Você está na página 1de 10

180 Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM

ABORDAGEM FONOAUDIOLÓGICA EM DESVIOS


FONOLÓGICOS FUNDAMENTADA NA HIERARQUIA DOS
TRAÇOS DISTINTIVOS E NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA

Phonological awareness and hierarchy of distinctive features


determine speech therapy for phonological deviations
(1) (2) (3)
Rafaela de Almeida Spíndola , Luzia Miscow da Cruz Payão , Heloísa Helena Motta Bandini

RESUMO

Objetivo: verificar a evolução do sistema fonológico alvo-adulto de crianças com desvio fonológico na
faixa etária de 05 a 08 anos, estudantes de escola pública. Métodos: a partir da análise de gravações
em áudio digital de amostra de fala espontânea, nomeação de gravuras e imitação de vocábulos que
compõem um teste fonológico específico (ABFW), identificou-se os processos fonológicos atuantes.
Foi aplicado um programa de atividades estimulando as habilidades de consciência fonológica, tendo
como base teórica da hierarquia dos traços distintivos. Resultados: todos os pacientes apresentaram
evolução significativa após o término do programa, superando todos os processos fonológicos presen-
tes e adquirindo os traços que estavam ausentes. Os pacientes ampliaram seu sistema fonológico à
medida que melhoraram seu desempenho nas atividades de consciência fonológica. Conclusão: a
abordagem fonoaudiológica de desvio fonológico baseada na hierarquia dos traços distintivos e na
consciência fonológica favoreceu a superação de processos fonológicos e a evolução significativa do
sistema fonológico dos pacientes.

DESCRITORES: Fonoterapia; Fonética; Fala; Linguagem

n INTRODUÇÃO A aquisição fonológica normal é caracterizada por


produções governadas por processos fonológicos con-
O desvio fonológico é caracterizado por alterações siderados simplificações realizadas pela criança, vi-
que ocorrem na fala da criança, em que esta realiza- sando facilitar aspectos complexos da fala dos adul-
rá uma produção inadequada dos fonemas, bem como tos. Esses processos estão presentes nas primeiras
o uso inadequado das regras fonológicas da língua 1. fases do desenvolvimento lingüístico. À medida que
Esse transtorno lingüístico é representado por crian- a criança vai aprendendo sua língua, esses proces-
ças as quais apresentam alterações na produção da sos devem ser superados, permitindo a adequação
fala, na ausência de determinados fatores etiológicos para o padrão adulto. Quando os processos
como: dificuldade geral de aprendizagem, déficit in- fonológicos naturais não são suprimidos até os 4 anos
telectual, desordem neuromotora, distúrbios de idade, essas crianças são classificadas como
psiquátricos, problemas otológicos ou fatores portadoras de desvio fonológico 3.
ambientais 2. A aquisição fonológica de um sistema lingüístico
(1)
Aluna do curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadu- é estabelecida gradualmente a partir da operação
al de Ciências da Saúde de Alagoas. mental realizada entre unidades menores que os
(2)
Fonoaudióloga; Professora assistente da disciplina Aborda- fonemas, ou seja, os traços distintivos. Estes são
gem Terapêutica em Linguagem e supervisora do Estágio unidades mínimas de caráter acústico ou articulatório
Supervisionado em Linguagem da Universidade Estadual que entram na composição de um som 4. Os traços
de Ciências da Saúde de Alagoas; Mestre em Lingüística
pela Universidade Federal de Alagoas. proporcionam a relação entre a representação
cognitiva da fala e a manifestação física e obedecem
(3)
Fonoaudióloga; Professora auxiliar da disciplina de Audiologia
Educacional e de Aparelhos de Amplificação Sonora Individu- às leis implicacionais que regem a teoria da hierar-
al da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas; quia dos traços distintivos. Dessa forma, podem pre-
Doutora em Educação Especial pela Universidade Federal de ver a ordem de aquisição dos contrastes fonológicos
São Carlos.

