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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS


DEPARTAMENTO DE ALIMENTOS E NUTRIÇÃO

Desenvolvimento, Caracterização e Aplicações de Biofilmes a Base de


Pectina, Gelatina e Ácidos Graxos em Bananas e Sementes de
Brócolos.

JULIANA ALVES BATISTA


Bacharel em Ciências Biológicas – modalidade médica

CARLOS RAIMUNDO FERREIRA GROSSO


Orientador

Dissertação apresentada à Faculdade de


Engenharia de Alimentos, da Universidade
Estadual de Campinas, para obtenção do
título de Mestre em Alimentos e Nutrição.

Campinas – 2004
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA FEA – UNICAMP

Batista, Juliana Alves


B32d Desenvolvimento, caracterização e aplicações de
biofilmes a base de pectina, gelatina e ácidos graxos em
bananas e sementes de brócolos / Juliana Alves Batista. –
Campinas, SP: [s.n.], 2004.

Orientador: Carlos Raimundo Ferreira Grosso


Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de
Campinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos.

1.Biofilme. 2.Pectina. 3.Gelatina. 4.Banana.


5.Sementes. I.Grosso, Carlos Raimundo Ferreira.
II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de
Engenharia de Alimentos. III.Título.

ii
BANCA EXAMINADORA

________________________________
Dr. Carlos Raimundo Ferreira Grosso
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

(Orientador)

________________________________
Dr. Fábio Yamashita
Universidade Estadual de Londrina (UEL)

(membro)

________________________________
Dr. Francisco Antonio Passos
Instituto Agronômico de Campinas – Centro de Horticultura (IAC)

(membro)

________________________________
Dra. Florência Cecília Menegalli
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

(suplente)

iii
Aos meus pais, avós e ao Edson,

pelos quais tenho total admiração!!!

DEDICO

v
AGRADECIMENTOS

A Deus, acima de tudo!

Aos meus pais por nunca terem negado uma ajuda, quando podiam, pelo eterno
apoio em minha escolha profissional e pelo carinho. Aos meus avós, por cada gesto,
palavra ou ato realizado!

Ao meu orientador Carlos pelo apoio, compreensão, pelas sugestões ao longo do


trabalho, amizade e oportunidades oferecidas. Também, por não me deixar esquecer
todo final de tarde do “horário do AVA” para que eu pudesse voltar para casa!

Aos professores Fábio e Florência pelas sugestões e críticas construtivas na


escrita da dissertação.

Ao Francisco pela minuciosa correção do “boneco” da dissertação, pelas


sugestões e auxílios práticos oferecidos no decorrer do trabalho realizado no IAC, pelo
material fornecido e por sempre estar disposto a ajudar e discutir um trabalho, em
busca de novas e melhores idéias.

Ao Edson pela paciência, carinho, por toda a ajuda oferecida no decorrer do


trabalho e pelo constante incentivo na busca dos meus ideais.

Aos meus queridos irmãos pelos bons momentos de descontração e por terem
tido paciência comigo (e eu com eles!) durante algumas etapas difíceis do trabalho.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado.

À Fara pelo auxílio em meu estágio, por todo o ensinamento na área de


biofilmes, pela alegria sempre presente, pelas sugestões, pelo trabalho que desejou
compartilhar comigo, enfim, pela bondade e boa vontade ... sempre!

vii
A todos do Laboratório de Controle de Qualidade: Larissa, por todas as vezes
que pudemos discutir e compartilhar os esforços realizados para finalizar a dissertação,
pelos momentos de descontração, por conhecer e dar sugestões em meu trabalho,
enfim... sempre amiga; Patrícia, pelo auxílio oferecido durante a etapa de aplicação das
coberturas nas sementes, pelas dicas laboratoriais, grande amizade e trabalhos
realizados; Iza, por sempre estar disposta a ajudar as pessoas ao redor; Renata, Ana
Silvia, Taciana, Noemy, Maísa, Paula, Karina, Andréa, Gustavo pelos momentos de
descontração e por, de alguma forma, auxiliar no trabalho. Às estagiárias Paula, Priscila
e Greice.

Pelos bons momentos ao lado dos amigos, professores e funcionários do


DEPAN: Patrícia T., Selma, Fábio, Lia, D. Nice, Paulo Sérgio, Aline, Dani, Suzy, Duda,
Sônia, Vera, Beth, Janai, Helenice, Patrícia C., Luciano, Carol, Célio, Flávia, Helena,
Débora, Carla, Suzana, Graça, Fátima, Cidinha, Chico (por auxiliar nas análises de cor
e textura, em especial!), Magda, enfim, a todos.

Ao Honorato (DEA), Fer (DTA), Jú e Daniel (IB), a Érika (FEQ). À Kity e à Rose
pela ajuda no início do trabalho.

Ao prof. Assis e à Alice por permitirem a realização das análises de


permeabilidade ao oxigênio.

Ao Paulo T. (IAC – Centro de Horticultura), por conceder os materiais e auxiliar


na etapa de plantio das sementes de brócolos, pela amizade e sugestões no decorrer
do trabalho.

Ao Cláudio (SP), pelo auxílio computacional!

Ao Flávio e toda a equipe da CPKelco por fornecerem a pectina. À Leiner Davis e


à Rhodia, por fornecerem a gelatina e a triacetina, respectivamente.

viii
Ao Cláudio M., produtor de bananas do município de Sumaré (SP), por fornecer
a fruta, pela bondade e disposição em ajudar e fornecer informações práticas do cultivo
de bananas.

Aos srs. Gercel e Dirce por sempre fornecerem materiais escritos relacionados a
meus estudos.

Aos pequeninos sobrinhos Pedro e Gabriel e ao priminho Matheus por me darem


tanta alegria desde que vieram ao mundo.

A todos os amigos e companheiros diários das viagens de ida e volta da


Unicamp e, claro..., ao grande amigo e motorista Reginaldo, pela boa vontade e alegria
contagiante, pelo transporte e por sempre nos oferecer o melhor!!!

Aos amigos e professores da graduação, pelo incentivo e grande torcida!!!

Enfim, a todos os que de alguma forma contribuíram para a realização deste


trabalho.

ix
ÍNDICE GERAL p.

ÍNDICE DE FIGURAS....................................................................................... xv

ÍNDICE DE TABELAS...................................................................................... xvii

RESUMO........................................................................................................... xix

SUMMARY........................................................................................................ xxi

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................... 3
2.1. Biofilmes.................................................................................................. 3
2.2. Pectina..................................................................................................... 5
2.3. Gelatina................................................................................................... 8
2.4. Ácidos graxos.......................................................................................... 10
2.5. Filmes compostos.................................................................................... 12
2.6. Agente plastificante................................................................................. 12
2.7. Solvente e ajustadores de pH................................................................. 14
2.8. Espessura............................................................................................... 15
2.9. Características sensoriais....................................................................... 16
2.9.1. Aspectos táctil e visual...................................................................... 16
2.9.2. Aroma e sabor................................................................................... 16
2.10. Cor e opacidade.................................................................................... 16
2.11. Propriedades de barreira....................................................................... 17
2.12. Solubilidade........................................................................................... 19
2.13. Propriedades mecânicas....................................................................... 19
2.14. Microscopia........................................................................................... 21
2.15. Aplicação dos biofilmes......................................................................... 21

xi
2.16. Amadurecimento e transformações bioquímicas de bananas............... 25
2.16.1 Mecanismo respiratório.................................................................... 28
2.17. Brócolos................................................................................................. 31
2.18. Germinação de sementes..................................................................... 32

3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................. 35
3.1. Materiais.................................................................................................... 35
3.2. Combinação de pectina (PEC) com cloreto de cálcio (CaCl2).................. 35
3.3. Elaboração e caracterização da melhor combinação da solução de PEC
adicionada de CaCl2............................................................................................ 36
3.4. Fluxogramas do desenvolvimento e caracterização dos filmes................ 36
3.5. Elaboração de filmes compostos de PEC e ácido esteárico (AE) com
variação do teor de triacetina.............................................................................. 38
3.6. Procedimento para elaboração dos filmes compostos............. 39
3.6.1. Filmes compostos de pectina (PEC) e ácidos graxos......................... 39
3.6.2. Filmes compostos de pectina adicionados da blenda de ácidos
graxos.................................................................................................................. 40
3.6.3. Elaboração dos filmes compostos de pectina/gelatina
(PEC/GEL)........................................................................................................... 40
3.6.4. Filmes compostos de pectina/gelatina e adicionados da blenda de
ácidos graxos...................................................................................................... 41
3.7. Caracterização dos filmes......................................................................... 42
3.7.1. Análise visual....................................................................................... 42
3.7.2. Espessura do filme.............................................................................. 42
3.7.3. Permeabilidade ao vapor de água...................................................... 42
3.7.4. Propriedades mecânicas..................................................................... 43
3.7.5. Solubilidade em água.......................................................................... 44
3.7.6. Permeabilidade ao oxigênio................................................................ 44
3.7.7. Opacidade dos filmes.......................................................................... 45

xii
3.7.8. Microestrutura dos filmes.................................................................... 45
3.8. Aplicação das soluções filmogênicas como coberturas para
bananas............................................................................................................. 46
3.8.1. Coleta da fruta................................................................................... 46
3.8.2 Cobertura das bananas........................................................ 46
3.8.3 Análises realizadas nas bananas....................................................... 47
3.8.3.1. Perda de massa.......................................................................... 47
3.8.3.2. Cor............................................................................................... 48
3.8.3.2.1. Adaptação realizada no colorímetro......................................... 48
3.8.3.3. Dureza......................................................................................... 49
3.9. Cobertura em sementes.......................................................................... 51
3.9.1 Plantio das sementes......................................................................... 51
3.9.2. Velocidade de emergência................................................................ 52
3.9.3. Massa das matérias fresca e seca das plantas............................... 52
3.10. Análise estatística.................................................................................. 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... 55
4.1. Ensaios preliminares............................................................................... 55
4.1.1. Combinação pectina (PEC) com cloreto de cálcio (CaCl2)............... 55
4.1.2. Limite de compatibilidade da triacetina............................................. 57
4.1.2.1. Adição de triacetina nos filmes de pectina.................................. 57
4.1.2.2. Adição de triacetina nos filmes de pectina adicionados de ácidos
graxos.................................................................................................... 58
4.2. Processo de secagem dos filmes............................................................ 61
4.3. Espessura dos filmes.............................................................................. 61
4.4. Aspecto visual dos filmes........................................................................ 62
4.5. Caracterização dos filmes a base de PEC adicionados de ácidos
graxos................................................................................................................ 62
4.5.1. Permeabilidade ao vapor de água..................................................... 62
4.5.2. Solubilidade em água........................................................................ 66

xiii
4.5.3. Propriedades mecânicas dos filmes.................................................. 66
4.6. Caracterização dos filmes compostos de pectina/gelatina adicionados ou
não de ácidos graxos......................................................................................... 69

4.6.1. Permeabilidade ao vapor de água..................................................... 70


4.6.2. Solubilidade....................................................................................... 71
4.6.3. Propriedades mecânicas................................................................... 73
4.7. Permeabilidade ao oxigênio.................................................................... 75
4.8. Opacidade dos filmes.............................................................................. 76
4.9. Microestrutura dos filmes........................................................................ 79
4.10. Aplicação de coberturas em bananas................................................... 85
4.10.1. Perda de massa.............................................................................. 85
4.10.2. Dureza............................................................................................. 87
4.10.3. Cor................................................................................................... 92
4.10.3.1 Adaptação do orifício de abertura do colorímetro...................... 92
4.10.3.2 Efeito da cobertura na cor das frutas durante o
armazenamento................................................................................................. 93

4.10.4 Quantidade de solução filmogênica utilizada nas bananas.............. 99


4.11. Aplicação de coberturas em sementes de brócolos.............................. 101

5. CONCLUSÕES............................................................................................. 109

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 111

Anexos.............................................................................................................. 133

Anexo 1.............................................................................................................. 133


Anexo 2 ............................................................................................................. 137

xiv
ÍNDICE DE FIGURAS p.

Figura 1: Estrutura molecular da pectina .............................................................................. 6


Figura 2: Estrutura química da gelatina ................................................................................ 9
Figura 3: Fluxograma da elaboração e caracterização dos filmes compostos de pectina e
ácidos graxos......................................................................................................................... 37
Figura 4: Fluxograma da elaboração e caracterização dos filmes a base da mistura de
pectina e gelatina................................................................................................................... 38
Figura 5: Obtenção da medida de dureza das bananas com o auxílio do aparelho
Texturômetro TA-TX2............................................................................................................. 49
Figura 6: Diagrama de fases das diferentes combinações de PEC e
CaCl2....................................................................................................................................... 56
Figura 7: Determinação da opacidade dos filmes (onde PVC=policloreto de vinila; Pec ou
P=pectina; G=gelatina; AE=ác. Esteárico; AP=ác. Palmítico; AL=ác.
Láurico)................................................................................................................................... 77
Figura 8: Imagens fotográficas obtidas através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) dos filmes: a, pectina com 6% de ácido láurico (300X); b, pectina com 6% de ácido
palmítico (300X); c, pectina com 6% de ácido esteárico (300X); d, pectina com 6% da
blenda (1:1:1) dos ácidos graxos (300X)............................................................................... 81
Figura 9: Imagens fotográficas obtidas através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) dos filmes compostos: a, pectina/gelatina (1:1) (300X); b, pectina/gelatina (1:1)
adicionado de 6% da blenda de ácidos graxos (1:1:1)
(300X)..................................................................................................................................... 83
Figura 10: Perda de massa da banana ‘Nanica’ ao longo do período de
armazenamento...................................................................................................................... 86
Figura 11: Dureza das bananas ao longo do período de armazenamento.......................... 88
o
Figura 12: Corte realizado nas bananas submetidas à análise de dureza no 6 dia de
armazenamento...................................................................................................................... 89
Figura 13: Valores dos parâmetros L, a, b obtidos no colorímetro Hunterlab durante o
período de armazenamento das bananas (20,6 a 23,5oC e 39 a 51% de umidade relativa

xv
do ambiente)........................................................................................................................... 94
Figura 14: Buquês de bananas fotografadas no 1o (a), 2o (b), 4o (c), 6o (d) e 8o dia (e) de
armazenamento (20,6 a 23,5oC e 39 a 51% de umidade relativa do ambiente) (onde,
CONTROLE=bananas sem cobertura; PEC/AE=bananas com cobertura a base de pectina
+ 6% de ácido esteárico e PEC/GEL=bananas com cobertura a base de pectina/gelatina
1:1).......................................................................................................................................... 95
Figura 15: Variação da cor (∆E) das bananas durante o período de armazenamento (20,6
a 23,5oC e 39 a 51% de umidade relativa do ambiente)........................................................ 97
Figura 16: Aspecto da cobertura PEC/GEL quando deslocada da casca da
banana.................................................................................................................................... 99
Figura 17: Emergência de plantas mantidas em casa-de-vegetação, durante 27
dias......................................................................................................................................... 103

Figura 18: aspecto visual das plantas emergidas no 23o dia após o plantio de sementes
de brócolos ((onde a=tratamento controle; b=pectina + 6% ácido esteárico; c=pectina +
6% ácido esteárico + nutrientes; d=pectina/gelatina 1:1; e=pectina/gelatina 1:1 +
nutrientes)............................................................................................................................... 105

xvi
ÍNDICE DE TABELAS p.

Tabela 1: Estágios de amadurecimento em relação a cor da casca de


bananas............................................................................................................. 27
Tabela 2: Caracterização dos filmes de pectina (PEC) na presença ou não
do cloreto de cálcio (CaCl2)............................................................................... 57
Tabela 3: Caracterização dos filmes a base de pectina (PEC), a 25oC,
variando o teor de triacetina (Tri) e ácido esteárico (AE), quanto a
espessura, permeabilidade ao vapor de água (PVA), resistência à tração
(RT) e elongação (E)......................................................................................... 60
Tabela 4: Espessura e permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes
compostos de PEC e ácidos graxos (a 25oC)................................................... 64
Tabela 5: Resistência à tração (RT) e elongação (E) dos filmes compostos
de PEC e ácidos graxos (a 25oC)...................................................................... 68
Tabela 6: Permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes compostos de
pectina/gelatina (PEC/GEL) adicionados ou não da blenda (ble) de ácidos
graxos................................................................................................................ 70
Tabela 7: Caracterização dos filmes (a 25oC) compostos de pectina/gelatina
(PEC/GEL) adicionados ou não da blenda (ble) de ácidos graxos................... 72
Tabela 8: Resistência à tração (RT) e elongação (E) dos filmes compostos
pectina/gelatina (PEC/GEL) e blenda (ble) de ácidos graxos........................... 74
Tabela 9: Permeabilidade ao oxigênio dos filmes de pectina (PEC)
adicionados de ácidos graxos e dos filmes compostos pectina/gelatina
(PEC/GEL) com e sem adição da blenda (ble) de ácidos................................. 76
Tabela 10: Média e desvio padrão dos parâmetros L, a e b das diferentes
cores de azulejos utilizados para ensaio experimental no colorímetro com
orifício de 1 e 0,25 polegada de diâmetro......................................................... 93
Tabela 11: Caracterização dos diferentes tratamentos de sementes de
brócolos............................................................................................................. 93

xvii
RESUMO

O desenvolvimento e a aplicação de filmes ou coberturas biodegradáveis são técnicas


praticadas há vários anos que visam promover melhoria na qualidade do produto
embalado ou revestido. O objetivo do presente trabalho foi desenvolver e caracterizar
filmes a base de pectina e ácidos graxos e da mistura pectina/gelatina, adicionados ou
não de ácidos graxos, e verificar sua eficiência como cobertura para bananas e
sementes de brócolos. Os filmes foram caracterizados quanto às propriedades de
barreira à água e ao oxigênio, solubilidade em água, propriedades mecânicas,
opacidade e microscopia eletrônica de varredura (MEV). A adição crescente dos ácidos
láurico, palmítico e esteárico e da mistura (blenda) desses ácidos (1:1:1) em todos os
filmes elaborados promoveu um aumento da permeabilidade ao vapor de água,
verificando-se através da MEV que não houve incorporação desse material lipídico na
matriz filmogênica. Filmes compostos de pectina/gelatina apresentaram aumento da
permeabilidade ao vapor de água e da opacidade, diminuição da resistência à tração e
aumento da elongação, quando a blenda de ácidos graxos foi adicionada. Os filmes
compostos com maior proporção de gelatina apresentaram a menor solubilidade em
água. Todos os filmes caracterizados quanto à permeabilidade ao oxigênio
apresentaram resultados semelhantes. A partir dos filmes obtidos com menor
permeabilidade ao vapor de água e alta resistência à tração, as soluções filmogênicas
foram elaboradas e aplicadas como cobertura para banana ‘Nanica’ e para sementes
de brócolos ‘Ramoso’. Durante o armazenamento das bananas foram realizadas
análises de cor, perda de massa e textura a cada dois dias. A contagem e observação
de sementes germinadas foi realizada em média a cada três dias e ao final do
experimento as plantas foram submetidas a quantificação do teor de matérias fresca e
seca. As bananas com aplicação de cobertura apresentaram menor perda de massa e
menor índice de dureza em relação ao controle. A aplicação tornou-se inviável devido a
perda acentuada da dureza da fruta. No caso das sementes de brócolos, as coberturas
filmogênicas não afetaram a emergência das plantas.

Palavras-chave: biofilmes, pectina, gelatina, banana, sementes de brócolos.


xix
SUMMARY

The development and application of edible films and coatings have been studied
for a long time in order to improve the quality of a packed or coated product. The
objective of this work was the development and characterization of pectin-based edible
films with fatty acids and pectin/gelatin blend films with the addition of fatty acids or not
and the application as coatings for bananas and broccoli seeds. Water vapor and
oxygen permeability, solubility in water, mechanical properties, opacity and surface
morfology were measured for the films. The addition of increasing concentrations of
lauric, palmitic and stearic acid and their blend (1:1:1 v/v/v) increased water vapor
permeability that was verified by the scanning electron microscopy that showed no
incorporation of these lipids into the film matrix. Films with gelatin/pectin blend showed
higher water vapor permeability, opacity and elongation and lower tensile strength when
the fatty acids blend was additioned. Films with higher concentration of gelatin had lower
solubility in water. There was no significant difference in oxygen permeability between all
the films. Films with lower water vapor permeability and higher tensile strength were
used as coatings for the application on ‘Nanica’ bananas and ‘Ramoso’ broccoli seeds.
Weight loss, firmness retention and color were analyzed in each 2 days during the
storage of bananas. For the seeds, counting and visual observation of the germinated
seeds were effected in each 3 days, and the fresh and dried weight of the plants were
determined in the end of the experiment. The coated bananas showed lower weight loss
and also firmness retention than the control. The coating application is unfeasible due to
the high loss of texture. The coated seeds showed no negative effect of the coating to
the growing of the plants.

Key words: biofilms, pectin, gelatin, banana and broccoli seeds.

xxi
1. INTRODUÇÃO

A demanda por alimentos de alta qualidade e durabilidade é crescente, o que


requer de produtores e fornecedores uma maior atenção quanto à conservação dos
mesmos. Além dos processos químicos e físicos o emprego de embalagens pode
auxiliar na conservação dos produtos. No entanto, há uma crescente preocupação em
relação ao descarte dos materiais sintéticos. Embora sejam resistentes mecanicamente
e eficientes como barreira à água e a gases, não são biodegradáveis, representando
assim um sério risco ao meio ambiente (THARANATHAN, 2003). Diante dessa
situação, diversos trabalhos vêm sendo realizados buscando desenvolver e empregar
materiais biodegradáveis no envolvimento de produtos alimentícios.

Como alternativa aos filmes de origem sintética, biofilmes ou filmes


biodegradáveis, constituídos de materiais biológicos, como hidrocolóides e lipídios vem
sendo empregados há alguns anos em produtos alimentícios. O desenvolvimento e a
caracterização desses filmes vêm sendo fortemente estudados, pois podem atuar como
barreira a elementos externos como água e gases e ainda promoverem melhorias na
resistência de alguns produtos em relação ao manuseio ou transporte. Além disso, aos
filmes podem ser incorporados aditivos alimentícios, agentes antimicrobianos e
fármacos. Quando aplicados e secos diretamente na superfície de um produto esses
materiais biodegradáveis recebem a denominação de coberturas.

Além de serem compostos normalmente utilizados como agentes espessantes


em produtos alimentícios, a pectina e a gelatina podem ser constituintes de formulações
filmogênicas aplicáveis em alimentos. Filmes e coberturas de polissacarídeos e
proteínas apresentam alta permeabilidade ao vapor de água, baixa ao oxigênio e são
resistentes mecanicamente. Em oposição, encontram-se os lipídios que são eficientes
como barreira à água, mas são bastante quebradiços (KESTER; FENNEMA, 1986). Os
filmes podem ainda apresentar alta ou baixa solubilidade em água, sendo importante
estudar sua aplicação para conhecimento da eficiência.

1
Cada material utilizado na elaboração de filmes ou coberturas apresenta
vantagens e desvantagens, sendo que a combinação deles pode promover melhoria
nas características desejadas, em relação a utilização individual.

