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AUTOMAÇÃO

CLP
Contr olador Lógico
Pr ogramável
4ª par te
parte
Paulo Cesar de Carvalho

Neste artigo vamos continuar o estudo da Linguagem Ladder


INSTRUÇÃO: BOBINA LIGA E
BOBINA DESLIGA
para programação de CLPs, apresentando as intruções “Bobi-

C
ada instrução deste tipo ocu-
na Liga” e “Bobina Desliga”, além da instrução “Temporizador pa uma célula de uma lógica
na Energização”, e daremos novos exemplos de aplicações e só pode ser inserida na úl-
práticas para fornecer subsídios para o leitor conhecer os con- tima coluna da direita, conforme
mostrado na figura 1. O operando
ceitos básicos desta linguagem, que é uma importante ferra-
poderá ser uma saída digital física
menta utilizada na automação industrial para programação de ou um operando auxiliar. No caso de
CLPs. um operando de saída física a ins-
trução quando ligada irá energizar

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o ponto de saída física, dando co-
mando nos equipamentos
conectados ao CLP . Na figura 01
quando a entrada digital “START” for
energizada, a saída “MOTOR1” será
energizada. Mesmo depois que a
entrada “START” for desenergizada,
o MOTOR 1 continuará ligado. Para
desligar esta saída será necessá-
rio energizar a “bobina desliga” as-
sociada. No caso do exemplo isso
pode ser feito ligando a entrada
“STOP”. Figura 1 – Instrução bobina liga e bobina desliga.

A principal diferença entre a bobi-


na simples e a “bobina liga” é que esta
última é retentiva, não necessitando
fazer um “selo” no programa para
manter a saída ligada independente-
mente de comando.

Exemplo de
aplicação

Lógica de alarme: Elaborar um


programa em Linguagem Ladder
para executar a função de aquisitar
quatro entradas digitais de defeito.
Quando pelo menos uma entrada
de defeito for energizada ( mesmo
que por um curto intervalo de tem-
po ) deverá ser acionada uma saí-
da digital de resumo de falha. Esta
saída digital deverá permanecer
energizada até que seja pressiona-
do o botão de reconhecimento de
alarme e nenhuma das entradas de
defeito esteja energizada.
A solução é ilustrada na figura
2. Com a utilização da “bobina liga”, Figura 2 – Lógica de alarmes utilizando Bobina Liga e Bobina Desliga.
qualquer uma das entradas de de-
feito que ligar, acionará a saída A instrução TEE possui dois
“RES_DEF” que será o resumo de operandos. O primeiro OPER1 espe-
defeito. Esta saída permanecerá li- cifica a memória acumuladora da con-
gada até que seja pressionado o tagem de tempo. O segundo operan-
botão associado à entrada do OPER2 indica o tempo máximo a
“REC_DEF” (reconhece defeito) e ser acumulado. A contagem de tempo
nenhuma das entradas de defeito é realizada normalmente em décimos
esteja ligada. de segundo e esta será a unidade que
utilizaremos , ou seja, cada unidade
INSTRUÇÃO: TEMPORIZADOR incrementada em OPER1 corresponde
NA ENERGIZAÇÃO a 0,1 segundo. Figura 3 - Instrução Temporizador na
Enquanto as entradas Libera e Ati- Energização.
A figura 3 exibe a instrução Tem- va estiverem simultaneamente
porizador na Energização ( TEE ) : energizadas, o operando OPER1 é
OPER1 com o mesmo valor de
Esta instrução realiza contagens incrementado a cada décimo de se-
OPER2.
de tempo com a energização das gundo. Quando OPER1 for maior ou
Desacionando-se a entrada libera,
suas entradas de acionamento ( Li- igual a OPER2, a saída Q é energizada
há a interrupção na contagem do tem-
bera e Ativa ) . e Q desenergizada, permanecendo

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Figura 4 – Exemplo de aplicação da instrução temporizador. Figura 5 – DIagrama de tempo.

po, permanecendo OPER1 com o


mesmo valor. Desacionando-se a en-
trada Ativa, o valor em OPER1 é
zerado.
O estado lógico da saída Q é exa-
tamente o oposto da saída Q, mesmo
estando a instrução desativada.

