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Curso Online: Produção de Caprinos de Corte:

conceitos essenciais

MÓDULO 4. MANEJO REPRODUTIVO DE CAPRINOS DE

CORTE

Samuel Figueirêdo de Souza

Izabelle Auxiliadora Molina de Almeida Teixeira

1. Introdução

A reprodução dos caprinos, quando avaliada de forma isolada, é a variável

que mais contribui para a produtividade do rebanho, uma vez que, na ausência da

reprodução, a produção restringe-se ao patamar zero ou próximo deste. Entretanto,

para que a reprodução maximize a produção, são necessárias práticas de manejo

reprodutivo economicamente viáveis e adequadas à realidade de cada sistema de

produção (sejam estes, extensivos, semi-intensivos ou intensivos). Contudo, para

que o uso adequado das práticas de manejo reprodutivo tenha validade, é

importante que se conheçam as características reprodutivas da espécie ou da raça

e suas interações com o meio ambiente (Simplício, 1988).

É importante enfatizar que a maximização da taxa de reprodução depende

diretamente de quatro componentes, que integram entre si, e afetam diretamente a

eficiência produtiva do rebanho, sendo estes: a nutrição e a saúde; o potencial

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reprodutivo da raça e as práticas de manejo, em geral, e reprodutivo, em particular

(Simplício et al, 1988).

2. Anatomia do aparelho reprodutor

O conhecimento do aparelho reprodutor masculino e feminino é de suma

importância para um melhor entendimento do funcionamento do sistema

reprodutivo.

2.1 Anatomia do Aparelho Reprodutivo Masculino

O aparelho reprodutivo masculino é constituído por:

A - Testículos: em número de dois, com forma ovalada, alojados na bolsa escrotal,

em posição vertical, com um peso variando entre 50 a 150 gramas. São simétricos e

de consistência firme (tenso-elástica). Tem como funções a produção de hormônios

e realização da espermatogênese;

B - Epidídimo: canal que serve para transporte e reservatório de espermatozóides

produzidos no testículo. Local onde ocorrem as fases de maturação espermática;

C - Duto deferente: tem função de transportar os espermatozóides do epidídimo até

a uretra no momento da ejaculação;

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D - Glândulas acessórias: são responsáveis pela produção dos líquidos seminais,

responsáveis por nutrirem e protegerem os espermatozóides. Estas são: as

glândulas vesiculares, a próstata e as glândulas bulbouretrais;

E - Pênis: é o órgão masculino responsável pela cópula, ou seja, estando ele

penetrado na vagina da fêmea, é que os espermatozóides são depositados no

órgão genital feminino;

F - Prepúcio: é uma camada de pele que recobre e protege o pênis;

G - Glande: estrutura localizada no final do pênis, unida ao prepúcio e possui grande

quantidade de terminações nervosas;

H – Processo uretral: também conhecido por apêndice vermiforme, tem como

função realizar a pulverização do sêmen dentro da vagina no momento da

ejaculação.

Figura 1. Aparelho reprodutor do macho caprino.

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Para o manejo reprodutivo adequado de um rebanho faz-se necessário

conhecer a idade e o peso à puberdade, das diferentes raças e/ou tipos de caprinos

explorados na Região. O conhecimento da idade e do peso à puberdade possibilita

a introdução e adoção de práticas simples de manejo, tais como: castração,

desmame, separação por sexo e seleção precoce de animais para a reprodução.

Permite, também, o estabelecimento, de forma mais correta, da idade para o uso

dos animais jovens em reprodução (Nunes, 1982), bem como da seleção de animais

mais precoces reprodutivamente (Souza, 2007). A tentativa de monta antes da

puberdade é um comportamento comum em caprinos, atribuído à discreta produção

de testosterona a partir do nascimento (Skinner, 1970).

A idade e o peso à puberdade e, conseqüentemente, o alcance da

maturidade sexual, depende de fatores como: raça, sexo, fotoperíodo, nutrição,

manejo e sanidade (Maia, 1990; Traldi, 1983). Em geral, as pesquisas disponíveis

indicam que os caprinos atingem a puberdade em idade relativamente jovem,

registrando-se uma variação marcante entre as raças.

Embora os machos desta espécie iniciem a produção de espermatozóides

por volta dos 04 a 07 meses de idade, ou seja, já se encontrando capaz de

fecundar, só aconselha-se o uso destes na reprodução a partir dos 09 ou 10 meses,

ou quando atingirem mais de 70% do peso adulto. Isto porque ainda poderá estar

produzindo espermatozóides com defeitos e em concentrações inadequadas.

Contudo, para que se tenha uma maior garantia da qualidade espermática do

animal a ser utilizado como reprodutor, deve-se realizar o acompanhamento seriado

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da qualidade seminal do ejaculado desse animal antes de sua utilização, evitando

assim utilizar um animal despreparado para a atividade.

Diante dessas informações, torna-se necessário conhecer as características

sexuais de cada raça, pois as idades de ingresso na puberdade, bem como a idade

que atingem a maturidade sexual diferem entre as raças e também entre animais de

uma mesma raça.

2.2 Anatomia do Aparelho Reprodutivo Feminino

O aparelho reprodutivo feminino é constituído por:

A - Ovários: têm forma arredondada e são do tamanho de uma avelã, apresentando

em sua superfície estruturas denominados folículos que ao amadurecerem liberam o

óvulo. Os ovários das cabras também produzem os hormônios responsáveis pelo

estro, manutenção da gestação e do parto;

B - Tubas uterinas: são tubos sinuosos que unem o ovário ao útero. Uma vez

liberado pelo ovário, o óvulo desce pela tuba uterina e na presença de

espermatozóides, ocorre a fecundação, passando então a denominar-se ovo ou

zigoto, que por sua vez desce para o útero, fixando-se e dando continuidade à

gestação;

C - Útero: é um órgão composto por camadas musculares; local onde ocorre o

desenvolvimento da gestação. Consiste em um corpo verdadeiro e dois cornos,

estes conectados às tubas. O útero separa-se da vagina pela cérvix (ou colo

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uterino), que tem como principal função proteger a gestação do ambiente da vagina

e do meio exterior;

D - Cérvix: é um conduto quase sempre fechado, com número de 04 a 06 dobras

denominadas anéis;

Figura 2. Cérvix e seus anéis na cabra jovem (150 dias de idade).

E - Vagina: é ampla e tubular, com 08 a 10 cm de comprimento na fêmea adulta.

Está compreendida entre a cérvix e a vulva. É ela quem recebe o pênis durante a

cópula, sendo também o canal do parto no momento do nascimento;

F - Vulva: é a porção mais externa do aparelho genital da fêmea, composto por 02

grandes lábios (lábios vulvares). Na sua porção inferior encontra-se o clitóris.

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Figura 3. Localização anatômica do aparelho reprodutor da fêmea caprina.

