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Psicologia Organizacional SUMÁRIO

SUMÁRIO

ABERTURA .................................................................................................................................. 9
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 9
OBJETIVO E CONTEÚDO ......................................................................................................................................................... 9
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................................................... 10
PROFESSORA-AUTORA ........................................................................................................................................................... 12

MÓDULO 1 – PSICOLOGIA, HOMEM E SOCIEDADE ................................................................. 13


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 13
UNIDADE 1 – ORIGENS DA PSICOLOGIA ............................................................................................ 13
1.1 PODER DA PSICOLOGIA .................................................................................................................................................. 13
1.2 ORIGENS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................................................. 13
1.3 FILOSOFIA ............................................................................................................................................................................ 13
1.3.1 INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA .................................................................................................................................... 13
1.4 BIOLOGIA EXPERIMENTAL ............................................................................................................................................. 14
1.4.1 INFLUÊNCIAS DA BIOLOGIA ..................................................................................................................................... 14
1.5 PSICANÁLISE ....................................................................................................................................................................... 15
1.5.1 REVOLUÇÕES PSICANALÍTICAS ................................................................................................................................ 15
1.5.2 INFLUÊNCIAS .................................................................................................................................................................. 15
1.6 PSIQUIATRIA ........................................................................................................................................................................ 16
1.7 IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO ..................................................................................................................................... 16
1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 16
1.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 16
UNIDADE 2 – PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ....................................................................................... 17
2.1 DIFÍCIL CONCEITUAÇÃO ................................................................................................................................................ 17
2.2 CIÊNCIA DA VIDA MENTAL ............................................................................................................................................ 17
2.3 CIÊNCIA DOS ESTADOS DE CONSCIÊNCIA .............................................................................................................. 17
2.4 CIÊNCIA DA EXPERIÊNCIA VIVIDA .............................................................................................................................. 17
2.5 CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO ................................................................................................................................. 18
2.6 CIÊNCIA DO SER COMPLEXO ....................................................................................................................................... 18
2.6.1 PSICOLÓGICO ................................................................................................................................................................. 18
2.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 18
2.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 18
UNIDADE 3 – ÁREAS DE PESQUISA E ATUAÇÃO ................................................................................ 19
3.1 CONCEPÇÕES DA PSICOLOGIA ................................................................................................................................... 19
3.2 ESTUDOS DA PSICOLOGIA ............................................................................................................................................ 19
3.2.1 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................. 19
3.2.2 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM ........................................................................................................................... 20
3.2.3 PSICOLOGIA COMPARADA ......................................................................................................................................... 20
3.2.4 PSICOLOGIA NEUROFISIOLÓGICA ........................................................................................................................... 20
3.2.5 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE .......................................................................................................................... 20
3.2.6 PSICOLOGIA COGNITIVA ............................................................................................................................................. 20
3.3 APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA ...................................................................................................................................... 20
3.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 21

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SUMÁRIO Psicologia Organizacional

3.5 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 21


UNIDADE 4 – PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL ................................................................................. 21
4.1 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................................................................................ 21
4.2 PRESSUPOSTOS ................................................................................................................................................................. 21
4.3 CAMPO DE ATUAÇÃO ..................................................................................................................................................... 22
4.4 OBJETOS DE ESTUDO ...................................................................................................................................................... 22
4.5 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 22
4.6 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 22
UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 22

MÓDULO 2 – PSICOLOGIA SOCIAL .......................................................................................... 23


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 23
UNIDADE 1 – PERSONALIDADE .......................................................................................................... 23
1.1 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE ............................................................................................................................. 23
1.2 DEFINIÇÃO .......................................................................................................................................................................... 23
1.3 TEORIAS PSICODINÂMICAS ........................................................................................................................................... 24
1.4 TEORIA COGNITIVA ........................................................................................................................................................... 24
1.5 TEORIA COMPORTAMENTAL ......................................................................................................................................... 24
1.6 TEORIA ROGERIANA ......................................................................................................................................................... 25
1.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 25
1.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 25
UNIDADE 2 – IDENTIDADE .................................................................................................................. 25
2.1 REFLEXÃO ............................................................................................................................................................................ 25
2.2 CARACTERÍSTICAS DA IDENTIDADE ........................................................................................................................... 25
2.3 PERCEPÇÃO INCOMPLETA ............................................................................................................................................. 26
2.4 PERCEPÇÃO MUTÁVEL .................................................................................................................................................... 26
2.5 COMPLEXIDADE DA IDENTIDADE .............................................................................................................................. 26
2.6 IDENTIDADE INDIVIDUAL .............................................................................................................................................. 27
2.7 IDENTIDADE SOCIAL ....................................................................................................................................................... 27
2.8 COMPLEXIDADE DA IDENTIDADE SOCIAL .............................................................................................................. 28
2.9 PERSONALIDADE E IDENTIDADE PRÓPRIAS ............................................................................................................ 28
2.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 28
2.11 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 28
UNIDADE 3 – O SER PSICOSSOCIAL .................................................................................................... 29
3.1 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................................................................................ 29
3.2 SOCIOLOGIA CLÁSSICA .................................................................................................................................................. 29
3.3 SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA ................................................................................................................................ 29
3.4 CARÁTER DIALÉTICO DO SOCIAL ................................................................................................................................ 30
3.5 FORMAÇÃO DO COLETIVO ............................................................................................................................................ 30
3.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 31
3.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 31
UNIDADE 4 – LIMITES ENTRE SOCIAL E PSÍQUICO ............................................................................. 31
4.1 SOCIAL E PSÍQUICO ......................................................................................................................................................... 31
4.2 POSTURA .............................................................................................................................................................................. 31
4.3 ESTUDO INTERDISCIPLINAR .......................................................................................................................................... 31

2
Psicologia Organizacional SUMÁRIO

4.4 COMPLEXIDADE DA PSICOLOGIA SOCIAL .............................................................................................................. 32


4.5 FATORES SOCIAIS .............................................................................................................................................................. 32
4.6 INTERDISCIPLINARIDADE DA PSICOLOGIA SOCIAL ............................................................................................. 32
4.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 33
4.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 33
UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 33

MÓDULO 3 – TRABALHO, INSTITUIÇÕES E ORGANIZAÇÕES ................................................. 35


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 35
UNIDADE 1 – REPRESENTAÇÕES DO TRABALHO .............................................................................. 35
1.1 CONCEITOS DE TRABALHO ........................................................................................................................................... 35
1.2 PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO ............................................................................................................................... 35
1.3 SENTIDO DO TRABALHO ................................................................................................................................................ 36
1.4 COMPREENSÃO DO TRABALHO .................................................................................................................................. 36
1.5 LUGAR SOCIAL DO TRABALHO ................................................................................................................................... 36
1.6 IDENTIDADE PROFISSIONAL ......................................................................................................................................... 37
1.7 RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO ........................................................................................................................... 37
1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 37
1.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 38
UNIDADE 2 – INSTITUIÇÕES ............................................................................................................... 38
2.1 EXPECTATIVAS .................................................................................................................................................................... 38
2.2 ESPAÇO DE MEDIAÇÃO .................................................................................................................................................. 38
2.3 SOCIAL VERSUS INDIVIDUAL ....................................................................................................................................... 39
2.3.1 RELAÇÕES DE PODER ................................................................................................................................................... 39
2.4 ESPAÇO DE CONFLITOS .................................................................................................................................................. 40
2.5 DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÃO ........................................................................................................................................ 40
2.5.1 EXEMPLO .......................................................................................................................................................................... 41
2.6 UNIDADES ORGANIZACIONAIS INSTITUÍDAS ........................................................................................................ 41
2.7 INSTITUIÇÕES SOCIAIS AUTÔNOMAS ...................................................................................................................... 41
2.8 DINÂMICA INSTITUCIONAL .......................................................................................................................................... 41
2.9 ADMINISTRAÇÃO .............................................................................................................................................................. 42
2.10 PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL ............................................................................................................................... 42
2.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 43
2.12 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 43
UNIDADE 3 – ORGANIZAÇÕES ........................................................................................................... 43
3.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................................................................... 43
3.2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .............................................................................................................................................. 43
3.3 NOVA REVOLUÇÃO ........................................................................................................................................................... 44
3.4 ORGANIZAÇÕES MODERNAS ....................................................................................................................................... 44
3.5 NOVO OLHAR SOBRE A ORGANIZAÇÃO .................................................................................................................. 45
3.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 45
3.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 45
UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 45

3
SUMÁRIO Psicologia Organizacional

MÓDULO 4 – VIDA ORGANIZACIONAL ..................................................................................... 47


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 47
UNIDADE 1 – INDIVÍDUOS E ORGANIZAÇÃO ..................................................................................... 47
1.1 SELEÇÃO .............................................................................................................................................................................. 47
1.2 ENTREVISTA ......................................................................................................................................................................... 48
1.3 DIFICULDADES .................................................................................................................................................................. 48
1.4 TREINAMENTO ................................................................................................................................................................... 49
1.5 DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL .............................................................................................................................. 49
1.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 49
1.7 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 49
UNIDADE 2 – MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E ENVOLVIMENTO ........................................................... 50
2.1 MOTIVAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 50
2.2 NECESSIDADE ORGÂNICA ............................................................................................................................................. 50
2.3 CONSEQUÊNCIAS DO COMPORTAMENTO .............................................................................................................. 50
2.4 FUNÇÃO DOS GESTORES ............................................................................................................................................... 51
2.5 SATISFAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 51
2.6 EXPECTATIVAS PESSOAIS ................................................................................................................................................ 51
2.7 INSATISFAÇÃO .................................................................................................................................................................... 52
2.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 52
2.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 52
UNIDADE 3 – COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ........................................................................ 53
3.1 INTERAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 53
3.2 FALA DO CORPO ............................................................................................................................................................... 53
3.3 DISTÂNCIA SOCIAL ........................................................................................................................................................... 54
3.4 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................... 54
3.5 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO ........................................................................................................................................ 54
3.6 CREDIBILIDADE DO EMISSOR ...................................................................................................................................... 55
3.7 VEÍCULO E CONTEÚDO .................................................................................................................................................. 55
3.8 BARREIRAS À COMUNICAÇÃO ..................................................................................................................................... 55
3.9 AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO ................................................................................................................................... 56
3.10 PADRÕES DE RESPOSTAS ............................................................................................................................................. 57
3.11 FUNCIONÁRIOS INVISÍVEIS ......................................................................................................................................... 57
3.12 SERES SOCIAIS ................................................................................................................................................................. 57
3.13 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 58
3.14 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 58
UNIDADE 4 – LIDERANÇA ................................................................................................................... 58
4.1 CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES .................................................................................................................................... 58
4.2 ESTILOS ................................................................................................................................................................................ 58
4.3 MODELOS DE LIDERANÇA ............................................................................................................................................ 59
4.4 HORIZONTALIDADE ......................................................................................................................................................... 59
4.5 ÊNFASE NAS DIFERENÇAS ............................................................................................................................................. 59
4.6 EXERCÍCIO DA LIDERANÇA ............................................................................................................................................ 59
4.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 60
4.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 60
UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 60

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Psicologia Organizacional SUMÁRIO

MÓDULO 5 – RELAÇÕES GRUPAIS NAS ORGANIZAÇÕES ...................................................... 61


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 61
UNIDADE 1 – GRUPO ORGANIZADO ................................................................................................. 61
1.1 FORMAÇÃO DOS GRUPOS ............................................................................................................................................. 61
1.2 IDENTIDADE GRUPAL ...................................................................................................................................................... 61
1.3 CULTURA INDIVIDUALISTA ............................................................................................................................................ 62
1.4 ESPAÇO DE OSCILAÇÃO ................................................................................................................................................. 62
1.5 ESPAÇO GRUPAL ................................................................................................................................................................ 62
1.6 OBJETIVO DA ANÁLISE PSICOSSOCIAL .................................................................................................................... 63
1.7 DINÂMICA DA ANÁLISE .................................................................................................................................................. 63
1.8 EQUILÍBRIO NO GRUPO .................................................................................................................................................. 64
1.9 IDENTIDADE GRUPAL ...................................................................................................................................................... 64
1.10 ILUSÃO ORGANIZACIONAL ........................................................................................................................................ 64
1.11 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 65
1.12 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 65
UNIDADE 2 – RELAÇÕES DE PODER ................................................................................................... 65
2.1 RELAÇÕES SOCIAIS ........................................................................................................................................................... 65
2.2 PODER NAS INSTITUIÇÕES ............................................................................................................................................ 65
2.3 DETERMINANTES DO PODER ....................................................................................................................................... 66
2.4 INSTITUIÇÃO E PODER .................................................................................................................................................... 66
2.5 FONTE DO PODER ............................................................................................................................................................. 66
2.6 COMPETIÇÃO ..................................................................................................................................................................... 67
2.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 67
2.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 67
UNIDADE 3 – CONFLITO ..................................................................................................................... 67
3.1 MODERNAS ORGANIZAÇÕES ....................................................................................................................................... 67
3.1.1 NOVA LEITURA ................................................................................................................................................................ 68
3.2 CONFLITO INEVITÁVEL ................................................................................................................................................... 68
3.3 NOVOS MODELOS ADMINISTRATIVOS ..................................................................................................................... 68
3.4 GESTÃO DE CONFLITOS ................................................................................................................................................. 69
3.5 SOLUÇÕES ........................................................................................................................................................................... 69
3.6 ESTRATÉGIAS ...................................................................................................................................................................... 69
3.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 69
3.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 69
UNIDADE 4 – COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO ................................................................................... 70
4.1 COMPETIÇÃO E INDIVIDUALISMO ............................................................................................................................. 70
4.2 INSEGURANÇA ................................................................................................................................................................... 70
4.3 SER ÚNICO ........................................................................................................................................................................... 71
4.4 RECONHECIMENTO DO OUTRO .................................................................................................................................. 71
4.4.1 COMPETIÇÃO .................................................................................................................................................................. 71
4.5 COOPERAÇÃO E GESTÃO PARTICIPATIVA ................................................................................................................. 71
4.6 COOPERAÇÃO ..................................................................................................................................................................... 72
4.7 CONFLITOS ENTRE COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO ............................................................................................. 72
4.8 DESAFIOS ............................................................................................................................................................................. 72
4.9 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 72

5
SUMÁRIO Psicologia Organizacional

4.10 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 72


UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 73

MÓDULO 6 – DESAFIOS E PERSPECTIVAS .............................................................................. 75


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 75
UNIDADE 1 – VALOR AFETIVO DO TRABALHO ................................................................................. 75
1.1 LAÇOS PSICOLÓGICOS ................................................................................................................................................... 75
1.1.1 DÚVIDAS ........................................................................................................................................................................... 75
1.2 IMPOSIÇÕES ........................................................................................................................................................................ 76
1.3 AUTONOMIA ....................................................................................................................................................................... 76
1.4 PRAZER .................................................................................................................................................................................. 76
1.5 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE ............................................................................................................................... 77
1.6 SATISFAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 77
1.7 TAREFAS DESINTERESSANTES ...................................................................................................................................... 77
1.8 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 78
1.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 78
UNIDADE 2 – ESPAÇO E TEMPO ......................................................................................................... 78
2.1 AGENCIAMENTO DOS ESPAÇOS ................................................................................................................................. 78
2.2 ESPAÇO PESSOAL .............................................................................................................................................................. 78
2.3 ESPAÇO ORGANIZACIONAL .......................................................................................................................................... 79
2.4 UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO ............................................................................................................................................... 79
2.5 ARQUITETURA DO ESPAÇO EMPRESARIAL .............................................................................................................. 79
2.6 ESPAÇOS DIFERENCIADOS ............................................................................................................................................ 80
2.7 TEMPO REAL E TEMPO SUBJETIVO ............................................................................................................................ 80
2.8 CONTROLE DO TEMPO ................................................................................................................................................... 81
2.9 GANHO DE TEMPO ........................................................................................................................................................... 81
2.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 81
2.11 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 81
UNIDADE 3 – SOFRIMENTO NO TRABALHO ...................................................................................... 81
3.1 CONDIÇÕES DE TRABALHO .......................................................................................................................................... 81
3.2 VIDA AFETIVA E PROFISSIONAL ................................................................................................................................... 82
3.3 AFETO .................................................................................................................................................................................... 82
3.4 SOFRIMENTO PSÍQUICO ................................................................................................................................................. 82
3.5 INTERIORIZAÇÕES ............................................................................................................................................................. 83
3.6 ESTRESSE .............................................................................................................................................................................. 83
3.6.1 PRÁTICAS ESTRESSANTES ........................................................................................................................................... 84
3.6.2 ALGUMAS SOLUÇÕES ................................................................................................................................................. 84
3.7 NEUROSE PROFISSIONAL .............................................................................................................................................. 84
3.8 CULPABILIDADE ................................................................................................................................................................ 85
3.9 INVESTIMENTO NA ORGANIZAÇÃO ........................................................................................................................... 85
3.9.1 DOENÇA DA IDEALIZAÇÃO ....................................................................................................................................... 86
3.10 SÍNTESE .............................................................................................................................................................................. 86
3.11 EXERCÍCIO ......................................................................................................................................................................... 86
UNIDADE 4 – CONDIÇÃO HUMANA NAS ORGANIZAÇÕES ............................................................... 86
4.1 NOVOS VALORES HUMANOS ....................................................................................................................................... 86

6
Psicologia Organizacional SUMÁRIO

4.2 FRACASSO E SUCESSO .................................................................................................................................................... 87


4.2.1 DISSONÂNCIA ................................................................................................................................................................. 87
4.3 INVEJA ................................................................................................................................................................................... 88
4.4 DIFERENCIAÇÃO SEXUAL DE TRABALHO ................................................................................................................ 88
4.5 SEGREGAÇÃO SEXUAL .................................................................................................................................................... 89
4.6 PAPEL DO HOMEM ........................................................................................................................................................... 89
4.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 90
4.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 90
UNIDADE 5 – DESEMPREGO E APOSENTADORIA .............................................................................. 90
5.1 DESESTRUTURAÇÃO ........................................................................................................................................................ 90
5.2 NOVAS POSSIBILIDADES ................................................................................................................................................ 91
5.3 DEMISSÃO EM MASSA .................................................................................................................................................... 91
5.3.1 COMPREENSÃO DA PERDA ........................................................................................................................................ 91
5.4 APOSENTADORIA E REAVALIAÇÃO .............................................................................................................................. 92
5.5 EXPERIÊNCIA DA MATURIDADE ................................................................................................................................... 92
5.6 DECISÃO ESPONTÂNEA .................................................................................................................................................. 92
5.7 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................ 93
5.8 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 93
5.9 EXERCÍCIO ............................................................................................................................................................................ 93
UNIDADE 6 – CENÁRIOS CULTURAIS .................................................................................................. 93

MÓDULO 7 – ENCERRAMENTO ................................................................................................ 95


APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 95

7
Psicologia Organizacional ABERTURA

ABERTURA

APRESENTAÇÃO
A disciplina Psicologia Organizacional estuda o comportamento, e a interação interpessoal e
grupal com dinâmicas organizacionais. O psicólogo organizacional atua em indústrias, empresas
públicas e privadas, de serviços e de negócios, buscando convergir objetivos de eficácia
organizacional e satisfação de necessidades individuais.

