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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
AUTORIA:
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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: Educação Matemática
Autoria: FREDERICO GOMES CARVALHAES
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização
e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial.
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A presentação
Neste módulo você é convidado (a) a aprofundar seus estudos em Educação Matemática,
seus conceitos e principais tendências.
Iremos utilizar para tal diversos textos e artigos acadêmicos, que deverão ser lidos e
analisados, levando o aluno a importantes reflexões. Este material é complementado por
baterias de exercícios disponíveis na plataforma, as quais servirão de apoio para fixação dos
conhecimentos adquiridos.
Mantenha em dia seus estudos e não deixe acumular dúvidas. Sempre que preciso, entre em
contato comigo. Estarei à disposição para auxiliá-lo na conclusão de mais esta etapa
acadêmica.
O bjetivo
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Ser o “elo” entre a realidade do trabalho educacional e as pesquisas acadêmicas ;
E menta
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S obre o Autor
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S UMÁRIO
UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9
CONSIDERAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ............................... 9
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 12
O SURGIMENTO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ENQUANTO CAMPO
PROFISSIONAL E CIENTÍFICO ...................................................................... 12
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 14
O OBJETO DE ESTUDO DA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ............................ 14
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 16
TENDÊNCIAS TEMÁTICAS E METODOLÓGICAS DA PESQUISA EM
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ............................................................................ 16
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 20
4. Práticas docentes (crenças, concepções e saberes práticos) .................. 20
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 22
6. Práticas de avaliação ................................................................................. 22
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 26
REFLEXÕES SOBRE AS TENDÊNCIAS ATUAIS DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA E DA INFORMÁTICA .............................................................. 26
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 30
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO CONTEXTO TECNOLÓGICO ................. 30
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 36
PESQUISAS SOBRE A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA FRENTE ÀS NOVAS
TECNOLOGIAS ............................................................................................... 36
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 41
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 45
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 49
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UNIDADE 13 ....................................................................................................... 54
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 59
AMBIENTES COMPUTACIONAIS NO PROCESSO
ENSINO/APRENDIZAGEM DA GEOMETRIA................................................. 59
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 62
TEGRAM .......................................................................................................... 62
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 65
GEOMETRIC SUPPOSER .............................................................................. 65
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 69
CABRI GÉOMÈTRE ......................................................................................... 69
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 73
SPREADSHEET............................................................................................... 73
UNIDADE 19 ....................................................................................................... 79
CONSTRUÇÃO DE CONCEITOS GEOMÉTRICOS: QUANDO AS
QUESTÕES ABERTAS SE FECHAM ............................................................. 79
UNIDADE 20 ....................................................................................................... 85
UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ............................................................................ 85
UNIDADE 21 ....................................................................................................... 88
SITUANDO A EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA .................................................................................................. 88
UNIDADE 22 ....................................................................................................... 94
EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E O CONTEXTO DOS DEBATES SOBRE
EDUCAÇÃO NO BRASIL................................................................................. 94
UNIDADE 23 ....................................................................................................... 96
A MATEMÁTICA TRADICIONAL ..................................................................... 96
UNIDADE 24 ..................................................................................................... 102
RUMOS ATUAIS DO ENSINO DA MATEMÁTICA ....................................... 102
UNIDADE 25 ..................................................................................................... 105
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UNIDADE 26 ..................................................................................................... 108
MATEMÁTICA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: RE (CONSTRUÇÃO) DE
SENTIDOS COM BASE NA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE ACADÊMICOS
........................................................................................................................ 108
UNIDADE 27 ..................................................................................................... 110
FUNDANTES TEÓRICOS ............................................................................. 110
UNIDADE 28 ..................................................................................................... 114
CONTEXTO DA PESQUISA .......................................................................... 114
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 116
DISCUTINDO RESULTADOS E CONCEPÇÕES ......................................... 116
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 121
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 121
GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 125
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U NIDADE 1
Objetivo: Apresentar os conceitos iniciais sobre Educação Matemática.
A Educação Matemática tem conquistado espaço nos últimos anos como área
interdisciplinar, que procura em outras áreas do conhecimento – Psicologia, Filosofia,
Sociologia, História, Antropologia – subsídios para enfrentar os desafios que se apresentam
na formação do cidadão para o século XXI. Desafios estes que se tornam mais frequentes
em uma sociedade cuja produção científica e tecnológica cresce vertiginosamente.
Com este entendimento, é importante, também, perceber a Matemática como uma forma de
expressão, isto é, como uma linguagem que é produzida e utilizada socialmente como
representação do real e da multiplicidade de fenômenos propostos pela realidade.
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partindo das experiências vividas pela criança para atingir níveis mais complexos de
abstração.
Assim, ao trabalhar os conteúdos em aula, a ênfase maior deve ser dada à relação entre os
conceitos científicos e espontâneos. Para Vygotsky (1989), ainda que sigam caminhos
diferenciados no seu desenvolvimento, estes dois processos estão intimamente
relacionados. Ao invés de se contraporem, há que se falar em uma mútua aproximação: os
conceitos espontâneos da criança se desenvolvem na prática cotidiana, a partir de situações
empíricas, e os conceitos científicos se desenvolvem a partir de propriedades mais
complexas e superiores, em situações de aprendizagem sistematizadas.
Logo, o poder dos conceitos científicos se manifesta em uma área que está bem
determinada pelas propriedades dos conceitos: o caráter consciente e a voluntariedade, e
continua adiante, na direção da experiência pessoal e de situações concretas. O
desenvolvimento dos conceitos espontâneos começa na esfera das situações concretas e do
empírico e se move na direção daquelas propriedades. A relação entre as duas formas de
desenvolvimento desvenda sua verdadeira natureza: a ligação entre a Zona de
Desenvolvimento Proximal e o nível atual de desenvolvimento.
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O profissional em Educação Matemática
O educador matemático é aquele que concebe a Matemática como um meio: ele educa
através da Matemática. Tem por objetivo a formação do cidadão e, devido a isso, questiona
qual a Matemática e quais os ensinos são adequados e relevantes para essa formação. Suas
atividades se desenvolvem nas escolas de ensino fundamental e médio, nas Secretarias de
Educação e nos centros de formação de professores. É o educador matemático um
profissional responsável pela formação educacional e social de crianças, jovens e adultos,
dos professores de matemática (de nível fundamental e médio) e também pela formação dos
formadores de professores. Suas pesquisas são realizadas, utilizando-se essencialmente
fundamentação teórica e métodos das Ciências Sociais e Humanas.
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U NIDADE 2
Objetivo: Apresentar os conceitos sobre Educação Matemática enquanto campo profissional
e científico.
Tomando por base o estudo de Kilpatrick (1992), poderíamos destacar pelo menos três
determinantes para o surgimento da Educação Matemática enquanto campo profissional e
científico. O primeiro é atribuído à preocupação dos próprios matemáticos e de professores
de Matemática sobre a qualidade da divulgação e socialização das ideias matemáticas às
novas gerações. Essa preocupação dizia respeito tanto à melhoria de suas aulas quanto à
atualização e modernização do currículo escolar da Matemática. De acordo com Schubring
(1999) a Matemática foi a primeira das disciplinas escolares a deflagrar um movimento
internacional de reformulação curricular. Este movimento aconteceu a partir da Alemanha, no
início do século XX, sob a liderança do matemático Felix Klein.
O segundo fato é atribuído à iniciativa das universidades européias, no final do século XIX,
em promover formalmente a formação de professores secundários. Isso contribuiu para o
surgimento de especialistas universitários em ensino de Matemática.
O terceiro fato diz respeito aos estudos experimentais realizados por psicólogos americanos
e europeus, desde o início do século XX, sobre o modo como as crianças aprendiam a
Matemática.
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considerável defasagem entre o progresso científico-tecnológico e o currículo escolar então
vigente. A Sociedade norte americana de Matemática, por exemplo, optou, em 1958, por
direcionar suas pesquisas ao desenvolvimento de um novo currículo escolar de Matemática.
Surgiram então vários grupos de pesquisa envolvendo matemáticos, educadores e
psicólogos. O mais influente deles foi o School Mathematics Study Group, que se notabilizou
pela publicação de livros didáticos e pela disseminação do ideário modernista para além das
fronteira norte-americanas, atingindo também o Brasil.
É a partir desse período que também surgem, principalmente nos Estados Unidos, os
primeiros programas específicos de mestrado e doutorado em Educação Matemática. Os
estudos nessa área cresceram tanto, que, segundo Kilpatrick (1992), até o final dos anos 80,
já havia sido realizados mais de cinco mil estudos na área, a maioria nos Estados Unidos.
Existem no Brasil, atualmente (2000), quase duas dezenas de programas stricto sensu de
Pós-graduação (mestrado e doutorado) em Educação Matemática. Dentre eles: a UNESP-
Rio Claro, USU- Rio de Janeiro, PUC- SP, FE-UNICAMP- Campinas, FE-USP-SP, PUC-RJ,
FEUFSC, UFRN, UFES, UFMS, UNISINOS, FURB, UPF, UNIJUI. Temos hoje, no Brasil,
uma comunidade de educadores matemáticos que conta com uma associação própria
(SBEM) congregando cerca de 12 mil associados.
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U NIDADE 3
Objetivo: Apresentar os principais objetos de estudo e pesquisa em Educação Matemática.
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Algumas questões ou perguntas específicas da investigação em Educação Matemática
Existem dois tipos básicos de perguntas quando se faz pesquisa em Educação Matemática e
têm a ver com os objetivos expostos anteriormente:
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U NIDADE 4
Objetivo: Apresentar e discutir as principais tendências envolvendo a Educação Matemática.
Mudanças curriculares;
Prática docente;
Nesta temática estão relacionados os estudos que tem como objeto de pesquisa o processo
de ensino e aprendizagem de Matemática. A principal mudança verificada nos últimos anos é
que estes estudos deixaram de focalizar aspectos muito gerais da aprendizagem e passaram
a focalizar a aprendizagem de conteúdos matemáticos mais específicos. O foco de estudo
mais prestigiado pelas pesquisas tem sido o processo de contagem e as operações
fundamentais com números naturais, nas séries iniciais. Só mais recentemente, maior
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atenção tem sido dada ao estudo dos números racionais, da Álgebra, da Geometria, da
Probabilidade e do Cálculo Diferencial e Integral.
À medida que surgem novas aplicações da Matemática, têm surgido pesquisas sobre
como elas poderiam ser ensinadas ou aprendidas;
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2. Mudanças curriculares
A primeira questão que surge para o investigador, com relação a esse tema, é: “quais são os
fatores que provocam as mudanças curriculares e como estas se processam na prática
escolar ?”
Podemos apontar, além das pressões sociais, econômicas e políticas em relação à formação
dos novos profissionais, a pressão dos especialistas e acadêmicos em querer transpor para
a sala de aula os resultados de suas pesquisas sobre o ensino da Matemática. Um terceiro
tipo de mudança é atribuída aos próprios professores que, através da pesquisa-ação, tentam,
eles mesmos, produzirem as inovações curriculares que julgam convenientes.
O estudo dessas mudanças e, sobretudo, dos efeitos dessas mudanças, constituem temas
ou problemas de interesse da pesquisa em Educação Matemática:
As novas tecnologias permitem aos estudantes não apenas estudar temas tradicionais de
maneira nova, mas também explorar temas novos como a geometria fractal.
Entretanto, pouco ainda se conhece sobre o impacto das novas tecnologias em sala de aula,
tanto no que diz respeito às crenças, às habilidades, às concepções e reações de
professores, alunos e pais como, também, ao próprio processo de ensino.
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U NIDADE 5
Objetivo: Apresentar e discutir as principais tendências envolvendo a Educação Matemática
– Continuação.
No início da mesma década, Thompson (1984) deu início às investigações sobre a relação
entre as concepções e crenças dos professores e sua prática pedagógica. Os resultados dos
estudos que se seguiram mostram que o conhecimento e as crenças dos professores
transformam-se continuamente e afetam, de modo significativo, a forma como os professores
organizam e ministram suas aulas.
A partir dos anos 80, surgem também estudos que investigam os conhecimentos
profissionais dos professores. Estudos mais recentes, partindo do pressuposto que os
professores produzem, na prática, saberes práticos sobre a Matemática escolar, currículo,
atividade, ensino, aprendizagem, mostram que esses saberes práticos transformam-se
continuamente, sobretudo quando realizam uma prática reflexiva ou investigativa.
