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ILHÉUS – BAHIA
2009
i
ILHÉUS – BAHIA
2009
ii
CDD 363.7
iii
RESUMO
De acordo com a Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente é delegado aos
Municípios brasileiros papel relevante na conservação e preservação do meio ambiente, a
partir da promoção de equilíbrio ecológico, visão de patrimônio público a ser protegido e do
uso coletivo e sustentável dos seus recursos naturais. Nesse contexto, a carência de
conhecimento das características e distribuição dos atributos ambientais tende, muitas vezes, a
ocasionar o mal uso de seus recursos naturais e uma má gestão territorial. Por outro lado, nos
últimos anos, a utilização de Geotecnologia evoluiu de forma significativa abrangendo
diferentes utilizações nas áreas de administração municipal, de infra-estrutura, de meio
ambiente e de educação, se destacando como uma importante ferramenta de gestão ambiental.
Nesse sentido, este trabalho tem como finalidade o uso de Geotecnologia para promover a
organização da base de dados espacial do Município de Salinas, norte de Minas Gerais tendo
em vista a confecção de três principais produtos: o mapa de uso e ocupação do solo, o mapa
de Área de Preservação Permanente e o mapa de Vulnerabilidade Ambiental. Os resultados
obtidos apresentam o cenário em que a cobertura vegetal da caatinga é predominante e
recobre uma área equivalente a 40% da área total do município, seguida pelo cerrado com
20% e culturas de cana de açúcar e eucaliptos com 5%. Os 35% restantes correspondem a
áreas antropizadas por pastagens, solos expostos, desmatamentos, e zonas urbanas. A
distribuição de classes de uso e ocupação aliada as características dos atributos de solos,
substrato rochosos e relevo, constituem um cenário onde 80% da área do município apresenta
vulnerabilidade ambiental alta a muito alta. Com relação às Áreas de Preservação
Permanente, o Município apresenta 263,48 Km2, 14,24% de sua área total, onde 61% das
áreas mapeadas é do tipo APP de topo de morros, seguida de APP de escarpas (19%), margem
de cursos d água (12%), encostas com declividades superiores a 45º (6,1%), margens de lagos
e reservatórios (1%) e nascentes (0,6%). Com relação as destilarias de cachaça da região a
preocupação maior está na utilização dos recursos hídricos, já que as mesmas concentram-se
próximo a cursos de água e de reservatório artificial, havendo a necessidade de fiscalização
tanto na utilização desse recurso com também dos resíduos lançados, em principal o vinhoto.
ABSTRACT
SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................................iii
ABSTRACT ......................................................................................................................... iv
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 3
2.1 Geotecnologias................................................................................................................. 3
2.1.1 Geoprocessamento .................................................................................................... 3
2.1.2 Sensoriamento Remoto.............................................................................................. 5
2.1.3 Sistemas de informação geográfica............................................................................ 8
2.2 O Uso de Geotecnologias na Gestão Ambiental................................................................ 9
2.3 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Uso e ocupação do solo .................... 11
2.4 Aplicações de Geotecnologias no Mapeamento de Áreas de Preservação Permanente .... 13
2.5 Mapas de vulnerabilidade ambiental............................................................................... 14
3 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................................. 16
3.1 A Área em Estudo.......................................................................................................... 16
3.2 Levantamento Bibliográfico ........................................................................................... 17
3.3 Consolidação da Base cartográfica ................................................................................. 18
3.4 Adaptação do Modelo Digital do Terreno a partir de Imagens SRTM............................. 18
3.4.1 Hipsometria............................................................................................................. 21
3.4.2 Declividade ............................................................................................................. 23
3.5 Mapeamento de Uso e Ocupação do Solo do Município ................................................. 24
3.6 Elaboração do Mapa de Áreas de Preservação Permanentes ........................................... 26
3.6.1 Delimitação de APP de margem de cursos d´água ................................................... 26
3.6.2 APP de Nascentes.................................................................................................... 29
3.6.3 APP de Lagos e Reservatórios Artificiais ................................................................ 30