Vários estudos vêm tentando melhorar a eficácia reprodutiva da cabra,

porém, existe uma barreira natural denominada cérvix, as quais se encontram os

anéis cervicais que se tornam obstáculos a serem atravessados pela pipeta

aplicadora de sêmen no momento da inseminação artificial em caprinos. A cérvix e

seus anéis são constituídos de tecido cartilaginoso de consistência rígida, o que

dificulta a passagem da pipeta inseminadora.

Embora as fêmeas caprinas apresentem o primeiro estro por volta dos 04

meses de idade, somente aconselha-se o uso destes na reprodução a partir dos 07

ou 08 meses, ou quando atingirem mais de 70% do peso adulto, evitando assim,

problemas futuros.

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3. Fisiologia Reprodutiva

O aparecimento da puberdade determina o início da atividade sexual tanto no

macho quanto na fêmea. As fêmeas atingem a puberdade quando ocorre o

aparecimento do primeiro estro, porém na maioria das vezes este se mostra infértil,

por diversos motivos, que envolve a não ovulação.

No caso dos machos, o inicio da atividade sexual é marcada pela

apresentação de instintos reprodutivos (monta em machos e em fêmeas; interesse

sexual pelas fêmeas; disputas por dominância; etc.), mesmo antes de atingirem a

maturidade sexual, que somente será alcançada quando os espermatozóides se

encontrarem viáveis para fecundação (volume, concentração, vigor, motilidade e

patologias espermáticas em níveis aceitáveis). Estes fatores agem paralelamente e

resultam na variação da puberdade no macho.

A identificação da puberdade nos machos caprinos pode ainda ser realizada

a partir da observação do descolamento do pênis do prepúcio e do descolamento do

processo uretral da glande, fenômeno este denominado de desbridamento peniano.

A puberdade no macho e na fêmea é influenciada por diversos fatores

externos, tais como alimentação, clima e interação social; e internos, tais como

hormônios atuantes, raça (genética) e desenvolvimento ponderal. Cada fator

apresenta uma particularidade e influência importante para o desencadeamento da

puberdade e desenvolvimento das atividades reprodutivas (Oliveira, 2004). A

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atividade reprodutiva é comandada por processos fisiológicos, através das

interações internas e externas.

3.1. Ciclo Estral

O ciclo estral é o ritmo funcional dos órgãos reprodutivos femininos que se

estabelece a partir da puberdade. Compreendem as modificações cíclicas na

fisiologia e morfologia dos órgãos genitais e também no perfil dos hormônios

relacionados (Antoniolli, 2002).

Assim, o ciclo estral é o período entre dois cios, durante o qual ocorrem

profundas modificações hormonais em todo o organismo, particularmente sobre o

aparelho genital e no comportamento da fêmea. O ciclo estral da cabra tem duração

média normal de 17 a 21 dias e pode ser dividido em duas fases distintas:

I - Fase folicular: caracterizada pelo desenvolvimento do folículo (estrutura no ovário

que contém o óvulo) e culmina com a liberação do mesmo (ovulação). Nesta fase

encontram-se presentes o “proestro” e o “estro”.

II - Fase luteínica: caracterizada pelo desenvolvimento do corpo lúteo. Esta estrutura

é formada após a ruptura do folículo e liberação do óvulo. Estrutura que produz a

progesterona, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação. Nesta

fase encontra-se incluído o “metaestro” e “diestro”.

O desenvolvimento folicular está correlacionado com o aumento da

concentração de estrógenos e culmina com o pico de LH (hormônio luteinizante).

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Neste momento, há uma brusca queda de estrógenos sendo que a partir daí inicia-

se o desenvolvimento do corpo lúteo (CL), correlacionado com o gradativo aumento

da concentração de progesterona. Se o óvulo não for fecundado, há uma regressão

do corpo lúteo (CL), com conseqüente queda da progesterona, aumento do

estrógeno e culminando em uma nova onda folicular, que por sua vez produzirá uma

nova ovulação.

Se o óvulo for fertilizado, uma vez que a gestação da cabra é do tipo corpo

lúteo dependente, o corpo lúteo será mantido durante toda a gestação tendo a

função de produzir progesterona, que é o principal hormônio responsável pela

manutenção da gestação.

O ciclo estral é subdividido em 04 fases, que podem ser caracterizadas por

diferentes comportamentos da fêmea:

I - Pró-estro: caracterizado pela vulva e vagina congestas (avermelhadas, pelo

aumento da irrigação periférica), começando a produzir muco. É o período em que a

fêmea mostra-se agitada, mas ainda não aceita a “monta” do macho. Fase que

antecede ao cio e tem duração média de 24 horas.

II - Estro (cio): caracterizado pelos sinais externos de micção constante, agitação da

cauda, inquietação constante e diminuição na ingestão de água e alimentos. É o

período em que a fêmea aceita o macho e deixa-se montar. Tem duração

aproximada de 30 horas. Somente no estro deverão ser realizadas as coberturas e

inseminações artificiais. Na prática, quando a fêmea for encontrada em cio pela

manhã, ela deverá ser coberta no final da tarde do mesmo dia, e na manhã do dia

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seguinte. Quando for encontrada no cio na parte da tarde deverá ser coberta no dia

seguinte pela manhã e à tarde (necessário realizar duas cobrições, pois se trata do

tempo necessário para garantir, horas depois, o encontro dos espermatozóides com

o óvulo nas tubas uterinas, proporcionando assim a fecundação).

III - Metaestro: tem início no momento em que a fêmea passa a recusar a monta.

Nessa fase ocorre a ovulação, de 12 a 36 horas após o início do cio. Esta fase

culmina com a formação de um ou dois corpos lúteos.

IV - Diestro: nessa fase a fêmea recusa a monta e corresponde ao período em que

o(s) corpo(s) lúteo(s) permanece(m) funcionai(s), sendo a fase mais longa do ciclo

estral (duração de 17 a 18 dias). Se não houver fecundação, após esse período os

corpos lúteos normalmente regridem, os ovários sofrem novo estímulo e se reinicia

o ciclo com o pró-estro.

3.2. Estacionalidade Reprodutiva

Os caprinos geralmente apresentam estacionalidade reprodutiva, sendo

denominados animais “poliéstricos estacionais”, pois apresentam vários estros

concentrados em um determinado período do ano. Esta estacionalidade depende de

uma série de variáveis, podendo ser de ordem intrínseca, destacando-se a raça, o

peso vivo e a idade, ou extrínseca, tais como fotoperíodo, latitude, temperatura e

alimentação.

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Estas características adaptativas foram herdadas de raças onde o clima é

temperado e o fotoperíodo (duração de luminosidade/dia) é bem caracterizado

durante o ano e parece constituir um dos principais fatores que condicionam a

estacionalidade reprodutiva. A luz recebida pela retina dos olhos é conduzida pelo

nervo óptico, que envia a mensagem até a glândula pineal, por meio de estímulo

nervoso. Essa glândula, na ausência de luz no meio ambiente, produz a melatonina

que, por sua vez, estimula o hipotálamo, a hipófise e os ovários (ou testículos) para

que retornem à atividade reprodutiva (princípio fisiológico que ocorre nos dias de

menor duração).