Nesse sentido, em Psicologia Organizacional, analisaremos como a organização social do


trabalho se tornou determinante da formação da identidade das pessoas. A vida nas organizações,
sua cultura, seus mecanismos de poder, suas dinâmicas funcionais, e processos grupais e
interpessoais são nosso foco de interesse.

Salientaremos também algumas questões psicossociais e éticas – desafios vividos pelos indivíduos
– em busca de qualidade de vida e saúde mental nas organizações contemporâneas.

OBJETIVO E CONTEÚDO
O objetivo de Psicologia Organizacional é conduzir a reflexão sobre o lugar do indivíduo nas
instituições, a complexidade e desafios da vida coletiva nas organizações.

Para tanto, Psicologia Organizacional foi estruturado em sete módulos, nos quais foi inserido
o seguinte conteúdo...

Módulo 1 – Psicologia, homem e sociedade

Neste módulo, trataremos da Psicologia como um campo de conhecimento, de


pesquisa e de atuação prática, identificando suas origens filosófica e científica. Veremos
como a Psicologia define o indivíduo por sua identidade, por sua personalidade e pelo
social.

Módulo 2 – Psicologia social

Neste módulo, analisaremos o ser humano em sua individualidade a partir de dois


conceitos – personalidade e identidade. Do individual, desviaremos nosso olhar para o
coletivo. Como cada pessoa traz, em sua vida interior, um mundo exterior que nela foi
se incorporando ao longo da vida, analisaremos a complexa relação entre o indivíduo
e a sociedade.

Módulo 3 – Trabalho, instituições e organizações

Neste módulo, veremos como o trabalho foi sendo organizado ao longo da história,
materializando as instituições – sistemas de regras, princípios e diretrizes ideológicas
e sociais – em organizações. Analisaremos como essas organizações são formadas e
como se estruturam internamente, ou seja, trataremos das dinâmicas internas e das
inter-relações entre indivíduos e grupos, entre grupos e organização.

9
ABERTURA Psicologia Organizacional

Módulo 4 – Vida organizacional

Neste módulo, veremos que, em função dos requisitos necessários a uma determinada
função, são realizados tanto os processos seletivos quanto os treinamentos – contínua
busca de saberes e habilidades específicas ao exercício de uma função. A seguir,
trataremos da motivação, da satisfação individual, da comunicação e da interação no
ambiente de trabalho. Enfocaremos também aspectos relativos à liderança.

Módulo 5 – Relações grupais nas organizações

Neste módulo, trataremos das relações interpessoais, focalizando relações de trabalho


como organização de grupos, cooperação, conflito, competição e demais relações de
poder. Dessa forma, refletiremos sobre os significados do trabalho e suas formas de
organização social.

Módulo 6 – Desafios e perspectivas

Neste módulo, trataremos dos estados psicológicos relacionados ao trabalho ou a sua


ausência, às relações com os colegas e à instituição. Focalizaremos ainda o estresse e
o sofrimento decorrentes da vida do trabalho. Analisaremos os lugares masculinos e
femininos no trabalho, o desemprego e a aposentadoria.

Módulo 7 – Encerramento da disciplina

Neste módulo, além da avaliação deste trabalho, você encontrará algumas divertidas
opções para testar seus conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido nos módulos
anteriores: caça-palavras, jogo da memória, jogo da caça e jogo do labirinto. Entre neles
e bom trabalho!

BIBLIOGRAFIA
BERGAMINI & CODA. Psicodinâmica da vida organizacional: motivação e liderança. São Paulo:
Livraria Pioneira, 1990.
Uma leitura contemporânea e avançada de aspectos humanos das organizações,
realizada por vários autores, sobre os temas da motivação e da liderança, buscando
conjugar as necessidades da realidade organizacional às necessidades humanas.

BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas. São Paulo: Atlas, 1988.


A autora levanta os principais temas de Psicologia que podem interessar aos
administradores. As visões que a Psicologia tem do comportamento humano são
descritas e o comportamento organizacional é discutido, principalmente, a liderança e
a motivação, com um fechamento direcionado para a busca do ajustamento e da
produtividade.

10
Psicologia Organizacional ABERTURA

CHANLAT, J. F. (coord). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, vol. I,
II e III, 2001.
Coletânea de artigos escritos por psicólogos, administradores, antropólogos e sociólogos
que incorporam, ao estudo do comportamento organizacional, conhecimentos de
áreas sociais e humanas, em uma visão interdisciplinar. Seu diferencial é trazer para os
gestores reflexões sobre temas que não são usualmente tratados nos cursos de
Administração e que contribuem para a compreensão da vida humana nas e das
organizações.

CODO, W., SAMPAIO, J. J. C. e HITOMI, A. H. Indivíduo, trabalho e sofrimento: uma abordagem


interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1993.
O livro traça um panorama inicial das relações de trabalho nas sociedades modernas
sob a perspectiva da Psicologia Social, discutindo a construção da subjetividade, o lado
afetivo e da saúde mental no trabalho.

DEJOURS, C. A loucura no trabalho: estudos de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995.
Obra de referência para estudiosos e profissionais das áreas de Psicologia, Psiquiatria e
dos setores de recursos humanos das organizações. A autora analisa as relações entre
trabalho e saúde mental, investiga as condições de trabalho que produzem sofrimento
e como os sujeitos criam estratégias defensivas para se protegerem desse sofrimento.

FIORELLI, J. O. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004.
Obra destinada a aproximar os administradores dos conceitos e temas da Psicologia
relacionados a suas práticas. Trazendo casos para serem analisados, o livro aborda
questões bastante atuais do universo institucional.

MOTTA, F. C. P. e FREITAS, M. E. (org). Vida psíquica e organização. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
Caracterizado pela diversidade de nacionalidade dos autores e de suas formações
acadêmicas, o livro é resultado do interesse comum que esses autores têm pelo ser
humano e seu lugar nas organizações, principalmente, buscando associar uma leitura
psicanalítica aos estudos da cultura organizacional.

PAGÈS, M. et al. O poder das organizações. São Paulo: Atlas, 1993.


O livro, escrito a oito mãos, traz os resultados de uma pesquisa realizada pelos autores
em uma grande multinacional. A discussão é centrada em um modelo de organização
hipermoderna que difunde uma ideologia tornada realidade em suas políticas de
recursos humanos, que domina o indivíduo de forma inconsciente.

TAMAYO, A., BORGES-ANDRADE, J. E. e CODO, W. (org). Trabalho, organização e cultura. São Paulo:
Cooperativa de Autores Associados/Coletâneas da ANPEPP, [19—].
Uma coletânea realizada por profissionais pesquisadores e professores universitários,
o livro é dividido em três partes. A primeira trata do trabalho, focando em seu significado
para o ser humano, e em vários aspectos da saúde mental do trabalhador e sua
identidade. A segunda fala de pesquisas em organizações e a terceira analisa a cultura
de trabalho nas organizações.

11
ABERTURA Psicologia Organizacional

SENNET, R. A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. São


Paulo: Record, 1999.
Richard Sennet investiga os modernos ambientes de trabalho e como eles podem
desestabilizar o indivíduo, corroendo virtudes como lealdade, confiança,
comprometimento e cooperação – aspectos que contribuem para a formação do
caráter. O autor, uma referência importante para a reflexão sobre os novos modelos de
organização do trabalho, nos faz refletir sobre nossas escolhas e posturas profissionais,
bem como sobre a forma como conduzimos as relações interpessoais.

ZANELLI, Jose Carlos et al. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. São Paulo: Artmed, 2004.
Este livro destina-se ao ensino das disciplinas pertinentes à interface da Psicologia com
outras disciplinas vinculadas às organizações e ao trabalho. Exemplos fundamentados
na produção científica realizada em contextos nacionais constituem o foco central
que orientou os autores, destacados pesquisadores no Brasil, a escrever esse livro –
uma visão do estado atual e das novas perspectivas em Psicologia Organizacional e do
Trabalho em nosso país.

PROFESSORA-AUTORA
Jacyara Nasciutti é psicóloga pela UnB/DF, Mestre em Psicologia pela
PUC/RJ e Doutora em Psicologia Social Clínica, pela Université Paris VII. Foi
Professora Adjunta e Pesquisadora do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também exerceu a
Coordenação de Pós-Graduação do Programa EICOS – Mestrado e
Doutorado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social.
Atualmente, é Professora da Fundação Getulio Vargas, atuando no FGV
Online e no FGV Management, sendo também Assessora Acadêmica da Central de Qualidade.

12
Psicologia Organizacional MÓDULO 1

MÓDULO 1 – PSICOLOGIA, HOMEM E SOCIEDADE

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, trataremos da Psicologia como um campo de conhecimento, de pesquisa e de
atuação prática, identificando suas origens filosófica e científica.

Analisaremos ainda a complexidade da conceituação de Psicologia, já que várias abordagens


teóricas a definem a partir de diferentes focos.

Em seguida, veremos como a Psicologia define o indivíduo por sua identidade, por sua personalidade
e pelo social...

UNIDADE 1 – ORIGENS DA PSICOLOGIA

1.1 PODER DA PSICOLOGIA


É como se o psicólogo tivesse o poder mágico de enxergar dentro das pessoas.

Mais ainda... de fazer isso em um bate-papo, em uma festa de bar.

Será que a Psicologia dá esse poder a quem a estuda?

1.2 ORIGENS DA PSICOLOGIA


Os estudiosos apontam as seguintes origens e evoluções para a Psicologia...
§ filha da Filosofia;
§ filha da Biologia experimental;
§ irmã da Psicanálise;
§ prima-irmã da Psiquiatria.

1.3 FILOSOFIA
A maioria dos que contam a história da Psicologia identifica suas origens mais remotas nas
reflexões dos antigos filósofos gregos, em seus questionamentos sobre a natureza, o caráter e o
comportamento do ser humano.

A partir da herança dos filósofos gregos, a Psicologia seria vista como a


ciência do espírito ou da mente.

1.3.1 INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA


Somente no século XIX, surgiram as primeiras teorias e ideias filosóficas que conduziram
à criação da Psicologia como uma disciplina, a partir das reflexões sobre o que constitui
o ser humano, a vida, as coisas e a sociedade.

Augusto Comte...
Na Europa, a filosofia positivista e esse filósofo seguiam na mesma direção – o que reforçou,
ainda mais, um modo de se ver o mundo que, até hoje, predomina nos países ocidentais.

13
MÓDULO 1 Psicologia Organizacional

William James, Charles S. Pierce e John Dewey...


Filósofos americanos que centraram seus estudos no pragmatismo, levando em conta
os dados de realidade, priorizando o concreto sobre o abstrato na formação de conceitos.

Suas ideias tiveram enorme influência no sistema de educação e no desenvolvimento


da Psicologia nos Estados Unidos.

1.4 BIOLOGIA EXPERIMENTAL


Entre o final do século XIX e o início do século XX, as ciências biológicas experimentais
desenvolviam-se enormemente.

1698 – Thomas Newcomen...


Invenção da máquina a vapor.

1768 – James Watt....


Invenção do motor a vapor.

1842 – Alexander Bain...


Invenção do fac-símile.

1876 – Alexander Graham Bell...


Invenção do telefone.

1879 – Thomas Edison...


Descoberta da luz elétrica e da lâmpada incandescente.

1886 – Gotllieb Daimler...


Invenção do carro.

1896 – Guglielmo Marconi...


Invenção do rádio .

1928 – Alexander Fleming...


Descoberta da penicilina.

1945 – Zworykin...
Invenção da televisão.

1946 – John Presper Eckert Jr. e John Vicent Atanasoff...


Invenção do computador digital.

1.4.1 INFLUÊNCIAS DA BIOLOGIA


Dos estudos dos reflexos físico-corporais desenvolvidos na Europa, surgiram as bases
biológicas para a Psicologia do Comportamento – entendida como ciência da natureza,
sujeita às mesmas leis que governam os demais organismos vivos.

14
Psicologia Organizacional MÓDULO 1

Pavlov, na Rússia, estudou o condicionamento – associação entre estímulos


externos e respostas – ou seja, o comportamento do organismo.

Ebbinghaus e Wundt, na Alemanha, destacaram-se no estudo dos processos


sensoriais e cognitivos – percepção, aprendizagem, memória, formação de
conceitos, resolução de problemas –, criando a Psicologia experimental.

A influência dos modelos científicos da Biologia sobre a Psicologia acabou por conduzi-la para a
segmentação de seu objeto de estudo – a segmentação do ser humano.

Em vez de ser estudado como um ser global, o ser humano passou a ser visto como um
complexo de elementos – quase que isolados – de pesquisa.

1.5 PSICANÁLISE
Freud – criador da Psicanálise, no final do século XIX – era médico e estudava fisiologia neurológica
quando se interessou pelo tratamento da histeria.

Ao escutar as pacientes histéricas, Freud percebeu que a livre associação de ideias poderia ser um
método mais eficiente no tratamento da histeria, o que foi um passo crítico na elaboração da
teoria psicanalítica.

São os processos inconscientes que emergem da fala, o objeto da


Psicanálise.

1.5.1 REVOLUÇÕES PSICANALÍTICAS


Por meio da livre associação de ideias, aplicada a pacientes histéricos, Freud verificou...
§ a existência do inconsciente como parte do ser humano;
§ a concepção de que as pulsões sexuais e as pulsões de morte atuam de forma
subjacente em tudo o que o homem vive, sonha, pensa, sente e faz;
§ a descoberta da sexualidade infantil.

Com isso, Freud revolucionou a forma como, até então, o ser humano era
visto.

De senhor de si mesmo – criado à imagem e semelhança de Deus, e centro do


universo –, o homem passa a ser determinado por algo dentro de si. Algo que ele
próprio desconhece.

1.5.2 INFLUÊNCIAS
A nova forma – iniciada por Freud – de se conceber o psiquismo humano teve e continua tendo
profundo impacto no estudo da Psicologia.

No entanto, as bases teóricas e metodológicas da Psicologia e da Psicanálise não se


confundem.

15
MÓDULO 1 Psicologia Organizacional

Por meio da escuta da fala do paciente, o psicanalista...


§ faz emergir seus processos inconscientes – objeto da psicanálise;
§ interpreta seus sintomas físicos e comportamentais, suas queixas, seus desejos;
§ ajuda-o a encontrar um sentido para seu modo de ser.

1.6 PSIQUIATRIA
Psicologia também não se confunde com a Psiquiatria – área da Medicina que estuda os processos
mentais nas funções orgânicas e psicológicas cerebrais.

Tradicionalmente, o psiquiatra buscava apenas encontrar tratamento medicamentoso


para os transtornos psicológicos.

Atualmente, a Psicologia Cognitiva e a Psiquiatria se aproximam...

...na busca do diagnóstico de problemas de comportamento ou do estado afetivo –


percebidos como sendo de ordem físico-mental.

...na conjugação da terapia psicológica de orientação cognitiva a medicamentos


específicos.

Ainda bem que situações como essa já não ocorrem com tanta frequência...

1.7 IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO


Embora possamos identificar as diversas origens da Psicologia – Filosofia, Biologia, Medicina –, é
fundamental termos consciência de que o aparecimento de um novo saber – como foi o caso da
Psicologia – está sempre relacionado aos contextos histórico, social e geopolítico que predominam
nessa origem.

Foi na segunda metade do século XIX, em um período de grande desenvolvimento


científico e intelectual – Revolução Industrial, surgimento de novas formas de relação
de trabalho –, que uma nova concepção de ser humano começou a se formar no
mundo ocidental.

Desde então, as ciências humanas e sociais buscam dar sentido a essas


mudanças.

Buscam encontrar caminhos para lidarmos com esse novo ser.

1.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.9 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

16
Psicologia Organizacional MÓDULO 1

UNIDADE 2 – PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA

2.1 DIFÍCIL CONCEITUAÇÃO


A partir de origens, filiações e parentescos tão distintos, percebemos como é
difícil chegar a uma definição única da Psicologia.

Cada corrente – ou Escola, como são denominadas as correntes teóricas – define a Psicologia em
função de seus princípios norteadores.

2.2 CIÊNCIA DA VIDA MENTAL


Segundo William James, a Psicologia é uma ciência da vida mental.

Foi dessa concepção que se originou a maioria dos estudos e das teorias
psicológicas do século XX.

Se a Psicologia é uma ciência, os fenômenos psicológicos devem ser passíveis de serem analisados
por meio do método científico.

Se a Psicologia é uma ciência da vida mental, essa ciência pressupõe – além do corpo físico – a
existência de uma mente, de uma vida mental que deve ser acessível por meio do método
científico.

2.3 CIÊNCIA DOS ESTADOS DE CONSCIÊNCIA


De acordo com o estruturalismo, a Psicologia é o estudo científico dos estados de consciência.

A escola estruturalista foi desenvolvida a partir do primeiro laboratório de


psicologia experimental criado por Wundt, na Alemanha. A propagação do
estruturalismo nos Estados Unidos foi assumida por Titchener.

Titchener aprimorou os métodos de identificação dos elementos fundamentais


das experiências mentais, isto é, da estrutura da mente.

2.4 CIÊNCIA DA EXPERIÊNCIA VIVIDA


Para Gestalt, a Psicologia é o estudo da experiência vivida em sua totalidade e unicidade. Ou seja,
a Psicologia é o estudo de um conjunto único de elementos que formam o ser.

Segundo a teoria da Gestalt...


§ a Psicologia deve estudar a experiência subjetiva;
§ a Psicologia deve ter como foco principal os processos sensoriais e perceptivos, a
solução de problemas e o raciocínio;
§ os significados dos estímulos e dos acontecimentos não são constantes, mas sim relativos;
§ se cada experiência tem de ser entendida em sua totalidade, não há como analisar
o comportamento humano desvinculado do contexto no qual ele ocorre.

17
MÓDULO 1 Psicologia Organizacional

2.5 CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO

Para o behaviorismo, a Psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano.

Para o behaviorismo ou Escola Comportamentalista...

...a Psicologia, enquanto ciência, não pode-se dedicar ao estudo de construtos abstratos
ou que não sejam acessíveis à observação direta – caso do inconsciente.

...a Psicologia deve-se dedicar ao desenvolvimento de teorias centradas naquilo que é


observável, mensurável e passível de ser definido operacionalmente, isto é, o
comportamento.

...o método mais adequado para apreender as relações de causalidade do comportamento


humano é a experimentação e a observação sistemática.