3.6.4 APP em encostas com declividades maiores que 100% ou 45°................................. 31
3.6.5 APP de Topo de Morros .......................................................................................... 32
3.6.6 APP de Tabuleiro ou Chapada................................................................................. 33
3.6.7 APP de linhas de cumeada....................................................................................... 35
3.7 Mapeamento da Vulnerabilidade Ambiental do Município ............................................. 36
3.8 Mapa de vulnerabilidade Natural.................................................................................... 37
3.8.1 Declividade ............................................................................................................. 38
3.8.2 Geologia.................................................................................................................. 38
3.8.3 Solo......................................................................................................................... 40
3.8.4 Elaboração do Mapa de Vulnerabilidade Natural ..................................................... 41
3.8.5 Mapa de vulnerabilidade Ambiental ........................................................................ 42
3.9 Mapa de Áreas de preservação permanente versus mapa de uso e ocupação ................... 44
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 45
4.1 Aspectos Climáticos....................................................................................................... 45
4.2 Substratos Rochosos....................................................................................................... 47
4.3 Reconhecimentos das Poligonais de Áreas requeridas no DNPM ................................... 48
4.4 Solos .............................................................................................................................. 51
4.5 Cobertura Vegetal .......................................................................................................... 53
4.6 Recursos hídricos ........................................................................................................... 54
4.7 Aspectos do Uso e Ocupação do Solo............................................................................. 55
4.8 A Distribuição das Áreas de Preservação Permanentes no Município de Salinas............. 57
4.9 Características de Uso e Ocupação do Solo das Áreas de Preservação Permanente ......... 58
4.11 Vulnerabilidade Ambiental das áreas de Proteção Permanente no Município de Salinas61
vi
INDICE DE FIGURA
Figura 1 - Localização da Área em Estudo. .......................................................................... 16
Figura 2 - Municípios que fazem limite com Salinas. ........................................................... 17
Figura 3 - Recorte da Imagem SRTM referente à altimetria do município de Salinas............ 20
Figura 4 – Modelo de sombreamento do relevo (hillshade) elaborado a partir de imagem
SRTM referente à altimetria................................................................................................. 21
Figura 5 - Hipsometria do município de Salinas. .................................................................. 22
Figura 6 - Declividade de Salinas. ........................................................................................ 23
Figura 7 - Imagem ETM+ bandas 3,4,5 da área de estudo. ................................................... 25
Figura 8 - Ordenação da rede de drenagem pelo método de STRAHLER. ............................ 28
Figura 9 - Geração das faixas de App de cursos d´água. ....................................................... 28
Figura 10 - Detalhe da criação de APP de cursos d´água. ..................................................... 29
Figura 11 - Detalhe de delimitação de APP de Nascentes. .................................................... 30
Figura 12 - Faixa de APP do entorno de lagos e reservatórios. ............................................. 31
Figura 13 - APP de declividades superiores ou iguais a 45 graus. ......................................... 32
Figura 14 - APP de topo de morro........................................................................................ 33
Figura 15 - APP de escarpa. ................................................................................................. 35
Figura 16 - Mapa de vulnerabilidade natural. ....................................................................... 42
Figura 17 - Mapa de uso e ocupação com valores de vulnerabilidade. .................................. 43
Figura 18 - Precipitação média anual em milímetros do município de Salinas. ..................... 46
Figura 19 - Temperatura média anual em Graus Celsius....................................................... 46
Figura 20 - Principais unidades do substrato rochoso do Município de Salinas. .................... 48
Figura 21 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de
Salinas por Substância. ........................................................................................................ 49