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5. Desenvolvimento profissional de professores
Os estudos que relacionam ações específicas do professor com o desempenho dos alunos,
muito frequentes na década de 70, foram aos poucos dando lugar às investigações do tipo:
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U NIDADE 6
Objetivo: Apresentar e discutir as principais tendências envolvendo a Educação Matemática
– Continuação.
6. Práticas de avaliação
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Nesse contexto, a Matemática e a Educação Matemática, são vistas como práticas sócio-
culturais que atendem a determinados interesses sociais e políticos.
São inúmeras as pesquisas que procuram investigar a relação entre a cultura da Matemática
escolar, a cultura matemática que o aluno traz para a escola e a cultura matemática
produzida pelos trabalhadores (adultos e algumas crianças trabalhadoras) ao realizar suas
atividades profissionais.
Portanto, da ausência de crítica, nos anos 70, passamos a um período (anos 80) de
amplas discussões políticas, sociais e ideológicas. De uma preocupação muito grande
com o como ensinar?, passamos para o porquê, para que e para quem ensinamos
Matemática?.
De acordo com levantamento realizado por Batanero e col (1992) os programas de Mestrado
e Doutorado em Educação Matemática têm realizado trabalhos dentro das seguintes linhas
de pesquisa:
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Resolução de problemas;
Desenvolvimento curricular;
Diferenças individuais;
Modelagem matemática;
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Funções, gráficos e pensamento funcional;
Etnomatemática;
Provas e demonstrações
Processos cognitivos;
Construtivismo;
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U NIDADE 7
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática.
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sendo, retorna-se à Antiguidade Clássica, e nesse sentido, recorre-se a abordagem crítica
explicitada por D’Ambrosio (1990), qual seja:
Assim sendo, propõe-se elucidar algumas das dimensões sobre as inter-relações entre a
Educação Matemática e as novas tecnologias. Para tanto, tecem-se algumas reflexões
teórico-metodológicas a respeito desta temática.
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Entende-se por inter-relação entre a Educação Matemática e as novas tecnologias uma
relação operacional entre esses campos do conhecimento, na qual um age sobre a outro,
modificando suas estruturas básicas, transcendendo os limites e fronteiras desses, ao
mesmo tempo em que preserva as suas características e especificidades próprias.
Nesse sentido, pretende-se recuperar aspectos de algumas pesquisas que foram e/ou vêm
sendo realizadas no Brasil e no exterior que tomam como objeto de estudo esta inter-relação.
Além disso, propõe-se buscar fundamentos em estudos realizados, por meio de leituras,
interpretações e análises de Anais de Congressos, tanto nacionais como internacionais, que
possam fornecer substrato teórico-metodológico, para nos posicionar como educadores
matemáticos frente às tendências atuais.
Refletindo sobre essa questão, acredita-se que a Educação desempenha uma importante
função na preparação de indivíduos críticos, conscientes e livres, atualizados com os
avanços tecnológicos, integrados plenamente na sociedade que, a cada momento, se
atualiza e se transforma. Consequentemente, a Educação deve propiciar ao sujeito
ambientes nos quais possa ter contato com as novas tecnologias, para que em sua
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formação, ele não perca a dimensão do desenvolvimento científico e tecnológico que
perpassa pelo país.
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U NIDADE 8
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática – A
Educação Matemática no Contexto Tecnológico – Continuação do texto anterior.
Não se pretende neste trabalho de pesquisa, realizar uma análise profunda da situação em
que se encontra a Educação Matemática frente às novas tecnologias, mas sim tecer algumas
considerações, com o objetivo de oferecer aos professores e pesquisadores da área uma
reflexão sobre aspectos importantes que devem ser considerados sobre o campo da
Educação Matemática.
“creio que um dos maiores males que a escola pratica é tomar a atitude de que
computadores, calculadoras e coisas do gênero não são para as escolas dos pobres.
Ao contrário: uma escola de classe pobre necessita expor seus alunos a esses
equipamentos que estarão presentes em todo o mercado de futuro imediato. Se uma
criança de classe pobre não vê na escola um computador, como jamais terá
oportunidade de manejá-lo em sua casa, estará condenada a aceitar os piores
empregos que se lhe ofereçam. Nem mesmo estará capacitada para trabalhar como
um caixa num grande magazine ou num banco. É inacreditável que a Educação
Matemática ignore isso. Ignorar a presença de computadores e calculadoras é
condenar os estudantes a uma subordinação total a subempregos.” (D’Ambrósio,
1990, p.17) (Grifo da pesquisadora).
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Uma situação que ilustra essas concepções relaciona-se a uma experiência vivenciada pela
pesquisadora em uma escola pública de Albuquerque, Novo México, USA, na qual se
processou uma entrevista com um dos professores, com o objetivo de enfatizar como a
tecnologia pode ser utilizada na sala de aula.
Ressalta-se que essa entrevista se encontra detalhada na tese da autora, mas por se tratar
da ênfase dada na importância da Tecnologia como um fator de integração social, descreve-
se novamente com o objetivo de elucidar como a Tecnologia pode servir ao ser em
formação, e ainda propiciar aos professores de Matemática uma reflexão e uma possível
transposição desse exemplo para o processo ensino/aprendizagem da Matemática.
“nós começamos com tarefas em nossa viagem de campo, por exemplo, se você
pudesse ser qualquer animal do zoológico, que animal você gostaria de ser ?”
Imediatamente, começam a perceber que crianças de diferentes vizinhanças,
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enxergam o mundo de diferentes maneiras. Em uma outra tarefa, nós solicitamos aos
estudantes que eles desenhem o que eles pensam que viram em um vilarejo indígena
(“indian pueblo”). Dependendo da vizinhança e conhecimento étnico, nossos
estudantes desenharão diferentes visões dos vilarejos indígenas. Esses fatos
mostram como as crianças tornam-se alertas às similaridades e diferenças entre as
pessoas, elas aprendem a apreciar a diversidade cultural como uma valiosa fonte.”
(grifo e tradução da pesquisadora).
Nessa escola, pôde-se sentir, pela entrevista realizada que a Tecnologia está sendo
introduzida e trabalhada com a finalidade de servir plenamente a seus alunos, tornando-os
capazes de inserirem-se no mercado de trabalho de maneira digna e plena. Nesse sentido,
conforme as palavras do professor entrevistado,
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apenas em um recurso a mais para os professores motivarem as suas aulas, consiste sim
em um meio poderoso que pode propiciar aos alunos novas formas de gerarem e
disseminarem o conhecimento. Assim sendo, os professores de Matemática devem refletir
sobre o exemplo acima, criando projetos nas escolas que possam oferecer oportunidades
para que os alunos aprendam Matemática e ao mesmo tempo, utilizem a Tecnologia de
forma que a Matemática, no contexto tecnológico, torne-se um caminho que possa superar
as desigualdades sociais e ainda possibilitar a formação adequada do sujeito ao mercado de
trabalho.
Dessa forma, a Matemática deve ser mediada, não simplesmente por modelos obsoletos,
que não contribuem de modo significativo para o desenvolvimento e transformação do
indivíduo, mas por metodologias alternativas em que o ser em formação vivencie novos
processos educacionais, que façam sentido e tenham relação com a sua integração na
sociedade. Sem uma educação matemática, com qualidade, a criança ou o jovem talvez não
tenham oportunidades de crescerem no saber matemático, saber esse, importante para sua
qualificação profissional em qualquer área. Neste sentido, o saber matemático deve ser
vivenciado no contexto tecnológico, se assim não for, infere-se que a exploração, pelos
alunos, das possibilidades inerentes ao desenvolvimento científico e tecnológico que
perpassam a sociedade estará cada vez mais restrita.
Com o objetivo de reforçar as concepções acima, recorre-se a Gatti (1992), quando esta
pesquisadora aborda a Informática na sociedade, referindo-se a escassez de informação
existente entre as questões relacionadas com a Tecnologia e a Informática no contexto
educacional.
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“Está na hora da escola assumir seu papel na sociedade atual. As inovações que
temos presenciado têm deixado a educação para trás e também, os educadores, para
trás. Estamos convivendo com uma geração de jovens que estão adquirindo novas
habilidades e formas de pensar diante de um vídeo game, por exemplo, os quais, na
escola, assistem ao professor demonstrar, de forma clássica, um teorema. Tal fato
nos leva a pensar na necessidade urgente de abrir essas novas formas do saber
humano, de gerar e de disseminar o conhecimento na formação do professor, quer
seja na sua formação básica no curso de magistério, quer seja na sua formação
continuada, isso se não quisermos ficar estagnados no século l8.” (p.157, grifo da
pesquisadora).
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piora sensivelmente. Não tem havido lugar para essas características no Ensino da
Matemática, pois, em lugar de ser vista como uma área de atribuição de significados
por parte do jovem que chega à escola, ela é considerada como uma área pronta, de
conhecimentos e de informação, a ser transmitida.” (p.4) (grifo da pesquisadora).
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U NIDADE 9
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Pesquisas sobre a Educação Matemática frente às novas tecnologias – Continuação do texto
anterior.
Nesse sentido, na presente pesquisa, procurando oferecer aos professores uma visão das
tendências atuais da Educação Matemática frente às novas tecnologias, recorre-se a alguns
trabalhos realizados por Paul Ernest, em sua obra: Mathematics Teaching: The State of the
Art.
Nessa perspectiva, Ernest (1991), ao discorrer sobre novas tecnologias em sua obra, postula
que o mais importante desenvolvimento dos anos 80 para o ensino da Matemática tem sido o
avanço e a disseminação dos novos produtos produzidos pela Tecnologia. Esses produtos
incluem calculadoras eletrônicas, microcomputadores e sistemas de vídeos interativos, assim
como, gravadores, robôs programáveis, como a tartaruga, e outros dispositivos. O impacto
desses produtos no currículo de Matemática pode ser avaliado tanto no conteúdo quanto
nas maneiras pelas quais se processam o ensino e a aprendizagem.
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As novas tecnologias requerem uma nova ênfase no currículo. Este deve oferecer condições
para que os alunos se sintam capazes de interpretar e verificar resultados numéricos, tabelas
e gráficos, de pensarem proceduralmente, de descrever e depurar programas.
O outro aspecto relacionado às novas tecnologias, enfatizado pelo referido autor, diz respeito
às maneiras de ensinar e aprender Matemática. Com a calculadora e o computador na
sala de aula, o professor transforma-se em mediador do processo educativo. Embora esses
equipamentos possam ser usados de diferentes maneiras, esses novos recursos eletrônicos
encorajam uma abordagem exploratória para a aprendizagem da Matemática. Os melhores
exemplos de softwares e de vídeos interativos são projetados para propiciar o
desenvolvimento da criatividade e do raciocínio. Programar computadores em Basic, Logo,
Prolog, ou outra linguagem computacional é uma atividade que requer diferentes estratégias
de resolução de problemas.
Ernest, em defesa da utilização das novas tecnologias na Educação Matemática, conclui seu
artigo, dizendo que: “A escola, em particular a sala de aula de Matemática, é o lugar no qual
as crianças precisam ser preparadas para o mundo de amanhã, especialmente nos aspectos
tecnológicos.” (Ernest, 1991, p.13) (tradução da pesquisadora).
Analisando as palavras acima, constata-se que muitas escolas brasileiras não têm cumprido
a função de preparar os alunos para o mundo tecnológico, que não é mais uma abstração
intelectual, mas uma realidade que se impõe, cada vez mais intensamente, e que se deve
enfrentar, refletindo e remodelando as formas de se ensinar Matemática, adequando-as às
exigências da sociedade informatizada. Desse modo, deve-se procurar criar verdadeiros
ambientes de aprendizagem, com recursos tecnológicos disponíveis aos alunos, e, acima de
tudo, com uma proposta pedagógica atualizada que leve em conta os avanços da tecnologia.
Nesse sentido, a função do professor torna-se extremamente importante, ou seja, mediar o
processo ensino/aprendizagem no contexto tecnológico, requer novas formas de atuação
que levem em conta a inserção e disseminação dos computadores na sociedade e
Educação.