No Brasil devido a sua extensa área territorial, em algumas regiões como o

Sul e o Sudeste, os animais sofrem influência do fotoperíodo, mas de uma maneira

geral os animais adaptados às condições brasileiras com o passar do tempo perdem

estas características e geralmente apresentam cio o ano todo, exceto quando há

carências nutricionais e sanitárias.

A maior parte dos acasalamentos ocorre nos períodos onde a luminosidade

está declinando, ou seja, no período de fevereiro a maio/junho. Conseqüentemente

os nascimentos irão coincidir no final da primavera e inicio do verão (setembro a

dezembro). Após os nascimentos, a fêmea entra em estado anovulatório, ou seja, a

atividade ovariana encontra-se em repouso, e vai do inicio do verão até o inicio do

outono (dezembro a janeiro). Está fase termina com o decréscimo da luminosidade,

onde a fêmea reinicia o seu ciclo ovulatório.

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3.3 Manipulação do Ciclo Estral

A manipulação do ciclo estral é justificada de acordo com o programa

reprodutivo adotado pela propriedade, sendo-se que esta necessitará de uma infra-

estrutura mínima necessária para realizar este procedimento. Cabe ressaltar

também que uma análise do custo/benefício seja realizada antes da adoção de um

programa de indução de cios.

O controle do ciclo estral visa a distribuição de coberturas e,

conseqüentemente, dos partos ao longo do ano, de forma programada, com o

objetivo de atender ao mercado consumidor de maneira uniforme além de facilitar o

manejo empregado na propriedade para uma produção mais homogênea,

diminuindo assim o número excessivo de nascimentos em um determinado período

do ano, bem como o nascimento desordenado durante todo o ano (como ocorre em

regiões onde não há efeito de estacionalidade por fotoperíodo nem controle

reprodutivo do rebanho). Este tipo de procedimento acaba por diminuir os efeitos da

estacionalidade reprodutiva do rebanho e permite uma melhor organização do

sistema produtivo como um todo.

Os programas de indução de cabras são ferramentas reprodutivas capazes

de aumentar a produtividade de crias e leite, pois conseguem induzir a ciclicidade,

promovendo vários ciclos durante todo o ano, estimulando assim os animais a

conceberem em períodos antes improdutivos; diminuem o intervalo entre partos das

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fêmeas, reduzindo assim o intervalo entre lactações e aumentando a produção de

crias; programam lotes de fêmeas em diferentes épocas do ano, para que a

produção se mantenha em um fluxo homogêneo (no caso de comercialização de

leite) e permitem a programação de partos visando épocas de melhor preço e

demanda de leite ou carne, bem como de épocas com melhor oferta de forragens

e/ou baixo custo de insumos para nutrição.

A quebra da estacionalidade pode ser obtida através do efeito macho,

tratamentos farmacológicos, programação de luz (manipulação do fotoperíodo) ou

combinação destes, levando sempre em consideração a região geográfica, as

condições do produtor e manejo nutricional adequado.

3.3.1 Efeito Macho

Este tratamento consiste em deixar os reprodutores ou rufiões afastados das

fêmeas por um período de 03 a 04 semanas, porém alguns autores recomendam 60

dias, para promover um melhor efeito. As fêmeas não podem ter contato visual,

auditivo ou olfativo com os machos. Após este período de separação os machos são

introduzidos nos lotes das fêmeas. A resposta ao “efeito macho” é desencadeada

em aproximadamente 48 horas, mas somente após o 5º dia é que as fêmeas

começam a apresentar sinais do cio (estro). Este efeito se deve à liberação do

hormônio LH em ambos os sexos, influenciados pelo estímulo social.

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Entretanto, muitas vezes este pico de LH é insuficiente para provocar

ovulações ou formar corpos lúteos que apresentem pleno funcionamento (Traldi,

1994). Geralmente pode ocorrer ineficiência na ovulação da fêmea, por isso

recomenda-se realizar duas coberturas para uma maior garantia (Ribeiro, 1997).

De caráter prático e de baixo custo, o “efeito macho” pode ser utilizado na

indução do estro em fêmeas estacionais (Traldi, 2002), sendo que devido à

heterogeneidade do momento de manifestação do primeiro cio fértil, recomenda-se

o uso de rufiões na manifestação dos estros e que os animais sejam acasalados ou

inseminados apenas a partir da manifestação do segundo estro.

3.3.2 Indução Farmacológica (Progestágenos e eCG)

A utilização de hormônios sexuais segue protocolos passíveis de

diferenciação, só que normalmente envolvem a colocação do presságio vaginal

impregnado com o progestágeno, seja ele o “acetato de fluorogestona” (FGA - 45

mg) ou “medroxiprogesterona” (MAP - 60 mg) em esponjas, ou “Controlled Internal

Drug Release” (CIDR) que permanecem de 14 a 17 dias no interior da vagina das

cabras.

Quarenta e oito horas antes do final do tratamento, aplica-se uma dose de

200 a 300 UI intramuscular de Gonadotrofina Coriônica Eqüina (eCG; anteriormente

conhecida como PMSG) ou 300 UI de Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG),

mais 50 a 100 μg de prostaglandina sintética (cloprostenol) ou 1,25 mg de

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prostaglandina natural (PGF-2α), que promoverão o crescimento folicular. Cerca de

20 horas após da retirada da esponja ou implante, as fêmeas começaram a

manifestar o comportamento de estro (sinais do cio).

Pode-se também utilizar implante subcutâneo de progestágenos

(progesterona e norgestomet). O implante de norgestomet é encontrado

comercialmente no Brasil, com indicação para as fêmeas bovinas nas doses de 06 e

03 mg. Vários experimentos já foram conduzidos para utilização destes implantes

em caprinos, variando a dosagem e o tempo de permanência. Os melhores

resultados foram com implantes de 03 mg por período de 10 dias. No oitavo dia

após o momento de aplicação do implante, deve se aplicar de 200 a 300 UI de

(eCG) mais 50 μg de cloprostenol ou 1,25 mg de prostaglandina natural, de modo

que os cios serão observados cinco dias após a retirada do implante. (Espeschit,

1998).

Protocolos com menores períodos de manutenção do dispositivo vaginal de

progesterona foram então estudados, e por apresentarem excelente eficiência

aliados a um manejo mais rápido, passaram a ser utilizados nos dias de hoje, como

segue abaixo:

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PROTOCOLOS DE SINCRONIZAÇÃO DE CIO: WELBER

Protocolo longo para indução de cio:

IA ou Monta Natural
Aplicaç
Aplicação do Aplicaç
Aplicação de Retirada do
12h
implante PGF-
PGF-2 alfa + eCG implante apó
após cio

Fonte: Maia, (1998) e Tecnopec, (2007) adaptados.