Figura 22 - Distribuição das poligonais de áreas requeridas no DNPM do município de
Salinas por fase. ................................................................................................................... 50
Figura 23 - Distribuição da substância Granito classificado por fase..................................... 51
Figura 24 - Mapa Pedológico de Salinas............................................................................... 52
Figura 25 - Canais de drenagem da área de estudo. .............................................................. 55
Figura 26 - Mapa do uso e ocupação do solo do município de Salinas. ................................. 56
Figura 27 - Áreas de Preservação Permanente do Município. ............................................... 58
Figura 28 - Cruzamento do Mapa de Uso do Solo com o Mapa de APP do Município.......... 59
Figura 29 - Mapa de Vulnerabilidade ambiental. .................................................................. 61
Figura 30 - Destilarias de Cachaça do município de Salinas. ................................................ 63
Figura 31 - Mapa de uso versus destilarias. .......................................................................... 64
Figura 32 - Mapa de áreas de proteção permanentes versus destilarias de cachaça................ 66
Figura 33 - Mapa de vulnerabilidade ambiental e destilarias de cachaça. .............................. 67
viii
INDICE DE TABELA
Tabela 1 - Área ocupada em cada intervalo de altitude. ........................................................ 22
Tabela 2 - Área ocupada em cada intervalo de declividade. .................................................. 23
Tabela 3 - Quantitativo da Distribuição das unidades do Substrato Rochoso......................... 47
Tabela 4 - Área total em Km2 de cada substância nas áreas requeridas no DNPM. ............... 50
Tabela 9 - Classes de Vulnerabilidade Ambiental................................................................. 61
Tabela 11 - Resultados obtidos no confronto do mapa de uso e ocupação do solo e as
destilarias de .......................................................................................................................... 1
Tabela 12 - Resultados obtidos no confronto de áreas de proteção permanentes com as
destilarias de cachaça. .......................................................................................................... 66
1
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Geotecnologias
2.1.1 Geoprocessamento
Segundo Rosa (1996), Geoprocessamento pode ser definido como sendo o conjunto de
tecnologias destinadas à coleta e tratamento de informações espaciais, podendo ser aplicado a
profissionais que trabalham com processamento digital de imagens, cartografia digital e SIG.
Câmara (2007) define o termo geoprocessamento como a disciplina do conhecimento
que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação
4
Segundo Rosa (1995), o sensoriamento remoto pode ser definido, de uma maneira
ampla como sendo a forma de se obter informações de um objeto ou alvo, sem que haja
contato físico com o mesmo. As informações são obtidas utilizando-se a radiação
eletromagnética, geradas por fontes naturais como o Sol e a Terra, ou por fontes artificiais
como, por exemplo, Radar.
Segundo Costa (2001), Sensoriamento Remoto é a ciência e a arte de obter
informações com um objeto de uma área terrestre ou um fenômeno qualquer, mediante análise
6
de dados obtidos com um aparelho sensível que não está em contato direto com o alvo para o
qual está direcionado.
Para Curran (1985) o Sensoriamento Remoto ampliou a capacidade do homem em
obter informações sobre os recursos naturais e o meio ambiente, colocando-se como mais uma
ferramenta complementar para facilitar trabalhos temáticos e de levantamento.
Neste contexto Rocha (2000), afirma que “o Sensoriamento Remoto pode ser definido
como a aplicação de dispositivos que, colocados em aeronaves ou satélites, nos permitem
obter informações sobre objetos ou fenômenos da superfície da Terra, sem contato físico com
eles”.
O Sensoriamento Remoto consiste na utilização de sensores para aquisição de
informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto entre eles. Os sensores
são equipamentos capazes de coletar energia proveniente do objeto, convertê-la em sinal
passível de ser registrado e apresentá-lo em forma adequada à extração de informação
(NOVO, 1992), utilizando como principal fonte de energia a radiação eletromagnética, sendo
as principais disponíveis pelo sol e a própria terra.
Através do sensoriamento remoto, é possível identificar características de diferentes
materiais superficiais. Isto porque estes materiais possuem comportamentos diversos nos
vários comprimentos de onda do espectro eletromagnético. Sendo este a distribuição da
radiação eletromagnética (gerada por ondas produzidas pela oscilação ou aceleração de uma
carga elétrica) em um contínuo, que se estende desde onda de freqüência extremamente alta
(comprimento de onda curto) até as ondas de freqüência extremamente baixa (comprimento
de onda longo).