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


Desvios fonológicos – terapia 181

pela criança, adquirindo inicialmente os traços bási- n MÉTODOS


cos antes dos mais complexos 5.
Esses princípios da hierarquia dos traços dis- Os critérios de inclusão para a escolha dos sujei-
tintivos podem ser bastante produtivos no planeja- tos da pesquisa foram: crianças na faixa etária de 5 a
mento e aplicação de uma terapia fonoaudiológica, 8 anos, com diagnóstico de desvio fonológico, em
considerando o processo de generalização e rapi- atendimento fonoaudiológico por pelo menos 2 me-
dez no estabelecimento dos padrões fonológicos 6. ses em uma unidade de tratamento em fonoaudiologia
O processo de generalização é a ampliação da pro- do estado de Alagoas. E os critérios de exclusão fo-
dução adequada de sons-alvo trabalhados em tera- ram: participante com alteração estrutural significati-
pia para outros conteúdos que ainda não foram va dos órgãos fonoarticulatórios; presença de qual-
estimulados, devido à consciência fonológica que quer distúrbio neurológico; constatação de perda au-
se desenvolve 7. ditiva e que, após a coleta de dados, apresentassem
A consciência fonológica caracteriza-se pela re- mais de 25% de faltas nas sessões.
presentação mental das menores unidades constitu- Foram selecionadas cinco crianças de acordo com
intes da fala, ou seja, os sons que compõem as pala- os critérios de inclusão anteriormente referidos. En-
vras 8. A partir da consciência fonológica o indivíduo tretanto, apenas quatro participaram da pesquisa, pois
reconhece que as palavras são formadas por diferen- uma delas teve seus dados excluídos do estudo em
tes sons que podem ser manipulados, refletindo a decorrência do número de faltas exceder os 25%
capacidade de operar com fonemas, sílabas, rimas e permitidos.
aliterações 9. Foram realizadas as avaliações dos aspectos fo-
As habilidades de consciência fonológica podem nético-fonológicos das crianças individualmente, para
ser analisadas por três grupos distintos: habilidades análise dos processos fonológicos. Para avaliação
suprasegmentares, caracterizadas pelo julgamento foram escolhidas as provas de nomeação e imitação
de palavras que terminem ou iniciem com o mesmo contidas no ABFW 13 e uma amostra de fala espontâ-
som; habilidades silábicas, que envolve a nea. Toda a avaliação foi registrada em áudio e anali-
segmentação, adição, remoção e troca de sílabas de sada posteriormente. O ABFW foi escolhido porque
palavras; habilidades fonêmicas, baseadas em de- é um teste atualizado que analisa as alterações de
compor ou recompor palavras manipulando os seus fala na perspectiva fonológica, identificando os pro-
fonemas constituintes 10. cessos fonológicos e os traços distintivos ausentes
Assim, a consciência fonológica pode ser vista ou instáveis no sistema fonológico da criança. Para a
como uma hierarquia de processos baseados nos transcrição da fala foi utilizado o Alfabeto Fonético
níveis de complexidade do sistema fonológico. Um Internacional (IPA – International Phonetic Alphabet,
nível mais alto de consciência requer uma análise 1993) 14.
minuciosa das menores unidades do sistema Após caracterização do sistema fonológico de
fonológico, como, por exemplo, os fonemas; e um cada participante, foi iniciada a aplicação do progra-
nível mais rudimentar de consciência requer uma aná- ma de estratégias de estimulação da consciência
lise mais superficial de unidades maiores de sons, fonológica. O programa foi executado no total de 13
as sílabas 11. sessões, realizadas semanalmente, com duração de
A descoberta dos segmentos fonêmicos pela cri- 30 minutos cada. Todo o estudo foi conduzido no
ança pode resultar em mudança na maneira como as período de março a julho de 2006.
palavras estão estruturadas cognitivamente. Esse Inicialmente as sessões foram realizadas indivi-
processo pode ser alcançado por meio de treinamen- dualmente com três dos cinco sujeitos e os outros
to em consciência fonológica 12. A estruturação de dois foram unidos em dupla, pois eram irmãos e apre-
uma proposta terapêutica baseada nesse pressuposto sentavam sistemas fonológicos semelhantes. Após
irá facilitar o desenvolvimento do sistema fonológico a primeira sessão de aplicação do programa, a dupla
da criança e, conseqüentemente, propiciar agilidade foi desfeita devido à competitividade expressa pelos
no processo terapêutico, evitando assim o agrava- irmãos, tornando assim todos os atendimentos indi-
mento do problema. viduais.
O estudo a seguir tem como objetivo verificar a O programa de estratégias para desenvolver a
evolução do sistema fonológico alvo-adulto de quatro consciência fonológica (Figura 1) baseou-se em es-
crianças com diagnóstico fonoaudiológico de desvio tudos específicos 15,16, caracterizados pela aplicação
fonológico, mediante a aplicação de um programa de de atividades envolvendo as seguintes habilidades de
atividades baseado na hierarquia dos traços distinti- consciência fonológica: aliteração, rima, síntese si-
vos e na consciência fonológica. lábica, segmentação silábica, manipulação silábica,

