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Introdução
Qual a origem das fissuras em elementos de concreto armado? Como controlar este surgimento? Quais são as
práticas mais recomendadas para tal situação?
Após a etapa de dimensionamento, são necessárias observações de parâmetros que tendem a reduzir estados
limites em relação ao uso da estrutura, principalmente aqueles relacionados à durabilidade das peças.
Neste contexto, é de importante perceber os detalhes que buscam reduzir às fissuras oriundas de esforços
aplicados e, principalmente, de origem térmica e de retração.
Os mecanismos e limites impostos pela NBR 6118/2014 para este controle buscam minimizar a influência das
fissuras no comportamento das peças ao longo de sua vida útil.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Analisar as noções de controle de fissuração de maneira prática.
A tabela a seguir ilustra os limites de abertura de fissuras (W ), apresentado pela NBR 6118/2014 (item 13.4.2):
k
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A tabela a seguir ilustra os limites de abertura de fissuras (W ), apresentado pela NBR 6118/2014 (item 13.4.2):
k
Dos limites apresentados na tabela, a norma NBR 6118/2014 aponta que, desde que as fissuras não se
apresentem com valores acima dos indicados, sob a utilização das combinações frequentes, não tem importância
significativa na corrosão das armaduras passivas.
EXEMPLO
Carmona Filho e Carmona (2013) apresentam limites de abertura de fissuras para o Eurocode,
ACI 224 e NBR 6118/2003, conforme mostrado na tabela a seguir.
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FIQUE ATENTO
É importante a caracterização da classe de agressividade ambiental, local onde a estrutura será
executada, pois tem efeito direto na consideração da durabilidade, com a determinação do
cobrimento, assim como na verificação do controle de fissuração previsto na NBR 6118/2014.
Em alguns casos, o surgimento de fissuras pode afetar de forma significativa a funcionalidade em relação à
estanqueidade, como nos reservatórios, em que é necessário adotar limites menores para a abertura de fissuras.
Assim, a NBR 6118/2014 caracteriza como estado de aceitabilidade sensorial a situação em que as fissuras são
visíveis e passam a gerar algum tipo de desconforto aos usuários, não implicando necessariamente em riscos
para a segurança da estrutura. Neste caso, cabe uma avaliação mais apurada.
SAIBA MAIS
Para um estudo mais detalhado sobre as fissuras em concreto armado decorrente das
diferentes origens e seu tratamento, consulte o capítulo 1 da obra “Patologia, Recuperação e
Reforço de Estruturas de Concreto”, de Vicente Custódio Moreira de Souza e Thomaz Ripper.
O quadro a seguir apresenta o resumo dos principais mecanismos de fissuração, de acordo com Carmona Filho e
Carmona (2013).
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Figura 2 - Principais mecanismos de fissuração do concreto
No quadro, pode-se observar que as fissuras podem ser originadas em diversos estágios do uso do concreto,
destacando-se com isso não só as etapas relativas ao projeto, mas, sobretudo, em relação à execução.
Controle de fissuração
A abertura de fissuras é determinada pelo menor dos valores dados na equação a seguir, segundo o item
17.3.3.2, da NBR 6118/2014:
Em que:
= diâmetro da barra;
= coeficiente de aderência;
= resistência a tração média do concreto;
= tensão na barra em exame.
A tensão na barra da peça com armadura simples no estádio II, caso mais geral, é dada pela equação:
Em que:
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com .
Na figura, podemos observar que todas as barras, assim como a sua distribuição, contribuem com a
determinação da área crítica para o controle de fissuração.
FIQUE ATENTO
Para a aplicação das equações de controle de fissuração é necessário o dimensionamento das
armaduras e a distribuição destas na seção transversal, observando os critérios de
espaçamento horizontal e vertical previstos pela NBR 6118/2014.
Uma observação importante quanto às fissuras é que o menor diâmetro das barras provoca maior número de
fissuras, mas de menor abertura. Além disso, outro ponto relevante é relativo ao concreto e a sua moldagem,
devendo o concreto ser o mais impermeável possível e possuir adequada resistência à compressão, de forma a
evitar a condensação das armaduras.