Neste sentido, as imagens de Sensoriamento Remoto têm a seu favor a periodicidade,
fato que permite a geração de mapas de qualquer parte da superfície terrestre sempre
atualizado, tanto no que se refere a dados quantitativos como qualitativos. Neste sentido, o
potencial de aplicação do Sensoriamento Remoto para o mapeamento dos recursos naturais é
inegável, especialmente em levantamentos de uso da terra.
Na detecção remota existem diversas técnicas que permitem extrair informações das
imagens de satélite para caracterizar a ocupação do solo. A técnica de classificação permite
transformar uma imagem de satélite numa carta temática, os objetos da superfície são
agrupados de acordo com características espectrais, espaciais ou temporais homogêneas,
atribuindo-se a cada pixel uma determinada classe ou categoria predefinida (BAIO, 1996).
7
Dados geográficos são informações definidas por atributos espaciais que descrevem
forma e localização de um objeto, associado aos atributos descritivos deste mesmo objeto
(SENDRA, 1997). Os sistemas que realizam o tratamento computacional dos dados
geográficos são sistemas de informação geográfica (SIG) (CÂMARA, 1993).
Os SIG são sistemas cujas principais características são: "integrar, numa única base de
dados, informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e de
cadastro urbano e rural, imagens de satélites e modelos numéricos de terrenos; combinar as
várias informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos
derivados; consultar, recuperar, visualizar e imprimir o conteúdo da base de dados
geocodificados" (CÂMARA, 1993)
Segundo Rosa (1996) de modo geral, pode-se definir formalmente um SIG como sendo
uma combinação de recursos humanos (peopleware) e técnicos (Hardware/Software), em
concordância com uma série de procedimentos organizacionais que proporcionam
informações com finalidade de apoiar as gestões diretivas.
Ainda segundo Rosa (1996), o objetivo geral de um SIG é servir de instrumento eficiente
para todas as áreas do conhecimento que fazem uso de mapas, possibilitando entre outras: a
integração em uma única base de dados de informações representando vários aspectos do
estudo em uma região; permitir a entrada de dados de diversas formas; combinar dados de
diferentes fontes, gerando novos tipos de informações e; gerar relatórios e documentos
gráficos de diversos tipos.
Litoral Norte do Estado de São Paulo, que abrangeu 40 municípios, uma metodologia para
planejamento regional. Este projeto foi realizado para dar suporte ao Consórcio para o
Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba e Litoral Norte - CODIVAP na formulação de
diretrizes para ordenamento territorial da região e, colocando à disposição da comunidade
uma metodologia de planejamento regional baseada na utilização de dados de sensoriamento
remoto orbital. Foram desenvolvidos estudos relativos aos seguintes temas:
De acordo com Santos (2003) para definir políticas ambientais, atos administrativos
e/ou econômicos, são essenciais o conhecimento atualizado da ocupação e uso do solo. Na
área da política ambiental, este tipo de dados serve de base à definição de estratégias de
gestão e ordenamento do território, bem como à aplicação de programas de desenvolvimento
12
Quadro 1 - Relação entre escala e áreas de utilizações dos mapas de ocupação do solo.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O município de Salinas possui sete municípios limítrofes que são Rio Pardo de Minas,
Taioberias, Santa Cruz de Salinas, Novorizonte, Fruta de Leite, Comercinho e Rubelita
(Figura 2).
o exagero vertical, de modo a perceber feições sutis como a rugosidade do modelo, entre
outras. A percepção do relevo se dá pela distribuição da luminosidade em função da
geometria de iluminação (ângulos zenital e azimutal de iluminação) relativa à geometria da
superfície (ângulos zenital e azimutal de exposição), em cada pixel (Figura 3).