A aplicação de coberturas filmogênicas em frutas pode promover mudanças no


aspecto visual, textura, composição de gases, perda de massa e prorrogar a vida útil
das mesmas. Já em sementes de hortaliças as coberturas podem facilitar o manuseio e
sua distribuição no plantio, retardar o processo de deterioração e ainda serem agentes
carregadores de nutrientes ou agrotóxicos (DADLANI; SHENOY; SESHU, 1992).

Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento e caracterização de filmes a


base de pectina, gelatina e ácidos graxos e a aplicação de coberturas em bananas e
sementes de brócolos para avaliar a eficiência desses materiais na perda de massa, cor
e dureza da fruta, bem como no vigor das sementes.

2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Biofilmes

O uso de embalagens é importante, pois favorece a preservação da qualidade de


um alimento. Aquelas constituídas por materiais sintéticos apresentam um período de
degradação no ambiente maior quando comparadas a embalagens constituídas por
proteínas, polissacarídeos e/ou lipídios, denominadas biodegradáveis (CALLEGARIN
et. al., 1997). Estas, também conhecidas como biofilme, ou filme comestível,
constituem-se em uma embalagem alternativa.

A solução filmogênica quando aplicada e formada diretamente na superfície do


produto recebe a denominação de cobertura, enquanto que os filmes são materiais
aplicados ao produto após serem formados (secos) separadamente (THARANATHAN,
2003).

O uso dos filmes ou coberturas comestíveis data dos séculos XII e XIII, na China,
onde laranjas e limões eram revestidos por uma camada de cera. Na Inglaterra, durante
o século XVI, diversos produtos alimentares eram recobertos por gordura animal a qual
funcionava como uma barreira de proteção à desidratação do alimento
(HARDENBURG, 1967 citado por BALDWIN, 1994).

A utilização dos filmes visa controlar a migração de água de um sistema


alimentício, a permeabilidade ao oxigênio, ao dióxido de carbono, a migração lipídica,
manter qualidades desejáveis em um alimento relacionadas a cor, sabor, aroma,
doçura, acidez e textura e, ainda, podem conter aditivos alimentícios como
antioxidantes e antimicrobianos, os quais visam retardar a taxa de deterioração
(McHUGH; KROCHTA, 1994a; KESTER; FENNEMA, 1986).

3
Para a elaboração de uma solução filmogênica são necessários constituintes
básicos como: polímeros de alto peso molecular, denominados agentes formadores
(lipídios, proteínas e polissacarídeos), solvente (água e etanol), agente plastificante
(glicerol, sorbitol e triacetina) e agente ajustador de pH. Cada um desses materiais é
utilizado buscando oferecer determinadas características para o biofilme.

A formação dos filmes geralmente envolve associações inter e intramoleculares


ou ligações cruzadas de cadeias de polímeros formando uma rede tridimensional semi-
rígida que retém o solvente (THARAHATHAN, 2003).

Dentre os principais mecanismos de formação de filmes mencionam-se a


precipitação simples, a complexa e a geleificação térmica. Quando uma solução
apresenta precipitação ou sofre mudança de fase, por evaporação do solvente, por
adição de outro solvente cuja molécula é insolúvel ou por modificação estrutural, o
processo é chamado precipitação simples. A precipitação composta baseia-se na
combinação de duas soluções de macromoléculas de carga oposta, provocando
interação e precipitação do complexo de polímeros. Na geleificação térmica ocorre uma
transição sol-gel resultante do aquecimento de certas proteínas, as quais sofrem
desnaturação e precipitação, ou ainda causada por resfriamento de uma dispersão de
hidrocolóides (KESTER; FENNEMA, 1986).

Qualquer que seja o processo de produção, a transformação da solução


filmogênica em filmes ou coberturas é conseqüência de interações intermoleculares,
que se traduzem em forças estruturais (CARVALHO, 1997).

Dentre os biopolímeros utilizados na elaboração dos biofilmes há algumas fontes


de proteínas, polissacarídeos e seus derivados, comumente encontrados na literatura:
glúten (TANADA-PALMU; GROSSO, 2002; GONTARD et. al., 1994), gelatina
(CARVALHO, 2002; FAKHOURI, 2002; SOBRAL, 1999), isolado proteico de soja (RHIM
et. al., 1999), caseína (CHICK; HERNANDEZ, 2002), proteína do soro do leite

4
(GALIETTA et. al., 1998; McHUGH; KROCHTA, 1994a), celulose (AYRANCI; TUNC,
2001), alginato (CHA et. al., 2002), pectina (MARINIELLO et. al., 2003; FISHMAN;
COFFIN, 1998), carragena (CHA et. al., 2002), quitosana (JEON; KAMIL; SHAHIDI
2002; BUTLER et. al. 1996; WONG et. al. 1992), gelana (YANG; PAULSON, 2000a,
2000b), entre outros.

Como fontes de componentes lipídicos constituintes de filmes ou coberturas


podem ser utilizadas as ceras, monoglicerídeos e ácidos graxos, geralmente
adicionados aos filmes em associação a proteínas ou polissacarídeos (MARTIN-POLO
et. al., 1992).

Filmes constituídos de proteínas e polissacarídeos geralmente apresentam


propriedades mecânicas adequadas a algumas aplicações, permeabilidade seletiva aos
gases oxigênio e dióxido de carbono e aos aromas, porém não atuam como bons
constituintes de barreira à umidade devido a suas características hidrofílicas. Por outro
lado, filmes elaborados apenas com lipídios, devido à característica hidrofóbica, são
resistentes a passagem de água o que denota uma permeabilidade ao vapor de água
reduzida, porém apresentam-se muito quebradiços o que reflete em baixa resistência
mecânica (PÉROVAL et.al., 2002; PARK et. al. 1994; GALLO et. al. 2000; YANG;
PAULSON, 2000a; NISPEROS-CARRIEDO, 1994). Os filmes lipídicos apresentam-se
ainda, opacos e podem promover sabores estranhos resultantes de processos
oxidativos (GALLO et. al. 2000).

Dessa forma, para que haja uma melhora das características funcionais dos
filmes geralmente são realizadas misturas de hidrocolóides (proteínas ou
polissacarídeos) com substâncias hidrofóbicas (lipídios), originando assim filmes
compostos. Quando os polímeros são combinados eles podem interagir física e
quimicamente e resultar em filmes com melhores propriedades (SHIH, 1996).

5
2.2. Pectina

Pectina é um polissacarídeo solúvel em água, comumente utilizada como agente


espessante em alimentos pelo fato de promover um aumento de viscosidade quando
submetida à hidratação. Geralmente é obtida a partir da casca e polpa de frutas cítricas
ou maçã, ou ainda, de sementes de girassol e polpa de beterraba (THAKUR; SINGH;
HANDA, 1997). As pectinas contribuem para a firmeza e estrutura de tecidos de plantas
atuando na parede celular de forma semelhante a observada em tecidos de origem
animal, como por exemplo o colágeno (ASPINALL, 1970).

Quimicamente as pectinas são compostas por uma cadeia linear de ácido


galacturônico ligado por associação α(1,4) em uma cadeia polissacarídea (LOOTENS
et. al., 2003), conforme apresentado pela Figura 1. Muitas das unidades do ácido
galacturônico são esterificadas com metanol e o grupo éster pode ser facilmente
removido pela ação de enzimas (MAY, 1997).

Figura 1: Estrutura molecular da pectina (BOBBIO; BOBBIO, 1992).

Comercialmente há pectinas de alto teor de esterificação as quais contém acima


de 50% de seus grupos carboxílicos esterificados e as de baixo teor de esterificação,
com 50% ou menos dos grupos carboxílicos esterificados. O grau de esterificação é a
porcentagem de unidades de ácidos galacturônicos que são metil esterificados (ROLIN;
de VRIES, 1990). O grau de esterificação varia de acordo com a idade e localização
dentro do tecido da planta, método de extração e conteúdo de açúcares neutros
(MORRIS, 1986). Pectinas de baixo teor de esterificação são preparadas por
6
deesterificação controlada a partir da pectina de alto teor de esterificação, em meio
alcoólico, com ácido ou amônia (AXELOS; THIBAULT, 1991). Quando a amônia é
utilizada para deesterificação alguns dos grupos metil éster são substituídos pelos
grupos amidas resultando na pectina denominada amidada. A uma determinada
quantidade de ácido galacturônico amidado dá se o nome de grau de amidação
(ROLIN; de VRIES, 1990).

Em pectinas de baixo teor de esterificação a geleificação é provocada pela


formação de ligações entre íons carboxílicos e íons de cálcio, ou outro metal bi ou
trivalente, sem adição de ácido ou sacarose, como ocorre normalmente com a
geleificação das pectinas de alto teor de esterificação (BOBBIO; BOBBIO, 1992;
RINAUDO, 2001; THAKUR; SINGH; HANDA, 1997). A geleificação das pectinas de
baixo teor de esterificação resulta da ligação iônica através de pontes com cálcio a dois
grupos carboxílicos pertencentes a duas cadeias diferentes, próximas fisicamente
(AXELOS; THIBAULT, 1991; GROSSO; BOBBIO; AIROLDI, 2000). Em um sistema
geleificante, quando o nível ótimo de cálcio é excedido o gel pode tornar-se muito
quebradiço e um estágio denominado sinerese pode ocorrer (MAY, 1997). Fatores
como pH, temperatura, concentração do soluto, número e arranjo das cadeias laterais,
tamanho molecular e grau de esterificação influenciam no processo de geleificação da
pectina (CRANDALL; WICKER, 1986; THAKUR; SINGH; HANDA, 1997).

A sensibilidade do cálcio é mais efetiva para pectinas de baixo teor de


esterificação do que para as de alto, mas o efeito pode ser diferente entre as pectinas
de mesmo teor de esterificação originárias de diferentes fontes materiais (ROLIN; De
VRIES, 1990). Pectinas comerciais apresentam diferentes distribuições na massa
molecular e grau de esterificação, sendo que estas distribuições influenciam em suas
propriedades funcionais bem como na sua caracterização (MAY, 1997).

A pectina é solúvel em água a 60ºC e produz uma solução viscosa, porém, ao


dispersar o pó rapidamente em água é necessário certo cuidado para evitar que se

7
formem grumos que são de difícil dissolução. Quando submetida a condições pouco
ácidas (pH 5,0 ou acima) ou a temperaturas elevadas as pectinas podem ser facilmente
degradadas (MAY, 1997; ROLIN; De VRIES, 1990).

Na interação entre pectina e gelatina pode ser importante um controle de pH e


força iônica no sistema para prevenir que uma interação desfavorável venha a ocorrer
promovendo assim uma separação de fases do sistema (MAY, 1997). Em alguns
trabalhos encontrados na literatura foram associados diferentes polissacarídeos ou
proteínas à pectina para o processo de formação de filmes, como por exemplo, o uso
de amido (COFFIN; FISHMAN, 1994; FISHMAN et. al., 2000), quitosana (HOAGLAND;
PARRIS, 1996), soja (MARINIELLO et. al., 2003). No entanto, não foram encontrados,
na literatura pesquisada até o momento, estudos relatando a associação de pectina a
lipídios no processo de elaboração de biofilmes.

2.3. Gelatina

A gelatina é uma proteína de origem animal comumente disponível no mercado


brasileiro a baixo custo, sendo obtida de diversas fontes como bovina, suína, colágeno
de tubarão azul e de peixes (YOSHIMURA et. al., 2000; JHONSTON-BANKS, 1990). É
utilizada nas indústrias farmacêutica (cápsulas de gelatina e hidrogel para liberação de
substâncias ativas), fotográfica e têxtil (adesivos) e também na alimentícia (agente
geleificante, espessante, emulsificante e componente de filmes) (AKIN; HASIRCI, 1995;
THARANATHAN, 2003).

Apresenta uma cadeia protéica simples, resultante da desnaturação térmica ou


degradação química e física das fibras protéicas insolúveis do colágeno, envolvendo a
ruptura das estruturas de tripla-hélices (VEIS, 1964). Em sua composição química estão
presentes todos os aminoácidos com exceção do triptofano e da cisteína. O conteúdo e
sequências dos aminoácidos variam de uma fonte a outra,no entanto, glicina, prolina e
hidroxiprolina geralmente encontram-se em grande quantidade (GILSENAN; ROSS-

8
MURPHY, 2000). A Figura 2 representa a seqüência de aminoácidos na gelatina como
Glicina-X-Y onde X e Y normalmente são os aminoácidos prolina e hidroxiprolina,
respectivamente (POPPE, 1997).

Figura 2: Estrutura química da gelatina (POPPE, 1997).

A gelatina é proveniente da degradação de estruturas longas o que resulta em


uma variedade de espécies de cadeias peptídicas heterogêneas em relação a sua
massa molecular (VEIS, 1964), podendo esta ser variável entre 300 e 200.000Da
(GENNADIOS et. al., 1994). Seu poder de formação de gel e a viscosidade estão
relacionados com a composição de aminoácidos, massa molecular média e grau de
polimerização das cadeias dispersas em solução (JHONSTON-BANKS, 1990). Sua
granulometria pode ser variável, sendo encontrada na forma de um pó e também em
formas de grãos mais grossos.

Comercialmente existem dois tipos de gelatinas, as quais diferem no tipo de pré-


tratamente utilizado para iniciar a hidrólise da matéria-prima: tipo A e tipo B. É
considerada do tipo A quando o pré-tratamento é realizado com um ácido, sendo o
ponto isoelétrico situado entre 7 e 9,4; enquanto que a do tipo B recebe um pré-
tratamento alcalino, sendo neste caso o ponto isoelétrico está entre 4,5 e 5,3. O tipo do
pré-tratamento influencia na variação da proporção de grupos carboxílicos e amídicos o
que acaba sendo o fator responsável pelos diferentes pontos isoelétricos da gelatina
(POPPE, 1997).
9
Na presença de água fria a gelatina é insolúvel, no entanto, apresenta como
característica particular a capacidade de intumescer, ou seja, pode absorver em torno
de cinco a dez vezes seu peso em água (JHONSTON-BANKS, 1990). Em temperaturas
acima de 40oC solubiliza-se completamente em água (FERGUSON, 1991). Assim, sua
solubilização pode ocorrer através do método indireto ou pelo método direto. No
método indireto a gelatina é adicionada em água fria, de forma que todas as partículas
sejam igualmente umedecidas, e mantida em repouso durante um certo tempo para que
haja um entumescimento das mesmas. Em seguida esse material é aquecido a
temperaturas na faixa de 50 a 60oC até completa solubilização. No método indireto de
solubilização uma certa quantidade de água quente (60 a 80oC) é adicionada à gelatina
sob forte agitação (JHONSTON-BANKS, 1990), porém, esse procedimento promove a
formação de espuma o que pode inviabilizar a elaboração de filmes.

A gelatina apresenta a propriedade de formar géis termo-reversíveis após


aquecimento, solubilização e resfriamento. Esse mecanismo de formação envolve
ligações iônicas entre grupos amino e carboxil dos aminoácidos com a ajuda de pontes
de hidrogênio (KESTER; FENNEMA, 1986). A conversão do estado sol para o estado
gel é reversível e pode ser repetida, o que torna vantajosa a utilização da mesma em
várias aplicações comestíveis (POPPE, 1997).

Na literatura existem vários trabalhos relatando propriedades de filmes


elaborados a base de gelatina. SOBRAL (1999) estudou as propriedades funcionais da
gelatina em função da espessura. CARVALHO (2002) verificou as mudanças
provocadas nos filmes modificados enzimática e quimicamente em relação às
propriedades funcionais dos mesmos. FAKHOURI (2002) e BERTAN (2003) estudaram
a adição de substâncias hidrofóbicas nos filmes de gelatina.

10
2.4. Ácidos graxos

Dependendo da sua composição química, estrutura e massa molecular os


lipídios apresentam diferentes estados físicos. À temperatura ambiente podem ser
líquidos ou sólidos (MARTIN-POLO et. al., 1992).

São utilizados em filmes pelas suas características hidrofóbicas, por atuarem


como barreira ao vapor de água. No entanto, a eficiência dos mesmos depende não
apenas da estrutura química, grau de saturação e estado físico, mas também da sua
homogeneidade no filme (CALLEGARIN et. al., 1997; MARTIN-POLO et. al., 1992). Os
lipídios encontrados no estado líquido oferecem menor resistência à passagem de
gases e vapor de água através dos filmes do que aqueles apresentados na forma sólida
(McHUGH, 2000). A afinidade da proteína com o lipídio depende de vários fatores,
podendo destacar-se estrutura e polaridade de ambos, proporção lipídio/proteína, força
iônica, viscosidade e temperatura (CALLEGARIN et. al., 1997).

Os ácidos láurico, palmítico e esteárico são ácidos graxos saturados amplamente


distribuídos na natureza. O ácido láurico é composto por uma cadeia de 12 carbonos,
apresenta ponto de fusão 43,50C e de ebulição 225,80C. É encontrado no óleo de
sementes das Lauráceas, das Palmáceas e no leite. O ácido palmítico tem cadeia com
16 carbonos, apresenta ponto de fusão 63oC e ebulição 3830C e é encontrado nas
gorduras de todos os animais e vegetais conhecidos até hoje, em especial em óleos de
sementes de algodão e de dendê. Já o ácido esteárico ocorre em menor quantidade na
natureza do que o palmítico, sendo encontrado na maioria das gorduras de sementes e
polpas de frutas, em óleos de animais marinhos e também na gordura do leite. É
composto por cadeia de 18 carbonos, apresenta ponto de fusão 69,60C e de ebulição
383oC (BOBBIO; BOBBIO, 2003).

A adição de ácidos graxos em soluções filmogênicas visa melhorar a barreira de


um filme em relação à permeabilidade ao vapor de água (McHUGH; KROCHTA,

11
1994a). A permeabilidade ao vapor de água depende da relação hidrofóbica/hidrofílica
proporcionada pelos componentes do filme e da polaridade, grau de insaturação e de
ramificação dos lipídios presentes no filme (GONTARD et. al., 1994). Ao adicionarem os
ácidos esteárico, palmítico e láurico em filmes de metil celulose, AYRANCI; TUNC
(2001) observaram uma redução da permeabilidade ao vapor de água dos filmes.

2.5. Filmes compostos

Os filmes compostos podem ser elaborados na forma de emulsão (filmes


emulsificados) na qual o lipídio é disperso na matriz filmogênica ou ainda como dupla
camada (bilayer), onde a solução filmogênica lipídica pode formar uma camada sobre
outra elaborada apenas com hidrocolóides na matriz (BALDWIN et. al., 1997;
SHELLHAMMER; KROCHTA, 1997).

Os filmes emulsificados apresentam como vantagem, em relação aos filmes


dupla camada, o fato de poderem ser retirados dos suportes com um único
procedimento de secagem. Os filmes dupla camada requerem dois estágios de
secagem, ou seja, uma camada de solução filmogênica é colocada sobre o suporte e
após sua secagem uma segunda é depositada sobre ela (DEBEAUFORT; VOILLEY,
1995).

Sistemas emulsionados proteína-lipídio podem ser formados de soluções


aquosas e aplicados em alimentos à temperatura ambiente (McHUGH; KROCHTA,
1994b). No entanto, alguns materiais podem apresentar limites em relação à
quantidade de hidrocolóides ou ácidos graxos utilizados em sistemas emulsionados.
Em filmes compostos de isolado protéico de soja adicionados de ácido oléico (20 e
30%), foi observada separação dos constituintes da emulsão o que, segundo RHIM
et.al. (1999), acabou afetando as propriedades físicas dos filmes.

12
2.6. Agente plastificante

Após o processo de secagem alguns filmes podem apresentar aspecto


quebradiço tornando o mesmo inviável para utilização. Assim, torna-se necessário o
uso de agentes plastificantes definidos por KESTER; FENNEMA (1986) como
compostos de baixa volatilidade e alto ponto de fusão capazes de reduzir as forças
intermoleculares e aumentar a mobilidade de cadeias poliméricas. Com isso há uma
melhora da flexibilidade e da extensibilidade do filme, evitando assim a ruptura do
mesmo durante o manuseio e armazenagem (McHUGH; KROCHTA, 1994a; LIN;
CHEN; RUN-CHU, 2000). Porém, um aumento do espaço entre as cadeias pode
promover maior difusividade do vapor de água através do filme (YANG; PAULSON,
2000b).

Quando o plastificante é incorporado aos filmes poliméricos podem ocorrer


mudanças nas propriedades de adesão, permeabilidade ao vapor de água (LIN; CHEN;
RUN-CHU, 2000), ao oxigênio (IRISSIN-MANGATA et. al., 2001), e propriedades
mecânicas e térmicas como resistência a tração e transição vítrea, respectivamente
(BODMEIER; PAERATAKUL, 1997).

Tamanho molecular, configuração e número total de grupos hidroxilas dos


plastificantes também são fatores que podem afetar as interações entre os
plastificantes e os polímeros (YANG; PAULSON, 2000b).

O plastificante também deve ser compatível com o polímero de modo que o


mesmo apresente-se totalmente disperso na solução filmogênica (IRISSIN-MANGATA
et. al., 2001), evitando assim, que haja a formação de um filme com camadas distintas.
O uso do plastificante apresenta um limite o qual, se ultrapassado, promove uma
separação de fases e expulsão física do plastificante do filme, ou seja, há um limite de
compatibilidade (POMMET et. al., 2003).

13
Sorbitol e glicerol são plastificantes comumente utilizados em diversos processos
de elaboração de filmes, sendo o sorbitol cristalino a temperatura ambiente e o glicerol
líquido (ANKER; STADING; HERMANSSON, 2000). A triacetina, triglicerídeo de cadeia
curta parcialmente solúvel em água (CALLEGARIN et. al., 1997), também é um
plastificante que vem sendo adicionado nas formulações de filmes (FAKHOURI, 2002;
BERTAN, 2003).

2.7. Solvente e ajustadores de pH

A solubilidade de um polímero é um dos grandes interferentes e é considerada


um aspecto determinante para formação de filmes (SGARBIERI, 1996). Por vezes pode
tornar-se necessário um ajuste do pH da solução para que assim uma matriz
homogênea possa vir a ser constituída, ou seja, uma maior solubilidade da
macromolécula seja atingida. O pH do solvente, a força iônica e o tipo de solvente
empregados na elaboração das soluções filmogênicas são parâmetros que podem ser
modificados para alterar as propriedades mecânicas e de barreira dos filmes
(ARVANITOYANNIS; NAKAYAMA; AIBA, 1998).

Ao se trabalhar com valores acima ou abaixo do ponto isoelétrico, tornando uma


proteína carregada negativa ou positivamente, há uma maior interação da mesma com
a água, aumentando assim sua solubilidade (CHEFT; CUQ; LORIENT, 1989). Segundo
CHEN; LIN; YANG (1994), a mudança no pH promove uma alteração da repulsão
eletrostática intra e intermolecular entre cadeias de proteína, permitindo assim, uma
maior aproximação das mesmas, promovendo ligações de hidrogênio inter e
intramoleculares.