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Nessa perspectiva, como já mencionado em Miskulin (1999), Papert (1985), ao mencionar
sobre o desempenho do professor nesse contexto, no qual o computador se faz, cada vez e
com mais intensidade, presente em nossos dias, preconiza que:
“O educador deve atuar como antropólogo. E, como tal, sua tarefa é trabalhar para
entender que materiais dentre os disponíveis são relevantes para o desenvolvimento
intelectual. Assim, ele deve identificar que tendências estão ocorrendo no meio em
que vivemos. Uma intervenção significativa só acontece quando se trabalha de acordo
com essas tendências. Em meu papel de educador-antropólogo eu vejo novas
necessidades sendo geradas pela penetração dos computadores na vida das
pessoas.” (p.50) (grifo da pesquisadora).
“... antes dos computadores, havia pouquíssimos bons pontos entre o que é mais
fundamental e envolvente na Matemática e qualquer coisa existente na vida cotidiana.
Mas o computador − um ser com linguagem matemática fazendo parte do dia-a-dia da
escola, dos lares e do ambiente de trabalho − é capaz de fornecer esses elos de
ligação. O desafio à educação é descobrir meios de explorá-los.” (Papert, 1985, p.69)
(grifo da pesquisadora).
Nesse sentido, Papert lembra que em outros tempos houve uma separação de nossa cultura
em duas áreas: a de “humanas” e a de “ciências”. Platão escreveu na sua porta: “Entrada
permitida para geômetras”. Papert ainda explicita que a presença do computador pode
“plantar sementes” que conseguiriam gerar uma cultura epistemológica menos dissociada.
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computador pode levar as crianças a uma relação mais humana com a Matemática. Para
tanto, é necessário ultrapassar a discussão sobre o que é Matemática e adentrar em uma
nova perspectiva do processo ensino/aprendizagem.
Constata-se que nossa cultura educacional propicia aos jovens uma matemática
completamente desvinculada do mundo real, como um modelo a ser seguido, modelo este
que Papert chama de “modelo da decoreba”, em que os conhecimentos inerentes a ele são
tratados sem significação e sem vislumbramento de aplicabilidade; sendo assim, constitui-se
sem dúvida em um modelo dissociado.
Aprofundando essa ideia, Papert utiliza uma metáfora, expressa pela metáfora da
“Matelândia”, para questionar ideias profundamente arraigadas sobre os dons intelectuais
humanos. Nesse sentido apresenta o exemplo da aprendizagem da Geometria formal pelas
crianças, e postula que atualmente se aceita que essas não podem aprender Geometria
formal sem antes frequentar a escola por alguns anos e, mais ainda, que geralmente muitas
dessas crianças não podem aprendê-la nem mesmo assim. Entretanto, ao fazer uma
analogia com a aprendizagem de Francês pelas crianças, diz que a argumentação sobre a
Geometria é infundada, pois sabe-se muito bem que as crianças americanas aprendem “mal”
Francês em suas escolas porém, se estudassem esse idioma vivendo na França, tal fato não
se evidenciaria. Dessa forma, faz uma suposição de que “muito do que hoje vemos como
demasiadamente “formal” ou demasiadamente “matemático” será aprendido facilmente
quando as crianças, num futuro bem próximo, crescerem num mundo rico em
computadores.” (Papert, 1985, p.19).
Esses são argumentos que reforçam as concepções delineadas neste estudo. Assim sendo,
deve-se ter em mente sempre que os educadores matemáticos precisam cada vez mais
colaborar para propiciar ambientes de aprendizagem que possibilitem aos alunos a sua
integração no mercado de trabalho, de forma criativa e crítica.
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Em estudos relacionados à introdução de computadores na Educação Matemática, uma das
investigações que elucida a inter-relação entre a Educação Matemática e as novas
tecnologias, consistiu na dissertação de Mestrado desta pesquisadora, a qual abordou, em
uma perspectiva histórico-crítica, alguns aspectos sócio-culturais, políticos, e científicos do
desenvolvimento histórico da Educação e da Educação Matemática. A intenção, naquela
pesquisa, foi contextualizar a introdução dos computadores no cotidiano escolar,
respondendo ao processo de informatização que é uma exigência para o crescimento de
toda sociedade em nossos dias.
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U NIDADE 10
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Pesquisas sobre a Educação Matemática frente às novas tecnologias – Continuação do texto
anterior.
Além disso, em Miskulin (1994), foi abordado o ensino da Matemática frente às novas
tecnologias enfatizando que tal ensino contribui efetivamente para a formação integral do
indivíduo como um ser capaz de interpretar, compreender e apreciar o mundo que o cerca, a
fim de que este resgate os aspectos geométricos que permeiam a sua relação com o espaço
em que está inserido. Tal abordagem teve como objetivo ressaltar a importância do ensino
da Geometria frente às novas tecnologias.
Com as perspectivas delineadas acima, procurando oferecer aos pesquisadores desta área,
uma visão das tendências atuais da Educação Matemática frente às novas tecnologias,
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recorre-se a uma outra referência, qual seja, às Normas para o Currículo e a Avaliação em
Matemática Escolar, elaboradas pelo National Council of Teachers of Mathematics – NCTM.
Tais normas constituem uma parte da resposta dada pela comunidade dos educadores
matemáticos às solicitações da reforma do ensino e aprendizagem da Matemática. Elas
representam ao mesmo tempo uma reflexão e um prolongamento das respostas dos
educadores aos desejos de mudança. Nesse documento está assumido o consenso de que
todos os alunos necessitam aprender mais Matemática, uma Matemática diferente, cujo
ensino deve ser significativamente revisto.
Historicamente tem havido três razões que levaram à adoção formal de conjuntos de normas,
quais sejam: garantir qualidade, indicar objetivos e promover mudanças. Dentre os vários
aspectos abordados pelo NCTM, nesse documento cita-se um que se relaciona com essa
pesquisa, qual seja, a utilização da tecnologia no processo ensino/aprendizagem da
Matemática. Nesse sentido, conforme as próprias palavras dos autores:
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tecnologia dos computadores.” (National Council of Teachers of Mathematics, 1994,
p.3).
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de forma específica, uma melhoria nas abordagens dos estudantes em lidar com alguns
itens, relacionados abaixo, tais como:
Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 11
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Pesquisas sobre a Educação Matemática frente às novas tecnologias – Continuação do texto
anterior.
Um deles refere-se ao fato de que a tecnologia pode ser usada como uma ferramenta para
resolução de problemas. Calculadoras, planilhas eletrônicas, programas gráficos e ambientes
matemáticos estruturados (Theorist e Mathematica) podem ser utilizados na sala de aula
pelos professores, com o objetivo de envolver os estudantes em processos de resolução de
problemas. Um outro aspecto, comentado pelos autores acima, consiste na utilização da
tecnologia para gerar ambientes exploratórios de Matemática. Nesse sentido, citam os
ambientes computacionais: Geometric Supposer, Geometer’s Sketchpad e Álgebra
Expresser, e ressalta que esses ambientes podem ser utilizados para criar ambientes
exploratórios em Matemática. Enfatizam ainda que ambientes de programação, como Logo,
propiciam um ambiente significativo de aprendizagem, no qual os alunos constroem ideias e
conceitos matemáticos.
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está aberta a novos caminhos para novas descobertas e novas fronteiras da Matemática
(D’Ambrosio et al., 1995, p.130) (tradução da pesquisadora).
Uma outra abordagem extremamente rica do ponto de vista metodológico, que elucida a
inter-relação da Matemática com as novas tecnologias, refere-se ao trabalho de uma
professora de uma escola particular de Campinas, que desde 1995, utiliza em suas aulas de
Matemática a Linguagem Computacional Logo.
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Figura 1 – Ensino de Cálculo Através de Projetos: Módulos de Aprendizagem Informatizada
“… o computador tem desempenhado uma parte central em nossa história. Ele tem
oferecido uma “janela” em direção aos caminhos pelos quais o aprendizado
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matemático, pode se tornar descentralizado e apreciado como uma parte da realidade
social e cultural, mais do que somente, habilidades isoladas desconectadas da vida
real. O computador tem acrescido as possibilidades de raciocínios de ambientes
matemáticos de aprendizagem, nos quais a interação e a compreensão são
mutuamente construtivos. Mudança real envolverá uma mudança em culturas, uma
reconexão dos papéis funcionais e culturais da Matemática. Acreditamos que o
computador possa ser um agente de reconexão, não um determinante de mudanças
em si mesmo.” (Noss, et al., 1996, p.256) (tradução da pesquisadora).
Pesquisas na, literatura, mostram que cada vez mais que a Informática está sendo utilizada
no contexto escolar. Dessa forma, buscam-se, na pesquisa de Gutiérrez (1996), fatos que
elucidem a utilização de computadores no processo de visualização geométrica. Esse autor
trabalha com a geometria em três dimensões com um software interativo.
O referido autor ressalta que a Geometria pode ser considerada como a origem da
visualização em Matemática, entretanto, ao examinar os trabalhos ou livros publicados, nos
últimos anos, tratando de visualização na Educação Matemática, encontra-se que muitos
deles enfocam o ensino e a aprendizagem de Cálculo (por exemplo, pensamento matemático
avançado), muitos em (pré) álgebra e sistemas de números, alguns em Geometria Plana, e
apenas alguns enfocando a geometria espacial. De alguma forma, esse fato é razoável
desde que a visualização tenha sido sempre reconhecida como uma componente necessária
para o ensino e a aprendizagem da Geometria (talvez a única exceção seja o período da
“matemática moderna”) e só recentemente tenha conquistado o mesmo reconhecimento em
outras partes da matemática. Entretanto, a revolução tecnológica, que ocorreu na última
década, com a popularização dos computadores e outras ferramentas de multimídia,
ofereceu aos professores e pesquisadores novos elementos que podem remodelar os
caminhos do ensino da geometria espacial. Essas novas possibilidades têm que ser
investigadas e analisadas em profundidade, como um primeiro passo em direção à sua
implementação na sala de aula.
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U NIDADE 12
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Pesquisas sobre a Educação Matemática frente às novas tecnologias – Continuação do texto
anterior.
Uma das novas ferramentas que pode ser usada nas salas de aula são os programas de
computadores dando uma representação tridimensional de objetos espaciais e permitindo
aos usuários transformar esses objetos dinamicamente (transformações como rotações,
traduções, amplificação ou seção por planos). Apesar do aspecto tridimensional dos objetos
apresentados na tela, eles, como desenhos, são representações planas de objetos espaciais,
assim, algumas das dificuldades bem conhecidas que os estudantes apresentam quando
interpretam representações planas tradicionais de sólidos aparecem também com esses
ambientes computacionais.
Na segunda parte desse artigo, o referido autor aborda algumas questões relacionadas à
análise do comportamento de estudantes de uma escola primária e secundária, ao utilizarem
um software dinâmico tridimensional. Observa as maneiras dos estudantes analisarem as
imagens na tela, quando estão trabalhando em tal ambiente. Tais questões são discutidas
sob a estrutura teórica organizada na primeira parte do artigo, e são exemplificadas por
resumos dos trabalhos dos estudantes que foram observados pelo autor e outro profissional,
como parte de um projeto de pesquisa que está acontecendo e que tem sido desenvolvido
desde 1989 no Departamento de Matemática na Universidade de Valência.
Trabalhando nessa direção, Gutiérrez menciona que tem realizado experimentos com
estudantes de uma ampla extensão de escolas primárias e secundárias, de idade entre sete
e dezessete anos. Seleciona vários programas de computador que representam poliedros
em perspectiva e que permitem aos usuários girá-los em torno de um sistema de três eixos
coordenados padrão (vertical, horizontal e ortogonal à tela) e então, pede-se que estudantes
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resolvam vários tipos de atividades. Uma das atividades consiste em solicitar aos estudantes
para girarem sólidos na tela do computador de uma posição inicial a uma posição alvo
desenhada no papel (uma cópia da tela do computador). Um dos objetivos dessa linha de
pesquisa é analisar as variáveis relacionadas à visualização geométrica. Um outro objetivo
relevante dessa pesquisa consiste em analisar as maneiras pelas quais os estudantes
resolvem as diferentes atividades, prestando atenção aos tipos de imagens mentais e
habilidades de visualização que eles usaram.
Uma outra pesquisa que aborda o ensino da Geometria ligada à Tecnologia refere-se à
pesquisa desenvolvida por Edwards (1992), a qual descreve um micromundo particular,
baseado em Logo, que propicia condições para se trabalhar com objetos e suas relações, em
uma parte da Matemática, conhecida como geometria das transformações ou dos
movimentos. O foco dessa pesquisa consiste em explorar as relações entre Logo e a
geometria das transformações.
