œ .Ð1Ñ À U\ Ä I , para a qual
F= Ð0 Ñ œ ( 0 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ,
F= Ð0 Ñ œ ( 0 ÐBÑ . =ÐBÑ.
Exercícios
e portanto
" m=ÐE4 Ñm Ÿ $ " m=8 ÐE4 Ñm Ÿ $ l=8 lÐEÑ,
4−M 4−M
4−M
o que implica que =ÐEÑ œ ! =ÐE4 Ñ, que é a única propriedade não trivial
4−N
que é preciso estabelecer para concluir que = é uma medida vetorial.
3) Reparar que a fórmula (1), estabelecida em 2), implica que, para cada
8 8! ,
m= =8 m œ l= =8 lÐ\Ñ Ÿ $ ,
concluindo assim que a sucessão das I -medidas =8 converge para a
I -medida = em MedÐ\ß IÑ.
Ex III.7.3 (Decomposição de Jordan de uma medida real) Sejam Ð\ß `Ñ um
espaço mensurável e =À ` Ä ‘ uma medida real.
a) Mostrar que existem medidas positivas finitas únicas = ß = À ` Ä ‘
tais que, para cada E − `,
=ÐEÑ œ = ÐEÑ = ÐEÑ, l=lÐEÑ œ = ÐEÑ = ÐEÑ
FÐÒ0 ÓÑ œ (
"
0 ÐBÑ1ÐBÑ .B,
!
para cada Ò0 Ó − P_ ÐÒ!ß "Óß ‘Ñ. Sugestão: Se existisse um tal Ò1Ó, viria, em
particular, para cada 8 ",
(
"
B8 1ÐBÑ .B œ ",
!
( 0 ‚ . = œ ( 0 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ − K
como sendo o limite dos integrais ' 08 ÐBÑ ‚ . =ÐBÑ, onde Ð08 Ñ8− é uma
sucessão dominada de aplicações simples 08 À \ Ä I (cf. II.2.28, com a
medida positiva . œ l=l) tal que, para cada B − \ , 08 ÐBÑ Ä 0 ÐBÑ. Verificar
ainda que as aplicações simples são integráveis e o seu integral, como
definido nesta alínea, coincide com o seu integral definido em a).
Sugestão: Examinar o que foi feito para definir o integral das aplicações
integráveis, para uma medida positiva, em II.2.30.
d) Enunciar e justificar as propriedades de linearidade do integral das aplica-
ções integráveis, relativamente à função integranda.
e) Enunciar e justificar as propriedades de linearidade do integral das aplica-
ções integráveis, relativamente à medida vetorial considerada.
f) Suponhamos agora que partimos de uma medida positiva .À ` Ä ‘ , que
consideramos uma aplicação .-integrável 1À \ Ä J e que consideramos a
correspondente medida vetorial .Ð1Ñ ` Ä J . Mostrar que, se 0 À \ Ä I é
uma aplicação integrável relativamente à medida vetorial .Ð1Ñ então a
aplicação 0 ‚ 1À \ Ä K é integrável relativamente à medida positiva . e
e que
O § . F<4 ÐB4 Ñ § . F$<3 ÐB3 Ñ,
4−N! 3−M
que pode ser encarado intuitivamente como uma densidade média da medida
. na bola F< ÐB! Ñ. Vamos dizer que a medida de Radon . tem densidade nula
no ponto B! se se tiver
.ÐF< ÐB! ÑÑ
lim œ !.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ
Uma observação simples, que nos será por vezes útil, é que, no caso em que
. tem densidade nula em B! , considerando as bolas fechadas F < ÐB! Ñ tem-se
também
.ÐF < ÐB! ÑÑ
lim œ !.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ
Dem: Basta atender a que, por ser F < ÐB! Ñ § F#< ÐB! Ñ e
-8 ÐF#< ÐB! ÑÑ œ -8 Ð# F< ÐB! ÑÑ œ #8 -8 ÐF< ÐB! ÑÑ,
tem-se
.ÐF < ÐB! ÑÑ .ÐF#< ÐB! ÑÑ .ÐF#< ÐB! ÑÑ
Ÿ œ #8 ,
-8 ÐF< ÐB! ÑÑ -8 ÐF< ÐB! ÑÑ -8 ÐF#< ÐB! ÑÑ
onde o segundo membro tem limite ! quando < tende para !.
III.8.3 (Teorema da densidade nula) Sejam Y § ‘8 um aberto, . uma medida
positiva de Radon nos borelianos de Y e E § Y um boreliano com
.ÐEÑ œ !. Tem-se então que o conjunto Ew , dos pontos B − E tais que . tem
densidade nula em B, é um boreliano tal que -8 ÐE Ï Ew Ñ œ ! (podemos assim
dizer que quase todos os pontos de E são pontos onde . tem densidade
nula).
Dem: Vamos dividir a demonstração em várias partes:
a) Será cómodo considerarmos uma medida . nos borelianos de ‘8 , definida
por .ÐEÑ œ .ÐE Y Ñ, medida cuja restrição aos borelianos de Y é a medida
. e que pode ser encarada como a imagem directa da medida . pela inclusão
de Y em ‘8 (cf. I.5.13).180
b) Para cada < !, é mensurável a função E Ä ‘ , B È .ÐF< ÐBÑÑ.
Subdem: Trata-se de uma consequência direta do teorema de Fubini
para conjuntos (cf. a alínea a) de II.4.6), considerando o produto E ‚ ‘8 , em
que no primeiro fator se considera a medida induzida pela medida de
Lebesgue nos borelianos de ‘8 e no segundo a medida ., e considerando o
subconjunto aberto, em particular boreliano, G de E ‚ ‘8 constituído pelos
pares ÐBß CÑ com B − E, C − ‘8 e mB Cm <.
c) Para cada $ !, vamos notar E$ o conjunto dos B − E tais que existe
<" ! tal que para cada ! < <"
.ÐF< ÐBÑÑ
Ÿ $.