Protocolo curto de indução de cio:

IA ou
Aplicaç
Aplicação do ± 36h Monta Natural
Aplicaç
Aplicação de Retirada do
implante 12h apó
após cio
PGF-
PGF-2 alfa + eCG implante

Fonte: Tecnopec, (2007) adaptado.

Protocolo de sincronização de cio:

IA ou Monta Natural
Aplicaç
Aplicação do Aplicaç
Aplicação de Retirada do
12h
implante PGF-
PGF-2 alfa implante apó
após cio

Fonte: Tecnopec, (2007) adaptado.

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Protocolo de sincronização de cio com Prostaglandina

Até
Até 72 horas Até
Até 72 horas

IA ou Monta Natural IA ou Monta Natural


Aplicaç
Aplicação de 12h Aplicaç
Aplicação de
12h
PGF-
PGF-2 alfa apó
após cio PGF-
PGF-2 alfa apó
após cio

Fonte: Tecnopec, (2007) adaptado.

É importante ressaltar ainda que, o bom resultado utilizando-se estes tipos

técnicas reprodutivas, dependerá de um conjunto de fatores tais como: treinamento

de funcionários responsáveis; cuidados referentes à manipulação adequada dos

hormônios utilizados; cuidados na aplicação, respeitando as recomendações e vias

de administração e doses, evitando possíveis variações de resultados; além de lidar

somente com animais de boas condições sanitárias e nutricionais.

3.3.3 Indução Farmacológica (Melatonina e Programa de Luz)

A melatonina é um hormônio de ocorrência natural em todos os mamíferos,

sintetizado e secretado exclusivamente durante o período da noite pela glândula

pineal. O animal percebe o fotoperíodo através da concentração sistêmica deste

hormônio, portanto, tem sido estudado o fornecimento de melatonina isoladamente

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ou associado a programas de luz através das injeções, ingestão ou implante, sendo

este ultimo o que tem apresentado melhores resultados (Ribeiro, 1997).

Em nosso país, o tratamento “luminoso” realizado durante o final do outono e

início do inverno (nas regiões onde o fotoperíodo exerce efeito sobre a

estacionalidade reprodutiva), com duração de 02 a 04 meses, associado ao efeito

macho no início da primavera, permite que cerca de 70 a 80% das fêmeas

submetidas a este tratamento apresentem cios férteis durante a primavera (Tosetto,

2005).

Os animais devem ser expostos a 16 horas de luz e 08 horas de escuro por

dia, com auxilio de lâmpadas fluorescentes instaladas no galpão. Um “timer” é

responsável pela ativação e desativação automática, acendendo as luzes cerca de

02 horas antes do alvorecer e desligando 02 horas após o entardecer, alongando

dessa forma o fotoperíodo natural. Para isto, faz-se necessário garantir que dentro

do galpão e à altura dos olhos (da retina) dos animais mantenha-se uma

luminosidade de “200 lux” (45 watts/m2), devendo esta luminosidade ser monitorada

com o auxílio de um aparelho denominado “luxímetro”. Ao final do tratamento, o

“timer” é desativado e os animais retornam à situação de fotoperíodo natural. Após

60 dias aplica-se o “efeito macho” que irá desencadear e/ou acentuar a

manifestação dos estros (Traldi et al., 2000).

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4. Manejo Reprodutivo

O manejo reprodutivo é composto por uma série de medidas que visam

orientar o produtor desde a aquisição do reprodutor e matrizes até o manejo das

crias durante a puberdade e maturidade sexual. O manejo reprodutivo visa

organizar e planejar a produtividade do rebanho, para isso sendo necessárias

técnicas que permitam a utilização racional dos animais. Para que um programa de

manejo reprodutivo seja eficiente e seus objetivos alcançados, alguns pontos devem

ser considerados (Lago e Lafayette, 2000): realizar um levantamento das condições

sanitárias, nutricionais e reprodutivas do rebanho a ser trabalhado através do

histórico dos animais para posterior descarte e seleção dos mesmos; realizar a

identificação individual dos animais para um eficiente controle zootécnico, tornando-

se possível melhor conhecer as características do rebanho; ter facilidade no acesso

de mão-de-obra capacitada.

4.1 Escolha de reprodutores e matrizes

A escolha de bons reprodutores e matrizes constituem um dos principais

pilares para a exploração da caprinocultura. O sucesso da atividade dependerá das

respostas dadas pelos animais e das condições a eles oferecidas durante todo o

processo produtivo.

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4.1.1 Escolha do Reprodutor

A vida útil de um reprodutor é estimada em torno de sete a oito anos de

idade, apresentando a partir daí uma diminuição no seu potencial reprodutivo por

redução da libido bem como da qualidade espermática.

Na escolha do reprodutor deverão ser observadas procedência do animal,

documentação, histórico produtivo e reprodutivo, teste de progênie (quando

possível), padrão racial, testículos com boa conformação, ausência de alterações

penianas, prepuciais e no processo uretral, presença de boa libido, ausência de

doenças, ausência de agnatismo e prognatismo, bons aprumos. Recomenda-se a

realização de espermograma (avaliação do sêmen) antes de adquirir um reprodutor.

A seleção dos reprodutores poderá ser feita a partir dos seis meses de idade,

embora resultados de estudos recentes indiquem que esta seleção possa ser

realizada aos 04 meses de idade, com o auxílio de medidas biométricas, tais como

perímetro torácico, comprimento de corpo e perímetro escrotal dos animais logo

após desbridamento peniano (Souza et al., 2007).

4.1.2 Seleção das Matrizes

A principal característica de uma boa matriz é a fertilidade, a produção de

crias saudáveis e a produção de leite para poder alimentar-las. Na seleção de

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matrizes é fundamental levar em consideração a presença de boa conformação

racial, apresentar aspectos feminino e possuir um bom desenvolvimento corporal,

ausência de doenças e de defeitos físicos, possuir histórico de gestações e partos

normais, possuir úbere bem inserido e com dois tetos, ter bons aprumos, histórico

de fertilidade (poder de fecundação a cada cobertura) e prolificidade (número de

crias por parto), taxa de desmame elevada (número de crias desmamadas).

4.2. Estação de monta

Para adoção de estação de monta deve-se levar em consideração o período

de maior ocorrência da atividade sexual dos machos e das fêmeas, atentar-se para

as necessidades nutricionais das fêmeas na gestação, parição e período de

lactação, identificar a época mais adequada para nascimento das crias, verificando

a disponibilidade de alimento e de mão de obra para o manejo adequado das crias,

planejar para que se tenha oferta de produtos nas melhores épocas do ponto de

vista comercial.

