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ESTRESSE?
Escrito em 10/06/2021 por Marcelo Esperandio
Se lhe contaram que treinar a distâncias de 15 a 25 metros numa posição estática e com
uma demanda de tempo que você pode realizar disparos enquanto olha o seu
whatsapp(estou sendo irônico), então sinto lhe informar que você está perdendo muito
tempo treinando da forma errada e incompatível com a realidade do confronto armado!
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O TREINAMENTO CONVENCIONAL
Meu primeiro contato com uma instrução de armas de fogo aconteceu cerca de vinte anos
atrás nas fileiras do Exército Brasileiro enquanto cursava o Núcleo de Preparação de Oficiais
da Reserva no 23° Batalhão de Infantaria. Bons tempos! Naquela oportunidade aprendemos
a atirar em alvos estáticos numa distância de 25 metros numa posição ortodoxa(prevista em
manual) e com um tempo para a execução das séries bem alto. O maior estresse não estava
na compressão do tempo, mas no incômodo do barulho dos disparos.
Continuei minha carreira de Oficial Temporário de Infantaria até ingressar na Polícia Civil
onde estou hoje. Entre as lições aprendidas no Exército Brasileiro e os dias atuais foram
milhares de horas(já ultrapassamos as 10.000 horas) de estande e fora dele treinamento
fundamentos e habilidades que orbitam o confronto armado. Independente da Instituição
ou das escolas de treinamento, existe uma máxima incomum entre elas que está em balizar
o treinamento de tiro em distâncias surreais e dentro de uma janela de tempo impraticável
com o mundo real.
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Entenda uma coisa, os fundamentos mecânicos são os mesmos entre uma distância de
vinte e cinco metros e a um metro da ameaça, porém a física do seu corpo é
completamente diferente! Então a forma como o seu corpo e o seu cérebro se comportam
está diretamente ligada a maneira como você irá utilizar a sua arma.
Revisão rápida sobre como o seu corpo reage a confrontos armados. Possuímos um
processador de informações que nos mantém vivos em situações de sobrevivência,
chamamos ele de Amígdala Cerebral. Esse processador trabalha numa velocidade absurda
para tomar decisões inconscientes e realizar respostas automáticas numa situação de
emergência. Essa “Via rápida” trabalha duas vezes mais rápido porque nosso sistema
evolutivo tirou o “intermediário” (você) da equação.
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Já a “Via lenta'' demora o dobro do tempo para resolver os problemas e sofre influência do
“intermediário” que busca soluções baseadas em memórias associativas e treinamento para
resolver o problema. Esta via “sai do jogo” quando o nosso Sistema Nervoso Simpático entra
em funcionamento e desativa a resposta consciente em detrimento a resposta inconsciente,
neste caso a “Via rápida”. As duas vias trabalham simultaneamente, porém as respostas
iniciais vem da “Via rápida” enquanto a “Via lenta” passa pelo Córtex e segue para a
Amígdala para depois assumir o controle.
SIMPLICANDO O PROCESSO
Acredito que você já tenha visto inúmeros vídeos de reação armada onde o policial ou
cidadão realizam disparos enquanto segurava a arma com apenas uma das mãos.
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Desconsidere o fato deles estarem segurando algo na outra mão, este será tema de outro
artigo, mas vamos focar e entender por que durante uma resposta armada aquele
policial/cidadão não realizou os disparos com a empunhadura dupla da mesma forma que
treinamos no estande.
Entenda que nem sempre replicamos aquilo que treinamos no estande, nossas respostas
de sobrevivência são baseadas no Princípio da Simplicidade, isto porque as alterações
que acontecem em nosso corpo decorrentes da resposta hormonal e neural pela ativação
do Sistema Nervoso Simpático nos tornam uma “Máquina de Combate”, ficamos rápidos,
velozes, sangramos menos nas extremidades, nosso foco fica mais apurado para objetos em
profundidade, ignoramos o irrelevante e focamos naquilo que tem importância para a nossa
sobrevivência. Vale lembrar que existe o lado negativo dessa resposta hormonal e neural
que é a perda da capacidade cognitiva plena, neste caso nosso cérebro opta por resposta
simples, sem complexidade cognitiva e motora, a capacidade visual e auditiva é afetada e
nossa percepção sofre um estreitamento, às vezes ignorando algo relevante no cenário. A
capacidade motora também é afetada e realizar movimentos de precisão ou que exijam
coordenação de olhos e mãos ficam prejudicados, por outro lado movimentos que utilizam
habilidade motoras grossas de empurrar ou puxar se tornam mais eficientes.
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As alterações que acontecem em nosso corpo decorrentes da resposta hormonal
e neural pela ativação do Sistema Nervoso Simpático nos tornam uma “Máquina
de Combate”, ficamos rápidos, velozes, sangramos menos nas extremidades,
nosso foco fica mais apurado para objetos em profundidade, ignoramos o
irrelevante e focamos naquilo que tem importância para a nossa sobrevivência.
Então por que treinar a distâncias de 25 metros em alvos pequenos é perda de tempo?
Porque este tipo de treinamento é incompatível com cenários reais com maior
probabilidade de acontecer, nesse caso cinco metros ou menos. A essa distância você tem
muito tempo disponível para aplicar fundamentos de forma consciente, corrigir pontaria,
utilizar o sistema visual e sem os efeitos do estresse que um confronto a curta distância lhe
proporciona. Saliento que treinar a distâncias de vinte e cinco metros faz sentido quando o
ambiente operacional demanda deste tipo de habilidade ou na iniciação do tiro para
verificar erros na aplicação dos fundamentos de tiro.
Se você chegou até aqui então está na hora de entender a mecânica por trás das respostas
realizadas em confrontos armados a curta distância, entenda que o seu corpo se comporta
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de uma forma diferente a esta distância contra uma ameaça. Decisões simples, movimentos
explosivos, menos coordenação e a chance de ser morto ou ferido é uma constante neste
cenário. O cérebro inibe alguns comportamentos diante da demanda de tempo(a falta
dele) visando a economia de movimentos, a economia de movimentos tem proporção
direta com a simplicidade e a SIMPLICIDADE rege o seu repertório de técnicas disponíveis.
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precisão, então o cérebro recupera a empunhadura dupla e continuar o processo de
engajamento.
O que treinar no estande? As respostas iniciais são intuitivas e automáticas, porém logo após
a resposta inicial(“Via rápida”) o treinamento assume o controle(“Via lenta''). Condicionar
respostas a partir de estímulos visuais e auditivos em cenários realísticos e com a
metodologia adequada, aumenta a chance de recuperar e executar estas respostas numa
situação de estresse.
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Enquanto o seu treinamento se basear em disparos de 25 metros e tiros da região do
quadril(posição não natural para disparos contra múltiplas ameaças), então você ainda
continua treinando para alimentar o seu ego e suas redes sociais. Procure entender como o
seu corpo se comporta sob estresse, administrar o estresse é uma das forma de mitigar os
efeitos do Sistema Nervoso Simpático, porém você só alcança esse nível de performance
com a adoção de uma metodologia consistente como a que adotamos nas linhas da
ESPERANDIO TACTICAL CONCEPT e aplicando fatores de estresses durante o treinamento.
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