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Equipe técnica
Luana Pinheiro - Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Marcelo Galiza - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Natália de Oliveira Fontoura - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Hildete Pereira de Melo - Universidade Federal Fluminense
Alberto Di Sabbato - Universidade Federal Fluminense
Solange Sanches - Organização Internacional do Trabalho
Márcia Vasconcelos - Organização Internacional do Trabalho
Roberto Gonzalez - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Inclui bibliografia.
ISBN 857811032-3
CDD 305.42
1 Introdução....................................................................................................... 7
2 Sobre o que estamos falando: a crise internacional e seus
impactos no mundo....................................................................................... 9
3 A crise a partir de uma perspectiva de gênero....................................... 13
3.3 Os impactos recentes da crise no mercado de trabalho brasileiro: olhar de gênero ... 41
3.3.1 Os impactos gerais da crise na economia brasileira......................................... 41
3.3.2 Os resultados recentes do mercado de trabalho sob a perspectiva de gênero . 44
4 Considerações Finais................................................................................... 59
5 Referências bibliográficas......................................................................... 61
6 Anexo Estatístico.......................................................................................... 63
INTRODUÇÃO 7
1 Introdução
Os últimos nove meses vêm sendo marcados, no Brasil e no mundo, por
uma farta e densa discussão sobre a crise econômica e financeira que se abateu
sobre a economia mundial. Ampliaram-se, ao longo dos meses, as matérias pro-
duzidas pela mídia em geral e pelos veículos especializados, bem como os encon-
tros destinados a discutir, com públicos variados, as causas, impactos e (possíveis)
respostas dos governos para enfrentar e debelar a crise que tem tirado o sono e os
empregos de milhões de mulheres e homens em todos os continentes.
A crise entrou decisivamente na agenda nacional e alguns dos temas que
têm merecido espaço neste cenário são aqueles relacionados às consequências pro-
duzidas no mercado de trabalho brasileiro. Tem se conferido especial atenção aos
movimentos das taxas de desemprego, dos níveis de ocupação e da massa salarial,
quase sempre a partir de uma análise que privilegia os impactos diferenciados se-
gundo os setores de atividade econômica e as regiões metropolitanas (ou unidades
da federação, quando possível). As grandes bases de informação que possibilitam
este tipo de acompanhamento conjuntural são a Pesquisa Mensal de Emprego
(PME), o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e a Pes-
quisa de Emprego e Desemprego (PED), produzidas todos os meses, respectiva-
mente, pelo IBGE, pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse)/Fundação Sea-
de2, em parceria com instituições regionais de estatística e pesquisa.
As principais discussões sobre o tema, no entanto, realizadas em veículos da
mídia ou em fóruns especializados, têm ignorado os impactos diferenciados da
crise sobre a oferta e a qualidade do emprego por sexo ou por raça/cor. As análises
produzidas neste contexto consideram, portanto, os trabalhadores como um con-
junto homogêneo, cujos diferentes marcadores identitários em nada interferem
na forma de inserção e participação dos grupos sociais no mercado de trabalho.
1. Este artigo é resultado de um esforço integrado de diversas organizações que integram o grupo de trabalho para
acompanhamento da crise no âmbito do Observatório Brasil da Igualdade de Gênero. Contribuíram para a elaboração
deste estudo os/as técnicos/as do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - Natália Fontoura, Marcelo Galiza e
Roberto Gonzalez; da Organização Internacional do Trabalho (OIT) - Solange Sanches e Márcia Vasconcelos; do Institu-
to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Ana Sabóia e Cimar Azeredo; da Universidade Federal Fluminense (UFF)
- Hildete Pereira de Melo e Alberto Di Sabbato; e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) - Luana
Pinheiro. Agradecemos, ainda, a leitura atenciosa e as sugestões de Nina Madsen e Fábia Souza, também da SPM.
2. No âmbito do convênio com MTE/Fundo de Amparo ao Trabalhador.
8 impacto da Crise sobre as mulheres
Quadro 1
Cronologia das crises desde 1980
Ano Países
1997-98 Crise financeira asiática: desvalorizações e crise bancária em vários países da Ásia.
Fonte: Luc Laeven e Fabian Valencia (2008), ‘Systemic banking crises: a new database’. International Monetary Fund Working
Paper 08/224.
10 impacto da Crise sobre as mulheres
Quadro 2
Situação das economias dos países: estimativas em dezembro de 2008.
Tabela 1
Taxa de atividade da população de 16 anos ou mais, por sexo. Brasil, 1996 e 2007.
4. Vale salientar que, ainda que modesto, é possível observar um movimento na direção de uma maior igualdade entre
homens e mulheres no compartilhamento das tarefas domésticas. Isso porque entre 1996 e 2007 houve um cresci-
mento de 6 pontos percentuais na proporção de homens que declararam realizar afazeres domésticos e uma redução
de quase 3 pontos na proporção de mulheres na mesma situação.
16 impacto da Crise sobre as mulheres
res, levando a que, em muitos casos, elas encontrem como alternativa o emprego
em jornadas de trabalho menores e que também remuneram menos. Assim, em
2007, enquanto apenas 18,6% dos homens trabalhavam habitualmente menos
de 40 horas semanais, esse percentual atinge significativos 41% quando se fala de
trabalhadoras do sexo feminino.
Se a disponibilidade das mulheres para participar no mercado de trabalho
é significativamente menor que a dos homens, é importante perceber que a de-
cisão de ingressar no mercado não é concretizada na mesma intensidade para
os trabalhadores dos dois sexos. O Gráfico 1 permite visualizar claramente esta
situação: enquanto a taxa de desemprego masculina foi de 5,1%, em 2007, a
feminina atingiu 9,8%, o que representa um contingente de quase 1,3 milhão
de mulheres desempregadas a mais em comparação aos homens. Há um movi-
mento de redução nas taxas de desemprego entre os anos de 2004 e 2007, mas
que mantém inalteradas as desigualdades existentes. Assim, mesmo após a queda,
os homens brancos apresentavam uma taxa de desemprego de 5,3%, enquanto
mulheres negras chegavam a 12,2%, em 2007. Se de um lado, as mulheres negras
são excluídas de um conjunto de empregos por serem mulheres, de outro são
também excluídas de muitos outros empregos considerados femininos, como o
atendimento ao público, por serem negras.
Gráfico 1
Taxa de desemprego das pessoas de 16 anos ou mais de idade, por sexo e cor/raça.
Brasil, 2004 e 2007.
2007
6,0% 7,4% 10,1% 13,2% 2004
Tabela 2
Distribuição da população ocupada de 16 anos ou mais, segundo sexo, por posição
na ocupação. Brasil, 1996 e 2007.
Masculino Feminino
Posição na Ocupação
1996 2007 1996 2007
Nota: * Englobam os/as trabalhadores/as ocupados/as sem remuneração e aqueles/as empregados/as na produção para auto-
consumo e na construção para o próprio uso, portanto, também sem remuneração.
Tabela 3
Distribuição da população ocupada de 16 anos ou mais, segundo sexo, por setor de
atividade econômica. Brasil, 2007. (em %)
Setor de Atividade Masculino Feminino
e para a economia nacional, o status de que dispõe na sociedade – cujo valor pode
ser aproximado pela remuneração conferida aos trabalhadores – é bastante desigual.
