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Quaderns de Psicologia | 2018, Vol.

20, No 3, 245-254 ISNN: 0211-3481

 https://doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1462

Melancolia e (im)permanência: fundamentos para uma teoria


freudiana do suicídio
Melancholia and (im)permanence: Fundamentals for a Freudian Suicide Theory

Marcos Vinicius Brunhari


Psicanalista e Pesquisador independente

Resumo
Neste artigo teórico temos como objetivo o apuramento do caráter paradigmático do con-
ceito freudiano de melancolia em relação ao suicídio. Iniciaremos este trajeto recorrendo
aos primeiros escritos de Freud e procuraremos circunscrever a relevância de uma perda
peculiar na melancolia (1895/1996). Seguiremos pelos trabalhos dedicados à metapsicologia
em que o tema da melancolia (1917[1915]/1996) é articulado ao suicídio por meio da propo-
sição de que o eu apenas se mata desde que identificado ao objeto perdido. A partir deste
respaldo, será possível questionar a passagem ao ato suicida como o extremo da recusa ao
efêmero. Sendo o inconsciente incapaz de executar o ato de se matar, a recusa coloca em
evidência um rechaço do inconsciente. Sustentaremos, a partir do ensino de Lacan (1962-
63/2005) que a passagem ao ato suicida se estrutura como um rechaço que tem no triunfo
do objeto a um momento no qual o sujeito é suprimido e identificado ao que é irredutível
ao significante.
Palavras-chave: Melancolia; Suicídio; Psicanálise; Freud

Abstract
In this theoretical article, we aim to establish the paradigmatic character of the melancho-
lia’s freudian concept in relation to suicide. We shall begin this journey by recourse to
Freud's early writings and attempt to circumscribe the relevance of a peculiar loss in mel-
ancholia (1895/1996). We will proceed through the works dedicated to metapsychology in
which the theme of melancholia (1917[1915]/1996) is articulated to suicide by means of
the proposition that the ego only kills itself since identified to the lost object. From this
support, it will be possible to question the passage to the suicidal act as the extreme of
the refusal to the ephemeral. Since the unconscious is incapable of executing the act of
killing itself, the refusal puts in evidence a rejection of the unconscious. From the Lacan’s
teaching (1962-63/2005), we will argue that the passage to the suicide act structures itself
as a rejection that has in the triumph of the object a T the moment in which the subject is
suppressed and identified with what is irreducible to the signifier.
Keywords: Melancholia; Suicide; Psychoanalysis; Freud
246 Brunhari, Marcos Vinicius

Introdução respeito do suicídio. Associamos essa manu-


tenção à recusa frente à impermanência e ao
Em um breve artigo dedicado à impermanên- que se elabora em forma de luto. Tomamos a
cia, traduzido como “Sobre a transitoriedade” melancolia como paradigmática para aquilo
(1916[1915]/1996), Sigmund Freud se ocupa que Freud (1917[1915]/1996) preconiza a res-
de maneira pontual e com recursos estéticos peito da autodestruição derivada da identifi-
daquilo que é efêmero e que tem durabilida- cação com um objeto. É desta condição que
de no tempo. Nesse trabalho, o psicanalista envereda a tentativa de suicídio já que o eu
relata o diálogo ao longo de um passeio por não pode se destruir a não ser que esteja
campos de exuberante beleza na companhia identificado ao um outro. Assim, será possível
de um amigo taciturno e de um jovem poeta. propor que o suicídio se constitui como um
Embora o poeta admirasse a beleza que podia extremo desta recusa diante da efemeridade,
ser extraída da paisagem, não era possível como um contraponto na medida em que se
desfrutar disto já que, na opinião deste, toda caracteriza pelo império de um irrepresentá-
a beleza está fadada à efemeridade. vel.
Esta perspectiva segundo a qual aquilo que Com o objetivo de melhor precisar o caráter
possui valor está destinado à destruição leva paradigmático da conceituação freudiana de
o jovem poeta a adotar uma desvalorização melancolia em relação ao suicídio, recorre-
daquilo que pode ser amado e admirado. remos aos primeiros escritos de Freud procu-
Freud (1916[1915]/1996) posiciona-se contra- rando circunscrever a relevância de uma per-
riamente à exigência de imortalidade e afir- da peculiar; em seguida, nos ocuparemos dos
ma que a impermanência não reduz o valor trabalhos metapsicológicos dedicados ao tema
daquilo que tem duração determinada, “pelo da melancolia. Nestes, evidenciaremos a arti-
contrário, implica um aumento! O valor da culação com o suicídio através da compreen-
transitoriedade é o valor da escassez no tem- são de que o eu se mata desde que identifi-
po. A limitação da possibilidade de uma frui- cado ao objeto perdido.
ção eleva o valor dessa fruição” (p. 317).
Freud segue e propõe que essa desvalorização Apoiados no trabalho “Reflexões para os tem-
do que é efêmero condiz com uma revolta pos de guerra e morte” (1915/1996) em que
contra o luto que pressupõe uma perda dolo- Freud se inclina sobre os horrores da guerra e
rosa e um processo penoso. do mal radical inerente à condição humana,
será possível questionar a passagem ao ato
Esta posição contrária ao luto pode ser en- suicida como o extremo da recusa ao efêmero
tendida como similar ao processo melancólico que evidencia um rechaço do inconsciente.
em que uma perda tem um outro percurso Segundo o autor, no inconsciente não há re-
psíquico distinto daquele da elaboração. Nes- gistro da própria morte, apenas há notícias da
te processo, como acompanharemos nos pró- morte do outro, sendo o inconsciente incapaz
ximos parágrafos, está presente a manuten- de executar o ato de matar. Em seguida, sus-
ção do que não pode ser perdido e, diante tentaremos, a partir do ensino de Jaques La-
disto, são gerados efeitos de sofrimento bas- can (1962-63/2005) que a passagem ao ato
tante peculiares ao quadro melancólico. No suicida constitui um rechaço do inconsciente,
meandro desse exame que empreenderemos pois há o triunfo do objeto a em um momento
acerca da melancolia será possível sustentar a no qual o sujeito é suprimido identificando-se
proposta de que esta conceituação balizada com este irredutível ao significante que se
em dois pontos da obra freudiana, os primei- precipita fora da cena.
ros escritos e os trabalhos da metapsicologia,
promove uma compreensão a respeito do sui-
cídio. Assim, defenderemos que a conceitua- O processo melancólico nos primeiros
ção de melancolia, distinta daquilo que se escritos freudianos
apregoa à transitoriedade, promove uma cha-
ve para a compreensão do suicídio a partir de Em ocasião de seus primeiros estudos acerca
recursos próprios ao arcabouço psicanalítico. das neuroses, Freud delineia um procedimen-
to no qual representações mnêmicas de cunho
A ideia de uma manutenção do objeto pela sexual são o instrumento fundamental para
via identificatória como processo fundamental uma clínica. É nas neuroses que o psicanalista
na melancolia nos permite uma articulação a se apoia para apontar um mecanismo revela-