-8 ÐF< ÐBÑÑ
Tem-se então que E$ é um boreliano.
Subdem: Comecemos por notar que, fixado <" !, a condição de se
.ÐF< ÐBÑÑ
ter -8 ÐF< ÐBÑÑ Ÿ $ para todo o real < com ! < <" é equivalente à de isso
acontecer para todo o racional < com ! < <" . Com efeito, se a condição
se verificar para todo o racional < entre ! e <" , dado um irracional < entre ! e
<" , podemos considerar uma sucessão crescente de racionais =: ! com
=: Ä < e então o facto de F< ÐBÑ ser a união da sucessão crescente de bolas
F=: ÐBÑ implica que .ÐF=: ÐBÑÑ Ä .ÐF< ÐBÑÑ e -8 ÐF=: ÐBÑÑ Ä -8 ÐF< ÐBÑÑ e
.ÐF=: ÐBÑÑ
portanto, por se ter, para cada :, -8 ÐF=: ÐBÑÑ Ÿ $ , concluímos, por passagem ao
.ÐF< ÐBÑÑ
limite, que se tem efetivamente -8 ÐF< ÐBÑÑ Ÿ $ .
Uma vez que, pela invariância por translação da medida de Lebesgue, tem-se
-8 ÐF< ÐBÑÑ œ -8 ÐF< Ð!ÑÑ, concluímos de b) que, para cada < !, é boreliano
o conjunto E$ ß< dos B − E tais que -.8ÐF < ÐBÑÑ
ÐF< ÐBÑÑ Ÿ $ . Concluímos daqui que, para
cada <" !, o conjunto E s$ ß<" dos B − E tais que, para todo o ! < <" ,
.ÐF< ÐBÑÑ
Ÿ $ é também boreliano, uma vez que, como notado atrás, é a inter-
-8 ÐF< ÐBÑÑ
secção contável dos E$ß< com < racional entre ! e <" . Reparando finalmente
que E$ vai ser a união contável dos E s$ß<" com <" racional maior que !,
podemos concluir que E$ é efetivamente um boreliano.
d) Vamos agora mostrar que, para cada $ !, tem-se -8 ÐE Ï E$ Ñ œ !.
Subdem: Seja & ! arbitrário. Tendo em conta a regularidade exterior
da medida . (cf. a alínea b) de III.4.6), seja Z um aberto de ‘8 , com
E § Z § Y , tal que .ÐZ Ñ &. Para cada B − E Ï E$ , depois de considerar
uma bola aberta de centro B contida em Z , podemos, pela caracterização dos
pontos de E$ , considerar <B ! menor que o respetivo raio de modo que se
tenha
.ÐF<B ÐBÑÑ
F<B ÐBÑ § Z , $.
-8 ÐF<B ÐBÑÑ
+ -8 Š . F<B ÐBÑ‹
B−EÏE$
pelo que, pelo lema III.8.1, podemos considerar uma parte finita M de E Ï E$
tal que as bolas abertas F<B ÐBÑ com B − M sejam disjuntas duas a duas e com
5−
implica que Ew é um boreliano e que
(
"
m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm . -8 ÐBÑ,
-8 ÐF< ÐB! ÑÑ F< ÐB! Ñ
que pode ser encarado intuitivamente como uma média na bola aberta da
função B È m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm.
Existe então um boreliano ] § Y , com -8 Ð] Ñ œ ! tal que, para cada
B! − Y Ï ] ,
(
"
lim m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm . -8 ÐBÑ œ !.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ F< ÐB! Ñ
Dem: Uma vez que 0 Ð\Ñ § I é separável, podemos considerar uma parte
contável densa V de 0 Ð\Ñ. Para cada A − V e cada racional + !, notemos
§8. O integral indefinido revisitado 417
medida que é uma medida de Radon, uma vez que é localmente integrável a
aplicação B È 0 ÐBÑ A e que se tem portanto, quando \ é compacto,
] œ . YAß+ Ï EAß+ ,
A−V
+!,+−
( m0 ÐBÑ Am . -8 ÐBÑ œ
F< ÐB! Ñ
donde também
(
"
m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm . -8 ÐBÑ $ .
-8 ÐF< ÐB! ÑÑ F< ÐB! Ñ
(
"
lim m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm . -8 ÐBÑ œ !.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ F< ÐB! Ñ
(
"
lim 0 ÐBÑ . -8 ÐBÑ œ 0 ÐB! Ñ.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ F ÐB Ñ
< !
(
"
Ÿ m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm .-8 ÐBÑ.
-8 ÐF< ÐB! ÑÑ F< ÐB! Ñ
181Voltamos aqui à opção de considerar apenas intervalos abertos como domínios, para
simplificar os enunciados, tendo presente o facto já referido anteriormente de uma função
definida num intervalo fechado numa ou em ambas as extremidades poder ser natural-
mente prolongada a um intervalo aberto que o contém.
§8. O integral indefinido revisitado 419
s0 Ð>Ñ œ ( 0 ÐBÑ .B
>
>!
w
(cf. II.3.5). Tem-se então s0 Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ quase sempre.
Dem: Tendo em conta III.8.4, concluímos a existência de um boreliano
] § N , com -Ð] Ñ œ !, tal que, para cada >" em N Ï ] ,
(
"
lim m0 ÐBÑ 0 Ð>" Ñm .B œ !.