O resultado deste conjunto de fatores é que, em 2007, as mulheres ocupa-
das ganhavam, em média, 65% do rendimento auferido pela população mascu-
lina e os negros somente cerca de metade do salário dos brancos, tal como dis-
posto na tabela 4 a seguir6. Os dados evidenciam a dupla descriminação sofrida
pelas mulheres negras no mercado de trabalho. Enquanto as mulheres brancas
ganham, em média, 62% do que ganham homens brancos, as mulheres negras
ganham 67% dos homens do mesmo grupo racial e apenas 34% do rendimento
médio de homens brancos.
Tabela 4
Rendimento médio mensal da ocupação principal, por sexo e raça/cor. Brasil, 1996
e 2007.
1996 2007
6. Estes dados não controlam as diferenças de escolaridade, região, ocupação, jornada de trabalho ou qualquer outra
variável que não o sexo e a raça/cor dos/as trabalhadores/as. Sabe-se que as diferenças salariais entre os grupos se
reduzem quanto mais se controlam estes atributos. No entanto, para os efeitos deste trabalho, os dados da forma como
aqui apresentados são relevantes e suficientes para evidenciar as desigualdades existentes, ainda que não se possa
dizer quanto se deve à discriminação na esfera do mercado de trabalho e quanto aos outros atributos (que também
podem guardar processos discriminatórios).
CAPÍTULO 3 21
Gráfico 2
Distribuição da população ocupada, por faixas de rendimento mensal*, segundo o
sexo. Brasil, 2006.
Mais de 20 79,94% 20,06%
salários mínimos
Mais de 10 a 20 72,75% 27,25%
salários mínimos.
Mais de 5 a 10 67,93% 32,07%
salários mínimos
Mais de 3 a 5 67,33% 32,67%
salários mínimos
Mais de 2 a 3 69,10% 30,90%
salários mínimos
Mais de 1 a 2 60,51% 39,49%
salários mínimos
7. As atividades predominantemente urbanas alcançaram mais de 2/3 da mão de obra nacional, não havendo diferen-
ças significativas na distribuição por sexo da população ocupada (mulheres 81,6% e homens 78,%).
24 impacto da Crise sobre as mulheres
Tabela 5
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, por setor econômico, segundo o
sexo. Brasil, 2007
Setores Número absoluto Distribuição por sexo Distribuição por setores
Homem Mulher Total Homem Mulher Total Homem Mulher Total
Agropecuária 10.742.333 5.247.884 15.990.217 67,2 32,8 100,0 20,5 13,7 17,6
Extr. Mineral 342.933 35.569 378.502 90,6 9,4 100,0 0,7 0,1 0,4
Ind. de Transformação 8.259.105 3.993.117 12.252.222 67,4 32,6 100,0 15,8 10,4 13,5
Constr. Civil 5.920.875 186.151 6.107.026 97,0 3,0 100,0 11,3 0,5 6,7
SIUP* 279.015 61.443 340.458 82,0 18,0 100,0 0,5 0,2 0,4
Serviços 26.818.938 28.898.656 55.717.594 48,1 51,9 100,0 51,2 75,2 61,4
Total 52.363.199 38.422.820 90.786.019 57,7 42,3 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Nota: * Refere-se aos serviços industriais de utilidade pública, a saber: produção e distribuição de energia e abastecimento
de água.
Gráfico 3
Distribuição da população ocupada de 10 anos ou mais de idade, por setor econô-
mico, segundo sexo e cor/raça. Brasil, 2007.
100%
90%
80%
70%
60% Outras
50% Parda
Preta
40% Branca
30%
20%
10%
0%
Mulher
Mulher
Mulher
Mulher
Mulher
Mulher
Homem
Homem
Homem
Homem
Homem
Homem
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Nota: * Refere-se aos serviços industriais de utilidade pública, a saber: produção e distribuição de energia e abastecimento
de água.
Tabela 6
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, por subsetores de serviços, segun-
do sexo. Brasil, 2007.
% H/M % s/ total
Subsetores de Serviços Homem Mulher Total
Homem Mulher Homem Mulher Total
Instituições Financeiras 499.955 488.293 988.248 50,6 49,4 1,9 1,7 1,8
Administração Pública 3.691.618 5.378.483 9.070.101 40,7 59,3 13,9 18,6 16,3
Outros Serviços 11.072.337 16.269.150 27.341.487 40,5 59,5 41,6 56,4 49,3
Técnicos
1.623.204 1.179.416 2.802.620 57,9 42,1 6,1 4,1 5,0
Profissionais
Serviços Prestados
2.722.706 1.011.336 3.734.042 72,9 27,1 10,2 3,5 6,7
a Empresas
Serviços Sociais 1.725.483 3.352.645 5.078.128 34,0 66,0 6,5 11,6 9,1
Reparação e
1.990.462 118.932 2.109.394 94,4 5,6 7,5 0,4 3,8
Construção
Hospedagem e
1.615.117 1.735.829 3.350.946 48,2 51,8 6,1 6,0 6,0
Alimentação
Doméstico
418.261 6.313.444 6.731.705 6,2 93,8 1,6 21,9 12,1
Remunerado
Serviços Pessoais 736.359 2.492.700 3.229.059 22,8 77,2 2,8 8,6 5,8
Serviços
240.745 64.848 305.593 78,8 21,2 0,9 0,2 0,6
Distributivos
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
8. Há, portanto, uma feminização destas atividades, provavelmente devido à maleabilidade que estas atividades apre-
sentam com respeito a estruturas de mercado mais precarizadas e com baixa organização sindical.
28 impacto da Crise sobre as mulheres
público para admissão nas suas atividades, o que, seguramente, permitiu que as
mulheres mais jovens e mais escolarizadas do final do século XX pudessem invadir
este espaço do mercado de trabalho. Melo et alli (1998) constatam esta tendência,
comparando os anos de 1985, 1990 e 1995, e o crescimento gradual da ocupação
feminina neste subsetor de serviços.
Chamamos atenção para o fato de que estas informações mostram certa cris-
talização dos papéis masculino e feminino. A comparação do trabalho de Melo et
alli (1998) com as informações da PNAD/IBGE de 1995 mostra que a distribui-
ção da ocupação em “outros serviços”, segundo seus subsetores, apresentou uma
distribuição muito similar à de 2007. Aquelas que eram atividades masculinas ou
femininas permanecem como tal. Eram e continuam masculinos os postos de tra-
balho das atividades de reparação e conservação – que compreende mecânicos de
veículos e eletrodomésticos –; os serviços prestados às empresas – correspondentes
a vigilância e guarda, limpeza, atividades relacionadas às empresas produtoras de
bens, aluguel e outras mais –; e, numa escala menor, os serviços de distribuição,
isto é, os ocupados em rádio e televisão, que elevaram a participação masculina,
quando comparado com 1995. Eram e continuam femininos os serviços domés-
ticos remunerados, os serviços sociais e os pessoais. Estes últimos experimentaram
um crescimento da participação masculina quando comparado a 1995, provavel-
mente devido aos serviços relacionados ao corpo (ver gráfico 4).
Gráfico 4
Distribuição da população ocupada de 10 anos ou mais de idade, por segmentos do
subsetor “Outros”, segundo sexo. Brasil, 1995 e 2007.
100%
90%
80%
70%
60%
Mulher
50%
Homem
40%
30%
20%
10%
0%
1995 2007 1995 2007 1995 2007 1995 2007 1995 2007 1995 2007 1995 2007 1995 2007
Técn. Prof. Serv. Prest. Serv. Rep. e Cons. Hosp. e Dom. Serv. Serv. Distr.