4.3. Sistemas de Acasalamento

Diversos sistemas de acasalamento podem ser empregados e na escolha

daquele que melhor convém, devem ser analisados o número de fêmeas do

rebanho e os objetivos da criação. O método a ser empregado deve reunir

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vantagens como simplicidade, concentração das atividades de manejo em um curto

espaço de tempo, resultar em bons resultados econômicos e permitir o

aproveitamento do reprodutor ao máximo (Bicudo, 1998).

4.3.1 Monta Natural

A monta natural é o método mais simples e pode ser realizada de forma livre,

onde os reprodutores são introduzidos junto às fêmeas na proporção de 1 macho

para cada 20 a 25 fêmeas. Neste método as fêmeas são deixadas constantemente

com os machos, ocorrendo coberturas sem qualquer controle por parte do criador.

Esse tipo de acasalamento é usado em criações extensivas.

4.3.2 Monta Controlada

Neste sistema de acasalamento, é necessária a detecção do cio, sendo

cobertas somente as fêmeas identificadas. Neste tipo de procedimento há o controle

por parte do criador, podendo o mesmo identificar a fêmea coberta bem como o dia

da cobertura. Neste tipo de acasalamento a relação macho:fêmeas é 1:30 ou 35

fêmeas, em geral.

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4.3.3 Inseminação Artificial

A Inseminação Artificial (I.A.) consiste na coleta do sêmen de um reprodutor e

sua posterior deposição na genital da fêmea por meio de mecanismos físicos

desenvolvidos e realizados pelo homem. A coleta do sêmen pode ser feita através

da vagina artificial ou com o uso do eletroejaculador. O sêmen coletado pode ser

utilizado fresco (diluído ou fracionado), resfriado ou congelado, permitindo a

estocagem e transporte do mesmo (Ribeiro, 1997).

Durante uma temporada de reprodução um macho utilizado em monta natural

produz em média 50 filhotes. Com a utilização da inseminação artificial com sêmen

recém-colhido este número pode facilmente ser multiplicado por 10 e permite obter

até 500 filhotes de um único reprodutor. Com a inseminação associada à utilização

do sêmen congelado, existem relatos de se obter até 12.000 filhotes de um único

pai, cujo sêmen havia sido coletado previamente e estocado ao longo da pré-

temporada de acasalamento.

Além da otimização de fertilização das fêmeas, a técnica da inseminação

artificial ainda apresenta outras vantagens, tais como:

→ Teste do reprodutor, já que o sêmen pode ser transportado para várias

propriedades, fertilizando um grande numero de fêmeas, e assim, aumentando o

número de informações de determinado macho. Desta forma, descartam-se os

maus reprodutores e separam-se apenas aqueles geneticamente superiores;

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→ Menor gasto com manutenção, alimentação e acomodações dos reprodutores,

uma vez que a quantidade de machos necessários para fertilizar as fêmeas será

bem menor;

→ Aumento da vida útil dos reprodutores, podendo inclusive ser utilizados por anos

após a morte do macho, já que o material seminal pode ser armazenado por tempo

indeterminado no botijão de nitrogênio líquido;

→ Controle de doenças transmissíveis pelo coito, uma vez que não há contato do

órgão genital masculino com o feminino, evitando transmissão de doenças do

macho para a fêmea e vice-versa;

→ Programação das parições e produções, podendo o produtor calcular as datas de

parições e estimar aproximadamente o número de crias esperados;

→ Possibilidade de utilizar reprodutores incapacitados para realizar a monta (ex:

problemas que impossibilitem o macho de ficar em pé ou sustentar-se no momento

da cópula);

Entretanto, vale a pena ressaltar alguns entraves encontrados no uso desta

técnica, tais como:

→ Necessidade de mão-de-obra especializada, pois para realizar os procedimentos

adeqüadamente são necessários conhecimentos básicos bem como de treinamento

prévio;

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→ No caso de utilização de reprodutores não provados, pode ocorrer uma rápida

disseminação de características indesejáveis sobre o rebanho, fazendo com que um

trabalho de melhoramento seja perdido;

→ Custos iniciais elevados. Torna-se necessário que o produtor realize certo

investimento na compra dos materiais e equipamentos para adoção e execução da

técnica;

Uso da Vagina Artificial

A vagina artificial é um mecanismo utilizado para realizar a coleta de sêmen

do reprodutor de forma induzida. Ela imita as condições de temperatura e pressão

da vagina da cabra, tornando possível “simular” para o reprodutor um ambiente

semelhante para que ele ejacule.

A vagina é ligada a um tubo coletor, fazendo-se necessário o uso de uma

fêmea que servirá como manequim. De preferência procura-se usar como

manequim uma fêmea que esteja no cio, para que o macho demonstre interesse. O

sêmen coletado deve ser protegido da luz solar e sujidades além de evitar agitações

bruscas, pois essas agressões podem levar à diminuição da qualidade do ejaculado

por morte dos espermatozóides coletados.

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Figura 4 - Vagina artificial confeccionada artesanalmente para a coleta de sêmen.

Uso do Eletroejaculador

É um método pouco usado na espécie caprina, pois o sêmen coletado por

este método apresenta menor concentração e qualidade espermática e menor

qualidade. Este método atualmente é utilizado em animais que estejam

impossibilitados de montar por um defeito não genético nos aprumos, animais que

apresentem deformações adquiridas no pênis ou ductos que participem da

ejaculação ou em teste de precocidade reprodutiva em animais jovens.

O método consiste na introdução do um objeto cilíndrico possuindo três

eletrodos (prôbe) que irão conduzir os estímulos elétricos de uma fonte de energia

(bateria) controlando a freqüência e intensidade dos estímulos (pulsos elétricos)

com o auxílio de um voltímetro.

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4.4 Tipos de preparações do sêmen coletado

4.4.1 Sêmen fracionado

Obtém-se o sêmen através da coleta pela vagina artificial e posteriormente

realiza-se a análise espermática (volume, concentração, motilidade e vigor). De

acordo com os resultados obtidos referentes à qualidade do ejaculado, realiza-se o

fracionamento em partes iguais e em seguida, a deposição no aparelho reprodutivo

da fêmea por meio da inseminação artificial. Nenhum artifício de preservação do

material fecundante é necessário neste caso (Bicudo, 1998).

4.4.2 Sêmen fresco diluído

Neste sistema, usa-se um diluidor especifico (a base de leite ou de água de

côco) no sêmen recém-colhido, com finalidade de aumentar o volume. A

concentração de espermatozóides deve ser mais homogênea em cada palheta.

Nesta metodologia também é necessário realizar a analise do sêmen coletado.

4.4.3 Sêmen resfriado

Na inseminação com sêmen resfriado, adiciona-se solução conservante (Ex:

“Tris Gema”) para manter o sêmen em temperatura de geladeira (aproximadamente

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12 a 16ºC) por períodos não superiores a 24 horas. Esta modalidade permite a

estocagem do sêmen por algum tempo e seu transporte a longas distâncias (Bicudo,

1998). Nesse caso, além da avaliação espermática após a colheita, deve-se

também repetir tal análise antes de seu uso (após o período em que esteve

resfriado).