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dor da etiologia baseada em fatores sexuais e com a melancolia, a qual se fundamenta na


nos destinos destes derivados a partir do re- anestesia.
calque. Essa etiologia é utilizada “com o ob-
Esta diferenciação entre depressão e melan-
jetivo de caracterizar as neuroses e de fazer
colia lança um outro paralelo entre esta e a
uma distinção nítida entre os quadros clínicos
angústia. Recorremos aqui aos primeiros es-
das várias neuroses” (Freud, 1893-95/1996, p.
critos freudianos referentes à angústia apenas
273). Assim, a nosologia é campo de interesse
com o objetivo de salientar brevemente o
ao ter vislumbrada uma causalidade outra que
processo melancólico. O “Rascunho E”
não a dos conhecimentos médicos. O reco-
(1894/1996) sobre a origem da angústia, evi-
nhecimento de uma divisão da consciência
dência esse paralelo ao retratar a angústia
aponta para uma outra cena em que o incons-
como resultado da “transformação a partir da
ciente é central e leva Freud a propor um
tensão sexual [física] acumulada” (p. 237).
“grupo psíquico” (Freud, 1893-95/1996, p.
Esse acúmulo é decorrente da ausência de
279) que tem como destino na histeria, por
descarga dessa tensão pertencente à esfera
exemplo, ser expelido e recalcado, não ani-
física. Freud descreve uma “tensão endóge-
quilado. Na histeria, o grupo psíquico é sepa-
na” (p. 237) que tem como fonte o corpo e
rado do eu e dirigido para o inconsciente fun-
alcança satisfação a partir de reações do sis-
dando, desde então, uma área na qual se reu-
tema. Há um limiar para essa energia física e
nirá tudo aquilo que com o eu for incompatí-
é “acima desse limiar que a tensão passa a
vel. Este é o campo no qual Freud se lança
ter significação psíquica, que entra em conta-
em sua pesquisa e fundamenta a proposta de
to com determinados grupos de ideias” (p.
associação entre representações. A associação
238).
livre encaminha o acesso a esse grupo de
ideias organizado em cadeia com elos entre Na angústia há uma inexistência de uma liga-
representações. Quanto a esse grupo de idei- ção ao grupo e isto possibilita que Freud sub-
as, objetivamos apontar sua presença no que linhe uma similaridade com o processo me-
é descrito como mecanismo melancólico du- lancólico. Segundo afirma no “Rascunho E”
rante os primeiros escritos de Freud. Indica- (1894/1996), o mecanismo melancólico se ba-
remos que o processo melancólico, diferen- seia na anestesia instalada na esfera psíquica.
temente do luto, tem como base uma perda Freud refere-se à existência de “um grande
que não pôde ser representada. anseio pelo amor em sua forma psíquica”
(1894/1996, p. 237) como característica do
Propomos que os primeiros escritos de Freud
quadro melancólico. Tomando a expressão de
sobre o tema permitem uma articulação entre
anseio como significativa de aspirar por algo
o processo melancólico e o campo da lingua-
não acessível, compreende-se que a ligação
gem. A melancolia é apresentada nesses pri-
ao grupo psíquico não se realiza também na
meiros escritos de Freud articulada à aneste-
melancolia. Freud propõe (1894/1996, p. 237)
sia sexual psíquica. Esta articulação permite
existir na melancolia um acúmulo da tensão
diferenciar a melancolia do estado de depres-
sexual psíquica que permanece insatisfeita
são periódica, característica das neuroses.
pois, não há ligação ao grupo psíquico. Uma
Freud (1892-93/1996) afirma que nas neuro-
perda arrigada ao processo melancólico co-
ses “temos de supor a presença primária de
meça a se colocar na reflexão do autor.
uma tendência à depressão e à diminuição da
autoconfiança” (p. 163). Em seguida, em seu Há um acúmulo no processo melancólico que
“Rascunho B” (1893/1996) acerca da etiologia se estabelece mediante o anseio pelo amor no
das neuroses, o autor destaca que a depres- âmbito das representações. E, no “Rascunho
são periódica possui contraste com a melan- G” (1895/1996), a anestesia é posicionada
colia por não apresentar “anestesia [sexual] como pilar do mecanismo melancólico ao lado
psíquica, que é característica da melancolia” do anseio por aquilo que é ausente. A partir
(p. 228). Dessa maneira, a anestesia sexual desse anseio acumula-se a tensão na esfera
psíquica enquanto essencial na melancolia é psíquica, em contrapartida à angústia na qual
um demarcador entre esta e a depressão neu- o acúmulo é da ordem da esfera física. Freud
rótica. Assim, Freud estabelece uma vincula- especifica que “na melancolia, deve tratar-se
ção entre o estado de depressão periódica e a de uma perda — uma perda na vida pulsional”
neurose de angústia definindo um contraste (1895/1996, p. 247), uma perda que se cons-
titui em forma de “luto por perda da libido”