Assim sendo, a referida autora define Geometria das Transformações como sendo aquela
que se relaciona com o mapeamento de um plano nele mesmo, incluindo, movimentos, tais
como, translação, rotação e reflexão.
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transformações geométricas. Uma das conclusões dessa pesquisa enfatiza que, no nível
conceitual, existiam vários caminhos através dos quais conhecimentos anteriores de Logo
foram utilizados para guiar e estruturar o desenvolvimento da compreensão dos estudantes
em geometria das transformações.
Nessa mesma linha de investigação, uma outra pesquisa que enfatiza a utilização de
computadores no processo ensino/aprendizagem da Matemática, refere-se ao trabalho de
Kafai (1995), o qual aborda um projeto de “design” de jogos (vídeo games) como uma
abordagem propícia para o aprendizado de frações. A aprendizagem dos estudantes está
relacionada a um grande objetivo intelectual e social, criando um jogo educacional que
possibilita aos jovens e estudantes o ensino de frações.
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1989, p.48). Geometria é captar o estreito espaço - espaço no qual a criança vive,
respira e se movimenta. O espaço que deve aprender para conhecer, explorar,
conquistar para viver, respirar e se movimentar melhor nele (Freudenthal, in National
Council of Teachers of Mathematics, 1989, p.48). Emergindo da atividade prática e da
necessidade do homem, em descrever seus arredores, as formas geométricas foram
vagarosamente conceitualizadas até que elas tomaram um significado abstrato delas
próprias. Assim, a partir da prática da medida da terra, foi desenvolvido um conjunto
crescente de relações ou teoremas que culminaram nos Elementos de Euclides, a
coleção, sínteses e elaboração de todo esse conhecimento (Fehr, 1973, p.370).
Equações são apenas a aborrecida parte da Matemática. Eu, tento ver as coisas em
termos da Geometria (Hawking, National Research Council, 1989, p.35).” (tradução e
grifo da pesquisadora).
Uma abordagem considerada pelos referidos autores acima mencionados se expressa por:
“Desenvolvimento do pensamento geométrico baseado em Piaget, nas ideias de Van
Hiele e na Ciência Cognitiva”. A pesquisadora, desta tese, vai se deter no desenvolvimento
do pensamento geométrico, segundo estudos baseados na teoria piagetiana, os quais
representam, na sua concepção, aspectos fundamentais para esta pesquisa.
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Originam-se pelas relações topológicas, seguidas das relações projetivas e culminam nas
relações euclidianas.
Para Piaget e Inhelder (1993), a diferença entre relações topológicas, projetivas e euclidianas
refere-se à maneira pela qual os objetos distintos são relacionados uns aos outros:
Atividades dissertativas
Acesse sua sala de aula, no link “Atividade Dissertativa” e faça o exercício proposto.
Bons Estudos!
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U NIDADE 13
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Pesquisas sobre a Educação Matemática frente às novas tecnologias – Continuação do texto
anterior.
A representação do espaço pelas crianças não é uma simples "leitura" percentual dos seus
ambientes espaciais, mas é construída a partir da sua manipulação e interação ativa com o
meio. O espaço subjetivo é uma interpretação da realidade, e não simplesmente uma
reprodução da mesma.
Uma outra abordagem da pesquisa realizada por Clements e Battista, se apresenta como: “O
estabelecimento da verdade em Geometria”.
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Geometria, métodos dedutivos e empíricos configuram-se em domínios separados por
diferentes caminhos para estabelecer exatidão (Schoenfeld, citado por Clements et al.,
1991).
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Sendo essa abordagem de essencial importância para esta pesquisa, nesse momento,
restringem-se as reflexões no sentido de ressaltar a importância da Geometria no ensino
informatizado.
Os autores acima citados reportam-se a Piaget e Inhelder (1993), os quais postulam que as
representações do espaço pelas crianças começam pela manipulação direta, por ações
sucessivas com o mundo físico.
Nesse sentido, como o contexto Logo solicita pensamento geométrico, essa interação se
evidencia através do micromundo da tartaruga, com sua geometria intrínseca. A metáfora
utilizada por Papert (1985), expressa pelo fato de se “ensinar a tartaruga” a representar
figuras geométricas, torna-se significativa no contexto do desenvolvimento de noções
geométricas.
Pesquisas de Campbell (citado por Clements e Battista, 1991) constatam que o contexto
Logo pode ajudar crianças pequenas a aprenderem a noção de medição e a auxiliar os
pesquisadores a saberem mais acerca do que as crianças pequenas conhecem sobre
medidas. Nesse sentido, o contexto Logo propicia um ambiente no qual as crianças
pequenas utilizam unidades de tamanhos variados, definem e criam suas próprias unidades,
e são capazes de manter ou predizer o tamanho de uma unidade e, ainda, de criarem
comprimentos anteriores à representação final por meio de comandos numéricos relativos ao
deslocamento da tartaruga.
Além disso, convém ressaltar que o micromundo da tartaruga, com sua geometria
subjacente, possibilita à criança a manipulação e a exploração das transformações do
tamanho da unidade e número de unidades, sem a presença de instrumentos de medida e
quantidade física. Explicita-se pelo fato da tartaruga constituir-se em um “objeto para se
pensar sobre”, isto é, o usuário do Logo, ao manipular a tartaruga, através de comandos
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simples, alterando sua posição e direção, transpõe seus conhecimentos a ela e, muitas
vezes, coloca-se no lugar da tartaruga – sintonicidade corporal. (Sintonicidade Corporal trata-
se de um conceito explorado em Miskulin, 1994).
Os estudos de Clements e Battista têm mostrado os efeitos mais positivos que envolvem
sequências de atividades através do Logo. Nesse sentido, parece que o potencial do sistema
Logo torna-se um recurso poderoso no desenvolvimento de noções geométricas, fato este
que encorajaria os estudantes a refletirem e criarem conexões entre o conhecimento para
processarem sobre o sistema Logo e o conhecimento conceitual mais tradicional.
Uma outra pesquisa que ilustra a inter-relação da Educação Matemática com as novas
tecnologias, consiste no trabalho de Gravina (1996), o qual aborda conceitos de Geometria
com os ambientes computacionais Cabri Gèométre e Geoplan. Analisa as atividades
cognitivas dos estudantes e apresenta uma contribuição para que os ambientes de geometria
dinâmica, apoiados em softwares, como Cabri-Gèométre e Geoplan possam trazer a
superação de algumas dificuldades dos estudantes. O presente artigo apresenta ainda
sessões de trabalho realizadas com os estudantes nas quais as estratégias apresentadas
evidenciam uma nova abordagem no processo ensino/aprendizagem da Geometria.
Conjecturas são feitas a partir da experimentação, corrigidas e refinadas a partir do
“feedback” oferecido pelo ambiente, até que propriedades estáveis, sob a ação de
movimento no desenho, se estabeleçam, surgindo então naturalmente o processo de
argumentação e dedução.
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Ainda na referida pesquisa, a autora comenta que em relação a atitudes dos alunos no
processo de ensino/aprendizagem, evidencia uma experimentação constante por parte deles,
os quais levantam conjecturas, argumentam e deduzem propriedades matemáticas. Dessa
forma, a partir da manipulação concreta, passam para a manipulação abstrata atingindo
níveis mentais superiores da dedução e rigor, e, assim sendo, compreendem a natureza do
raciocínio matemático.
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U NIDADE 14
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Ambientes Computacionais no Processo Ensino/Aprendizagem da Geometria – Continuação
do texto anterior.
Tentando delinear a reflexão acima proposta, reporta-se a Vitale (1991) que menciona que:
Fica claro que as “forças políticas” citadas por Vitale (1991) não estão preocupadas com o
desenvolvimento da criatividade, tampouco do senso crítico do usuário, mas o que prevalece
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é a instrução de estratégias e algoritmos que apenas o tornam um mero usuário que utiliza
esse recurso tecnológico sem com ele interagir, isto é, sem construir conceitos novos.
Inerente a esse fato existe um enorme mercado potencial, isto é, um grande interesse
comercial e profissional com relação ao uso dos computadores nas escolas. Além disso, um
outro aspecto a ser observado seria a possibilidade de se limitar uma área específica do
conhecimento a “especialistas” (os únicos capazes de comandar a passagem da formulação
de um problema à sua solução informatizada). E, em uma análise mais técnica e radical, de
acordo com o autor acima citado, há a possibilidade de uma hierarquização de “métodos”
que serão considerados “os ótimos”, “os únicos” capazes de transformar a descrição verbal
de um problema em uma representação algorítmica perfeita, o que será, sem dúvida
nenhuma, obra de “especialistas”.
Portanto, não se poderia deixar de alertar e inferir que, aceitando essa “divisão de trabalho”
no contexto educacional, a escola estaria acrescentando um elemento a mais em seu
arsenal de jogos didáticos e não estaria enriquecendo e mesmo promovendo o
desenvolvimento de seu ambiente cognitivo ou ambiente de aprendizagem.
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Além disso, essas concepções e ideias podem possibilitar uma reflexão sobre um possível
paralelo entre o sistema computacional Logo (bidimensional e tridimensional) e alguns outros
softwares que abordam o ensino da Geometria, mostrando os elementos convergentes e
divergentes, tanto no aspecto computacional como no aspecto pedagógico dos raciocínios
inerentes às construções das noções geométricas nos dois contextos.
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U NIDADE 15
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Ambientes Computacionais no Processo Ensino/Aprendizagem da Geometria – TEGRAM –
Continuação do texto anterior.
TEGRAM
O sistema computacional Tegram é um sistema tutor criado por Turine (1994) com o objetivo
de auxiliar o processo de ensino-aprendizagem de conceitos relacionados à Geometria
plana. As atividades exploradas pelo sistema baseiam-se nas peças do Tangram (triângulos,
quadrado e paralelogramo) com o intuito de estimular o interesse do aluno em resolvê-las,
pois sabe-se que o Tangram envolve os estudantes em um processo dinâmico de resolução
de problemas.
Turine (1994) enfatiza a valorização do raciocínio utilizado pelo sujeito, quando este resolve
desafios e problemas com o Tangram e, além disso, valoriza a análise do processo de
pensamento, a sequência de ações do sujeito, quando inserido em situações práticas de
resolução de problemas. Nesse contexto, conforme suas próprias palavras, “… nessas
atividades o processo para se chegar a um determinado resultado é muito mais importante
que o próprio resultado” (Turine, 1994).
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O sistema é arquitetado em uma base modular que se divide em quatro componentes:
Polígonos;
Animação.
Enfatiza-se que, nesse sistema, o aluno escolhe as atividades que gostaria de realizar, por
meio da tela de apresentação dos tópicos existentes das atividades, porém, o sistema possui
um controle misto de iniciativa, isto é, o sistema não restringe o estudante a uma sequência
fixa, nem o deixa tão livre para escolher um plano de sequência razoável, necessário para o
desenvolvimento das atividades (Turine, 1994).
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Sobre o Sistema Computacional Tegram, uma outra abordagem prática relaciona-se a um
trabalho de pesquisa realizado na Faculdade de Educação da UNICAMP. Trata-se de uma
dissertação de Mestrado de Oliveira (1998), que enfatiza as habilidades espaciais
subjacentes às atividades de discriminação e composição de figuras planas utilizando o
Tangram e o Tegram. Esse estudo desenvolveu-se com nove sujeitos de uma classe,
pertencente a uma escola particular de Campinas. Vários conceitos matemáticos foram
explorados nessa interação, como área, perímetro e outros.
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U NIDADE 16
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Ambientes Computacionais no Processo Ensino/Aprendizagem da Geometria –
GEOMETRIC SUPPOSER e o GEOMETER´S SKETCHPAD – Continuação do texto anterior.
GEOMETRIC SUPPOSER
Maddux et al. (1996) classificam Geometric Supposer como um software que propicia aos
professores a possibilidade de ensinar funções de uma maneira que não seria possível sem
o uso do computador. Além disso, esse ambiente fornece ao usuário o controle da interação
entre ele e a máquina, o usuário decide quais das sequências de ações seriam necessárias
para plotar a sua função e representá-la no gráfico.
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lógicas. Em resposta a essa consideração, Judah Schwartz, autor do software citado, refutou
tais considerações, afirmando que pesquisas evidenciam que o Geometric Supposer não
interfere negativamente no desenvolvimento das habilidades dos estudantes em desenvolver
demonstrações lógicas.
