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LÍVIA VARGAS AFONSO

Farmacologia – Aula 1

FARMACOLOGIA DO HIPOTÁLAMO E HIPÓFISE

Medicamentos que querem fazer a mesma coisa que hormônio ou o oposto, serão
agonistas ou antagonistas aos seus receptores, respectivamente. Os hormônios podem ser de
natureza peptídica (ex: insulina), esteroidal (ex: testosterona) ou na forma de amina (ex:
norepinefrina). O sistema endócrino controla o funcionamento do organismo de maneira
geral, os que controlam a reprodução (FSH, LH), crescimento (GH, insulina), homeostase e
desenvolvimento. A neuro-hipófise não produz, mas libera a ocitocina e o ADH, que são
produzidos pelo núcleo paraventricular e supra-óptico respectivamente, vão ser transportados
ao redor do axônio passando para neuro-hipófise junto com uma substância chamada
neurofisina, e quando houver o estímulo são liberados para a corrente sanguínea.

A adeno-hipófise produz hormônio, mas está sob o controle dos hormônios do hipotálamo
(CRH, TRH, PRIH, GnRH, GHRH, GHIH). Normalmente eles têm uma ação estimulante, porém
tem um hormônio que está continuamente inibido que é a prolactina que é inibido pela
dopamina que está sendo continuamente liberado pela adeno-hipófise onde tem o lactotrofo,
produtores da prolactina. LH e FSH são estimulados pelo GnRH, o TSH é estimulado pelo TRH
(também estimula a liberação de prolactina), tem o ACTH que é estimulado pelo CRH e o GH
que tem tanto o hormônio estimulador tanto o inibitório (GHRH e GHIH). A prolactina tem uma
característica inibitória no LH e o FSH, o que diminui grandemente a possibilidade de ovulação
durante a amamentação. Normalmente os hormônios estão sob controle de liberação pelo
feedback negativo, mas tem hormônios que fazem feedback positivo que é a ocitocina e
prolactina.

O GH tem liberação pulsátil, existem momentos que ele é liberado em mais quantidade, que
é pela noite nas primeiras horas do sono profundo. É natural que na medida que você vai
envelhecendo o GH vai diminuindo, não se sabe se é uma falência da célula em produzir o
hormônio de crescimento ou se tem uma interferência no sono à medida que você vai
crescendo, pois dorme menos tempo e com menor qualidade. O hipotálamo libera o hormônio
liberador do hormônio de crescimento, o GHRH, que estimula a hipófise anterior liberando o
hormônio de crescimento que faz o seu efeito, e depois faz o feedback negativo através do IGF
em cima do hipotálamo e hipófise anterior, e o próprio hormônio de crescimento inibe o
hipotálamo. Também temos a somatostatina que é o hormônio inibidor do hormônio de
crescimento.

A grelina é o hormônio da fome que é liberado em caso de hipoglicemia ou em falta de


alimento, a grelina é extremamente liberadora do hormônio de crescimento. Outro indutor
forte do GH é a hipoglicemia. Teste provocativo, é feito administração de insulina para induzir
uma hipoglicemia e então é dosado o GH, se liberou pouco ou não teve alteração indica falha
no GH. Por outro lado, se há suspeita do excesso de liberação do hormônio de crescimento
(acromegalia e gigantismo) é feito o teste de tolerância oral a glicose. Ao longo do dia tem
vários momentos que tem picos de liberação do GH, como em momentos em que o individuo
esta há um tempo sem se alimentar, pois o GH é hiperglicemiante, apesar do maior pico ser
durante a noite. *Arginina também estimula a liberação do GH. Fatores inibitórios do GH:
Aumento da glicemia, obesidade (excesso de gordura gera prejuízo na liberação de GH),
somatostatina, GH por feedback negativo e os agonistas beta-adrenérgicos.

Toda vez que o GH passa pelo fígado, uma parte dele vai ser metabolizada e vai se
transformar em IGF. O IGF é responsável pelo crescimento linear e de todos os órgãos do
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corpo, no processo de ossificação endocondral, na placa de crescimento, faz com que aumente
a vascularização e a quantidade de osteoblastos e começa a ter ali tanto a formação de tecido
ósseo quanto a formação de cartilagem. O GH tem ação basicamente no tecido adiposo, fígado
e musculo. No tecido adiposo ele diminui a captação de glicose, se não está captando glicose é
entendido que precisa gerar energia fazendo a lipólise pela ativação da lipase hormônio
sensível, lançando ácidos graxos na circulação para serem utilizados como fonte de energia. No
fígado estimula a síntese de proteína, faz com que produza o IGF, a proteína de ligação do IGF
e faz com que tenha a gliconeogênese, consequentemente diminuindo a captação de glicose
da célula. No musculo o GH age diminuindo a captação da glicose, aumenta a captação de
aminoácidos, aumentando a síntese de proteína e consequentemente aumentando a massa
corporal magra.