A formação de biofilmes requer a completa solubilização dos materiais utilizados


como constituintes da solução (CUQ et. al., 1995) para que assim os filmes formados
apresentem homogeneidade e uniformidade após o processo de secagem. Além
desses, outros fatores importantes na formação dos filmes são: baixa viscosidade da

14
solução filmogênica, o que facilita sua distribuição em camadas sobre os suportes e
retenção das bolhas de ar que podem ser formadas durante o preparo da solução.

Água e etanol, ou a combinação de ambos, são os solventes mais utilizados na


elaboração de filmes comestíveis (KESTER; FENNEMA, 1986). Dentre os ajustadores
de pH utilizados diversas são as citações encontradas na literatura: ácido acético glacial
(SARMENTO, 1999), hidróxido de sódio (CARVALHO, 1997), hidróxido de amônia
(PARK; CHINNAN, 1995).

2.8. Espessura

A espessura é um importante parâmetro de medida, pois é a base para várias


propriedades dos filmes, incluindo as mecânicas e as de permeabilidade (XIE et. al.,
2002).

Segundo GENNADIOS et. al. (1993) o controle da espessura dos filmes é


importante para manter sua uniformidade, permitindo a repetitividade das propriedades
analisadas e assim validar as comparações entre as propriedades dos filmes. Quando a
alíquota da solução filmogênica é depositada em suporte para secagem, é importante
controlar o nível do local onde o mesmo é mantido (por exemplo, estufas ou bancadas),
para evitar diferenças na espessura dos filmes, provocadas pelo desnível do suporte.

PARK; CHINNAN (1995) observaram em seus estudos que a permeabilidade ao


oxigênio e ao gás carbônico dos filmes protéicos (zeína e glúten) aumentava conforme
a espessura dos filmes diminuía, enquanto que a permeabilidade ao vapor de água
aumentava proporcionalmente a espessura dos filmes. Segundo esses autores, a
permeabilidade pode variar com a espessura devido à mudanças estruturais causadas
pelo inchamento da matriz filmogênica, que afeta a estrutura dos filmes e provoca
tensões internas que podem influenciar a permeação.

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SOBRAL (1999) constatou que o aumento da espessura de biofilmes elaborados
a partir de gelatina (uma do tipo bovina e outra do tipo suína) resultava em um aumento
linear da força de ruptura do filme. O mesmo foi verificado por CUQ et. al. (1996) que
atribuíram seus resultados ao aumento da quantidade de matéria seca por superfície,
levando a um aumento superficial do número de cadeias de proteína e,
conseqüentemente, a um aumento do número de interações intermoleculares.

2.9. Características sensoriais

2.9.1. Aspectos táctil e visual

Após o processo de secagem os biofilmes devem apresentar uma superfície


homogênea e contínua, ou seja, com ausência de partículas insolúveis, rupturas e
poros.

2.9.2. Aroma e sabor

Em certos casos pode haver interesse tecnológico em adicionar componentes


que promovam sabor e/ou aroma nos biofilmes que são aplicados em alimentos. Ao
contrário, se os filmes ou coberturas apresentarem sabor ou aroma que altere as
características originais de um produto alimentício, pode tornar-se indesejável sua
utilização.

2.10. Cor e opacidade

A avaliação da opacidade de um material demonstra sua maior ou menor


transparência. A baixa transparência de um material é caracterizada pelo bloqueio da
passagem de luz. Para a elaboração de biofilmes que visam ser utilizados como
embalagens ou ainda como coberturas para alimentos, uma maior transparência tende
a ser melhor (YANG; PAULSON, 2000a; GONTARD et. al. 1994) quando se deseja

16
manter as características originais do produto, como a cor, por exemplo. Em filmes a
base de arabinoxilana, PÉROVAL et. al. (2002) observaram que a aparência dos filmes
tornou-se mais opaca com a adição de lipídios.

A coloração e a opacidade dos filmes não devem ser alteraradas ao longo do


armazenamento do material, uma vez que essa mudança de aspecto pode prejudicar a
aceitação do produto que foi adicionado do filme (SAKANAKA, 2002).

O grau de opacidade depende do conteúdo e do tamanho das partículas de


lipídio. PÉREZ-GAGO; KROCHTA (2001b) observaram que filmes a base de isolado
protéico do soro do leite com baixo conteúdo de lipídio, de tamanho reduzido, foram
translúcidos. Entretanto, conforme o tamanho e o conteúdo lipídico aumentaram, os
filmes tornaram-se mais opacos.

2.11. Propriedades de barreira

Oxigênio e vapor de água são fatores responsáveis pela degradação


organoléptica, modificações físico-químicas e deterioração microbiológica de um
alimento (CALLEGARIN et. al. 1997). O uso de biofilmes pode regular modificações
indesejáveis em produtos alimentícios mantendo, assim, a qualidade dos produtos e
estendendo sua vida de prateleira (McHUGH; KROCHTA, 1994b).

A permeabilidade dos filmes é a medida obtida através da passagem de um


material permeante de um lado do filme para o outro quando ambos são expostos a
diferentes concentrações desse permeante em um determinado tempo, sendo ainda
importante o conhecimento da área do filme exposto e sua espessura (KROCHTA; DE
MULDER-JOHNSTON, 1997). O ganho de peso de uma célula utilizada para a
determinação da permeabilidade ao vapor de água é registrado a partir da passagem
de vapor de água do meio onde a umidade relativa é maior para aquele onde a
umidade é menor.

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A propriedade de barreira ao vapor de água é um importante fator para a seleção
de um filme comestível como material a ser aplicado em sistemas alimentícios (JEON;
KAMIL; SHAHIDI, 2002).

A variação na concentração do biopolímero utilizado para a elaboração do


biofilme apresenta grande efeito nas propriedades de barreira. ANKER; STADING;
HERMANSSON (2000) observaram que o aumento da concentração de isolado protéico
do soro do leite provocava um aumento na permeabilidade ao vapor de água e uma
diminuição na permeabilidade ao oxigênio dos filmes. A microestrutura, a natureza do
permeante, o plastificante utilizado, a densidade, a orientação e a massa molecular dos
polímeros também são fatores que estão correlacionados com as propriedades de
barreira (MILLER; KROCHTA, 1997).

SOBRAL et. al. (2001) verificaram que a permeabilidade ao vapor de água dos
filmes de gelatina bovina e suína aumentou de forma linear com a concentração de
sorbitol utilizado. Isso demonstrou que a característica higroscópica dos plastificantes
promoveu um aumento do conteúdo de água no filme, conseqüentemente aumentando
a mobilidade das moléculas.

PARK; CHINNAN (1995) compararam a permeabilidade ao oxigênio de alguns


filmes comestíveis (a base de zeína, glúten, metilcelulose e hidroxipropilcelulose) com
filmes plásticos. Observaram que a permeabilidade ao oxigênio dos filmes protéicos foi
menor que aquela apresentada pelos filmes de polietileno de baixa densidade e
policloreto de vinila. Em filmes a base da mistura de glúten e celulose (1:1), TANADA-
PALMU; FAKHOURI; GROSSO (2002) observaram que a permeabilidade ao oxigênio
foi menor que a dos filmes simples de glúten e maior que aqueles a base de celulose.

A adição de lipídios pode melhorar a propriedade de barreira à água dos filmes


devido a apolaridade apresentada pelos mesmos, a qual interfere na habilidade de

18
absorção de água (McHUGH; KROCHTA, 1994b). BERTAN (2003) observou que a
adição de ácidos graxos (esteárico, palmítico e a mistura de ambos) em filmes de
gelatina provocou a redução da permeabilidade ao vapor de água devido ao aumento
da hidrofobicidade dos filmes. O mesmo foi encontrado por TANADA-PALMU;
GROSSO (2002) em filmes a base de glúten adicionados de ácidos graxos.

O efeito dos lipídios nas propriedades funcionais de filmes compostos também


depende de suas características e interação com a matriz filmogênica (GONTARD et.
al., 1994). Em filmes emulsionados o tamanho dos glóbulos lipídicos suspensos
também afeta a permeabilidade ao vapor de água e aos gases (GARCIA; MARTINO;
ZARITZKY, 2000). Dentre alguns materiais lipídicos, ceras e ácidos graxos saturados
de cadeia longa e álcool graxos apresentaram-se efetivos em melhorar a propriedade
de barreira a umidade de filmes hidrofílicos em trabalhos realizados por YANG;
PAULSON (2000a), BERTAN (2003), FAKHOURI (2002) e TANADA-PALMU (2003).

2.12. Solubilidade

A aplicação dos filmes pode exigir que os mesmos sejam pouco solúveis em
água, aumentando assim a integridade do produto (PEREZ-GAGO; KROCHTA, 2001a),
ou ainda, em alguns casos, a total solubilidade do filme em água antes do consumo do
produto pode ser benéfica.

Filmes com alta solubilidade podem ser interessantes para a aplicação em


alimentos desidratados que devam ser hidratados previamente ao consumo, como por
exemplo, sopas instantâneas, arroz semi-pronto. No entanto, neste caso,
necessariamente os filmes devem ser comestíveis (MONTERREY-QUINTERO, 1998).

Por outro lado, muitas aplicações dos filmes em alimentos têm por objetivo
reduzir a transferência de água do meio externo para o produto, promovendo assim
uma barreira. Assim, a solubilidade do material que compõe o filme está diretamente

19
relacionada a esta propriedade ficando implícito que se o filme apresentar-se altamente
solúvel, sua propriedade de barreira à água estará comprometida (SAKANAKA, 2002).

2.13. Propriedades mecânicas

Para que o alimento adicionado de cobertura ou acondicionado em embalagens


do tipo biofilmes não perca sua proteção pelo manuseio ou armazenamento é
necessário que os filmes apresentem uma certa resistência à ruptura e à abrasão e
também uma certa flexibilidade, que permita a deformação do filme sem a sua ruptura
(VICENTINI, 2003).

Resistência à tração e elongação são propriedades mecânicas apresentadas por


um biofilme. A resistência à tração é a máxima tensão suportada pelo filme até o
momento de sua ruptura. A elongação é a medida de maleabilidade do filme e pode ser
considerada como uma característica que define a habilidade do filme em deformar
antes de ocorrer sua ruptura. Baixos valores de elongação implicam em filmes
quebradiços (MACLEOD, FELL, COLLETT, 1997).

A manutenção da umidade relativa e o estágio de equilíbrio obtido pelos filmes


são fatores importantes para a realização das análises de resistência. Em estudos
realizados por CARVALHO (1997) sobre o efeito da umidade relativa de
condicionamento foi observada uma sensível diminuição da força na ruptura dos filmes
de gelatina e um aumento da capacidade de deformação dos mesmos com o aumento
da umidade relativa. SAKANAKA (2002) também concluiu em seu trabalho que a
umidade foi o fator de maior influência nas propriedades mecânicas dos filmes de
gelatina reticulada.

A resistência à tração dos filmes a base das misturas pectina-farinha de soja


obtidos na presença da transglutaminase foi duas vezes maior do que aqueles
preparados na ausência da enzima. Por outro lado, a elongação foi duas vezes menor,

20
o que significa que os filmes que receberam a enzima foram menos extensíveis do que
os filmes sem o tratamento (MARINIELLO et. al. 2003).

Em filmes a base da mistura pectina e amido, na proporção 9:1, a adição de


glicerina promoveu uma diminuição na resistência à tração e um aumento na sua
elongação (COFFIN; FISHMAN, 1994), evidenciando-se assim as modificações
promovidas pela adição de agentes plastificantes em filmes. A adição de ácidos graxos
também promove um declínio da resistência à tração nos filmes, como foi observado
por FAKHOURI (2002) e BERTAN (2003)

A adição de lipídios apresenta uma diminuição da força tensora do filme, pois há


uma modificação na matriz filmogênica (CHEN, 1995) permitindo assim uma maior
mobilidade das moléculas. YANG; PAULSON (2000a) constataram que o aumento da
concentração da mistura (mistura) de ácidos esteárico e palmítico em filmes a base de
gelana promoveu uma diminuição na força tensora e elongação dos filmes.

2.14. Microscopia

A caracterização microscópica dos filmes é importante quando se deseja uma


melhor compreensão do seu comportamento. A visualização a partir da microscopia
eletrônica de varredura permite a identificação da incorporação dos materiais formando
uma estrutura homogênea ou, ainda, a separação dos mesmos originando uma
estrutura heterogênea. YANG; PAULSON (2000a) verificaram um aumento da
irregularidade da superfície dos filmes de gelana com a adição da mistura de ácidos
esteárico e palmítico.

FRINAULT et. al. (1997) utilizando microscopia eletrônica de varredura e de


transmissão em filmes a base de caseína verificaram que os filmes tinham uma
estrutura mais porosa no centro do que nas proximidades das bordas.

21
FISHMAN et.al. (2000) ao estudarem a microestrutura de filmes extrusados a
base de pectina, amido e glicerol verificaram a presença de cavidades na superfície dos
mesmos. Os autores atribuíram o ocorrido a uma possível conseqüência do uso de
altas temperaturas e baixos teores de água durante o processo de extrusão.

2.15. Aplicação dos biofilmes

A conservação dos alimentos, suas características nutricionais e sensoriais,


dependem principalmente da embalagem e de sua propriedade de barreira em relação
a ação do meio ambiente (CALLEGARIN et. al. 1997).

Filmes poliméricos sintetizados quimicamente, utilizados em embalagens na


indústria de alimentos, são flexíveis e bastante duráveis, porém uma grande
desvantagem é o fato de não serem biodegradáveis. Ao contrário, filmes constituídos
por componentes comestíveis são biodegradáveis e também apresentam a
possibilidade de aumentar a estabilidade dos alimentos (MARINIELLO et.al., 2003).

A aplicação de filmes em alimentos pode proteger mecanicamente um alimento,


prevenir perda de sabores, retardar a taxa de deterioração por controle da transferência
de umidade, oxigênio e agentes oxidantes e redutores, os quais podem causar
mudanças indesejáveis em alimentos (KESTER; FENNEMA, 1986). Dentre as formas
de aplicações dos materiais biodegradáveis como cobertura em alimentos tem-se as
técnicas de imersão, aspersão, moldagem ou ainda a utilização de pincéis ou rolos para
a aplicação de finas camadas da cobertura sobre o produto (GRANT; BURNS, 1994;
BANKS, 1984).

O filme ao envolver um alimento pode se constituir em uma boa barreira à água,


retardando assim a perda de umidade. O retardamento do movimento de água entre os
componentes de um alimento ocorrerá quando a atividade de água (ou seja, o teor de

22
água livre presente nos alimentos) dos componentes for igual a da cobertura ou filme
(FENNEMA; DONHOWE; KESTER, 1994).

Coberturas comerciais são utilizadas com o objetivo de reduzir a perda de água


de frutas e hortaliças, mantendo assim o brilho dos mesmos durante um período de vida
útil diferente daquele apresentado pelo produto sem cobertura. Alguns fatores podem
afetar o funcionamento desse sistema de cobertura como, por exemplo, o tipo de fruta e
sua superfície de recobrimento, espessura da cobertura e permeabilidade do material
filmogênico (CISNEROS-ZEVALLOS; KROCHTA, 2002). De acordo com KITTUR et. al.
(2001) diferenças entre período de maturação e cultivares de frutas também podem ser
fatores interferentes no sistema cobertura/produto.

Dentre as coberturas comerciais conhecidas destaca-se a Tal-Prolong e a


Semperfresh. A aplicação da Tal-Prolong (cobertura comercial a base de poliéster de
sacarose e sódio carboximetilcelulose) mostrou-se eficiente no retardamento do
amadurecimento de frutas como maçãs, laranjas e bananas (KITTUR, 2001; BALDWIN,
1994). BANKS (1984) atribuiu esse retardo à redução da concentração interna de
oxigênio na banana, promovida pela aplicação da cobertura Tal- Prolong.

SÜMNÜ; BAYINDIRH (1995) estudaram o efeito da aplicação de diversas


coberturas comerciais (Semperfresh, a base de poliéster de sacarose; Jonfresh e
Fomesa, a base de cera de carnaúba) em maçãs, revelando que a aplicação de
Semperfresh (15g/L) manteve a firmeza da fruta durante 25 dias, a 200C.
Contrariamente, BANARAS et. al. (1989) citado por KITTUR et. al. (2001), verificaram
que as coberturas Semperfresh e Nutri-Save (esta última a base de carboximetil
celulose) não extenderam a vida de prateleira de pimentões verdes armazenados a
210C.

A aplicação de uma cobertura também depende da característica de cada


alimento. Por exemplo, para um alimento rico em lipídios insaturados, uma cobertura

23
extremamente resistente ao transporte de oxigênio seria desejável. Já em frutas e
hortaliças frescas um certo grau de permeabilidade ao oxigênio e dióxido de carbono é
necessário para evitar que ocorra respiração anaeróbica, resultando assim, em
desordens fisiológicas e uma rápida perda de qualidade (KESTER; FENNEMA, 1986).

Diferente dos filmes sintéticos, as propriedades dos filmes biodegradáveis são


fortemente dependentes das condições ambientais como temperatura e umidade
relativa devido ao caráter higroscópico dos biopolímeros e dos plastificantes utilizados
(SOBRAL, 2000; CHEN, 1995).

Inúmeros trabalhos têm sido desenvolvidos com a utilização de coberturas para


prorrogar a qualidade e a vida útil de produtos frescos, contribuindo para a redução do
uso das embalagens descartáveis não-biodegradáveis. Como exemplo de produtos
frescos submetidos ao recobrimento com materiais biodegradáveis podem ser
mencionadas as goiabas (FAKHOURI; GROSSO, 2003), morangos (TANADA-PALMU,
2003), bananas (BANKS, 1984), maçãs (SÜMNÜ; BAYINDIRH, 1995), mangas
(CARRILO-LOPEZ et. al., 2000), tomates (El GHAOUTH et.al., 1992) e pepinos
(VICENTINI; CEREDA, 1999).

Embalagens poliméricas de filmes com incorporação de agentes antimicrobianos


também tem sido objeto de estudos nos últimos anos, por promoverem uma melhora na
preservação dos alimentos (CHA et. al., 2002). Coberturas a base de proteínas têm a
vantagem de aumentar a resistência da casca de ovos e prevenir assim a penetração
de bactérias (XIE et. al., 2002).

As coberturas aplicadas em sementes podem fornecer proteção mecânica contra


abrasão, microrganismos e insetos. Também podem regular a entrada de água e
oxigênio necessários à germinação das sementes (MENEZES, 2003). Consistem na
deposição de uma fina e uniforme camada sobre a superfície da semente para
minimizar a perda de partículas (dust-off) do produto (DUAN; BURRIS, 1997). Em casos

24
de aplicação de pesticidas em sementes, o uso da cobertura faz-se importante uma vez
que pode reduzir o contato da pele humana com o produto químico. O uso de
pesticidas, quando adicionados juntos aos materiais de cobertura, também diminui o
risco de contaminação do meio ambiente, incluindo lençóis freáticos e destruição de
insetos benéficos à lavoura (TAYLOR; ECKENRODE; STRAUB, 2001).

Uma cobertura com aspecto contínuo, ou seja, sem rupturas ou regiões


quebradiças, ao ser aplicada sobre sementes pode agir como barreira protetora
reduzindo os prejuízos físicos ocorridos durante o manuseio e os procedimentos de
plantio (WEST et. al., 1985). Estes autores recobriram sementes de soja com diversos
tipos de polímeros e observaram a influência do recobrimento em situação de alta
concentração de vapor de água, com o objetivo de manter a qualidade da semente. A
proteção durante a estocagem foi confirmada para as sementes recobertas com cloreto
de polivinilideno. Após 24hs de exposição das sementes de soja em condições de
saturação, a umidade da semente recoberta com esse polímero aumentou apenas 9%,
enquanto que nas sementes não-recobertas o aumento da umidade foi de 17%.
Também foi observado, pelos mesmos autores, que a disponibilidade de água livre para
a germinação em condições de campo não foi afetada.

A utilização de ceras para o recobrimento de sementes, em múltiplas camadas,


origina sementes resistentes à absorção de água, atrasando, assim,a emergência das
plântulas. No entanto, os polímeros altamente higroscópicos não afetam esse caráter
(PORTER; KAERWER, 1974 citado por ALMEIDA, 2002). A secagem da cobertura
aplicada nas sementes também é um parâmetro importante a ser considerado para
evitar aglomerações das mesmas (TAYLOR; ECKENRODE; STRAUB, 2001).

2.16. Amadurecimento e transformações bioquímicas em bananas

O armazenamento de alimentos em atmosferas controlada ou modificada têm


sido utilizado para preservar frutas (PARK, 1999).

25
Mudanças da cor e dureza são parâmetros qualitativos muito importantes para
algumas frutas. A perda de água das frutas frescas e hortaliças leva a uma diminuição
na turgescência e massa dos produtos com a conseqüente perda econômica e
qualitativa durante a comercialização (AVENAS-BUSTILLOS et. al., 1994).

A banana é uma fruta tropical bastante apreciada e produzida no Brasil,


inclusive com grande volume de exportações. Em 2002 a produção no mercado
brasileiro foi de 6.369.000 toneladas, ficando atrás apenas do mercado produtor da
Índia e China. De janeiro a agosto desse mesmo ano o volume de exportação da
banana chegou a 146.506.051Kg (IBRAF, 2003). Comumente encontrada nos centros
de venda de todo o país, a banana necessita de cuidados especiais durante a colheita e
transporte para que danos em sua estrutura não venham a acelerar o processo de
maturação ou mesmo prejudicar sua comercialização.

É uma fruta de padrão respiratório climátérico, sendo o início de seu


amadurecimento marcado por um rápido aumento da taxa respiratória, desencadeado
pelo aumento na síntese endógena do hormônio etileno. Essa taxa aumenta até um
certo nível (pico climatérico) e posteriormente declina, com o avanço do
amadurecimento. A respiração no período pós-colheita, a 200C, aumenta de 20 para
aproximadamente 125mgCO2/Kg/h no pico climatérico, diminuindo para valores em
torno de 100mgCO2/Kg/h no decorrer do amadurecimento. Durante esse processo
várias modificações ocorrem na fruta como o amaciamento da polpa, conversão do
amido em açúcar, destruição da clorofila e síntese de carotenóides, perda de
adstringência e desenvolvimento do sabor e aroma característicos (PALMER, 1971;
CHITARRA; CHITARRA, 1990). Os frutos que não apresentam esse padrão respiratório
são denominados não-climatéricos, como por exemplo, uva, limão, laranja e figo.

A banana possui um pigmento verde (clorofila) e um amarelo (caroteno). Dessa


forma, durante o processo de maturação da fruta, a clorofila é destruída por enzimas o

26
que torna o caroteno cada vez mais evidente (BLEINROTH, 1978). Na banana verde há
um alto teor de amido (20%) que é transformado em sacarose, glicose e frutose, devido
a ação de amilases durante o amadurecimento (BLEINROTH, 1978; KITTUR et. al.,
2001). A protopectina, presente na membrana das células de bananas verdes é
transformada, por ação enzimática, em pectina solúvel, o que torna a textura da fruta
mais macia com o decorrer do amadurecimento (CARVALHO, 1984).