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


182 Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM

transposição silábica, identificação fonêmica, sínte- /Z/ e /z/, por terem a duração maior, facilitando a per-
se fonêmica, segmentação fonêmica. cepção do traço.
Todas as habilidades foram trabalhadas por meio Durante as duas sessões reservadas para as ati-
de atividades lúdicas, utilizando palavras-alvo relaci- vidades de aliteração e rima, o paciente apresentou
onadas com os traços comprometidos. dificuldade em produzir os fonemas inseridos na pa-
O programa foi iniciado com a aplicação de ativi- lavra, mesmo com o auxílio da terapeuta, porém, no
dades lúdicas de rima e aliteração, trabalhadas em 2 decorrer da atividade, ele conseguiu inseri-los na pa-
sessões conjuntamente, sendo 15 minutos reserva- lavra, apoiando-se nas pistas fornecidas.
dos para a primeira habilidade e os outros 15 minu- Após a realização das atividades de segmentação
tos para a segunda. Procedeu-se da mesma forma e síntese silábica o paciente evoluiu, não necessi-
para as demais habilidades: síntese e segmentação tando mais de pistas, conseguindo produzir a palavra
silábica, manipulação e transposição silábica, sínte- corretamente após o estranhamento da terapeuta. O
se e segmentação fonêmica e manipulação e trans- estranhamento constava de um questionamento a
posição fonêmica. Apenas a atividade de identifica- respeito da palavra dita inadequadamente pela crian-
ção fonêmica foi realizada em duas sessões isolada- ça e realização de autocorreções subseqüentes.
mente. Entretanto, ao observar o desempenho Nas atividades de manipulação e transposição si-
insatisfatório nas habilidades fonêmicas, as pesqui- lábicas, o paciente conseguiu produzir o fonema /Z/
sadoras decidiram interrompê-las e retornar às ativi- durante a nomeação das palavras, sem o auxílio de
dades com as habilidades silábicas, mantendo a pistas ou estranhamentos. Entretanto, no que se refe-
mesma quantidade de estratégias aplicadas. re ao fonema /z/, somente o inseriu na palavra após o
À medida que as atividades do programa foram oferecimento das pistas dadas pela terapeuta.
aplicadas, o desempenho das crianças em cada ses- Nas sessões utilizadas para trabalhar a identidade
são foi registrado minuciosamente e descrito poste- fonêmica, o paciente demonstrou uma evolução bas-
riormente. Após o término do programa, foi realizada tante significativa quanto ao traço [+voz] nas palavras-
nova avaliação do sistema fonológico das crianças, alvo utilizadas com fonemas fricativos. A aquisição do
por meio do ABFW, para analisar a evolução fonológica traço [+voz] generalizou-se para os fonemas plosivos /
de cada sujeito. b/ e /g/. Um aspecto importante observado foi o início
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de da produção adequada da vibrante simples / P/, a qual
Ética em Pesquisa (CEP), protocolo número 457, da era trocada pela líquida [l], adquirindo assim o traço
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de [+contínuo] que a distingue da vibrante simples /P/ da
Alagoas – UNCISAL. líquida não vibrante.
Nas últimas atividades de segmentação e síntese
n RESULTADOS silábica, foram inseridas palavras-alvos com o fonema
/P/, conseguindo pronunciá-lo adequadamente na
Evolução do sistema fonológico no decorrer da maioria das vezes. Em relação aos outros fonemas
aplicação do programa (Figura 4) plosivos e fricativos trabalhados, a criança já conse-
gue produzi-los em fala espontânea.
Sujeito I Para finalização do programa foram realizadas
atividades de manipulação e transposição silábica,
Sujeito I, 8 anos, sexo masculino, estudante da inserindo a líquida vibrante simples /P/ em encontros
1ª série do ensino fundamental em escola municipal consonantais. O paciente conseguiu produzir adequa-
da cidade de Maceió-AL. De acordo com a análise damente as sílabas CCV nas palavras-alvo.
fonológica realizada, o sujeito I apresentava os se-
guintes processos fonológicos: ensurdecimento de Sujeito II
plosivas e fricativas, em que o traço comprometido
era o [+voz] (/g/ à [k], /b/ à [p], /z/ à [s], /Z/ à [ S]); Sujeito II, 7 anos, sexo masculino, estudante da
simplificação de líquidas, com ausência do traço 1ª série do ensino fundamental em escola municipal
[+contínuo] (/P/ à [l]) e simplificação de encontros da cidade de Maceió-AL. Foi observada a presença
consonantais (omissão do fonema /P/ em sílabas dos seguintes processos fonológicos no sujeito II:
CCV – consoante-consoante-vogal). ensurdecimento de plosivas e fricativas, havendo au-
Os primeiros fonemas a serem trabalhados foram sência do traço [+voz] (/g/ à [k], /b/ à [p], /z/ à [s],
o /Z/ e o /z/, os quais eram trocados pelos fonemas /Z/ à [S ]); simplificação de líquidas e simplificação
[S ] e [s], respectivamente. Para a estimulação do de encontros consonantais, comprometendo, portan-
traço [+voz] foram utilizadas palavras com as fricativas to, o traço [+contínuo] (/P/ à [l]). Adotou-se o mesmo