Somatropina é o hormônio de crescimento que em algumas situações ele será


administrado. Esse hormônio era retirado da hipófise de cadáveres, porém foi suspenso pois
causava nas pessoas a síndrome de Creutzfeldt-jacob, que é uma doença neurodegenerativa
potencialmente fatal. Na década de 80 passou a ser fabricado o hormônio de crescimento
recombinante (rhGH) que é igual ao hormônio de crescimento fisiológico. Esse feito em
laboratório tem um tempo de meia vida muito maior que o fisiológico, podendo ser
administrado apenas uma vez ao dia. As principais indicações para sua utilização do rhGH é
quando se tem deficiência do GH, astenia importante, pacientes que tem aids para tentar
melhorar a síntese de proteína, é indicado também para síndrome do intestino curto, pois o
GH tem a capacidade de fazer uma adaptação nas células do TGI. A deficiência do GH na
infância causa baixa estatura e adiposidade, dentição atrasada, hipoglicemia, maior
quantidade de gordura subcutânea. Na síndrome de Prader-Willi apesar de não ter deficiência
do GH, a sua utilização é indicada pois tem uma quantidade de tecido adiposo muito grande,
hipotonia, baixa estatura e atraso do desenvolvimento. A síndrome de Turner apesar de não
ter deficiência do GH, também é uma indicação, pois são crianças de baixa estatura e com
baixo desenvolvimento. No adulto as indicações são em caso de obesidade generalizada,
redução da massa muscular, astenia intensa e diminuição do débito cardíaco.

Os efeitos colaterais do uso desse hormônio nas crianças e nos adultos são um pouco
diferentes. Nas crianças pode causar hipertensão intracraniana no início do tratamento,
hipotireoidismo e DM tipo 2. Nos adultos o que pode ter é artralgia de mãos e punhos, edema
periférico e mialgia.

Interações medicamentosas: Estrogênio diminui a ação do GH (mulher fazendo o uso e GH


com alta liberação de estrogênio, é preciso adequar a dose) e GH aumenta a inativação de
glicocorticoides.

Outros usos:

 Atletas para obter um suposto aumento da massa muscular e do desempenho –


doping;
 Programas antienvelhecimento;
 Utilização de aminoácidos nos suplementos na tentativa de estimular a liberação de
GH.

O excesso de GH (gigantismo e acromegalia) exige um outro tratamento. É tratado com um


fármaco que diminua a liberação do hormônio de crescimento, que são os análogos da
somatostatina (hormônio natural da inibição do GH), esses são a Octreotida e a Lanreotida. A
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Octreotida: 3x/dia SC ou 1x/4 semanas IM. A Lanreotida: 1x/10 ou 14 dias IM ou 1x/4 semanas
SC. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, flatulência e esteatorréia com
evacuações volumosas. Hipotireoidismo (o GH é um estimulador dos hormônios tireoidianos).
Hipoglicemia.

Outra forma de tratar é com o antagonista do GH, que vai direto nos receptores de GH e
bloqueia os mesmos. Pegvisomanto (antagonista do GH), é administrado uma vez por dia,
normalmente entra no tratamento da acromegalia, porem pode ter um possível aumento de
adenomas secretores de GH, isso ocorre por conta do mecanismo de feedback, fazendo com o
que nosso corpo produza ainda mais GH perdendo a efetividade do medicamento, o que é
muito difícil de ocorrer com o análogo da somatostatina, pois a somatostatina inibe direto o
hormônio de crescimento e não bloqueando o seu receptor. Os efeitos colaterais do
Pegvisomanto é uma disfunção hepática, lipohipertrofia no local da injeção pois o GH é
lipolítico, como está bloqueando esse receptor pode ocorrer uma lipohipertrofia no local, pode
causar também algumas alterações no TGI, como náusea e diarreia.

Temos também os agonistas dos receptores de dopamina, esse medicamento estimula os


receptores de dopamina. Dessa classe temos disponíveis a bromocriptina e a carbegolina (mais
usado). São agonista principalmente dos receptores D2 da dopamina, que atua na via
infundibular que controla a liberação da prolactina. No caso de grande liberação de prolactina,
esse é o medicamento de escolha. A bromocriptina a administração é feita duas vezes por dia
por via oral ou por via intravaginal, pela via intravaginal diminui um dos efeitos colaterais mais
comum que é a náusea. E a carbegolina é feito uma vez por semana (1/2 vida mais longa) e
tem a mesma efetividade ou maior que bromocriptina. Efeitos colaterais: náusea (+
bromocriptina), vômito, cefaleia, hipotensão postural, cardiopatia valvar (carbegolina)-> traz a
capacidade de estimulação de alguns receptores de serotonina (5HT2B) e isso faz com que
possa ter alterações de funcionamento de válvulas do coração. Alucinação-> dopamina na via
meso-limbica. Outra indicação dessa classe é para quem está tentando engravidar e não
consegue e quando dosa a prolactina, ela está elevada, atrapalhando a mulher a engravidar
(bromocriptina é mais usado nesse caso por ser comprovado que não é teratogênico).

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