Atenção:
Com a entrada ativa desativada, a
saída Q permanece sempre ener-
gizada.
A seguir, na figura 4, apresenta-
mos um exemplo de utilização da ins-
trução temporizador. O diagrama de
tempo da instrução está mostrado na
figura 5.
Na figura 5 mostramos o diagra-
ma de tempo de um temporizador na
energização. Quando as entradas
%E000.0 e %E000.1 estão ligadas
a memória %M000 acumula uma
unidade a cada 0,1 segundos e, nes-
te caso, o limite será 500 décimos
de segundo ou 50 segundos. Após
este tempo a saída % S0002.1 liga
e a saída % S0002.2 desliga ( saída
complementar ) . Após isso, se a
entrada ativa ( % E000.1 ) for desli-
gada , o temporizador é zerado e a
saída %S0002.1 será desligada, en-
quanto a saída complementar
%S0002.2 será ligada.
Figura 6 – Programa Ladder do exemplo 1.

Exemplos de
aplicação porizadores em entradas digitais ções. Considere então duas chaves
para garantir que a situação de de- de nível tipo bóia, que estão liga-
EXEMPLO 1 – Evitando falsas in- feito permaneceu por um determi- das em duas entradas digitais de
dicações de alarmes associados a en- nado intervalo de tempo para en- um CLP . Estes sinais indicam : ní-
tradas digitais: tão acionar o alarme corresponden- vel muito alto no tanque e nível mui-
É comum empregar mos tem- te, evitando assim falsas indica- to baixo no tanque. Para ocorrer a

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indicação de alarme a entrada de- dois botões de acionamento da possível acionar a prensa se o in-
verá permanecer ligada por pelo prensa . tervalo de tempo entre acionar o pri-
menos 4 segundos. Para reconhe- LIG-PRE – a Saída digital que acio- meiro botão e o segundo for inferi-
cer o alarme considere um botão na o motor da prensa . FC-1 é a entra- or a 0,2 segundos..
conectado a uma entrada do CLP. da que recebe o fim-de-curso que des- Solução : O programa ladder
Solução : Na figura 6 apre- liga o motor da prensa retornando-a à deste exemplo é apresentado na fi-
sentamos o programa em Lingua- posição original. gura 7.
gem Ladder do exemplo. Neste Na lógica 002 observe que só é
programa LHH é a entrada digital possível acionar a prensa se forem EXEMPLO 3 – Utilizando tempo-
de nível muito alto , LLL - é a en- acionados os dois botões e os dois rizadores, desenvolver um progra-
trada digital de nível muito baixo e contatos auxiliares (AUX1 e AUX2) ma em Linguagem Ladder para aci-
REC_ALM é a entrada para reco- estiverem desligados, ou seja, só é onar um pistão pneumático com re-
nhecimento de alarmes. Observe
que as entradas de Libera e Ativa
do temporizador estão interligadas
e serão energizadas simultanea-
mente com a energização da en-
trada do CLP. Assim, quando a en-
trada do CLP é ligada, o
temporizador inicia a temporização
e só irá ligar a saída de alarme se
a entrada permanecer ligada por
no mínimo 4 segundos. Como a
bobina de alar me é retentiva, o
alarme permanecerá ligado mes-
mo que a entrada de alarme seja
desligada. Para resetar o alarme
d eve r á s e r l i g a d a a e n t ra d a
REC_ALM (figura 6).