<Ä! #< Ó>" <ß>" <Ò
Seja >" − N Ï ] . Uma vez que, para cada < ! com Ò>" <ß >" <Ó § N ,
tem-se
e portanto também
(
"
lim m0 ÐBÑ 0 Ð>" Ñm .B œ !,
<Ä! < Ò>" ß>" <Ò
lim (
"
m0 ÐBÑ 0 Ð>" Ñm .B œ !,
<Ä! < Ó>" <ß>" Ó
deduzimos de se ter
e, do mesmo modo,
são ambos iguais a 0 Ð>" Ñ, o que mostra que s0 tem derivada em >" igual a
0 Ð>" Ñ.
>!
w
Em consequência, tem-se também 0̃ Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ quase sempre.
Dem: Tudo o que temos que justificar é a fórmula que relaciona a aplicação
0̃ com o integral indefinido referido em III.8.6, visto que a conclusão será
então uma consequência do resultado referido, tendo em conta o facto de as
constantes terem derivada ! e de a derivada de uma soma ser a soma das
derivadas. Ora, se > >! , tem-se a união disjunta Ó-ß >Ó œ Ó-ß >! Ó Ó>! ß >Ó,
donde
0˜ Ð>Ñ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >ÓÑ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >! ÓÑ -Ð0 Ñ ÐÓ>! ß >ÓÑ œ 0˜ Ð>! Ñ ( 0 ÐBÑ .B
>
>!
e, se > >! , tem-se a união disjunta Ó-ß >! Ó œ Ó-ß >Ó Ó>ß >! Ó, donde
0˜ Ð>! Ñ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >! ÓÑ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >ÓÑ -Ð0 Ñ ÐÓ>ß >! ÓÑ œ 0˜ Ð>Ñ ( 0 ÐBÑ .B
>
>!
e, reparando que, para > >" , tem-se Ó-ß >Ó œ Ó-ß >" Ó Ó>" ß >Ó, com estes
conjuntos disjuntos, e que, para > >" , tem-se Ó-ß >" Ó œ Ó-ß >Ó Ó>ß >" Ó, com
estes conjuntos disjuntos, vemos que
½ ½œ
2Ð>" <Ñ 2Ð>" Ñ m=ÐÓ-ß >" <ÓÑ =ÐÓ-ß >" ÓÑm m=ÐÓ>" ß >" <ÓÑm
œ Ÿ
< < <
l=lÐÓ>" ß >" <ÓÑ l=lÐÒ>" <ß >" <ÓÑ
Ÿ Ÿ#
< #<
e, do mesmo modo,
½ ½œ
2Ð>" Ñ 2Ð>" <Ñ m=ÐÓ-ß >" ÓÑ =ÐÓ-ß >" <ÓÑm m=ÐÓ>" <ß >" ÓÑm
œ Ÿ
< < <
l=lÐÓ>" <ß >" ÓÑ l=lÐÒ>" <ß >" <ÓÑ
Ÿ Ÿ#
< #<
pelo que, uma vez que em ambos os casos a expressão à direita tende para !
quando < Ä !, concluímos que os limites à direita e à esquerda, quando
> Ä >" , de
2Ð>Ñ 2Ð>" Ñ
> >"
são ambos iguais a !, ou seja, 2w Ð>" Ñ œ !.
422 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Exercícios
(
"
lim m0 ÐBÑ 0 ÐB! Ñm . -8 ÐBÑ œ !.
<Ä! -8 ÐF< ÐB! ÑÑ F ÐB Ñ
< !
(
"
m0 ÐBÑ 0 ÐCÑm . -8 ÐBÑ Ÿ $ Þ
-8 ÐF< ÐCÑÑ F< ÐCÑ
"
c) Mostrar que a sucessão de intervalos Ó :" ß :" Ò não se concentra substancial-
mente no ponto ! (apesar de, num sentido óbvio, concentrar-se no ponto !).
d) (Alternativa ao resultado fundamental para a derivabilidade) Sejam
Y § ‘8 um aberto, I um espaço de Banach e 0 À Y Ä I uma aplicação
localmente integrável. Mostrar que existe um boreliano ] § Y , com
-8 Ð] Ñ œ !, tal que, qualquer que seja B! − Y Ï ] e a sucessão de borelianos
\: § Y que se concentre substancialmente em B! ,
III.9.1 Sejam Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto não vazio, com cada extremidade
finita ou infinita, I um espaço de Banach e 1À Ó-ß .Ò Ä I uma aplicação.
3−M
Ó-ß .Ò e os intervalos abertos Ó+3 ß ,3 Ò são disjuntos dois a dois.
Consideramos também uma função
X1 À Ó-ß .Ò Ä ‘ ,
3−M
3−M
+3 ß ,3 − ÒBß CÓ.
Dizemos que 1 é uma aplicação de variação limitada se Z Ð1Ñ _.185
o que termina a prova por indução. Uma vez que para cada família nas
condições referidas tem-se
" |1Ð,3 Ñ 1Ð+3 Ñ| œ " Ð1Ð,3 Ñ 1Ð+3 ÑÑ Ÿ 1Ð,Ñ 1Ð- Ñ Ÿ 1Ð. Ñ 1Ð- Ñ,
3−M 3−M
187De facto, pode-se provar que esta desigualdade é mesmo uma igualdade, mas é mais
fácil verificar isso depois de estudarmos as medidas de Lebesgue-Stieltjes vetoriais.
Propomos esse resultado como exercício no fim da secção (cf. o exercício III.9.6).
428 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
donde
3−M 3−M
Além disso, Z Ð1Ñ é tanto o supremo dos X1 ÐBß CÑ, com B C em Ó-ß .Ò, como
o supremo dos X1 ÐCÑ, com C − Ó-ß .Ò, e portanto também188
Z Ð1Ñ œ lim X1 ÐCÑ.