Empr. Sociais Alim. Remun. Pessoais
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 1995 e 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
CAPÍTULO 3 29
Gráfico 5A
Distribuição dos ocupados do sexo masculino nos subsetores de serviços, segundo
cor/raça. Brasil, 2007.
100%
90%
80%
70%
60% Outras
Parda
50% Preta
40% Branca
30%
20%
10%
0%
Dom. Remun.
Comunicações
Técn. Prof.
Rep. e Cons.
Hosp. e Alim.
Serv. Pessoais
Serv. Prest. Empr.
Transportes
Inst. Financ.
Adm. Pública
Serv. Sociais
Serv. Distr.
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
30 impacto da Crise sobre as mulheres
Gráfico 5B
Distribuição dos ocupados do sexo feminino nos subsetores de serviços, segundo
cor/raça. Brasil, 2007.
100%
90%
80%
70%
60% Outras
Parda
50% Preta
40% Branca
30%
20%
10%
0%
Dom. Remun.
Comunicações
Técn. Prof.
Rep. e Cons.
Hosp. e Alim.
Serv. Pessoais
Serv. Prest. Empr.
Transportes
Inst. Financ.
Adm. Pública
Serv. Sociais
Serv. Distr.
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Gráfico 6
Distribuição dos ocupados nos subsetores de serviços, segundo a faixa etária. Brasil,
2007.
100%
90%
65 ou mais
80% 60 a 64
50 a 59
70%
40 a 49
60% 30 a 39
50% 25 a 29
18 a 24
40% 15 a 17
30% 10 a 14
20%
10%
0%
Dom. Remun.
Comunicações
Técn. Prof.
Rep. e Cons.
Hosp. e Alim.
Serv. Pessoais
Serv. Prest. Empr.
Transportes
Inst. Financ.
Adm. Pública
Serv. Sociais
Serv. Distr.
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Gráfico 7
Distribuição dos ocupados no serviço doméstico remunerado, segundo sexo e anos
de estudo. Brasil, 2007.
Mulher
0
1a4
5a8
9 a 11
12 a 14
15 ou mais
Não det.
Homem
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
9. Dentre os setores econômicos, o da agropecuária, por razões específicas das relações de trabalho aí estabelecidas,
não incorpora o assalariamento totalmente.
10. Ver, ainda, a tabela 4 do anexo.
11. Note-se que a taxa de participação desta mão de obra com carteira e de funcionários públicos soma 44,3% do
total do setor. É preciso destacar que 19,5 % dos/as trabalhadores/as destas atividades são informais e 16,8% são
“sem carteira”, o que perfaz um contingente de 36,3% do setor de serviços com ocupações precárias e desprotegidas.
34 impacto da Crise sobre as mulheres
Gráfico 8A
Distribuição dos ocupados do sexo masculino, pelos subsetores de serviços, segun-
do a posição na ocupação. Brasil, 2007.
100%
90%
80% Não remun.
70%
Empregador
60%
50% Conta própria
Técn. Prof.
Rep. e Cons.
Hosp. e Alim.
Serv. Pessoais
Serv. Prest. Empr.
Transportes
Inst. Financ.
Adm. Pública
Serv. Sociais
Serv. Distr.
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
CAPÍTULO 3 35
Gráfico 8B
Distribuição dos ocupados do sexo feminino, pelos subsetores de serviços, segundo
a posição na ocupação. Brasil, 2007.
100%
90%
80% Não remun.
70%
Empregador
60%
50% Conta própria
Dom. Remun.
Comunicações
Técn. Prof.
Rep. e Cons.
Hosp. e Alim.
Serv. Pessoais
Transportes
Inst. Financ.
Adm. Pública
Serv. Sociais
Serv. Distr.
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Gráfico 9
Distribuição dos ocupados pelos subsetores de serviços, segundo a faixa de renda
do trabalho principal (em salários mínimos).
100%
90%
80%
Não def.
70% Mais de 10
60% Mais de 6 a 10
50% Mais de 4 a 6
40% Mais de 2 a 4
30% Mais de 1 a 2
20% Mais de 0 a 1
10% 0
0%
Dom. Remun.
Comunicações
Hosp. e Alim.
Técn. Prof.
Serv. Pessoais
Rep. e Cons.
Serv. Distr.
Inst. Financ.
Transportes
Adm. Pública
Serv. Sociais
Comércio
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Tabela 7
Distribuição dos ocupados pelos subsetores de serviços, segundo a faixa de renda
do trabalho principal e sexo (em salários mínimos).
Subsetores Mais Mais Mais Mais Mais Mais Não
0 Total
de Serviços de 0 a 1 de 1 a 2 de 2 a 4 de 4 a 6 de 6 a 10 de 10 def
Homem
Comércio 3,3 22,6 35,2 22,6 5,5 5,0 3,9 1,9 100,0
Transportes 0,5 14,9 30,7 36,4 7,6 5,0 3,1 1,7 100,0
Comunicações 0,8 8,1 33,7 33,7 9,5 5,4 6,2 2,7 100,0
Inst. Financ. 0,1 4,0 16,4 26,5 14,9 17,4 16,7 4,0 100,0
Adm. Pública 0,3 15,6 23,8 27,3 12,7 9,6 8,7 2,0 100,0
Técn. Prof. 1,5 11,7 25,5 23,7 8,7 11,3 13,4 4,2 100,0
Serv. Prest. Empr. 2,0 20,2 40,6 23,5 3,5 3,9 4,0 2,3 100,0
Serv. Sociais 3,3 18,6 30,3 23,9 6,8 6,3 8,2 2,5 100,0
13. Estes números refletem as péssimas remunerações dos subsetores serviço doméstico remunerado, serviços pesso-
ais, hospedagem/alimentação, comércio e reparação/conservação.
CAPÍTULO 3 37
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
14. Mesmo revelando um discreto decréscimo (1 p.p.) em relação a 1996, o padrão se manteve: o trabalho doméstico
remunerado é, ainda, persistente e majoritariamente feminino no Brasil
CAPÍTULO 3 39
Tabela 8 Tabela 9
Proporção de trabalhadoras domés- Proporção de trabalhadoras domésti-
ticas com carteira assinada, por raça/ cas contribuintes da previdência so-
cor. Brasil, 1996 e 2007. cial, por raça/cor. Brasil, 1996 e 2007.
Branca Negra Total Branca Negra Total
1996 23,6 18,7 20,9 1996 24,6 19,2 21,6
Fonte: Pinheiro et al., 2008, com base nos microdados Fonte: Pinheiro et al., 2008, com base nos microdados
da PNAD/IBGE. da PNAD/IBGE.
15. Decisão da 7ª turma do Tribunal Superior do Trabalho estabeleceu, em maio de 2009, que diaristas que traba-
lhassem por até três dias por semana na mesma casa não teriam direitos trabalhistas assegurados, uma vez que não
haveria configuração de vínculo empregatício.
CAPÍTULO 3 41
Gráfico 10
Taxa de desemprego das seis regiões metropolitanas, segundo sexo. 2007 a 2009.
10,9
9,4
8,9
7,5 7,2
5,9
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08
dez/08
jan/09
fev/09
mar/09
abr/09
Gráfico 11
Resultado líquido de empregos com carteira assinada (Admissões - Desligamentos).
Brasil: 2004-2009.