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(p. 247). A perda melancólica remete ao do arcabouço conceitual de sua metapsicolo-


campo do que Freud define como energia físi- gia, é que o processo melancólico é como
ca e se endereça ao grupo psíquico que deixa- uma ferida dolorosa que se sustenta em uma
rá de ser investido. perda de natureza ideal desde a qual não se
pôde extinguir o amor e o ódio àquilo que fo-
Quando pela anestesia é cessada a energia
ra perdido. Assim, o refúgio do amor na iden-
somática, não há investimento ao grupo psí-
tificação narcísica com o objeto é seguido pe-
quico. Assim, se processa uma perda de inves-
lo ódio, antes dirigido ao objeto, gerando a
timento da energia física que tem como resul-
autotortura sádica do eu melancólico. Este
tado a perda e a ausência de investimento do
processo de degradação sádica indica uma
grupo psíquico. Ao se interrogar acerca dos
disposição patológica na melancolia que a di-
efeitos desse mecanismo melancólico, Freud
ferencia do luto. Pode-se afirmar, desde o re-
elenca a “inibição psíquica, com empobreci-
corte que realizamos a partir dos primeiros
mento pulsional e o respectivo sofrimento”
escritos de Freud, que a perda melancólica
(p. 252) como derivados da perda energética
não se liga a uma representação visto ter em
com a qual se defronta o grupo psíquico. Des-
sua base a anestesia que impede o acesso a
de esta perda, há uma retração na esfera psí-
esta. Doravante, este processo é compreendi-
quica, um esmaecimento que causa o empo-
do em conformidade com a pulsionalidade e
brecimento e consequente sofrimento.
com a ambivalência da relação objetal.
Freud metaforicamente nomeia a retração na
A perda na melancolia, diferentemente do lu-
esfera psíquica como “ferida” (p. 252) que
to, é problemática para o eu que se identifica
tem como efeito uma “hemorragia interna”
ao objeto perdido com o intuito de resguardar
(p. 252) caracterizada pelo escoamento das
o amor antes a este dirigido e, desde então,
representações. A hemorragia tem como res-
passa a ser alvo do ódio que ali também fora
paldo a anestesia sexual psíquica. A partir do
investido. Este ataque do eu a si próprio é
empobrecimento que impede o acesso da
uma chave para a compreensão de Freud so-
energia física ao limite da representação do
bre o suicídio pois, segundo o autor, “o ego só
grupo psíquico, há uma drenagem que ocorre
pode se matar se, devido ao retorno da cate-
como efeito na esfera psíquica. Esse funcio-
xia objetal, puder tratar a si mesmo como um
namento hidráulico gera uma mecânica já
objeto — se for capaz de dirigir contra si
que, quanto mais se esvai a excitação física,
mesmo a hostilidade relacionada a um obje-
mais aflui a excitação psíquica.
to” (1917[1915]/1996, p. 257). Esta chave pa-
Portanto, há uma marca irreparável no cerne ra uma compreensão de Freud sobre o suicídio
desse processo tornando impossível o acesso à tem a melancolia como um exponencial que,
representação do objeto. Diante disto nos é de forma paradigmática, revela o eu como
permitido assinalar que a melancolia compor- causador de seu próprio suplício na medida
ta em seu mecanismo, de acordo com as co- em que se identifica a algo que, como apon-
ordenadas dos primeiros escritos de Freud, taremos, possui contornos imprecisos.
uma ausência de representação que opera de
Antes de avançar sobre estas considerações
maneira singular nos meandros da relação
sobre a melancolia e o suicídio, cabe aqui um
com o objeto. A seguir, acompanharemos co-
breve comentário sobre a distinção e a apro-
mo esta problemática será pormenorizada nos
ximação entre esta e o luto. Freud é preciso
trabalhos posteriores de Freud sobre a metap-
ao definir o luto como uma “reação à perda
sicologia.
de uma pessoa amada, ou à perda de abstra-
ções colocadas em seu lugar” (Freud,
A perda melancólica: da sombra à pura 1917[1915]/1996, p. 103). Em acordo com a
cultura da pulsão de morte melancolia, o luto apresenta características
psíquicas como um estado de desânimo, uma
A melancolia será novamente abordada nos suspensão do interesse pelo mundo externo,
textos freudianos alguns anos adiante em “Lu- perda da capacidade de amar e inibição para
to e melancolia” (1917[1915]/1996) e nova- a realização de tarefas. Determinando o esta-
mente virá a ser descrita como uma ferida do de ânimo do luto como doloroso, Freud se
aberta em que o eu se apresenta esvaziado refere a este como um processo em que o tes-
empobrecido. O que o autor assevera a partir te de realidade demonstra a inexistência do