4.4.4 Sêmen congelado

Este permite uma estocagem em botijões contendo nitrogênio líquido a uma

temperatura de -196ºC por tempo indeterminado, ultrapassando décadas. Essa

grande vantagem é em parte contrastada pela necessidade do emprego de mão de

obra, métodos e equipamentos especiais para sua realização.

Antes de proceder com a inseminação artificial, uma amostra de sêmen do

lote congelado deve ser utilizada para avaliação espermática a fim de garantir que

não houve falha no congelamento ou armazenamento do sêmen (ex: níveis de

nitrogênio abaixo do indicado pelo botijão), evitando assim a utilização de doses

comprometidas qualitativamente.

As inseminações feitas com a deposição do material fecundante na porção

externa da cérvix uterina, só atingem índices satisfatórios quando se emprega

sêmen recém-colhido ou resfriado por até 48 horas (Bicudo, 1998), portanto, para

sêmen congelado deve-se realizar a deposição do sêmen após o aplicador

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ultrapassar ao menos os 3 primeiros anéis cervicais. Deposições intra-uterinas são

as mais indicadas nestes casos.

4.5 Procedimentos para proceder a Inseminação artificial

A Inseminação Artificial em cabras deve seguir as seguintes etapas:

levar as fêmeas que serão inseminadas para um local calmo, silencioso, sombreado

e limpo;

1. os instrumentos necessários para o procedimento deverão estar

devidamente higienizados, expostos e organizados sobre uma mesa também

previamente higienizada;

2. o manejador deve então segurar o animal pelos membros posteriores,

levantando a sua traseira e deixando sua cabeça próxima ao chão. Pode-se

utilizar de um apoio do tipo “cavalete” a fim de minimizar a carga sobre o

responsável pela contenção da fêmea;

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Figura 5 - Técnicas mais comuns de contenção da cabra para procedimento da inseminação

artificial.

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3. com toalha de papel fazer a limpeza da vulva a fim de retirar as sujidades;

4. lubrificar o especulo com vaselina para facilitar a introdução na vagina;

Figura 6 - Introdução do especulo “bico de pato” previamente lubrificado na vagina da cabra

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5. acender a fonte luminosa para localizar a entrada do útero (cérvix), ou utilizar

uma lanterna com luz forte para auxiliar no procedimento;

6. com o aplicador montado e preparado com a dose de sêmen, passar pelo

especulo e introduzir na cérvix, ultrapassando o maior número possível de

anéis, para depositar o sêmen o mais próximo do útero;

Figura 7 – Introdução do aplicador e deposição do sêmen durante inseminação artificial em caprinos

7. colocado o sêmen, retirar primeiro o aplicador e em seguida o especulo,

lentamente;

8. deixar a fêmea por 30 segundos nesta posição após inseminação e

massagear levemente o clitóris a fim de estimular peristaltismo da cervical e

uterino;

9. não movimentar bruscamente o animal, pois qualquer agitação poderá fazer

com que o sêmen depositado seja expelido;

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10. anotar os dados da inseminação artificial (nº. da fêmea, nº. do reprodutor,

data da inseminação e número de vezes que foi inseminada) em ficha

apropriada.

5. Gestação e Diagnóstico

A gestação é o período que vai desde a fecundação do óvulo pelo

espermatozóide até o momento do parto (ou abortamento), podendo ser dividida em

período de ovo, embrião e feto. O período de ovo está compreendido desde o

momento da fecundação até o desenvolvimento das membranas primitivas. O

período embrionário corresponde do 13º ao 34º dia de gestação, e consiste num

rápido crescimento e diferenciação dos principais tecidos, órgãos e sistemas,

estabelecendo as características da forma externa do corpo. O período fetal se

estende do 35º dia até o parto, e caracteriza-se pelo crescimento e modificações

morfológicas do feto.

A duração da gestação em qualquer mamífero é, geralmente, relacionada a

alguns fatores como a espécie, raça, o número de fetos, tamanho da cria, tamanho

da fêmea, constituição genética, condições ambientais (fatores nutricionais,

sanitários, de manejo geral, dentre outros). O período total médio de gestação das

cabras é de 144 a 152 dias (Ribeiro et al, 1996).

O estado nutricional da fêmea na parição determinará, em grande parte, o

vigor da cria ao nascer, a quantidade de leite a produzir e o instinto materno da

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fêmea. Portando, desde a fase de preparação para ser inseminada, a fêmea deve

ter um aporte nutricional diferenciado. Nas últimas semanas de gestação (terço

final) ocorre um rápido crescimento do feto, que aumenta 2/3 do seu peso total, e

grande desenvolvimento da glândula mamária. Isso eleva consideravelmente as

exigências nutricionais das cabras ao aproximar-se do parto.

O reconhecimento precoce do estado de gestação ou não de um animal

doméstico representa considerável valor econômico, além de ser essencial para um

adequado manejo reprodutivo. Geralmente o diagnóstico precoce da gestação é

requerido logo após a cobertura natural ou inseminação artificial para identificar o

mais cedo possível os animais não gestantes, de modo que o tempo de reprodução

perdido possa ser reduzido com tratamento adequado ou pelo descarte do animal.

O diagnóstico de gestação também se faz necessário para emissão de certificados

de animais colocados à venda com finalidade de seguro, especialmente após a

expansão da transferência de embriões, acrescido agora do diagnóstico do sexo do

produto (sexagem fetal) graças às biotecnologias atuais (Santos et al., 2003).

O diagnóstico de gestação animal evoluiu desde métodos imprecisos como a

simples supressão do cio, a exposição da fêmea a rufiões, o exame do úbere, a

palpação retal e abdominal, até métodos mais sofisticados e garantidos, possíveis

de ser realizados com a utilização do ultra-som.

A escolha do método, logicamente, depende de vários fatores: espécie

envolvida, estágio da gestação, custo da operação, exatidão e rapidez do

diagnóstico. De um modo geral, as técnicas de diagnóstico de gestação em animais

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domésticos baseiam-se em 03 principais procedimentos (Santos et al., 2004):

Métodos clínicos, incluindo a palpação e a ultra-sonografia; testes imunológicos,

determinando hormônios (progesterona, sulfato de estrona, gonadotrofina coriônica)

e substâncias associadas à gestação (fator precoce da gestação e proteína B

específica da gestação); retorno ao cio.

5.1 Diagnóstico Presuntivo

Universalmente, o diagnóstico presuntivo de gestação é emitido pelo índice

de não retorno ao estro, contudo, é uma metodologia que provoca opiniões

controvertidas entre diversos autores. Enquanto alguns afirmam que no campo é um

método de diagnóstico tão eficiente quanto a progesterona no leite (Engeland et al.,

1997), outros comentam ser um método muito impreciso, não permitindo segurança

nos resultados até o momento em que a caracterização externa da gestação seja

evidente e, geralmente, acarreta em erros grosseiros, implicando em perdas

reprodutivas e, consequentemente econômicas (Bicudo, 2003).