450.000
250.000
50.000
Mai
Mai
Mai
Mar
Mai
Abr
Mar
Mai
Abr
Mar
Abr
Mar
Abr
Mar
Abr
Mar
Abr
Ago
Out
Ago
Out
Ago
Out
Ago
Out
Ago
Out
Jul
Jul
Jul
Jul
Jul
Jun
Nov
Jun
Nov
Jun
Nov
Jun
Nov
Jun
Nov
Set
Set
Set
Set
Set
Dez
Dez
Dez
Dez
Dez
Jan
Jan
Jan
Jan
Jan
Jan
Fev
Fev
Fev
Fev
Fev
Fev
2004 2005 2006 2007 2008 2009
-150.000
-350.000
-550.000
-750.000
Nos oito meses que se seguiram aos primeiros efeitos da crise no país (se-
tembro-2008 a abril-2009), o crescimento da população economicamente ativa16
(PEA) feminina foi menor que o crescimento da PEA masculina em todas as
RMs pesquisadas pela PED. Houve decréscimo da PEA feminina em Salvador
(-3,0%), em Belo Horizonte (-1,5%), em Porto Alegre (-2,3%) e em São Pau-
lo (-1,9%), enquanto para os homens não se verificou decréscimo da PEA em
nenhuma das RMs. Há, neste caso, uma reversão de fenômeno verificado em
anos anteriores, quando se notava uma leve tendência ao crescimento maior da
PEA feminina em relação à PEA masculina, havendo indícios, portanto, de que
o contexto de crise econômica retirou, relativamente, mais mulheres do mercado
de trabalho do que homens. Em outras palavras, parece que o baixo dinamismo
econômico tem empurrado as mulheres para a inatividade17.
As informações da PED sobre a taxa de participação de homens e mu-
lheres no mercado de trabalho deixam mais clara essa tendência que, apesar de
leve, é nítida e previsível, na medida em que expressa traços de nossa cultura
patriarcal. Isso porque em situações de perda de emprego/ocupação no núcleo
familiar (com consequente redução dos rendimentos mensais), há maior pro-
babilidade de que mulheres retornem às suas casas e se responsabilizem pelas
atividades domésticas do que homens, seja pelo fato de que trabalhavam em pe-
quenos empreendimentos familiares que não sobreviveram à crise, seja porque a
perda de rendimento familiar impossibilitou a manutenção de uma trabalhadora
doméstica que desenvolvia atividades que agora deverão ser desempenhadas por
ela – ao passo que a trabalhadora doméstica dispensada também pode voltar
para a “inatividade”. Aos homens usualmente cabe continuar no mercado de
trabalho, em busca de emprego e renda para sustento da família, permanecendo,
portanto, economicamente ativos. Assim, entre setembro/2008 e abril/2009, a
taxa de participação das mulheres caiu mais do que a dos homens em todas as
RMs pesquisadas. Os dados mostram que há queda na taxa de participação dos
homens nas regiões metropolitanas, mas esta queda é sempre menos acentuada
que a verificada entre as mulheres (ver gráfico 12).
16. Refere-se à população que se encontra ocupada no mercado de trabalho ou desocupada, mas à procura de empre-
go. Tratam-se, portanto, daqueles indivíduos que estão à disposição do mercado.
17 Parcela da População em Idade Ativa – PIA que não está ocupada nem procurando alguma ocupação.
46 impacto da Crise sobre as mulheres
Gráfico 12
Variação da taxa de participação entre setembro de 2008 e abril de 2009, por Re-
gião Metropolitana, segundo sexo.
0%
-1,8% -0,3% -1,7% -1,1% -2,5% -1,4%
-10%
-20%
-30%
-1,3% -0,7% -0,3% -1,2%
-0,9% -0,7%
-40% -3,4%
-4,2%
-50%
-60% -2,6%
-1,9%
-1,3%
-70%
-80%
-90%
-100%
Belo Horizonte Distrito Federal Porto Alegre Recif e Salvador São Paulo
No que diz respeito ao nível de emprego, tal como já apontado, a crise eco-
nômica foi capaz de reverter, no país, uma tendência de redução do desemprego
e geração de novos postos de trabalho, especialmente no setor formal. O gráfico
13 mostra, a partir dos dados da PME, a inflexão que ocorre entre as taxas de
desemprego nos oito meses posteriores à crise e nos oito imediatamente anterio-
res. Assim, enquanto entre janeiro e agosto de 2008 se pôde verificar redução na
desocupação para todos os grupos pesquisados, à exceção das mulheres negras
que tiveram variação nula, nos meses de setembro/2008 a abril/09, há aumento
significativo do desemprego para a população brasileira em geral.
CAPÍTULO 3 47
Gráfico 13
Variação da taxa de desemprego em períodos selecionados, segundo sexo e cor/
raça. Regiões Metropolitanas, 2008 e 2009.
4,1%
24,1%
11,2%
21,3%
-
-
4,8% -5,0% 12,5% 0,0%
Gráfico 14
Variação do nível de ocupação em períodos selecionados, segundo sexo e cor/raça.
Regiões Metropolitanas, 2008 e 2009.
4,0%
1,6% 3,3%
3,0%
Gráfico 15
Variação do nível de ocupação entre setembro/2008 e abril/2009, segundo sexo e
setor de atividade. Regiões Metropolitanas.
-1,3%
17,5% 3,0% 4,3% 0,7%
- 3,0%
- 8,4%
- 0,9%
Indústria, água, Comércio, reparação Intermediação financeira, Adm. Pública, Outros serviços
Construção civil Serviços domésticos
luz e gás de veículos, etc atividades imobiliárias saúde, educação, etc
Homem Mulher
18. Segundo a PNAD 2007, 17,4% dos trabalhadores homens e 12,7% das mulheres estavam empregados/as no
setor industrial. Considerando-se a perspectiva racial, tem-se que 11,4% das mulheres negras e 13,9% das mulheres
brancas estavam neste mesmo campo.
19. A queda do emprego doméstico para mulheres foi toda concentrada entre aquelas de cor/raça branca. Para elas,
verificou-se, pelos dados da PME, redução de 2,52% no nível de ocupação, enquanto para as negras verificou-se uma
estabilidade no total de trabalhadoras deste setor, com um ligeiro crescimento de 0,06% para o período posterior a
setembro de 2008.
50 impacto da Crise sobre as mulheres
20. Entre as negras, este percentual alcança superiores 17,17%, contra 12% para as brancas.
21. Deve-se observar, entretanto, que a divergência persiste, pois as informações da PME revelam um crescimento do
emprego com carteira assinada entre os homens e uma queda entre as mulheres, diferença que pode ser explicada, por
exemplo, pelo fato de o Caged considerar todo o território nacional, e não apenas as regiões metropolitanas.
CAPÍTULO 3 51
Gráfico 16
Variação do nível de ocupação entre setembro/2008 e abril/2009, segundo sexo e
posição na ocupação. Regiões Metropolitanas.
-2.7%
-3.4%
-13.5%
- 0.9%
23. As análises relativas aos dados oriundos do Caged não contemplam a perspectiva racial, por se tratar de um regis-
tro administrativo que ainda não garante o adequado preenchimento do quesito cor/raça.
54 impacto da Crise sobre as mulheres
Tabela 10
Variação absoluta e relativa* de empregos com carteira assinada, por subsetores de
atividade econômica, segundo sexo. Brasil, de out/2007 a abril/2008 e de out/2008
a abril/2009.
