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ALIENAÇÕES FRAUDULENTAS: PROFA.

RAQUEL SANTANA
RABELO ORNELAS
A execução forçada tem por finalidade a satisfação do
crédito do exequente através do patrimônio do
executado.
CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES Assim, toda vez que o executado aliena o seu
patrimônio, sabendo ter responsabilidade de quitar
determinada dívida, de modo a impossibilitar a
satisfação do crédito do exequente, estará alienando
fraudulentamente os seus bens.
ALIENAÇÕES FRAUDULENTAS:

Há três espécies de Alienação fraudulenta:

Fraude contra
credores (ou
fraude pauliana)

Alienação de Fraude à
bem penhorado execução
ALIENAÇÃO DE BEM PENHORADO:

É a alienação de bem pelo devedor (executado) que havia sido


penhorado pelo juiz no processo de execução.

Obs.: não é necessário que o executado se torne insolvente. Uma vez


constrito o bem para garantir a satisfação da execução, não pode o
executado alienar tal bem, mesmo que possua outros bens capazes de
garantir a execução.
FRAUDE CONTRA CREDORES:

A fraude contra credores não se confunde com a fraude à


execução.

É a disposição de bens pelo devedor (futuro executado) com a


intenção de tornar-se insolvente, impedindo a satisfação do
crédito do credor (futuro exequente).

A fraude contra credores esta regulamentada nos artigos 158 e


ss do Código Civil e tem como requisito a diminuição do
patrimônio do devedor que configure situação de
insolvência (eventos damni) e a intenção do adquirente de
causar dano por meio da fraude (consilium fraudis).
FRAUDE CONTRA CREDORES:

 Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou


remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou
por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão
ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos
seus direitos.
 Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do
devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver
motivo para ser conhecida do outro contratante.

Aqui, não existe nenhuma ação de cobrança.


FRAUDE CONTRA CREDORES:

Requisitos: EVENTUS DAMNI (objetivo) e CONSILIUM FRAUDIS


(subjetivo). O requisito subjetivo consiste na potencial consciência da
insolvabilidade.
Instrumento para defesa do Credor na Fraude contra
Credores:

Ação pauliana (art.161, CC) (nomenclatura vem do jurisconsulto


romano Paulus)

A ação pauliana recebe este nome em virtude de uma homenagem ao


pretor romano Paulo. Visa à desconstituir a venda realizada pelos
fraudadores, e somente depois da sentença de procedência é que o
bem poderá ser penhorado, uma vez que este já havia saído da esfera
jurídica do devedor.

Art. 178 É de quatro anos o prazo de decadência para


pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio
jurídico;
FRAUDE À EXECUÇÃO:

É a alienação de bens pelo devedor (executado), após ser possível a


sua ciência acerca da cobrança do débito acerca do qual é
inadimplente, com o intuito de se tornar insolvente.

A possibilidade de ciência da cobrança pode se dar através da


citação/intimação da execução ou do registro de sua existência em
órgão competente.

Instrumento Processual: Através de uma petição simples o credor


(exequente) pode alegar a fraude à execução.
O art. 792 do CPC traz as hipóteses de fraude de execução:

Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é


considerada fraude à execução:
I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito
real ou com pretensão reipersecutória, desde que a
pendência do processo tenha sido averbada no respectivo
registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a
pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem,
hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial
originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à
insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
O inciso IV será aplicável quando o caso não se enquadrar em
nenhuma das hipóteses anteriores. Aplica-se nas execuções de
obrigações pecuniárias, e apenas nos casos nos quais não tenha sido
promovida a averbação, junto ao registro, da pendência da execução
ou de ato constritivo sobre o bem.

Basta que o ato de alienação ou gravame tenha ocorrido quando


já pendia o processo (e que o demandado tenha ciência deste
processo), além da concreta possibilidade de insolvência.
Para a configuração da fraude à execução é necessária a comprovação
apenas do elemento objetivo (eventus damni), consistente no dano
causado ao credor-exequente pela alienação ou oneração do bem
objeto de penhora

Exemplo: se o devedor deve 50 mil, mas tem um patrimônio de 500


mil, só haverá dano ao credor-exequente se ele alienar mais que 450
mil dos seus bens.

Em contrapartida, os elementos subjetivos (scientia e consilium


fraudis) não precisam ser provados, sendo presumidos, pois a
alienação de bens, responsáveis pela dívida, na pendência de ação
judicial que a discute, pressupõe a ciência de fraude do devedor e o
conluio fraudulento entre este e o terceiro adquirente.
O STJ estabelece o momento em que tais presunções ocorrem. Assim, para
tal Corte presume-se:

A ciência de fraude do devedor: quando este tiver a inequívoca ciência da


existência de ação judicial, o que se dá, por óbvio, apenas por meio da
citação (processo autônomo) ou intimação (cumprimento de sentença),
sendo os atos fraudulentos cometidos antes desse momento processual
considerados, em regra, como fraude contra credores.

O conluio fraudulento com o terceiro adquirente: a partir do registro da


penhora do bem alienado.

O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da


penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente. (Súmula 375, STJ).

Tal presunção de má-fé do terceiro adquirente é relativa, portanto, admite-se


prova em contrário mediante embargos de terceiro.
Repreensões legais pela prática de fraude à execução:

 Art.77- Deveres das partes.


 IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza
provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
 VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito
litigioso.
 § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato
atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das
sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de
acordo com a gravidade da conduta.

 Art. 179 Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou


danificando bens, ou simulando dívidas:
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
A fraude à execução se assemelha à chamada fraude contra credores,
na medida em que em ambas há alienação de bens pelo devedor a
terceiros, tornando-o insolvente. PORÉM, diferenciam pelas
seguintes características:
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em
relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o
terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as
cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição
das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do
vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade
jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação
da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá
intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor
embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
(BRASIL, 2015)
REGISTRO DA EXECUÇÃO

Diante da possibilidade de o devedor desfazer-se dos seus bens no


interregno entre protocolo da inicial e a citação, foi editado o art. 828.

O artigo autoriza o exequente obter certidão comprobatória da


admissão da execução para averbação no registro de imóveis, de
veículos ou de outros bens sujeitos à penhora.
 Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo
juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no
registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou
indisponibilidade.
 § 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá
comunicar ao juízo as averbações efetivadas.
 § 2º Formalizada penhora sobre bens suficientes para cobrir o valor da dívida, o
exequente providenciará, no prazo de 10 (dez) dias, o cancelamento das
averbações relativas àqueles não penhorados.
 § 3º O juiz determinará o cancelamento das averbações, de ofício ou a
requerimento, caso o exequente não o faça no prazo.
 § 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens
efetuada após a averbação.
 § 5º O exequente que promover averbação manifestamente indevida ou não
cancelar as averbações nos termos do § 2º indenizará a parte contrária,
processando-se o incidente em autos apartados.

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