CÄ.
Dem: Seja B C em Ó-ß .Ò. Seja ÐÓ+4 ß ,4 ÒÑ4−N uma família finita arbitrária de
intervalos abertos disjuntos dois a dois, com +4 ,4 em Ó-ß CÓ. Seja N w o
conjunto dos 4 − N tais que ,4 Ÿ B e N ww o conjunto daqueles para os quais
+4 B. Se B não pertence a nenhum Ó+4 ß ,4 Ò, N é a união disjunta de N w e N ww ,
donde
" m1Ð,4 Ñ 1Ð+4 Ñm œ " m1Ð,4 Ñ 1Ð+4 Ñm " m1Ð,4 Ñ 1Ð+4 Ñm Ÿ
4−N 4−N w 4−N ww
Ÿ X1 ÐBÑ X1 ÐBß CÑ.
4−N ww
o que, combinado com (1), garante que X1 ÐCÑ œ X1 ÐBÑ X1 ÐBß CÑ.
Já sabemos que
X1 ÐBß CÑ Ÿ X1 ÐCÑ Ÿ Z Ð1Ñ,
para cada B C em Ó-ß .Ò. Seja agora 5 Z Ð1Ñ arbitrário. Por definição,
existe uma família finita de intervalos abertos disjuntos dois a dois
ÐÓ+3 ß ,3 ÒÑ3−M , com +3 ,3 em Ó-ß .Ò, tal que
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 431
3Á3!
m1Ð+Ñ 1ÐB8 Ñm Ÿ Z Ð1ÎÓ-ß+Ò Ñ m1Ð+Ñ 1ÐB8 Ñm
e portanto, por ser m1Ð+Ñ 1ÐB8 Ñm Ä m1Ð+Ñ 1Ð+ Ñm, mais uma vez,
" m1Ð,3 Ñ 1Ð+3 Ñm Ÿ Z Ð1ÎÓ-ß+Ò Ñ m1Ð+Ñ 1Ð+ Ñm.
3−M
3−M
3Á3!
m1ÐB8 Ñ 1ÐBÑm Ÿ X1ÎÓBß.Ò ÐCÑ m1ÐB8 Ñ 1ÐBÑm
e portanto, por ser m1ÐB8 Ñ 1ÐBÑm Ä m1ÐB Ñ 1ÐBÑm, mais uma vez,
" m1Ð,3 Ñ 1Ð+3 Ñm Ÿ X1ÎÓBß.Ò ÐCÑ m1ÐB Ñ 1ÐBÑm.
3−M
3−M
8œ"
bastando agora reparar que, uma vez que 1ÎÓ+ß.Ò também é de variação
limitada, o que vimos em a) garante que lim X1ÎÓ+ß.Ò ÐBÑ œ !.
BÄ+
e) Temos uma consequência de I.3.9 uma vez que, tendo em conta as
conclusões de c) e d), o conjunto dos pontos onde 1 não é contínua coincide
com o conjunto dos pontos onde a função crescente X1 À Ó-ß .Ò Ä ‘ não é
contínua.
III.9.11 (Aditividade da variação total) Sejam Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto
não vazio, I um espaço de Banach, + − Ó-ß .Ò e 1À Ó-ß .Ò Ä I uma aplicação.
Tem-se então que 1 é de variação limitada se, e só se, admitir limites laterais
à esquerda e à direita no ponto + e as restrições de 1 a Ó-ß +Ò e a Ó+ß .Ò forem
de variação limitada. Quando isso acontecer,
Z Ð1Ñ œ Z Ð1ÎÓ-ß+Ò Ñ Z Ð1ÎÓ+ß.Ò Ñ m1Ð+Ñ 1Ð+ Ñm m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm,
o que implica, por passagem ao limite quando B Ä . , por ser, pelo que
vimos em III.9.7,
Z Ð1Ñ œ lim X1 ÐBÑ, Z Ð1ÎÓ+ß.Ò Ñ œ lim X1ÎÓ+ß.Ò ÐBÑ,
BÄ. BÄ.
a igualdade
436 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
e tem-se =1 ÐgÑ œ ! e, sempre que ÐF3 Ñ3−M é uma família finita de intervalos
daquele tipo disjuntos dois a dois e cuja união F ainda seja um intervalo do
mesmo tipo,
=1 ÐFÑ œ " =1 ÐF3 Ñ.
3−M
Dem: O facto =1 ÐÓ+ß ,ÓÑ estar bem definido e de se ter =1 ÐgÑ œ ! resulta de
qualquer intervalo semiaberto não vazio ter uma única representação na
forma Ó+ß ,Ó e de o conjunto vazio g admitir várias representações desse tipo,
mas todas da forma Ó+ß ,Ó com + œ ,, e portanto 1Ð, Ñ 1Ð+ Ñ œ !. Para
provarmos a aditividade, podemos começar por retirar de M os índices 3 para
os quais F3 œ g. Fazemos então a prova por indução no número de
elementos de M . O resultado é trivial se M tem ! ou " elemento. Suponhamos
que o resultado é válido quando M tem : elementos e provemo-lo no caso em
que M tem : " elementos. Sendo F3 œ ÓB3 ß C3 Ó e F œ ÓBß CÓ, consideremos o
índice 3! tal que C − F3! . Tem-se então C œ C3! e concluímos que o intervalo
ÓBß B3! Ó é a união disjunta dos : intervalos F3 , com 3 Á 3! . Aplicando a
hipótese de indução, vemos agora que
=1 ÐFÑ œ 1ÐC Ñ 1ÐB Ñ œ 1ÐC3! Ñ 1ÐB3! Ñ 1ÐB3! Ñ 1ÐB Ñ œ
œ =1 ÐF3! Ñ =1 Š. F3 ‹ œ =1 ÐF3! Ñ " =1 ÐF3 Ñ œ
œ " =1 ÐF3 Ñ.
