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A Educação Física, que tem como área de interesse o corpo humano, deve recuperar e

dominar os significados e os conceitos do que vem a ser esquema corporal, imagem corporal,
consciência corporal e corporeidade. Deve-se contextualizar a evolução histórica dessas noções para
conseguirmos entender melhor o processo.

Evolução Histórica
A ideia da percepção do corpo surgiu no séc. XVI, na França, e foi o primeiro a descrever o
“membro-fantasma”, ou seja, uma alucinação em que um membro amputado é percebido como ainda
presente.
Freud = corpo (ego e id). O ego é a instância psíquica que se diferencia do id que é o centro dos
impulsos. Bonnier em 1905, foi o primeiro a utilizar esquema do corpo, concebendo a soma de todas
as sensações do corpo, vindas de fora ou de dentro. Em 1908, Arnold Pick referiu-se a uma imagem
mental do corpo, a qual seria formada através de estímulos visuais, de sensações táteis e de
movimento. Assim toda imagem torna-se o resultado dinâmico da percepção associada à concepção
e essa interação percepto-conceito está presente na imagem corporal.

Discussão de conceitos
Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação ao seu próprio corpo.
Esquema Corporal: imagem esquemática do próprio corpo, que só se constrói a partir da
experiência do espaço, do tempo e do movimento.
Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização do movimento
e dos inter-relacionamentos das partes corporais e do todo.
Ao longo da história o corpo foi renegado, rebaixado, na construção de um homem abstrato,
feito de ideias, sentimentos e valores. Na antiguidade não é só diminuído ante a mente que formula
ideias, mas ainda mais ante sua práxis.

A corporeidade
Permaneceu no séc. XX, sendo o palco expressivo das ideologias, preocupa-se em perder a
barriga, aumentar o bíceps..., como se as partes do corpo estivessem fora de nós. O homem é seu
corpo e, quando age no mundo, age como uma unidade. Esse corpo expressivo não é uma simples
coleção de órgãos, não é uma representação na consciência, ele é uma permanência que eu vivencio.
O corpo humano, como corporeidade, que se constrói no emaranhado das relações sócio-históricas e
que traz em si a marca da individualidade, não termina nos limites que anatomia e a fisiologia lhe
impõem. Portanto, a corporeidade é a inserção de um corpo humano em um mundo significativo, a
relação dialética do corpo consigo mesmo, com os outros corpos e com objetos do seu mundo.

A consciência do corpo
A consciência do corpo é definida como a maneira pela qual a atenção sobre o corpo é
distribuída e, as pessoas diferem no quanto elas estão conscientes de seus corpos. A consciência do
corpo está enraizada na sua história, o corpo continua sendo manipulado pelo modo de produção
capitalista, os corpos feios, gordos, deficientes são marginalizados, não vendem não dão lucro.
Castellani (1988) conceitua consciência cultural do homem como sendo a sua compreensão a
respeito dos signos tatuados em seu corpo pelos aspectos socioculturais de momentos históricos
determinados. Ao longo da história a consciência deixou de ser imediata e passou a distinguir seus
conteúdos dos eventos do mundo externo. O nascimento do homem se deu no momento da tomada
da consciência da separação entre o sujeito e o objeto. Corpo e alma não podem ser absolutamente
distintos. A dualidade que o cartesianismo estabeleceu, só pode ser observada na doença, nas
enfermidades em que ocorre alteração da imagem corporal, o corpo, então perde, o significado e as
idéias e não pode mais expressar-se por meio dele. O corpo sem significado deixa de ser um corpo
humano e volta a constituir um organismo físico-químico
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

Tem havido e continua a haver uma controvérsa considerável sobre como referenciar os doentes com
dificuldade de aprendizagem. Deficiência mental e atraso mental são termos considerados politicamente
incorrectos, e dificuldade de aprendizagem pode ser confundida com situações de QI normal, mas com
dificuldades específicas na matemática, leitura etc.
Uma definição largamente aceita é:
Dificuldade de aprendizagem (atraso mental) refere-se a:
- capacidade intelectual significativamente abaixo da média com um QI de 74 ou inferior;
- limitação em duas ou mais das seguintes áreas: comunicação, actividades da vida diária (higiene
alimentação), relação familiar, aptidões sociais, utilização de recursos da comunidade, aptidões
académicas, saúde e segurança, tempos livres e trabalho;
- manifestações antes dos 18 anos. Os indivíduos com dificuldade de aprendizagem grave (deficiência
mental/ atraso mental grave ou profundo) apresentam também:
- QI inferior a 50 nos testes de inteligência standard;
- sinais claros de dificuldade significativa na aquisição de comportamentos de adaptação desde muito
cedo, necessitando de muito mais apoio relativamente aos seus pares para participar com sucesso em
actividades da vida diária;
- habitualmente mostram alguma evidência de lesão do sistema nervoso central;
- com frequência têm deficiências físicas ou motoras.
Para classificar a definição, os seguintes casos não estão incluídos na definição aceite de
dificuldade de aprendizagem:
- casos em que a dificuldade se manifesta depois dos 18 anos;
- casos de lesão cerebral devido a acidente depois dos 18 anos;
- casos de doenças médicas complicadas que afetam as capacidades intelectuais e que têm início após os
18 anos – por exemplo a coreia de Huntington ou a doença de Alzheimer;
- casos com dificuldades específicas de aprendizagem – por exemplo dislexia, atraso no desenvolvimento
da linguagem e casos de dificuldade em ler e escrever
As deficiências psicológicas de um doente não são os únicos fatores determinantes do grau de
apoio social necessário para ser bem sucedido no seu ambiente específico. O caráter, a personalidade e a
causa da deficiência são fatores muito importantes. Em geral, aqueles com deficiência profunda
necessitam de vigilância 24 horas por dia, os que apresentam deficiência ligeira a moderada podem
conseguir realizar algumas actividades da vida diária, mas em ambos os grupos o caracter, o
comportamento e a personalidade têm um peso significativo.

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