Sobre esse ambiente computacional, Geometric Supposer, Valente (1993), ao expor sobre
“Os Diferentes Usos do Computador na Escola”, aborda a Resolução de Problemas com o
computador e postula que a representação da solução de um problema não precisa ser,
necessariamente, realizada por uma linguagem computacional. Existem programas
atualmente nos quais a linguagem para representação de solução é bastante específica e
voltada para o tipo de problemas que está sendo abordado. E nesse contexto, cita o software
Geometric Supposer, explicitando que
“... através desse software, o usuário pode construir e medir figuras geométricas
usando para isso termos como “unir os pontos” de uma figura, “calcular” o ângulo
entre duas semirretas previamente definidas, etc.. O resultado é bastante semelhante
ao que o aluno faz com o Logo gráfico, porém, no caso do “Supposer” o domínio e a
linguagem de comunicação com o programa são mais específicos.” (p.12).
GEOMETER’S SKETCHPAD
Geometer’s Sketchpad foi desenvolvido sob a direção do Dr. Eugene Klotz, no Swarthmore
College e Dr. Doris Schattschneider, no Moravian College, na Pensilvânia, como parte do
projeto Visual Geometry, financiado pela National Science Foundation (NSF). Em adição à
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produção desse software, o Visual Geometry Project também produziu o Stella Octangula e o
Platonic Solids (materiais manipulativos). Esse software foi lançado no primeiro semestre de
1991.
Os autores do livro citado acima enfatizam que a forma com que se ensina Matemática,
particularmente, Geometria, mudou devido a alguns desenvolvimentos importantes. A
abordagem dedutiva para se ensinar Matemática foi, finalmente, desafiada de forma séria, e
alternativas estão disponíveis após mais de um século de fracasso do ensino da Matemática.
Em um levantamento realizado em 1982, pelo National Assessment of Educacional Progress,
constatou que provas de teoremas era o tópico mais detestado pelos alunos, em Matemática,
e menos de cinquenta por cento, qualificaram provas de teoremas, como um tópico
importante.
Enfatiza ainda que o Geometer’s Sketchpad está entre os primeiros em uma geração de
softwares educacionais, o qual acrescentou novas abordagens às mudanças impostas pelo
Geometer Supposer, no ensino da Geometria. Essas abordagens foram muitas vezes
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referidas em publicações e pelo NCTM Standards (Norma do National Council of Teachers of
Mathematics – 1994).
Textos de Geometria consideram que os estudantes usam deduções formais, desde o início
de suas explorações em Geometria. Nesses textos não se encontram problemas que
possibilitam aos alunos a exploração da visualização geométrica, e não os encorajam no
levantamento de conjecturas. O principal objetivo do Geometer’s Skatchpad consiste em
possibilitar aos estudantes a passagem pelos três primeiros níveis, encorajando o processo
de descobertas que reflete, mais de perto, a forma como a Matemática é inventada: um
matemático, inicialmente, visualiza e analisa um problema, fazendo conjecturas antes de
realizar provas e demonstrações. (Bennett, 1999, p.7-8).
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Ambientes Computacionais no Processo Ensino/Aprendizagem – CABRI GÉOMÈTRE e
TESSELMANIA – Continuação do texto anterior.
CABRI GÉOMÈTRE
Ainda para o ensino de Geometria, um outro software, muito utilizado nos Estados Unidos,
na França e, recentemente, no Brasil, consiste no Cabri Géomètre.
O Cabri Géomètre foi desenvolvido por Ives Baulac, Jean-Marie Laborde e Franck Bellemain,
no Institut d’Informatique et Mathématiques Appliquées de Grenoble (IMAG), um Laboratório
de pesquisa da Université Joseph Fourier, em Grenoble, França. Ressalta-se que, em 1988,
este ambiente computacional recebeu o troféu Apple como o melhor software para o ensino
da Geometria.
O nome Cabri foi inspirado nas palavras da língua francesa “cahier de brouillon interactif”,
que significa “caderno de rascunho interativo”. Como o próprio nome sugere, o usuário pode
utilizá-lo como uma folha de caderno de desenho com o objetivo de realizar construções
geométricas, sendo possível investigar e explorar, de forma dinâmica, as diversas
propriedades intrínsecas à construção de figuras geométricas.
Segundo Paiva et al. (1996), muitas das construções geométricas propostas, nesse ambiente
computacional, já foram abordadas pelos gregos na Antiguidade Clássica. Na geometria
grega as três construções possíveis eram: o prolongamento de uma reta de um ponto a outro
ponto qualquer, o traçado de um círculo com um centro qualquer e um raio qualquer, e ainda
o prolongamento de uma reta limitada. Ressalta-se que estas três construções estão
presentes no Cabri Géomètre, pois, como mencionado anteriormente, este ambiente
contempla as construções da geometria euclidiana.
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Convém lembrar que Cabri Géomètre II baseia-se no Cabri Géomètre I, que foi desenvolvido
pelos mesmos autores, no período de 1981 a 1986.
O usuário, através da Internet, pode obter uma cópia limitada do programa Cabri II (MS-DOS
ou Windows), na versão demo (demonstrativo). Para tal, consultar os seguintes “sites”:
http://www-cabri.imag.fr/produits/cabripc-e.htm
http://www.ti.com/calc/docs/cabri.htm
Versões comerciais desse software estão disponíveis em Inglês, Francês, Alemão, Espanhol
e Italiano.
É importante observar que o Cabri Géomètre II possui uma barra de ferramenta onde cada
botão ativa um menu no qual o usuário pode escolher a ferramenta desejada. Uma barra de
atributos permite modificar as características dos objetos geométricos construídos (cor,
espessura de linhas, pontos, entre outros). Novos objetos estão disponíveis nesse ambiente,
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tais como: arcos de círculos, vetores, polígonos ordinários e regulares e cônicas. Na Versão
II, a manipulação e a construção de objetos complexos encontram-se simplificadas.
TESSELMANIA
Um outro software que pode ser caracterizado como software de Resolução de Problemas,
trata-se do TesselMania que possibilita ao usuário a criação de tecelagens, explorando
conceitos da Geometria das transformações no plano, rotação, reflexão e translação. O
usuário pode escolher um dos vários padrões existentes nesse ambiente e compô-los de
várias formas diferentes, criando seus próprios desenhos. A nova versão em CD-ROM
combina divertimento e arte com o mundo fascinante da Geometria das transformações,
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propiciando ao usuário um ambiente de exploração de conceitos geométricos abstratos, de
uma maneira divertida e prazerosa.
Figura 2 – TesselMania
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U NIDADE 18
Objetivo: Apresentar as tendências atuais da Educação Matemática e da Informática –
Ambientes Computacionais no Processo Ensino/Aprendizagem – SPREADSHEET, CARMEN
SANDIEGO MATH e Referências – Conclusão do texto anterior.
SPREADSHEET
Nesse sentido, recorre-se a Maddux et al. (1997), quando citam uma maneira de se utilizar
Spreadsheet como ferramenta educacional. Essa autora explicita a situação mostrada por
Joan Tuner (1988), um professor da Academia Naval americana, que concebe o
Spreadsheet como uma ferramenta valiosa no ensino de estudantes de graduação em
Matemática. Esse professor encoraja seus alunos a testarem fórmulas novas e, assim sendo,
eles resolvem esse problema, colocando as fórmulas em um Spreadsheet, entrando com
diversos números. Nesse processo eles percebem como diferentes variáveis nas fórmulas
afetam o resultado final.
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Esses mesmos autores explicitam ainda, que Spreadsheets são utilizados, de uma maneira
rotineira em salas de aula de Matemática. Descrevem a experiência de Arad (1986-87), em
que esse professor, descreve como os estudantes usaram Spreadsheet para solucionar
diversos tipos de problemas contextuais de Matemática (word-problems). Referem-se
também a Dubitsky (1988), que ensinou para estudantes de sétima série, divisão longa e
conceitos de decimal, usando Spreadsheet.
Um outro aspecto de Spreadsheet que tem sido muito utilizado em Matemática, consiste na
habilidade de representar graficamente relações e dados. (Bridges, 1991, citado por Maddux
et al., 1997, p.291). Bridges utilizou Microsoft Excel. Muitos Spreadsheets, atualmente,
possuem ferramentas de gráficos.
Simonson et al. (1997) chamam a atenção para o fato de que muitos têm sugerido que
abordagens tradicionais de ensino nas escolas não estão dando aos estudantes experiências
sobre habilidades de resolução de problemas quantitativos que eles necessitam para viverem
na idade da Informática.
Nesse sentido, referem-se a Papert (1980), quando este expressa que ensinar habilidades
quantitativas, em um ambiente significativo, tem sido tradicionalmente uma problemática
tradicional na Educação. Papert enfatiza que:
“… Como resultado, nossas crianças são forçadas a seguir um dos piores modelos
para aprender Matemática: é o modo da “decoreba”, em que o material é tratado como
sem sentido; é um modelo dissociado. Algumas de nossas dificuldades em ensinar
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Matemática de uma maneira culturalmente integrada devem-se a um problema
objetivo: Antes dos computadores havia pouquíssimos bons pontos de contato entre o
que é mais fundamental e envolvente na Matemática e qualquer coisa existente na
vida cotidiana. Mas o computador – um ser com linguagem Matemática fazendo parte
do dia a dia da escola, dos lares e do ambiente de trabalho – é capaz de fornecer
esses elos de ligação. O desafio à educação é descobrir meios de explorá-lo.” (Papert,
citado por Simonson, 1997, p.202) (tradução da pesquisadora).
Na citação acima, Papert está se referindo ao ensino com Logo, entretanto, Simonson et al.
explicitam que programas de Spreadsheet fornecem uma outra possibilidade para o ensino
significativo de “matemática culturalmente integrada.” (Simonson et al., 1997, p.202).
Ainda nessa perspectiva diz que Spreadsheet fornece para o professor em sala de aula o
poder de criar ambientes nos quais o estudante é um participante ativo em situações de
resolução de problemas numéricos. Com um programa de Spreadsheet, o professor pode
criar ambientes quantitativos, possibilitando aos alunos modelarem a Matemática da vida real
dos negócios, da indústria e de casa. Esse mesmo autor, ao discorrer sobre as
possibilidades educacionais do Spreadsheet afirma que esse ambiente computacional
propicia aos estudantes oportunidades para testarem hipóteses de informações numéricas. O
pensamento “what if”, inerente ao Spreadsheet, envolve testar diferentes situações
hipotéticas, e tal pensamento está inerente no processo de resolução de problemas quando
se utiliza Spreadsheet.
Convém ressaltar que essas diversas referências e citações têm como objetivo ilustrarem as
potencialidades de se utilizar Spreadsheet como um recurso didático poderoso nas aulas de
Matemática, lembrando, também, que existem vários outros aplicativos computacionais que
podem e devem ser utilizados pelos professores como ferramentas educacionais importantes
no processo ensino-aprendizagem de Matemática.
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CARMEN SANDIEGO MATH
É importante lembrar que existem muitos ambientes computacionais que podem ser
utilizados na Educação. Anteriormente foram abordados alguns outros ambientes que podem
ser utilizados na sala de aula. Porém, conforme comentado, a escolha de um ambiente
computacional para ser utilizado no processo ensino/aprendizagem da Matemática,
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relaciona-se com diversos aspectos tanto teóricos, quanto metodológicos, entretanto, um dos
aspectos fundamentais consiste na mediação do professor.
O ambiente, por mais rico e construtivo que seja, por si só, não é suficiente para promover
contextos propícios para a construção do conhecimento. Nesse sentido, a mediação do
professor desempenha um papel determinante, à medida que o professor cria situações
desafiantes, recorta-as em vários problemas intermediários que possibilitam aos alunos
deslocarem-se muitas vezes do problema principal, olhando-o e percebendo-o, sob uma
outra perspectiva, possibilitando-lhes a busca de novos caminhos, a reavaliação constantes
de suas estratégias e objetivos, enfim, envolvendo-se, cada vez mais, no processo de
construção do conhecimento.
Sabe-se que a Tecnologia consiste em um valioso veículo, através do qual os alunos podem
acessar informações e trabalhá-las de várias formas. Por sua vez, os ambientes
computacionais, propiciam interações, muitas vezes, prazerosas e divertidas aos alunos.