2.6 CIÊNCIA DO SER COMPLEXO


A Psicologia – a partir de uma visão interdisciplinar e integradora das ciências humanas – reflete
sobre as funções de auto-orientação que o indivíduo desenvolve para viver em sociedade.

Para a Psicologia, as estruturas psíquicas, as estruturas sociais e as estruturas históricas


são complementares. Logo, a sociedade participa da modelização do homem.

Como se dá esse processo é então o objeto da Psicologia na interrelação


entre os seres humanos.

2.6.1 PSICOLÓGICO

O termo psicológico se refere aos níveis consciente e inconsciente da vida


psíquica do indivíduo.

O termo psicológico é uma entidade psíquica global que inclui...


§ as estruturas psíquicas profundas;
§ as representações inconscientes – mecanismos de defesa, projeções, afetos;
§ as manifestações conscientes – atitudes e o comportamento real do indivíduo
como ator responsável pelo que faz e diz.

2.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

18
Psicologia Organizacional MÓDULO 1

UNIDADE 3 – ÁREAS DE PESQUISA E ATUAÇÃO

3.1 CONCEPÇÕES DA PSICOLOGIA


A partir de diversas teorias e abordagens da mente, do psiquismo, do comportamento, da vida
afetiva, dos processos de relação do ser humano com o mundo, a Psicologia desenvolveu diferentes
concepções de mundo e do ser humano.

Dentre os fatores que influenciam na construção das diferentes concepções do mundo


e do ser humano, podemos citar...

...a percepção.

...a aprendizagem.

...o raciocínio.

...a memória.

...sonhos.

...imaginação.

...sexualidade.

...emoção.

...sentimentos.

...manifestações fisiológicas sintomáticas.

...inter-relação social.

3.2 ESTUDOS DA PSICOLOGIA


Existem várias áreas de estudo na Psicologia...
§ Psicologia do desenvolvimento;
§ Psicologia da aprendizagem;
§ Psicologia comparada;
§ Psicologia neurofisiológica;
§ Psicologia da personalidade;
§ Psicologia cognitiva.

3.2.1 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO


Psicologia do desenvolvimento estuda as características psicológicas de cada etapa do
desenvolvimento – cognitivo, afetivo, físico...
§ com as faixas etárias e as fases de amadurecimento do homem ao longo de sua
vida desde o período pré-natal até a velhice.

19
MÓDULO 1 Psicologia Organizacional

3.2.2 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM


A Psicologia da aprendizagem estuda...
§ os mecanismos mentais e os fatores intelectuais, sociais e afetivos envolvidos na
aprendizagem.

3.2.3 PSICOLOGIA COMPARADA


A Psicologia comparada estuda as semelhanças e diferenças entre o comportamento humano e
o dos animais – principalmente na percepção e na aprendizagem.

3.2.4 PSICOLOGIA NEUROFISIOLÓGICA


A Psicologia neurofisiológica estuda os processos biológicos...
§ que possam ser determinantes da qualidade de vida mental e social das pessoas;
§ principalmente aqueles relacionados ao sistema nervoso e endócrino.

3.2.5 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE


A Psicologia da personalidade...
§ estuda as características individuais das pessoas, a partir de suas histórias de vida –
família, desenvolvimento afetivo, cognitivo, social;
§ focaliza os aspectos psicológicos únicos que fazem de cada pessoa um ser particular.

3.2.6 PSICOLOGIA COGNITIVA


A Psicologia cognitiva...
§ estuda como se dão os processos de formação do conhecimento;
§ interessa-se por sua percepção, sua memória, seu pensamento, sua consciência,
sua formação de conceitos e aprendizagem.

3.3 APLICAÇÕES DA PSICOLOGIA


As diferentes concepções teórico-metodológicas da Psicologia conduzem seus
estudiosos a vislumbrar possíveis aplicações dessas teorias à vida real.

Sustentadas pelos conteúdos teóricos desenvolvidos, as principais áreas de aplicação e atuação


da Psicologia são...
§ Psicologia clínica;
§ Psicologia social e comunitária;
§ Psicologia organizacional e institucional;
§ Psicologia escolar e da educação;
§ Psicologia jurídica;
§ Psicologia dos esportes;
§ Psicologia da saúde e hospitalar.

20
Psicologia Organizacional MÓDULO 1

3.4 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.5 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 4 – PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL

4.1 OBJETO DE ESTUDO


A Psicologia Organizacional estuda as situações de trabalho nas indústrias, empresas
públicas e privadas, nas empresas de serviços e de negócios...

Nesses espaços, a Psicologia Organizacional preocupa-se com...

...o comportamento, a afetividade e a sociabilidade das pessoas.

...a interação entre as pessoas.

...a divisão do trabalho.

...os sistemas de comunicação e de tomada de decisões.

...o exercício do poder e da liderança.

A Psicologia Organizacional busca convergir dois objetivos...


§ eficácia organizacional;
§ satisfação das necessidades individuais.

4.2 PRESSUPOSTOS

A Psicologia Organizacional busca garantir a existência de uma organização


forte e estruturada na qual as pessoas possam participar de forma colaborativa e
consistente.

São pressupostos da Psicologia Organizacional...

Os conflitos sociais podem ser geridos com o aprimoramento das formas de


comunicação.

O comando democrático garante melhor resultado do que a direção autoritária.

A Psicologia Organizacional preocupa-se também com a mudança e o desenvolvimento.

21
MÓDULO 1 Psicologia Organizacional

As dinâmicas de grupo e as técnicas de comunicação podem ser usadas para diminuir


as tensões, as resistências, modificar atitudes, conquistar adesões...

4.3 CAMPO DE ATUAÇÃO


Dentro do campo de atuação da Psicologia Organizacional, encontram-se...
§ Psicologia do Trabalho – estuda as condições em que as atividades de trabalho
são executadas, focalizando os aspectos físicos, psicológicos e ambientais;
§ Psicologia de Recursos Humanos – estuda carreiras e profissões, focalizando os
cargos e as funções.

4.4 OBJETOS DE ESTUDO


As questões que envolvem a Psicologia Organizacional são...
§ Como estão as relações entre as pessoas na organização?
§ Como cada um se coloca em relação a seu lugar na organização e ao papel que ali
desempenha?
§ Como cada um – e os grupos – coloca-se em relação aos objetivos da organização,
a seus próprios objetivos e aos da equipe?
§ Como convergir os interesses da organização e os das pessoas que nela atuam?
§ Quem define em que direção vai haver mudanças?
§ O que se pretende mudar?
§ O que significa progredir?
§ Como prever as consequências das mudanças?
§ De onde surgem os objetivos de melhorar a comunicação, as relações, o rendimento
e a eficácia?

4.5 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.6 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

22
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

MÓDULO 2 – PSICOLOGIA SOCIAL

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, trataremos do ser humano em sua individualidade, refletindo, inicialmente, sobre
o significado de dois conceitos – personalidade e identidade.

Do individual, da pessoa singular – intrassubjetivo –, desviaremos nosso olhar para o coletivo.


Veremos como é complexa essa interação e como é difícil separar o indivíduo do social, como o
coletivo é pleno de projeções de interioridades.

Como cada pessoa traz, em sua vida interior, um mundo exterior que nela foi se incorporando ao
longo da vida, analisaremos a relação entre o indivíduo e a sociedade.

UNIDADE 1 – PERSONALIDADE

1.1 PSICOLOGIA DA PERSONALIDADE


Apesar de existirem várias teorias da personalidade, os estudiosos costumam defini-la como...

...aquilo que nos caracteriza, isto é, o conjunto de nossas qualidades – as características


que nos fazem ser as pessoas que somos.

Ser ou não ser, eis a questão...

O estudo da Psicologia da personalidade preocupa-se com as seguintes questões...

...que características são essas?

...como essas características se originam e desenvolvem?

...como essas características permanecem ou desaparecem com o tempo?

...como essas características se organizam?

...como essas características se sujeitam a determinantes do mundo exterior?

1.2 DEFINIÇÃO
O conceito de personalidade – bem como o de identidade e o de subjetividade – é tão complexo
e envolve tantos aspectos de nosso mundo que não existe consenso ou uma única definição para
ele.

23
MÓDULO 2 Psicologia Organizacional

O que diferencia a maneira como os teóricos definem a constituição da personalidade é...


§ o peso dos determinantes externos – sociais, culturais, históricos, ideológicos;
§ o peso dos determinantes internos – pulsões, instintos, características herdadas,
irredutíveis individuais e únicos para cada pessoa.

1.3 TEORIAS PSICODINÂMICAS


Para Allport, estudioso das teorias psicodinâmicas...

...a personalidade é uma organização dinâmica, um sistema de traços – disposição,


motivo, força, característica – que nos levam a agir de uma forma particular.

1.4 TEORIA COGNITIVA


Para a teoria cognitiva, as características que constituem a personalidade são construídas
racionalmente por cada um de nós.

A personalidade seria então a forma como construímos, interpretamos ou damos


significado aos vários aspectos do mundo – inclusive a nós próprios.

O preconceito é um construto social sobre certas características de outra


pessoa, que faz com que alguém se comporte de forma segregadora com relação
a um grupo social.

1.5 TEORIA COMPORTAMENTAL


Para a teoria comportamental...

...o comportamento observável expressa a personalidade.

...a personalidade consiste em padrões aprendidos das respostas que damos aos
estímulos que o meio ambiente nos oferece.

Por exemplo...

...uma pessoa é considerada agressiva se reage – responde – aos vários estímulos –


gestos ou falas de pessoas, ou mesmo objetos, uma bola que inadvertidamente foi
lançada – surgidos do ambiente que a cerca por meio de ofensas, murros, chutes...

Essa visão do ser humano implica também na concepção de que esse tipo de reação pode ser
modificado, alterando-se as consequências que o ambiente externo dá a esse comportamento
agressivo.

Desse modo, as inter-relações entre as pessoas se dão em uma sequência alternada de


padrões de estímulos e resposta, por meio de sucessão de condicionamentos.

24
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

1.6 TEORIA ROGERIANA


Para Carl Rogers, a personalidade é um processo sempre em formação – aqui e agora – bem
como todas as nossas experiências vitais.

Ou seja, nossa personalidade está em constante formação...

1.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 2 – IDENTIDADE

2.1 REFLEXÃO
Pense em você... Como você é...

Tente então responder... Quem sou eu?

Procure agora lembrar dos critérios que você usou para se identificar... para falar quem é você.

2.2 CARACTERÍSTICAS DA IDENTIDADE


Sou homem... tenho 28 anos... mineiro...

Sou casado, bancário... católico...

Quando uma pessoa assim se identifica, está falando da sua identidade social.

Podemos assim inscrevê-lo em uma ordem social conhecida, ou seja, a sociedade onde ele vive.

Sou um pouco tímido...

Um de meus sonhos é ter uma moto...

Tenho mania de falar sozinho...

Gosto de cinema... detesto acordar cedo... não suporto mocotó...

Faço uma excelente feijoada...

Com certeza, temos agora uma visão mais completa de sua identidade.

25
MÓDULO 2 Psicologia Organizacional

2.3 PERCEPÇÃO INCOMPLETA


Quando incluímos, entre nossas características, aspectos mais íntimos e pessoais...
§ timidez;
§ preferências;
§ sonhos;
§ manias;
§ talentos;
§ aversões;
§ intolerâncias...

...permitimos que o outro tenha uma visão cada vez mais completa de nossa identidade.

No entanto, cada um de nós já viveu situações em que nem nós mesmos nos reconhecemos em
nossas ações e reações.

Logo...

Até onde conhecemos nossa identidade? E a dos outros?

2.4 PERCEPÇÃO MUTÁVEL


Normalmente, descrevemos a identidade como algo imutável... o que quase nunca é verdade.

Às vezes, revelamo-nos, repentinamente, a nós mesmos e aos outros, frente a uma situação inusitada!

Um religioso pode vir a se declarar ateu...

Um homem honesto pode-se transformar em um bandido...

Esse novo traço já estava na pessoa e só se manifestou nesse momento?

Ou será que foi algo isolado e restrito a uma situação específica?

Será que a identidade da pessoa permanece íntegra?

2.5 COMPLEXIDADE DA IDENTIDADE


Mesmo se podemos reconhecer, entre várias pessoas, traços ou elementos comuns de
personalidade – a preguiça, por exemplo – ainda assim, cada uma delas é um ser único e diferente.

A identidade é um conjunto complexo de elementos biológicos, históricos, sociais, culturais,


econômicos e familiares.

São esses traços que irão combinar-se – de maneira absolutamente particular – em


cada indivíduo deste planeta.

26
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

Mesmo que esses traços possam ser os mesmos para várias pessoas – tornando-as
semelhantes –, a forma como eles se combinarão em um sujeito, com determinada
disposição biológica e psíquica, será sempre única.

Logo, o que caracteriza a identidade é a unicidade...

Ou seja, aquilo que faz com que cada um de nós seja único.

2.6 IDENTIDADE INDIVIDUAL


Cada aspecto de nossa identidade manifesta-se em momentos específicos.

Quando falamos de identidade individual, estamo-nos referindo ao conjunto de


características que identificam cada um de nós frente ao mundo.

Do ponto de vista subjetivo, estamo-nos referindo à consciência que cada um de nós


tem de sua própria individualidade, e que buscaremos manter íntegra, apesar de nossa
pluralidade de papéis e das mudanças que sofremos no tempo.

Essa individualidade é o que permite situarmo-nos no mundo – o eu e o não eu.

Na educação dos filhos, uma mãe exprime um lado de sua identidade.

Já na relação com seus pais, essa mesma mãe exibe um outro lado de sua
identidade...

...seu lado de filha.

É a partir desse lugar, dessa consciência, que podemo-nos identificar – apresentar-nos


aos outros.

Reconhecidas as diferenças, podemos admitir o quanto somos iguais, posto que


partilhamos quase tudo e nos identificamos como iguais – e como diferentes.

2.7 IDENTIDADE SOCIAL


Se somos identificados como pertencendo a um determinado grupo social, temos uma identidade
social.

Quando alguém se apresenta como professor, está mostrando aos outros como está
inserido profissionalmente na sociedade.

Quando alguém se apresenta como membro de um partido político, ou como torcedor


de um clube ou como fiel de uma igreja, está falando de sua identidade social.

27
MÓDULO 2 Psicologia Organizacional

2.8 COMPLEXIDADE DA IDENTIDADE SOCIAL


A identidade social é mais complexa do que a forma como nos apresentamos aos outros.

A identidade social faz parte de cada um.

A identidade social faz parte da forma como cada um de nós percebe, sente, entende e reage ao
mundo.

Logo, o estudo do homem é também um estudo do social.

Toda Psicologia é também Psicologia Social.

2.9 PERSONALIDADE E IDENTIDADE PRÓPRIAS

Nossa existência só se concretiza na relação com os outros – família, amigos,


trabalho, clube, igreja, partido político, associações –, isto é, no mundo social...

Tudo aquilo de que somos feitos – percepção, linguagem, pensamento, ação, sentimentos –
ganha sentido quando, a partir da identidade de cada um de nós...

...percebemos o outro com o qual nos relacionamos e o reconhecemos o como sendo –


assim como nós – detentor de identidade e personalidade próprias.

Temos ainda consciência de que nosso comportamento, nossas atitudes, nossas ações poderão
alterar o mundo.

Mundo este que, em grande parte, também nos forma.

2.10 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.11 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

28
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

UNIDADE 3 – O SER PSICOSSOCIAL

3.1 OBJETO DE ESTUDO


A Psicologia Social estuda o indivíduo em suas relações sociais.

Não existimos isoladamente.

Portanto, não basta para a Psicologia querer nos compreender apenas em nossa
individualidade biológica e psicológica – corpo e mente.

Somos também seres históricos e sociais.

E, como tal, criamos e transformamos o mundo em que vivemos.

Somos corpo, mente e social...

3.2 SOCIOLOGIA CLÁSSICA

Somos colocados em oposição ao social.

Na perspectiva da Sociologia clássica...

O indivíduo é visto como parte de uma unidade maior – a sociedade.

Ele é ignorado em suas particularidades e naquilo que dele próprio constitui o social.

Somos vistos como um produto do determinismo social.

Segundo Emile Durkheim – um dos pais da Sociologia...

A constituição dos grupos é diferente da dos indivíduos. O indivíduo e as coisas que o


afetam são de naturezas distintas.

3.3 SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA


Os sociólogos contemporâneos – afastando-se da tradição da Sociologia clássica –
concebem a sociedade como sistemas de instituições e processos de socialização.

É por meio desse imaginário que a sociedade designa sua identidade e se


representa.

No social, ocupamos um lugar no qual se incluem tanto nossa subjetividade quanto nossa ação
construtiva e modificadora do meio em que estamos inseridos.

O social é tudo aquilo que é coletivo – que ultrapassa o indivíduo.

29
MÓDULO 2 Psicologia Organizacional

O coletivo é organizado política, econômica e culturalmente, possuindo tanto um


sistema simbólico quanto uma ideologia.

O coletivo é atravessado por um imaginário que ele próprio constrói continuamente.

3.4 CARÁTER DIALÉTICO DO SOCIAL


O social não atua, simplesmente, sobre o comportamento individual – mas faz parte
dele.

O social se inscreve no corpo, no psiquismo mais profundo, na representação que o


indivíduo faz de si mesmo e dos outros, nas relações que mantém com o mundo
exterior.

Em um processo inverso, o social reflete – em sua organização – as características mais profundas


dos indivíduos.

As relações interpessoais não são apenas regidas pelo simbólico social, mas obedecem às
exigências pulsionais individuais.

Os sistemas simbólicos sociais existem por causa das pulsões.

Os sistemas simbólicos sociais são criados para permitir que tenhamos o acesso à
ordem.

Os sistemas simbólicos sociais são criados para que seja possível a vida com o outro –
a coexistência de pulsões diversas.

Social e indivíduos, na realidade, são indissociáveis.

3.5 FORMAÇÃO DO COLETIVO

Nós moldamos a sociedade que também nos molda.

A identificação se manifesta na formação do coletivo e podemos melhor compreender o


funcionamento social se apreendemos a carga de projeções psíquicas que comporta.

Embora os processos inconscientes estejam presentes na formação e organização do


social, este social é regulado, simbolizado e idealizado por processos psicossociais que
ultrapassam a problemática psíquica do sujeito.

Logo, para compreendermos como se constitui o social e como ele atua sobre seus
membros, temos de levar em conta tanto as estruturas psíquicas dos indivíduos quanto
as estruturas sociais.

30
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

3.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.7 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 4 – LIMITES ENTRE SOCIAL E PSÍQUICO

4.1 SOCIAL E PSÍQUICO


Os sociólogos tendem a se esquecer de que o social, suas estruturas e seus mecanismos só fazem
sentido porque se organizam em função dos indivíduos.