Quanto à perda de umidade, na casca da banana há estômatos que permitem a


transpiração da fruta após a colheita. Dessa forma, há uma certa perda de vapor de
água que se reflete na perda de massa dos frutos (BANKS, 1984).

A determinação do ponto de colheita da banana é uma fase que antecede o ato


de retirar o cacho da planta. O período entre a emissão da inflorescência e o estágio de
colheita da banana é de 80-150 dias (para temperatura média do Estado de São Paulo
em torno de 19oC), considerando para isto uma cultura em boas condições de
vegetação e clima (MOREIRA, 1987). O principal critério para colheita é o grau de
engrossamento do fruto, sendo na banana este aspecto relacionado com o seu calibre
durante o desenvolvimento. As variações de calibres são representadas pelos estágios
das bananas a serem colhidas: magra, ¾ magra, ¾ gorda e gorda. Bananas no estágio
¾ gordas apresentam as quinas da sua estrutura mais arredondadas (BLEINROTH,
1978).

A partir da colheita, os estágios de amadurecimento das bananas podem ser


determinados através do sistema de coloração (TABELA 1) da United Brands Company
(GOUS; VAN-WYK; McGILL, 1987).

27
Tabela 1: Estágios de amadurecimento em relação a cor da casca de bananas.
Estágio de amadurecimento Coloração da casca da banana
1 Verde
2 Verde com um traço amarelo
3 Mais verde que amarelo
4 Mais amarelo que verde
5 Amarelo com extremidades verdes
6 Completamente amarelo
7 Amarelo com manchas pretas
8 Amarelo extensivamente manchado de preto
Fonte: GOUS; VAN-WYK; McGILL (1987).

O grau de maturação interfere no período de conservação dessas frutas


climatéricas. Segundo CHITARRA; CHITARRA (1990) se as bananas do cultivar
Cavendish estiverem verdes poderão ser conservadas de 21 a 28 dias, porém se
estiverem maduras esse período poderá ser reduzido para 10 dias (armazenamento a
85-90% de umidade relativa e temperatura de aproximadamente 130C).

A banana é uma fruta que não pode ser acondicionada a temperaturas mais
baixas que 12 ou 130C, devido às injúrias que pode apresentar quando submetida ao
frio (chilling injury) (SALUNKHE; DESAI, 1986).

Bananas amadurecem rapidamente a temperaturas elevadas e apresentam


tendência a ter uma curta vida útil. No entanto, se houver um abaixamento da
temperatura de armazenamento, haverá um retardo no pico climatérico (CHITARRA;
CHITARRA, 1990), o que poderá extender a durabilidade dessa fruta.

Controlar o transporte de gases e diminuir o transporte de água também são


fatores que podem prorrogar a vida útil de uma fruta. Esses fatores têm sido estudados

28
com a aplicação de coberturas a base de lipídios em frutas (SHELLHAMMER;
KROCHTA, 1997).

2.16.1 Mecanismo respiratório

O metabolismo de frutas e hortaliças continua após a colheita. Na respiração o


oxigênio (O2) do ar é absorvido e o gás carbônico (CO2) é liberado, sendo que em
baixas concentrações de O2 e altas concentrações de CO2 (o qual é um inibidor
competitivo do etileno) a síntese de etileno é reduzida, o que promove a diminuição
deste no metabolismo dos frutos. Tal mecanismo pode ser encontrado em ambientes
com atmosfera controlada ou modificada. Essas altas e baixas concentrações dos
gases CO2 e O2, respectivamente, também atuam diretamente na atividade das
enzimas envolvidas na maturação dos frutos, como a clorofilase, a poligaracturonase e
a pectinesterase (CHITARRA; PRADO, 2000).

A diminuição do nível de oxigênio nas frutas e hortaliças frescas diminui a taxa


de respiração destes produtos, no entanto, essa diminuição não pode ser tão
acentuada de forma a provocar uma mudança de respiração das frutas de aeróbica
para anaeróbica, levando a formação de sabor não característico (off-flavor) e
conseqüente deterioração dos produtos (KADER, 1986; BALDWIN et. al., 1997).

O uso de filmes biodegradáveis como embalagem ou material de cobertura para


frutas e vegetais também promove uma alteração da composição de gases da
atmosfera interna (NUSSINOVITCH, 1997).

A redução de O2 e a adição de CO2 em condições de armazenamento (13-140C)


sob atmosfera controlada, onde os níveis desses gases podem variar de 3-4% e 5-8%,
respectivamente, permitem a preservação desta fruta por 3 a 4 semanas em boas
condições de distribuição para venda e consumo (CARVALHO, 1984; CHITARRA;
CHITARRA, 1990).

29
No caso de armazenamento sob atmosfera modificada, alguns tipos de barreira,
como a utilização de sacos de polietileno (CARVALHO, 1984) e coberturas (BANKS,
1984; AMARANTE; BANKS, 2001) são utilizados para que haja uma redução do O2 e
aumento de CO2 no processo respiratório de uma fruta (CHITARRA; CHITARRA, 1990).

De acordo com CARVALHO (1984), o uso de sacos de polietileno pode propiciar


um período de pré-climatérico mais longo e assim, prorrogar a conservação de
bananas.

A cobertura de bananas com Tal-Prolong apresentou uma redução do nível de


oxigênio interno da fruta de 14 para aproximadamente 6%, enquanto que a taxa de CO2
não foi significativamente afetada, ficando em torno de 5%, no primeiro dia de
armazenamento dessas frutas a 200C (BANKS, 1984).

A taxa de respiração é um dos fatores que afeta a vida de prateleira da banana,


assim como os cuidados na colheita, transporte e armazenamento também podem
interferir nesse aspecto (SALUNKE; DESAI, 1986). O tempo de conservação em
câmara de refrigeração está relacionado com o estágio de desenvolvimento que essa
fruta foi colhida e com as condições de temperatura e umidade relativa do ar. Bananas
armazenadas a temperaturas por volta de 130C e umidade relativa de aproximadamente
90% na câmara podem ser conservadas até 20 dias (BLEINROTH, 1978). Se a
temperatura da câmara for superior a 200C, a mesma ficará com a polpa cozida e não
haverá conservação após seu amadurecimento. Em relação à umidade relativa, quando
a mesma estiver em torno de 95% ou superior poderá ocorrer problema de
desenvolvimento de fungos nessas frutas (MOREIRA, 1987).
Após o período de refrigeração na câmara, a banana é submetida à climatização.
A qualidade alimentícia e comercial da banana é influenciada pelas condições de
amadurecimento e armazenamento, sendo necessária a indução do amadurecimento
em câmaras de maturação controlada, também denominadas de climatização
(CAMPOS; VALENTE; PEREIRA, 2003). Assim, o amido é convertido em açúcar e a

30
casca passa da coloração verde para amarelada. O gás ativador da maturação
normalmente é o etileno, sendo injetado na câmara nas primeiras 24h acarretando na
aceleração do processo respiratório. A fruta passa a absorver maior quantidade de
oxigênio e aumenta o desprendimento de gás carbônico. Em seguida é realizada uma
exaustão dos gases, injetando-se ar dentro da câmara, para que então mais um
procedimento de ativação da maturação venha a ocorrer por mais 24h (MOREIRA,
1987; BLEINROTH, 1978).

Naturalmente, a maturação da banana é desuniforme em vista da formação do


fruto em pencas. Assim, a utilização dessas câmaras de maturação com condições
controladas de temperatura, umidade, ar atmosférico, gás ativador da maturação,
circulação de ar e exaustão, proporcionará uma maturação uniforme, o que facilitará a
comercialização e a industrialização do produto. Normalmente a temperatura e umidade
dessas câmaras são mantidos em torno de 140C e 80-85%, o teor do gás ativador da
maturação (etileno, azetil, etil ou acetileno) é de 0,001ppm e o CO2 é mantido em
concentração abaixo de 1% (BLEINROTH, 1978).

Em ambientes com altas concentrações de CO2 (15% ou mais), as bananas


podem apresentar sabor estranho em decorrência do acúmulo de álcool e aldeído, bem
como escurecimento da casca (CARVALHO, 1984).

Geralmente a banana leva de 84 a 96h para completa maturação, na câmara, ou


seja, apresentação da casca bem amarela, polpa consistente e bom paladar
BLEINROTH, 1991). À temperatura ambiente, a conservação da fruta poderá ser de até
oito dias após ter sido retirada da câmara da climatização (MOREIRA, 1987).

2.17. Brócolos

Os brócolos são classificados pelos botânicos como uma planta pertencente ao


ramo Phanerogamae (plantas que produzem sementes), sub-ramo Angiospermae

31
(óvulos encerrados em um ovário, que originam as sementes), na classe das
Dicotiledoneae (sementes com dois cotilédones), família botânica Cruciferae, espécie
denominada Brassica oleracea e variedade italica (CAMARGO, 1981). Atualmente a
família Cruciferae denomina-se Brassicaceae (CAMARGO, 1992).

No Brasil, a hortaliça denominada brócolos refere-se ao tipo italiano de brotos


verdes. Popularmente é conhecida como brócoli, devido a sua origem italiana (“brocco”,
que significa broto). Comparada à couve-flor apresenta-se cinco vezes mais rica em
cálcio e com 120 vezes mais vitamina A (MURAYAMA, 1985).

Os brócolos (Brassica oleracea L. var. italica Plenck) são uma hortaliça anual, de
porte arbustivo. Produz inflorescência com haste carnosa e grossa, apresentando nas
extremidades tufos de botões florais de cor verde-azulada e comprimentos diversos,
segundo a cultivar. Os brotos e botões constituem a parte comestível. Sua propagação
é realizada por sementes, sendo o ciclo entre a semeadura e a colheita de 90 a 100
dias. Apresentam bons teores de proteína (3,3%), fósforo (70mg/100g de produto
cozido), riboflavina (150mg/100g de produto cozido), altos teores de cálcio
(400mg/100g de produto cozido) e vitamina C (74mg ácido ascórbico/100g de produto
cozido). Dentre as cultivares existentes no mercado brasileiro mencionam-se: Ramoso
Piracicaba, Ramoso Brasília, Piracicaba Precoce de Verão, Calabresa e Condor
(TRANI; PASSOS, 1998).

De acordo com BIONDO (2001) a couve brócolos é exigente nos microelementos


boro e molibdênio e no macronutriente cálcio. Os micronutrientes são de difícil
distribuição em campos de plantio devido a reduzida quantidade necessária. Desse
modo, a aplicação desses nutrientes em soluções filmogênicas pode ser uma
alternativa viável para a solução desse problema. Em relação à temperatura ótima para
germinação das sementes, essa hortaliça requer de 15,5 a 210C durante o dia e 10 a
15,50C durante a noite (LORENZ; MAYNARD, 1988).

32
2.18. Germinação de sementes

A germinação é um fenômeno pelo qual, sob condições apropriadas, o eixo


embrionário dá prosseguimento ao seu desenvolvimento (CARVALHO; NAKAGAWA,
1988). O fator essencial para que esse fenômeno ocorra é a disponibilidade de água
para a sua reidratação, sendo que diferentes partes da semente absorvem água a
velocidades diferentes, e o teor mínimo de umidade que a semente deve atingir varia
conforme a espécie (POPINIGIS, 1977).

A porcentagem de germinação é a porcentagem de sementes que produz


plântulas normais, sob condições padronizadas de temperatura e de outros fatores
ambientais. A fase subseqüente de plântula é o intervalo durante o qual a planta jovem
passa a ser dependente dos seus próprios órgãos de elaboração de alimentos
(JANICK, 1968; ISTA, 1985).

Dentre os fatores que podem influenciar a germinação das sementes tem-se,


segundo CARVALHO; NAKAGAWA (1988):

• condições climáticas: o regime hídrico pode exercer grande influência sobre o


período de viabilidade das sementes. Quando estas encontram-se em um
estágio de acúmulo de matéria seca é fundamental que haja disponibilidade de
água no solo para a planta. Já no caso de a semente encontrar-se em estado de
desidratação, o ideal é que não haja chuva neste período.
• injúria mecânica: pode ocasionar tanto a morte da semente como provocar
rachaduras na casca, o que facilita o acesso de microrganismos patogênicos ao
seu interior.
• condições de armazenamento inadequadas e tratamentos químicos excessivos,
também podem promover a morte ou deterioração de sementes.

33
• da absorção de água resulta a reidratação dos tecidos, o que intensifica a
respiração e demais atividades metabólicas e promove o fornecimento de
energia e nutrientes necessários para o crescimento das sementes.
• a temperatura influencia a velocidade de germinação, havendo determinados
limites superiores e inferiores que variam conforme as espécies de sementes. O
aumento da temperatura provoca um aumento da velocidade de absorção de
água até um certo limite.
• O oxigênio é necessário para o aumento da atividade respiratória exigida no
processo de germinação e, subseqüente, crescimento e desenvolvimento da
planta.

JETT; WELBAUM (1996) estudaram o período de germinação de sementes de


brócolos e verificaram que 42 dias após a polinização das sementes 75% delas já
estavam prontas para germinar, enquanto que, 56 dias após a polinização, 90%
apresentaram germinação normal.

34
3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Materiais

Pectina de baixo teor de esterificação (30%), amidada (18%), não padronizada


(sem adição de açúcar) e obtida a partir de frutas cítricas foi cedida pela CPKelco Brasil
S/A; gelatina tipo A cedida pela Leiner Davis (caracterizada pelo produtor como: bloom
240 e granulometria 6 mesh); triacetina cedida pela Rhodia; ácidos láurico, esteárico e
palmítico (Vetec); bananas nanicas (Musa cavendish), cedidas por produtor do
município de Sumaré e sementes de brócolos, cultivar Ramoso, cedidas pelo Instituto
Agronômico de Campinas (IAC).

3.2. Combinação de pectina com cloreto de cálcio

Alguns ensaios foram realizados com pectina (PEC) visando conhecer o


comportamento da mesma diante de diferentes concentrações de cloreto de cálcio
(CaCl2). As concentrações de PEC utilizadas neste ensaio variaram de 1 a 5% (p/v),
enquanto os teores de CaCl2 de 0,02 a 0,16% (p/v).

Para a elaboração da solução PEC adicionada de CaCl2 o seguinte procedimento


foi realizado: 1% de PEC foi mantida sob aquecimento a 600C com agitação magnética
moderada até completa solubilização do material. Em seguida, a solução de cloreto de
cálcio, respectiva a cada concentração a ser estudada, foi homogeneizada e adicionada
à solução de pectina, mantendo a temperatura de 600C e a agitação durante 5 min.
Então, uma alíquota de 55mL da solução preparada foi pipetada e distribuída pela
superfície de uma placa de plaxiglass de 14cm de diâmetro. Esse material foi mantido a
temperatura ambiente (250C) durante 38h para secagem, originando assim os filmes, os
quais foram retirados das placas e armazenados em um dessecador à 250C e 52 ± 2%
de umidade relativa (UR), em nitrato de magnésio saturado, durante 48h. O mesmo
procedimento foi realizado com todas as outras concentrações de PEC.

35
Os filmes obtidos foram avaliados quanto à facilidade de dispersão nas placas,
aspecto visual e resistência ao manuseio após a secagem.

3.3. Elaboração e caracterização da melhor combinação da solução de PEC


adicionada de CaCl2

A combinação de 4% PEC com 0,06% CaCl2 foi elaborada, conforme o


procedimento anterior, e a solução obtida foi distribuída (55mL) em placas plaxiglass.
Esta combinação apresentou melhor aspecto dos filmes em relação ao manuseio
quando comparados aos demais. As mesmas condições citadas anteriormente foram
utilizadas para secagem e armazenamento desses filmes.

Um outro filme de pectina foi elaborado a partir de uma solução 2% PEC (p/v),
seguindo todas as condições citadas inicialmente. Porém, nesta elaboração não houve
o acréscimo de CaCl2. Após 38h de secagem a temperatura ambiente, esses filmes de
PEC também foram retirados das placas e armazenados durante 48h em
dessecadores, contendo nitrato de magnésio saturado, seguindo as condições já
relatadas. Os filmes de PEC adicionados ou não de CaCl2 foram então caracterizados
quanto as propriedades de permeabilidade ao vapor de água (PVA), solubilidade (SOL)
em água e resistência mecânica, sendo os resultados comparados entre si.

3.4. Fluxogramas do desenvolvimento e caracterização dos filmes

Os fluxogramas representados pelas Figuras 3 e 4 retratam o procedimento


realizado para o desenvolvimento e caraterização dos filmes.

36
PEC

1%Tri 5%Tri 10%Tri

6%AE 6%AE 6%AE

Ensaios preliminares
12%AE 12%AE 12%AE

18%AE 18%AE 18%AE

Teor de triacetina selecionada PEC (+1%Tri)


após caracterização (visual,
PVA, RT e ELON) dos filmes

6%AL 6%AP 6%AE 6%Ble

Filmes elaborados
12%AL 12%AP 12%AE 12%Ble

18%AL 18%AP 18%AE 18%Ble

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Caracterização dos filmes
Solubilidade (SOL)
Resistência a tração (RT)
Elongação (ELON)

Seleção do filme com menor PVA e alta RT

Figura 3: Fluxograma da elaboração e caracterização dos filmes compostos de pectina


e ácidos graxos.
NOTA: PEC=pectina; Tri=triacetina; AL=ácido láurico; AP=ácido palmítico; AE=ácido
esteárico; Ble= blenda (mistura) dos ácidos AL/AP/AE em 1:1:1.
37
PEC:GEL (+1%Tri)

Filmes elaborados
1:9 (v/v) 1:1 (v/v) 9:1 (v/v)

+ 6%Ble + 6%Ble + 6%Ble

Permeabilidade ao vapor de água (PVA)


Caracterização dos filmes
Solubilidade (SOL)
Resistência a tração (RT)
Elongação (ELON)

Seleção do filme com menor PVA e alta RT

Figura 4: Fluxograma da elaboração e caracterização dos filmes a base da mistura de


pectina e gelatina.
NOTA: PEC:GEL=mistura pectina/gelatina contendo 1% de triacetina; Tri=triacetina;
Ble=blenda (mistura) dos ácidos graxos láurico/palmítico/esteárico em 1:1:1.

3.5. Elaboração de filmes compostos de PEC e ácido esteárico (AE) com variação
do teor de triacetina

Uma solução de PEC a 2% (p/v) foi mantida em chapa com aquecimento a 600C
e agitação magnética moderada até completa solubilização do material. Em seguida um
teor de 6% (p/p) de ácido esteárico (AE) e 1% de triacetina (ambos em relação ao peso
de pectina) foram aquecidos em placa com aquecimento a 800C, onde foi adicionada a

38
solução de PEC. Essa solução filmogênica PEC/AE e 1% triacetina foi mantida sob
agitação moderada durante 5min sendo em seguida espalhada em volume de 38mL
sobre placas plaxiglass de diâmetro de 14cm para secagem a temperatura ambiente
durante 33h. O mesmo procedimento foi repetido para os filmes com adição de 12 ou
18% de AE.

Soluções filmogênicas com teores de 5 e 10% de triacetina (em relação ao peso


de PEC) também foram elaboradas seguindo o mesmo procedimento relatado
anteriormente (Figura 3). O teor de AE nestes filmes também se manteve em 6, 12 e
18%.

Após a secagem todos esses filmes foram retirados das placas e armazenados
em dessecadores, contendo nitrato de magnésio, a 25ºC e 52 ± 2% UR durante 48hs
antes das análises.

3.6. Procedimento para elaboração dos filmes compostos

3.6.1. Filmes compostos de pectina (PEC) e ácidos graxos

Três tipos de filmes de pectina/ácido graxo foram elaborados utilizando ácido


láurico (AL), esteárico (AE) e palmítico (AP). Para cada um desses filmes três
concentrações de cada lipídio (6, 12 e 18% em relação ao peso de pectina) foram
utilizados (Figura 3).

Previamente uma solução de PEC 2%(p/v) foi mantida sob aquecimento a 600C
com agitação magnética moderada até que a completa solubilização do material fosse
obtida. Um teor de 1%(p/p) de triacetina, em relação ao peso da pectina, foi adicionado
a solução mantendo-se o aquecimento e agitação magnética durante 5min.

39
Em seguida cada ácido utilizado no filme foi solubilizado (separadamente) em
placa aquecedora a 800C. A solução de PEC previamente elaborada, mantida sob pH
natural, foi então adicionada ao ácido solubilizado mantendo-se o aquecimento a 600C
da solução e agitação forte até completa incorporação do lipídio na solução de pectina.
Alíquotas de 38mL foram pipetadas e distribuídas em placas plaxiglass de 14cm de
diâmetro. Os filmes contidos nas placas foram mantidos a temperatura ambiente (25ºC)
e sobre superfícies niveladas durante 33h para secagem. Posteriormente foram
retirados das placas e armazenados em dessecadores, a 25ºC e 52 ± 2% UR, durante
48h antes das análises.

3.6.2. Filmes compostos de pectina adicionados da blenda de ácidos graxos

A solução de PEC 2% (m/v) foi solubilizada e adicionada de 1% de triacetina


conforme procedimento relatado em 3.6.1. Em seguida, 6% (p/p) de uma blenda (ble)
(também em relação ao teor de matéria seca) de ácidos láurico, palmítico e esteárico na
proporção 1:1:1 foi solubilizada em placa com aquecimento a 800C sendo após a
solubilização adicionada da solução de PEC mantendo agitação forte e aquecimento de
60oC. Alíquotas de 38mL foram pipetadas em placas plaxiglass de 14cm e deixadas à
temperatura ambiente para secagem durante 33h. O mesmo procedimento foi realizado
quando a blenda de 12 e de 18% foram adicionadas ao sistema, sendo a triacetina
sempre mantida a 1% (Figura 3). Os filmes foram então armazenados em
dessecadores, a 25ºC e 52 ± 2% UR durante 48h antes do início das análises.

3.6.3. Elaboração dos filmes compostos de pectina/gelatina (PEC/GEL)

Para a elaboração desses filmes compostos foi elaborada uma solução de


gelatina (GEL) 10% (p/v) e uma outra de PEC 2% (p/v).

Inicialmente a solução de 10g de GEL em 100mL de água foi deixada em

40
repouso à temperatura ambiente (250C) durante 1h para hidratar. Em seguida a solução
foi aquecida em banho-maria a 900C durante 10min. Paralelamente, a solução de PEC
foi mantida em aquecimento e agitação até que todo o material se solubilizasse,
seguindo os procedimentos relatados inicialmente em 3.6.1.

Após o preparo, quantidades proporcionais dessas soluções como 10mL, 50mL e


90mL da solução de PEC foram misturadas respectivamente com 90mL, 50mL e 10mL
de solução de gelatina (Figura 4). A cada solução misturada foi adicionado 1% (p/p) de
triacetina, em relação ao peso total de matéria seca de cada solução. Cada uma dessas
soluções (PEC:GEL) foi mantida durante 3min sob agitação magnética moderada e
aquecimento de 60ºC. Alíquotas de 16, 28 e 38mL, para as proporções 1:9 (v/v), 1:1
(v/v) e 9:1 (v/v), respectivamente, foram pipetadas e distribuídas em placas plaxiglass
de 14cm de diâmetro. Após a secagem dos filmes a temperatura ambiente e sobre
superfícies niveladas (22h para os filmes de combinação 1:9, 30h para os de 1:1 e 38h
para os de 9:1) os mesmos foram retirados das placas e armazenados em
dessecadores, a 25ºC e 52 ± 2% UR, durante 48h antes do início das análises.