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objeto amado passando assim a exigir a reti- objeto é desde sempre marcado pela perda
rada da libido e um reinvestimento distinto. A quando digno de representação na esfera psí-
reação à perda é o desencadeamento do tra- quica. Todavia, o que temos reafirmado com
balho de luto que pode acontecer de forma esta barreira ao âmbito das palavras, é que o
vagarosa. Isto torna o mundo pobre e vazio de processo melancólico se desencadeia por uma
investimento libidinal, diferentemente da na via distinta: uma vez que não é marcado o li-
melancolia em que é o eu que se torna empo- miar representativo, a perda sequer chega a
brecido. ser representada como tal. Tanto no “Rascu-
nho G” (1895/1996) quanto em “Luto e me-
Freud afirma que a melancolia é similar ao lu-
lancolia” (1917[1915]/1996), indica-se o des-
to, é também uma reação à perda do objeto
membramento doloroso desencadeado pela
amado. À melancolia se acrescenta uma con-
ausência de uma representação que permitis-
dição ausente no luto: “a perda do objeto de
se o acesso ao objeto como perdido. Desde
amor mostra-se como uma ocasião muito ex-
então, impera o vazio de representação que
cepcional para que a ambivalência que havia
recai como uma sombra sobre o eu melancóli-
nas relações amorosas agora se manifeste e
co.
passe a vigorar” (Freud, 1917[1915]/1996, p.
110). A ambivalência tem um destino na me- Pela anestesia que torna inacessível a repre-
lancolia que se perfaz pela desfusão que gera sentação e pela fraca aderência ao objeto
o ataque do eu a si próprio. Este mecanismo pode-se compreender que não há elaboração
tão salutar na melancolia é peculiar para os na perda melancólica. É possível também in-
desdobramentos teóricos que Freud dará ao terrogar qual o estatuto disto e se há perda
tema do suicídio. Porém, é preciso ainda ob- de algo que é irrepresentável. A oposição ao
servar alguns detalhes sobre este processo as- luto, processo em que a perda é passível de
severados em 1915. representação, torna evidente que este obje-
to melancólico deve ser resguardado pois o
A fraca aderência à representação do objeto
amor a ele não pode ser pedido. Este amor
que vigora na melancolia é similar ao que se
que retorna ao eu por via identificatória é
apregoava nos primeiros escritos freudianos
narcísico e não é conivente com a efemerida-
como a impossibilidade de atingir o grupo de
de. Sua contrariedade à transitoriedade é o
ideias. Como já indicamos, é isto que subsidia
que suporta a sombra que passa a imperar
o vazamento na esfera psíquica e o que faz
causando efeitos catastróficos sobre o eu.
com que a perda não possa ser representada.
A consideração de que, neste ponto do pro- Munidos deste percurso acerca da conceitua-
cesso melancólico, nada mais há senão a falta ção freudiana de melancolia, assinalamos que
é equivalente ao esvaziamento da esfera psí- uma concepção sobre o suicídio é possível
quica. Frente a esta drenagem representacio- desde a proposta de que o eu pode atacar a si
nal o eu se torna empobrecido e indigno em próprio quando identificado com um outro ob-
um mecanismo que é alimentado pela própria jeto. Esta proposta freudiana de que o eu
destruição. Portanto, é por esta identificação consente com a própria destruição, sob a
que “a sombra do objeto caiu sobre o eu” sombra do objeto, é compatível com o que o
(Freud, 1917[1915]/1996, p. 254) e, dessa autor afirma, em seu “Reflexões para os tem-
forma, o eu pode causar toda a sua própria pos de guerra e morte” (1915/1996), sobre
tortura, como se fosse o objeto digno de ódio. “no inconsciente cada um de nós está con-
vencido de sua própria imortalidade” (p.
É importante salientar que a identificação é
299). Logo, diante da interrogação sobre co-
com a sombra do objeto e não com um traço
mo pode o eu consentir com a própria morte,
ou representação deste. A perda do objeto
como resposta é possível propor que, identifi-
pela impossibilidade de catexização acontece
cado a um objeto, este caminho destrutivo
fora do âmbito das palavras, de acordo com
encontra maior facilidade para se consumar
Freud (1917[1915]/1996, p. 261), sendo bar-
uma vez que a imortalidade do objeto não é
rado o caminho da elaboração representacio-
um preceito.
nal. Como indicamos no tópico anterior, há
um limiar a partir do qual a tensão física, as- A respeito da morte, Freud (1915/1996) asse-
cendendo à esfera psíquica, teria significa- vera que “nosso inconsciente não executa o
ção. Atingido o grupo psíquico, dá-se o pro- ato de matar; ele simplesmente o pensa e o
cesso representativo e a perda do objeto. O deseja” (p. 307). Esta afirmação é cabal para