Os psicólogos e psicanalistas tendem a se esquecer de que nossa vida psíquica e nossa história se
edificam a partir do social – social que pré-existe ao sujeito.

O social faz o psicológico, o psicológico faz o social.

O social contribui para a construção de nossos valores, dos modelos e de nossa vida afetiva.

O social organiza as representações que dão sentido à vida comum – lugar de mediação entre o
imaginário individual e o imaginário coletivo.

O social é constituído e constituinte dos vínculos entre os indivíduos.

4.2 POSTURA
Os limites entre o social e o psíquico se confundem, se fundem, nos
confundem.

Logo, temos de tentar desviar um pouco nossa mente e nosso olhar...

...ampliando nossos horizontes tanto na análise das questões sociais...

...quanto na interpretação da problemática psíquica do sujeito.

4.3 ESTUDO INTERDISCIPLINAR


A forma como os diferentes determinismos – biológicos, psíquicos e sociais – integram-se sinaliza
a complexidade do sujeito-objeto – o ser humano.

A complexidade do sujeito em seu meio não permite que ele seja estudado sob um
único ângulo.

31
MÓDULO 2 Psicologia Organizacional

Ao estudar o ser humano, devemos considerar...

...as relações que mantemos com o social.

...os determinismos sociais e os determinismos psíquicos que atuam nessas relações.

...o modo como essas relações se estruturam.

...os efeitos da interação dos determinismos sociais sobre o indivíduo.

Esse estudo tem de ser interdisciplinar.

4.4 COMPLEXIDADE DA PSICOLOGIA SOCIAL


Elementos de ordem pessoal, interpessoal e social mostram a complexidade da Psicologia Social,
já que...
...existem processos inconscientes primários que nos levam a agir socialmente de um
certo modo.

...existem dispositivos institucionais que nos oferecem – ou não – a possibilidade de


satisfazer, de canalizar, de sublimar nossas necessidades pulsionais.

...existem indivíduos com problemáticas, conflitos, pulsões, dependências específicas –


que buscam a satisfação.

...existem aparelhos – socioeconômico e político – que estabelecem suas exigências,


suas proibições, seus limites, suas leis.

4.5 FATORES SOCIAIS


Se o inconsciente determina o presente sem se preocupar com a realidade...
§ os fatores sociais também determinam o presente;
§ os fatores sociais impõem a realidade ao indivíduo;
§ o indivíduo deve à sociedade se conformar para sobreviver.

4.6 INTERDISCIPLINARIDADE DA PSICOLOGIA SOCIAL


Se conseguimos demarcar, com facilidade, as origens da Psicologia Social, se conseguimos
identificar com facilidade suas heranças...

...sua inserção no campo das ciências sociais e humanas se mescla na interdisciplinaridade.

A organização é social...

Logo, seu estudo tem de ser interdisciplinar.

32
Psicologia Organizacional MÓDULO 2

As contribuições das reflexões que fazem avançar os estudos e sedimentar a Psicologia Social se
fazem sentir atualmente – de forma interdisciplinar – em diferentes áreas das ciências humanas.

Interdisciplinar é também o estudo das organizações – onde nós e a sociedade organizada


nos encontramos cotidianamente e nos formamos continuamente um ao outro.

4.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

33
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

MÓDULO 3 – TRABALHO, INSTITUIÇÕES E ORGANIZAÇÕES

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, abordaremos a organização do trabalho ao longo da história e a formação de
instituições – sistemas de regras, princípios, e diretrizes ideológicas e sociais – em organizações.

Analisaremos como essas organizações são formadas por pessoas encarregadas de reproduzi-las,
mas que também podem criá-las ou mudá-las.

Veremos ainda como se estruturam os grupos dentro das organizações. Como há vários tipos de
relações acontecendo em locais em que há grupos de pessoas convivendo, discutiremos como
ocorrem as dinâmicas internas e as inter-relações entre indivíduos e grupos, e entre grupos e
organização.

UNIDADE 1 – REPRESENTAÇÕES DO TRABALHO

1.1 CONCEITOS DE TRABALHO


A palavra trabalho do latim tripalium.

Em sua origem, trabalho estava associado à tortura, sofrimento...

A ideia atual de trabalho começou a se construir quando os nômades se assentavam em algum


lugar.

Começaram a plantar e criar animais para comer ou domesticar para o serviço.

Com as trocas de mercadorias, o trabalho passa a representar um meio de obter um bem.

Ou seja, o trabalho surge como valor de troca.

Com o tempo, o trabalho passou a representar esforço, luta...

Com o surgimento do capital, o trabalho passou a significar meio de acumulação de capital.

Hoje o trabalho é uma atividade produtiva, uma profissão, ocupação...

1.2 PREPARAÇÃO PARA O TRABALHO


Pelo fato de o trabalho ser bastante relevante para nossa vida, tudo o que lhe diz respeito é
também importante para vários setores sociais.

Desde pequenas, as crianças são apresentadas aos aspectos positivos ou


negativos do trabalho.

Ou seja, elas são influenciadas a escolherem uma profissão.

35
MÓDULO 3 Psicologia Organizacional

Os trabalhos desenvolvidos por seus pais se apresentam como modelos a serem seguidos – ou,
conforme os valores vigentes, a serem evitados.

1.3 SENTIDO DO TRABALHO

O trabalho – categoria percebida como externa ao indivíduo – acaba por


fazer parte dele, definindo, muitas vezes, seu comportamento.

Segundo Christophe Dejours, se admitimos que o trabalho tem um sentido para o trabalhador –
para quem o executa...

...devemos respeitar o trabalhador como detentor de uma inteligência.

...devemos considerá-lo responsável por seus atos.

...devemos considerá-lo capaz de decidir e de agir.

A organização do trabalho deve levar em conta que, por trás de uma tarefa, existe quem a
executa. E, ao executá-la, o trabalhador lhe atribui um significado.

O trabalho também pode significar uma atividade em si mesma – sem nenhum outro
objetivo ou sentido, além daquele que lhe é atribuído por quem o executa.

1.4 COMPREENSÃO DO TRABALHO


Se a ação definida pela organização do trabalho impede que o indivíduo use sua racionalidade
para compreender o que executa...

...ela também impede a mudança.

...ela impede o aperfeiçoamento do trabalho que ele poderia imprimir a sua ação.

Quando o trabalhador compreende sua tarefa, pode discuti-la com os outros, contribuindo para o
desenvolvimento de todos.

Quando não compreendemos o que fazemos, viramos máquinas...

1.5 LUGAR SOCIAL DO TRABALHO


No âmbito da sociedade, gradativamente, o trabalho foi sendo organizado por setores.

No mundo capitalista ocidental, o capital passou a definir a organização social, criando...

...os setores produtivos – unidades empresariais de bens e serviços.

...os setores financeiros.

...os setores comerciais.

36
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

...os setores preparatórios – educativos e de treinamento.

...os setores reguladores – sindicatos, ministérios, ordens de classe.

Vejamos como vai fazendo sentido...

Passamos a utilizar o termo organização para falar das empresas...

Consequentemente, a vida passou a girar em torno do capital.

Evidentemente, a organização social do trabalho também passou a girar em torno do


capital.

1.6 IDENTIDADE PROFISSIONAL


A vida passou a ser regida pelo trabalho – não exatamente pela atividade em si...

...mas pelo que o trabalho representa – meio de obtenção de bens, proteção, segurança
e inserção social – identidade profissional...

...mas pelo que o trabalho representa – meio de tecer vínculos entre as pessoas,
garantia da sensação de pertencimento e de representatividade frente ao mundo.

Todos nós acabamos nos envolvendo com...


§ cargos e funções;
§ salários, medidas de produção e avaliação;
§ qualificação e qualidade;
§ marketing e tecnologia;
§ taxas de juros e relação custos/benefícios...

1.7 RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO


Para os psicólogos, o estudo do ser humano contemporâneo deve levar em consideração as
relações sociais de produção...

Nossa forma de ser e de agir é, em grande parte, definida pelo lugar que ocupamos
nesse sistema, ou seja, nas relações sociais de produção.

A maior evidência dessa premissa aparece na ausência, isto é, na falta do trabalho, no


desemprego.

Quando somos apresentados a uma pessoa...

...após duas ou três frases iniciais, vem a fatídica pergunta: em que você trabalha?

1.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

37
MÓDULO 3 Psicologia Organizacional

1.9 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 2 – INSTITUIÇÕES

2.1 EXPECTATIVAS
Quando ingressamos em uma instituição, temos expectativas com relação a nossa vida nela.

Esperamos que...

...nossos objetivos coincidam – pelo menos, em parte – com os objetivos das outras
pessoas e com os da própria empresa – como instituição social.

...os outros funcionários se comportem de acordo com os lugares que ocupam na


hierarquia institucional.

...os conhecimentos, as operações técnicas e as garantias trabalhistas sejam coerentes


com o prestígio e a função da empresa.

Mais ainda...

Esperamos reconhecimento público e oficial que nos permita, no futuro, a circulação


posterior no mercado de trabalho.

Esperamos ser reconhecidos em nossa singularidade, que nossos direitos e desejos sejam
respeitados.

Esperamos que, nessa instituição, possamos realizar nossos objetivos individuais.

2.2 ESPAÇO DE MEDIAÇÃO


Qualquer instituição reproduz, mesmo que em escala reduzida, as regras, os códigos e os valores
da sociedade na qual está inserida.

Devemo-nos conformar às regras, cumprir exigências e desempenhar um papel que já está


prescrito de antemão.

38
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

2.3 SOCIAL VERSUS INDIVIDUAL

instituição

determinantes das ações dos indivíduos

palco de articulações e desarticulações


entre o social e o individual

coletivo individualidade

regras
singularidade

códigos

direitos
valores sociais

formas desejos
estabelecidas de
inter-relação
entre os
indivíduos objetivos

2.3.1 RELAÇÕES DE PODER


De um lado...

...o coletivo, o social, determinante das regras, das leis, dos papéis e das formas
estabelecidas de inter-relação entre os indivíduos.

De outro...

...as diferentes necessidades – conscientes – e os desejos – quase nunca conscientes


– de diferentes indivíduos, também determinantes de suas ações.

39
MÓDULO 3 Psicologia Organizacional

O palco das articulações e desarticulações entre esses determinantes de origens diversas – social
e psicológica – é, justamente, a instituição.

Viver coletivamente implica instituir-se em organizações, o que significa


divisão de papéis, divisão de trabalho e, bem ou mal, hierarquização das relações
sociais.

Como consequência, estabelecem-se as relações de poder que permeiam toda e


qualquer relação social.

2.4 ESPAÇO DE CONFLITOS


A instituição constitui o espaço socialmente organizado no qual se dão as articulações
entre os diferentes elementos sociais – econômicos, ideológicos, culturais e políticos – e
os elementos psicológicos individuais e grupais.

Os dispositivos institucionais – bem ou mal – oferecem-nos a possibilidade de manifestações


psíquicas, de confrontação interpessoal e de ação individual.

Os dispositivos institucionais representam, ao mesmo tempo, em sua estrutura organizacional, as


imposições legais, políticas e econômicas que regulamentam a sociedade.

A instituição é, portanto, o lugar do conflito inerente à vida coletiva e à inter-relação


entre os indivíduos.

O conflito pode-se manifestar por meio do disfuncionamento organizacional


ou – em um nível subjacente – mascarado em práticas ritualizadas e sintomas
individuais.

2.5 DEFINIÇÃO DE INSTITUIÇÃO


O termo instituição vem sendo usado no contexto da Psicossociologia por diferentes teóricos,
fundamentados, principalmente, em Castoriadis.

Instituição designa tudo aquilo que no social se estabelece, aquilo que é reconhecido
por todos como fazendo parte de um amplo sistema social.

Instituição é tudo aquilo que se tornou instituído, reconhecido como tendo existência
materializada na vida social.

Castoriadis ressaltou questões ligadas ao imaginário e ao simbólico na


constituição do social.

40
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

2.5.1 EXEMPLO
O menino de rua passou a ser uma instituição social em nosso país...

Uma legião de meninos de rua é reconhecida pela sociedade civil e, oficialmente, pelo Estado.

Os sistemas formais de ensino, de saúde, o casamento, a Igreja e o Estado são grandes instituições,
pois regulamentam a vida em sociedade.

2.6 UNIDADES ORGANIZACIONAIS INSTITUÍDAS


As grandes instituições se concretizam, na realidade social – de forma equilibrada ou
não –, em redes de estabelecimentos nas diferentes comunidades que compõem o
tecido social. Por exemplo, colégios, hospitais, igrejas, repartições públicas...

Existem instituições dentro de instituições mais amplas.

As unidades organizacionais instituídas – como a universidade – passam a existir como


estabelecimentos das grandes instituições – no caso, a instituição educação – mas também
passam a ter vida própria, enquanto instituições em si mesmas.

As unidades organizacionais instituídas estão relacionadas à cultura local, influenciando


e sendo influenciadas pelos contextos social, político e econômico nos quais se
inscrevem.

As unidades organizacionais instituídas são atravessadas pelo imaginário social – incluindo ainda
um sistema simbólico próprio.

2.7 INSTITUIÇÕES SOCIAIS AUTÔNOMAS


As instituições sociais autônomas permeiam, com diferentes objetivos, a dinâmica social.

As instituições sociais autônomas surgem, espontaneamente, dos movimentos sociais


e da realidade histórico-social – associações de trabalhadores, de moradores ou
organizações não governamentais.

Essas instituições têm origem nos movimentos sociais.

2.8 DINÂMICA INSTITUCIONAL

A instituição é composta, em parte, pelos determinantes sociais.

A instituição é construída, em parte, com tijolos e janelas do psiquismo humano.

A instituição é muito mais do que uma organização. Na verdade, a instituição inclui a organização.

41
MÓDULO 3 Psicologia Organizacional

O conceito de instituição – como estrutura social – inclui, além da organização...

...o espaço social – simbólico, o código, a regra.

...o imaginário – as representações, os mitos.

...o psicológico – onde se encontra a organização.

A instituição constitui uma identidade formulada sobre uma lei própria, interiorizada em um
sistema de regras.

A instituição inclui ainda a transmissão de um saber que lhe é próprio, ligado à uma ideologia, a
valores precisos, à formação da sociedade e da cultura.

A dinâmica institucional é constituída das relações entre os indivíduos e as instituições


que – longe de serem estáticas – movem-se em todas as direções.

As instituições são espaços de mediação entre a vida individual e a vida coletiva.

2.9 ADMINISTRAÇÃO
O administrador de empresas olha para a instituição como organização de trabalho, buscando
azeitar a máquina para aumentar a produção, o lucro, a posição da empresa no mercado e a
gestão da qualidade.

Valorização do homem na organização.

As antigas teorias de administração viam o ser humano apenas como peça de produção, como
um recurso a mais.

Hoje – graças às contribuições das ciências humanas e das mudanças nos modelos socioeconômicos
globais – novas culturas organizacionais surgiram, conferindo às pessoas novos lugares e papéis
na administração.

2.10 PSICÓLOGO ORGANIZACIONAL


Tradicionalmente, para o psicólogo organizacional, éramos uma peça, um recurso que deveria ser
moldado e adaptado aos mecanismos da produção organizacional.

Logo, o psicólogo organizacional focava sua atuação...


§ na mudança do comportamento;
§ no aprimoramento das habilidades e capacidades individuais – mensuráveis em
escalas;
§ nos processos grupais, seguindo uma lógica instrumental e adaptativa das relações
mercantis.

Hoje o psicólogo organizacional busca olhar para a realidade organizacional enquanto objeto
complexo, produto e produtor de imaginários individuais.

42
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

O psicólogo organizacional intervém nos processos de trabalho, na cultura


organizacional, nas interações comunicativas e em muitos outros elementos da
realidade institucional.

Hoje o psicólogo organizacional está preocupado em analisar e atuar como facilitador


das relações entre nós e as organizações, contribuindo para o desenvolvimento de
ambas.

2.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.12 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 3 – ORGANIZAÇÕES

3.1 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO


Os diferentes estudos sobre as organizações visam – via de regra – definir as melhores formas de
funcionamento das organizações...

Formas de funcionamento que garantam a sobrevivência, a eficácia, o crescimento da


organização, em função de seus objetivos ou de sua missão.

A organização social do trabalho, por sua vez, foi dando-se de forma coerente com as diferentes
eras que atravessamos no processo civilizatório.

A divisão do trabalho procedeu-se...


§ por idade e gênero;
§ por habilidades específicas;
§ por relações de poder.

3.2 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


Foi a partir da Revolução Industrial,com o surgimento da máquina a vapor, em 1769, e da locomotiva,
em 1812, que permitiram o transporte de carga pesada, que o processo industrial tomou vulto.

O desenvolvimento tecnológico e industrial ganhou um ritmo jamais imaginado pelas sociedades


da época.

A indústria e o comércio decorrentes da Revolução Industrial, as invenções subsequentes, o


capital movimentado, as transformações técnicas que geraram uma quantidade impressionante
de novos bens e serviços, como, por exemplo, energia elétrica e sistemas de iluminação, telefonia,
automóveis e aviões.

43
MÓDULO 3 Psicologia Organizacional

O desenvolvimento tecnológico e industrial exigiu uma sofisticação crescente das formas de


organização rudimentares existentes e acabou por criar novas organizações.

3.3 NOVA REVOLUÇÃO


As atuais gerações têm a oportunidade de experimentar e viver uma nova revolução –
a revolução desencadeada pelo surgimento da Informática e, em seguida, da rede
web.

Essa revolução em curso nos permite, inclusive, uma modalidade de organização voltada
para uma transmissão e troca de saberes inédita.

Se, por um lado, essa revolução promove – ou deveria promover – a melhoria de qualidade de
vida dos seres humanos...

...traz também, como consequência, alterações complexas nas vidas das organizações,
de seus membros, das comunidades, das sociedades, e também no ambiente e no
planeta – vivido, cada vez mais, como uma aldeia global.

Essa revolução nos permite uma modalidade de organização voltada para


transmissão e troca inédita de saberes.

3.4 ORGANIZAÇÕES MODERNAS


Nas organizações modernas, a revolução tecnológica também endureceu as condições de
trabalho...

...definem-se leis, regras e normas da organização em função da economia do capital...

Por outro lado...

...desestabilizam-se padrões culturais tradicionais...

...alteram-se os valores sociais...

...extinguem-se profissões valorizadas...

...rompem-se relações familiares sacralizadas...

...criam-se abismos socioeconômicos...

...acumula-se o capital nas mãos de poucos...

...acentuam-se a exclusão social e as formas brancas de escravismo...

44
Psicologia Organizacional MÓDULO 3

3.5 NOVO OLHAR SOBRE A ORGANIZAÇÃO

Se o estudo da organização enquanto máquina produtiva é importante...