3.6.4. Filmes compostos de pectina/gelatina e adicionados da blenda de ácidos


graxos

A preparação das soluções de PEC (2%) e GEL 10% procedeu-se da mesma


forma que a citada em 3.6.1 e 3.6.3, respectivamente. Em seguida, um teor de 6% (p/p)
da blenda de ácidos láurico, palmítico e esteárico (1:1:1, p/p/p), em relação à
quantidade total de matéria seca de cada solução, foi mantido em placa com
aquecimento a 800C para solubilização dos ácidos aos quais foram então adicionadas
às soluções 1:9, 1:1 e 9:1 (v/v) de PEC/GEL (Figura 4). A todas essas soluções também
foi adicionada triacetina 1%, seguindo procedimentos já relatados em itens anteriores.

Todas essas soluções contendo PEC/GEL e blenda de ácidos foram mantidas

41
sob aquecimento a 60oC e agitação moderada durante 3min. A alíquota de cada
solução distribuída nas placas plaxiglass foi de 16, 28 e 38mL para as respectivas
proporções citadas acima. Após um período de 22, 30 e 38h para secagem dos filmes,
respectivamente para as proporções 1:9, 1:1 e 9:1, os mesmos foram armazenados em
dessecadores da mesma forma citada nos itens anteriores.

3.7. Caracterização dos filmes

3.7.1. Análise visual

Após a secagem dos filmes elaborados, foram realizadas análises considerando


os aspectos táteis e visuais para escolha dos melhores. Os filmes que não
apresentaram coloração e espessura uniforme e aqueles com presença de partículas
visíveis a olho nu de pectina, gelatina ou lipídios e rupturas ou regiões quebradiças
foram descartados uma vez que poderiam comprometer os resultados das análises.

3.7.2. Espessura do filme


A espessura dos filmes foi obtida pela média aritmética dos valores de dez
pontos aleatórios em diferentes segmentos do filme, utilizando-se um micrômetro digital
(modelo MDC-25M, Mitutoyo, MFG, Japão, resolução 0,001mm).

3.7.3. Permeabilidade ao vapor de água

A permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes foi determinada


gravimetricamente a 250C utilizando-se o método padrão E-96 da ASTM (ASTM, 1995a)
modificado. As amostras de cada filme foram seladas com parafina em células de
permeação de alumínio, contendo cloreto de cálcio. Essas células foram
acondicionadas em dessecadores a 250C e 75% UR. A partir do ganho de peso do
cloreto de cálcio, medido em intervalos de 24h, durante 7 dias, foi possível determinar o

42
vapor de água transferido através do filme. As análises foram realizadas em triplicata.
O cálculo dos valores de PVA foi obtido utilizando-se da seguinte fórmula:
m⋅e
PVA =
t ⋅ A ⋅ ∆p
onde,

m= diferença de peso (quantidade de permeante que atravessa o filme) (g)


e= espessura do filme (mm)
t= tempo (dia)
A= área exposta do filme (mm2)
∆p= diferença de pressão de vapor de água a 75% UR e 0% UR, ambos a 250C (Pa)

3.7.4. Propriedades mecânicas

As análises de resistência à tração e porcentagem de elongação à ruptura foram


realizadas com o texturômetro TA-XT2 (Stamis Micro System, Surrey, UK), seguindo o
método padrão ASTM D 882 (ASTM 1995b), com separação inicial das garras de 50mm
e velocidade do probe de 1mm/s. Seis a dez amostras de cada filme foram recortadas
(100mm de comprimento e 25mm de largura) e fixadas, uma a cada vez, no
texturômetro. A resistência à tração (RT) e a porcentagem de elongação (E) foram
calculadas de acordo com o método da ASTM citado anteriormente. O cálculo da
resistência à tração e elongação do filme foi realizado utilizando-se das equações
abaixo:
F d
RT = ; E= ⋅ 100
e ⋅ 0,001 ⋅ A do
onde,
F: força máxima no momento da ruptura do filme(N)
e: espessura do filme (mm)
A: área do filme em estudo (mm2)
d: distância percorrida para ruptura do filme (mm)

43
do: distância inicial entre as garras (mm)

3.7.5. Solubilidade em água

A análise de solubilidade (SOL) em água dos filmes foi realizada em triplicata


seguindo o método proposto por GONTARD et. al. (1994). Inicialmente, os discos dos
filmes foram cortados (2cm de diâmetro), secos em estufa com circulação e renovação
de ar (Tecnal, TE394/2) a 105oC por 24h, pesados e então imersos em 50mL de água
destilada, mantidos sob agitação lenta e periódica por 24h à temperatura ambiente
(25oC) em banho-maria (Tecnal, TE057). Os fragmentos de filme restante foram então
retirados do banho e secos em estufa (105oC, 24hs) para determinação da massa seca
final dos mesmos. O cálculo para solubilidade foi realizado da seguinte forma:
mi − mf
SOL = ⋅ 100
mi
onde,
mi: massa seca inicial do filme (g)
mf: massa seca final do filme (g)

3.7.6. Permeabilidade ao oxigênio

A taxa de transmissão de oxigênio (TTO) foi determinada utilizando um aparelho


OX-TRAN 2/20 (Mocon, Inc) a 25oC a partir do método padrão ASTM D 3985-81
modificado (ASTM 1980). A área exposta dos filmes destinada à passagem dos gases
foi fixada em máscaras de alumínio e a permeabilidade ao oxigênio (PO) foi
determinada a partir de análises realizadas em duplicatas, a temperatura de 250C, e
calculada através da equação:
TTO ⋅ e
PO =
∆p

onde,

44
PO = permeabilidade ao oxigênio (cm3µm/m 2 d.kPa)
TTO = taxa de transmissão de oxigênio (mL/m2 dia)
e = espessura (µm)
∆p = diferença de pressão parcial entre os dois lados do filme (KPa)

A diferença de pressão através do filme corresponde à pressão atmosférica


(101,3 KPa). As amostras do filme, no instrumento de medida, foram sujeitadas a 100%
de gás oxigênio de um lado e de um gás de arraste contendo 98% de nitrogênio e 2%
de hidrogênio do outro lado.

3.7.7. Opacidade dos filmes

A opacidade dos filmes foi determinada utilizando-se o colorímetro Hunterlab


(Colorquest II, Faifax, USA), seguindo o método HUNTERLAB (1997). Assim, a
opacidade (Y) foi calculada como a relação entre a opacidade do filme colocado sobre o
padrão preto (Yp) e a opacidade do filme colocado sobre o padrão branco (Yb), de
acordo com a equação:
Yp
Y= ⋅ 100
Yb

O cálculo da opacidade foi realizado automaticamente no computador associado


ao colorímetro pelo programa Universal Software 3.2 (HUNTERLAB, 1997).

3.7.8. Microestrutura dos filmes

A microestrutura dos filmes foi avaliada utilizando microscopia eletrônica de


varredura. Os filmes foram mantidos em dessecadores contendo sílica gel (25oC)
durante sete dias, anteriores a análise. Após, os filmes foram fragmentados e as
amostras de cada um deles fixadas em suporte de alumínio (“stubs”), com fita condutiva

45
de cobre. As amostras foram recobertas com ouro (SPUTTER COATER BALZERS–
SCD 050, Baltec, Lichtenstein, Áustria), a 250C e pressão de 2 x 105 Torr por 180s e,
em seguida, observadas em microscópio eletrônico de varredura (JEOL SCANNING
MICROSCOPE -JMS-5800LV) a 10 kV.

3.8. Aplicação das soluções filmogênicas como coberturas em bananas

3.8.1. Coleta da fruta

As bananas utilizadas no experimento foram da cultivar Nanica (Musa


cavendish) colhidas em uma propriedade situada no município de Sumaré (SP), no mês
de julho.

As bananas foram colhidas no estágio de maturação ¾ gordas, sendo logo


após submetidas ao processo de higienização com solução de água e detergente,
segundo informações fornecidas pelo produtor. Em seguida, foram armazenadas
durante 72h em uma câmara climatizada (situada na mesma propriedade de coleta das
bananas) com liberação de gás etileno, à temperatura de 18 ± 10C sendo então
transportadas para o laboratório de Controle de Qualidade, da Faculdade de
Engenharia de Alimentos, da Unicamp, onde as análises foram realizadas.

A classificação das bananas quanto ao estágio de amadurecimento seguiu a


escala apresentada por GOUS; VAN-WYK; McGILL (1987), na qual o estágio mais
verde que amarelo (no 3) foi o apresentado pelas frutas no dia em que foram recobertas.

O comprimento e diâmetro das bananas utilizadas no experimento foram de 18-


22cm e 28-29mm, respectivamente. Esses dados foram obtidos a partir da média
aritmética de 45 bananas submetidas às análises de textura.

46
3.8.2 Cobertura das bananas

As soluções filmogênicas utilizadas para o recobrimento das bananas foram


PEC/AE (com 1% triacetina e 6%AE) e PEC/GEL (com 1% triacetina) na proporção de
1:1 (v/v), seguindo a mesma metodologia do procedimento de elaboração das soluções
relatada em 3.6.1 e 3.6.3, respectivamente.

Três tratamentos foram selecionados para o experimento: controle (sem


aplicação de cobertura), PEC/AE e PEC/GEL. Cada tratamento foi composto por 24
bananas, distribuídas na forma de buquês (ANEXO 1), sendo 15 destinadas à análise
de dureza (5 buquês), 6 a de perda de massa (2 buquês) e 3 submetidas a análise da
cor (1 buquê).

As bananas foram utilizadas na forma de buquês para a imersão na solução.


Sendo assim, cada buquê foi imerso manualmente na respectiva solução filmogênica
durante 1 minuto e, em seguida, suspenso pelo pedúnculo para secagem durante 20h a
temperatura ambiente. Após a secagem as bananas foram mantidas em bandejas de
plástico, em ambiente onde a temperatura variou de 20,6 a 23,50C e umidade relativa
de 39 a 51%, durante 8 dias. As análises foram realizadas no 1o, 2o, 4o, 6o e 8o dia de
armazenamento.

Todas as bananas utilizadas nos experimentos foram provenientes de um


mesmo cacho, garantindo assim uma maior homogeneidade do tamanho e cor das
mesmas.

3.8.3 Análises realizadas

3.8.3.1. Perda de massa

47
Os frutos pertencentes a cada tratamento foram pesados, na forma de buquês,
em balança semi-analítica no 1o, 2o, 4o, 6o e 8o dia de armazenamento. O cálculo da
perda de massa foi realizado a partir da relação entre a massa das bananas em um
determinado dia de análise e a massa inicial, expresso em porcentagem. Durante o
período de estocagem as bananas submetidas a essa análise foram sempre as
mesmas, garantindo assim que a alteração da massa estivesse relacionada exatamente
a cada tratamento.

3.8.3.2. Cor

As análises de cor da fruta foram realizadas diretamente sobre a sua casca


utilizando-se o colorímetro Hunterlab (Colorquest II, Fairfax, VA, USA), Rsin, D650 (luz
do dia), para a determinação dos parâmetros L, a e b durante a estocagem. Para cada
tratamento foram utilizadas as três bananas do buquê, com medidas de cor realizadas
em três diferentes pontos de cada banana (porções superior – localizada próxima ao
pedúnculo da fruta, mediana e inferior). Foi obtida a média para cada tratamento, em
cada tempo de armazenamento. Em todas as análises buscou-se realizar a leitura da
cor sempre no mesmo local. O buquê de bananas utilizado para as medidas de cor foi o
mesmo durante toda a estocagem, sendo o mesmo manuseado com cuidado para não
provocar lesões que viessem a alterar o estado da fruta.

A variação de cor (∆E) das bananas de cada tratamento foi calculada através
da fórmula ∆E=[(∆L)2+(∆a)2+(∆b)2]0,5, em intervalos de dois dias, sendo os valores
iniciais dos parâmetros L, a e b aqueles obtidos no primeiro dia de armazenamento.

3.8.3.2.1. Adaptação realizada no colorímetro

Ao colorímetro Hunterlab com abertura de diâmetro de uma polegada (2,54cm)


foi realizada uma adaptação visando reduzir tal diâmetro para que assim as análises de

48
cor das bananas pudessem ser efetuadas.

Um recorte de papel preto de 4cm2 foi perfurado na região central,


apresentando então um orifício de 0,25 polegada (0,635cm), e adaptado ao colorímetro,
reduzindo assim a abertura do mesmo. A calibração do aparelho foi realizada de acordo
com o tamanho do orifício utilizado para as medidas de cores na fruta (0,25 polegadas).

Foram realizados testes preliminares com azulejos de cores azul, verde,


amarelo e rosa para comparação de resultados obtidos utilizando-se as aberturas de 1
e 0,25 polegada.

3.8.3.3. Dureza

Para a análise de dureza das bananas foi utilizado o texturômetro TA-XT2


(Stamis Micro System, Surrey, UK) através da medida da força de compressão,
utilizando um probe cônico de acrílico com 450 de ângulo. A distância de separação do
probe e sua velocidade foram, respectivamente, de 35mm e 1mm/s. Fatias transversais
de 3cm foram obtidas a partir da porção mediana de cada banana para os ensaios
realizados no 1o, 2o, 4o, 6o e 8o dias de armazenamento. A distância percorrida para
penetração da fruta foi de 75% da altura da amostra (3cm) disposta no aparelho. Para
cada grupo de bananas foi obtida uma média dos resultados a partir das análises
realizadas em triplicatas.

A medida de dureza das bananas, descascadas, foi realizada com o texturômetro


da forma como é apresentada na Figura 5.

49
Figura 5: Obtenção da medida de dureza das bananas com o auxílio do aparelho
Texturômetro TA-XT2.

3.9. Cobertura em sementes

As soluções filmogênicas utilizadas para o recobrimento das sementes de


brócolos ‘Ramoso’ foram PEC/AE (com 1% triacetina e 6%AE) e PEC/GEL (na
proporção 1:1 de pectina/gelatina, com 1% triacetina), também elaboradas seguindo a
metodologia do procedimento de elaboração das soluções relatadas em 3.6.1 e 3.6.3,
respectivamente. A essas duas soluções foram adicionados os fertilizantes molibdato
de sódio (0,2mg/L) e ácido bórico (1mg/L), para constituição de outros dois tratamentos.
Dessa forma, cinco tratamentos foram utilizados para este experimento, sendo um
deles o controle (sementes sem cobertura), dois outros recobertos pelas respectivas
soluções filmogênicas citadas, sem a adição de nutrientes e outros dois com a adição
de nutrientes às soluções filmogênicas (PEC/AE e PEC/GEL).

As sementes foram recobertas com as soluções por uma drageadeira (“pan


coating”), no Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) de Campinas, aparelho este
utilizado para cobertura de confeitos de chocolate, balas e doces em geral, com

51
velocidade de 25rpm e jato de ar frio. A drageadeira consiste de um recipiente preso em
um eixo horizontal ou levemente inclinado, que permite a rotação do equipamento.

Cerca de 10g de sementes foram colocadas neste aparelho e, em seguida, 1g


da solução filmogênica foi adicionada às sementes, aguardando-se 4min para uma
nova adição da solução. Em seguida, mais 1g da solução foi adicionada às sementes
contidas no aparelho, e, assim, sucessivamente até que um total de 5 camadas (cada
uma elaborada a partir de 1g de solução filmogênica) fosse atingido.

3.9.1. Plantio das sementes

As sementes utilizadas foram de brócolos (Brassica oleracea L. var. italica)


‘Ramoso’, provenientes do IAC e totalmente isentas de agrotóxicos de armazenamento.

Os experimentos foram realizados em casa-de-vegetação do Centro de


Horticultura do IAC, com delineamento estatístico inteiramente casualizado e quatro
repetições. Cada parcela experimental correspondeu a um vaso de alumínio, de 18cm
de diâmetro por 15cm de altura, onde foram distribuídas 18 sementes em 3 fileiras (6
sementes/fileira).

Cerca de 4 dias antes do plantio das sementes os vasos foram lavados com
solução de Super Cândida® (hipoclorito de sódio, hidróxido de sódio, cloreto de sódio e
água) contendo de 2 a 2,5% de cloro ativo (p/p). Foram diluídos 150mL do produto em
10 litros de água. No dia anterior ao plantio os vasos foram preenchidos com terra
peneirada proveniente de local não cultivado (Anexo 2), sendo esta, a seguir, tratada
com solução Mancozeb, eficaz para o controle fúngico (20 g do produto por 10 litros de
água).

As sementes com tamanhos semelhantes foram selecionadas para o plantio,

53
visando assim uma maior uniformidade do material. Após a colocação das sementes,
55 ± 5mL de terra foram colocados sobre as sementes distribuídas nos vasos.

Os vasos (distribuídos aleatoriamente) foram colocados em bandejas plásticas e


a umidade do solo foi mantida próxima à saturação.

3.9.2. Velocidade de emergência

Três dias após o plantio foi iniciada a contagem do número de plântulas


emergidas em cada tratamento. Tal procedimento foi repetido no 7o, 10o, 13o, 16o, 20o,
23o e 27o dia.

3.9.3. Massa das matérias fresca e seca das plantas

Após 27 dias as plantas emergidas foram cortadas no colo e pesadas logo em


seguida em balança semi-analítica para a determinação da massa da matéria fresca de
cada parcela. Posteriormente as plantas foram mantidas 24h em estufa com circulação
e renovação de ar (Tecnal, TE394/2) a 650C, sendo a seguir determinada a massa da
matéria seca.

3.10. Análise estatística

A análise estatística dos dados foi efetuada por meio de análises de variância
(ANOVA) e do teste de Tukey, o qual foi utilizado para determinar as diferenças
significativas das médias das propriedades dos filmes e das análises realizadas nas
bananas e sementes de brócolos, com intervalo de 95% de confiança. O programa
computacional Statistica® 5.5 (Stasoft, USA) foi utilizado para esses cálculos.

54
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Ensaios preliminares

4.1.1. Combinação pectina (PEC) com cloreto de cálcio (CaCl2)

No processo de formação de filmes é necessário elaborar soluções que sejam


facilmente distribuídas em superfícies para secagem, pois caso contrário não se poderia
manter uma espessura uniforme. A adição de cloreto de cálcio (CaCl2) nas soluções de
pectina (PEC) foi realizada com o objetivo de conhecer o comportamento da PEC
diante do íon cálcio e verificar as propriedades dos filmes formados.

As variações de teores de PEC e CaCl2 quando combinados resultaram em


soluções no estado sol, gel e promoveram ainda sinerese em determinados pontos,
conforme apresentado na Figura 6. Observou-se que o CaCl2 na concentração 0,06%
quando adicionado a soluções de PEC nas concentrações entre 1 e 4% resultou em
soluções no estado sol, o que facilitou a dispersão da alíquota desejada nas placas
plaxiglass para posterior secagem dos filmes.

As soluções de PEC 3, 4 e 5% contendo 0,08% de CaCl2 também apresentaram-


se solúveis, porém mais viscosas que aquelas contendo 0,06%, o que dificultou a
distribuição da mesma nas placas. A solução de PEC 5% apresentou-se altamente
viscosa quando adicionada de concentrações entre 0,02 e 0,08% de CaCl2,
inviabilizando o estudo para elaboração de filmes, pois a etapa de pipetagem do
material na placa tornou-se difícil.

As concentrações de CaCl2 e PEC que promoveram a formação de solução no


estado gel ou interação do tipo sinerese (Figura 6) não foram interessantes para o
presente estudo, uma vez que também não foi possível distribuí-las uniformemente nas

55
placas plaxiglass.

Os filmes formados com teores de PEC abaixo de 4% (adicionados de CaCl2


0,02 a 0,06%) foram descartados, pois não se apresentaram adequados quando
avaliados em relação ao critério manuseio. Os mesmos apresentaram-se muito frágeis,
difíceis de serem retirados das placas plaxiglass e finos quando comparados aos filmes
elaborados, a partir da mesma alíquota (55mL), com 4% PEC e 0,06% CaCl2. A
elaboração dos filmes com teores de PEC abaixo de 4% foi realizada apenas para
aferição dos parâmetros táctil e visual.

Figura 6: Diagrama de fases das diferentes combinações de pectina (PEC) e cloreto de


cálcio (CaCl2).

A caracterização dos filmes adicionados ou não de cloreto de cálcio foi realizada


buscando assim, validar a utilização ou não de CaCl2 na formulação dos filmes. A
Tabela 2 revela que a presença de CaCl2 nos filmes não influenciou significativamente
nas propriedades de barreira à água (PVA) e resistência mecânica (RT e E). GALIETTA
et. al. (1998) também verificaram que a adição de baixa concentração CaCl2 (0,05/100g
de matéria seca) na formulação dos filmes de proteína do soro não afetou
significativamente as propriedades funcionais dos mesmos. A formação de ligações
iônicas nos filmes adicionados de CaCl2 provavelmente não foi suficiente para promover

56
um aumento da propriedade mecânica dos filmes (GALIETTA et. al., 1998). A
solubilidade em água desses filmes foi de 100%.

Tabela 2: Caracterização dos filmes de pectina (PEC), a 250C, na presença ou não do


cloreto de cálcio (CaCl2) quanto a espessura, permeabilidade ao vapor de água (PVA),
resistência a tração (RT) e elongação (E).
Filmes Espessura PVA RT (MPa)* E (%)*
(mm) (g.mm/m2d.KPa)*
PEC com CaCl2 0,066 ± 0,004 7,21 ± 0,64a 91,11 ± 2,67a 2,93 ± 0,41a
PEC sem CaCl2 0,065 ± 0,003 6,80 ± 0,12a 90,54 ± 2,64a 2,90 ± 1,20a
a
*média e desvio padrão de repetições. Médias na mesma coluna com letras sobrescritas iguais não
0
diferem significativamente ao nível de P<0,05, de acordo o teste de Tukey (filmes condicionados a 25 C e
52 ± 2%UR durante 48h antes das análises).

4.1.2. Limite de compatibilidade da triacetina

4.1.2.1. Adição de triacetina nos filmes de pectina

Filmes a base de pectina com adição de 1% de triacetina foram elaborados em


ensaios preliminares visando o uso dos mesmos como controle comparativo a aqueles
adicionados de ácidos graxos. Porém foi observado que após a secagem desses filmes,
o plastificante não se incorporava na solução filmogênica formando assim uma fina
camada oleosa sobre o filme seco. Ocorrência semelhante foi observada por RHIM et.
al. (1999) quando ao filme a base de isolado protéico de soja foi adicionado um teor de
20 e 30% de ácido oléico. Os mesmos autores relataram que a separação ocorrida na
emulsão afetou as propriedades físicas dos filmes. ANKER; STADING; HERMANSSON
(2001) também verificaram em seus estudos com filmes a base de proteína do soro do
leite adicionados de sorbitol ou glicerol que a migração dos plastificantes afetava as
propriedades mecânicas dos filmes. Dessa forma, filmes de pectina adicionados apenas
de triacetina foram excluídos do presente trabalho.