Após o centésimo dia de gestação, principalmente nas primíparas, a condição

corporal e as modificações das glândulas mamárias, aliados ao não retorno ao

estro, são particularidades que induzem o observador a acreditar numa suposta

prenhez (Bicudo, 2003). As características mais evidentes, como o relaxamento dos

ligamentos sacro-ilíacos, sacro-insquiáticos e aumento do volume abdominal,

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somente são claramente detectados ao final do período gestacional (quarto e quinto

mês).

Todavia, o não retorno ao estro devido á gestação, não pode ser diferenciado

do anestro sazonal ocorrido no final da estação de cobrição em regiões de clima

subtropical, e este método não é apropriado quando cabras são sincronizadas e/ou

acasaladas durante o período sazonal de anestro (Memon & Ott, 1980). Muitos

animais com falha de fecundação durante a estação de cobrição, retornam ao estro

dentro de 17 a 23 dias após o acasalamento, entretanto, no final da estação ciclos

estrais longos podem ocorrer e algumas fêmeas não prenhes permanecem em

anestro (Corteel, 2000).

5.2 Diagnóstico através de Palpação Abdominal e Reto-Abdominal (bi-manual)

A principal limitação relacionada à palpação abdominal diz respeito à

impossibilidade de se estabelecer um diagnóstico precoce de gestação. Alia-se a

isto, a necessidade do examinador possuir certa experiência, uma vez que durante

a palpação abdominal existe a possibilidade do saco ventral do rúmen ou outra

porção dos pré-estômagos serem confundidos com o útero gravídico.

O útero gestante e/ou o(s) feto(s) podem ser palpados, eventualmente,

através da parede abdominal relaxada, colocando-se as mãos em cada lado do

abdome na tentativa de pressioná-lo e/ou levantá-lo. Apesar de o feto caprino poder

ser palpado no flanco direito já a partir do terceiro mês de gestação, este

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procedimento é mais eficientemente quando efetuado com o avanço da gestação,

especialmente no último mês (Freitas & Simplício, 2002).

É importante ressaltar que este tipo de exame é mais facilmente realizado em

animais magros e que a constatação dos movimentos do feto oferece maior

segurança ao diagnóstico (Ishwar, 1995). É também interessante recomendar jejum

hídrico-alimentar de 12 horas a 24 horas, visando poder aumentar a acurácia da

técnica de diagnóstico (Nunes & Fernández, 2001).

A palpação bi-manual proporciona condições de determinação da prenhez em

qualquer período. Esta técnica consiste em introduzir dois ou mais dedos de uma

mão no reto da fêmea e, com a outra mão, pressionar o abdome verticalmente para

cima com a finalidade de projetar o sistema reprodutor na direção dos dedos para

sentir estruturas que caracterizem a gestação. Em certos casos, é possível a

identificação dos ovários e, em outros, o útero túrgido e os placentomas podem ser

também sentidos (Kutty, 1999).

5.3 Diagnóstico através do Efeito Doppler

O efeito Doppler, inicialmente descrito para diagnosticar a gestação em

humanos, vem sendo mundialmente utilizado em ovinos, caninos, bovinos, suínos e

caprinos com relativa freqüência. Este efeito, também conhecido como ultra-

sonografia Modo “M” (modo movimento) tem como princípio para detectar a

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gestação precocemente, registrar o aumento da pulsação sanguínea e do batimento

cardíaco, além dos movimentos fetais.

Os movimentos são registrados por ondas mecânicas de freqüência ultra-

sônica contínua (não pulsátil) e de baixa potência que são enviadas para o interior

do corpo do animal através de um transdutor. Após serem refletidas nas artérias,

coração, veias ou válvulas, o eco, formado por estas ondas, retorna ao transdutor

produzindo sinais elétricos que são amplificados e audíveis pelo técnico (Paula et

al., 2003).

O Doppler pode ser utilizado por via transabdominal e transretal (Nunes &

Fernández, 2001). O exame transabdominal é realizado posicionando o transdutor

no flanco direito, cranialmente ao lado do úbere, com o animal em estação. A

técnica transretal é superior à transabdominal no diagnóstico de gestação em

virtude da viabilidade fetal poder ser avaliada (Freitas & Simplício, 1999).

A eficiência do efeito Doppler é diretamente proporcional ao período de

gestação e apresenta uma acurácia próximas aos 100% na segunda metade da

gestação (Ishwar, 1995). Nos estádios iniciais, entre 30 e 45 dias de gestação, o

percentual de acerto é, respectivamente de 0% e 22%, enquanto que, a partir dos

60 dias de prenhez, esta porcentagem é elevada para 67% (Paula et al., 2003).

Porcentagens de acerto da ordem de 90% entre o 51º e o 60º dia de gestação e de

100% aos 60 dias também são registradas (Andriolli et al., 1997).

É importante ressaltar que a duração do exame é um fator que pode interferir

na sua eficiência e que não deve ser superior a 05 minutos. A necessidade de o

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exame ser de fácil e rápida execução é visando minimizar o desconforto e estresse

do animal, provocada pela introdução da sonda por via transretal.

Para diferenciação entre gestação simples e dupla não é indicado o uso do

Efeito Doppler. No entanto, observa-se uma freqüência cardíaca nas cabras com

gestação múltipla aos 105 e 120 dias de gestação, quando comparadas com

aquelas de gestação simples. Este fato pode ser devido a uma maior necessidade

de aporte sanguíneo na fase final da gestação, particularmente no caso de

gestações múltiplas.

De acordo com o exposto, conclui-se que o Efeito Doppler se mostra eficaz

no diagnóstico de gestação quando não se deseja realizá-lo precocemente,

apresentando praticidade, segurança para fêmea e para a cria, fácil manuseio,

facilidade de transporte ao campo (não necessitando de energia elétrica) além de

possibilitar a confirmação tanto da prenhez quanto da viabilidade fetal.

5.4 Diagnóstico por ultra-sonografia - “Scan A” e “Scan B”

A ultra-sonografia é um dos símbolos do progresso tecnológico e científico

utilizado na produção animal. Esta técnica faz parte de um grupo procedimentos e

métodos que permitem a emissão de diagnóstico através de imagem. É um método

não invasivo que permite a visibilidade anatômica dos órgãos internos dos animais.

O princípio dos equipamentos de ultra-som, considerando a amplitude do eco

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versus tempo para o diagnóstico de gestação é baseado na detecção da faixa fluida

presente no útero (Freitas & Simplício, 2002).