Convém ressaltar que um aspecto extremamente importante, nesse contexto, que deve ser
levado em conta, na escolha e determinação de um ambiente computacional a ser utilizado
na sala de aula, relaciona-se ao processo educacional, esse sim é que deve criar
oportunidades de aprendizagem que, realmente, possam propiciar às crianças e jovens
contextos em que eles possam dar sentido às informações e interações; encontrarem
conexões com outros conhecimentos; responderem às suas questões e, ainda, construírem
conhecimentos.
Nessa perspectiva, constata-se que muitos ambientes computacionais foram e ou vêm sendo
utilizados nas escolas brasileiras, e também em nível internacional, sem uma proposta
pedagógica que embase a sua utilização. Tal enfoque, em nada modifica o sistema atual de
ensino, seria como se as páginas dos livros, passassem para a tela do computador, isto é, o
envolvimento do aluno com a Matemática seria um envolvimento passivo, como no ensino
tradicional no qual o aluno decora fórmulas e desenvolve o raciocínio mecânico, em
detrimento do raciocínio lógico-espacial.
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É exatamente essa situação que se deve evitar, isto é, deve-se escolher ambientes
computacionais, no ensino da Matemática, que possam fornecer contextos nos quais os
sujeitos se inserem em ambientes de resolução de problema, criando e reformulando,
constantemente, as suas estratégias; reavaliando os seus objetivos; criando heurísticas no
processo de solução dos problemas.
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U NIDADE 19
Objetivo: Apresentar os processos envolvidos na Educação Matemática segundo as
perspectivas de cognição e linguagem.
Este texto tem por objetivo refletir sobre os processos envolvidos na Educação Matemática
segundo duas perspectivas, a cognição e a linguagem, tendo como convergência a crença
de que as mesmas estão de tal forma imbricadas que para compreender esses processos
não se pode abrir mão de uma ou de outra.
Trazemos à reflexão resultados de pesquisas recentes e que destacam uma das abordagens
dentro das visões teóricas a que nos referimos. Apresentaremos duas pesquisas sobre a
aprendizagem do conceitos geométricos, uma delas utilizando o computador e um software
interativo, e outra utilizando apenas questões feitas com o lápis e papel. A primeira delas tem
por sujeitos alunos do curso de Licenciatura em Matemática e a segunda, alunos do curso
fundamental.
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que linguagem se fala. Grande parte dos pesquisadores concorda que os processos
cognitivos estão de alguma forma relacionados aos processos linguísticos, porém, no que diz
respeito aos fundamentos de suas teorias, colocam-se, muitas vezes, até em posições
antagônicas.
(1982, 1989) como PINO (1990) ou o clássico “Provas e Refutações” de LAKATOS (1976).
Embora Winslow reconheça diferenças filosóficas dentre tais tendências, afirma que seus
pontos de vista não são teoricamente opostos. Todas elas colocam a questão da linguagem
como essencial dentro da Educação Matemática, o que traz implicações para a Didática da
Matemática e para as ações concretas que empreendemos em o seu ensino. Isto corrobora a
necessidade de compreendermos mais profundamente as conexões entre os processos
cognitivos e linguísticos, ou sua interdependência, como preferem alguns pesquisadores.
Dentro deste cenário, encontramos três níveis de utilização da linguagem para o aprendizado
de Matemática, os quais se interceptam mutuamente: a utilização da linguagem natural ou
materna, a linguagem matemática dos matemáticos (pesquisadores e estudiosos de
matemática avançada) e uma linguagem matemática tipicamente escolar, mergulhada num
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gênero discursivo próprio da escola e que sofre todas as intervenções daquilo que
Chevallard (Chevallard & Joshua, 1991) chama transposição didática. A resposta à questão
de quanto cada um destes níveis estão e devem estar imbricados certamente irá depender
das concepções aceitas, acerca das teorias de ensino e aprendizagem, por sua vez
pautadas em teorias sobre os processos cognitivos dos indivíduos.
Uma outra questão que se coloca premente neste quadro é a formação dos professores de
matemática e o quanto de cada um desses níveis de linguagem vem sendo trabalhado nessa
formação. Ou ainda, se o professor de matemática vem sendo preparado para refletir
profundamente sobre estes níveis e em qual deles desejará situar o seu empenho como
educador matemático. Se acreditarmos que o professor é um organizador/mediador das
relações do aluno com a construção de uma linguagem própria para a expressão de seus
conhecimentos matemáticos, construídos e internalizados em atividades que envolvam
raciocínio matemático, será de suma relevância analisarmos qual a formação pretendida e
aquela efetivamente alcançada junto a este professor.
Como afirma Anghileri (1995, p.10), pesquisadores em Educação Matemática têm forte
suporte no paradigma construtivista de aprendizagem, enfatizando o papel da linguagem na
construção do conhecimento e sendo esta, não um meio de transportar estruturas
conceituais do professor para os estudantes, mas sim, um meio de interagir, que permite ao
professor condicionar e guiar a construção cognitiva de seu aluno.
As ações do professor precisam levar em conta a interpretação gerada num problema, por
um sujeito, assim como o significado matemático de qualquer termo de sua linguagem aí
envolvido. A negociação de significados entre professores e alunos possibilitam compartilhar
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uma mesma compreensão na interação da sala de aula, pois o vocabulário da matemática
inclui uma série de palavras e símbolos com múltiplos significados, os quais nem todos os
alunos podem interpretar como a forma pretendida pelo professor.
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A primeira pesquisa a ser apresentada investiga a maneira com que as ambiguidades na
definição do conceito matemático de Ângulo redundam em dificuldades na operacionalização
deste conceito para os alunos do ensino fundamental, como já haviam sugerido Magina
(1994 e 1995), Magina e Hoyles (1997) e Alves (2000). A proposta deste trabalho é
descrever como os alunos operam com o conceito de ângulo em diferentes ambientes e
relacionar os diferentes significados produzidos pelo aluno frente em questões abertas a eles
propostas.
A pesquisa foi feita em duas etapas. Na primeira etapa, levantou-se na literatura sobre a
História da Matemática e em livros didáticos as diversas definições formais para ângulo,
agrupando-as em quatro categorias: a primeira recorre à noção de região do plano, a
segunda à de interseção de semi-retas, a terceira lida com a noção de rotação - giro e a
quarta categoria agrupa as definições que não se enquadram nas duas primeiras e que
recorrem a noções como canto, abertura e mudança de direção. Na segunda etapa, foram
elaboradas atividades a serem aplicadas a grupos de alunos selecionados nas 6a, 7a e 8a
séries de uma escola pública, em momentos que usualmente o conceito de ângulo é
trabalhado de forma integrada à proposta curricular da escola.
Foram feitas análises nos dois tipos de material coletado. Com relação à primeira etapa,
buscou-se caracterizar as diversas definições de ângulo propostas por matemáticos e livros
didáticos de matemática relacionando-as com o conteúdo matemático tratado em cada série
e com o tipo de atividade proposta. Uma análise preliminar deixou claro que as definições
encontradas restringem ou limitam o uso de algumas noções a um contexto determinado.
Para a segunda etapa, foram preparadas atividades para serem propostas aos alunos
selecionados. Nesse caso, o material a ser analisado foram registros feitos pelos alunos
quando desafiados pelas atividades preparadas. As atividades foram classificadas de acordo
com a categorização feita sobre o conceito de ângulo na primeira etapa. São atividades que
facilitam a visão como um todo, que possibilitam o aluno transitar entre as diversas noções
implicadas no conceito. As atividades foram aplicadas a um grupo de 9 alunos, 3 de cada
série.
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A análise destacou que alguns alunos, em algumas situações, ora identificam ângulos como
linhas, ora como pontos. No entanto, estes mesmos alunos em outras situações mostraram
desenvoltura com as mesmas noções que não fizeram sentido antes. A análise nos permitiu
concluir que a definição utilizada em um dado contexto influencia a maneira com que o aluno
opera com o conceito.
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U NIDADE 20
Objetivo: Apresentar para reflexão as tendências atuais da Educação Matemática com
enfoque na Educação Estatística.
Nesta e na unidade seguinte estaremos estudando o texto adaptado das autoras Mirian
Maria Andrade e Maria Lúcia L. Wodewotzki, que nos levará a importantes reflexões sobre
a Educação Estatística no contexto da Educação Matemática.
Atualmente podemos notar que a sociedade moderna vem passando por grandes
transformações tecnológicas e científicas trazendo ao homem um número incalculável de
informações dos mais variados tipos e dessa forma gerando a necessidade de espaços que
permitam aos indivíduos qualificar, selecionar, analisar e contextualizar informações, de
modo que elas possam ser incorporadas às suas próprias experiências. Além disso, a
velocidade com que esse desenvolvimento tecnológico e científico vem ocorrendo na
atualidade, tornando cada vez menor o tempo que sucede entre o desenvolvimento de uma
teoria matemática e a sua utilização na prática, faz com que a Matemática e a Estatística
sejam, hoje em dia, ferramentas extremamente úteis para qualquer profissional.
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Ronald Aylmer Fisher (1890 – 1962), é considerado um dos maiores cientistas do século e
fez contribuições teóricas fundamentais à Estatística, além de ter sido um ilustre geneticista.
Também é considerado como fundador da Estatística Moderna e um dos maiores estatísticos
de todos os tempos. O crescente desenvolvimento da Estatística pode ser observado na
educação básica e na educação superior.
No ensino fundamental e médio o trabalho dos conceitos nas aulas recomenda-se que deve
ser feito de maneira a propiciar um ensino mais crítico e reflexivo, contribuindo para a
preparação de um cidadão que atenda a essas características. Segundo Lopes (1998, p. 22,
apud Mendes & Alves, 2004) a Estatística e a Probabilidade são temas essenciais da
educação para a cidadania, uma vez que possibilitam o desenvolvimento de uma análise
crítica sob diferentes aspectos científicos, tecnológicos e/ou sociais.
“A Matemática do ensino médio pode ser determinante para a leitura das informações
que circulam na mídia e em outras áreas do conhecimento na forma de tabelas,
gráficos e informações de caráter estatístico. Contudo espera-se do aluno nessa fase
da escolaridade que ultrapasse a leitura de informações e reflita mais criticamente
sobre seus significados. Assim, o tema proposto deve ir além da simples descrição e
representação de dados, atingindo a investigação sobre esses dados e a tomada de
decisões.” (CD-ROM, Ensino Médio em Rede, p. 126).
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“Ler, articular e interpretar símbolos e códigos em diferentes linguagens e
representações: sentenças, equações, esquemas, diagramas, tabelas, gráficos e
representações geométricas”. (CD-ROM, Ensino Médio em Rede, p. 114)
Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.
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U NIDADE 21
Objetivo: Apresentar para reflexão as tendências atuais da Educação Matemática com
enfoque na Educação Estatística – Situando a Educação Estatística no contexto da
Educação Matemática – Conclusão do texto anterior.
Segundo Perez (2004), “...a falta de interesse para estudar Matemática pode ser resultante
do método de ensino empregado pelo professor, que usa linguagem e simbolismo muito
particular, além de alto grau de abstração.” (p. 251). É relevante questionarmos como está se
dando o aprendizado de Matemática atualmente e procurar possíveis alternativas que
possam conduzir a uma prática Matemática que atenda as exigências feitas pelas leis e
parâmetros que regem a educação nacional.
Porém, não são só professores e alunos que se incomodam com essa situação. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo, reforçam que nos diferentes níveis de
ensino, é preciso enfocar estratégias que proponham uma interpretação dos conceitos
matemáticos, tornando o ensino e a aprendizagem mais significativa. Segundo Bicudo &
Garnica (2002), “o processo de ensino e de aprendizagem de Matemática envolve vários
elementos. Práticas, conceitos, abordagens e tendências fazem parte desse cenário...” (p.
39).
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A Educação Matemática se preocupa com o significado que a matemática assume por meio
de seu ensino e de sua aprendizagem, além de reflexões sobre avaliação, políticas públicas
da educação, entre outros ligados a esse processo.
A Educação Matemática será, pois, expressão vaga se não for concebida como
preenchendo-se, reflexiva e continuamente, dos significados que vêm da prática. A
Educação Matemática dá-se como uma reflexão na ação. Ação que ocorre num contexto no
qual vivemos com o outro: compartilhando vivências. Exige-se, portanto, dos que se lançam
à iniciativa de perscrutar os domínios dessa região do conhecimento, o conviver com a
perspectiva do outro, dialogicamente exercitando o respeito aos trabalhos coletivos. (Bicudo
& Garnica, 2002, p. 40).