3.4.1 Hipsometria
3.4.2 Declividade
a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de largura;
c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de largura;
27
d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de largura;
e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de largura;
Para delimitação das APP de cursos d´água foi necessário seguir alguns
procedimentos, conforme apresentados abaixo:
a) Criação de uma máscara dos polígonos das represas - Com auxílio da ETM+ foi
desenhado o contorno das represas principais de Salinas em um shapefile criado
antecipadamente, nele consta a represa de Salinas, Bananal e uma parte da represa de
Caraíbas;
b) Extração do arquivo SRTM os polígonos das represas;
c) Definir a rede de drenagem do município de Salinas a partir do arquivo SRTM;
d) Classificar a rede de drenagem de acordo com o método de STRAHLER 1952 com a
utilização do ARCGIS 9.2® ( Figura 8);
e) Para definição da dimensão da faixa marginal de preservação para atendimento a
legislação, foi usada a ordem dos canais de drenagem em observação e medição dos
cursos de água na imagem Landsat 7 notou-se que, para a drenagem de ordem 1 e 2 não
ultrapassam a largura de 10 metros, e dessa forma em atendimento a legislação possuem
faixa marginal de APP de 30m em ambas as margens. Para as classes 3 e 4 considerou-se
que a rede de drenagem possui largura entre 10 e 50 metros, portanto APP marginal de
50m. Já para a classe 5 enquadram-se aquelas drenagem de largura entre 50 e 200m com
área de APP de 100m para cada uma das margens (Figuras 9 e 10).
Para calcular a área total de APP de cursos d´água foi necessário unir todas as APP, de
30m, 50m e 100m utilizando o comando merge do ArcMap obtendo-se uma área de 85,57
Km2 total.
28
Toda encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e
cinco graus na linha de maior declive é considerada área de preservação permanente.
A partir do arquivo de declividade obtido no INPE em seu projeto TOPODATA foi
possível usar o processo de extração da classe de interesses e conversão em polígono, para
obtenção da área total.
Para conseguir calcular a área total da APP de declividade foi necessário converter o
arquivo SRTM (RASTER) em um shapefile de polígono, em seguida selecionado todos os
polígonos que possuam declividade maior ou igual a 45 graus e utilizando a ferramenta merge
foi feita a fusão dos polígonos, obtendo uma área de 43,15 Km2 (Figura 13).
32
topos de morros, criou-se um novo shapefile chamado app_morro, do tipo Polígono, com o
objetivo de marcar o terço superior de cada elevação que seja maior de 50m e menor de 300m
identicados como sendo morros e com elevação maior que 300m como sendo montanha.
Foi necessária a geração das curvas de nível, para tal usou-se o comando contour da
extensão 3D analyst do Software ARCGIS. Utilizando a curva de nível, a rede de drenagem,
os cumes e o mapa de hipsometria foi possível manualmente identificar cada um dos morros,
sua base e calcular o terço superior. O terço superior de cada morro foi então demarcado em
um shapefile criado antecipadamente e em modo de edição seguindo a isolinha
correspondente ao da curva de nível.
Na delimitação das APP´s de topo de morro foram gerados 140 polígonos, que
possuem uma área total de 42,13 Km2.
média inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez
hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes
superfícies a mais de seiscentos metros de altitude.
Na ocorrência de paisagens do tipo tabuleiro ou chapada foi necessário traçar sua
escarpa, que é segundo CONAMA (2002), é a rampa de terrenos com inclinação igual ou
superior a quarenta e cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto,
estando limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por
ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio que se localizam
próximo ao sopé da escarpa.
Assim sendo a escarpa é a quebra de ruptura entre o topo plano e a base. Na área do
Município as escarpas estão associadas às áreas de declividade superiores a 45 graus ou
100%.
A grande diferença entre o mapa de APP de 45 graus e o de escarpas é a de que a APP
de escarpa não se restringe apenas a faixa de declividade superior a 100%. Conforme
definição abaixo a APP de escarpa possui no mínimo uma espessura de 100m que vai do topo
até a base do morro (Figura 16).
