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AGÊNCIA MUNDIAL ANTIDOPING

Em meados da primeira metade do século XX, ocorreu a Segunda Guerra Mundial,


com ela surgiram um mercado de substâncias artificiais, com potencial exacerbado de efeitos
propícios para melhoras na performance de atletas. Inicialmente surgiram os anabólicos
esteroides e a anfetamina, usadas tanto para degastes musculares, desnutrição e debilitação
sofridos pós guerra (anabólicos esteroides), quanto para aumento de massa muscular para
aprimoramento da desenvoltura esportiva em diversa modalidades, bem como na melhora da
capacidade de sobrevivência durante a guerra, capaz de eliminar a fome, cansaço e sono
(anfetamina).
Com o passar o tempo essas substâncias passaram ser as mais utilizadas entre os anos
de 1936 a 1964, agregando finalidades diferentes dentro das diversas modalidades esportivas,
sendo destas, anfetamina para melhora da capacidade em esportes do tipo aeróbico e o
anabólico esteroides para melhora da força e potência. Com esse avanço no uso dessas
substâncias, as várias apreensões dentro de eventos esportivos como os Jogos Olímpicos em
diversos países, bem como, prejuízos à saúde dos atletas e em casos extremos óbitos, gerou
espanto e necessidade de providencias para tal realidade.
Existia controle dos casos de doping, supervisionados pelo Comitê Olímpico
Internacional (COI), que construía listas de substancias medicamentosas e métodos proibidos,
realizava testes antidoping em atletas antes de Jogos Olímpicos, com o objetivo de manter a
integridade física, ética esportiva, igualdade entre os participantes e saúde dos atletas. Estes
testes e a supervisão do COI tiveram algumas falhas, colocando a sua efetividade duvidosa
diante de algumas descobertas de usos proibidos nas modalidades esportivas.
Com a repercussão foi decidido que era necessário a criação de normas mais rígidas e
a criação de um departamento que tenha responsabilidade somente para o controle de drogas
sem ligação com o COI. No ano de 1999 durante a Conferência Mundial sobre Doping no
Desporto, foram relatados os motivos para tal mudança, como a corrupção, falha na
vigilância, falta de responsabilidade e liderança do COI, solicitando a criação da Agência
antidoping para fiscalização de eventos esportivos que fosse transnacional, que atendesse de
maneira independente a questões de uso de drogas proibidas, com responsabilidade, eficácia e
contribuísse para controlar as práticas de doping em todo o mundo.
Por volta de 10 meses após a conferência, foi oficialmente criada a agência,
denominada no inglês de World Antidoping Agency – Agence Mondial Antidopage (WADA-
AMA), onde em 2002 teve consolidação em seu local de atuação em Montreal, Canadá. A
WADA possui como principal objetivo a ser traçado a busca por igualdade e justiça para os
atletas, atuando de modo mundial, visando a saúde dos participantes. Seu primeiro feito, foi
adequar e aprimorar Código Mundial Antidoping, com regras, objetivos e controle revigorado
mais rígido, que ajuste as relações entre os fármacos e a detecção do uso destes proibidos em
eventos esportivos, além de auxiliar na prevenção do uso com punições que vão desde
advertências até as mais severas como o afastamento do atleta por tempo indeterminado do
desporte.
As publicações das listas de substâncias proibidas nas competições são realizadas pela
WADA, revisadas e publicadas sempre no dia primeiro de Janeiro de cada ano, podendo
sofrer alterações sempre que necessário. No inglês doping significa dopagem, ou aplicação de
substâncias que causem mudanças vantajosas no aspecto físico ou psicológico A substância
para se enquadrar na lista de proibidos da WADA deve apresentar aspectos que melhorem a
condição e desempenho físico do atleta, possuir riscos para a saúde e integridade física e for
contra as atribuições do esporte praticado.
As principais substâncias banidas pela WADA são classificados durante o seu uso no
esporte, os fármacos mais comuns utilizados em períodos que antecedem a competição são os
hormonais de crescimento (manutenção de tecidos e músculos) e esteroides anabolizantes
(aumento da carga de treino), no decorrer da competição os mais utilizados são de substâncias
betabloqueadoras (diminuição da frequência cardíaca), analgésicas (diminuir a dor,
aumentando a resistência) e estimulantes (força e disposição), pós competição os mais
utilizados são os diuréticos (aumenta a diurese, camufla o uso de substâncias doping e diminui
a retenção liquida/peso) e infusão de hemácias (elevação do potencial de desempenho ao
máximo).