Saldo CAGED - Outubro/07 a Abril/08 Saldo CAGED - Outubro/08 a Abril/09
Var. Ab- Var. Re- Var. Ab- Var. Re- Var. Ab- Var. Re- Var. Ab- Var. Re- Var. Ab- Var. Re- Var. Ab- Var. Re-
soluta lativa1 soluta lativa1 soluta lativa1 soluta lativa1 soluta lativa1 soluta lativa1
Extrativa mineral 4.655 2,80% 984 5,55% 5.639 3,06% -5.650 -3,17% -268 -1,36% -5.918 -2,99%
Indústria de Transformação 71.637 1,40% 71.915 3,48% 143.552 2,00% -397.992 -7,41% -94.485 -4,22% -492.477 -6,48%
Ind. produtos minerais não metálicos 7.479 2,49% 1.348 3,54% 8.827 2,61% -12.451 -3,91% -329 -0,80% -12.780 -3,55%
Ind. metalúrgica 34.180 5,51% 5.252 6,51% 39.432 5,63% -67.032 -9,87% -4.524 -4,95% -71.556 -9,29%
Ind. mecânica 28.791 7,18% 5.737 7,92% 34.528 7,29% -41.745 -9,39% -7.298 -8,73% -49.043 -9,29%
Ind. material elétrico e comunicaçoes 8.210 4,71% 6.382 7,32% 14.592 5,58% -16.262 -8,55% -14.511 -14,62% -30.773 -10,63%
Ind. material transporte 23.212 5,38% 3.736 6,69% 26.948 5,53% -53.203 -11,21% -6.153 -9,71% -59.356 -11,03%
Ind. madeira e mobiliário -8.251 -2,18% 1.463 1,82% -6.788 -1,48% -23.790 -6,39% -3.618 -4,35% -27.408 -6,02%
Ind. papel, editorial e gráfica 4.559 1,73% 3.389 3,18% 7.948 2,15% -8.286 -3,04% -2.632 -2,30% -10.918 -2,82%
Ind. borracha, fumo, couros, peles,
5.733 2,65% 3.725 4,00% 9.458 3,06% -10.975 -4,94% 1.132 1,15% -9.843 -3,07%
similares
Ind. têxtil, vestuário e artefatos de tecidos 496 0,14% 10.306 1,80% 10.802 1,15% -18.879 -5,00% -24.400 -4,02% -43.279 -4,40%
Ind. calçados -254 -0,15% 7.023 4,30% 6.769 2,07% -16.806 -9,83% -15.770 -8,83% -32.576 -9,32%
Construção civil 125.251 8,34% 10.089 9,63% 135.340 8,43% -63.082 -3,54% 3.745 2,96% -59.337 -3,11%
Comério 135.836 3,38% 111.732 4,25% 247.568 3,73% 5.855 0,14% 46.423 1,63% 52.278 0,74%
Comércio varejista 105.109 3,26% 97.191 4,20% 202.300 3,65% 3.909 0,11% 42.000 1,68% 45.909 0,78%
Comércio atacadista 30.727 3,86% 14.541 4,67% 45.268 4,09% 1.946 0,23% 4.423 1,29% 6.369 0,54%
Serviços 213.976 3,36% 185.418 3,63% 399.394 3,48% 27.537 0,41% 99.302 1,81% 126.839 1,03%
Instituiçoes crédito, seguros e
7.599 2,27% 8.883 2,50% 16.482 2,39% -1.436 -0,41% -165 -0,04% -1.601 -0,22%
capitalizaçao
Serv. Transportes e comunicaçoes 33.135 2,12% 3.500 1,09% 36.635 1,94% -1.495 -0,09% 7.094 2,12% 5.599 0,28%
Agropecuária -72.207 -5,45% -16.611 -7,24% -88.818 -5,71% -145.192 -10,71% -59.461 -22,48% -204.653 -12,63%
Total 487.113 2,55% 372.249 3,49% 859.362 2,89% -580.639 -2,85% -5.273 -0,05% -585.912 -1,84%
grande parte dessa retração no emprego formal é explicada por fatores sazonais, em
especial à entressafra da cana-de-açúcar. Nota-se que no período compreendido
entre outubro de 2007 e abril de 2008, o saldo verificado foi de -88.818 vagas. Ou
seja, ainda que o resultado negativo na agropecuária para esse período fosse espera-
do, sua magnitude nos últimos sete meses foi bastante expressiva.
Ainda sobre a agropecuária, é interessante observar que os cortes também
não foram neutros em relação à composição do emprego no setor por sexo. A
redução no número de postos de trabalho ocupados por mulheres (-22,48%), em
termos relativos, foi bastante superior à registrada entre os homens (-10,71%).
Assim, nos sete últimos meses, a participação das mulheres no emprego na agro-
pecuária caiu 1,84 pontos percentuais.
Os setores terciários (comércio e serviços) registraram crescimento do empre-
go formal no período analisado. Isso não significa, contudo, que eles não foram
afetados pela crise internacional. Comparando-se os resultados dos últimos sete
meses com os obtidos no período outubro/2007 – abril/2008, nota-se que aqueles
foram bastante tímidos. No comércio, entre outubro de 2007 e abril de 2008, fo-
ram criados 247.568 empregos, enquanto entre outubro de 2008 e abril de 2009
esse número foi de apenas 52.278. Já nos serviços, foram 399.394 contra 126.839.
De todo modo, esses foram os setores que mais empregaram nos últimos
sete meses, em especial as mulheres. No comércio, praticamente todos os novos
postos de trabalho foram ocupados por mulheres: 46.423 (88,80%) de um total
de 52.278 postos gerados. Já nos serviços, do total de 126.839 vagas criadas nos
últimos sete meses, 99.302 (78,29%) foram ocupadas por mulheres. Nesse con-
texto, a participação das mulheres nos setores terciários cresceu no período (como
o estoque de emprego nesses setores é grande, a “feminização” do emprego formal
não acarretou grande alteração percentual na composição do emprego segundo
sexo. No comércio, a participação das mulheres aumentou 0,36%; nos serviços,
a elevação foi de 0,34%).
Os dados até aqui analisados revelam que a crise internacional afetou o mer-
cado de trabalho formal de maneira distinta, atingindo com maior intensidade a
indústria de transformação e a construção civil. Como consequência, os trabalha-
dores homens foram mais acometidos pelas demissões, uma vez que esses setores
de atividade econômica são tradicionalmente masculinos. Ressalta-se, entretanto,
que a crise internacional ainda não foi debelada e, confirmando-se os sinais de es-
tagnação na economia, a tendência é que o emprego em outros setores também
seja afetado, inclusive o trabalho doméstico, predominantemente feminino. Nesse
sentido, acompanhar as próximas movimentações do mercado de trabalho formal,
mantendo o enfoque na diferenciação de trabalhadores por sexo, parece relevante.
As constatações feitas até aqui também sugerem que o acompanhamento da
CAPÍTULO 3 57
dinâmica do mercado de trabalho nesse contexto de crise envolve não apenas uma
reflexão sobre o nível de ocupação e de desemprego, mas também uma discussão
sobre as estratégias do empresariado em relação aos critérios de demissão e admissão
de trabalhadores. O ambiente de incerteza provocado pela crise pode levar os empre-
sários a optarem por empregar de forma mais precária. Em termos práticos, isso pode
representar, por exemplo, uma substituição de salários altos por salários mais baixos.
A “feminização” do mercado de trabalho formal verificada no período anali-
sado, nesse sentido, pode ser uma expressão desse movimento. Certamente, deve-
se reconhecer que a “feminização” do mercado de trabalho brasileiro é um fenô-
meno em processo, e representa, sobretudo, a emancipação da mulher. Contudo,
é bastante provável que a substituição de trabalhadores do sexo masculino por
mulheres trabalhadoras nos níveis verificados neste estudo esteja revelando uma
estratégia de precarização do emprego no contexto de crise.