57
4.1.2.2. Adição de triacetina nos filmes de pectina adicionados de ácidos graxos

Inicialmente a triacetina foi adicionada à formulação dos filmes de PEC


adicionados de ácidos graxos devido ao fato da mesma ter originado filmes com melhor
aspecto visual e homogeneidade.

Segundo McHUGH; KROCHTA (1994d) em filmes de polissacarídeos, devido a


natureza hidrofílica dos mesmos, pode não ser necessária a adição de plastificantes.
No entanto, sem a triacetina (Tri) os filmes de PEC apresentavam regiões com
opacidades diferenciadas, indicando que a triacetina promoveu uma melhor distribuição
dos lipídios na matriz filmogênica.

Diversos trabalhos relatam que a adição de plastificantes promove aumento da


permeabilidade ao vapor de água e uma redução da resistência à tração e aumento da
elongação (CUQ et. al., 1997; IRISSIN-MANGATA et.al., 2001; TOMASULA et. al.,
1998; GENNADIOS et. al., 1996; McHUGH; KROCHTA, 1994c). Dessa forma, optou-se
por variar o teor de triacetina (1, 5 e 10%) nos filmes a base de PEC e ácido esteárico
(AE) para identificar a concentração ideal deste plastificante a ser utilizado nas demais
formulações. Essas concentrações foram definidas com base na verificação visual e
caracterização quanto à permeabilidade ao vapor de água e resistência mecânica dos
filmes de PEC adicionados de ácidos graxos após a secagem.

Acima de 10% todos os filmes (PEC com ácido láurico,AL; PEC com ácido
palmítico,AP; PEC com ácido esteárico,AE) apresentaram aspecto oleoso após a
secagem e abaixo de 1% os filmes apresentaram coloração não uniforme após secos.
YANG; PAULSON (2000b) relataram que a adição de plastificantes aos filmes pode
apresentar um limite de compatibilidade com o material utilizado como componente da
matriz filmogênica e este limite é alcançado quando o plastificante começa a migrar do
filme promovendo uma separação de fases e expulsão física do mesmo do interior da
matriz.

58
O filme de PEC contendo AE foi o escolhido para ser caracterizado quanto às
propriedades de barreira e resistência mecânica nos ensaios preliminares, pois dentre
os ácidos graxos em estudo este foi o que apresentou, na prática laboratorial, maior
facilidade para incorporação.

Na Tabela 3 verifica-se que a adição de 5 e 10% de triacetina promoveu um


aumento da PVA do filme de PEC 6%AE quando comparado ao mesmo filme com 1%
de triacetina. No filme de PEC 12%AE apenas a concentração de 10% de triacetina
apresentou aumento da PVA. Esse aumento da permeabilidade em relação à adição de
triacetina também foi verificado por FAKHOURI, BATISTA e GROSSO (2003) em filmes
a base de gelatina (aumentando de 5 para 10% de triacetina a PVA variou de 3,5 para
4,4 g.mm/m2d.KPa).

O aumento de triacetina (1 para 5%) nos filmes a base de PEC adicionados de 6


e 18% de AE promoveu um aumento da resistência à tração dos mesmos. Em relação a
propriedade de elongação, esses mesmos filmes apresentaram uma diminuição
conforme a triacetina foi aumentada de 1 para 10% (Tabela 3). Contrariamente
McHUGH; KROCHTA (1994c) e TOMASULA et. al. (1998) observaram uma diminuição
da resistência à tração e aumento da elongação ao adicionarem plastificante (sorbitol e
glicerol) nos filmes a base de proteína do soro do leite e caseinato de cálcio,
respectivamente. Em filmes a base de gelatina elaborados por FAKHOURI (2002) a
adição de triacetina (de 5 para 15%) não promoveu diferença significativa (p<0,05) nas
propriedades de resistência à tração e elongação.

Segundo KESTER; FENNEMA (1986) os plastificantes são capazes de reduzir as


forças intermoleculares e aumentar a mobilidade de cadeias poliméricas. Com isso há
uma melhora da flexibilidade e da extensibilidade do filme, evitando assim a ruptura do
mesmo durante o manuseio e o armazenamento (McHUGH; KROCHTA, 1994a; LIN;
CHEN; RUN-CHU, 2000). No entanto, no presente trabalho, a triacetina, ainda que

59
tenha promovido uma melhor distribuição dos ácidos graxos, não apresentou efeito
plastificante quando observados os resultados de RT e E (Tabela 3). Provavelmente, a
disposição física das moléculas de triacetina, junto aos ácidos graxos, pode ter
contribuído para tal efeito.

Tabela 3: Caracterização dos filmes a base de pectina (PEC), a 250C, variando o teor
de triacetina (Tri) e ácido esteárico (AE), quanto a espessura, permeabilidade ao vapor
de água (PVA), resistência à tração (RT) e elongação (E).
Filmes Espessura PVA* RT (MPA)* E (%)*
(mm) (g.mm/m2.d.KPa)
PEC+6%AE 1%Tri 0,065 ± 0,004 5,03 ± 0,64d 51,07 ± 3,38bc 3,50 ± 0,49bc
5%Tri 0,059 ± 0,006 6,50 ± 0,33bc 59,99 ± 2,28ª 3,95 ± 0,85b
10%Tri 0,060 ± 0,004 7,68 ± 0,43b 48,96 ± 2,61c 2,21 ± 0,45d
PEC+12%AE 1%Tri 0,069 ± 0,008 5,89 ± 0,56cd 47,34 ± 1,35cd 2,96 ± 0,36bcd
5%Tri 0,064 ± 0,005 7,00 ± 0,21bc 47,70 ± 2,57c 2,96 ± 1,02bcd
10%Tri 0,068 ± 0,006 9,42 ± 0,07ª 42,05 ± 3,81d 2,71 ± 0,61cd
PEC+18%AE 1%Tri 0,070 ± 0,004 6,91 ± 0,40bc 46,62 ± 0,70cd 5,99 ± 0,01a
5%Tri 0,067 ± 0,010 7,68 ± 0,47b 54,17 ± 2,74b 3,95 ± 0,53b
10%Tri 0,066 ± 0,005 6,55 ± 0,31bc 47,40 ± 1,38c 2,87 ± 0,48cd
a-d
*média e desvio padrão de repetições. Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são
significativamente diferentes, de acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e
52 ± 2%UR durante 48h antes das análises).

O filme de PEC com 6% AE e 5% Tri apresentou a maior RT (59,99 MPa), sendo


este valor superior ao encontrado por KIM; KO; PARK (2002) em filmes a base de
pululan adicionados de xilitol (15,7MPa), com espessura média de 0,059mm (a 250C).
Por outro lado, FAKHOURI; BATISTA; GROSSO (2003) encontraram valores de
resistência à tração e elongação (250C), de filmes a base de gelatina e triacetina, em
torno de 92MPa e 7%, respectivamente (com espessuras médias de 0,034mm).

60
Em relação à propriedade de solubilidade em água, todos os filmes de PEC
adicionados de AE e Tri apresentaram-se 100% solúveis. Em filmes de caseinato de
cálcio adicionados de 30% de glicerol, TOMASULA et. al. (1998) também constataram
uma solubilidade de 100% dos filmes quando imersos em água (250C).

4.2. Processo de secagem dos filmes

Todos os filmes de PEC elaborados com ácidos graxos (mesmo tendo


apresentado uma boa emulsão) quando secos em estufa a 300C apresentaram regiões
com diferentes colorações esbranquiçadas o que pode ter sido um indicativo de que os
lipídios apresentavam certa tendência de migração para alguns locais da placa
plaxiglass. Aquecimento e evaporação do solvente durante a secagem de um filme
emulsificado induzem a mudanças na estrutura da emulsão devido ao fenômeno da
desestabilização (PHAN THE et. al., 2002).

Em filmes a base de isolado protéico do soro do leite, PÉREZ-GAGO; KROCHTA


(2001b) atribuíram a distribuição não uniforme dos lipídios no filme ao fato de que os
filmes começavam a secar das bordas para o centro, o que promovia a migração dos
lipídios ao redor da área mais hidrofóbica.

Dessa forma, buscando homogeneidade durante o procedimento de secagem


dos filmes, os mesmos foram secos a temperatura ambiente, o que favoreceu a
formação de filmes com coloração uniforme.

4.3. Espessura dos filmes

Os filmes foram elaborados a partir de alíquotas que os tornaram com


espessuras semelhantes entre si (Tabelas 4 e 6). O controle da espessura foi
importante para assegurar uniformidade dos filmes e validar as comparações realizadas
entre suas diversas propriedades. Em estudos realizados com biofilmes de gelatina de

61
couro bovino e também gelatina de pele suína, SOBRAL (1999) constatou que a força
na ruptura, a permeabilidade ao vapor de água e a cor desses filmes aumentaram
linearmente com o aumento da espessura.

Diferentes resultados de permeabilidade a gases e à água foram encontrados


por PARK; CHINNAN (1995) quando a espessura dos filmes de zeína e glúten era
aumentada ou diminuída, revelando assim que as propriedades do filme também
estavam correlacionadas com a espessura dos mesmos.

FAKHOURI (2002) observou que a adição de ácidos graxos em filmes de


gelatina e triacetina aumentou a espessura dos filmes quando esses foram distribuídos
na mesma alíquota em placas plaxiglass.

4.4. Aspecto visual dos filmes

Todos os filmes selecionados para a posterior caracterização de permeabilidade


ao vapor de água, ao gás oxigênio, solubilidade em água, propriedades mecânicas,
opacidade e microscopia eletrônica de varredura apresentaram aspecto visual
homogêneo (livre de partículas insolúveis), espessura uniforme e uma certa
maleabilidade, que os tornavam fáceis ao manuseio. Os filmes com características
diferentes dessas foram excluídos.

4.5. Caracterização dos filmes a base de PEC adicionados de ácidos graxos

As análises realizadas com os filmes compostos de PEC e ácidos graxos foram


referentes à permeabilidade ao vapor de água, propriedades mecânicas e solubilidade
em água. As análises de permeabilidade ao gás oxigênio, opacidade dos filmes e
microscopia eletrônica foram realizadas apenas com os melhores filmes em relação ao
tipo (AL, AP, AE ou blenda) e a concentração de ácido graxo (6, 12 ou 18%). Todos

62
esses filmes caracterizados foram adicionados de 1% de triacetina no processo de
elaboração.

4.5.1. Permeabilidade ao vapor de água

Os filmes a base de polissacarídeos são altamente hidrofílicos, o que resulta em


pobre barreira ao vapor de água e justifica a adição de componentes hidrofóbicos,
visando a redução do teor de água que possa vir a atravessar o filme. Os ácidos graxos
freqüentemente são hidrofóbicos e geralmente agem como boas barreiras à umidade
(McHUGH, 2000). No entanto, contém grupos carboxílicos altamente polares que
podem interagir com moléculas de água e, conseqüentemente, facilitar a transferência
de umidade através do filme (YANG; PAULSON, 2000a).

Os filmes de PEC adicionados dos ácidos graxos palmítico (AP), esteárico (AE)
ou ainda a blenda (mistura) destes (1AL: 1AP: 1AE) apresentaram um aumento da
permeabilidade ao vapor de água (Tabela 4) quando o teor de ácidos graxos foi
aumentado de 6 para 18%. Em filmes a base de amido, a adição de lipídios também
promoveu um aumento da permeabilidade ao vapor de água (GARCIA; MARTINO;
ZARITZKI, 2000).

GONTARD et. al. (1994) constataram aumento da permeabilidade ao vapor de


água dos filmes de glúten quando se adicionaram componentes lipídicos. Os mesmos
autores relataram que se os componentes lipídicos, geralmente esféricos, não forem
capazes de se associar com a cadeia de proteína, a estrutura da matriz de proteína
pode estar rompida, resultando em uma perda global das propriedades de barreira à
umidade do filme. A organização do complexo proteína-lipídios e a interação entre
esses dois componentes parece ser um fator crítico na permeabilidade dos filmes
(GONTARD et. al. 1994).

63
Dessa forma, possivelmente a matriz filmogênica de PEC, com o aumento da
concentração de ácidos graxos, apresentou descontinuidades permitindo assim que,
facilmente, houvesse a migração de vapor de água pelo filme.

RHIM et. al (1999) atribuíram o aumento da permeabilidade nos filmes a base de


isolado protéico de soja com 10% de ácido esteárico e ácido oléico à parte hidrofílica do
lipídio.

Tabela 4: Espessura e permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes compostos


de pectina (PEC) e ácidos graxos (a 250C).
Filmes* Espessura PVA
(mm) (gmm/m2d.KPa)**
PEC/AL 6% 0,061 ± 0,006 6,54 ± 0,63d
12% 0,061 ± 0,006 8,06 ± 0,46c
18% 0,064 ± 0,008 6,75 ± 0,50d
PEC/AP 6% 0,062 ± 0,005 5,79 ± 0,24e
12% 0,070 ± 0,006 5,41 ± 0,20ef
18% 0,065 ± 0,004 6,76 ± 0,15d
PEC/AE 6% 0,065 ± 0,004 5,03 ± 0,64f
12% 0,069 ± 0,008 5,89 ± 0,56e
18% 0,070 ± 0,004 6,91 ± 0,40d
PEC/ble 6% 0,066 ± 0,002 8,48 ± 0,27bc
12% 0,069 ± 0,005 8,90 ± 0,27ab
18% 0,069 ± 0,004 9,15 ± 0,36a
*AL=ácido láurido; AP=ácido palmítico; AE= ácido esteárico; ble=blenda dos ácidos graxos. **média e
a-f
desvio padrão de repetições. Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são
significativamente diferentes, de acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e
52 ± 2%UR durante 48h antes das análises).

A adição da blenda de ácidos graxos nos filmes de pectina apresentou um

64
aumento significativo da permeabilidade em comparação aos filmes com ácidos graxos
estudados separadamente (exceto quando comparado ao filme de PEC adicionado de
12% de AL) (Tabela 4), revelando assim que a associação dos ácidos graxos promoveu
uma maior passagem de água. Contrariamente YANG; PAULSON (2000a) verificaram
que os filmes de gelana elaborados com a blenda de ácido esteárico e palmítico (1:1)
apresentaram-se efetivos na redução da PVA. Em filmes a base de glúten, a adição de
30% da mistura ácido esteárico/palmítico e cera de abelha resultou em uma PVA menor
(1,65 gmm/m2d.KPa) que a apresentada pelos filmes de PEC adicionados da blenda de
ácidos (TANADA-PALMU; GROSSO, 2002).

Em relação ao tipo de ácido graxo utilizado nos filmes os resultados revelaram


que o aumento da cadeia carbônica dos ácidos graxos (AL-12 carbonos; AP-16
carbonos e AE-18 carbonos) promoveu uma diminuição da permeabilidade, sendo
neste caso, o ácido esteárico (18C), a 6%, o que menor PVA apresentou (não diferindo
estatisticamente apenas do AP 12%). Embora sejam sólidos a 250C os ácidos graxos
de cadeia menor apresentam maior mobilidade e conseqüentemente facilitam a
passagem de água (KAMPER; FENNEMA, 1984).

Com o aumento do tamanho das cadeias de ácidos graxos a porção apolar de


cada molécula também aumenta, resultando em menor PVA aos filmes emulsionados
(compostos) (McHUGH; KROCHTA, 1994b).

De acordo com AYRANCI; TUNC (2001), o teor de ácido esteárico acrescentado


aos filmes de metilcelulose (MC) (5g AE/100g MC) promoveu uma redução da
permeabilidade ao vapor de água de 40% quando comparado com os filmes sem a
presença de ácido. Por outro lado, os mesmos autores observaram que a adição de
ácido palmítico ou de ácido láurico em filmes de metilcelulose não apresentou diferença
significativa, exceto no estudo com adição de 40% de ácido palmítico, o qual
apresentou menor permeabilidade ao vapor d’água que o ácido láurico. Os autores

65
justificaram a menor permeabilidade ao vapor d’água do ácido esteárico devido ao
aumento do conteúdo de grupos hidrofóbicos com o aumento do tamanho da cadeia.

PÉROVAL et. al. (2002) também constataram que a permeabilidade ao vapor de


água dos filmes de arabinoxilana com ácido esteárico foi menor que a dos filmes com a
adição de ácido palmítico.

Ao contrário desses resultados WONG et. al. (1992) verificaram que nos filmes
de quitosana a adição de ácido láurico foi mais eficiente como barreira à água que nos
filmes contendo ácido palmítico.

4.5.2. Solubilidade em água

A pectina é um polissacarídeo bastante hidrofílico e a adição de 6 a 18% de


ácidos graxos na formulação desses filmes não revelou diferença dos mesmos quanto à
solubilidade em água. Todos os filmes caracterizados apresentaram-se 100% solúveis
em água. Normalmente os polissacarídeos são altamente higroscópicos e se
desintegram rapidamente em água (SHIH, 1996).

BERTAN (2003) observou que a adição de ácidos graxos em filmes de gelatina e


triacetina promoveu um aumento significativo da solubilidade dos filmes em todas as
faixas de concentração estudadas. Similar a permeabilidade ao vapor de água, a
solubilidade é um indicativo da hidrofilicidade do filme. Como a natureza dos ácidos
graxos é hidrofóbica, eles poderiam diminuir a solubilidade. No entanto, a não
incorporação na matriz filmogênica pode estar facilitando a solubilização.

Em determinadas aplicações essa alta solubilidade pode ser altamente


desejável. Por exemplo, em produtos semi-prontos destinados ao preparo sob
cozimento torna-se importante o uso de um material comestível que se desintegre

66
totalmente ao entrar em contato com água (GUILBERT; BIQUET, 1989).

4.5.3. Propriedades mecânicas dos filmes

As propriedades mecânicas dos filmes em estudo foram afetadas pelo aumento


do teor de ácidos graxos. Os resultados indicaram (Tabela 5) que o aumento de 6 para
18% de ácidos graxos nos filmes provocou uma redução da resistência à tração.

A adição de lipídios pode ter promovido uma modificação na matriz filmogênica,


resultando na diminuição da força tensora do filme, conforme verificado por CHEN
(1995). Esse efeito talvez tenha sido resultado da substituição parcial dos polímeros por
lipídios na matriz do filme, assim como o ocorrido em filmes compostos de gelana e
lipídios (YANG; PAULSON, 2000a).
Em relação à propriedade de elongação, ou seja, a capacidade de um filme em
se estender, cada filme estudado apresentou um determinado comportamento frente à
concentração e ao tipo de ácido graxo adicionado ao filme. A adição de ácido láurico
(AL) nos filmes promoveu um aumento da elongação, sendo o mesmo resultado
verificado nos filmes com ácido esteárico (AE). Em oposição a esses resultados, o filme
contendo ácido palmítico (AP) apresentou uma redução da elongação conforme o teor
de ácido foi aumentado (de 6 para 18%).

SHELLHAMMER e KROCHTA (1997) observaram um aumento na elongação


dos filmes de proteína do soro do leite com o aumento da concentração de lipídios, o
que, segundo os autores, foi causado pelo efeito plastificante do lipídio. Em
contraposição, PÉROVAL et al. (2002) observaram uma diminuição da elongação ao
incorporar ácidos graxos aos filmes de arabinoxilana. Os mesmo autores relataram que
alguns lipídios são incapazes de formar uma matriz contínua e coesa, causando assim,
uma menor elongação.

A adição da blenda de 6% de ácidos graxos resultou em um aumento da

67
resistência a tração dos filmes quando comparados aos filmes com adição de tipos
separados de ácidos. Contrariamente a esse comportamento observado, YANG,
PAULSON (2000a) observaram uma redução da resistência à tração e da elongação ao
aumentarem a concentração da blenda de AE/AP nos filmes de gelana.

No entanto, a adição de 12 e 18% da blenda de ácidos graxos nos filmes de PEC


promoveu uma redução significativa da resistência à tração em comparação aos filmes
com apenas 6% da blenda.

Tabela 5: Resistência à tração (RT) e elongação (E) dos filmes compostos de pectina
(PEC) e ácidos graxos (250C).
Filmes* RT (MPa)** E (%)**
PEC/AL 6% 54,94 ± 1,16cd 1,85 ± 0,29fg
12% 56,82 ± 1,97c 3,71 ± 0,36bcde
18% 49,55 ± 3,83efg 3,70 ± 0,78bcde
PEC/AP 6% 61,27 ± 0,52b 2,82 ± 0,23ef
12% 54,22 ± 0,28cd 2,87 ± 0,25ef
18% 56,06 ± 0,40c 1,77 ± 0,31g
PEC/AE 6% 51,07 ± 3,38def 3,50 ± 0,49cde
12% 47,34 ± 1,35fg 2,96 ± 0,36de
18% 46,62 ± 0,70g 5,99 ± 0,01a
PEC/ble 6% 75,89 ± 3,06a 4,49 ± 0,72b
12% 62,91 ± 3,18b 4,07 ± 0,84bc
18% 51,72 ± 2,39de 3,90 ± 0,44bcd
*AL=ácido láurido; AP=ácido palmítico; AE= ácido esteárico; ble=blenda dos ácidos graxos. **média e
a-g
desvio padrão de repetições. Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são
significativamente diferentes, de acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e
52 ± 2%UR durante 48h antes das análises).

Esses filmes de PEC apresentaram maior resistência e menor elongação que os

68
filmes de gelana adicionados de 25% da blenda de ácido esteárico e palmítico,
caracterizados por YANG; PAULSON (2000a) (13MPa e 24%, respectivamente). Em
relação ao filme comercial cloreto de polivinilideno, os filmes de PEC apresentaram uma
elongação cerca de 10 vezes menor e resistência semelhante (BRISTON, 1988).

CHICK; HERNANDEZ (2002) encontraram uma resistência de 8,3MPa e


elongação de 37% nos filmes a base de caseína adicionados de cera de carnaúba e
sorbitol.

4.6. Caracterização dos filmes compostos de pectina/gelatina adicionados ou não


de ácidos graxos

A caracterização dos filmes compostos de PEC e ácidos graxos relatada


anteriormente demonstrou que o teor de 6% de ácidos graxos apresentou uma barreira
mais efetiva à passagem de água e maior resistência à tração, atendendo assim o
objetivo inicial do trabalho o qual visava a escolha de filmes com essas características
para que, posteriormente uma aplicação em fruta fosse realizada. Dessa forma, ao
estudar as propriedades dos filmes combinados a base de PEC e GEL, esse mesmo
teor de 6% foi escolhido devido aos resultados apresentados anteriormente nos filmes
elaborados apenas com PEC (e ácidos graxos).

No entanto, ao se elaborar os filmes da mistura PEC/GEL com adição de 6% de


ácidos graxos verificou-se que não havia incorporação dos AL, AP e AE quando
estudados separadamente. Os filmes apresentaram-se com partículas insolúveis
desses ácidos, o que os eliminava de uma posterior caracterização devido ao aspecto
visual indesejado.