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


Desvios fonológicos – terapia 183

procedimento realizado com o sujeito I, iniciando o or duração, facilitando a percepção do traço [+con-
programa com palavras-alvo contendo fricativas. tínuo], o qual estava ausente no sistema
Nos dois primeiros dias de aplicação do pro- fonológico da criança. A paciente conseguiu pro-
grama (aliteração e rima) o paciente já conseguiu duzir adequadamente os fonemas /S / e /Z/, tanto
produzir os fonemas fricativos inseridos nas pala- isoladamente quanto inserido na palavra, neces-
vras durante nomeação, entretanto, necessitou, al- sitando de algumas pistas da terapeuta.
gumas vezes, da ajuda de pistas para perceber o No segundo dia de aplicação, foram inseridos
traço [+ voz], superando esse processo fonológico. os fonemas /s/ e /z/ devido ao seu bom desempe-
Durante a aplicação das atividades de nho com relação aos fonemas trabalhados na ses-
segmentação e síntese silábica e posteriormente de são anterior. A paciente conseguiu produzi-los iso-
manipulação e transposição silábica o paciente apre- ladamente e inseri-los em palavras-alvo nas ativi-
sentou evolução significativa, conseguindo pronunci- dades do programa e durante a fala espontânea,
ar todas as palavras adequadamente. Foi observada numa situação de contagem numérica. Apresen-
também a aquisição do traço [+ voz] nos fonemas tou maior dificuldade quando os fonemas encon-
plosivos /b/ e /g/, realizando assim o processo de travam-se em onset medial (início da sílaba medi-
generalização. ana da palavra).
Nas atividades de identificação fonêmica, o paci- Nas sessões de aplicação das atividades de
ente continuou a apresentar evolução, ampliando o segmentação e síntese silábica de manipulação e
sistema fonológico. transposição silábica, foram inseridos os fonemas
Nas últimas atividades realizadas de segmentação /k/ e /g/, e a paciente já conseguiu produzi-los ade-
e síntese silábica, devido à aquisição do traço [+voz] quadamente sem necessidade de pistas e de pou-
e superação do processo fonológico de cos estranhamentos sinalizados pela terapeuta.
ensurdecimento, foram inseridas palavras contendo Nas atividades de identificação fonêmica a paci-
o fonema /P/. O paciente estava realizando, inicial- ente mostrou uma evolução significativa, observan-
mente, uma produção exagerada do fonema, porém do-se assim a superação dos processos fonológicos
conseguiu emiti-lo corretamente, ajustando a produ- de plosivação de fricativas e frontalização de velares,
ção em palavras-alvo do programa. adquirindo, respectivamente, os traços [+ contínuo]
Foi dada continuidade ao trabalho em atividades e [dorsal].
de manipulação e transposição silábica com o fonema Durante as atividades de segmentação e síntese
/P/ isolado, e também em encontros consonantais. silábica, aplicadas novamente, a paciente continuou
O paciente conseguiu evoluir em relação à produção demonstrando evolução, referindo todas as palavras
do fonema /P/, não pronunciando da forma exagera- adequadamente sem apoio da terapeuta. Foi inseri-
da inicial, superando aqui a dificuldade anteriormente do o fonema /R/ na terapia, sendo este falado pela
presente no traço [+contínuo] para distinção das lí- paciente sem nenhuma dificuldade.
quidas. Generalizou a produção da vibrante simples Finalizando o programa, foram aplicadas ativida-
/P/, em sílaba CV (consoante-vogal) menos com- des de manipulação e transposição silábica, com o
plexa e nos encontros consonantais (CCV), numa fonema vibrante simples /P/ em sílaba CV, e também
estrutura silábica mais complexa. em encontro consonantal, produzindo adequadamente
os fonemas, necessitando de pistas da terapeuta em
Sujeito III poucos momentos durante a produção dos encon-
tros consonantais CCV.
Sujeito III, 6 anos, sexo feminino, cursando a alfa-
betização em escola municipal da cidade de Maceió- Sujeito IV
AL. O sujeito III apresentava os seguintes processos
fonológicos: plosivação de fricativas, em que o traço Sujeito IV, 8 anos, sexo masculino, estudante da
comprometido era [+ contínuo] (/Z/ e /z/ à [d]; / / e 1ª série do ensino fundamental em escola municipal
/s/ à [t]); frontalização de velares, caracterizada pela da cidade de Maceió-AL. O sujeito IV apresentava os
ausência do traço [dorsal] (/k/ à [t] e /g/ à [d]) e sim- seguintes processos fonológicos: plosivação de
plificação de encontros consonantais, realizando omis- fricativas, caracterizada pela ausência do traço [+con-
são do fonema /P/ na estrutura CCV. tínuo] (/Z/ e /z/ à [d]; /S/ e /s/ à [t]) e simplificação
A aplicação das atividades de aliteração e rima de encontros consonantais, omitindo a vibrante sim-
visou à superação da plosivação de fricativas. Para ples /P/ (/P/ à O) em sílabas CCV.
isso foram utilizadas palavras contendo os Os primeiros fonemas selecionados para serem
fonemas /S / e /Z/, os quais apresentam uma mai- trabalhados foram as fricativas que eram substituí-