Sabe-se que a discriminação de mulheres ainda é bastante presente no mer-
cado de trabalho brasileiro, e esta se manifesta principalmente em mais baixos
salários em relação ao masculino. Os dados da tabela 11 abaixo confirmam que,
no período de outubro de 2008 a abril de 2009, os salários de admissão das
mulheres foram, inequivocamente, mais baixos que os salários de admissão dos
homens, controlada a escolaridade, em qualquer setor/subsetor de atividade eco-
nômica, seja ele predominantemente masculino ou feminino. Essa desigualdade
salarial foi ainda mais acentuada na faixa de escolaridade mais elevada, na qual as
mulheres foram admitidas com um salário inicial que corresponde, em média, a
65,39% do salário inicial dos homens admitidos.
Tabela 11
Razão entre o salário médio das trabalhadoras e dos trabalhadores admitidos com
carteira assinada, por subsetores de atividade econômica, segundo nível de escola-
ridade. Brasil, out/2008 a abril/2009.
4 Considerações Finais
Num contexto de economia mundializada, em que investimentos, capitais, pessoas
e empresas de dezenas de países se relacionam diretamente, se deslocam, se afetam
e se misturam, dificilmente uma crise financeira e econômica desencadeada em um
país central deixa de ser sentida em muitos outros. A atual crise, desencadeada em
2008 nos Estados Unidos, vem fazendo sentir seus efeitos nos últimos meses no
Brasil. Apesar de um contexto interno que permite que esses efeitos sejam consi-
deravelmente diminuídos em comparação ao que poderia estar ocorrendo e ao que
vem acontecendo em outras economias, nosso mercado de trabalho vem sofrendo
impactos em diversos de seus setores. De maneira geral, pode-se dizer que os mo-
vimentos de expansão do emprego e de formalização que vinham ocorrendo desde
o ano de 2004 no mercado de trabalho brasileiro foram refreados e que os setores
primário e secundário da economia foram os mais atingidos. Este tipo de análise já
está sendo feito nos últimos meses por variadas instituições.
O objetivo do presente documento foi analisar os dados recentes sob a pers-
pectiva das relações de gênero. Se homens e mulheres têm inserções bastante dife-
renciadas no mundo do trabalho, provavelmente serão diferentemente atingidos
num contexto de crise. Esta hipótese inicial foi confirmada com o exame dos da-
dos das pesquisas mensais de emprego e do cadastro de desligamentos e admissões
do Ministério do Trabalho e Emprego.
Como se viu, o processo de feminização do mercado de trabalho, obser-
vado nos últimos anos, foi refreado. Apesar de os homens terem perdido mais
empregos que as mulheres no setor formal – e isto porque os setores de atividade
econômica mais atingidos, indústria da transformação e construção civil, são tra-
dicionalmente de ocupação masculina –, as mulheres, em geral, se retiraram mais
do mercado de trabalho. A população que se encontra à disposição do mercado
– ocupada ou à procura de ocupação – se masculinizou no período que sentiu os
maiores impactos da crise.
Cada setor de atividade econômica tem seus próprios mecanismos de rea-
ção, assim como se comportam de maneira diferenciada os setores mais ou menos
estruturados da economia. Apesar da limitação dos dados, e da própria natureza
conjuntural da análise, incapaz de captar todas as tendências e movimentos exis-
tentes, as informações disponíveis sugerem que pode estar havendo uma preca-
rização geral do emprego como reação à crise, que se manifesta na elevação da
inatividade e também no aumento de mulheres em postos mais precários, como
trabalho sem remuneração e trabalho sem carteira assinada. Por outro lado, há
que se mencionar evidências de uma “feminização” do mercado de trabalho for-
mal, o que é positivo, mas pode também expressar uma estratégia do empresaria-
do em contratar de forma mais precária.
60 impacto da Crise sobre as mulheres
O período de análise aqui coberto ainda é curto para qualquer avaliação defi-
nitiva sobre as consequências produzidas neste cenário de retração econômica sobre
homens e sobre mulheres. É importante acompanhar os movimentos do mercado
de trabalho nos próximos meses no sentido de que se possa perceber a continuidade
ou não das tendências aqui apontadas. Neste sentido, vale considerar que, ainda que
sejam, de maneira geral, os setores da indústria e da construção civil os mais afeta-
dos neste primeiro momento, os efeitos de encadeamento da economia podem, em
um futuro próximo, produzir impactos também em outros setores cuja presença
feminina é significativa, a exemplo dos de serviços e comércio.
Nas últimas décadas, o setor de serviços foi o que mais expandiu o emprego
e mais contribuiu para a geração de postos de trabalho, com um crescimento sis-
temático de sua participação no emprego urbano. Este processo de terciarização
da economia brasileira foi marcado pela dualidade: expandiram-se tanto os servi-
ços tradicionais como os novos serviços, mas é inegável o significativo papel destas
atividades para o emprego. Nestes tempos de crise econômica, é preciso destacar
a característica de “colchão anticíclico” do setor de serviços. Deve-se, contudo, ter
consciência de que a heterogeneidade que marca as diferentes dinâmicas de suas
atividades expressa desproteção laboral. Para as mulheres, este significado é ainda
mais forte, pois esta flexibilidade permite uma triste complementaridade entre
o trabalho produtivo de bens materiais e aquele responsável pela reprodução da
vida, que cristaliza a invisibilidade do trabalho feminino.
Muitos são os estudos internacionais que concluem que a igualdade entre
mulheres e homens é um elemento não somente de consolidação dos direitos da
cidadania, como também de desenvolvimento econômico e social24. Com vistas a
promover a igualdade de gênero, é de crucial importância a garantia de oportuni-
dades para o acesso, permanência e ascensão de homens e mulheres no mundo do
trabalho. O trabalho das mulheres deve ser valorizado em todas as suas formas e
homens e mulheres devem ter oportunidades e direitos equitativos.
Neste sentido, é de grande importância compreender os efeitos diferencia-
dos da atual crise econômica sobre os distintos grupos populacionais, uma vez
que vivemos um cenário em que se colocam sob risco os avanços – uns mais tí-
midos, outros menos – obtidos ao longo dos últimos anos, no sentido da redução
da distância existente entre homens e mulheres. É preciso, portanto, evitar que os
efeitos da crise se aprofundem e coloquem a perder as vitórias obtidas no sentido
da promoção da igualdade e da diminuição das injustificáveis discriminações vi-
venciadas pelas mulheres brasileiras no mundo do trabalho.
24. Um reflexo disto é a inserção, por exemplo, do objetivo de “promover a igualdade entre os sexos e a autonomia
das mulheres” entre os chamados Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da Organização das Nações Unidas,
pactuados entre centenas de países no ano 2000.
CAPÍTULO 5 61
5 Referências bibliográficas
6 Anexo Estatístico
Tabela 1
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, pelos subsetores de serviços,
segundo cor/raça e sexo. Brasil, 2007.