Diferentes maneiras de incorporação dos lipídios foram testadas buscando uma


melhor forma de incorporá-los ao filme combinado de PEC/GEL: foram solubilizados em

69
placas aquecidas a 600C, incorporados à solução de pectina e depois à gelatina;
juntamente com a solução de gelatina em banho-maria e depois adicionados à pectina.
Porém, nenhuma das tentativas apresentou formação de filmes com aspecto
homogêneo. Apenas quando a blenda de 6% de ácidos graxos (1:1:1 de AL:AP:AE) foi
adicionada verificou-se uma boa incorporação dos mesmos na matriz filmogênica,
originando filmes com aspecto homogêneo, visualmente.

Em todas as combinações de PEC/GEL estudadas não foi verificada,


visualmente, separação de fases entre pectina e gelatina, mesmo após o processo de
secagem dos filmes.

4.6.1. Permeabilidade ao vapor de água

Dentre as três combinações dos filmes de PEC/GEL, a mistura 1:1 apresentou a


menor permeabilidade ao vapor de água (Tabela 6), sendo seu valor aumentado em
mais de 2 vezes quando foi adicionada uma blenda de 6% de ácidos graxos (1:1:1 de
AL/AP/AE) ao filme. A natureza hidrofílica das proteínas formadoras de filmes
comestíveis induz a interação com a água, promovendo assim um aumento da PVA
(AVENA-BUSTILLOS; KROCHTA, 1993; CUQ; GONTARD; GUILBERT, 1998).

70
Tabela 6: Permeabilidade ao vapor de água (PVA) dos filmes compostos de
pectina/gelatina (PEC/GEL) adicionados ou não da blenda (ble) de ácidos graxos
(250C).
Filmes Espessura (mm) PVA (g.mm/m2d.KPa)*
1PEC:9GEL 0,067 ± 0,008 5,38 ± 0,35b
1PEC:1GEL 0,066 ± 0,005 4,35 ± 0,82c
9PEC:1GEL 0,069 ± 0,004 5,65 ± 0,52b
1PEC:9GEL 6%ble 0,065 ± 0,008 9,26 ± 0,49a
1PEC:1GEL 6%ble 0,068 ± 0,009 9,02 ± 0,14a
9PEC:1GEL 6%ble 0,065 ± 0,004 9,02 ± 0,11a
a-c
* Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são significativamente diferentes, de
acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e 52 ± 2%UR durante 48h antes das
análises).

A adição da blenda (ble) de ácidos graxos promoveu um aumento da PVA nos


filmes combinados quando comparados aos filmes sem a adição da blenda (Tabela 6).
Esse efeito pode ser atribuído a uma possível desestruturação da cadeia polimérica,
facilitando assim a passagem de vapor de água pelo filme.

Essa passagem de vapor de água usualmente ocorre através da parte hidrofílica


dos filmes. Então a relação de porções hidrofílicas/hidrofóbicas é importante para
determinar a PVA, a qual tende a aumentar com o aumento da polaridade dos lipídios
(GONTARD et. al., 1994).

Os valores de PVA, obtidos neste trabalho, para os filmes PEC/GEL sem adição
da blenda de ácidos graxos foram menores que o observado por TAYLOR (1986) para
o filme de celofane (7,27gmm/m2d. KPa,) e por BERTAN (2003) em filmes de gelatina
com 15% de triacetina (27gmm/m2d. KPa), e maiores que os observados por SMITH
(1986) para filmes de polietileno de alta densidade (0,02 gmm/m2d. KPa,).

71
Em filmes da mistura pectina/etilcelulose foi observado por MACLEOD, FELL,
COLLET (1997) que a adição de pectina não afetou a permeabilidade dos filmes de
etilcelulose. A pectina, a qual apresenta capacidade para ligações através de pontes de
hidrogênio, pode interagir com a etilcelulose e, conseqüentemente, diminuir os locais
disponíveis para a interação da etilcelulose com a água. Então, o esperado aumento da
permeabilidade à água não ocorre.

4.6.2. Solubilidade

Os filmes de PEC combinados com GEL apresentaram diferentes solubilidades


em água. Quando a solução de PEC foi igual ou nove vezes maior que a de GEL
utilizada para a formação do filme, a solubilidade em água foi maior que nos filmes
elaborados com uma parte de solução PEC para nove de GEL (Tabela 7).

Os filmes elaborados a partir de soluções 1:9 e 1:1 PEC/GEL apresentaram-se


íntegros quando, após 24hs, foram retirados da imersão em água, enquanto os filmes
provenientes da elaboração com 9PEC:1GEL apresentaram-se totalmente solúveis
(100%) em água.

Segundo BERTAN (2003), a solubilidade dos filmes de gelatina elaborados com


15% de triacetina (espessura média de 0,07mm) foi de aproximadamente 30%. Assim,
no presente estudo ficou demonstrado que a pectina atuou como regulador da
solubilidade dos filmes.

TANADA-PALMU; FAKHOURI e GROSSO (2002) ao caracterizarem filmes de


celulose e glúten de trigo quanto à solubilidade em água verificaram que o filme
elaborado apenas com glúten apresentava-se 22,7% solúvel. Por outro lado, ao ser
combinado com celulose, em proporções 1:4, 1:1 e 4:1 (respectivamente
Celulose/Glúten) essa porcentagem era aumentada para 100%. Os mesmos autores,

72
ao caracterizarem filmes de gelatina (10% p/v) adicionados de 0,5g de glicerol
encontraram uma solubilidade em água de 18%.

A adição de 6% da blenda (1:1:1) de ácidos graxos nos filmes PEC/GEL


promoveu um aumento significativo da solubilidade, em comparação aos filmes sem a
blenda, apenas nos filmes elaborados a partir de soluções 1PEC:9GEL. RHIM, et. al.
(1999) também verificaram um aumento da solubilidade de filmes a base de isolado
proteico de soja adicionados de ácido láurico.

Tabela 7: Caracterização dos filmes (a 250C) compostos pectina/gelatina (PEC/GEL)


adicionados ou não da blenda (ble) de ácidos graxos.

Filmes SOL (%)*


1PEC:9GEL 15,03 ± 0,23c
1PEC:1GEL 18,33 ± 0,51b
9PEC:1GEL 100a
1PEC:9GEL 6%ble 18,28 ± 1,08b
1PEC:1GEL 6%ble 18,54 ± 0,37b
9PEC:1GEL 6%ble 100a
a-c
* Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são significativamente diferentes, de
acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e 52 ± 2%UR durante 48h antes das
análises).

FISHMAN e COFFIN (1998) ao estudarem a solubilidade dos filmes a base da


mistura de pectina e polivinil álcool verificaram que a 30 e 50oC apenas os filmes
contendo 30% ou menos de polivinil álcool na mistura foram solúveis em água.

73
4.6.3. Propriedades mecânicas

De um modo geral, os biofilmes produzidos a partir de proteínas apresentam


propriedades mecânicas melhores que os filmes a base de polissacarídeos (CHEN,
1995). Um aumento da resistência à tração dos filmes geralmente é desejável quando o
mesmo tende a ser aplicado como proteção a certos alimentos, mas pode variar de
acordo com o interesse da aplicação do filme (GONTARD, et. al., 1994). Quando os
polímeros são combinados eles podem interagir física e quimicamente e resultar em
filmes com melhores propriedades (SHIH, 1996).

O aumento do teor de GEL (1:9 PEC/GEL) na elaboração dos filmes compostos


resultou em filmes com maior resistência à tração que aqueles com teor reduzido de
GEL (9:1 PEC/GEL). BERTAN (2003) ao caracterizar filmes de gelatina (também do tipo
A) adicionados de 15% de triacetina encontrou um valor de 115,1 ± 1,1 MPa para a
resistência mecânica, valor este um pouco acima daquele apresentado pelos filmes
combinados de PEC/GEL 1:9 (101,4 ± 1,4MPa) (Tabela 8), provavelmente devido a
presença do teor de pectina no filme da mistura.

Os filmes com maior teor de PEC (9PEC:1GEL) apresentaram menor elongação


comparados aos filmes contendo menor teor de PEC (1PEC:9GEL). MACLEOD; FELL;
COLLETT (1997) também observaram que aumentando a concentração de pectina no
filme de etilcelulose havia uma diminuição da elongação do filme.

A adição da blenda (ble) de 6% de ácidos graxos (1:1:1 de AL/AP/AE) nos filmes


de PEC/GEL promoveu uma redução significativa da resistência à tração nos filmes
combinados 1:9 e 1:1 e um aumento da elongação em todas as misturas (1:9; 1:1; 9:1).

A resistência à tração de todos esses filmes foi maior que a resistência


apresentada pelos filmes de polietileno de alta densidade (17,3 – 34,6MPa, BRISTON,

74
1988) e de policloreto de vinila (27,6 à 34,5MPa, BRISTON, 1988).

Tabela 8: Resistência à tração (RT) e elongação (E) dos filmes compostos


pectina/gelatina (PEC/GEL) e blenda (ble) de ácidos graxos.
Filmes RT (MPa)* E (%)*
1PEC:9GEL 101,45 ± 1,40a 4,04 ± 0,13c
1PEC:1GEL 75,63 ± 2,41b 1,64 ± 0,22e
9PEC:1GEL 60,01 ± 2,68d 2,36 ± 0,60d
1PEC:9GEL 6%ble 66,37 ± 3,19c 5,92 ± 0,83b
1PEC:1GEL 6%ble 62,95 ± 1,08d 7,47 ± 0,92a
9PEC:1GEL 6%ble 62,73 ± 2,79d 3,74 ± 0,49c
a-e
* Médias na mesma coluna com letras sobrescritas distintas são significativamente diferentes, de
acordo com o teste de Tukey (P<0,05) (filmes condicionados a 250C e 52 ± 2%UR durante 48h antes das
análises).

4.7. Permeabilidade ao oxigênio

A permeabilidade do material de embalagem ao gás oxigênio é de grande


importância para a preservação dos alimentos. Os filmes de PEC adicionados de ácidos
graxos utilizados para a caracterização quanto à permeabilidade ao oxigênio foram
selecionados quanto a menor permeabilidade ao vapor de água e maior resistência à
tração.

Em todos os filmes caracterizados quanto à permeabilidade ao oxigênio


observou-se que não houve uma diferença significativa nos resultados obtidos. Os
filmes apresentaram uma permeabilidade média de 11,9cm3µm/m2d.kPa. Nos filmes a
base de gelatina, adicionados de 15% de triacetina, elaborados por BERTAN (2003)
verificou-se uma permeabilidade ao oxigênio (a 250C, 52%UR) em torno de 15,3
cm3µm/m2d.kPa. McHUGH; KROCHTA (1994c) ao caracterizarem filmes a base de

75
isolado protéico do soro do leite adicionados de sorbitol (1:1) obtiveram uma
permeabilidade ao oxigênio em torno de 8 cm3µm/m2d.kPa, enquanto os mesmos filmes
acrescidos de cera de abelha apresentaram aproximadamente 12 cm3µm/m2d.kPa (a
230C, 50%UR).

Embora não tenha sido significativa a diferença dos valores obtidos para a
permeabilidade ao oxigênio dos filmes combinados (PEC/GEL) foi observado que com
o aumento do teor de PEC utilizada na formulação dos filmes houve um ligeiro aumento
nos valores obtidos (Tabela 9).

Quando os filmes apresentam uma estrutura protéica compacta a permeabilidade


ao oxigênio (O2) é reduzida devido ao aumento de obstáculos à passagem de
moléculas de oxigênio através da rede mais fechada de proteínas (ANKER; STADING;
HERMANSSON, 2000).

76
Tabela 9: Permeabilidade ao oxigênio, a 250C, dos filmes de pectina (PEC) adicionados
de ácidos graxos e dos filmes compostos pectina/gelatina (PEC/GEL) com e sem
adição da blenda (ble) de ácidos.

Filmes* Permeabilidade ao O2
(cm3µm/m2 d.kPa)**
PEC/AL 6% 9,98 ± 1,55a
PEC/AP 6% 10,89 ± 1,33a
PEC/AE 6% 11,49 ± 0,38a
PEC/ble 6% 11,52 ± 1,51a
10Pec:90Gel 10,35 ± 1,31a
50Pec:50Gel 12,99 ± 1,78a
90Pec:10Gel 12,17 ± 1,10a
10Pec:90Gel 6%ble 12,87 ± 1,34a
50Pec:50Gel 6%ble 12,56 ± 1,05a
90Pec:10Gel 6%ble 13,17 ± 0,58a
*AL=ácido láurido; AP=ácido palmítico; AE= ácido esteárico; ble=blenda dos ácidos graxos. **média e
a
desvio padrão de repetições. Médias com letras sobrescritas distintas são significativamente diferentes
(P<0,05), de acordo com a ANOVA e teste de Tukey (filmes condicionados a 250C e 52 ± 2%UR durante
48h antes das análises).

Os resultados encontrados para os filmes estudados no presente trabalho, foram


superiores ao cloreto de polivinilideno (PVDC) (5,1 cm3µm/m2dkPa, McHUGH;
KROCHTA, 1994c), próximos ao poliéster (15,6 cm3µm/m2dkPa, McHUGH; KROCHTA,
1994c) e inferiores ao polietileno de baixa densidade (PEBD) (1870 cm3µm/m2dkPa,
McHUGH; KROCHTA, 1994c), na mesma umidade relativa e temperatura.

77
4.8. Opacidade dos filmes

Todos os filmes selecionados para a realização da análise de opacidade foram


comparados com o filme comercial de policloreto de vinila (PVC). O filme de PVC é
comumente utilizado como embalagem para diversos produtos (BRISTON, 1988),
sendo, portanto, de fácil comparação identificar se os filmes em estudo foram mais
transparentes ou não que o PVC.

A partir da análise de opacidade realizada verificou-se que os filmes combinados


de PEC/GEL sem a adição de lipídios foram os mais transparentes quando comparados
com os demais em estudo (Figura 7). O índice de opacidade desses filmes foi
semelhante ao filme de PVC (11,97%), o que demonstra que os mesmos apresentaram-
se visualmente transparentes, um fator importante para aplicação dos mesmos como
embalagens para alimentos.

20 Padrão PVC
18 Pec 6%AE
Opacidade (% )

16 Pec 6%AP
14 Pec 6%AL
12 Pec 6%blenda
10 1P:9G
8
1P:9G 6%blenda
6
1P:1G
4
2 1P:1G 6%blenda
0 9P:1G
9P:1G 6%blenda
Filmes

Figura 7: Determinação da opacidade dos filmes (onde PVC=policloreto de vinila; Pec


ou P=pectina; G=gelatina; AE=ác. Esteárico; AP=ác. Palmítico; AL=ác. Láurico) (filmes
condicionados a 250C e 52 ± 2%UR durante 48h antes das análises).

79
A adição da blenda de lipídios a esses filmes combinados de PEC/GEL
promoveu um ligeiro aumento da opacidade. YANG; PAULSON (2000a) também
observaram um aumento na opacidade dos filmes à base de gelana proporcional à
concentração da blenda AE/AP adicionada, revelando assim que a adição de lipídio a
um filme o torna mais opaco, com coloração esbranquiçada.

O filme de PEC adicionado de 6% de AP apresentou um aumento da opacidade


de 49,37% em relação ao filme de PVC (Figura 7), o maior dentre os filmes
selecionados para a análise. RHIM et. al. (1999) também obtiveram filmes compostos
de isolado proteico de soja e AP com opacidade elevada, sendo que a aparência dos
mesmos, quando adicionada de 30 ou 40% de AP, assemelhava-se ao aspecto de cera.

Em filmes elaborados a partir do isolado protéico do soro do leite sem a adição


de cera candelilla foi observada uma maior transparência, enquanto que aqueles
adicionados dessa cera foram opacos (KIM; USTUNOL, 2001).

4.9. Microestrutura dos filmes

Com a microscopia eletrônica de varredura torna-se possível a visualização de


possíveis imperfeições, a presença de poros, a separação dos componentes utilizados
na formulação dos filmes e a estrutura da superfície do material.

Os filmes analisados pela microscopia eletrônica de varredura foram: pectina e


ácidos graxos (láurico, palmítico, esteárico e blenda, todos a 6%), representados na
figura 8 e os filmes da mistura pectina/gelatina (1:1) com e sem a adição da blenda de
ácidos graxos (Figura 9).

A superfície dos filmes de PEC adicionados de ácidos graxos, separadamente ou


na forma de uma blenda, mostrou que não houve a formação de uma camada contínua

81
da matriz filmogênica, ou seja, os lipídios, representados pelas estruturas arredondadas
nas Figuras 8(a, b, c, d) e 9(b) não se incorporaram à matriz, originando assim uma
estrutura irregular. YANG e PAULSON (2000a) também observaram uma estrutura
irregular dos filmes de gelana adicionados da blenda de ácidos esteárico e palmítico.
FAKHOURI (2002), entretanto, observou que o AL estava fortemente ligado à matriz
filmogênica de gelatina.

Em relação aos filmes combinados de PEC/GEL a observação das micrografias


revelou que este filme apresentou uma matriz filmogênica bastante contínua, compacta
(Figura 9a), diferenciando-se da estrutura desse mesmo filme adicionado da blenda de
ácidos, o qual, microscopicamente, apresenta glóbulos de lipídios que também não
foram incorporados a matriz de PEC/GEL (Figura 9b). Provavelmente, essa
organização descontínua pode ter favorecido o aumento da PVA e a diminuição da
resistência à tração dos filmes de PEC/GEL ao serem adicionados de ácidos graxos.
WONG et. al. (1992) verificaram que a adição de ácido palmítico ao filme de quitosana
resultou em uma matriz com morfologia heterogênea e de barreira ineficiente à água.

TANADA-PALMU; FAKHOURI e GROSSO (2002) ao investigarem a morfologia


dos filmes a base de celulose acetato fitalato observaram uma organização descontínua
da matriz filmogênica, o que, segundo os autores, poderia ser a justificativa da menor
resistência mecânica observada nos ensaios realizados com esses filmes.
CALLEGARIN et. al. (1997) observou que o arranjo morfológico das cadeias de ácidos
graxos, em relação aos polímeros, afetava as propriedades funcionais de barreira dos
filmes contendo ácidos graxos na formulação.

82
a b

c d
Figura 8: Imagens fotográficas obtidas através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) dos filmes: a, pectina com 6% de ácido láurico (300X); b, pectina com 6% de
ácido palmítico (300X); c, pectina com 6% de ácido esteárico (300X); d, pectina com
6% da blenda (1:1:1) dos ácidos graxos (300X) (filmes condicionados a 250C e 0%UR
durante 7 dias antes das análises).

83
a b
Figura 9: Imagens fotográficas obtidas através de microscopia eletrônica de varredura
(MEV) dos filmes compostos: a, pectina/gelatina (1:1) (300X); b, pectina/gelatina (1:1)
adicionado de 6% da blenda de ácidos graxos (1:1:1) (300X) (filmes condicionados a
250C e 0%UR durante 7 dias antes das análises).

A não incorporação dos lipídios nos filmes, observada claramente a partir da


MEV, pode estar relacionada ao fato dos filmes não terem apresentado uma redução da
permeabilidade ao vapor de água. A formação da estrutura descontínua deixou exposta
a matriz de PEC, altamente hidrofílica, e acabou prejudicando a barreira à água. No
entanto, essa exposição pode ter sido responsável por reduzir a passagem do oxigênio
pelos filmes, uma vez que os gases apresentam caráter apolar e assim tiveram pouca
afinidade pela matriz.

A baixa resistência e elongação dos filmes caracterizados também podem estar


relacionadas à incapacidade dos lipídios terem formado uma matriz contínua. Dessa
forma, novos agentes precisam ser utilizados buscando melhorar a interação dos
lipídios com a pectina.

85
4.10. Aplicação de coberturas em bananas

Para aplicação de coberturas em bananas foram selecionados os filmes que


apresentaram menor taxa de permeabilidade ao vapor de água e alta resistência
mecânica. A propriedade de barreira ao oxigênio não pode ser aplicada à seleção dos
filmes, pois os valores obtidos não diferiram estatisticamente entre si.

Esses parâmetros foram escolhidos com o objetivo de reduzir a perda de água


ao longo do amadurecimento da fruta e garantir uma melhor integridade física durante
seu manuseio e transporte.

4.10.1. Perda de massa

A aplicação das coberturas do tipo pectina adicionada de 6% de ácido esteárico


(PEC/AE) e pectina/gelatina (1:1) (PEC/GEL) nas bananas proporcionou uma retenção
de água ligeiramente maior do que nas bananas mantidas como controle no 8o dia de
armazenamento. Nesse dia, as bananas recobertas com PEC/AE e PEC/GEL
apresentaram em torno de 12,8% de perda de massa, enquanto que nas bananas
controle ela foi de 14% (Figura 10).

A perda de massa das frutas está correlacionada com a permeabilidade ao vapor


de água dos filmes (FAKHOURI, 2002). Nos filmes PEC 6%AE e PEC/GEL (1:1) os
valores de permeabilidade ao vapor de água obtidos foram em torno de 4,3 e 5
gmm/m2d.KPa, respectivamente, ou seja, houve uma semelhança entre os resultados.
Conseqüentemente, as bananas com cobertura apresentaram perda de massa
semelhante entre si durante todo o período de armazenamento.

87
15
14
13
12
11
Perda de massa (%)

10
9
8
CONTROLE
7
6
PEC/AE
5 PEC/GEL
4
3
2
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (dias)

Figura 10: Perda de massa da banana ‘Nanica’ ao longo do período de


armazenamento (20,6 a 23,50C e 39 a 51% de umidade relativa do ambiente).

A natureza química do material constituinte da cobertura aplicada nas bananas


pode ser responsável em produzir alterações ou não na perda de água da fruta
(KITTUR et. al., 2001). Coberturas a base de polissacarídeos, devido a sua
hidrofilicidade, podem ser pouco eficientes como barreira à água (KESTER; FENNEMA,
1986).

AYRANCI; TUNC (2003) constataram que a aplicação de coberturas de


metilcelulose sem a adição de ácido esteárico em cogumelos e couve-flor foi menos
eficiente em reduzir a perda de água do que quando o ácido esteárico foi adicionado na
formulação da cobertura.

88
KITTUR et. al. (2001) ao estudarem bananas com coberturas a base de
quitosana, verificaram uma redução da perda de massa de cerca de 30-35% menor que
o valor encontrado para as bananas do grupo controle, enquanto que BEN-YEHOSHUA
(1966), ao aplicar a cobertura a base da emulsão de polietileno e cera em bananas
nanicas, observou uma redução de 25 a 50%. Em contraposição, BANKS (1984)
observou que a cobertura comercial TAL Pro-long utilizada em banana (variedade
Cavendish) foi ineficiente para reduzir a perda de massa, sugerindo que houve pouco
efeito da cobertura na transpiração.

Em estudos com o acondicionamento de bananas nanicas em sacos de


polietileno, em temperatura variável de 14 a 240C, SILVIS et. al. (1976) obtiveram perda
de massa entre 1 e 5% contra 10 a 32% das frutas mantidas como controle (sem
acondicionamento em sacos de polietileno).