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


184 Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM

das pelas plosivas [t] e [d], utilizando o mesmo aliteração e rima foi observado que os sujeitos I e
critério de escolha já referido na descrição do su- II, apesar da dificuldade inicial apresentada, e
jeito III. A aquisição do traço [+contínuo] delimita apenas ao final das duas sessões, conseguiram
as obstruintes fricativas das plosivas, ampliando o compreender e realizar adequadamente os objeti-
sistema fonológico alvo. vos da atividade. Já nos sujeitos III e IV observou-
Nas atividades de aliteração e rima, o paciente se dificuldade na compreensão das regras da ati-
conseguiu produzir adequadamente o fonema /s/ ape- vidade, não associando as palavras que continham
nas de forma isolada, apresentando dificuldade na sons semelhantes, tanto no início quanto no final
produção do /z/, recorrendo à plosivação. Em rela- da palavra. É válido ressaltar que a terapia inicial-
ção aos fonemas /S / e /Z/, o paciente conseguiu mente era em dupla e os pacientes expressaram
produzi-los sem o auxílio da terapeuta durante a no- competitividade, entrando em atrito durante toda
meação das palavras. Assim, observou-se mais faci- a sessão. Em decorrência disso, passaram a ser
lidade com as fricativas palatais /S / e /Z/, em que o atendidos individualmente na continuidade da apli-
traço [+ contínuo] foi inserido primeiramente ao sis- cação do programa.
tema fonológico. Nas atividades de segmentação e síntese silábi-
Nas sessões de síntese e segmentação silábica ca, todos os sujeitos apresentaram um desempenho
e de manipulação e transposição silábica o paciente satisfatório nas atividades, conseguindo realizar a sín-
apresentou a mesma dificuldade anterior em relação tese e a segmentação das palavras sem nenhuma
à produção da fricativa alveolar sonora /z/ e a inser- dificuldade.
ção do fonema /s/ nas palavras. Nas tarefas de manipulação e transposição si-
Observou-se que o paciente mostrava-se lábica, todos os sujeitos demonstraram dificulda-
desmotivado devido ao estímulo positivo dado em casa de inicial, porém todos conseguiram superá-las
somente a sua irmã, em decorrência da sua melhora no decorrer das sessões do programa de
no tratamento fonoaudiológico. Desse modo, foi rea- estimulação da consciência fonológica. No que se
lizada conversa com a família a respeito da importân- refere às atividades de identificação fonêmica, a
cia do reforço positivo que deve ser fornecido em casa pesquisadora enfatizou a função distintiva e
pelos familiares. seqüenciada dos fonemas nas palavras. Os parti-
Nas atividades de identificação fonêmica, o pa- cipantes não conseguiram identificar a presença
ciente ainda continuava com dificuldade de produ- dos fonemas nas palavras. Apenas o sujeito II re-
ção do fonema /z/ e de inserção do fonema /s/ feriu espontaneamente algumas palavras que con-
nas palavras. tinham o fonema em questão, apresentando mai-
Ao retornar às atividades de segmentação e sín- or facilidade com os fonemas fricativos.
tese silábica, o paciente apresentou evolução sig- Após as atividades com identificação fonêmica
nificativa, conseguindo produzir os fonemas /s/ e foi aplicada a atividade 1 de segmentação e sínte-
/z/ sem realizar plosivação, tanto isoladamente se fonêmica, para a qual todos os pacientes apre-
quanto inseridos nas palavras-alvo. Nesse momen- sentaram muita dificuldade, não conseguindo rea-
to foi observada a superação dos processos lizar a segmentação e a síntese fonêmica de ne-
fonológicos de plosivação e frontalização de vela- nhuma das palavras. Diante disso, as pesquisa-
res, pela aquisição dos traços [+contínuo] e [dorsal] doras decidiram interromper as atividades de cons-
respectivamente ao sistema fonológico. ciência fonêmica e retornar para as habilidades
Foram realizadas, ainda, atividades de manipu- de consciência silábica.
lação e transposição silábica com a líquida vibrante Foram realizadas mais duas sessões com ati-
simples /R/ em sílaba simples CV, e também em vidades de segmentação e síntese silábica, nas
CCV, conseguindo produzir adequadamente a vibran- quais os sujeitos apresentaram desempenho
te simples nos dois tipos de sílabas, necessitando satisfatório com maior número de acertos, mos-
do apoio de pistas auditivas da estagiária em pou- trando-se mais seguros e atentos às solicitações
cos momentos durante a produção dos encontros exigidas pelas atividades.
consonantais, por ser uma sílaba mais complexa e Em seguida, o programa foi realizado com duas
de aquisição final no processo fonológico. sessões de atividades de manipulação e transpo-
sição silábica, e os pacientes conseguiram referir
Desempenho dos sujeitos nas atividades de adequadamente a maioria das palavras. No entan-
consciência fonológica. to, todos eles apresentaram dificuldade nas ativi-
dades de subtração e adição silábica quando eram
Durante a aplicação das atividades de realizadas com a sílaba inicial da palavra.