Dessa forma, para gerar os polígonos de APP de escarpa foi usado das áreas de
declividades superiores a 45 graus e delimitado um polígono (faixa) que vá do topo até a base
e inclua a zona de declividade superior a 45 graus. A área encontrada de APP de escarpa foi
de 133,15 KM2.
35
3.8.1 Declividade
A Carta de Declividade foi criada com auxílio da imagem de radar SRTM no software
ARCMAP e seguindo os valores de vulnerabilidade, como pode ser observado no Quadro 3.
3.8.2 Geologia
c) Granitóide;
d) Metadiamictito, Quartzito ferruginoso, Grafita xisto, Rocha metapelítica;
e) Metadiamictito, Quartzito ferruginoso, Rocha metapsamítica;
f) Xisto, Formação ferrífera bandada (BIF'S), Rocha calcissilicática, Rocha
metaultramafito, Rocha metamáfica, Metarcóseo;
g) Xisto, Metaconglomerado, Metagrauvaca.
3.8.3 Solo
Para identificação dos principais tipos de solo do município foi consultado a base de
dados do GEOMINAS onde foi possível encontrar as seguintes classes de solos:
a) Cambissolo;
b) Latossolo Vermelho Amarelo;
c) Latossolo Vermelho Escuro;
d) Solo Litólico;
e) Solo Podzólico.
Na eq. (1) é possível notar que em cada tema foi estipulado um peso de grau de
importância na questão de vulnerabilidade natural, ao invés de simplesmente calcular a média
aritmética entre os valores (Figura 17).
Seguindo a Quadro 6 podem-se dar valores para as classes, sendo caatinga (3,0),
cerrado (1,0), antropizado (3,0), água (1,5) e cultura (3,0).
No mapa de uso de solo após cada uma das classes receberem valor de
vulnerabilidade, observa-se que grande parte da área total está ocupada pelo valor 3,0 pelo
fato que três das cinco classes receberam este valor (Figura 18). A classe cultura recebeu 3,0
por que grande parte das culturas cultivadas na região serem de ciclo anual, antropizado por
44
ser uma classe que identifica áreas que sofreram alguma ação do homem e a classe caatinga
por ser uma vegetação que possui a característica de não oferecer uma cobertura satisfatória
ao solo. As classes água e cerrado receberam valores entre 1,5 e 1,0, respectivamente por
serem classes que não interferem com a morfologia do solo.
Para a elaboração do mapa de vulnerabilidade ambiental foi necessário o cruzamento
do mapa de vulnerabilidade natural com o mapa de uso e ocupação do solo, usando a
calculadora de RASTER do ARCMAP e a eq. (2).
VN = vulnerabilidade natural
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com a Figura 22, no município de Salinas foram identificadas 461 áreas
requeridas. Destas, 235 foram requeridas para a substância granito, o que equivale a uma área
de 459,66 Km2 ou 55% de um total de áreas requeridas de 835,76 Km2 (Tabela 2).
Do banco de dados avaliado observa-se ainda que 59,91% das áreas requeridas estão
autorizadas para pesquisa, 29,78% estão sendo requeridas para pesquisa, 7,51% está
disponível e licenciados apenas 0,20% (Figura 23).
A partir desses dados extraídos e formatados é possível fazer o cruzamento de
informações para obtenção de novos dados, por exemplo, quais as fases da substância Granito
ou quais substâncias estão licenciadas em determinada região.
Com exemplo a figura 24 mostra a distribuição dos polígonos das áreas requeridas no
DNPM para substância Granito classificada por fase.
50
Tabela 4 - Área total em Km2 de cada substância nas áreas requeridas no DNPM.
Substância Área Km2 % do Total de Áreas Requeridas
4.4 Solos
sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de
capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou
córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas
estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às
nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de burit. (BRANDÃO,
1994).
Segundo Gonçalves (1997), a vegetação de caatinga em geral recobre áreas de
Cambissolos, em fundos de vales e nos relevos de dissecação topograficamente situados
abaixo do nível de topo das chapadas.