A coleta para análises dos atletas é realizada por meio de amostras de sangue ou urina,
que são avaliadas para detecção de doping é realizada entre o período de confirmação da
participação, e a fiscalização é iniciada antes das 23:59 do dia anterior da participação do
atleta, até o final da competição, com o objetivo de identificar a presença ou ausência de
substâncias proibidas na lista da WADA. Sendo proibido o uso fora da competição e durante a
mesma, conforme protocolo definido pelo Código Mundial de Antidopagem. Dentre os
listados pela WADA no ano de 2021, estão as principais classes: Esteroides androgênicos
anabolizantes, eritropoietinas, hormônios peptídicos, beta-2 agonistas, inibidores da
aromatase, anti-estrogênicas, agentes que impedem a ativação do receptor de ativina iib,
metabólicos moduladores, diuréticos e agentes mascarantes, estimulantes, narcóticos,
canabinóides, glucocorticóides e betabloqueadores.
Os métodos proibidos citados são a manipulação do sangue e dos seus componentes,
alteração física, química e dopagem genética. A relação apresentada pela WADA dispõe de
informações sobre nomes farmacêuticos utilizados para cada categoria, visando evitar e
monitorar o uso dessas substâncias para se sobressair entre os demais participantes e infligir
as regras.
Em meados do ano de 2020, houveram alguns casos de alterações nos exames de
doping durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. O exame de antidoping flagrou a boxeadora
Flávia Figueiredo com substância anabólica (osterine) que favorece o ganho de massa
muscular e foi impedida de participar dos jogos, o nadador André Calvelo, também foi pego
com anabolizante injetável e foi suspenso dos jogos por 4 anos, na modalidade de lançamento
de martelo Wagner Domingos falhou no exame com a substância inibidora de aromatase
(Anastrozol) e está suspenso provisoriamente.
As punições variam de acordo com a veracidade da infração do código da WADA,
tendo mínimas punições a máximas como a atleta Simone Alves da Silva, da modalidade
esportiva de atletismo com a presença de substância proibida de eritropoietina, que é um
hormônio glicoproteico, classificado como doping sanguíneo para aumento da concentração
de hemácias elevando a resistência muscular, tendo uma punição referente a 30 anos
suspensão nas atividades competitivas.
Um caso extremo que levou à tona os prejuízos do doping para a saúde e vida dos
atletas, em 1960 um dinamarquês ciclista Knud Enemark Jensen passou mal durante a prova
de 100 quilômetros na Rússia. O atleta caiu da bicicleta e sofreu um traumatismo craniano,
que foi a causa da morte, na sua autópsia revelou substâncias de anfetaminas e roniacol
(vasodilatador) substância que diminui a pressão arterial, uma fatalidade que pode ter relação
com o doping que levou os órgãos competentes a repensar sobre o uso de substâncias que
causem prejuízos a saúde dos atletas.
A grande gama de modalidades esportivas que estão presentes na atualidade e os
avanços dos eventos esportivos são significativos para a economia e cultura do mundo, tendo
relevância na necessidade de uma supervisão do uso de doping pelos atletas para auxiliar na
ética e integridade da saúde dos atletas. A insegurança por parte dos atletas e a cobrança por
resultados satisfatórios para atender as demandas em um espaço de tempo muito pequeno,
causam frustração e sentimentos de incapacidade para expectativas próprias e externas,
deixando estes propícios ao uso de substâncias dopantes e métodos ilegais na busca por status
e melhores condições financeiras, podendo ter resultados negativos na saúde e bem estar por
conta destas substâncias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, I. N.; MARCELINO, R. K.; GONZALEZ, H.G. O uso do doping no esporte: uma
revisão da literatura. Revista EFDesportes, Bueno Aires, n. 180, 2013.

BRASIL, Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem. Atletas suspensos definitivos.


2021. Acesso em: https://www.gov.br/abcd/pt-br/composicao/gestao-de-resultados/atletas-
suspensos.

Doping: saiba quais os principais tipos são utilizados no desporto. VOLL Educação Física.
Acesso em: https://blogeducacaofisica.com.br/tipos-de-doping/. 2020.

SILVEIRA, V. T. Corpos atletas: doping e políticas da agência mundial antidoping (wada-


ama). Revista Estudos socioculturais do esporte, n.s/n., v.s/n. Mato Grosso, 2015.

VAZ, A. Doping, esporte, performance: notas sobre os “limites” do corpo. Revista Brasileira
de Ciências do Esporte, Campinas, v. 27, n. 1, p. 23-36, out. 2005.

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