As unidades Scan A emitem ondas ultra-sônicas, as quais são originadas a

partir de um transdutor manual colocado externamente sobre a pele do abdome,

sendo direcionado ao útero. O Scan A apresenta-se em forma de gráfico

unidimensional, mostrando a amplitude e a profundidade das ondas sonográficas

nos tecidos (Moura & Merkt, 1996). As ondas ultra-sônicas são refletidas pelos

diferentes tecidos, retornando aos transdutores e sendo convertidas em energia

elétrica na forma de sinais visuais ou auditivos. Estas unidades são sensíveis a uma

profundidade de 10 a 20 cm.

O transdutor deve ser colocado no flanco direito, cranial ao úbere do animal

posicionado em estação. Pêlo ou lã nesta área deve ser retirado para facilitar

permitir um melhor contato com a pele. Os transdutores devem ser untados em gel

comercial para contato ou óleo vegetal, com o objetivo de eliminar os espaços entre

a pele e a extremidade do transdutor. Uma luz ou sinal audível é emitido pela

unidade, em forma de “bips” característicos, os quais são codificados em um

osciloscópio quando uma estrutura preenchida por fluido é detectada. Para o

diagnóstico de gestação, a unidade Scan A aplicada na região do flanco tem

provado ser razoavelmente confiável no período de 50 a 120 dias pós-fecundação

em caprinos (Watt et al., 1984).

Este método apresenta algumas desvantagens, tais como resultados falso-

positivos (bexiga urinária repleta, hidrometra, piometra) e falso-negativos (fase

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inicial ou inicial de gestação). Além disso, nem a viabilidade fetal e, tampouco, o

número de fetos são detectados por este método (Freitas & Simplício, 2002).

Deste modo, a utilização do Scan A tem mostrado sua importância no tocante

à observação de resultados de infertilidade e diagnóstico gestacional em fêmeas de

diferentes espécies, reduzindo custos e aumentando o desempenho produtivo

destes animais. Adicionalmente é preciso ressaltar que o uso do Scan A para

diagnóstico de gestação é de particular importância em áreas isoladas onde nem

sempre a eletricidade está disponível.

No Scan B, os sons são eletronicamente modificados e transformados em

imagens de tempo real, que podem ser imediatamente visualizadas na tela de um

monitor. O conjunto responsável pela produção e captação das ondas ultra-

sonográficas é constituído por um circuito eletrônico oscilador, um amplificador de

potência e um transdutor.

De acordo com a capacidade do tecido em absorver ou refletir as ondas

sonoras, na avaliação das imagens ultra-sonográficas são utilizados os termos:

“anecóico” (imagens escuras oriundas dos líquidos que não refletem as ondas

sonoras); “hipercóicas” (são brancas e provêm de tecidos com grande capacidade

refletora) e as “hipoecóicas” (estas podem ser de maior ou menor densidade,

variando nas tonalidades de cinza). As imagens são traduzidas em duas dimensões,

permitindo identificar placentomas, movimentos fetais, fluidos e batimentos

cardíacos (Ishwar, 1995).

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Para a obtenção de uma boa resolução de imagem ultra-sonográfica e que

possa contribuir para alcançar bons resultados no diagnóstico gestacional, alguns

fatores são essenciais para a eficiência do exame (Buckrell, 1988), dentre os quais

podemos citar:

1. - o sistema utilizado (linear, setorial mecânico ou convexo);

2. - a freqüência do transdutor (3.0; 3.5; 5.0; 6.0; 7.5 ou 8.0 MHz);

3. - o período de gestação (primeiro e segundo terço e fase final de gestação);

4. - a modalidade do exame (transretal, transcutâneo abdominal ou

transvaginal);

5. - a condição da área de varredura (tricotomizada ou não / interferência de ar);

6. - a posição da fêmea (em decúbito ou em estação);

7. - a duração do exame e estado alimentar (para não haver interferência das

fezes); - a raça e a idade das fêmeas (animais grandes, maduros e

multíparos podem fornecer algumas dificuldades no diagnóstico precoce pelo

reto);

8. - a experiência do operador (requer um profissional em constante

treinamento).

É interessante ressaltar que é mais simples emitir um diagnóstico positivo de

prenhez do que confirmar a não gestação. Apesar de não estar totalmente livre da

ocorrência de erros no diagnóstico, a ultra-sonografia em tempo real é o método

mais eficiente por reunir praticidade e acurácia na determinação precoce da

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gestação, na quantificação dos conceptos, sexagem fetal e na identificação de

alguma patologia de caráter reprodutivo.

Existem outros métodos de diagnóstico de prenhez que são menos comuns

em caprinos e por esta razão não serão abordados neste texto.

6. Manejo Pré-parto e Parição

As fêmeas no pré-parto devem estar com as vacinas em dia, ter acesso a

uma alimentação de melhor qualidade, estarem separadas em piquetes limpos,

tranqüilos, de fácil acesso e observação. Nesta fase as fêmeas devem ser

manejadas com muito cuidado, sem que sejam estressadas, pois isso acarretaria

em aborto.

Para facilitar a observação, os animais devem ficar em piquetes próximos e

de fácil acesso ao manejador, isto porque muitas crias e até mesmo as matrizes

podem morrer por causa de partos difíceis e/ou falta de cuidados especiais que

venham a necessitar no momento do parto.

Uma das principais causas de mortes em sistemas mais intensivos de criação

se dá no final da gestação ou com cria ao pé, quando são recolhidos e alojados

durante a noite em apriscos com alta lotação (menos de 1,5 - 2,0 m2/fêmea). A

superlotação irá predispor trauma das fêmeas prenhes e das crias. Além disso,

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quando o ripado do aprisco não possui espaçamento adequado, as crias podem

prender os membros entre as ripas ficando ainda mais expostos ao pisoteio.

É muito comum o ataque de predadores ao rebanho, sendo importante

projetar instalações (muros, telas, cercas elétricas, etc.) que impeçam o acesso

destes ao rebanho.

Nesta fase é muito importante o controle zootécnico, já que algumas mães

podem não apresentar boa habilidade materna, conseqüentemente rejeitando as

crias e não as desmamando corretamente. Se não houver o controle do rebanho

torna-se difícil realizar a separação destas fêmeas para posterior descarte. Estas

fêmeas devem ser descartadas, pois a sua permanência no rebanho acarretará em

altas taxas de mortalidade e baixo peso ao desmame das crias.

O melhor parto é aquele que não necessita da interferência do homem, mas

em alguns casos o auxilio torna-se necessário. Se no prazo de 2 a 3 horas após a

exposição da bolsa a fêmea não parir, é porque algo pode estar errado. Alguns

fatores são responsáveis por estas alterações no parto, dentre eles (SNA, 2004):

cria com elevado peso ao nascer ou em posição anormal; fêmeas com idade

avançada ou com deficiência nutricional; feto com má formação ou gerado fora do

útero (gestação ectópica).

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9. Referências Bibliográficas

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