Segundo a NBR 6118/2014, para que se possa dispensar a avaliação da grandeza da abertura de fissuras,
atendendo ao respectivo estado limite (considerando a abertura de 0,3 mm em concreto armado e 0,2 mm em
concreto protendido), deve se obter um dimensionamento que atenda as condições da tabela a seguir, quanto ao
diâmetro máximo e ao espaçamento máximo das armaduras passivas. Ademais, devem ser
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respeitadas as exigências de cobrimento e de armadura mínima. A tensão deve ser determinada no estádio
II.
Figura 4 - Valores máximos do diâmetro e espaçamento para dispensa de verificação de abertura de fissuras
Note que o atendimento das condições apresentadas na tabela, com base nos dados do dimensionamento, pode
dispensar a verificação do controle de fissuração. O não atendimento leva diretamente à aplicação das condições
normativas.
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Para o coeficiente de aderência relativo ao aço CA-50, tem-se = 2,25.
Determinando-se a profundidade da linha neutra no estádio II e a correspondente tensão na armadura, segundo
Clímaco (2015), podem ser aplicadas as equações:
Verifica-se, então, que a abertura máxima encontrada pelo controle proposto pela norma atende ao valor limite
imposto para a CAA II, indicando uma condição satisfatória.
.
Para o coeficiente de aderência relativo ao aço CA-50, tem-se = 2,25.
Determinando-se a profundidade da linha neutra no estádio II e a correspondente tensão na armadura, segundo
Clímaco (2015), podem ser aplicadas as equações:
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Aplicando os valores anteriormente determinados nas equações, tem-se
.
Para o valor da tensão na barra de aço, verifica-se a dispensa da abertura de fissuras para barras com diâmetro
máximo de 20 mm e espaçamento máximo de 20 cm, condição que estaria satisfeita com as situações adotadas,
não sendo necessária a verificação do controle de fissuração recomendado pela NBR 6118/2014.
Logo, tem-se:
Verifica-se que a abertura máxima encontrada pelo controle proposto pela norma atende ao valor limite imposto
para a CAA II, indicando uma condição satisfatória. Lembrando que para este caso a verificação estaria
dispensada.
Conforme recomenda a NB-1 (IBRACON, 2007), algumas medidas protetoras podem ser adotadas, como:
• proteção de superfícies de concreto armado aparente com hidrofugantes (base silicone), com vernizes
base acrílico puro, entre outros, com periodicidade de manutenção a cada 3 a 5 anos;
• proteção das superfícies de concreto não aparente com camadas de revestimento e pintura ou
revestimento cerâmico, renovados periodicamente.
Cabem, adicionalmente, outras soluções, como o revestimento à base de epóxi.
Fechamento
Nesta aula, você teve a oportunidade de:
• identificar as fissuras que podem se apresentar em elementos de concreto armado;
• aplicar, sob a hipótese de fissuras por carregamento, o controle de fissuração previsto pela NBR 6118
/2014.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto armado
– procedimento, Rio de Janeiro, 2014.
CARMONA FILHO, A.; CARMONA, T. G. Boletim técnico – Fissuração nas estruturas de concreto. Asociación
Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción - Alconpat International,
México, 2013. Disponível em: <http://alconpat.org.br/wp-content/uploads/2012/09/BT-03-Fissura%C3%A7%
C3%A3o-nas-Estruturas-de-Concreto.pdf>. Acesso em: 28/02/18.
CLÍMACO, J. C. T. S. Estruturas de concreto armado: fundamentos de projeto, dimensionamento e
verificação. 3. ed. Editora UnB: Brasília, 2016.
INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO – IBRACON. Comentários técnicos a NB-1. IBRACON, São Paulo, 2007.
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INSTITUTO BRASILEIRO DO CONCRETO – IBRACON. Comentários técnicos a NB-1. IBRACON, São Paulo, 2007.
SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: PINI,
1998.
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