Se isso significa aperfeiçoar as necessidades de produzir, azeitar as engrenagens para que a


organização sobreviva e se reproduza...
§ é preciso analisar não só seus sistemas operacionais como também as formas
como atuam os que dela participam – perfis, motivações, comunicação, liderança,
expectativas, resistências;
§ é fundamental refletir, criticamente, sobre a organização, ouvindo o que têm a
dizer aqueles que dela participam.

3.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.7 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 4 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

45
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

MÓDULO 4 – VIDA ORGANIZACIONAL

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, veremos que tanto os processos seletivos quanto os treinamentos são preparados
levando em conta os saberes e as habilidades necessários ao exercício de uma função. Enfocaremos
também a importância da motivação e da satisfação individual do funcionário.

Finalmente, focalizaremos a comunicação e a interação no ambiente de trabalho – espaço onde


uma informação ou instrução mal interpretada pode conduzir a graves consequências para a
organização, para os funcionários ou para terceiros –, sendo importante o cuidado e a atenção
com a forma e o conteúdo das mensagens que circulam entre os vários emissores e destinatários.

UNIDADE 1 – INDIVÍDUOS E ORGANIZAÇÃO

1.1 SELEÇÃO
Para ter clareza do perfil e dos requisitos necessários ao desempenho de determinada função, o
psicólogo da empresa necessita conhecer as especificidades daquela função para a qual será
feita a seleção, ou seja...
§ condições ambientais;
§ exigências de conhecimentos e habilidades específicas;
§ ritmo e rapidez de produção esperadas.

O processo de recrutamento tem de considerar as necessidades da empresa


e o perfil mais adequado ao desempenho das atividades.

Antes do processo seletivo, o psicólogo deverá observar os empregados que já desempenham a


tarefa – alvo da seleção – ou seja...

...analisar o ambiente de trabalho.

...avaliar as interações entre as pessoas.

...analisar, cuidadosamente, as descrições funcionais apresentadas pelo setor solicitante.

O perfil mais adequado à empresa pode incluir características físicas, psicológicas, capacidades e
habilidades específicas, expectativas do indivíduo em relação à função e à empresa, e também a
seus projetos de vida.

As técnicas de seleção variam, mas incluem entrevistas e aplicação de testes psicológicos –


personalidade, memória, aptidões, aprendizagem, percepção – e de habilidades operacionais.

47
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

Os testes podem ser apresentados de forma objetiva – solução de problemas, escalas –,


mas também subjetiva – representação de papéis, simulação de situações, desenhos
representativos ou projetivos.

1.2 ENTREVISTA
As entrevistas representam excelente oportunidade para o psicólogo obter elementos que
auxiliem na verificação da adequação do indivíduo à função e da adequação da função ao
indivíduo.

O processo seletivo não deve ter função apenas ajustadora e adaptativa – isto é, buscar
apenas o indivíduo certo para o cargo.

O processo seletivo deve buscar uma pessoa que – naquele cargo – contribua para o
bom funcionamento da organização, promovendo, se necessário, mudanças na própria
atividade que irá desempenhar.

Com a nova dinâmica de divisão do trabalho – que implica a mobilidade pessoal e a


atualização tecnológica –, não há mais sentido em se buscar um modelo rígido de
adequação, como era comum até os anos 70.

1.3 DIFICULDADES
As dificuldades no processo seletivo surgem na identificação das características desejadas para o
exercício da função. Dificilmente, um candidato terá aptidões – e interesses – para todo e qualquer
tipo de tarefa.

Por um lado, a empresa, ao afunilar demais o perfil desejado, pode selecionar alguém
com os requisitos para uma função específica, mas que não tenha habilidades ou
conhecimentos necessários para ser alocado em outro posto.

Por outro lado, a flexibilidade pode ser um requisito importante, mas quem é muito
flexível possui conhecimentos e práticas mais superficiais, e pode não deter as
competências específicas de um determinado cargo.

Os candidatos não devem estar muito além ou muito aquém do perfil desejado.

O desafio da seleção é encontrar pessoas que tenham competências


compatíveis com as necessidades da empresa.

48
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

1.4 TREINAMENTO
O treinamento é uma técnica sistemática e contínua de saberes e habilidades específicas
ao exercício de uma função.

Os objetivos do treinamento – se claramente definidos e limitados ao escopo das tarefas e


operações – delimitam-no como um campo específico da aprendizagem.

As empresas utilizam o treinamento para a capacitação contínua de seu pessoal.

As empresas utilizam o treinamento como recurso de atualização técnica e de


aperfeiçoamento – criativo e empreendedor.

A rotina e a repetição mecânica de tarefas acabam por robotizar as pessoas,


conduzindo-as, pouco a pouco, ao desinteresse pelo trabalho, à ineficiência e, até
mesmo, a transtornos.

1.5 DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL


A preocupação com o desenvolvimento individual dos funcionários representa ganhos
contínuos para a empresa.

Ou seja, o funcionário tem de traçar seu destino...

Com o desenvolvimento individual dos funcionários, a empresa poderá contar sempre com
pessoas preparadas para conviver – com mais autonomia e dinâmica – com as mudanças.

É na participação do funcionário em suas possibilidades de escolha e decisão sobre os


caminhos de sua carreira – na realização de treinamentos, no aproveitamento de
oportunidades que permitam tanto seu crescimento quanto o da organização – que a
empresa poderá demonstrar respeito e reconhecimento por aqueles que a constituem.

1.6 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.7 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

49
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

UNIDADE 2 – MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E ENVOLVIMENTO

2.1 MOTIVAÇÃO
Os estudos tradicionais da Psicologia da motivação a definem como um movimento dinâmico
interno – um impulso em direção a um objetivo.

Há uma falta inicial, uma necessidade interior ao ser... Essa necessidade motiva uma
ação, um comportamento direcionado a atender, a satisfazer aquela necessidade.

Ao buscar responder ao que é motivação, procuramos explicar, na verdade, por que existe o
comportamento.

Se me levanto do sofá... vou à cozinha... pego um copo no armário... abro a geladeira...


pego a garrafa de água... encho o copo... levo-o à boca e bebo... toda essa sequência é
motivada pela minha sede.

Nesse exemplo, há uma necessidade física – a sede – que desencadeia a motivação e o


comportamento realizado para satisfazê-la... mas nem sempre é fácil entender o que motiva o
comportamento humano.

Quando lemos no jornal que um marido matou sua mulher, refletimos sobre
o que teria motivado esse comportamento.

A resposta pode não ser simples nem para nós nem para o autor da ação.

2.2 NECESSIDADE ORGÂNICA


Ademais, o ser humano busca satisfações que vão além das necessidades...

A motivação está primariamente vinculada às necessidades de sobrevivência corporais


e fisiológicas – mas o ser humano é bem mais complexo do que isso.

E essas necessidades se alteram com o momento e a situação... variam de indivíduo


para indivíduo.

Um pão velho ou uma bela torta satisfazem, igualmente, a necessidade


orgânica da fome, mas não nos sentimos igualmente motivados para comer um
ou outro!

2.3 CONSEQUÊNCIAS DO COMPORTAMENTO


Uma criança que deixa de brincar com os amigos para ficar em casa fazendo o dever escolar pode
estar fazendo isso, não necessariamente, pelo amor aos estudos, mas motivada pelo medo da
punição.

50
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

Dessa forma, o comportamento não precisa ter um motivo prévio.

O comportamento pode ser movido por suas consequências.

2.4 FUNÇÃO DOS GESTORES


A motivação é de ordem psicológica e bem mais complexa do que criar estímulos para
que alguém se comporte de uma determinada forma.

Desde o processo seletivo, é necessário analisar as congruências entre o que a pessoa quer e o
que a empresa tem a lhe oferecer.

Dessa forma, cabe aos gestores...


§ ouvir, periodicamente, os funcionários, reafirmando se o que os motivou ao
ingressarem na empresa persiste, se mudou e em que sentido se deu essa mudança;
§ prover recursos e dispositivos institucionais que mantenham vivo o interesse de
cada funcionário em continuar pertencendo à empresa, e se orgulhando disso.

2.5 SATISFAÇÃO
A busca de fatores que estão relacionados à satisfação individual – no ambiente de
trabalho – tem sido uma constante no mundo empresarial contemporâneo.

Não somos máquinas de uma engrenagem que move uma ou outra máquina... a organização...

Motivados, produzimos melhor, pois desejamos alcançar nossos objetivos...

Logo, temos de tentar relacionar motivação, bem-estar e satisfação, pois...

O homem vive só para o pão quando não há pão.

Cecília Bergamini

2.6 EXPECTATIVAS PESSOAIS


Os indivíduos têm expectativas e objetivos pessoais, além dos objetivos da organização, que
devem ser respeitados.

Conforto e produtividade são buscas pessoais paralelas.

Segurança emocional, justiça na distribuição de recompensas, respeito humano,


reconhecimento profissional e reconhecimento das individualidades podem ser a
contrapartida motivacional oferecida pelos gestores às pessoas que compõem o
universo da organização.

51
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

O contrato de trabalho – uma parte realiza o trabalho, a outra remunera – é apenas a base sobre
a qual se edificam as relações entre as pessoas com status, seus papéis e suas funções diferentes.

As pessoas têm necessidades, desejos, projetos individuais e coletivos a serem confrontados,


partilhados e divididos.

A organização é o palco onde, pelo trabalho, os indivíduos buscam suas realizações.

É escutando seus integrantes que as organizações conhecem suas expectativas.

Criar estímulos artificiais nem sempre funciona como fator motivacional, pois as pessoas têm
inteligência e julgamento moral para avaliar seu grau de participação e inclusão nas diversas
instâncias organizacionais.

Salário no final do mês e condições adequadas de trabalhos são fatores necessários,


mas não suficientes para garantir motivação, satisfação pessoal e desejo de crescimento.

2.7 INSATISFAÇÃO
Um nível de insatisfação é sempre necessário como motivador para a própria vida.

O indivíduo plenamente realizado – se é que isso existe – deixa de ter motivos para viver... não há
mais desejos, não há mais nada a ser conquistado.

Manter metas é fundamental para elaborarmos projetos e alimentarmos ambições.

Temos de definir metas compatíveis com nossas possibilidades e competências; caso


contrário, elas ficarão tão evidentemente inalcançáveis que – por mais que façamos –
a frustração e o desânimo irão inibir nossa ação e desistiremos de nossos projetos.

Esse princípio se aplica a pessoas, grupos e organizações.

2.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.9 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

52
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

UNIDADE 3 – COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

3.1 INTERAÇÃO
Seja qual for a forma que usamos para nos relacionar com o outro, sempre comunicaremos algo
nessa interação.

Um gesto, um olhar, uma expressão facial, um movimento corporal, um som, uma


canção, um poema, uma frase, uma pergunta, uma negativa...

Sempre encontramos – ou, pelo menos, tentamos – meios de exprimir, por alguma forma de
comunicação, alguma coisa a alguém.

Comunicação é um conjunto de disposições verbais ou não verbais pelas


quais um emissor transmite a um interlocutor uma determinada mensagem.

3.2 FALA DO CORPO


Ao longo de uma interação, a postura corporal, os gestos e as expressões nos permitem
inferir – com razoável grau de acerto – o que acontece nessa interação.

Gestos e posturas transmitem informações relativas a status social, a estados afetivos, a distância
social.

Estados de subordinação, timidez, stress, raiva, impaciência, arrogância, estranhamento,


afeição podem ser transmitidos sem que uma única palavra seja dita.

Os interlocutores podem-se avaliar, um ao outro, por meio dos sinais que o corpo emite –
na maioria das vezes, sem que seja essa a intenção consciente de cada um.

Os indícios que uma pessoa tem da personalidade do interlocutor, transmitidos por sua
postura corporal e gestos – dominação/submissão, arrogância/humildade, exibicionismo/
timidez, frieza/acolhimento – são grandemente determinados pela cultura.

A comunicação não verbal pode ser intencional e bem arquitetada. A comunicação não verbal
pode ser espontânea e não controlada.

As significações ligadas aos aspectos emocionais da comunicação não verbal são importantes
para os estudos psicossociais.

Se nossas heranças culturais são diferentes, há sempre o risco de uma leitura equivocada
do que o outro está nos transmitindo.

53
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

3.3 DISTÂNCIA SOCIAL


Quanto maior a distância social entre duas pessoas – quanto mais formal e menos familiar for a
situação da interação –, menos controle elas terão sobre seus corpos no momento da comunicação.

Isso se deve, principalmente, à concentração e à atenção que ambos os interlocutores


investem na comunicação verbal ou na expressão facial.

Isso se aplica tanto à atenção que cada um dedica a seu próprio discurso quanto ao
discurso e às expressões faciais do outro.

Quanto mais se expressa o estado emocional, menor o autocontrole


corporal.

3.4 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO


Para que haja comunicação, é preciso que alguém, ou seja, uma fonte ou um emissor transmita,
por algum meio – voz, escrita, desenho, gestos –, uma informação, ou seja, o conteúdo da
mensagem – recado, conhecimento, instrução – a alguém, que é o receptor ou destinatário.
Parece simples, não? Mas quantas possibilidades de erros mal-entendidos existem nesse caminho!

3.5 RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO


Costumamos atribuir um sentido e uma intenção às mensagens que recebemos...

...conforme nosso estado de espírito no momento da comunicação.

...conforme nossos sentimentos e predisposições em relação a quem nos enviou a


mensagem.

...conforme o meio utilizado para a transmissão da mensagem.

No ambiente de trabalho – onde uma informação ou instrução mal interpretada pode conduzir a
graves consequências para a organização, para os funcionários ou para terceiros –, são muito
importantes o cuidado e a atenção com a forma e com o conteúdo das mensagens que circulam
na empresa.

É preciso ter muita atenção até mesmo ao redigir um simples e-mail.

Nas empresas, a comunicação estratégica passa pelo cuidado com a compreensão,


com o tipo de discurso, com a forma como a empresa transmite seus valores, como ela
se posiciona com clareza frente aos conflitos eventuais, como integra os vários setores
e seus vários públicos pela comunicação.

A transparência é a maior aposta desse jogo.

54
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

3.6 CREDIBILIDADE DO EMISSOR


A credibilidade de nosso interlocutor é determinante...
§ quanto maior for a credibilidade da fonte da mensagem – um chefe, um expert da
área, alguém de quem gostamos –, maior a probabilidade de que a mensagem seja
recebida como verdadeira – e levada a sério.
§ se a credibilidade do emissor for baixa – um subalterno iniciante, alguém de outra
área, um desafeto... –, não haverá respeito ou aceitação do conteúdo da mensagem,
que poderá ser ignorada.

3.7 VEÍCULO E CONTEÚDO


Mensagens contraditórias podem ser transmitidas quando o texto e o contexto não informam o
mesmo conteúdo.

Se o chefe envia mensagens conclamando os funcionários à contenção de despesas –


enquanto dá sinais evidentes de agir como perdulário –, ele corre o risco de ficar
desacreditado.

A forma como a mensagem é transmitida é adequada ao conteúdo?

As expressões usadas são comuns ao vocabulário do destinatário?


§ ...assuntos importantes que mereceriam um encontro pessoal são transmitidos por
meio de um lacônico memorando ou por correio eletrônico...
§ ...uma linguagem rebuscada esconde um assunto banal...
§ ...uma linguagem rebuscada visa, propositalmente, confundir o destinatário – ruídos,
interferências...
§ ...informações são ocultadas na expectativa de se evitar punição por erros
cometidos...
§ ...informações são sonegadas como estratégia de poder...
§ ...excesso de informações prejudica a compreensão e retenção do conteúdo
transmitido – sobretudo, na utilização de mensagens eletrônicas.

3.8 BARREIRAS À COMUNICAÇÃO


Mais importante do que garantir que a informação esteja sendo transmitida integralmente –
desde o emissor até o receptor – é assegurar que ela esteja sendo compreendida.

Seja na fonte da comunicação, no veículo ou no receptor, podem ocorrer barreiras à comunicação.

Devemos tentar detectar a possibilidades de ocorrência dessas barreiras antes mesmo


que elas ocorram.

Devemos tentar entender o que pode estar ocasionando essas barreiras.

55
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

Podemos situar os problemas na comunicação como...


§ barreiras físicas e ambientais;
§ barreiras semânticas;
§ barreiras pessoais.

Uma vez que essas barreiras aconteçam, identificar – e se possível corrigir – possíveis estragos faz
parte do jogo da interação a que todos nos submetemos.

3.9 AUSÊNCIA DE COMUNICAÇÃO


A necessidade de controle do ambiente de trabalho e a ideologia de que, para ser
produtivo, o trabalho deve prescindir, ao máximo, do fator humano fizeram com que as
organizações criassem dispositivos que diminuíssem ou mesmo impedissem a
comunicação entre os trabalhadores.

O ideal era que as comunicações se restringissem ao mínimo essencial para o bom andamento
dos trabalhos.

Contudo, ainda hoje...

...muitas empresas consideram esse modelo como ideal.

...muitos chefes elogiam e premiam os funcionários pelo silêncio no ambiente de


trabalho.

Em alguns tipos de organização, a comunicação autorizada e válida é apenas unilateral e realizada


de cima para baixo.

Contudo, o silêncio pode ser também uma arma...

O silêncio garante também a impossibilidade – ou, pelo menos, a dificuldade de


aglutinação – de reunião, de trocas entre os operários, as quais permitam a formação
de movimentos reivindicatórios, bem como atos coletivos que perturbem a boa ordem
da organização ou que ofereçam resistências às diretrizes da alta hierarquia.

56
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

3.10 PADRÕES DE RESPOSTAS


Alguns call centers impõem padrões de respostas bastante restritos, impedindo a livre expressão
de seus profissionais, que devem repetir um script padronizado e ritualizado, independentemente
do que pensem ou sintam a respeito do assunto que tratam com o cliente...

As empresas argumentam que essa padronização visa evitar eventuais


processos jurídicos de clientes insatisfeitos ou que a padronização é necessária
para acelerar e uniformizar o atendimento.

No entanto, o sofrimento dos atendentes desse tipo de serviço tem sido bastante
relatado...

3.11 FUNCIONÁRIOS INVISÍVEIS


Existem, nas organizações, pessoas que trabalham de forma quase invisível, das quais poucos
conhecem os nomes, os interesses, o que pensam da organização.

A comunicação com essas pessoas é praticamente nenhuma – mesmo por parte de


profissionais encarregados de estimular a comunicação e as relações interpessoais
dentro da organização.

Essas pessoas são os funcionários da copa, da limpeza, dos serviços gerais – muitas vezes,
contratados por empresas terceirizadas –, mas que trabalham, cotidianamente, ao lado dos demais
funcionários ao longo do tempo.

Essas pessoas, muitas vezes, não são lembradas nem mesmo quando não
aparecem para trabalhar.

O que pensam dessa invisibilidade dificilmente se saberá nas organizações, posto que não lhes é
perguntado e que o temor do desemprego é mais um fator que impede a comunicação.