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


Desvios fonológicos – terapia 185

Figura 1 – Programa de estratégias

Figura 2 - Palavras utilizadas

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


186 Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM

Figura 3 - Pistas fonéticas fornecidas

Sujeito I Sujeito II Sujeito III

Sujeito IV

Legenda

ALI: Aliteração; SEG: Segmentação; SIN: Síntese


SIL: Silábica; MAN: Manipulação; TRAN: Transposição

Figura 4 - Quadro ilustrativo da evolução do sistema fonológico dos participantes durante a aplicação
das atividades de consciência fonológica

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


Desvios fonológicos – terapia 187

n DISCUSSÃO A criança necessita de um treino sobre regras de es-


crita alfabética para conseguir eficiência em identifi-
Todas as crianças deste estudo mostraram, inicialmen- car fonemas individuais, isto é, necessita do ensino
te, desempenho insatisfatório nas atividades de aliteração formal e sistemático da correspondência entre os ele-
e rima, apresentando dificuldade em identificar a diferença mentos fonêmicos da fala e os elementos grafêmicos
e semelhança dos fonemas presentes nas palavras. Esse da escrita 19.
resultado pode ser explicado pelo fato de que as palavras As crianças participantes da pesquisa estudam
utilizadas nas atividades continham os fonemas que esta- em escola pública municipal que muitas vezes preci-
vam comprometidos no sistema fonológico da criança. sa adaptar os conteúdos exigidos no ensino formal,
Estudos demonstraram que as crianças com 4 atendendo às características sócio-econômicas e
anos apresentam uma habilidade maior em relação culturais da clientela, predominante de famílias com
às atividades de aliteração e rima do que as crianças pouca ou nenhuma instrução e conferindo experiên-
na faixa etária dos 6 anos. Isso se deve provavelmen- cia escassa com relação ao letramento emergente.
te ao abandono das brincadeiras e atividades que Dessa forma, essas crianças podem ser mais len-
envolvem rimas e aliterações ou pelo interesse nos tas no processo de alfabetização, podendo isso estar
demais sons das palavras, procurando não enfatizar relacionado com a dificuldade apresentada nas ativi-
apenas os sons iniciais ou finais 17. dades de consciência fonêmica.
Durante as atividades de segmentação e síntese Ao retornar para as atividades de segmentação e
silábica, todos os participantes mostraram também difi- síntese silábica, os sujeitos I, II, III e IV apresentaram
culdade inicial, porém, após o entendimento das regras, um aproveitamento satisfatório, emitindo as palavras
conseguiram um desempenho com mais acertos. trabalhadas corretamente.
O desempenho satisfatório dos participantes nes- Nas atividades de manipulação e transposição silá-
sas atividades ocorreu porque as atividades de bica todos os sujeitos mostraram, inicialmente, dificul-
segmentação sonora apresentam-se mais concretas, dade em realizar manipulações na sílaba inicial da pala-
trazendo pouca ou nenhuma dificuldade para a maio- vra, mas conseguiram superá-la satisfatoriamente.
ria das crianças na faixa etária de 4 a 6 anos 9,18. A interrupção do programa formulado para esse
Nas atividades de identificação, segmentação e sín- estudo no nível de consciência fonêmica e o retorno
tese fonêmica, as crianças apresentaram um desempe- de sessões reservadas para as habilidades silábicas
nho insatisfatório em compreender o conceito de fonema, foi essencial, pois essas habilidades precisavam ser
não conseguindo identificá-los dentro da palavra. Durante estimuladas o suficiente para iniciar as atividades de
as atividades de segmentação e síntese fonêmica, ne- consciência fonológica seguintes.
nhum dos participantes conseguiu acertos, demonstran- Após o retorno para as habilidades de consciên-
do um rendimento bastante insatisfatório. cia silábica já trabalhadas, foi observado um desem-
Sendo assim, decidiu-se por retomar as ativida- penho muito melhor, comparado ao inicial, em todos
des de consciência silábica, pois, as crianças em os sujeitos participantes da pesquisa.
questão não estavam aptas para compreender as A consciência fonológica não é uma variável úni-
questões fonêmicas. ca, binária, dicotômica. Na realidade, esta habilidade
É possível que isso tenha ocorrido por dois motivos possui uma estrutura hierárquica, atuando por meio
distintos: o primeiro seria o equívoco das pesquisado- de etapas, iniciando com a consciência de unidades
ras ao julgar que as crianças estavam aptas para pros- mais globais até chegar à consciência dos segmen-
seguir no programa. Em estudos futuros, seria interes- tos fonêmicos da fala 20.
sante realizar sondagens ou avaliações de controle após No decorrer da aplicação do programa foi observa-
a aplicação de cada habilidade para analisar se a crian- do que a evolução do sistema fonológico dos sujeitos
ça já apresenta condições de passar para a habilidade I, II e III está intimamente relacionada com a melhora
posterior. Esse processo iria economizar tempo e pos- do desempenho deles nas atividades de consciência
sibilitar que cada criança evolua no seu próprio ritmo. fonológica. Ou seja, à medida que eles melhoravam o
O segundo motivo seria que a consciência silábi- desempenho nas habilidades de consciência
ca não representa condição suficiente para consci- fonológica, havia também a aquisição de novos
ência fonêmica, e esta última seria adquirida à medi- fonemas em seus sistemas fonológicos.
da que o processo de alfabetização fosse iniciado. Apenas o sujeito IV apresentou uma diferença com
De fato, estudos comprovam que crianças peque- relação aos outros; apesar do desempenho favorável nas
nas têm muito mais facilidade em lidar com ativida- atividades de consciência fonológica, mostrou dificulda-
des que envolvam sílabas, aliterações e rimas do que de inicial na aquisição dos traços distintivos comprome-
fonemas, pois a consciência de segmentos supra- tidos, conseguindo superá-la apenas no final do progra-
fonêmicos desenvolve-se espontaneamente 15. ma, quando foram repetidas as atividades de consciên-
A consciência fonêmica requer experiências es- cia silábica. Esse fato pode ser explicado por dois pres-
pecíficas além da simples exposição de conceitos 15. supostos. O primeiro seria a desmotivação mostrada