A ocupação humana procurou, em princípio, instalar-se ao longo dos rios,
aproveitando-se das planícies e terraços aluviais, mais planos, e beneficiando-se da maior
oferta de água para praticar atividades agrícolas de subsistência. A vegetação ciliar que ocorre
em estreitas faixas ao longo dos canais de drenagem foi, portanto, muito descaracterizada pelo
homem. (GONÇALVES, 1997)
Os reflorestamentos de espécies exóticas (eucaliptus e pinus) estendem-se por grandes
tratos dos relevos tabulares recobertos por latossolos. No trecho de transição da Alta para a
Média Bacia verifica-se a intercalação das formações de cerrado e caatinga. No entanto, a
caatinga nos arredores de Salinas está hoje bastante descaracterizada, tendo assumido porte
arbustivo, com uma fisionomia de vegetação secundária, degradada pela ação antrópica
(GONÇALVES, 1997).
Com a fusão das APP utilizando a função merge do ARCGIS foi possível calcular a
área total de APP do município que é 263,48 Km2, sendo equivalente a 14,24% da área total
do Município (Figura 27). Observa-se uma diferença com a soma total de cada APP como
mostrado na Tabela 7, isso ocorre pelo motivo de algumas APP se sobreporem umas as
outras.
A Tabela 8 apresenta a distribuição das classes de Uso do solo contida em cada Área
de Preservação Permanente.
Tabela 8 - Percentual de cada classe de Uso e Ocupação do solo em cada tipo de APP.
APP/USO Caatinga Cerrado Antropizado Culturas Água Total
2 2 2 2 2
Km % Km % Km % Km % Km % Km2
Margem de 28,16 32,91 8,15 9,53 44,85 52,41 4,36 5,09 0,06 0,07 85,57
cursos d´água
Nascentes 1,75 38,36 0,56 12,24 2,07 45,46 0,18 3,94 0,00 0,00 4,56
Reservatórios 2,99 40,01 0,15 1,98 4,11 55,02 0,21 2,82 0,01 0,17 7,47
Artificiais
Declividades> 25,75 59,67 7,86 18,21 7,41 17,17 2,13 4,93 0,00 0,01 43,15
100% ou 45°
Topo de 27,91 66,25 5,87 13,94 7,58 17,99 0,77 1,82 0,00 0,00 42,13
Morros
Tabuleiro ou 74,71 56,09 26,95 20,23 24,12 18,11 7,34 5,51 0,08 0,06 133,20
Chapada
Total de Km2 161,27 49,54 90,14 14,98 0,16 316,08
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A análise deve-se preocupar com áreas antropizadas e com culturas, ou seja, que
sofrem ou sofreram alguma ação do homem. Nota-se que nas APP de margem de cursos
d´água é a que mais sofre ação do homem com um total de 90,14 KM2 de área antropizada e
14,98 KM2 de área com culturas, ou seja, representada por áreas urbanas, solos exposto e
pastagens ou plantio de culturas, isso confirma observação de campo que a população tende a
ocupar áreas ao longo dos rios, outro fato confirmado nesse cruzamento é a questão da classe
culturas aparecer nesse cruzamento, isso por um motivo simples, a falta de água na região, e
as culturas principalmente cana de açúcar ser cultivada nos vales da região, perto dos cursos
d´água.
Outra analise que confirma o trabalho em campo é o fato da APP de tabuleiro ou
chapada possuir uma extensão tão significativa em relação as classe antropizado e culturas,
sendo uma extensão de 24,13 KM2 e 7,34 KM2, respectivamente, isso se da pelo fato que a
cultura de cana de açúcar, principal na região, ser usada pelas destilarias de cachaça como
matéria prima, serem cultivadas nos vales da região, utilizando-se das encostas de morro. A
cana de açúcar é uma cultura de ciclo de um ano, isso confirma que algumas das áreas
possuam solo exposto, aguardando novo plantio.
vulnerabilidade ambiental alta a muito alta em função de controle dos domínios de uso e
ocupação da caatinga e das áreas de cultivo e antropizadas.