Ao salientarmos a importância da comunicação nas organizações, não podemos excluir


essas pessoas que também dela fazem parte.

3.12 SERES SOCIAIS


Somos seres sociais e a comunicação é fundamental para que vivamos com os outros.

Dessa forma, as organizações devem proporcionar espaços, tempos e condições para que as
pessoas se exprimam, transmitam suas ideias e ouçam o que os outros têm a dizer.

Os entraves à comunicação podem até ser diminuídos, mas isso só se dará se houver espaço para
tal, se houver comunicação sobre essas dificuldades, sobre as mudanças tecnológicas – e-mails,
fax, teleconferências...–, se houver comunicação sobre a própria comunicação.

57
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

3.13 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.14 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 4 – LIDERANÇA

4.1 CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES


Os estudos sobre a liderança, tradicionalmente, abordam as características dos indivíduos
apontados e reconhecidos como líderes.

Os estudos sobre a liderança, tradicionalmente, buscam analisar os diferentes estilos


de liderança sobre o desempenho e a satisfação dos grupos.

As qualidades individuais relacionadas à figura do líder incluem inteligência, confiabilidade,


segurança e carisma.

Fatores situacionais e interacionais interferem na forma como as pessoas avaliam as qualidades


necessárias para alguém ser considerado líder.

O que se espera de um líder em uma guerra é diferente do perfil de um líder que


conduza uma equipe médica... que comande um movimento social... que chefie uma
equipe de trabalho.

Não existe uma lista definitiva e única de traços pessoais para definir um
líder.

4.2 ESTILOS
Diferentes estilos de liderança e sua influência sobre a produtividade de grupos foram
estudados – Lewin, White e Lippitt – e influenciam até hoje as pesquisas sobre o tema...

Liderança autoritária...
As atividades são planejadas pelo líder, que as comunica aos participantes na medida
em que devem executá-las, sem apoio ou consulta aos liderados.

Liderança democrática...
Critérios e atividades são discutidos pelo grupo e orientados pelo líder, que estimula a
participação de todos de forma afável.

Ausência de liderança ‘laissez-faire’...


O líder simplesmente não atua como líder, não instrui, não dá assistência, deixando o
grupo acéfalo e sem direção.

58
Psicologia Organizacional MÓDULO 4

4.3 MODELOS DE LIDERANÇA


Em experimentos realizados com grupos submetidos aos vários modelos de liderança, os membros
dos grupos reagiram de forma bastante diversa...
§ a liderança autoritária provocou reações agressivas, apatia e retraimento, além de
dependência, insatisfação e busca de atenção do líder;
§ o líder indiferente provocou intensa busca de informações dos membros do grupo
e problemas na execução das tarefas;
§ os grupos com liderança democrática demonstraram solidariedade, criatividade e
liberdade de expressão.

4.4 HORIZONTALIDADE
Estudos recentes têm mostrado que o exercício da liderança, nos contextos altamente complexos
das sociedades e organizações contemporâneas, envolve aspectos estruturais e situacionais que
ultrapassam as características dos líderes ou seus estilos de liderança.

A horizontalidade defendida pelos gestores atuais – em contraponto aos modelos


hierárquicos verticais – substitui a ênfase na figura do líder pelas categorias de
autonomia e poder decisório.

Autonomia e poder decisório são valorizados nos membros das equipes que compõem
a organização, diminuindo, substancialmente, a importância do líder formal.

O ponto central das teorias modernas de liderança é a ideia de que, se o líder


quer influenciar o comportamento dos membros do grupo, deve identificar suas
necessidades, oferecendo incentivos capazes de promover seu atendimento. Assim,
um bom líder seria sensível ao que os membros do grupo necessitam em uma dada
situação.

Drumond

4.5 ÊNFASE NAS DIFERENÇAS


Mais importante do que enfatizar a diferença entre chefia – autoridade formal investida em cargo
previsto na estrutura organizacional – e liderança – capacidade de influenciar e se fazer aceito e
respeitado/legitimado pelos liderados – é salientar o fato de que os líderes criam e mudam culturas,
enquanto os demais vivem dentro delas.

Schein

4.6 EXERCÍCIO DA LIDERANÇA


Fiorelli cita algumas habilidades que facilitam o exercício da liderança...
§ habilidade para observar;
§ habilidade para escutar e falar;
§ envolvimento e compreensão;
§ congruência;
§ dar e receber feedback;
§ habilidade para orientar.

59
MÓDULO 4 Psicologia Organizacional

Essas habilidades reduzem as barreiras interpessoais, aumentam a


identificação e estabelecem vínculos emocionais...

4.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

60
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

MÓDULO 5 – RELAÇÕES GRUPAIS NAS ORGANIZAÇÕES

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, trataremos das relações interpessoais focando as relações de trabalho – uma das
áreas de estudo da Psicologia Social ou Psicossociologia.

Após termos visitado a Psicologia e suas diferentes áreas de estudo, vamos refletir sobre os
significados do trabalho e suas formas de organização social.

UNIDADE 1 – GRUPO ORGANIZADO

1.1 FORMAÇÃO DOS GRUPOS


Um grupo é um conjunto de indivíduos que interagem com objetivos comuns.

A dinâmica dessas interações é estudada pela Psicossociologia como interdependência,


seja em seus aspectos psicológicos, afetivos e emocionais, seja com relação à tarefa a
ser realizada – seus objetivos concretos.

A Psicologia preocupa-se em evidenciar os tipos de grupos que seriam mais eficientes no


cumprimento dos objetivos da organização – seja pela divisão racional das tarefas seja pela
coesão entre seus membros.

As dinâmicas de grupo são usadas, nas práticas organizacionais, para...


§ melhorar as relações interpessoais de equipes;
§ facilitar mudanças;
§ aperfeiçoar o instrumental tecnológico e processual nas instituições sociais.

Como esses grupos são formados por arranjos organizacionais – como escolas, hospitais, empresas...

...as pessoas não se escolheram, reciprocamente, como integrantes de um grupo.

...as pessoas foram agrupadas contingencialmente.

O fato de os objetivos de um grupo serem definidos a partir de interesses da organização –


exteriores, portanto, ao próprio grupo – faz com que o grupo passe a buscar, nas relações
interpessoais, elementos psicossociais que o ajudem no sentimento de adesão e de coesão
grupal.

1.2 IDENTIDADE GRUPAL


Se nossas heranças culturais são diferentes, há sempre o risco de uma leitura equivocada do que
o outro está nos transmitindo.

61
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

1.3 CULTURA INDIVIDUALISTA


Em uma cultura individualista – como a em que vivemos –, a sensação de autonomia, de liberdade
e de individualidade apregoadas como conquista acabou sendo substituída pelo sentimento de
solidão social, de fragilidade, de impotência.

Esse mínimo eu – como define Christopher Lasch – acaba tendo uma necessidade
imperiosa de afiliação, de pertencimento a um grupo.

Para a formação da cultura individualista, contribuíram...

...a competitividade estimulada pela economia capitalista – o outro é um concorrente a


ser vencido...

...o descrédito nas instituições públicas – estou abandonado a minha própria sorte...
sou o único responsável por meu futuro e o de minha família...

...o narcisismo que associa o conteúdo à imagem de felicidade idealizada e inalcançável


– tenho de conseguir... quero ter... preciso ter...

1.4 ESPAÇO DE OSCILAÇÃO


Os grupos podem oscilar entre a...

Manutenção de regras rígidas...


Poder centralizador e pouca atenção ao que querem, sentem ou pensam seus membros,
visando, unicamente, atingir os objetivos estabelecidos pela organização.

Preocupação com as diferenças individuais...


Respeito às opiniões e aos desejos de cada um, de forma que seus membros interajam,
da melhor forma possível, com o risco de que os objetivos iniciais não sejam plenamente
alcançados.

1.5 ESPAÇO GRUPAL


Os grupos e as instituições mediatizam a vida pessoal e a coletividade dos indivíduos que ali se
encontram.

Trata-se do desejo do sujeito e da vontade dos atores sociais modificando – agindo


sobre – um mundo que os modifica e age sobre eles.

Trata-se da reconstrução de uma realidade psíquica e histórica cuja consciência,


questionamento e interpretação produzem um sentido novo.

Os grupos e as instituições são os conjuntos concretos nos quais nos


encontramos.

62
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

1.6 OBJETIVO DA ANÁLISE PSICOSSOCIAL


Perceber as dimensões essenciais dos problemas, dos conflitos, dos processos de
idealização e de alienação, dos investimentos pessoais pode ser um caminho para a
transformação da ação individual e coletiva, da vontade de inovar e de buscar um
prazer mais legítimo para cada um.

Dessa forma, a análise psicossocial visa permitir...

...a interrogação e a localização dos controles;

...a identificação dos mecanismos de alienação e de desalienação dos quais participamos


– mesmo que inconscientemente;

...a tomada de consciência da coletividade e do ser histórico que cada um de nós é.

A análise psicossocial envolve todos os atores sociais.

Esses indivíduos, engajados na busca de um sentido para suas práticas sociais, procuram tratar os
problemas coletivamente, mas interiormente.

Desse modo, eles confrontam a si próprios, trabalhando suas próprias relações com os problemas
e com a realidade social que vivem.

Em outras palavras, os atores tornam-se objetos e sujeitos ao mesmo tempo, entrevendo


assim um pouco mais da verdade.

1.7 DINÂMICA DA ANÁLISE


As dinâmicas de grupo e os espaços de troca e de reflexão permitem que...

...temas como liderança, poder, justiça, ética, satisfação, motivação e comunicação


sejam aprofundados pelo grupo.

...o equilíbrio das relações interpessoais possa ser buscado coletivamente.

As dificuldades de se tratar dessas questões nos próprios espaços em que surgem deixam sequelas
que acabam sendo relegadas – como questões pessoais ou problemas familiares – aos consultórios
de psicólogos e médicos.

Trabalho fragmentário e difícil, a análise psicossocial auxilia a cada um a...


§ definir-se em relação a si próprio e ao outro;
§ compreender seu lugar, suas possibilidades e seus limites;
§ identificar vínculos e nos afirmarmos;
§ entrever mudanças e a buscar o lugar de seu desejo no respeito ao desejo do outro.

63
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

1.8 EQUILÍBRIO NO GRUPO

O ideal para a organização é que haja um equilíbrio no grupo – coesão em


torno de um objetivo.

A organização tenta criar estratégias de motivação, de aderência individual e recompensas,


muitas vezes, negando a existência dos conflitos inerentes aos grupos.

Contudo, essas estratégias nem sempre produzem bons resultados – nem para a
organização nem para os membros do grupo.

Não há grupo perfeitamente coeso que consiga atingir seus objetivos externos tão bem quanto
consegue atender às diferenças individuais, de forma a garantir a satisfação e o reconhecimento
dos desejos de seus membros.

1.9 IDENTIDADE GRUPAL


Difícil, mas necessário, é...
§ buscar um equilíbrio nas relações intergrupais, de forma que o grupo reconheça os
desejos individuais;
§ que cada membro do grupo possa dizer eu e manifestar suas propostas, sendo
aceito, pelo grupo, em sua individualidade;
§ que cada membro do grupo possa afirmar sua identidade grupal, isto é, ser
reconhecido como um igual;
§ que cada membro do grupo possa dizer nós e satisfazer suas necessidades de
afiliação e de pertencimento.

1.10 ILUSÃO ORGANIZACIONAL

A ilusão organizacional seria esse mecanismo psíquico pelo qual a organização


torna-se-ia um todo unificado, aconflitual, colocado no lugar do ideal de ego.

Gilles Amado & A. Guittet

Os membros do grupo devem assumir que...

...o grupo não é uma família...

...o consenso não significa que todos pensam e querem da mesma forma...

...alguns abdicam de algumas posições pessoais em prol de uma decisão que satisfaça
à maioria sem ferir seus princípios...

Assumidas essas ideias, o grupo mais amadurecido poderá reelaborar seus ideais em
função da realidade.

64
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

1.11 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.12 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 2 – RELAÇÕES DE PODER

2.1 RELAÇÕES SOCIAIS


Viver coletivamente implica instituir-se em organizações.

Instituir-se em organizações significa divisão de papéis, divisão de trabalho.

Divisão de trabalho, bem ou mal, implica hierarquização das relações sociais.

Toda relação social é permeada por relações de poder.

2.2 PODER NAS INSTITUIÇÕES


O poder está inexoravelmente presente, mediatizando toda e qualquer relação entre os indivíduos –
seja uma díade ou uma sociedade global.

Nesse sentido, interessa apreender, nas diferentes formas de poder...

...quais são e como se articulam os diferentes determinantes sociais – ideológico,


econômico, político e histórico...

...quais são e como se articulam os diferentes determinantes individuais – processos


psicológicos e mecanismos psíquicos...

...como o poder se manifesta...

...quais são seus mecanismos de ação e de sobrevivência...

...quais são seus efeitos no funcionamento institucional...

...quais são seus efeitos nas relações interpessoais, nos sujeitos que exercem o poder
e a ele se submetem.

Temos de tentar compreender as relações de poder tal como elas se


desenvolvem nas instituições sociais.

65
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

2.3 DETERMINANTES DO PODER

As relações de poder são determinadas pela interação das estruturas sociais


e das estruturas psíquicas.

As relações entre os indivíduos se manifestam sempre em um contexto onde são mediatizadas,


controladas pelo social.

As relações entre os indivíduos se manifestam, principalmente, por meio de sistemas simbólicos,


dos quais a linguagem é o exemplo mais evidente.

As relações entre os indivíduos criam todas as possibilidades de expressão pessoal.

O poder se insere em um sistema ideológico, econômico, político e histórico que o


legitima.

O poder compreende também os processos psicológicos e os mecanismos psíquicos


individuais.

Logo, o poder não pode ser estudado como um fenômeno circunscrito a um único
campo de saber já que ele é atravessado por vários determinantes.

2.4 INSTITUIÇÃO E PODER


A instituição é o campo privilegiado para o poder, pois – sendo o lugar de representação de uma
sociedade, de uma história, de um sistema político-econômico – ela é, ao mesmo tempo, o lugar
de investimento pessoal e o objeto de nossas projeções inconscientes.

É na instituição que cada um de nós existe enquanto ator social, submetido, no entanto,
a todo um sistema que nos atribui um papel.

A instituição é o local em que tentamos existir enquanto sujeitos de nossas opções e de nossa
própria história.

É na instituição que se tecem as relações entre os indivíduos.

Estudar o poder tal como ele se estrutura no nível institucional – espaço de mediação – é
tentar apreendê-lo em seus determinantes sociais e psicológicos.

2.5 FONTE DO PODER


Os estudos psicossociais têm mostrado que o poder não se localiza, simplesmente, em uma
pessoa que tem poder e o exerce sobre os que não o tem...

O poder não se localiza na relação entre patrão e empregado, mas se enraíza na organização em
suas práticas cotidianas.

66
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

São os princípios, as regras – por meio de dispositivos institucionais – que fazem com que sejamos
submissos ao poder organizacional, mesmo que não tenhamos consciência disso.

2.6 COMPETIÇÃO
As relações de poder nas organizações podem...

...gerar uma eterna competição entre os profissionais, instados a sempre crescer.

...criar uma insatisfação permanente no indivíduo, que se sente obrigado a progredir.

Além de competir com o outro, o sujeito deve competir consigo mesmo, jamais podendo
acomodar-se em um posto de trabalho.

O poder não se situa exatamente na relação de autoridade, mas faz parte das estruturas
da organização.

Isso significa que quem busca o poder não vai alcançá-lo – pode chegar perto, tangenciá-
lo, mas não detê-lo para si.

O sujeito corre o risco de – ao preço de buscar o poder, na tentativa contínua de se


superar – assumir uma sobrecarga de trabalho e se escravizar.

No entanto, nem sempre a competição é algo sadio.

2.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 3 – CONFLITO

3.1 MODERNAS ORGANIZAÇÕES


As contradições inerentes às modernas organizações, entre restrições e privilégios, criam conflitos
intrapsíquicos entre os profissionais...
§ vantagens assistenciais que criam dependência;
§ princípios respeitáveis que não são bem aplicados;
§ apelo ao lado afetivo – desprezado quando a regra se impõe;
§ segurança instável pela competição.

67
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

3.1.1 NOVA LEITURA


Se entendemos as organizações como palco de projeções individuais nas quais cada um investe
parte de sua vida e espera encontrar retorno em segurança, acolhimento, crescimento, realização
pessoal e justiça... se entendemos as organizações como parte de um sistema social maior,
podemos então entender como é impossível a realização de um modelo idealizado, sem conflitos.

3.2 CONFLITO INEVITÁVEL


Os primeiros modelos administrativos trataram os conflitos organizacionais no sentido
de evitá-los ou resolvê-los.

Segundo esses modelos, os conflitos poderiam ser evitados...

...pela definição criteriosa e racional das regras e por métodos de trabalho.

...pela descrição de tarefas.

...pelo isolamento ou pela redução do contato entre pessoas.

...pela concentração do poder em hierarquia rígida.

O pressuposto desses modelos é que aquilo que é humano pode prejudicar o bom andamento
da organização.

Esse modelo não gerou bons resultados.

Os conflitos pessoais e grupais antigos persistiram...

3.3 NOVOS MODELOS ADMINISTRATIVOS


Devido a maior preocupação com o fator humano e com as relações interpessoais, novos modelos
administrativos passaram a valorizar mais a satisfação no trabalho, o bem-estar físico e mental dos
funcionários.

No entanto, a preocupação ainda consistia no fato de que...

...é preciso que as pessoas se sintam bem para produzirem mais...

...o conflito é mau, só prejudica o objetivo maior da organização – produzir mais e


mais.

Onde houver grupos com lugares e funções – diferentes ou iguais –,


estratégica ou livremente relacionados, o conflito estará presente.

A concepção atualmente predominante é a constatação de que o conflito é parte


natural de qualquer organização.

68
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

3.4 GESTÃO DE CONFLITOS


Contribuíram para o reconhecimento de que os conflitos podem ser geridos...

...a inevitabilidade dos conflitos pessoais e intergrupais, e a percepção de que os


conflitos podem ser mesmo desejáveis para o movimento, a dinâmica, o
questionamento das práticas – às vezes, cristalizadas e sem sentido – da vida
organizacional.

3.5 SOLUÇÕES
Melhores soluções para a organização, para os grupos e seus componentes podem ser encontradas
se, ao invés de sufocar ideias e posições antagônicas, de negar a existência de obstáculos e
frustrações, a organização criar espaços para discussões, experimentações e negociações.

3.6 ESTRATÉGIAS
Para despersonalizar o conflito, entendendo-o como parte da dinâmica organizacional e analisando-o
como tal...

...é preciso levar em conta as predisposições que sustentam as atitudes de cada parte.

...é preciso levar em conta as pressões, o jogo de forças onde se desenvolve o conflito.