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nossa reflexão acerca do suicídio a partir da elaborável e transitório. Seguiremos com esta
melancolia. A partir dela é possível destacar proposição sabendo que isto que a conceitua-
que a execução do ato de matar não pertence ção freudiana de melancolia viabiliza a res-
ao esteio representacional do inconsciente. peito do suicídio pode ser examinado no ensi-
Isto se aplica ao suicídio que, de acordo com no de Lacan, de 1962-63, a respeito da passa-
o paradigma melancólico, acontece a partir gem ao ato.
da identificação ao objeto. A morte apenas
pode ser desejada e pensada, mas sua execu-
ção em forma de ato é um contraponto ao in- O suicídio e a conceituação lacaniana de
consciente. Dessa maneira, questionamos se o passagem ao ato
paradigma melancólico, segundo o qual o eu Ocupamo-nos do processo melancólico de ma-
se destrói sob a regência de uma sombra, de neira pormenorizada nos tópicos anteriores
um irrepresentável, é congruente ao enten- em razão de que sua conceituação, a partir
dimento de que o ato de se matar é um re- dos primeiros escritos e da metapsicologia
chaço do inconsciente. freudiana, permite compreender que o suicí-
Antes de avançar sobre os desenvolvimentos dio tem a melancolia como paradigma na me-
dessa questão, é preciso atentar a um detalhe dida em que o eu apenas consente com sua
referente à pulsão de morte nas considera- própria destruição quando identificado a um
ções de Freud sobre a melancolia. Será em “O objeto. Este objeto, como procuramos frisar,
ego e o id” (1923/1996) que Freud retomará possui um caráter de não representatividade,
melancolia e suicídio em uma articulação de uma sombra que escapa aos aspectos sim-
que, desta vez, acontece sob o crivo da pul- bólicos e que recai de forma danosa sobre o
são de morte. Esta retomada tem o supereu eu.
como protagonista que age de maneira cruel Embora Freud não siga adiante com uma teo-
e truculenta sobre o eu. É assim que a divisão rização a respeito do suicídio, seus aponta-
entre amor e ódio que Freud mentos não deixam de ser fundamentais e in-
(1917[1915]/1996) indicou na melancolia tem dispensáveis para uma discussão sobre o te-
agora no supereu um agente que assume o sa- ma. Um exemplo desta relevância está no ca-
dismo que sobrepuja o eu. Perante esse impe- so discutido em “Psicogênese de um caso de
rativo o eu se submete ao castigo e a não ob- homossexualismo numa mulher” (1920/1996)
jeção se respalda na identificação ao objeto, em que o autor faz discussões clínicas de im-
que desde então será recriminado e tortura- portância atual e também nos oferece algu-
do. mas considerações sobre a tentativa de suicí-
Essa instância tirânica que contém o sadismo dio cometida pela Jovem Homossexual. Para
dirigido ao eu é representante da pulsão de os objetivos de nosso trabalho não é necessá-
morte. Por meio de um processo de desfusão rio que nos atenhamos à riqueza com a qual o
pulsional o supereu tem tal função atribuída leitor do caso pode se deparar. Basta nos
que, na melancolia, se evidencia pela cruel- atermos ao que o autor empreende como uma
dade separada do componente erótico. Essa “análise da tentativa de suicídio” (p. 173),
expressão avassaladora do supereu leva Freud tentativa que não deixou de ser percebida
(1923/1996) a retomar a articulação entre como seriamente intencionada e impactante
melancolia e suicídio ao propor que este ex- para os familiares da jovem.
cesso pulsional gera uma “cultura pura do ins- A jovem em questão é levada até Freud pelos
tinto de morte” (p. 66). Assim, a ruína do eu pais que pertencem a uma família de posição
primeiramente identificada como uma hemor- social privilegiada naquela sociedade. A razão
ragia dolorosa por um buraco na esfera psí- da preocupação dos familiares estava na de-
quica, depois como o esvaziamento dos repre- voção da jovem a uma dama da má reputa-
sentantes e, por último, como uma cultura ção. Os galanteios e a servitude da jovem a
pura de pulsão de morte, tem nestes três esta mulher mais velha passaram a ser públi-
enunciados o caráter de sofrimento arrebata- cos e, em certa ocasião, isto que não era es-
dor em que o âmbito representacional se au- condido do pai é a ele mostrado de maneira
senta diante de um excesso silenciador. A espetacular. A tentativa de suicídio decorre
predominância deste vazio sombrio advém em desta situação em que o pai se depara com
oposição ao âmbito do que é representável, ambas juntas na rua e seu olhar não prenun-