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


188 Spíndola RA, Payão LMC, Bandini HHM

pelo paciente no início da aplicação do programa, em critério essencial para avaliar a eficácia da abordagem
que ele, em muitos momentos, não realizava o que era terapêutica, ou seja, quanto maior for a quantidade de
solicitado pela terapeuta. fonemas generalizados pela criança, maior é a eficiên-
A motivação apresentada pela criança durante o cia do processo terapêutico 21.
processo terapêutico irá influenciar diretamente na A estimulação de traços mais complexos, que
evolução do sistema fonológico, facilitando a estão em níveis mais elevados na hierarquia, pode
automatização para a fala espontânea 6. promover a aquisição de sons menos complexos,
O segundo pressuposto seria que a evolução tar- promovendo assim o processo de generalização de
dia referente ao sistema fonológico apresentada pelo traços não trabalhados 2.
paciente estaria relacionada com o retorno para as Ao término do estudo, a análise dos dados da
atividades de consciência silábica, as quais promo- reavaliação mostraram que todos os sujeitos consegui-
veram uma melhor percepção dos traços anteriormen- ram uma evolução bastante significativa, eliminando pra-
te ausentes na fala da criança. ticamente todos os processos fonológicos e adquirindo
A evolução da terapia fonoaudiológica nos casos todos os traços comprometidos. Os quatro sujeitos da
de desvio fonológico depende da utilização de um pesquisa receberam alta fonoaudiológica permanente.
modelo teórico abrangente de fonologia para planejar As alterações de fala das crianças com desvio
o tratamento. E em relação à percepção da criança fonológico podem estar relacionadas com uma defi-
sobre o som produzido, ela deve monitorar suas res- ciência na sua capacidade de perceber que a fala
postas e para isso precisa ter uma consciência pode ser segmentada e manipulada em seus seg-
fonológica, que seria a percepção dos menores cons- mentos. Ou seja, pacientes com alterações
tituintes da palavra 3. fonológicas podem ter um desempenho ineficiente nas
No processo terapêutico dos sujeitos I e II o trabalho habilidades de consciência fonológica 22. Sendo as-
foi iniciado com o traço [+voz] nos fonemas fricativos, sim, uma terapia baseada em atividades que promo-
pois a sua duração consegue expor a sonoridade e a vam o desenvolvimento da consciência fonológica
criança passa a perceber a presença do traço. O traba- podem propiciar a evolução do sistema fonológico.
lho realizado com fonemas contendo o traço [+contí-
nuo] (/z/, /Z/) possibilitou a generalização do traço [+voz] n CONCLUSÃO
em fonemas com o traço [-contínuo], as plosivas /g/, /d/
e /b/, e do traço [+ contínuo] na classe de líquidas com Devido à evolução apresentada por todos os su-
a aquisição da vibrante simples /P/. Para os sujeitos III jeitos estudados, conclui-se que a melhora nas habi-
e IV, foram estimuladas as fricativas, em que o traço lidades de consciência fonológica parece favorecer
[+contínuo] foi trabalhado e adquirido por ambos os su- também o desenvolvimento do sistema fonológico,
jeitos e, além disso, o sujeito III conseguiu a aquisição pois permite que a criança fique mais atenta em rela-
do traço [dorsal] sem que este fosse estimulado, ca- ção aos sons da fala e perceba a importância da pre-
racterizando, novamente, o processo de generalização. sença dos traços que se encontram comprometidos
Observou-se que a estimulação de um traço hierarqui- na sua fala.
camente mais complexo possibilitou a aquisição de tra- O processo terapêutico em casos de desvio
ços menos complexos e a generalização do próprio tra- fonológico baseado na hierarquia dos traços distinti-
ço para outros fonemas não trabalhados especificamen- vos facilita o processo de generalização de traços com-
te no programa. Esse processo de generalização é um prometidos, acelerando assim a evolução terapêutica.

ABSTRACT

Purpose: to check the development of the adult-target phonological system in public school children,
aged between 05 to 08 years with phonological deviation. Methods: the active phonological proces-
ses were identified by digitally recording the audio in spontaneous speech samples, naming pictures,
and mimicking words that make up a specific phonological test (ABFW). An activity program was
employed to foster phonological awareness skills and the theoretical ground for the ranking of distinctive
features. Results: following the end of the program, the entire group of patients showed significant
progress, having overcome all the existing phonological processes and acquired the features that were
not present. The patients’ phonological system broadened as their performance in phonological
awareness activities improved. Conclusion: the phonetic approach to phonological deviation, when
based on the ranking of distinctive features and on phonological awareness, favored the overcoming of
phonological processes and the significant development of the patients’ phonological system.