3Á3! 3Á3!
3−M
190É claro que, no caso em que 1 é contínua à direita, podemos escrever simplesmente
=1 ÐÓBß CÓÑ œ 1ÐCÑ 1ÐBÑ.
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 437
onde ÐF3 Ñ3−M é uma família finita de conjuntos de f disjuntos dois a dois tais
que :ÐBÑ tenha o valor constante A3 para B − F3 e que :ÐBÑ œ ! para cada B
não pertencente à união dos F3 .
Dem: Vamos dividir a demonstração em duas partes:
1) Vamos verificar que G1 está bem definida, isto é, que, se ÐF3 Ñ3−M e
ÐG5 Ñ5−O são duas famílias de conjuntos de f , em cada uma delas disjuntos
dois a dois, tais que :ÐBÑ œ A3 , para cada B − F3 , :ÐBÑ œ !, para cada B não
pertencente à união dos F3 , :ÐBÑ œ D5 , para cada B − G5 , e :ÐBÑ œ !, para
cada B não pertencente à união dos G5 , então
" A3 =1 ÐF3 Ñ œ " D5 =1 ÐG5 Ñ.
3−M 5−O
o que, mais uma vez, implica a igualdade (1). Por simetria dos papéis das
duas famílias, tem-se também, para cada 5 − O ,
(2) D5 =1 ÐG5 Ñ œ D5 " =1 ÐF3 G5 Ñ.
3−M
3−M 3−M
e
G1 Ð+:Ñ œ " +A3 =1 ÐF3 Ñ œ + " A3 =1 ÐF3 Ñ œ + GÐ:Ñ,
3−M 3−M
3−M 3−M
P" ÐN ß ‘Ñ, tem-se ÒˆE Ó œ ! ÒˆE4 Ó, com a família no segundo membro absolu-
mostrar um resultado auxiliar, nomeadamente que no espaço de Banach
o que mostra que ÒˆE Ó é efetivamente a soma da família dos ÒˆE4 Ó no espaço
de Banach P" ÐN ß ‘Ñ. Estabelecido este resultado auxiliar, basta-nos recordar
a caracterização das somas de famílias contáveis absolutamente somáveis
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 441
e portanto
l=1 lÐÖ+×Ñ œ m1Ð+ Ñ 1Ð+ Ñm.
192Apesar de a lista dos intervalos cuja medida explicitámos não esgotar todos os inter-
valos que se podem considerar, é fácil determinar as medidas dos restantes, utilizando as
propriedades de aditividade da medida e a medida dos conjuntos singulares.
442 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
Subdem: Vem
m1Ð,Ñ 1Ð+Ñm Ÿ m1Ð,Ñ 1Ð, Ñm m1Ð, Ñ 1Ð+ Ñm m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm œ
œ m1Ð, Ñ 1Ð, Ñm m1Ð, Ñ 1Ð,Ñm m1Ð, Ñ 1Ð+ Ñm m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm œ
œ m=1 ÐÖ,×Ñm m1Ð, Ñ 1Ð,Ñm m=1 ÐÓ+ß ,ÒÑm m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm Ÿ
Ÿ l=1 lÐÓ+ß ,ÓÑ m1Ð, Ñ 1Ð,Ñm m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm.
Uma vez que a classe dos intervalos Ó+ß ,Ó nas condições anteriores constitui
um semianel 5 -total de partes de N , onde as medidas . e l=1 l são finitas (cf.
I.4.3) e que a 5-álgebra gerada por este semianel é a dos borelianos, podemos
aplicar I.4.17 para concluir que se tem, mais geralmente, para cada boreliano
E de N , .ÐEÑ Ÿ l=1 lÐEÑ, e portanto também .ÐEÑ Ÿ l=1 lÐEÑ, uma vez que a
desigualdade oposta é uma das conclusões de III.9.14.
6) As igualdades l=1 lÐN Ñ œ Z Ð1Ñ e, para cada + − Ó-ß .Ò,
l=1 lÐ-ß +ÓÑ œ X1 Ð+ Ñ œ X1 Ð+Ñ m1Ð+ Ñ 1Ð+Ñm,
½ ½ .
2ÐCÑ "
CB 5
Vamos verificar que se tem -ÐE5 Ñ œ !.
Subdem: Se B − N Ï M , tem-se B − E5 se, e só se, existe uma infinitade
de elementos C − M tais que lC Bl 5m2ÐCÑm isto é, se, e só se, B pertence
a uma infinidade de intervalos
N5ßC œ ‘C 5m2ÐCÑmß C 5m2ÐCÑm,
pelo que, tendo em conta II.1.29, :5 ÐBÑ _ quase sempre, isto é, existe
um boreliano F5 com -ÐF5 Ñ œ ! tal que, para cada B − ‘ Ï F5 ,
:5 ÐBÑ _. O facto de se ter E5 § F5 implica que se tem efetivamente
-ÐE5 Ñ œ !.
2) Seja ] § N ,
] œ M . E5 ,
5−
que verifica -Ð] Ñ œ !, por ser união contável de conjuntos de medida ! (os
conjuntos E5 e os conjuntos ÖC×, com C − M ). Vamos verificar que, se
B! − N Ï ] , tem-se 2w ÐB! Ñ œ !, o que terminará a demonstração.
Subdem: Seja $ ! arbitrário. Seja 5 − tal que 5" $ . Uma vez que
½ ½œ½ ½Ÿ $
2ÐCÑ 2ÐB! Ñ 2ÐCÑ "
C B! C B! 5
(reparar que o primeiro membro é ! se C Â M ). Ficou assim provado que
2w ÐB! Ñ œ !.