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cia boa coisa. Em seguida, ao saber que o pai uma sobra. É identificada a um rebotalho que
havia impedido aqueles encontros, a dama a tentativa de suicídio da jovem se deflagra.
põe termo ao que se estabelecia entre elas
Isto que Freud (1920/1996) indica no deixar-
até aquele momento. O olhar enfurecido do
se cair da paciente será retomado por Lacan
pai e o afastamento exigido pela dama são
em seu ensino de 1962-63. Esta retomada
eventos que antecedem a tentativa de suicí-
empreendida pelo psicanalista francês, neste
dio da jovem que, após a ruptura do relacio-
período especifico, será pontual no que diz
namento, corre e se ativa pelo vão de uma
respeito à conceituação de passagem ao ato.
ponte férrea.
Entendemos que esta conceituação autentica
A tentativa de suicídio da Jovem Homossexual o que temos assinalado a respeito da melan-
não é diretamente atribuída por Freud aos colia como paradigmática para o suicídio na
eventos antecessores, sua análise remete ao medida em que a passagem ao ato tem em
inconsciente. Freud retira a causalidade da seu cerne a presença fulgurante do objeto a.
tentativa de suicídio dos eventos antecessores Este objeto peculiar no ensino de Lacan é o
e aponta o inconsciente como continente dos que resta da divisão do sujeito do campo do
operadores do ato. Seu exame do caso é for- Outro e é sublinhado como aquilo que é irre-
temente edípico e tem uma centralidade na dutível ao significante e também como o que
figura paterna. Assim, sobre o desencadea- escapa aos parâmetros do imaginário. Este
mento do ato suicida o autor afirma: objeto é alinhado por Lacan àquilo que não
A tentativa de suicídio, como se podia esperar,
engana, ao que não é da ordem do significan-
foi determinada por dois outros motivos, além do te e da cena constituída pelo Outro. O objeto
que ela forneceu: a realização de uma punição a é real e tem, nos anos de 1962-63, uma
(autopunição) e a realização de um desejo. Esse abordagem clínica orientada sob o crivo do
último significava a consecução do próprio desejo
que, quando frustrado, a impelira ao homosse-
afeto da angústia.
xualismo: o desejo de ter um filho do pai, pois
O objeto a ganha corpo através da angústia na
agora ela ‘caíra’ por culpa do pai (Freud,
1920/1996, p. 173). proporção em que esta emerge a partir do
ceifar do significante. A angústia substanciali-
Freud reúne dois fatores que convergem no za esse objeto que remete à dimensão do real
ato suicida: a realização de uma autopunição e que tem sua constituição distinta daquilo
que pode ser alinhada ao que propomos como que é da ordem da especularização e do signi-
um paradigma melancólico; e um segundo fa- ficante. A angústia é assim um afeto que não
tor que indica o ato como engrenagem para a engana por diferenciar-se do significante de-
uma realização de desejo que, nos termos rivado da divisão do sujeito no campo do Ou-
freudianos, permite articular o suicídio com a tro. Este objeto que mantém com a angústia
pulsão de morte. Assim, em seu cair a Jovem uma relação de funcionalidade tem uma loca-
Homossexual realiza um desejo na medida em lização distinta da objetividade e é central na
que se identifica com algo que não tem con- conceituação de passagem ao ato. Sobre esta
tornos simbólicos. centralidade, é importante destacar que La-
O cair da jovem é nomeado por Freud can (1962-63/2005) propõe, ao retomar o ca-
(1920/1996) como niederkommen1 que, em so da Jovem Homossexual, como condições
alemão, designa tanto deixar-se cair quanto essenciais para a passagem ao ato o seguinte:
parir, dar à luz. Este termo é fundamental pa- A primeira [condição] é a identificação absoluta
ra o que se segue em nosso percurso pois é no do sujeito com o a ao qual ele se reduz. É justa-
deixar-se cair da paciente de Freud que con- mente o que sucede com a moça no momento do
encontro. A segunda é o confronto do desejo com
vergem os dois fatores inconscientes envolvi- a lei. Aqui, trata-se do confronto do desejo do
dos no desencadeamento do ato. Assim, a pai, sobre o qual se constrói toda a conduta dela,
proibição estabelecida pelo pai é sancionada com a lei que se faz presente no olhar do pai. É
pela dama quando rompe o relacionamento através disso que ela se sente definitivamente
identificada com o a e, ao mesmo tempo, rejei-
entre ambas e este cruzamento é o que ante- tada, afastada, fora da cena. E isso, somente, o
cede o movimento em que a jovem cai como abandonar-se, o deixar-se cair, pode realizar (La-
can, 1962-63, p. 125)