KEYWORDS: Speech Therapy; Phonetics; Speech; Language

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007


Desvios fonológicos – terapia 189

n REFERÊNCIAS Psychol. 1998; 70(2): 117-41.


12. Santos MTM, Navas ALGP, Pereira LD. Estimu-
1.Wertzner HF. O distúrbio fonológico em crianças lando a consciência fonológica. In: Pereira L,
falantes do português: descrição e medidas de seve- Schochat E. Processamento auditivo central: manu-
ridade [livre docência]. São Paulo (SP): Faculdade al de avaliação. São Paulo: Lovise; 1997.
de Medicina da Universidade de São Paulo; 2002. 13. Andrade CRF, Befi-lopes DM, Fernades FDM,
2.Mota HB. Aquisição segmental do português: um Wertzner HF. ABFW: teste de linguagem infantil nas
modelo implicacional de complexidade de traços [dou- áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmáti-
torado]. Porto Alegre (RS): Pontifícia Universidade ca. São Paulo: Pró-Fono; 2004.
Católica do Rio Grande do Sul; 1996. 14. IPA - International Phonetic Alphabet; 1993. Do-
3.Lamprecht RR. Os processos nos desvios cumento on-line. Disponível em: URL: http://
fonológicos evolutivos. Estudo sobre quatro crianças s c r i p t s . s i l . o r g / c m s / s c r i p t s /
[mestrado]. Porto Alegre (RS): Pontifícia Universida- page.php?site_id=nrsi&item_id=encore-ipa-download.
de Católica do Rio Grande do Sul; 1986. Acesso em 22 de fev. 2007.
4.Matzenauer CLB. Bases para o entendimento da aqui- 15. Capovilla AGS. Leitura, escrita e consciência
sição fonológica. In: Lampretch RR. Aquisição fonológica fonológica desenvolvimento, intercorrelações e
do português – perfil de desenvolvimento e subsídios para interações [doutorado]. São Paulo (SP). Universida-
terapia. Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 33-58. de de São Paulo; 1999.
5.Mota HB. Fonologia: intervenção. In: Ferreira LP, 16. Bandini HHM. Um programa para a promoção de
Befi-lopes DM, Lomongi SCO. Tratado de consciência fonológica em pré-escolares aplicado em
fonoaudiologia. São Paulo: Roca; 2004. p. 787-814. sala de aula [mestrado]. São Carlos (SP). Universi-
6.Mota HB. Aquisição segmental do português: um dade Federal de São Carlos; 2003.
modelo implicacional de complexidade de traços. 17. Andrezza-Balestrin C, Cielo CA. O professor pré-
Letras de Hoje 1997; 32: 23-47. escolar e sua prática em consciência fonológica. Rev
7.Mota HB, Pereira LF. A generalização na terapia Soc Bras Fonoaudiol. 2003; 8: 27-33.
dos desvios fonológicos: experiência com duas cri- 18. Maluf MR, Barrera SD. Consciência fonológica e
anças. Pró-fono. 2001; 13: 141-6. linguagem escrita em pré-escolares. Psicol Reflex
8.Freitas GCM. Sobre a Consciência fonológica. In: Crít. 1997; 10: 125-45.
Lampretch RR. Aquisição fonológica do português – 19. Bradley L, Bryante PE. Categorizing sounds and
perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. learning to read – a causual conection. Nature 1983;
Porto Alegre: Artmed; 2004. p. 179-92. 301: 419-21.
9.Paes CTS. Pessoa ACRG. Habilidades fonológicas 20. Jekins R, Bowen L. Facilitating development of
em crianças não alfabetizadas e alfabetizadas. Rev preliterate children´s phonological abilities. Top Lang
CEFAC 2005; 7 (2): 149-57. Disord 1994; 2: 26-39.
10. Lundberg I, Frost J, Petersen O. Effects of an 21. Barberena LS, Keske-soares M, Mota HB. Gene-
extensive program for stimulating phonological ralização no tratamento com o /R/ em um caso de
awareness in preschool children learning. Res Q. desvio fonológico médio-moderado. Rev Soc Bras
1988; 23: 262-84. Fonoaudiol. 2004; 9: 229-36.
11. Burgess SR, Lonigan CJ. Bidirectional relations 22. Morales MV, Mota HB, Keske-soares M. Consciên-
of phonological sensitivity and prereading abilities: cia fonológica: desempenho de crianças com e sem des-
evidence from a preschool sample. J Exp Child vios fonológicos evolutivos. Pró-fono 2002; 14: 153-64.

RECEBIDO EM: 22/08/2006


ACEITO EM: 28/05/2007

Endereço para correspondência:


Rua Clementino Dumont, nº 317, ap. 203
Maceió – AL
CEP: 57055-190
Tel: (82) 32419328
E-mail: rafaspindola@hotmail.com

Rev CEFAC, São Paulo, v.9, n.2, 180-9, abr-jun, 2007

Você também pode gostar