III.9.19 (Derivabilidade das aplicações de variação limitada) Sejam
N œ Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto não vazio, I um espaço de Hilbert e
1À N Ä I uma aplicação de variação limitada. Tem-se então:
a) Existe uma aplicação topologicamente mensurável 0 À N Ä I tal que se
tenha 1w Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ quase sempre (relativamente à medida de Lebesgue -), em
particular 1 é derivável em quase todos os pontos de N .
b) Qualquer aplicação topologicamente mensurável 0 À N Ä I nas condições
de a) é uma aplicação integrável (relativamente à medida de Lebesgue - ).194
Dem: Consideremos a medida de Lebesgue-Stieltjes vetorial =1 À U Ä I nos
borelianos de N (cf. III.9.14). Tendo em conta III.7.18, consideremos uma
decomposição de Lebesgue de =1 , relativa à medida de Lebesgue -,
constituída por uma medida --absolutamente contínua =À U Ä I e uma
medida --singular =w À U Ä I tais que =1 œ = =w . Tendo em conta o
teorema de Radon-Nikodym para medidas vetoriais (cf. III.7.21), conside-
remos uma aplicação integrável 0 À N Ä I tal que = œ -Ð0 Ñ , isto é, que
para cada boreliano E de N .195 Tendo em conta III.9.15, para cada > − N ,
tem-se
1Ð> Ñ 1Ð- Ñ œ =1 ÐÓ-ß >ÓÑ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >ÓÑ =w ÐÓ-ß >ÓÑ,
portanto
1Ð>Ñ œ 1Ð- Ñ Ð1Ð>Ñ 1Ð> ÑÑ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >ÓÑ =w ÐÓ-ß >ÓÑ œ
(1)
œ 1Ð- Ñ 2" Ð>Ñ 2# Ð>Ñ 2$ Ð>Ñ,
onde
194Quem resolver o exercício III.9.10 adiante, constatará que há uma escolha natural para
0 , nomeadamente a aplicação que toma o valor 1w Ð>Ñ nos pontos em que 1 é derivável e,
por exemplo, o valor ! nos restantes pontos.
195É para podermos aplicar esse resultado que exigimos que I seja um espaço de Hilbert,
e não meramente um espaço de Banach.
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 447
2" Ð>Ñ œ 1Ð>Ñ 1Ð> Ñ, 2# Ð>Ñ œ -Ð0 Ñ ÐÓ-ß >ÓÑ, 2$ Ð>Ñ œ =w ÐÓ-ß >ÓÑ.
Tendo em conta III.9.10, o conjunto M dos pontos > − N onde 1 não é contí-
nua é contável, tendo-se 2" Ð>Ñ œ ! para cada > − N Ï M . Além disso, notando
. a medida positiva finita de Lebesgue-Stieltjes associada à função variação
total, crescente e contínua à direita, X1 À N Ä Ò!ß Z Ð1ÑÓ § ‘ , deduzimos de
I.4.14 e III.9.10 que
" m2" Ð>Ñm Ÿ " m1Ð> Ñ 1Ð>Ñm m1Ð>Ñ 1Ð> Ñm œ
>−M >−M
Podemos assim aplicar o lema III.9.18 para concluir que se tem 2"w Ð>Ñ œ !
quase sempre. Por outro lado, resulta de III.8.7 e III.8.8 que 2#w Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ
quase sempre e que 2$w Ð>Ñ œ ! quase sempre. Deduzimos assim de (1) que,
para quase todo o > − Ó-ß .Ò, 1 é derivável em >, e com 1w Ð>Ñ œ 0 Ð>Ñ. Ficou
assim provada a afirmação em a) e a de b) resulta de que, se s0 À N Ä I é
outra aplicação topologicamente mensurável com 1w Ð>Ñ œ s0 Ð>Ñ quase sempre,
então 0 Ð>Ñ œ s0 Ð>Ñ quase sempre e portanto, por 0 ser integrável, s0 é também
integrável.
III.9.20 (Corolário — Teorema de Lebesgue sobre a derivabilidade das fun-
ções crescentes) Sejam N œ Ó-ß .Ò § ‘ um intervalo aberto não vazio, com
extremidades finitas ou infinitas, e 1À N Ä ‘ uma função crescente (no
sentido lato). Tem-se então que 1 é derivável em quase todos os pontos de N
(relativamente à medida de Lebesgue -).
Dem: Se a função crescente 1 fosse limitada, ela seria uma aplicação de
variação limitada (cf. a alínea b) de III.9.4) pelo que a conclusão era uma
aplicação directa do resultado precedente. No caso geral, podemos considerar
duas sucessões de elementos -8 .8 em Ó-ß .Ò, com -8 Ä - e .8 Ä . . Uma
vez que a restrição de 1 a cada Ó-8 ß .8 Ò já é limitada, por admitir 1Ð-8 Ñ e 1Ð.8 Ñ
como minorante e majorante respectivamente, podemos concluir a existência,
para cada 8 de um boreliano ]8 § Ó-8 ß .8 Ò com -Ð]8 Ñ œ ! tal que 1 seja
derivável em cada ponto de Ó-8 ß .8 Ò Ï ]8 e, sendo ] a união dos ]8 , que
verifica ainda -Ð] Ñ œ !, o facto de Ó-ß .Ò ser a união dos Ó-8 ß .8 Ò implica que
1 é derivável em cada ponto de Ó-ß .Ò Ï ] .
vem
" m1Ð,3 Ñ 1Ð+3 Ñm $.
3−M
uma vez que, para cada parte finita O § M , a correspondente soma com
3 − O é menor que $# .