4.10.2. Dureza

As substâncias pécticas são responsáveis pelas mudanças na textura das frutas


e hortaliças. O amolecimento de tecidos vegetais geralmente é acompanhado da
quebra e solubilização de materiais pécticos e pelo catabolismo dos polissacarídeos da
parede celular (CHITARRA; CHITARRA, 1990).

Ensaios preliminares foram realizados com diversos tipos de probes fixados no


texturômetro. Foi avaliada a utilização dos probes de alumínio e de acrílico que
promoviam compressão total ou apenas da região central da fruta, cortes por
cizalhamento e ainda um probe cônico, de acrílico, com ângulo de 600. Porém todos
eles apresentaram resultados visuais indesejáveis. O probe cônico de acrílico com
ângulo de 450 apresentou-se favorável para a análise da dureza da banana, uma vez
que com esta ferramenta não houve deslizamento da fruta no aparelho e a perfuração

89
da mesma sempre ocorreu de forma semelhante entre as repetições.

Entre o 2o e 4o dias de armazenamento o nível de dureza das bananas com


cobertura (aproximadamente 2,6N) foi semelhante ao grupo de bananas sem cobertura
(aproximadamente 3,0N). No 6o dia a medida de dureza das bananas controle (sem
cobertura) manteve-se próxima a 3N, enquanto a dureza das bananas recobertas com
PEC/GEL foi reduzida para 1,9N (Figura 11), ou seja, ao longo do amadurecimento as
bananas recobertas apresentaram uma diminuição da dureza maior que as bananas
controle. Na Figura 12 observa-se a diferença visual no aspecto das bananas após
serem descascadas e submetidas à análise de dureza. A polpa da banana que havia
sido recoberta (na casca) com PEC/GEL apresentou uma tonalidade de cor diferente
em relação às demais, assemelhando-se ao aspecto apresentado por uma banana
cozida, com a polpa opaca. Foi constatada também, visualmente, uma perda de firmeza
nessa fruta, em relação as demais.

5 CONTROLE
PEC/AE
4
PEC/GEL
Força (N)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (dias)

Figura 11: Dureza das bananas ao longo do período de armazenamento (20,6 a 23,50C
e 39 a 51% de umidade relativa do ambiente).

90
Figura 12: Corte realizado nas bananas submetidas à análise de dureza no 6o dia de
armazenamento.

A firmeza de kiwis não recobertos apresentou uma diminuição de 68N para 31N
após 12 dias de análise de vida de prateleira. Essas mesmas frutas, quando recobertas
com solução filmogênica a base de pululana/poliester de sacarose, apresentaram uma
diminuição mais acentuada chegando a 24N, no mesmo período e mesmas condições
de armazenamento que as frutas não recobertas (DIAB et. al. 2001).

DIAB et. al. (2001) concluíram que a aplicação de coberturas a base do


polissacarídeo pululana em morangos e kiwis promoveu uma diminuição da taxa de O2
e aumento do CO2, ocasionando assim um aumento vida de prateleira das frutas.

A utilização da cobertura comercial TAL-Prolong (poliéster de sacarose/sódio


carboximetilcelulose) em bananas também promoveu uma mudança da atmosfera
interna dessas frutas. Houve uma diminuição do nível de oxigênio sem o concomitante
aumento de CO2 no interior das frutas, retardando assim o aparecimento da coloração
amarela da casca das frutas (BANKS, 1983).

A firmeza de frutas varia conforme o nível de permeabilidade ao oxigênio das


mesmas (AMARANTE; BANKS; GANESH, 2001). No presente trabalho, a firmeza das

91
bananas que receberam a aplicação de uma cobertura foi inferior à encontrada para a
banana controle. Provavelmente, a baixa permeabilidade ao oxigênio dessas coberturas
causou essa injúria fisiológica.

Segundo BAI et. al., (2003), coberturas com baixa permeabilidade a gases
promovem uma mudança entre a atmosfera interna e a externa da fruta, resultando em
um atmosfera modificada. SILVA; SOARES; GERALDINE (2003) ao embalarem
mandiocas minimamente processadas com filmes de poliolefina multicamadas
atribuíram as injúrias fisiológicas ocorridas à baixa permeabilidade das embalagens a
gases em relação à intensa respiração do produto.

CARRILLO-LOPEZ et. al. (2000) ao estudarem o efeito da cobertura comercial


‘Semperfresh’ em mangas verificaram que a dureza das frutas recobertas foi maior que
a das frutas sem recobrimento, sendo este fato, segundo esses autores,
provavelmente, devido ao desenvolvimento de uma atmosfera interna adequada nas
frutas.

A aplicação da cobertura recobre a cutícula das frutas podendo bloquear os


poros de sua superfície (BANKS, 1984), sendo assim, as trocas gasosas entre o interior
da fruta e a atmosfera externa ocorrem por permeação através da cutícula e por difusão
através dos poros (BANKS; DADZIE; CLELAND, 1993). A cobertura exerce efeitos
principalmente na resistência da casca à difusão dos gases, por bloquear, em maior ou
menor proporção, os poros na superfície das frutas (BANKS; DADZIE; CLELAND,
1993). Quando a permeabilidade ao oxigênio é reduzida abaixo do seu menor limite, a
fruta inicia o processo de fermentação (AMARANTE; BANKS; GANESH, 2001).

BAI et. al. (2003) ao recobrirem maçãs com coberturas a base de zeína
relataram que a adição de 8-15% de polietilenoglicol na formulação tendia a bloquear

93
os poros na casca. Então as trocas gasosas eram mais dependentes da permeação
que da difusão. No entanto, quando o teor de polietilenoglicol foi de 4% nessas
coberturas, as trocas gasosas através dos poros, na casca das frutas, aumentaram.

A aplicação das coberturas PEC/AE e de PEC/GEL nas bananas pode ter


promovido a redução da difusão e permeação de gases, o que alterou o metabolismo
da fruta causando uma injúria fisiológica e afetando a textura do produto. Assim, essas
bananas com coberturas apresentaram-se visualmente impróprias para consumo a
partir do 5o dia de armazenamento.

OLORUNDA (1976) citado por ROSSIGNOLI (1983) ao armazenar bananas em


temperatura ambiente (23-270C), acondicionadas em sacos de polietileno lacrados de
0,04mm de espessura, conseguiu um máximo de conservação de 18 dias, enquanto as
frutas controle armazenadas naturalmente atingiram o mesmo grau de maturação em 4
dias.

4.10.3. Cor

4.10.3.1 Adaptação do orifício de abertura do colorímetro

Nos ensaios realizados com os azulejos de cores verde, azul, amarelo e rosa
observou-se que não houve diferença entre os resultados obtidos com o orifício de 1 ou
0,25 polegadas de diâmetro (Tabela 10). Dessa forma verificou-se a viabilidade em
utilizar a adaptação no colorímetro para prosseguimento das análises.

94
Tabela 10: Média e desvio padrão dos parâmetro L, a e b das diferentes cores de
azulejos utilizados para ensaio experimental no colorímetro com orifício de 1 e 0,25(*)
polegada de diâmetro.
Cor Parâmetros:
L a b
Verde 68,87 ± 0,02a -11,77 ± 0,03a 5,75 ± 0,06a
Verde* 68,88 ± 0,01a -11,74 ± 0,04a 5,70 ± 0,07a
Rosa 69,31 ± 0,08a 22,08 ± 0,12a 7,11 ± 0,10a
Rosa* 69,20 ± 0,21a 22,02 ± 0,10a 7,01 ± 0,09a
Azul 68,19 ± 0,10a 9,04 ± 0,01a 10,03 ± 0,11a
Azul* 68,24 ± 0,07a 9,03 ± 0,01a 9,95 ± 0,09a
Amarelo 79,38 ± 0,23a 2,65 ± 0,06a 20,03 ± 0,12a
Amarelo* 79,53 ± 0,27a 2,65 ± 0,06a 19,98 ± 0,13a
*medida de cor realizada com a adaptação de um orifício de 0,25 polegadas no
a
colorímetro. Médias com letras sobrescritas iguais, entre cores iguais, não diferem
significativamente (P<0,05), de acordo com o teste de Tukey.

4.10.3.2 Efeito da cobertura na cor das frutas durante o armazenamento

A modificação da cor da fruta durante o processo de maturação corresponde a


um dos critérios de julgamento do consumidor para identificar um fruto como
amadurecido ou não (CHITARRA; CHITARRA, 1990).

O valor de L de um produto alimentício é a medida do grau de escurecimento de


um produto, determinado pelo colorímetro (AYRANCI; TUNC, 2003). Já os índices de
croma com as coordenadas a e b representam as mudanças de cor de verde (-a) para
vermelho (+a) e de azul (-b) para amarelo (+b), respectivamente (YOSHIDA, 2002).

95
Ao longo de 8 dias de armazenamento as bananas apresentaram diminuição do
parâmetro L e b, enquanto o parâmetro a apresentou um ligeiro aumento (Figura 13),
indicativo da alteração de cores da casca da banana durante seu amadurecimento.

60

55

50
L
45

40
Índice de cor

35 CONTROLE
PEC/AE
30
PEC/GEL
25

20 b
15

10

5 a
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (dias)

Figura 13: Valores dos parâmetros L, a, b obtidos no colorímetro Hunterlab durante o


período de armazenamento das bananas (20,6 a 23,50C e 39 a 51% de umidade
relativa do ambiente).

Na Figura 14 é possível observar a cor dos grupos de bananas ao longo do


estudo. No 10 dia de armazenamento (Figura 14a) o grupo de bananas com a cobertura
do tipo PEC/GEL apresentou um ligeiro brilho, possivelmente característico da gelatina
utilizada no tratamento, o que não foi apresentado pelos outros dois grupos de
bananas. No 4o dia de armazenamento (Figura 14c) as bananas dos grupos controle e
PEC/AE apresentaram algumas manchas pretas, que se acentuam, em quantidade, no
8o dia (Figura 14e), principalmente nas bananas recobertas com PEC/AE. Já o buquê

96
de bananas recobertas com PEC/GEL apresentou poucas regiões com presença
dessas manchas pretas, em relação aos outros dois grupos, revelando que este tipo de
cobertura contribuiu com a manutenção da cor das bananas durante 8 dias de
armazenamento.

97
a b

c d

e
Figura 14: Buquês de bananas fotografadas no 1o (a), 2o (b), 4o (c), 6o (d) e 8o dia (e)
de armazenamento (20,6 a 23,50C e 39 a 51% de UR ambiente) (onde,
CONTROLE=bananas sem cobertura; PEC/AE=bananas com cobertura de pectina +
6% de ácido esteárico e PEC/GEL=bananas com cobertura de pectina/gelatina 1:1).

99
Durante todo o intervalo de tempo estudado, a variação de cor (∆E) das bananas
foi avaliada sempre em relação aos valores obtidos no primeiro dia de estocagem.
Assim, verificou-se que os valores de ∆E aumentaram com o tempo para todos os
tratamentos (Figura 15), indicando o amadurecimento das bananas ao longo do período
de armazenamento.

CONTROLE
12 PEC/AE
11 PEC/GEL
10
9
Variação de cor

8
7
6
5
4
3
2
1
0 2 4 6 8 10
Tempo (dias)

Figura 15: Variação da cor (∆E) das bananas durante o período de armazenamento
(20,6 a 23,50C e 39 a 51% de umidade relativa do ambiente).

Embora a qualidade visual das bananas pertencentes ao tratamento com


PEC/GEL tenha sido superior aos demais, provavelmente a textura das mesmas seria
um fator de desvantagem dessas frutas destinadas ao mercado.

4.10.4 Quantidade de solução filmogênica utilizada nas bananas

As soluções filmogênicas PEC/AE e PEC/GEL foram pesadas antes e após a


aplicação nas bananas para conhecimento do teor utilizado. Assim, nas bananas com

101
aplicação da cobertura PEC/AE foram gastos em torno de 6g da solução/buquê (ou
seja, a cada grupo de três bananas), enquanto nas bananas com cobertura de
PEC/GEL foram utilizados por volta de 3,4g da solução/ buquê.

A Figura 16 apresenta o aspecto da cobertura ocasionalmente deslocada da


casca, quando a fruta foi submetida ao processo de retirada da casca para análise.
Essa cobertura foi do tipo PEC/GEL e apresentou uma espessura média de
0,023±0,004mm quando medida em 10 diferentes pontos.

Em relação à cobertura com PEC/AE não houve deslocamento natural da


cobertura. Propositalmente, foi realizada a tentativa de “desgrudar” uma parte da
cobertura em contato com a casca, porém não foi possível obter resultado.

Figura 16: Aspecto da cobertura PEC/GEL quando deslocada da casca da banana.

103
4.11. Aplicação de coberturas em sementes de brócolos

As coberturas utilizadas no recobrimento das sementes de brócolos foram as


mesmas selecionadas para a aplicação como cobertura para bananas. Essas
coberturas apresentaram diferentes teores de solubilidade em água, sendo a cobertura
a base de PEC adicionada de 6% de AE totalmente solúvel e a cobertura composta
pela mistura de pectina/gelatina (1:1) em torno de 18% solúvel em água. Assim, com
essa diferença na solubilidade dos materiais buscou-se verificar o seu efeito no vigor
das sementes de brócolos.

O processo de recobrimento de sementes envolve um acúmulo gradual de


sucessivas camadas do material de cobertura nas sementes (SCOTT, 1989). No
presente trabalho foram realizados ensaios preliminares com aplicação de coberturas
em sementes de brócolos variando o número de camadas de cobertura aplicada. A
solução filmogênica a base da mistura PEC/GEL (1:1) não pôde ser aplicada em
quantidade superior a 5 camadas, devido a aderência inadequada do material nas
sementes. Acima dessa quantidade a solução filmogênica acabava envolvendo
inúmeras sementes de uma única vez, formando assim um aglomerado de sementes. A
aplicação da solução de pectina adicionada de 6% de ácido esteárico não apresentou
tal problema. Assim, ficou padronizado que o número de camadas para todos os
tratamentos seria de 5.

A cobertura promove um aumento no peso das sementes, uniformiza o tamanho


e formato das mesmas (SCOTT, 1989). Esse aumento de peso foi verificado, no
presente trabalho, após o procedimento de aplicação das coberturas, onde todos os
tratamentos de sementes apresentaram um ganho de peso em torno de 2% em relação
ao peso inicial.

O uso de coberturas hidrofílicas em sementes tem apresentado oportunidades de


promover uma rápida e completa germinação de sementes (SCOTT, 1989). No 3o dia
após o plantio, o tratamento controle apresentou em torno de 26% de plântulas
105
emergidas, enquanto os demais tratamentos em estudo apresentaram de 41 e 57%
(Figura 17). A maior capacidade de emergência na fase inicial encontrada nos
tratamentos com aplicação de coberturas pode ter sido decorrente da hidrofilicidade do
material utilizado como cobertura.

A partir do 7o dia do plantio todos os tratamentos apresentaram valores


relacionados ao vigor das sementes em torno de 90%. Estes foram ligeiramente
reduzidos a partir do 23o dia, acentuando-se no 27o dia, onde foi constatado que
algumas plantas encontravam-se mortas (Figura 17), provavelmente devido ao efeito de
competição dentro da parcela e/ou incidência de fungos de solo.

O solo utilizado para o plantio das sementes foi caracterizado pelo Instituto
Agronômico de Campinas (Anexo 2). As condições de fertilidade desse solo, o
fornecimento constante de umidade ao mesmo e o ambiente protegido da casa-de-
vegetação propiciaram condições ideais para o desenvolvimento de plantas
provenientes das sementes de brócolos.

WEST et. al., (1985), verificaram que a aplicação da cobertura a base de PVDC
em sementes de soja promoveu uma germinação mais rápida do que nas sementes
sem a cobertura. Em condições limitadas de umidade, como freqüentemente ocorre no
campo, a cobertura de sementes pode agir como um coletor de água por capilaridade
ou aumentar a tensão superficial e beneficiar a capacidade de germinação (WEST et.
al., 1985).

106
100
Em ergência das plantas (% )
90

80

70

60
Controle
50
PEC/AE
40
PEC/AE nutri
30
PEC/GEL
20

10
PEC/GEL nutri

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Tem po (dias)

Figura 17: Emergência de plantas, mantidas em casa-de-vegetação, durante 27 dias.

Decorridos 27 dias do plantio das sementes foi realizada a contagem de plantas


emergidas. Não foi detectada diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 11),
revelando, assim, que o tratamento aplicado nas sementes não interferiu na
emergência das plantas.

107
Tabela 11: Caracterização dos diferentes tratamentos de sementes de brócolos.
Tratamento No de Matéria Matéria Matéria Matéria
das sementes plantas/parcela fresca/parcela seca/parcela fresca/planta seca/planta
(g) (g) (g) (g)
Controle 15,00 ± 2,71a 11,61 ± 1,49a 1,61 ± 0,24a 0,78 ± 0,05a 0,11 ± 0,00a
PEC/AE 15,75 ± 2,36a 10,24 ± 1,68a 1,35 ± 0,25a 0,66 ± 0,11a 0,09 ± 0,02a
PEC/AE nutri 16,75 ±0,50a 10,77 ± 0,78a 1,53 ± 0,11a 0,64 ± 0,03a 0,09 ± 0,01a
PEC/GEL 16,75 ± 2,06a 11,55 ± 0,67a 1,50 ± 0,09a 0,70 ± 0,07a 0,09 ± 0,01a
PEC/GEL nutri 16,00 ± 1,41a 10,71 ± 1,53a 1,48 ±0,33a 0,60 ± 0,12a 0,08 ± 0,02a
a
Médias na mesma coluna com letras sobrescritas iguais não diferem significativamente ao nível de
P<0,05, de acordo o teste de Tukey.

As análises realizadas quanto ao teor de matéria seca e fresca das plantas de


brócolos do presente estudo, também não apresentaram diferenças significativas entre
os tratamentos. O peso da matéria seca é uma forma mais precisa para comparação do
que o peso da matéria fresca, o qual pode ter influência da perda de água para o
ambiente.

Os fertilizantes, ácido bórico e molibdato de sódio, adicionados à solução de


cobertura, são necessários para o crescimento das plantas e de difícil distribuição
uniforme em campos de plantio, devido a quantidade necessária ser muito reduzida.
Essa aplicação de nutrientes adicionados em soluções filmogênicas pode funcionar
como uma alternativa para uma distribuição uniforme dos micronutrientes próximos a
semente, de fácil incorporação e de baixo custo de implementação. A quantidade de
nutrientes adicionada nas formulações de PEC/AE e PEC/GEL não promoveu
interferência na emergência e no desenvolvimento das plantas ao final do experimento
(Figura 18). Como as coberturas não se mostraram tóxicas, podem ser recomendadas
no caso de deficiência temporária ou não de boro e molibdênio.

108
a

b c

d e

Figura 18: Aspecto visual das plantas emergidas no 23o dia após o plantio de sementes
de brócolos (onde a=tratamento controle; b=pectina + 6% ácido esteárico; c=pectina +
6% ácido esteárico + nutrientes; d=pectina/gelatina 1:1; e=pectina/gelatina 1:1 +
nutrientes).

109
A busca por novas alternativas para a agricultura trazendo benefícios ao homem
tem sido alvo de inúmeros investimentos no campo da pesquisa científica. Assim, junto
à cobertura filmogênica produtos agroquímicos como inseticidas, pesticidas e
herbicidas, por exemplo, podem ser adicionados com o objetivo de reduzir a aplicação
posterior desses produtos nas plantas emergidas (ESTER; VAN DE STEENE;
DRIEGHE, 1997; ESTER; de VOGEL; BOUMA, 1997). Outros fatores, que também
podem trazer benefícios com a aplicação de coberturas em sementes é a redução do
contato manual e tempo de exposição de trabalhadores aos pesticidas e do índice de
contaminação do ambiente, bem como redução da perda de insetos benéficos
(TAYLOR; ECKENRODE; STRAUB, 2001). A aplicação de coberturas, que
proporcionem a garantia de uma maior taxa de germinação, também pode contribuir
positivamente no âmbito do agronegócio.

111
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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5. CONCLUSÕES

- todos os filmes selecionados para o trabalho apresentaram facilidade quanto ao


manuseio e mostraram-se visualmente homogêneos.

- a triacetina utilizada na formulação dos filmes não funcionou como plastificante, mas
foi responsável em promover uma melhor distribuição visual dos lipídios na matriz
filmogênica, provavelmente devido ao caráter mais hidrofóbico que hidrofílico.

- a alta hidrofilicidade da pectina mostrou que a mesma atuou como um regulador da


solubilidade dos filmes da mistura de PEC/GEL.

- a microscopia eletrônica de varredura mostrou que os ácidos graxos adicionados nos


filmes de PEC e de PEC/GEL foram incapazes de formar uma matriz coesa e contínua
devido à alta hidrofilicidade da matriz. Por esse mesmo motivo a permeabilidade ao
vapor de água foi aumentada e a permeabilidade ao gás oxigênio foi mantida baixa na
presença dos ácidos.

- diferentes comportamentos foram observados para as propriedades de resistência à


tração e elongação, possivelmente devido a matriz heterogênea formada ser incapaz de
formar ligações entre a matriz de PEC e os ácidos graxos.

- o aumento de opacidade encontrado nos filmes foi devido a adição dos ácidos graxos
nos filmes de PEC e PEC/GEL.

- bananas com cobertura a base de PEC/AE e de PEC/GEL apresentaram uma perda


de firmeza da polpa superior a aquelas sem cobertura, provavelmente devido a baixa
permeabilidade a gases das coberturas, o que levou a uma injúria fisiológica nas frutas.

- a aplicação das coberturas filmogênicas PEC/AE e PEC/GEL, e seu enriquecimento


com nutrientes, em sementes de brócolos apresentou potencialidade de uso comercial.
135
Anexo 1

1) Classificação das bananas segundo sua forma de apresentação (FRUTISÉRIES,


2004):

Fonte: CEAGESP

2) Classificação das bananas segundo seu comprimento e diâmetro (FRUTISÉRIES,


2004):

Fonte: CEAGESP

137
3) Local da medida do diâmetro e do comprimento das bananas (FRUTISÉRIES, 2004):

Fonte: CEAGESP

139
Anexo 2

O solo utilizado no experimento de avaliação de sementes de brócolos foi


1
analisado pelo IAC e os resultados são relatados a seguir (TRANI ).

1) Classificação do solo: Latossolo Vermelho Escuro distrófico.

2) Características químicas do solo (resultados expressos por volume de terra fina seca
ao ar):

3
Matéria orgânica: 28g/dm ou 2,8%
pH (em CaCl2): 6,0
3
Fósforo: 31mg/dm
3
Potássio: 5,3mmolc/dm
3
Hidrogênio + alumínio: 25mmolc/dm
3
Capacidade de troca de cátions (CTC): 64mmolc/dm
Porcentagem de saturação por bases (V): 61%
3
Enxofre: 9mg/dm
3
Sódio: 3mg/dm
3
Ferro: 97mg/dm
3
Manganês: 80mg/dm
3
Cobre: 6mg/dm
3
Zinco: 5mg/dm
3
Boro: 0,2mg/dm

1
TRANI, P. E. (IAC, Centro de Horticultura, Campinas). Comunicação pessoal, 2003.

141

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