Subsetores Cor/raça
de Serviços Indígena Branca Preta Amarela Parda Sem decl. Total
Homem
Comércio 16.438 4.334.219 549.532 60.839 3.019.475 5.923 7.986.426
Transportes 10.275 1.544.375 228.446 11.280 1.207.085 0 3.001.461
Comunicações 217 229.274 32.739 1.309 130.097 0 393.636
Inst. Financ. 632 369.806 24.535 7.017 97.965 0 499.955
Adm. Pública 16.486 1.952.070 288.771 20.512 1.413.103 676 3.691.618
Técn. Prof. 5.846 1.060.589 93.067 18.068 443.562 2.072 1.623.204
Serv. Pr. Empr. 7.999 1.284.830 302.178 11.288 1.115.542 869 2.722.706
Serv. Sociais 3.379 1.022.892 144.612 16.221 537.212 1.167 1.725.483
Rep. e Cons. 6.873 953.908 186.924 10.454 831.690 613 1.990.462
Hosp. e Alim. 5.236 789.604 128.362 9.695 681.765 455 1.615.117
Dom. Remun. 1.936 167.821 45.158 363 202.475 508 418.261
Serv. Pessoais 7.021 376.705 68.495 3.579 280.148 411 736.359
Serv. Distr. 764 117.199 29.856 1.528 91.398 0 240.745
Total 83.102 14.203.292 2.122.675 172.153 10.051.517 12.694 26.645.433
Mulher
Comércio 13.252 3.536.052 361.361 53.883 2.268.190 2.572 6.235.310
Transportes 918 155.527 15.396 2.164 79.209 0 253.214
Comunicações 1.551 146.495 17.013 2.129 71.094 0 238.282
Inst. Financ. 949 361.171 20.942 9.167 96.064 0 488.293
Adm. Pública 14.004 3.081.053 374.495 32.314 1.876.617 0 5.378.483
Técn. Prof. 1.132 809.487 70.165 10.000 287.639 993 1.179.416
Serv. Pr. Empr. 5.803 601.807 81.708 4.371 317.196 451 1.011.336
Serv. Sociais 11.312 2.120.665 234.204 24.135 961.001 1.328 3.352.645
Rep. e Cons. 509 78.371 5.369 414 34.036 233 118.932
Hosp. e Alim. 8.323 827.782 148.811 9.424 739.921 1.568 1.735.829
Dom. Remun. 22.074 2.436.955 848.410 21.533 2.984.472 0 6.313.444
Serv. Pessoais 10.773 1.297.728 215.840 22.687 945.439 233 2.492.700
Serv. Distr. 0 44.674 4.309 0 15.865 0 64.848
Total 90.600 15.497.767 2.398.023 192.221 10.676.743 7.378 28.862.732
Total
64 impacto da Crise sobre as mulheres
Subsetores Cor/raça
de Serviços Indígena Branca Preta Amarela Parda Sem decl. Total
Comércio 29.690 7.870.271 910.893 114.722 5.287.665 8.495 14.221.736
Transportes 11.193 1.699.902 243.842 13.444 1.286.294 0 3.254.675
Comunicações 1.768 375.769 49.752 3.438 201.191 0 631.918
Inst. Financ. 1.581 730.977 45.477 16.184 194.029 0 988.248
Adm. Pública 30.490 5.033.123 663.266 52.826 3.289.720 676 9.070.101
Técn. Prof. 6.978 1.870.076 163.232 28.068 731.201 3.065 2.802.620
Serv. Pr. Empr. 13.802 1.886.637 383.886 15.659 1.432.738 1.320 3.734.042
Serv. Sociais 14.691 3.143.557 378.816 40.356 1.498.213 2.495 5.078.128
Rep. e Cons. 7.382 1.032.279 192.293 10.868 865.726 846 2.109.394
Hosp. e Alim. 13.559 1.617.386 277.173 19.119 1.421.686 2.023 3.350.946
Dom. Remun. 24.010 2.604.776 893.568 21.896 3.186.947 508 6.731.705
Serv. Pessoais 17.794 1.674.433 284.335 26.266 1.225.587 644 3.229.059
Serv. Distr. 764 161.873 34.165 1.528 107.263 0 305.593
Total 173.702 29.701.059 4.520.698 364.374 20.728.260 20.072 55.508.165
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Tabela 2
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, pelos subsetores de serviços,
segundo idade e sexo. Brasil, 2007.
Faixas de idade (em anos)
Subsetores
de Serviços 10 15 18 25 30 40 50 60 65
Total
a 14 a 17 a 24 a 29 a 39 a 49 a 59 a 64 ou mais
Homem
Comércio 145.950 347.018 1.666.604 1.156.997 1.855.287 1.452.728 906.358 211.409 244.075 7.986.426
Transportes 23.434 45.845 342.681 361.716 813.000 776.941 480.878 95.802 61.164 3.001.461
Comunicações 0 5.701 92.455 81.242 107.055 66.084 37.861 1.869 1.369 393.636
Inst. Financ. 0 6.752 94.360 92.200 116.665 129.041 49.020 8.179 3.738 499.955
Adm. Pública 2.571 41.867 463.130 438.462 959.607 988.568 599.350 130.274 67.789 3.691.618
Técn. Prof. 5.874 51.086 332.115 269.851 406.276 263.975 195.915 52.671 45.441 1.623.204
Serv. Pr. Empr. 24.935 52.385 399.744 373.082 737.426 613.218 357.207 84.724 79.985 2.722.706
Serv. Sociais 13.072 42.354 294.338 257.432 420.100 340.860 221.901 66.917 68.509 1.725.483
Rep. e Cons. 41.209 126.406 376.839 252.025 474.227 394.816 220.548 55.664 48.728 1.990.462
Hosp. e Alim. 38.311 90.865 333.967 208.988 334.039 281.450 221.200 55.866 50.431 1.615.117
Dom. Remun. 8.390 17.424 42.209 53.740 103.488 78.722 66.482 26.134 21.672 418.261
Serv. Pessoais 11.000 24.795 143.557 118.006 183.435 127.414 76.530 25.208 26.414 736.359
Serv. Distr. 224 5.371 42.403 39.682 69.298 53.379 22.830 2.897 4.661 240.745
Total 314.970 857.869 4.624.402 3.703.423 6.579.903 5.567.196 3.456.080 817.614 723.976 26.645.433
CAPÍTULO 6 65
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
66 impacto da Crise sobre as mulheres
Tabela 3
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, pelos subsetores de serviços,
segundo escolaridade e sexo. Brasil, 2007.
Subsetores de Faixas de escolaridade (em anos de estudo)
Serviços 0 1a4 5a8 9 a 11 12 a 14 15 ou mais Não det. Total
Homem
Comércio 409.451 1.210.931 2.214.664 3.200.700 450.095 468.172 32.413 7.986.426
Transportes 142.918 680.735 1.044.366 966.792 81.084 76.144 9.422 3.001.461
Comunicações 2.412 18.983 52.084 203.333 52.101 62.503 2.220 393.636
Inst. Financ. 2.909 13.967 23.128 151.128 104.944 203.422 457 499.955
Adm. Pública 105.872 342.446 471.565 1.433.691 415.091 912.713 10.240 3.691.618
Técn. Prof. 20.677 63.965 159.999 591.151 200.176 585.688 1.548 1.623.204
Serv. Prest.
199.828 524.039 710.319 973.195 126.414 175.793 13.118 2.722.706
Empr.