Tendo em conta I.4.8, o facto de ser -ÐEÑ œ ! permite-nos considerar uma
450 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
" Ð,3ß5 +3ß5 Ñ œ " " -ÐÓ+3ß5 ß ,3ß5 ÒÑ œ " -Š. Ó+3ß5 ß ,3ß5 Ò‹ Ÿ
3−M 3−M
|=1 lÐEÑ Ÿ " l=1 lÐÓ+3 ß ,3 ÓÑ Ÿ " Š$3 " m1Ð,3ß5 Ñ 1Ð+3ß5 Ñm‹
3−M 3−M 5−O3
196A hipótese de 1 ser de variação limitada pode ser dispensada desde que se enfraqueça
algumas das conclusões, nomeadamente: a aplicação 0 poderá ser só localmente integrá-
vel, em vez de integrável, o valor 1Ð- Ñ deverá ser substituído por 1Ð>! Ñ, para um >!
escolhido em Ó-ß .Ò, e o integral em Ó-ß BÓ deverá ser substituído pelo integral de >! a B (no
sentido referido em II.3.5). O passo essencial para obter esta conclusão mais geral consis-
te em aplicar o presente resultado às restrições de 1 a intervalos Ó+ß ,Ò com + , em
Ó-ß .Ò, reparando que, como se verá no exercício III.9.9 adiante, essas restrições são neces-
sáriamente de variação limitada. Aliás, e pela mesma razão, a hipótese de 1 ser absoluta-
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 451
e portanto
mente contínua pode ser enfraquecida, bastando pedir que 1 tenha restrição absolutamente
contínua a cada um dos intervalos Ó+ß ,Ò referidos (costuma-se então dizer-se que 1 é
localmente absolutamente contínua).
197Quem resolver o exercício III.9.10 adiante, constatará que há uma escolha natural para
0 , nomeadamente a aplicação que toma o valor 1w Ð>Ñ nos pontos em que 1 é derivável e,
por exemplo, o valor ! nos restantes pontos.
452 Cap. III. Espaços funcionais e aplicações
EXERCÍCIOS
198Recordar que a norma de 0 é a menor das constantes Q ! tais que m0Ð?Ñm Ÿ Q m?m,
para todo o ? − I .
§9. Aplicações de variação limitada e medidas de Lebesgue-Stieltjes 453
Sugestão: Começar por reparar que, para cada + , em Ó-ß .Ò, a medida de
Lebesgue-Stieltjes vetorial =1 verifica
½ ½Ÿ$
1ÐCÑ 1ÐBÑ 1ÐCw Ñ 1ÐBÑ
CB Cw B
e que esta última condição é equivalente à de se ter, sempre que C e Cw perten-
cem a ÓB &ß B &Ò,
mÐC w BÑÐ1ÐCÑ 1ÐBÑÑ ÐC BÑÐ1ÐCw Ñ 1ÐBÑÑm Ÿ $ lC BllCw Bl
e utilizar um argumento de passagem ao limite para mostrar que ela também
é equivalente à de esta última desigualdade ser verificada para Cß Cw na inter-
secção de ÓB &ß B &Ò com o conjunto contável ] , mostrando, para
isso, que todo o elemento C em ÓB &ß B &Ò é limite de uma sucessão de
elementos C8 do conjunto ÓB &ß B &Ò que pertencem a ] , podendo
escolher-se a sucessão constante no caso em que C − ] . Para cada par
de racionais $ ! e & !, e cada par de elementos Cß Cw em ] , mostrar
que é boreliano o conjunto \$ ß&ßCßCw dos pontos B − ‘, tais que lC Bl &,
ou lCw Bl &, ou
mÐC w BÑÐ1ÐCÑ 1ÐBÑÑ ÐC BÑÐ1ÐCw Ñ 1ÐBÑÑm Ÿ $ lC BllCw Bl,
e relacionar \ com este conjunto. Reparar, enfim, que, para cada B − \ ,
tem-se
"
1w ÐBÑ œ lim 8 Ð1ÐB Ñ 1ÐBÑÑ.
8
Apêndice 1
Uma versão do teorema de Sard
uma vez que 0ÐEÑ § 0Б8 Ñ e, tendo em conta II.5.11 e o facto de 0Б8 Ñ ser
um subespaço vetorial de dimensão menor que 8, tem-se -8 Ð0Б8 ÑÑ œ !.
Repare-se que a propriedade na alínea b) de II.5.13, continua a ser verificada
neste quadro estendido, nomeadamente se 0ß (À ‘8 Ä ‘8 são aplicações
lineares, então a aplicação linear ( ‰ 0À ‘8 Ä ‘8 tem coeficiente de dilatação
-(‰0 œ -( ‚ -0 (( ‰ 0 é isomorfismo se, e só se, 0 e ( são ambos isomor-
fismos). Do mesmo modo, continua a ser válida para qualquer aplicação
linear a caracterização
-0 œ ldetÐ0Ñl.
199Infelizmente, nada nos garante que a imagem direta de um boreliano por uma aplica-
ção contínua, mesmo quando esta é uma aplicação linear, tenha que ser um boreliano.
458 Ap. 1. Uma versão do teorema de Sard
uma situação muito simples em que é possível garantir que uma tal
imagem é um boreliano e mostramos em seguida que um número
significativo de borelianos de ‘8 está nessa situação.