Assim, como o uso do termo, também são recentes e poucas as pesquisas direcionadas ao
ensino e a aprendizagem dos conceitos de Estatística. Um obstáculo encontrado pelos
pesquisadores nessa área é ir além da ideia de quantitatividade que o trabalho com dados
estatísticos geralmente apresenta. A Educação Estatística é um campo de investigação que
tem também como finalidade o ensino e a aprendizagem dos conceitos estatísticos e de tal
modo contribuir para a uma aprendizagem mais significativa para seus alunos.
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Segundo Jacobini (1999), quando o pensamento estatístico é valorizado, as interpretações
prevalecem sobre os cálculos, e os conceitos são sempre trabalhados no sentido do por que
fazer. O como fazer decorre da necessidade de se precisar fazer. Há, portanto uma
abordagem qualitativa no âmbito da Estatística que soa sempre como quantitativa.
Para Bradstreet (1996), apud Wodewotzki & Jacobini (2004), enfatizar o pensamento
estatístico em cursos de Estatística significa direcionar o aprendizado para as etapas que
compõem uma pesquisa quantitativa e, não estudar isoladamente os métodos e os conceitos
estatísticos.
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Segundo Wodewotzki & Jacobini (2004), procuramos entender o pensamento estatístico sob
três enfoques, todos integrados entre si:
Pensamento Estatístico
Planejamento
Figura 1: esquema representativo do Pensamento Estatístico. Wodewotzki & Jacobini (2004), p. 235
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Para desenvolvimento de trabalhos direcionados ao estudo de conceitos de Estatística,
pesquisadores vêm relacionando tais trabalhos, entre outros, com a Modelagem Matemática,
a Tecnologia e a Educação a Distância, nos quais estimulam as interpretações ao invés de
predominarem os cálculos.
Considerações
A Educação Matemática abrange uma vasta área em Educação e nesse trabalho tem a
Educação Estatística como um de seus “braços”.
Educação Estatística é um termo recente, assim como suas pesquisas e grupos de estudos.
A importância do pensamento e do raciocínio estatístico, as exigências feitas pelas leis e
parâmetros da educação nacional é que geram as pesquisas nesse contexto. Em particular,
na pesquisa em andamento apresentada nesse trabalho, além dos fatores citados acima, a
escassez de trabalhos em Educação Estatística, direcionados ao ensino fundamental e
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médio, a crença na relevância desses e inquietações procedentes da prática docente na
educação básica compõem os principais agentes para realização da mesma.
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U NIDADE 22
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre a Educação Matemática
dentro de um contexto da Educação no Brasil.
Este artigo tem como objetivo contribuir para o debate sobre a educação matemática,
apresentando os diferentes olhares teóricos em que historicamente se tem pautado o ensino
da matemática. Situamos os aspectos socioeconômico, político e educacional, dominantes
em determinado momento histórico, que compuseram o contexto para perceber as origens e
diferenças de três períodos desse ensino, a saber: 1º período – Matemática Tradicional -
aproximadamente até a década de 50; 2º período – Matemática Moderna – década de 60 e
70; 3º período – Matemática atual da década de 80 aos dias de hoje. Nossa compreensão é
de que esta retrospectiva servirá como referencial para o entendimento da direção que o
ensino da matemática foi tomando no contexto mais geral no qual está inserido.
Introdução
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história da educação sistematizada por Romanelli (1987); no que diz respeito às tendências
pedagógicas, ancoramo-nos, sobretudo, nas ideias de Saviani (1989) e Libâneo (1986) e,
quanto ao ensino da matemática, em D’Ambrósio (1993), Fiorentini (1995), Kamii & DeClark
(1990), Miguel, Fiorentini & Miorim (1996), entre outros.
Tal estudo foi realizado com a pretensão de explicitar e descrever alguns modos,
historicamente produzidos no Brasil, de ver e conceber a melhoria do ensino da matemática,
e não com o propósito de enquadrar professores nessa ou naquela tendência.
Para Fiorentini (1995), tais tendências podem ser comparadas às representações sociais,
pois configuram-se como uma modalidade de conhecimento, socialmente elaborada e
partilhada, criada na prática pedagógica quotidiana que se alimenta de teorias científicas
como a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Filosofia, a Matemática, e de grandes
eixos culturais, de ideologias formalizadas, de pesquisas, de experiências de sala de aula e
das comunicações cotidianas.
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U NIDADE 23
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre a Educação Matemática
dentro de um contexto da Educação no Brasil – A Matemática Tradicional e a Matemática
Moderna – Continuação do texto anterior.
A MATEMÁTICA TRADICIONAL
Com o processo de industrialização iniciado nos anos 20, surgiu a necessidade de mão de
obra especializada, prontamente atendida pelos empresários que idealizaram uma educação
preparatória com vistas ao mercado de trabalho. Por isso, a generalização da educação
elementar deu-se de acordo com os interesses das classes sociais.
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algumas noções de geometria. Enfatizaram-se os procedimentos convencionais de cálculos,
os quais se traduziam em aprendizagem mecânica dos algoritmos, sem preocupação com
sua compreensão ou com sua fundamentação teórica.
O ensino secundário, cujos alunos, na sua maioria, buscavam a preparação para os cursos
superiores, geralmente pagos, destinou-se às elites. Os conteúdos de matemática se
distribuíam em três blocos: aritmética, álgebra e geometria, ensinados por diferentes
professores. Diferentemente do ensino desenvolvido nas séries iniciais, o ensino secundário
não teve nenhuma preocupação com o aspecto de utilização prática, assumindo, portanto,
um caráter puramente abstrato. Os professores, por sua vez, ou eram autodidatas ou
advindos de profissões liberais como engenharia.
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Segundo o modelo euclidiano, o conhecimento matemático é sistematizado seguindo uma
lógica a partir de elementos primitivos: definições, axiomas e postulados. E, de acordo com a
concepção platônica, é só através de um processo de recordação, de reminiscência, que os
homens descobrem as ideias matemáticas preexistentes em um modelo ideal e que estão
adormecidas em sua mente. Desse modo, as ideias matemáticas caracterizavam-se como
uma visão “estática, a histórica e dogmática” como se elas existissem por si sós,
independentes dos homens. As origens dessa concepção podem ser encontradas na
Teologia, que se apóia na ideia de que Deus criou cada homem em sua forma definitiva.
Desse modo, não se estimulava o raciocínio, a crítica e a autonomia, apontada por Piaget
1932, (apud Kamii & DeClarck,1990) como finalidade da educação.
Os objetivos do ensino de matemática eram concebidos não como aprendizagens, nas quais
os alunos devem se ancorar, mas como um fim em si mesmo. Dessa forma, se introduzia o
conhecimento aritmético, visando apenas a favorecer o desenvolvimento da atenção, do
raciocínio e da memória.
A MATEMÁTICA MODERNA
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humanos, fundamental para a caracterização do crescimento econômico e tecnológico da
sociedade.
Segundo Romanelli (1987), o sistema educacional pós 64 foi marcado por dois momentos: o
primeiro correspondeu à implantação do regime militar e ao delineamento da política de
recuperação econômica; esse período culminou com uma crise do sistema educacional a
qual serviu de pretexto para os chamados “Acordos MEC-USAID”. Esses acordos
contribuíram para o agravamento da crise educacional, provocando o aceleramento da
reforma universitária para frear as reivindicações advindas do movimento estudantil, e a
aprovação da Lei 5692/71 que fixou as Diretrizes e Bases para 1º e 2º graus.
O pensamento tecnicista, hoje, visto como mais um modismo que influenciou fortemente a
prática pedagógica desenvolvida nas escolas, reduziu o ensino à formulação de objetivos
através de uma prática formal e funcionalista. Dessa forma, a escola adotou a instrução no
lugar da educação, e os conteúdos e as técnicas de ensino passaram a ocupar lugar de
destaque no contexto educacional.
O segundo momento, ainda de acordo com Romanelli (1987), caracterizou-se pela adoção,
por parte do governo, de medidas práticas para o enfrentamento da crise, como também,
para adequação e integração do planejamento de educação ao Plano Nacional de
Desenvolvimento.
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formuladores desse movimento buscaram fundamentos metodológicos nos trabalhos de
Piaget para quem as estruturas fundamentais da matemática correspondiam a certas
categorias básicas do pensamento humano. E, partindo dessas premissas, insistiram na
necessidade de uma reforma pedagógica, fato que desencadeou a preocupação com a
Didática da Matemática. Para esses formuladores, o ensino da matemática deveria privilegiar
as estruturas fundamentais, uma vez que a compreensão dessas estruturas facilitaria o
processo de aprendizagem.
Desse modo, a matemática moderna foi fortemente influenciada pelo formalismo da escola
Bourbaki ao incorporar a ideia de estrutura, e pela teoria de Piaget, ao acreditar que a
Matemática deveria ser ensinada a partir das estruturas fundamentais.
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No início da década de 60, surgiram as primeiras propostas para implantação da matemática
moderna no Brasil. O GEEM (Grupo de Estudos sobre o Ensino da Matemática), fundado em
1961, em São Paulo, teve um papel decisivo, no que diz respeito à difusão desse movimento
e à edição dos livros didáticos.
A concepção de aprendizagem que fundamentou essa tendência do ensino tem suas raízes
no behaviorismo, segundo o qual a aprendizagem é sinônimo de mudanças comportamentais
que se dão através de estímulos. Essa corrente psicológica elegeu a “instrução programada”
como a técnica de ensino a ser desenvolvida e privilegiada.
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U NIDADE 24
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre a Educação Matemática
dentro de um contexto da Educação no Brasil – Rumos atuais no Ensino da Matemática –
Continuação do texto anterior.
Com o desgaste tanto da ditadura militar como do primeiro governo da Nova República e o
agravamento da crise econômica, o movimento de massas ganhou força e, entre eles, o dos
professores.
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outros, a preocupação com o ensino de 1° grau e seu currículo. A expansão do ensino do 1º
grau, a reformulação dos currículos, os procedimentos de avaliação passaram a ser
bandeiras de luta dentro das prioridades do momento.
É sabido que a divulgação dos trabalhos não só de Piaget, mas também de Vygotsky e
Wallon trouxe contribuições relevantes ao ensino da matemática no que diz respeito à
compreensão do processo do ensino-aprendizagem de crianças e jovens adolescentes.
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Convém lembrar que, a partir da década de 70, as interações entre psicólogos e educadores
da área de ensino de Ciências e Matemática se acentuaram e alguns desses estudos têm
avançado significativamente como, por exemplo, Vergnaud (1990), com a teoria dos campos
conceituais, Brousseau (1983), que discute os obstáculos epistemológicos e didáticos, e
Luria (1986), com a abordagem social do desenvolvimento psicológico da criança.
De acordo com essa abordagem, o sujeito não é visto como um ser que nasce com
capacidades prontas e nem o conhecimento encontra-se fora do sujeito, disponível para ser
simplesmente absorvido.
Fica evidente que tal abordagem possui elementos que se contrapõem à matemática como
produto, aos pressupostos que fundamentam o empirismo e o apriorismo sobre a natureza
do conhecimento e como este se constitui, e a simples transmissão de informações como
metodologia adequada a uma aprendizagem com compreensão.
Um dos aspectos que mais diferencia a abordagem construtivista das abordagens empirista
e racionalista, já discutidas anteriormente, é o compromisso com a transformação social que,
de acordo com Pernambuco (1992: 61):
“tenta elevar-se à condição de uma práxis reflexiva; que não se faz separado dos interesses
e forças sociais presentes num determinado contexto histórico; visto como uma produção
humana desenvolvendo estratégias que solicitam mais participação e criatividade do aluno,
procurando superar os fenômenos do medo e da ansiedade matemática”.
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U NIDADE 25
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre a Educação Matemática
dentro de um contexto da Educação no Brasil – Rumos atuais no Ensino da Matemática –
Continuação do texto anterior.
De acordo com a abordagem construtivista, “os erros”, fazem parte do processo constitutivo
do conhecimento, em qualquer área do conhecimento e não apenas na área da matemática.
Se, antes, os erros eram vistos como algo abominável, agora passaram a ser fonte de
reflexão para o professor, podendo ser indicador de algum obstáculo epistemológico para a
compreensão de conceitos matemáticos que estejam sendo ensinados. E têm sido objeto de
estudo no que se refere ao ensino-aprendizagem da matemática (Carvalho, 1990;
D’Ambrósio, 1993).