A saída de cena coincide com o deixar-se cair,


1
“Nie’der adj. baixo; inferior; adv. para baixo, --- !,
abaixo!, morra!” (Tochtrop, 1968, p. 379);
o niederkommen, da Jovem Homossexual logo
“Nie’derkommen vi. dar à luz” (Tochtrop, 1968, p. 379) após ao encerramento trágico da teatraliza-

Quaderns de Psicologia | 2018, Vol. 20, No 3, 245-254


252 Brunhari, Marcos Vinicius

ção apresentada aos olhos do pai. O desfecho timento no grupo psíquico acarretada pela
que se firma no olhar do pai tem na recusa da anestesia promulga um vazamento doloroso
dama um fator desencadeador para a identifi- das representações pertencentes à esfera psí-
cação com esse resto. É como um resto que a quica. O reconhecimento de uma anestesia
jovem se identifica de forma absoluta no como base do processo melancólico remete a
momento da passagem ao ato. Portanto, nes- um limiar a partir do qual se estabelece a en-
te momento é que impera esse objeto des- trada na esfera psíquica. Assim, na melanco-
provido de significantes e de aparato imaginá- lia se firma uma ausência de significação co-
rio. Isto equivale ao que apontávamos a res- mo marca irreparável que caracteriza a perda
peito da melancolia como paradigma, do es- melancólica de forma específica: como im-
vaziamento representacional e da sombra que possível de elaboração. A partir de “Luto e
eclipsa o eu em um processo de destruição. melancolia” (1917[1915]/1996) são delineadas
Itens estes que podem ser reunidos na susten- peças-chave na conceituação de melancolia
tação de uma “teoria freudiana do suicídio” como, por exemplo, a proposta de uma dispo-
(Brunhari, 2015). sição patológica diferenciadora do luto, a in-
dicação de uma perda mais ideal e o abando-
A identificação absoluta ao objeto a como
no da representação pela fraca aderência ao
condição essencial para a passagem ao ato
objeto. Tomar o “Rascunho G” (1895/1996) e
sintetiza o que buscamos descrever anterior-
“Luto e melancolia” (1917[1915]/1996) como
mente como uma chave que a melancolia ofe-
eixos para a discussão sobre a melancolia
recia a Freud a respeito do suicídio. Sobre o
permite indicar a existência de um ponto em
império dessa sombra vazia de representação
que se evidencia o vazio representacional que
no instante da identificação ao objeto a, Pa-
se dispõe sobre o eu ocasionando efeitos ca-
blo Muñoz (2009) afirma que “a passagem ao
tastróficos.
ato suicida realiza o rechaço do sujeito igno-
rando-se da cena. O sujeito cai reduzido ao Buscamos sublinhar que a conceituação de
que é mais fundamentalmente como objeto, o melancolia oferece a Freud um respaldo para
real do objeto se encarna” (p. 141). O mo- que algumas asserções sobre o suicídio sejam
mento da passagem ao ato edifica um triunfo traçadas. Não reduzindo a problemática do
do objeto e coincide com a supressão do su- suicídio a um determinado quadro da nosogra-
jeito para fora da cena constituída pelo Ou- fia, apenas assinalamos que a melancolia evi-
tro. dência uma escassez simbólica que pode ar-
rastar o eu à autodestruição. Sobre esta es-
A respeito da melancolia como exponencial
cassez, partimos de sua contrariedade ao que
para a passagem ao ato suicida, Lacan (1962-
é do âmbito da transitoriedade, ou seja, a re-
63/2005) indica, em referência ao triunfo do
cusa ao que possui duração determinada é o
objeto a no momento da passagem ao ato,
que sustenta, na metapsicologia freudiana, a
que “não é à toa que o sujeito melancólico
identificação ao objeto que causará a derro-
tem tamanha propensão, e sempre realizada
cada melancólica.
com rapidez fulgurante, desconcertante, a se
atirar pela janela” (p. 124). A defenestração A partir do paradigma melancólico propõe-se
marca a limitação desde onde se precipita o que, sob o império da sombra do objeto, o eu
rebotalho em uma relação de rechaço com o pode consentir com a própria destruição. Esta
significante. Isto que na obra de Freud pode compreensão de que um irrepresentável ope-
ser delineado a partir da melancolia e da ra como protagonista no momento do ato sui-
sombra de um objeto perdido de maneira es- cida é coerente com a impossibilidade desta-
pecífica tem como passível de articulação, no cada por Freud (1915/1996) de que o incons-
ensino de Lacan, o instante da passagem ao ciente possa executar um ato de morte. Pro-
ato. Este momento em que triunfa o real po- pusemos, então, que uma compreensão sobre
de ser alinhado a uma posição de rechaço do o suicídio é viável a partir de uma congruên-
inconsciente. cia entre o rechaço do inconsciente e a som-
bra irrepresentável que engendra efeitos
avassaladores sobre o eu. Sobre esta con-
Considerações finais gruência, foi a partir do caso da Jovem Ho-
De acordo com os primeiros escritos freudia- mossexual que se destacou que a queda acon-
nos sobre a melancolia, a ausência de inves- tece no momento em que há redução a um