Serv. Sociais 52.192 164.325 265.792 542.270 194.642 501.042 5.220 1.725.483
Rep. e Cons. 89.896 390.903 786.962 644.537 37.451 30.050 10.663 1.990.462
Hosp. e Alim. 86.813 327.664 524.297 565.309 59.064 46.319 5.651 1.615.117
Dom. Remun. 69.972 153.320 126.376 63.959 1.851 411 2.372 418.261
Serv. Pessoais 23.960 107.751 213.370 309.598 39.688 38.617 3.375 736.359
Serv. Distr. 11.618 41.032 56.845 76.915 21.857 31.209 1.269 240.745
Total 1.218.518 4.040.061 6.649.767 9.722.578 1.784.458 3.132.083 97.968 26.645.433
Mulher
Comércio 229.960 690.631 1.288.373 3.156.613 431.903 401.285 36.545 6.235.310
Transportes 4.286 19.530 45.921 120.805 32.975 29.697 0 253.214
Comunicações 1.546 1.058 14.222 141.950 37.222 41.641 643 238.282
Inst. Financ. 517 3.125 16.973 169.914 104.735 193.029 0 488.293
Adm. Pública 89.380 307.939 437.540 1.733.191 868.795 1.918.331 23.307 5.378.483
Técn. Prof. 10.790 27.048 85.719 486.251 179.501 386.683 3.424 1.179.416
Serv. Prest.
45.652 117.942 205.648 397.276 97.005 140.353 7.460 1.011.336
Empr.
Serv. Sociais 54.333 208.251 365.547 1.298.339 461.600 953.808 10.767 3.352.645
Rep. e Cons. 3.563 9.713 28.443 63.719 6.007 6.202 1.285 118.932
Hosp. e Alim. 95.698 322.326 569.773 622.178 59.784 54.140 11.930 1.735.829
Dom. Remun. 590.751 1.904.196 2.396.188 1.331.533 24.884 10.276 55.616 6.313.444
Serv. Pessoais 113.000 419.759 805.224 962.730 94.958 83.519 13.510 2.492.700
Serv. Distr. 946 4.234 3.646 21.552 16.347 17.492 631 64.848
Total 1.240.422 4.035.752 6.263.217 10.506.051 2.415.716 4.236.456 165.118 28.862.732
Total
CAPÍTULO 6 67
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Tabela 4
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, pelos subsetores de serviços,
segundo posição na ocupação e sexo. Brasil, 2007.
Subsetores de Posição na ocupação
Serviços Empr. c/ cart. Empr. s/ cart. Func. públ. Conta própria Empregador Não remun. Total
Homem
Comércio 3.438.429 1.459.250 7.497 2.111.972 712.639 256.639 7.986.426
Transportes 1.313.957 436.540 20.063 1.140.465 74.679 15.757 3.001.461
Comunicações 261.484 52.596 40.516 27.633 9.657 1.750 393.636
Inst. Financ. 377.067 54.954 45.707 13.634 7.980 613 499.955
Adm. Pública 620.894 743.632 2.316.716 0 1.921 8.455 3.691.618
Técn. Prof. 703.122 290.433 19.123 430.049 156.588 23.889 1.623.204
Serv. Prest.
1.569.032 510.895 28.001 468.287 94.015 52.476 2.722.706
Empr.
Serv. Sociais 838.902 455.315 75.026 199.809 106.720 49.711 1.725.483
Rep. e Cons. 482.624 579.193 586 715.864 166.881 45.314 1.990.462
Hosp. e Alim. 562.480 347.640 0 471.719 159.942 73.336 1.615.117
Dom. Remun. 166.433 251.828 0 0 0 0 418.261
Serv. Pessoais 107.158 176.924 5.869 376.231 56.924 13.253 736.359
Serv. Distr. 114.411 62.284 2.615 54.448 6.377 610 240.745
Total 10.555.993 5.421.484 2.561.719 6.010.111 1.554.323 541.803 26.645.433
68 impacto da Crise sobre as mulheres
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
CAPÍTULO 6 69
Tabela 5
População ocupada de 10 anos ou mais de idade, pelos subsetores de serviços,
segundo rendimento no trabalho principal e sexo. Brasil, 2007.
Faixas de rendimentos no trabalho principal (em salários mínimos)
Subsetores de
Serviços Mais de Mais de Mais de Mais de Mais de 6 Mais de
0 Nãodef. Total
0a1 1a2 2a4 4a6 a 10 10
Homem
Comércio 260.556 1.801.677 2.810.751 1.806.681 441.197 401.061 312.950 151.553 7.986.426
Transportes 15.757 448.597 922.374 1.092.431 228.749 150.913 92.669 49.971 3.001.461
Comunicações 3.005 31.993 132.842 132.548 37.316 21.243 24.244 10.445 393.636
Inst. Financ. 613 19.974 81.765 132.685 74.660 86.843 83.388 20.027 499.955
Adm. Pública 9.290 575.419 880.006 1.007.436 469.165 354.194 320.529 75.579 3.691.618
Técn. Prof. 24.721 189.904 413.827 384.838 141.067 184.191 217.076 67.580 1.623.204
Serv. Prest.
53.981 550.583 1.106.055 639.283 95.281 106.353 108.812 62.358 2.722.706
Empr.
Serv. Sociais 56.325 321.128 523.085 411.919 117.502 109.423 142.195 43.906 1.725.483
Rep. e Cons. 45.314 514.758 704.018 535.871 83.536 48.869 24.766 33.330 1.990.462
Hosp. e Alim. 74.762 438.080 583.389 337.287 56.594 50.249 32.968 41.788 1.615.117
Dom. Remun. 3.953 224.999 147.917 32.343 1.530 1.577 218 5.724 418.261
Serv. Pessoais 13.253 189.741 219.691 186.398 56.279 28.732 24.755 17.510 736.359
Serv. Distr. 610 63.907 66.913 54.298 14.556 11.854 15.794 12.813 240.745
Total 562.140 5.370.760 8.592.633 6.754.018 1.817.432 1.555.502 1.400.364 592.584 26.645.433
Mulher
Comércio 480.587 2.021.318 2.359.756 913.180 169.300 127.039 69.790 94.340 6.235.310
Transportes 11.631 41.857 96.156 57.173 15.689 15.060 10.850 4.798 253.214
Comunicações 2.753 33.354 122.370 47.260 9.534 9.209 7.211 6.591 238.282
Inst. Financ. 1.979 52.474 124.598 154.837 54.746 50.184 30.383 19.092 488.293
Adm. Pública 25.867 1.088.552 1.710.012 1.440.180 503.432 343.147 192.557 74.736 5.378.483
Técn. Prof. 19.846 207.742 409.986 262.530 85.202 90.841 65.489 37.780 1.179.416
Serv. Prest.
37.559 234.050 418.273 177.708 43.737 42.582 31.640 25.787 1.011.336
Empr.
Serv. Sociais 153.861 797.970 1.228.759 693.816 158.371 145.240 94.067 80.561 3.352.645
Rep. e Cons. 28.828 26.497 37.091 15.535 4.526 2.466 916 3.073 118.932
Hosp. e Alim. 180.127 615.941 681.646 161.120 31.113 22.211 16.940 26.731 1.735.829
Dom. Remun. 25.424 4.437.651 1.616.923 179.138 4.588 0 0 49.720 6.313.444
Serv. Pessoais 44.698 1.161.077 778.491 362.027 48.067 32.261 22.316 43.763 2.492.700
Serv. Distr. 1.856 13.973 16.577 14.106 7.808 3.788 5.881 859 64.848
Total 1.015.016 10.732.456 9.600.638 4.478.610 1.136.113 884.028 548.040 467.831 28.862.732
Total
70 impacto da Crise sobre as mulheres
Fonte: PNAD/IBGE, microdados, 2007. Elaboração própria. Melo & Di Sabbato, 2009.
Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Editorial
Revisão
Luana Nery Moraes
Livraria
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