...é preciso levar em conta a interação psicológica entre as pessoas ou os grupos –


como eles se influenciam mutuamente –, o que demanda a figura de um mediador.

Muitas vezes, não é mais possível retornar à exata situação existente na


origem do conflito, pois a própria existência do conflito a alterou.

É necessária a busca de um novo equilíbrio ou de um arranjo entre as partes,


considerando as possíveis mudanças produzidas já nas próprias situações – estrutural
ou dinâmica – vividas no conflito.

Fundamental, no entanto, é não negar sua existência nem buscar abafá-lo, sob risco de
desestruturar a própria organização ou de causar danos psicológicos aos envolvidos.

3.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

69
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

UNIDADE 4 – COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO

4.1 COMPETIÇÃO E INDIVIDUALISMO


Em um contexto em que somos estimulados a traçar uma trajetória vertical nas organizações...

Em um contexto em que somos induzidos ao individualismo...

Em um contexto em que somos induzidos à acumulação de bens materiais...

Não é de se surpreender que a competição se destaque como condutora das relações


interpessoais – principalmente, das relações de trabalho.

Nesse sentido, todas as energias devem ser gastas nas metas individuais a
serem cumpridas na corrida em busca do sucesso.

Essa glorificação do sucesso individual acaba por nos isolar, impondo-nos objetivos
personalizados, impedindo que haja negociação ou troca entre nós.

4.2 INSEGURANÇA
Como é impossível que todos vençam, os colegas passam a ser competidores a serem
vencidos.

Instaura-se, consequentemente, um clima de segredos e desconfiança – mas, acima


de tudo, de solidão.

A organização empobrece já que ninguém confia em mais ninguém.

A insegurança sobre o futuro – decorrente dos valores individualistas...

...favorece um clima de perseguição...

...causa prejuízos para as práticas profissionais...

...traz desacertos e mal-entendidos nas comunicações interpessoais...

...desestrutura as relações de poder.

Passamos a ter de resolver, individualmente, nossas reivindicações, demandas, dúvidas, sugestões


e queixas.

70
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

4.3 SER ÚNICO


Quando falamos nos processos de formação de identidade, salientamos a importância do outro
para que cada um se veja como ser único.

Isso implica também que reconheçamos que existe um outro diferente de mim, também único.

4.4 RECONHECIMENTO DO OUTRO


O reconhecimento do outro – da alteridade – faz com que o outro seja, para nós...
§ um modelo – para eu tentar ser igual;
§ um objeto – sobre o qual posso projetar meus desejos, minhas angústias;
§ um apoio – a quem peço socorro nos momentos de dor;
§ um adversário – que vejo como pretendendo obter o mesmo que eu.

4.4.1 COMPETIÇÃO
Muitas vezes, é a partir da relação com a alteridade que moldamos nosso comportamento.

Mesmo os grupos acabam por repetir os comportamentos individuais, vendo outros grupos do
mesmo modo que um indivíduo vê o outro.

A competição – entre pessoas ou entre grupos, dentro das organizações – está calcada
na difícil relação com a alteridade e com nossa tendência a julgar os outros a partir de
nossas próprias categorias.

Daí surgem as exclusões, os preconceitos, as discriminações dentro do trabalho.

O estranhamento, a projeção de nossos desejos e temores, a imagem


distorcida de nós mesmos refletidos no outro provocam, na maioria das vezes,
além da ambição, o comportamento competitivo no ambiente de trabalho.

4.5 COOPERAÇÃO E GESTÃO PARTICIPATIVA


A literatura referente às organizações traz ricas contribuições sobre competição, poder,
liderança e individualismo e poucas contribuições sobre cooperação e gestão coletiva.

A organização é um sistema de mediação entre indivíduos, entre patrões e empregados, entre os


próprios empregados, entre a empresa e as instituições do sistema social que a cerca.

Sejam quais forem os atores sociais envolvidos, a organização estará sempre


se interpondo e intermediando contradições, negociações e conflitos.

A cooperação e a gestão participativa têm despontado em projetos organizacionais, principalmente


em empresas de pequeno porte, em cooperativas, em instituições do Terceiro Setor ou naquelas
ligadas ao desenvolvimento social.

71
MÓDULO 5 Psicologia Organizacional

4.6 COOPERAÇÃO

A psicóloga Ana Magnólia destaca os aspectos psicossociais favoráveis ao


trabalho cooperativo...

Essa cooperação pressupõe valorização e reconhecimento da marca pessoal e do esforço


de cada um para realizar o trabalho e para participar do coletivo, fortalecendo a identidade
psicológica e social, reafirmando as referências internas e convivendo com a diversidade,
de forma a produzir ações com mais poder de transformação do que ações pessoais.

Cooperar é partilhar tarefas, é conjugar propósitos e ações.

O que pode mudar nos indivíduos, pela ação cooperativa, é a própria relação com o trabalho, que
adquire um novo sentido, mais integrativo.

Dentro da noção de alteridade, ganhamos a visão de que o outro pode ser também um
complemento necessário da ação, e não apenas um rival ou espelho.

4.7 CONFLITOS ENTRE COOPERAÇÃO E COMPETIÇÃO


Talvez o grande problema enfrentado no dia a dia dos grupos nas empresas seja...
§ o conflito entre ser sujeito e tender ao individualismo e às disputas pelo poder, de
forma competitiva, em detrimento do interesse comum e das relações interpessoais,
ou ser coletivo;
§ trabalhar solidariamente e em benefício comum, colocando, em segundo plano, os
objetivos e interesses pessoais.

No entanto, é possível ser, ao mesmo tempo, indivíduo e membro do grupo.

4.8 DESAFIOS
Viver sozinho é impossível e indesejável.

Viver em grupos e em instituições é um desafio – necessário, desejado e inevitável.

Nossas ações sobre as organizações e suas ações sobre nós produzem efeitos que se refletem,
em uns e outros, de formas diferentes.

4.9 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.10 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

72
Psicologia Organizacional MÓDULO 5

UNIDADE 5 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

73
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

MÓDULO 6 – DESAFIOS E PERSPECTIVAS

APRESENTAÇÃO
Neste módulo, trataremos dos estados psicológicos que se relacionam às situações ligadas ao
trabalho – ou a sua ausência –, às relações com os colegas e à instituição.

Discutiremos ainda a satisfação decorrente do trabalho produzido. Apresentaremos algumas


ideias e dados sobre sentimentos de estresse e sofrimento, como constitutivos das condições da
organização social do trabalho no mundo contemporâneo.

Os lugares masculinos e femininos no mercado também serão rapidamente discutidos.


Finalizaremos abordando o desemprego e a aposentadoria.

UNIDADE 1 – VALOR AFETIVO DO TRABALHO

1.1 LAÇOS PSICOLÓGICOS


Os vínculos que nos unem às organizações não são apenas de ordem profissional e financeira.

Existem laços psicológicos que se estabelecem...

...no nível consciente – que podem ser verbalizados com clareza...

...o que me incomoda mais aqui é quando...

...tenho grande satisfação em...

...meus objetivos aqui são...

...no nível inconsciente – manifestações de algo que acontece são percebidas, mas não
sabemos bem o que é...

...quando vai chegando a hora da reunião, começo a suar frio...

...tenho uma angústia nos finais de tarde...

...não sei por que não consigo responder quando o Sr. M. me questiona na frente
dos colegas...

...não consigo me controlar quando...

1.1.1 DÚVIDAS
A organização é fonte de angústia e de prazer porque não conseguimos isolar apenas uma parte
de nosso eu que ali vai atuar.

75
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

1.2 IMPOSIÇÕES
A organização funciona como espaço onde projetamos nossos medos, nossas carências, nossos
narcisismos.

A organização moderna nos modela usando estratégias que são elaboradas a partir de
nossas projeções.

A influência da organização moderna não é só racional...

A organização moderna também se impõe – além do que dela esperamos.

O ideal do funcionário pode vir a se confundir com o da organização.

O funcionário já não sabe se é ele quem fala ou se é a organização.

Ao nos atender naquilo que demandamos, a organização moderna reforça nossos


sentimentos de dependência.

1.3 AUTONOMIA
Dependendo de como a instituição solicite a vida psíquica do funcionário, podem surgir sujeitos
autônomos...
§ sujeitos capazes de promover o questionamento das práticas já instituídas...
§ sujeitos capazes de estimular a criatividade dos grupos e dos indivíduos...
§ sujeitos capazes de promover novas formas de ação e de prática.

1.4 PRAZER
O prazer do trabalho parece ter relação com a liberdade que o sujeito tem na escolha
do trabalho.

O bem-estar psíquico – vivido por alguém que realiza um trabalho ao qual atribui um
sentido – evidencia a importância do equilíbrio entre o desejo e sua realização.

A escolha do trabalho manifesta a possibilidade de produzirmos algo – bem material, intelectual


ou serviço – que terá utilidade ou função para a sociedade.

A escolha permite o reconhecimento social.

A escolha aflora o sentimento de pertencimento.

A escolha mostra a importância existencial.

76
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

O prazer se manifesta quando o sujeito realiza um trabalho pelo qual pôde optar e ao qual atribui
sentido e valor.

Um trabalho que o sujeito considera importante para os objetivos do grupo e


da organização.

1.5 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE


Ao romper com o que está já instituído – cristalizado, mecânico e repetitivo...

Ao introduzir o novo – uma nova técnica, um projeto, um processo, um objeto, uma metodologia,
a pessoa...

...confere um sentido próprio, uma marca sua...

...transforma-se ao transformar seu ambiente...

...ganha reconhecimento e identidade.

Quando a pessoa avalia o que faz como possibilidade de crescimento pessoal, consciente
de que realiza seu potencial criativo, é bastante provável que esse trabalho seja feito
com prazer.

1.6 SATISFAÇÃO

Várias coisas nos dão satisfação no trabalho...

Vários determinantes – com diferentes pesos – definem os graus de satisfação no trabalho.

Alguns terão mais prazer ao trabalhar individualmente em uma tarefa intelectual...

Outros terão mais prazer no trabalho manual...

Outros terão mais prazer nas tarefas em equipe...

Condições ambientais, características da tarefa, benefícios financeiros e sociais,


segurança, reconhecimento e respeito – mas, principalmente, o valor que atribuímos
ao trabalho – são elementos que conferem satisfação ao trabalho.

1.7 TAREFAS DESINTERESSANTES


Tarefas desinteressantes e sem significado geram sentimento de inutilidade e desqualificação,
produzindo insatisfação.

O sofrimento pode manifestar-se por meio de sintomas.

77
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

No entanto, algumas tarefas entediantes e monótonas, muitas vezes, têm de


ser feitas e nem sempre existem fórmulas de torná-las mais interessantes.

1.8 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

1.9 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 2 – ESPAÇO E TEMPO

2.1 AGENCIAMENTO DOS ESPAÇOS


O espaço do trabalho é importante para propiciar não só a produtividade mas por
melhores condições de bem-estar físico, condição para as tarefas serem bem realizadas.

A organização e a gestão dos espaços físicos que compõem a organização...

...representam, simbolicamente, as estruturas de poder, de controle, de hierarquia, os


sistemas de comunicação e de tomada de decisão.

...mostram como ali as pessoas investem suas vidas pessoais.

...sinalizam como a empresa entende a qualidade de vida no ambiente de trabalho.

...apontam o caráter público ou privado das tarefas ali realizadas.

Estudos ergonômicos buscam o bem-estar dos indivíduos e suas adequações


às tecnologias necessárias à realização do trabalho.

2.2 ESPAÇO PESSOAL

Reagimos de forma diferente quando nossos espaços pessoais são


invadidos.

O espaço pessoal é uma área invisível em torno de nossos corpos que delimitamos como nos
pertencendo, como uma área privada que nos acompanha nos mais variados lugares.

O espaço pessoal varia de uma cultura para outra – os europeus, por exemplo, costumam
considerar que os brasileiros são invasivos dos espaços pessoais alheios – e de pessoa
para pessoa.

O espaço pessoal tem função de defesa e regulação da intimidade, e da distância psicológica e


social.

78
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

2.3 ESPAÇO ORGANIZACIONAL


O espaço organizacional dá visibilidade às divisões hierárquica e funcional da instituição, permitindo
o controle constante do trabalho.

As categorias funcionais são alocadas a partir de uma escala hierárquica – não só em


relação ao posto de trabalho mas também em relação ao acesso a setores, espaços e
ambientes da organização.

Como a possibilidade de escolha quase sempre é impossível, cabe a cada


um instalar-se, acomodar-se, apropriar-se do espaço que lhe é previamente
designado.

É curioso verificar como, pela utilização do espaço, pode-se inferir sobre o


investimento e as projeções que cada um faz na instituição.

2.4 UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO


Pela utilização do espaço, pode-se inferir sobre os investimentos e as projeções que cada um de
nós faz na instituição.

...da extensão do lar – fotos, quadros, enfeites, objetos pessoais...

...à impessoalidade total – ambiente frio e sem marcas pessoais...

Cada um de nós sinaliza – pela forma como dispomos de nossos ambientes de trabalho – o
quanto e como investimos vidas privadas na instituição.

2.5 ARQUITETURA DO ESPAÇO EMPRESARIAL


A arquitetura dos espaços internos nas organizações de trabalho – principalmente, nas empresas
de produção e serviços administrativos –, ao longo do último século, obedecia a um modelo de
divisão racional do espaço, marcado pela padronização, indiferenciação e controle total.

Na empresa moderna...

A administração do espaço de trabalho favorece a comunicação, associando a abertura


do espaço à produtividade e à horizontalidade das relações profissionais.

Instauram-se novos valores sociais, representados pela informalidade dos


escritórios-paisagem – espaços funcionais e mais agradáveis, sem paredes ou barreiras.

A qualidade do espaço é determinante da qualidade do trabalho...

79
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

Curiosamente, nas empresas modernas, os empregados relatam se sentirem invadidos


em seus espaços pessoais, sem privacidade alguma, e tão controlados como nas
empresas mais tradicionais.

2.6 ESPAÇOS DIFERENCIADOS


Na administração dos espaços – além da organização do trabalho –, manifestam-se a hierarquia,
o poder e o controle da instituição.

Aqueles que dispõem de espaços diferenciados – sala privativa, ar condicionado,


poltronas, sofás, copeiros, computadores de última geração –, com certeza, ocupam
posições superiores.

Contudo, a informatização veio trazer novas formas de organização do espaço de trabalho.

Com isso, as noções de interação social e isolamento estão sendo reconceituadas.

A comunicação virtual criou outras formas de se ver o espaço físico.

O tempo nos mostrará os efeitos dessas mudanças...

2.7 TEMPO REAL E TEMPO SUBJETIVO


Uma das medidas do tempo é objetiva linear e quantitativa, ou seja, é marcada pelos ponteiros do
relógio.

É esse tempo que define as jornadas de trabalho, os índices de produtividade, as


escalas de produção.

Tempo para o trabalho...

Tempo para o lazer...

Contudo, existe uma dimensão subjetiva do tempo que é – assim como a dimensão espacial –
específica de cada cultura, própria de cada um de nós.

Existem ainda diferenças sociais na divisão do tempo...

O tempo dedicado ao trabalho ocupa a maior parte da vida adulta – principalmente na


classe dos trabalhadores de extratos sociais inferiores.

O tempo considerado válido para o lazer, o repouso e as demais atividades da vida é


muito relativo e vivido, de forma diferente, por cada um de nós.

80
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

2.8 CONTROLE DO TEMPO


A vivência subjetiva do tempo relativo ao trabalho produz efeitos psicológicos que interferem
em nossa saúde física e mental, bem como em nossa qualidade de vida.

O controle do tempo aparece...


§ no enquadramento temporal rígido de permanência no posto de trabalho;
§ na cronometragem do tempo de ida ao banheiro;
§ no intervalo para o cafezinho;
§ no número de peças a serem produzidas;
§ no número de clientes a serem atendidos;
§ no cálculo das horas-extras;
§ no tempo gasto entre o trabalho e nossa casa.

2.9 GANHO DE TEMPO


As novas tecnologias, a informatização, a agilidade trazida pelos sistemas computacionais estão
provocando grandes mudanças nos ritmos de trabalho e da produção organizacional.

Essa agilidade, que, aparentemente, nos faz ganhar tempo, na maioria das
vezes, não é aproveitada em benefício de nosso lazer ou descanso.

Sobrecarregados pelas máquinas – criadas para nos desafogar ou para facilitar nossas vidas –,
reorganizamos o trabalho de forma mais flexível no tempo e, paradoxalmente, de forma mais
exigente em volume de produção.

2.10 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

2.11 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 3 – SOFRIMENTO NO TRABALHO

3.1 CONDIÇÕES DE TRABALHO


O trabalho em si não produz sofrimento.

São as condições em que ele ocorre que podem nos gerar sofrimento físico e mental...
§ quando não temos liberdade de escolha;
§ quando o ambiente físico é inadequado;
§ quando o ambiente psicossocial é desfavorável;
§ quando a tarefa não significa nada para nós.

81
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

3.2 VIDA AFETIVA E PROFISSIONAL


A falta de afeto no ambiente de trabalho nos obriga a buscar a afetividade fora do
quadro formal das relações de trabalho.

O espaço de trabalho também é um espaço para a afetividade.

O único efeito permitido e estimulado é aquele que se dirige à própria instituição.

Quando a raiva, a frustração, a admiração, o interesse sexual, o carinho estão excluídos das relações
de trabalho...

O intervalo do cafezinho, a happy hour, o churrasco do final de semana serão


oportunidades para ironizar, comentar gafes, propor ideias criativas e soluções para o
trabalho.

3.3 AFETO
Qualquer afeto reprimido – impedido de se manifestar – vai enchendo,
insuportavelmente, nosso peito... Válvulas de escape são necessárias.

Negar a existência do afeto, impedir totalmente suas manifestações reflete a ideia de que...

...todo afeto é nocivo ao bom andamento das relações de trabalho.

...é desejável e possível a esterilização afetiva e emocional do ambiente de trabalho.

Interiorizar essa concepção significa que...

...qualquer olhar pode ser interpretado como assédio sexual.

...qualquer gesto como agressão.

...qualquer brincadeira como ironia destrutiva.

Se não se cria nenhum canal de expressão, nenhuma válvula de escape, o


sofrimento cresce e os problemas profissionais podem transferir-se para o âmbito
familiar.

3.4 SOFRIMENTO PSÍQUICO


Queixas ou sintomas de estados de sofrimento psíquico manifestados pelos empregados podem
estar relacionados a suas condições de trabalho.

82
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

Pesquisas têm demonstrado que os afastamentos – ou atendimentos ambulatoriais –


para tratamento desses sintomas são registrados como problemas individuais, e não
como doenças profissionais.

Christopher Dejours define o sofrimento psíquico como...