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Melancolia e (im)permanência: fundamentos para uma teoria freudiana do suicídio 253

rebotalho. Desde o ensino de Lacan (1962- das obras psicológicas completas de Sigmund
63/2005) buscamos circunscrever este mo- Freud, Vol. 1). Rio de Janeiro: Imago.
mento peculiar à identificação absoluta do su- Freud, Sigmund (1895/1996). Rascunho G. Melan-
jeito ao objeto a. Esta identificação com o ir- colia. (Edição Standard Brasileira das obras psi-
redutível ao significante é condição essencial cológicas completas de Sigmund Freud, Vol. 1).
na passagem ao ato e indica que, no instante Rio de Janeiro: Imago.
da passagem ao ato suicida, o objeto a triun- Freud, Sigmund (1915/1996). Reflexões para os
fa. Desse modo, com base no contraponto ao tempos de guerra e morte. (Edição Standard Bra-
que se apregoa em torno da noção freudiana sileira das obras psicológicas completas de Sig-
de transitoriedade em que a perda não desva- mund Freud, Vol. 14). Rio de Janeiro: Imago.
loriza o objeto é que se torna possível alinhar
Freud, Sigmund (1916[1915]/1996). Sobre a transi-
o paradigma melancólico, o império da som- toriedade. (Edição Standard Brasileira das obras
bra e a recusa à efemeridade como este ins- psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol.
tante de supremacia do objeto a crucial na 14). Rio de Janeiro: Imago.
passagem ao ato.
Freud, Sigmund (1917[1915]/1996). Luto e melan-
colia. (Edição Standard Brasileira das obras psi-
Referências cológicas completas de Sigmund Freud, Vol. 14).
Rio de Janeiro: Imago.
Brunhari, Marcos Vinicius (2015). O ato suicida e
sua falha. Tese de doutorado, Universidade de Freud, Sigmund (1920/1996). A psicogênese de um
São Paulo, São Paulo. caso de homossexualismo numa mulher. (Edição
Standard Brasileira das obras psicológicas com-
Freud, Sigmund (1892-93/1996). Um caso de cura pletas de Sigmund Freud, Vol. 18). Rio de Janei-
pelo hipnotismo. (Edição Standard Brasileira das ro: Imago.
obras psicológicas completas de Sigmund Freud,
Vol. 1). Rio de Janeiro: Imago. Freud, Sigmund (1923/1996). O Ego e o Id. (Edição
Standard Brasileira das obras psicológicas com-
Freud, Sigmund (1893/1996). Rascunho B. A etiolo- pletas de Sigmund Freud, Vol. 19). Rio de Janei-
gia das neuroses. (Edição Standard Brasileira das ro: Imago.
obras psicológicas completas de Sigmund Freud,
Vol. 1). Rio de Janeiro: Imago. Lacan, Jacques (1962-63/2005). Seminário, livro
10 – a angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Freud, Sigmund (1893-1895/1996). A psicoterapia
da histeria. (Edição Standard Brasileira das obras Muñoz, Pablo D. (2009). La invención lacaniana del
psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. pasaje al acto: de la psiquiatría al psicoanálisis.
2). Rio de Janeiro: Imago. Buenos Aires: Manantial.

Freud, Sigmund (1894/1996). Rascunho E. Como se Tochtrop, Leonardo (1968). Dicionário Alemão –
origina a angústia. (Edição Standard Brasileira Português. 5ª. Edição. Porto Alegre: Editora Glo-
bo.

MARCOS VINICIUS BRUNHARI


Psicanalista. Doutor em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Universi-
dade de São Paulo.

DIRECCIÓN DE CONTACTO
mvbrunhari@gmail.com

Quaderns de Psicologia | 2018, Vol. 20, No 3, 245-254


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FORMATO DE CITACIÓN
Brunhari, Marcos Vinicius (2018).Melancolia e (im)permanência: fundamentos para uma teoria freudia-
na do suicídio. Quaderns de Psicologia, 20(3), 245-254.
http://dx.doi.org/10.5565/rev/qpsicologia.1462

HISTORIA EDITORIAL
Recibido: 11/06/2018
1ª Revisión: 27/07/2018
Aceptado: 31/07/2018

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