Esses estudos têm contribuído para o entendimento das formas de pensar do aluno e para a
reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Consideramos essas contribuições
valiosas, uma vez que, por trás do ‘”erro”, existe uma lógica e que é interessante o professor
ter essa compreensão quanto às formas de pensar do aluno.
Outra tendência crescente dos estudos mais recentes traduz-se no interesse, de alguns
estudiosos, pelas relações estabelecidas entre cultura e matemática e pelas noções lógico-
matemáticas desenvolvidas e usadas pelos alunos, fora da escola, de acordo com as
vivências e as necessidades do seu contexto sociocultural.
Sobre essa questão, D’Ambrósio (1993) aponta a experiência inovadora da PUC de São
Paulo, que reelaborou seus programas com o objetivo de formar professores pesquisadores.
Nos dias atuais, a didática da matemática, cuja finalidade é o conhecimento dos fenômenos
e processos relacionados ao ensino da matemática, tem como objeto de estudo a situação
didática definida por Brousseau 1982, (apud Gálvez,1996: 28) como:
SABER MATEMÁTICO
PROFESSOR ALUNO
O estudo das relações que envolvem essa tríade acima explicitada, ou seja, aluno, professor
e saber matemático, hoje, é considerado como um dos principais projetos de investigação
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em educação matemática, com vistas à transformação qualitativa do processo ensino-
aprendizagem da matemática.
Conclusão
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U NIDADE 26
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre a Educação Matemática e
sua re(construção) de sentidos.
Introdução
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Tendências educacionais e correntes pedagógicas da atualidade propõem, de modo geral,
uma abordagem de conteúdos capaz de contemplar o contexto social do estudante e suas
individualidades. Jean Piaget, juntamente a inúmeros estudiosos que compartilham de suas
ideias, defende o construtivismo e propõe um ensino de Matemática que ressalte situações
concretas. Paulo Freire, educador brasileiro de renome internacional, preocupa-se com o
educando inserido num contexto social a partir do qual se dará a inserção de conteúdos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, por sua vez, vêm sendo tomados no país como
instigadores do diálogo entre docentes e destes com o próprio meio social. Enquanto
diretrizes educacionais apontam a identificação de sentidos e significados da Matemática
para os estudantes como mecanismos de reconhecimento e consolidação de conexões
estabelecidas entre o conhecimento e o cotidiano, entre os diversos conteúdos, disciplinas e
áreas do conhecimento.
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U NIDADE 27
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre Matemática e Educação
Matemática: Re(construção) de Sentidos com base na representação social de acadêmicos –
Fundantes Teóricos – Continuação do texto anterior.
FUNDANTES TEÓRICOS
Conhecer e discutir elaborações consensuais e crenças faz parte das práticas educativas. É
papel dos educadores, sejam eles matemáticos ou não, reforçar ou refutar os sistemas de
crenças que permeiam o processo ensino-aprendizagem. Esse processo é eminentemente
um conjunto de práticas sociais fundamentadas na cultura própria dos grupos. Das crenças
originam-se os modelos científicos, daí a necessidade de conhecê-las.
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consequência, os métodos de ensino se desenvolvem impregnados de características
próprias do conteúdo abordado mas, na tarefa de disseminar o conhecimento, expõem
crenças, nuances e vertentes definidas através das práticas sociais.
Com a teoria das Representações Sociais, Moscovici defende que as crenças, bem como
seu processo de construção e a identificação de seu locus, não são descobertas do indivíduo
solitariamente. “Somos animais conversacionais, e só na conversação permanente, seja o
diálogo interior, seja o diálogo exterior, que podemos decidir quanto a isso.” (MOSCOVICI,
2003b, p. 3). Um método de ensino da Matemática, por exemplo, pode não trazer em si
mesmo precedentes para a (des)construção de sentidos relevantes à Educação Matemática,
mas no âmbito das práticas sociais em que se desenvolveu poderá reunir atributos de outros
determinantes do processo educacional.
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perpassam historicamente as representações sociais de cada grupo e contribuem por
delinear práticas escolares, nortear condutas e organizar sistemas de ensino.
“Ao professor é reservada alguma coisa mais nobre. Ao professor é reservado o papel
de dialogar, de entrar no novo junto com os alunos, e não o de mero transmissor do
velho.” (D’AMBRÓSIO, 1997, p.10). Os saberes compartilhados e socialmente
elaborados permitem a inserção de todos, definindo assim uma realidade comum. No
decorrer de sua prática pedagógica o educador aproxima-se “do processo pelo qual o
sentido de objetos torna-se concreto para o homem que, continuamente, o constrói, e,
neste mesmo processo, também, se constrói, isto é, adquire sentido, define-se”
(MADEIRA, 1998, p.7).
Neste sentido, a teoria das Representações Sociais pode mostrar-se como referencial de
análise de fatores intervenientes no processo de ensino e aprendizagem da Matemática
escolar; consequentemente, pode também desvelar fundantes de Educação Matemática. A
identificação e análise de constructos sociais e individuais acerca desse conhecimento, bem
como a caracterização de práticas sociais que delineiam a construção, se justificam mediante
a necessidade de articular teoria e prática, conhecimento e aplicação, descoberta e
operacionalização.
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U NIDADE 28
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre Matemática e Educação
Matemática: Re(construção) de Sentidos com base na representação social de acadêmicos –
Contexto da Pesquisa – Continuação do texto anterior.
CONTEXTO DA PESQUISA
Este estudo faz parte de pesquisas desenvolvidas em um grupo de pesquisa constituído por
professores e estudantes universitários, e cujo aporte teórico metodológico está centrado na
teoria das Representações Sociais. Desenvolveu-se vinculado a um programa de pesquisa
mais amplo, cujos objetivos norteiam-se pela necessidade de conhecer a representação
social da Matemática e suas relações com a formação do educador, o currículo e a gestão da
sala de aula.
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U NIDADE 29
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre Matemática e Educação
Matemática: Re(construção) de Sentidos com base na representação social de acadêmicos –
Discutindo Resultados e Concepções – Continuação do texto anterior.
A base empírica levantada nesse estudo permitiu observar inúmeras resistências em relação
à Matemática e à Educação Matemática: de gostos e preferências individuais a condições
socioeconômicas e fatores cognitivos, da forte presença da lei à ausência da ética nas
práticas de ensino e aprendizagem, de políticas de dominação à carência de politização, do
sigilo tendencioso do poder à omissão popular favorecida pela desinformação, do
enfrentamento à covardia, da formação docente à falta dela.
Mas seria mesmo possível visualizar tantos e tão profundos determinantes através de
questões tão singelas? Defende-se que sim, pois as representações sociais deixam a
descoberto as construções dos indivíduos enquanto seres sociais, aproximando-os através
de seus saberes. As mesmas se consolidam em nível de edificação das condutas,
difundindo, propagando, formando opiniões e atitudes.
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“conta”, “cálculo”, “fórmulas”, “soma”, “resultado”, dentre outras. O refinamento destas, com
agrupamento por semelhança de significados, levou a 12 e, por fim, a 4 categorias de
análise.
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Os elementos identificados apontam correlação entre o pensamento dos acadêmicos e
pontos que defendidos como fundamentais em Educação Matemática, tais como
contextualização do ensino, reconhecimento de finalidades científicas, sociais e culturais ou
desenvolvimento de habilidades associadas à justificação e à argumentação matemática. As
dificuldades de compreensão da matemática escolar, presentes na fala dos acadêmicos, não
anulam esta correlação; no entanto, contribuem por consolidar concepções limitadas acerca
do conhecimento matemático, reduzindo-o à condição de instrumental operatório.
2. operacional e subjetivada pelo gosto (“Muito bom para o raciocínio lógico” [BCC];
“Desenvolve o raciocínio” [BIO] “Para fazer cálculos os alunos precisam adquirir uma
breve inteligência e lógica”[FIS]; “Cálculos que desafiam a inteligência” [MAT]; “É
utilizado em toda nossa vida”[EEL]);
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aparecem associadas a metodologias utilizadas por professores e à dificuldade de
operacionalização, esta insistentemente associada a regras e cálculos.
Dentre categorias com menor frequência, porém com justificativas mais veementes,
encontram-se também várias outras concepções. As mais frequentes são: dinheiro – “Sem a
Matemática nada sobre estas palavras haveria” [COM]; estudos – “Se referindo à
Matemática, o lema é estudar, estudar e estudar” [LET]; exatidão – “Quando aplicada
corretamente é exata” [EFI]; importância – “É a base de tudo” [ADM]; lógica – “Gera
silogismos muitas vezes corretos” [DIR]; loucura – “Somente malucos tem coragem de fazer
este curso [COM].
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dirigir um automóvel é preciso também educar os sentidos, educar as emoções, conhecer as
regras de trânsito e tornar-se habilitado para tal. Por mais autodidatas que se posicionem os
indivíduos ou por mais sensório-motores que sejam os novos conhecimentos, em todas as
circunstâncias existirá um eu e um outro. Ou seja, o processo educacional sustenta-se por
trocas e compartilhamentos. Um dispõe, e expõe sem expropriar-se, de algum conhecimento
do qual o outro poderá se apropriar.
Tais angústias estão presentes na representação social dos acadêmicos e cujas respostas
se adensam estimulando interpretações mais específicas, com destaque para a
interpenetração cultural e a polifasia cognitiva que permeia as práticas em Educação
Matemática.
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U NIDADE 30
Objetivo: Apresentar para reflexão as principais discussões sobre Matemática e Educação
Matemática: Re(construção) de Sentidos com base na representação social de acadêmicos –
Considerações Finais – Conclusão do texto anterior.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As representações sociais, por sua vez, organizam-se como passarelas entre o mundo
individual e o mundo social através da comunicação. Assim, seja através do conhecimento
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matemático que perpassa as relações cotidianas seja nos conteúdos matemáticos presentes
no contexto escolar, a representação social dos acadêmicos envolvidos aponta um lugar
específico de troca na organização desse conhecimento. Destaca-se no grupo a influência de
familiares, amigos e professores, tanto nas escolhas quanto no processo de apropriação
desse conhecimento.
De modo mais incisivo, a relação com professores foi a mais pontuada, visto que o sucesso
ou insucesso no decorrer do processo também esteve vinculado a posturas e práticas
desencadeadas por professores em sala de aula, de modo especial a partir das séries finais
do ensino fundamental. Dessa forma, as respostas anunciam uma Matemática que vai
gradativamente assumindo a condição de conhecimento abstrato, formal e de domínio
restrito aos que frequentarem por mais tempo a escola.
A representação tem como núcleo central a identificação entre Matemática e número. Esta
realidade pode ser motivada pelo lugar historicamente constituído do conhecimento
matemático; este, ao permear as práticas sociais, torna-se familiar e legítimo. Pode também
ser resultante de práticas escolares excludentes, a partir das quais os lugares sociais vão
gradativamente se definindo e muitos dos estudantes vão se condicionando ao lugar que
lhes for conferido.
As práticas de (in)exclusão podem, por vezes não serem questionadas nas vivências de
cada grupo social; porém vêm sempre se constituindo também como objeto de reflexão em
Educação Matemática. Do que se pode observar neste estudo, as condutas decorrentes não
apagam da representação a resistência e o enfrentamento. Uma vez construída, a
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representação torna-se latente e contribui por identificar, posicionar, orientar e reforçar a
identidade individual e do grupo.
E, finalmente, ao discutir sentidos da Matemática construídos pelo sujeito e seu grupo social,
este estudo delineou reflexões sobre incorporação, construção e reconstrução das
informações do universo reificado das ciências (o que é Matemática, ensino de Matemática,
Educação Matemática e conhecimento matemático) ao universo sociocultural e vice-versa.
As trocas simbólicas ocorridas nesse processo consolidam as representações, que fazem
avançar o conhecimento e auxiliam os indivíduos na formação de si próprios e de seu grupo
de pertença.
Antes de iniciar sua Avaliação On-line, é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.
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Antes de iniciar sua Avaliação On-line, é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.
Atividade Dissertativa
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G LOSSÁRIO
Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Glossário em sua
sala de aula, no site da ESAB.
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B IBLIOGRAFIA
Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Bibliografia em sua
sala de aula, no site da ESAB.
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