Observa-se na tabela 11 que a classe antropizado aparece com maior área de ocupação
entre as destilarias, isso se explica por essa classe de uso ser as áreas de pastagens, edificações
e solos expostos que é provável existir no entorno de uma destilaria de cachaça. Em seguida é
possível verificar que a classe caatinga aparece com maior área, por se tratar da mata nativa
da região, ela se encontra distribuída em toda área do município. A classe cultura surgiu em
terceiro com maior área, como as destilarias de cachaça usam com matéria prima a cana de
açúcar e normal a ocorrência próxima das destilarias de plantio das mesmas. A classe cerrado
aparece em quarto, essa classe se tratar de áreas vegetais com coberturas densas, as destilarias
que contem essa classe são justamente as que estão instaladas em alto de morros, onde é
normal a ocorrência desse tipo de vegetação na região. E por último na destilaria
D11encontra-se uma área de porção de água, essa destilaria esta localizada próxima a represa
de Salinas.
O outro cruzamento realizado foi entre as áreas de proteção permanentes e cada uma
das destilarias de cachaça do município, para isso foi considerado a seguinte nomenclatura
para as áreas de proteção permanentes: APP1 para APP de margens de cursos de água; APP2
para APP de nascentes, APP3 para APP em encosta com declividade maior que 45° ou 100%,
APP4 para APP de topo de morro e linhas de cumeada, APP5 para APP de escarpa e APP6
para APP de nascentes.
Na figura 32 possível observar a distribuição das destilarias de cachaça em relação as
áreas de proteção permanentes do município e na Tabela 12 mostra o resultado do confronto
entre APP e destilarias.
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classe entre 1,5 e 2,0 e o restante na classe entre 2,0 e 2,5, que equivale a 59,55% de sua área
de abrangência. O resto das destilaras possuíram classificação de vulnerabilidade entre 2,0 e
2,5.
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5 CONCLUSÕES
nascentes apresentam um cenário em que cerca de 50% de sua área apresenta-se antropizada
ou ocupada por culturas. Já as APP de Encostas, Topos de Morros e escarpas apresentam-se
em melhor estado de conservação visto que suas áreas antropizadas e de cultivo perfazem
22%, 20% e 24%, respectivamente.
O mapa de vulnerabilidade ambiental destaca-se como instrumento de auxílio à
avaliação da situação ambiental atual do município frente ao processo de ocupação. A
metodologia adotada em sua confecção aborda procedimentos consagrados no estudo de
fragilidades ambientais que, de forma geral, se baseia na atribuição de pesos a atributos físico-
ambientais a exemplo de declividades, substrato rochoso e solos e sua inter-relação com o
processo de uso e ocupação. Neste contexto, o estudo das fragilidades ambientais do
município de Salinas apresenta o quadro em que cerca de 80% da área do município apresenta
vulnerabilidade ambiental alta a muito alta em função, principalmente, da expressividade das
áreas antropizadas e culturas (aproximadamente 40% da área total do município).
Por fim, ao se analisar a vulnerabilidade ambiental contidas nos polígonos de áreas de
Preservação Permanente atesta-se que todos os tipos de APP possuem mais de 80% de sua
área com classes de vulnerabilidade ambiental alta a muito alta. Ressaltando-se o caso da APP
de Margem de lagos e reservatórios com 97% de suas áreas com alta a muito alta
vulnerabilidade ambiental.
Em relação à análise das destilarias de cachaça do município mostrou-se uma
preocupação em relação aos recursos hídricos, pois todas estão instaladas próximas a rios ou
reservatórios artificiais, tendo a necessidade de fiscalização de sua utilização e principalmente
dos resíduos lançados, em principal o vinhoto. Na questão de vulnerabilidade ambiental as
destilarias seguem a preocupação do município em geral, tendo em sua maioria áreas
moderadamente vulnerável, sendo necessária alguma atitude para inverter tal situação.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mestrado, IST-UTL, Lisboa.
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