4−N
Dem: a) O próprio ‘8 é 5 -compacto, por ser a união, por exemplo, das bolas
fechadas de centro ! e raio 8 (8 − ), que são conjuntos fechados e limita-
dos, e portanto compactos. Se Y é um aberto de ‘8 diferente de ‘8 ,
podemos considerar, para cada 8 − , o conjunto
"
O8 œ ÖB − ‘8 ± mBm Ÿ 8 • .ÐBß ‘8 Ï Y Ñ ×
8
que é fechado e limitado (lembrar que a norma e a função distância ao
subconjunto fechado não vazio ‘8 Ï Y são funções contínuas) e portanto
compacto. Reparando que B − Y se, e só se, .ÐBß ‘8 Ï Y Ñ !, vemos que
os conjuntos O8 estão contidos em Y e têm união Y , já que, para cada
B − Y , tem-se, para 8 suficientemente grande, mBm Ÿ 8 e .ÐBß ‘8 Ï Y Ñ 8" .
b) Seja ÐO4 Ñ4−N uma família contável de compactos de união ‘8 . Se E § ‘8
é fechado, então E á a união, dos conjuntos O4 E, que são fechados nos
compactos O4 , e portanto compactos.
c) Sejam ÐO4 Ñ4−N e ÐO3w Ñ3−M duas famílias contáveis de compactos com
uniões iguais a E e F , respetivamente. Tem-se então que E F é a união da
família contável de conjuntos O4 O3w , com Ð4ß 3Ñ − N ‚ M , onde cada
200Estadefinição pode ser dada, mais geralmente, no caso em que substituímos ‘8 por
um espaço topológico \ .
Ap. 1. Uma versão do teorema de Sard 459
4−N
contável de conjuntos O4ß3 , onde o conjunto de índices considerado é o dos
pares Ð4ß 3Ñ com 4 − N e 3 − M4 (união contável de conjuntos contáveis).
-8 Ð0 ÐZ ÑÑ Ÿ ( -H0B . -8 ÐBÑ.
Z
donde C − 0 ÐF & ÐBÑÑ, ou seja, ÐBß CÑ − E& . Provámos assim que E& é fechado
em Z ‚ ‘8 , em particular boreliano.
Reparemos agora que para cada C − 0 ÐZ& Ñ existe Bw − Z& tal que C œ 0 ÐBw Ñ,
tendo-se então F & ÐBw Ñ § Z e para cada B − F & ÐBw Ñ tem-se Bw − F & ÐBÑ,
donde ÐBß CÑ − E& , portanto F & ÐBw Ñ § ÖB − ‘8 ± ÐBß CÑ − E& ×, o que implica
que
"8 &8 œ -8 ÐF & ÐBw ÑÑ Ÿ -8 ÐÖB − ‘8 ± ÐBß CÑ − E& ×Ñ.
Podemos agora aplicar o teorema de Fubini, tendo em conta o homeomor-
fismo ‘8 ‚ ‘8 Ä ‘#8 na alínea b) de II.5.5, para concluir que
H5 œ . G&! Î4 .
4 5
Ÿ ( -H0B . -8 ÐBÑ
Q
.
E :
8
Sendo F § ‘ o boreliano intersecção dos 0 Ð[: Ñ, : − , tem-se 0 ÐEÑ § F
e, para cada :, F § 0 Ð[: Ñ, portanto
( -H0B . -8 ÐBÑ œ !.
E
-8 Ð0 ÐY ÑÑ œ !.203
Dem: Uma vez que Y é 5 -compacto, concluímos que 0 ÐY Ñ é 5 -compacto,
em particular boreliano. Considerando então o aberto Y ‚ ‘87 de ‘8 e a
aplicação s0 À Y ‚ ‘87 Ä ‘8 de classe G " definida por s0 ÐBß CÑ œ 0 ÐBÑ,
basta agora reparar que 0 ÐY Ñ œ s0 ÐY ‚ Ö!×Ñ, onde
-8 ÐY ‚ Ö!×Ñ œ -7 ÐY Ñ ‚ -87 ÐÖ!×Ñ œ -7 ÐY Ñ ‚ ! œ !.
203Esta conclusão não seria possível se tivéssemos exigido apenas que 0 fosse contínua,
como se constata se considerarmos a curva de Peano 2À Ò!ß "Ó Ä Ò!ß "Ó ‚ Ò!ß "Ó, referida na
alínea e) do exercício I.4.12.
Índice de Símbolos
‘ œ ‘ Ö_ß _× 1
! B3
‘ œ Ò!ß _Ò , ‘ œ Ò!ß _Ó 1
3, 5
3−M
cÐ\Ñ 13
`Î] 13
U\ 14
.Î] À `Î] Ä ‘ 17
. .w À ` Ä ‘ 18
+ .À ` Ä ‘ 18
Ó+ß ,Ó œ ÖB − ‘ ± + B Ÿ ,× 20
1Ð+ Ñ, 1Ð+ Ñ 25, 433
-1 À f Ä ‘ 25, 41
.‡ À c Ð\Ñ Ä ‘ 31
-1‡ À c (N ) Ä ‘ , -‡ À c (‘) Ä ‘ 33
-À U‘ Ä ‘ 43
GR À Ö!ß "ß á ß R × Ä Ò!ß "Ó 47
G œ G# ÐÖ!ß #× Ñ § Ò!ß "Ó 48
0‡ . 53
5À ‘ Ä ‘ 53
7B À ‘ Ä ‘ 53
0‡ V, 0‡ ` 54
V‚W 56
`Œa 57
1" À \ ‚ ] Ä \ , 1# À \ ‚ ] Ä ] 57
! A4
.Ð0 Ñ À ` Ä I 121
127
4−N
mÐA" ß A# ß á ß AR Ñm œ maxÖmA" mß mA# mß á ß mAR m× 133
14 À I" ‚ I# ‚ â ‚ IR Ä I4 133
+4 À I4 Ä I" ‚ I# ‚ â ‚ IR 133
468 Índice de Símbolos
' , 0 ÐBÑ .B
K- § I ‚ J 147