EXEMPLO 2 – Considere uma


prensa que possui dois botões que
devem ser acionados simultanea-
mente para que ela seja atuada e
um fim-de-curso, que é ao ser atua-
do, retorna à mesma a posição de
repouso. Este tipo de acionamento
simultâneo de dois botões é conhe-
cido por bi-manual e é uma segu-
rança para evitar que a prensa atin-
ja uma mão do operador . Como
sabemos, é praticamente impossí-
vel que o operador consiga acionar
Figura 7 – Programa Ladder do exemplo 2.
os dois botões exatamente ao mes-
mo tempo, e por este motivo consi-
dere uma diferença de tempo máxi-
ma entre acionar o primeiro botão e
o segundo de 0,2 segundos para
que a prensa seja acionada. Se o
operador travar um botão, ele não
conseguirá acionar a prensa, pois,
passados 0,2 segundos é necessá-
rio desligar os dois botões e acio-
nar novamente os mesmos para
tentar um novo acionamento .
Neste exemplo, teremos :
BO-01 e BO-02: as entradas do
Figura 8 – Diagrama de tempo do exemplo 3
CLP onde estão conectados os

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torno por mola de forma que ele fi-
que 20 segundos avançado e 60 se-
gundos recuado.Este movimento
deve ser iniciado após o operador
pressionar o botão de START e será
cíclico, só devendo ser interrompi-
do se o operador pressionar o bo-
tão de STOP. Nesta situação, recu-
ar o pistão. Considere que a saída
digital que aciona o pistão será de-
nominada de PST-01 ( quando esta
saída estiver ligada o pistão avan-
ça, e quando desligada o pistão re-
cua ) .
Solução: Considerando a base de
tempo do temporizador em décimos
de segundo precisaremos de dois
temporizadores, um de 200 décimos (
KM200 – valor constante de 200 ) e
outro de 600 ( KM 600 ) décimos de
segundos. A saída digital que aciona
o pistão ( PST-01 ) está representada
no diagrama de tempo fornecido na
figura 8.
1- Instante em que o botão de
START foi acionado
2- Instante em que o botão de
STOP foi acionado
A=C= 20 segundos - Intervalo de
tempo com pistão avançado
B=D= 60 segundos - Intervalo de
tempo com pistão recuado
E – Durou menos que 20 segun-
dos em função do acionamento do
botão STOP, e a seqüência parou de
ser executada desligando a saída PST- Figura 7 – Programa ladder do exemplo 3.
01 e retornando o pistão.

Na figura 9 temos o programa Na lógica 001 o temporizador garantindo que a saída que acio-
TEMP2 temporizará 60 segundos na o pistão ficará desligada e os
ladder do exemplo.
para ligar novamente AUX1. Assim, temporizadores resetados . O sis-
Na lógica 000 a instrução “bobina
AUX1 totalizará 60 segundos des- tema estará pronto para iniciar no-
liga” de AUX1 garante que este ope-
ligado. Quando AUX1 ligar nova- vamente após o operador pressi-
rando será ligado após o operador
pressionar o botão START a partir da mente, ele reiniciará o processo onar o botão de START.
condição inicial ( AUX1 e 2 desliga- iniciando a temporização TEMP1 e
este ciclo permanecerá indefinida-
dos ). Como a bobina é retentiva, este CONCLUSÃO
mente até que o operador pressio-
operando continuará ligado mesmo
ne STOP.
após o operador soltar o botão de Vimos neste artigo as instru-
Na lógica 002 o operando AUX1
START. O temporizador TEMP1 inicia- ções Bobina Liga e Desliga e a
rá uma temporização de 20 segun- foi copiado para PST01 para acio-
nar a saída . Observe que o com- instrução Temporizador. Estas
dos e ligará o operando retentivo instruções são muito utilizadas
portamento de AUX1 é exatamente
AUX2, e desligará o operando em programas de CLPs .
o que era solicitado para o pistão. É
retentivo AUX1. Note que é neces-
comum utilizarmos operandos auxi- Na próxima edição vamos
sário desligar AUX1 para garantir
liares durante a lógica e, no final, co- continuar nosso estudo sobre a
uma operação cíclica do pistão. Du-
piarmos para as saída reais do CLP linguagem LADDER .
rante os 20 segundos da
para acionar as cargas. O botão de l lá.
Até
temporização AUX1 permaneceu li-
STOP desligará os dois auxiliares,
gado.

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