...estado de vivência subjetiva entre a saúde e a doença mental que acontece quando
o trabalhador não encontra nenhuma satisfação no trabalho, não conseguindo
aliviar a carga psíquica investida na realização do trabalho.

O registro desses sintomas como problemas individuais – e não como problemas do


trabalho – reflete a existência de uma cultura organizacional, na qual os valores
predominantes são individualistas.

3.5 INTERIORIZAÇÕES
Cada um de nós, efetivamente, traz problemas pessoais e familiares para o ambiente de
trabalho – mesmo que procuremos não fazê-lo.

Por outro lado, cada um de nós interioriza as tensões e desfuncionamentos do trabalho – estresse,
adoecimento físico, depressão, alcoolismo, impotência... – e os levamos para o ambiente familiar.

Altos índices de absenteísmo, de doenças físicas, estresse, alcoolismo, divórcios,


afastamentos temporários ou aposentadorias precoces sinalizam que essas ocorrências
não estão relacionadas a preguiça ou questões particulares.

Psicologizar, individualizar uma questão de saúde ocupacional ou de inadequação das condições


de trabalho é apenas jogar a sujeira para debaixo do tapete.

Não podemos negar a profunda influência do ambiente profissional na


saúde mental e física dos empregados.

3.6 ESTRESSE
Qualquer atividade humana tem algum nível de estresse. E isso não é necessariamente
ruim.

Um mínimo de estresse pode funcionar como motivador do


comportamento.

Em muitas ocupações profissionais, no entanto, o nível de estresse é bem mais elevado, impactando
quem o vive.

83
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

Segundo Nicole Aubert, o estresse profissional é um...

Processo de perturbação engendrado no indivíduo pela mobilização excessiva de sua


energia de adaptação para o enfrentamento das solicitações de seu meio ambiente
profissional, solicitações essas que ultrapassam as capacidades atuais, físicas ou psíquicas
desse indivíduo.

3.6.1 PRÁTICAS ESTRESSANTES


O estresse profissional resulta de excessos no trabalho – quando são ultrapassados os
limites suportáveis.

Algumas profissões – por suas próprias características – geram, permanentemente, estresse.

Se essas ocupações carregam, inexoravelmente, o estresse como parte de suas práticas


e são tão importantes para o bom funcionamento social, é necessário que se busquem
mecanismos de controle do excesso de estresse ou medidas preventivas que
compensem os inevitáveis picos de situações estressantes.

Individualizar o problema do estresse no trabalho é ainda pior.

3.6.2 ALGUMAS SOLUÇÕES


Algumas soluções para situações estressantes previsíveis são...
§ diminuição da jornada semanal de trabalho;
§ introdução de intervalos com atividades relaxantes ou recreativas na jornada diária;
§ rotatividade de tarefas;
§ maior reconhecimento institucional dos profissionais e de sua carga de tensão;
§ treinamento específico para se lidar com o estresse;
§ criação de espaços de expressão para que os funcionários possam ser ouvidos e
possam partilhar, com seus pares, questões que dizem respeito às condições de
trabalho.

No entanto, o principal é a criação de espaços de expressão, para que os funcionários...

...sintam-se ouvidos, compreendidos...

...possam trazer para o ambiente profissional e partilhar com seus pares questões que,
embora vividas em nível subjetivo, dizem respeito às condições de trabalho e, portanto,
a toda a instituição.

3.7 NEUROSE PROFISSIONAL


Neurose profissional é um estado de desorganização persistente da personalidade,
vinculado a uma situação profissional.

84
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

A neurose profissional torna-se crônica pela repetição cotidiana de um ambiente de trabalho que
está sendo nocivo à pessoa.

A neurose profissional se manifesta como...


§ comportamentos obsessivos, ansiedades, fobias, problemas fisiológicos;
§ nas relações interpessoais – agressividade, timidez excessiva;
§ apatia e depressão.

A neurose profissional pode resultar da ameaça contínua de o funcionário ser dispensado,


descartado.

A instabilidade no trabalho é um dos fatores geradores da neurose


profissional.

3.8 CULPABILIDADE
As pessoas que trabalham nos setores de recursos humanos costumam desenvolver sintomas
neuróticos por se sentirem responsáveis e culpabilizadas por afastamentos e demissões.

Esses profissionais conhecem um pouco das histórias de vida de todos na empresa...


sabem das famílias... dos setores internos por onde esses funcionários passaram.

Esses profissionais sofrem por serem obrigados a executar o processo de demissão.

O profissional de RH acompanha os dramas humanos do funcionário desde a


admissão.

3.9 INVESTIMENTO NA ORGANIZAÇÃO


O excesso de trabalho, o excesso de investimento na organização – assumir os
problemas da empresa como sendo seus, tentar dar conta de todo o trabalho, das
relações entre as pessoas –, esse engajamento institucional excessivo tem como
contrapartida o desinvestimento na vida pessoal.

O engajamento institucional excessivo parece refletir conflitos internos não resolvidos


e sua projeção no ambiente de trabalho.

Como decorrência desse engajamento excessivo, esperamos que a organização corresponda,


positivamente, a esse investimento.

A constatação de que isso não ocorre – que a organização não tem como suprir todas as nossas
carências individuais...

...gera-nos frustração e sofrimento psíquico.

85
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

...agrava o sofrimento, decorrente de nossa vida pessoal insatisfatória no mundo fora


da organização.

Tudo tem de ter equilíbrio...

3.9.1 DOENÇA DA IDEALIZAÇÃO


Quando somos instados a buscar, cada vez mais, a realização dos objetivos, buscar
padrões idealizados de excelência e sucesso...

Quando nos sentimos frustrados com o resultado dessa busca...

Quando contabilizamos a energia despendida, os sacrifícios feitos – família, lazer... –


sem ver a recompensa...

Sentimo-nos diminuídos em nossa autoestima e degradados como indivíduos.

Estamos falando da busca da perfeição...

Nicole Aubert denomina de doença da idealização esse estado que faz com que
busquemos um objetivo irrealizável, um ideal de excelência e de perfeição, do qual
nos sobra o sofrimento e a frustração.

3.10 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

3.11 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 4 – CONDIÇÃO HUMANA NAS ORGANIZAÇÕES

4.1 NOVOS VALORES HUMANOS


As instituições sociais – principalmente, a partir dos anos 80 – têm procurado se apresentar à
sociedade sob nova roupagem.

Na esteira dessas transformações, da nova imagem mais horizontal – menos


hierárquica –, novos valores humanos são incluídos nas missões das instituições.

Os valores humanos permitem que sejam trazidas à baila questões


psicossociais ignoradas, até então, pela organização.

86
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

O surgimento desses novos temas, por si, não garante que o ambiente de trabalho tenha melhorado
significativamente... que nos sintamos mais reconhecidos, respeitados, seguros e satisfeitos em
nossos ambientes de trabalho.

Contudo – principalmente, por mérito dos estudiosos da área que conduziram pesquisas e ouviram
as organizações...

...fala-se hoje sobre o que antes se fingia inexistir.

...permite-se que relações mais autênticas possam se instituir onde antes a rigidez
reinava.

...permitem-se possibilidades de escolha e autonomia.

4.2 FRACASSO E SUCESSO


Um dos temas emergentes da organização contemporânea diz respeito à obrigação do sucesso
– vivida pelos profissionais como um ideal da empresa personificado e internalizado.

Ser bem-sucedido não é mais uma possibilidade ou um desejo.

A empresa acena com o sucesso como valor essencial e ameaça com o fracasso aos
que não aderem a seus ideais.

O fracasso é a humilhação que isola, que culpa, que individualiza.

Entretanto, não há lugar para todos serem bem-sucedidos em um mesmo escalão da organização.
Para que um ganhe, outro tem de perder.

Não há espaço para mais nenhum projeto de vida, a não ser fazer carreira,
ser promovido, vencer e vencer...

O sucesso é partilhado com a empresa – que nos estimulou e possibilitou o crescimento.


Devemos agradecer a ela por isso, pagando-lhe ainda com mais dedicação.

Já o fracasso é solitário – responsabilidade única de quem não quis ou não conseguiu


atender ao chamado do sucesso.

4.2.1 DISSONÂNCIA
Para o fracasso não há preparação. Com o fracasso não há compreensão.

A condenação ao sucesso pode mobilizar o indivíduo a tal ponto que ele já nem se
questiona mais sobre seus próprios valores e ideais.

87
MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

O sucesso está atrelado ao sucesso da empresa, portanto, pode extinguir-se a qualquer momento.

A tensão permanece...

De um lado, nossa autonomia é estimulada para que sejamos vencedores.

Por outro lado, os limites e as imposições da organização estão sempre pairando sobre
nossa cabeça, gerando dependência e subserviência.

É dentro dessa dissonância que cada um de nós deve buscar a própria


trajetória.

Quanto mais consciente dos valores que subsistem nesse jogo, melhor saberemos assumir nossos
atos e projetos em nossas próprias mãos.

4.3 INVEJA
Um dos tabus nos discursos e nas práticas das organizações é a inveja permanentemente
presente na vida do trabalhador.

Como a inveja é um dos mobilizadores do comportamento – uma forma de motivação –, é


importante que suas causas e seus efeitos sejam considerados na análise do comportamento
humano.

A inveja pode ter, moralmente, um caráter positivo, ou seja, revelar uma aspiração do
invejoso em se igualar ao outro naquilo que ele tem como excelência – poder, amor,
beleza, eficiência...

A inveja pode mobilizar o invejoso na busca construtiva dessas qualidades, levando-o,


muitas vezes, a descobrir seus próprios valores e capacidades ocultos.

Essa é a inveja benigna.

Quando a inveja é acompanhada de sentimentos destrutivos para com a


pessoa invejada, ela se caracteriza, eticamente, como condenável.

4.4 DIFERENCIAÇÃO SEXUAL DE TRABALHO


A divisão sexual do trabalho é calcada em uma construção social que tem se reproduzido
historicamente, desde que o trabalho formal se instituiu nas sociedades civilizadas ocidentais.

A entrada da mulher nas organizações de trabalho se deu, na maioria dos casos, pelas
portas dos fundos.

88
Psicologia Organizacional MÓDULO 6

A mulher permaneceu no chão das fábricas, nas copas dos escritórios até alcançar as máquinas de
escrever e os telefones das secretarias.

No imaginário social, ainda prevalece o lugar da mulher voltado para as tarefas


domésticas.

Contudo, o mundo tem mudado e, no processo de socialização contemporâneo, as


crianças já crescem com outras perspectivas quanto ao que é característico de cada
sexo – papéis, direitos, capacidades...

Somente há bem pouco tempo, podemos falar da existência de mulheres na


liderança das instituições.

4.5 SEGREGAÇÃO SEXUAL


As estatísticas sobre o trabalho continuam evidenciando a segregação sexual nos empregos.

Dentre o leque de possibilidades de emprego no mercado de trabalho...

Pouco mais de 30% são destinados às mulheres nos processos seletivos.

Os empregos femininos são os menos qualificados – principalmente, quanto mais se


sobe na escala hierárquica.

No ensino, sua ocupação principal se dá no primeiro grau – educando crianças, como


em casa. Nas universidades, estão principalmente ligadas às áreas de ciências humanas...

Isso está tão arraigado culturalmente, que as próprias mulheres aceitam,


mesmo que inconscientemente, essas diferenças.

Mesmo que existam mulheres ocupando funções anteriormente só exercidas por homens, a elas
cabe manter o traço feminino... se são médicas, dedicam-se, mais frequentemente, à pediatria,
ginecologia e obstetrícia, dermatologia ou endocrinologia, mas pouco aparecem nas áreas de
cirurgia, consideradas de mais prestígio pela classe.

4.6 PAPEL DO HOMEM


O homem também sofre o efeito inverso dessa forma de socialização.

Ao homem é imposta – desde criança – a responsabilidade moral de arcar com o


trabalho pesado e de ser condenado ao sucesso profissional.

O homem sofre os preconceitos decorrentes das eventuais escolhas de atividades


profissionais culturalmente atribuídas às mulheres.

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MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

Nas culturas provincianas, as empresas ainda exercem estratégias de controle, realizando


recrutamento discriminatório...

...não só por considerar inferior o trabalho feminino...

...mas porque é mais conveniente financeiramente e gerencialmente sustentável o


argumento de que homens e mulheres são naturalmente diferentes.

As diferenças entre os sexos são moldadas pelas relações de embate, e pelas forças construídas
pelas tradições culturais incorporadas pelas organizações.

As organizações definem formas diferentes de acessos, diferentes níveis de exigências na


realização das tarefas e diferentes formas de retribuir o trabalho.

As organizações não podem nem devem passar ao largo das discussões


sobre esses temas.

4.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

4.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 5 – DESEMPREGO E APOSENTADORIA

5.1 DESESTRUTURAÇÃO
A desocupação repentina pode criar uma crise de autoestima, uma quebra no
sentimento de unidade, de completude.

É como se, junto com o emprego, a pessoa perdesse suas referências de integração
social, de identidade cultural...

Seja por demissão do emprego, seja por impossibilidade física ou outro motivo que faça com que –
contra a vontade – sejamos obrigados a largar o trabalho, sem garantias para um futuro próximo...

...feridos no narcisismo, na dignidade, sentimento de vergonha e fracasso são as primeiras


queixas de quem não pode trabalhar, além da perda financeira.

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Psicologia Organizacional MÓDULO 6

Mudanças no estado psicológico – acompanhadas do tempo ocioso – alteram, significativamente,


nosso cotidiano.

Para os homens, essas questões se colocam de forma ainda mais


contundente, posto que a cultura lhes relega a carga da responsabilidade do
sustento familiar.

5.2 NOVAS POSSIBILIDADES


Com o prolongamento da situação de desemprego, o sentimento de isolamento social
– de ser diferente ou menor do que os outros – pode transformar o desânimo em
apatia, a apatia em depressão.

Encarar a falta de trabalho como um processo – não uma situação definitiva e estática – pode
significar enxergar esse período como possibilidades para novos rumos profissionais.

Encarar o desemprego não como culpa pessoal – mas como decorrência das regras do mercado
de trabalho – faz com que nos percebamos como parte da história social.

Resgatar-nos a nós mesmos e ajudar a resgatar o outro por empatia pode ser um
caminho para o desamparo psicológico causado pela falta de trabalho.

5.3 DEMISSÃO EM MASSA


Quando se é despedido, o sentimento é de ter sido traído pela organização.

Quando ocorrem demissões em massa, o sentimento para os que ficam é de perseguição,


ansiedade, nervosismo, insegurança e estresse.

Isso ocorre, principalmente, quando a organização não informa aos funcionários seus
projetos, sua situação financeira, suas estratégias e sua política de pessoal.

Mais uma vez, a transparência da organização pode ter melhor efeito do que
o silêncio.

5.3.1 COMPREENSÃO DA PERDA

Alguns compreendem mais rápido, outros precisam de maior apoio para se


reorganizar.

A organização, ao despedir um funcionário, pode ajudá-lo a se organizar, a se adaptar, a reconhecer


a situação como uma contingência da vida profissional, e não como um fracasso pessoal.

Compreender a natureza da perda pode diminuir a dor desse luto.

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MÓDULO 6 Psicologia Organizacional

Compreender a natureza da perda pode ajudar na avaliação da situação.

Compreender a natureza da perda pode mudar as perspectivas.

O sentimento de que não fomos abandonados à própria sorte já é um primeiro alento


para a luta positiva da busca de uma nova colocação.

5.4 APOSENTADORIA E REAVALIAÇÃO


Quem se aposenta reavalia sua vida profissional...
§ os investimentos realizados;
§ os estudos e os esforços despendidos;
§ o tempo dedicado e os projetos feitos;
§ as escolhas que deixou de fazer;
§ os sacrifícios e a experiência adquirida;
§ a bagagem construída.

5.5 EXPERIÊNCIA DA MATURIDADE

Uma história de vida... uma longa caminhada vista com outros olhos...

Olhos de quem atravessou uma ponte construída com suas próprias mãos.

No entanto, como a vida foi preparada para o trabalho, nem tudo são flores no prometido descanso
da aposentadoria.

Sentimentos de ser supérfluo, sem rumo, sem ter onde aproveitar a bagagem
acumulada, pois o mundo atual não valoriza sua idade.

Para o mercado de trabalho, a ênfase na juventude modifica valores culturais tradicionais,


que atribuíam à experiência de vida dos mais velhos poderes de decisão e lugar de respeito.

5.6 DECISÃO ESPONTÂNEA


Os mais velhos são muito rígidos para acompanhar a agilidade da organização moderna.

Preconceitos como esses imperam nas empresas que começam a aposentar os


funcionários mais velhos, pressionando-os à aposentadoria – muitas vezes, precoce –, e
isto, principalmente, porque sua experiência pode ameaçar superiores mais jovens.

A experiência, nesse contexto, significa perda de valor –, pois pode atrapalhar mudanças propostas
pelos mais jovens, pelos mais maleáveis para assumir riscos.

Se a decisão da aposentadoria é natural e espontânea – e se ela foi preparada...

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Psicologia Organizacional MÓDULO 6

...a reorganização do tempo e da vida não é traumática.

...a substituição do trabalho por novas atividades culturais e de lazer é natural.

...o ócio é vivido sem culpas nem tédio.

Na nova organização, flexibilidade equivale à juventude.

Os mais velhos teriam muita rigidez de pensamento para acompanhar a agilidade


da organização moderna.

5.7 SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

5.8 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

5.9 EXERCÍCIO
Acesse, no ambiente on-line, o exercício desta unidade.

UNIDADE 6 – CENÁRIOS CULTURAIS

Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo deste módulo, acesse os
cenários culturais no ambiente on-line.

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Psicologia Organizacional MÓDULO 7

MÓDULO 7 – ENCERRAMENTO

APRESENTAÇÃO
Na unidade 1 deste módulo, você encontrará algumas divertidas opções para testar seus
conhecimentos sobre o conteúdo desenvolvido em toda disciplina. São elas...
§ caça-palavras;
§ jogo da memória;
§ jogo da caça;
§ jogo do labirinto.

A estrutura desses jogos é bem conhecida por todos.Você poderá escolher o jogo de sua preferência
ou jogar todos eles... a opção é sua! Em cada um deles, você encontrará perguntas – acompanhadas
de gabaritos e comentários – por meio das quais você poderá se autoavaliar.

Já na unidade 2, é hora de falarmos sério! Sabemos que o novo – e a disciplina que você terminou
de cursar enquadra-se em uma modalidade de ensino muito nova para todos nós, brasileiros –
tem de estar sujeito a críticas... sugestões... redefinições. Por estarmos cientes desse processo,
contamos com cada um de vocês para nos ajudar a avaliar nosso trabalho.

Finalmente, como é indicado ao final deste módulo, este é o momento de nos prepararmos para
a avaliação final da disciplina, que será feita presencialmente

Então? Preparado?

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