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LITERATURA

BRASILEIRA
BREVES APONTAMENTOS – Barroco e Arcadismo
Considerações Iniciais

• O que é Literatura?
• Literatura transplantada?
• Colonização e Catequese
• Ciclos Econômicos
• Rupturas e retomadas
• Identidade (Local e Universal)
BARROCO

O Barroco é um estilo que dominou a arquitetura, a pintura, a literatura e a música na Europa do


século XVII.
Por isso, toda a cultura desse período, incluindo costumes, valores e relações sociais, é chamada
de "barroca".
Essa época surgiu no final do Renascimento e manifestava-se através de grande ostentação e
extravagância entre os grupos beneficiados pelas riquezas da colonização.
O Barroco no Brasil foi introduzido por intermédio dos jesuítas, no fim do século XVI. Só partir do
século XVII, generaliza-se nos grandes centros de produção açucareira, especialmente na Bahia,
através das igrejas.
Passada a fase do Barroco baiano, suntuoso e pesado, o estilo atingiu no século XVIII a província
de Minas Gerais. Foi ali que Aleijadinho (1738-1814) elaborou uma arte profundamente local.
Nessa época, não havia no Brasil condições para o desenvolvimento de uma atividade literária
propriamente dita. O que se viu foi alguns escritores se espelhando nas fontes estrangeiras,
geralmente nos portugueses e espanhóis.
BARROCO - Objetivos

O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, causou grandes reformas no Catolicismo, em


resposta à Reforma Protestante de Martinho Lutero. Assim, a autoridade da Igreja de Roma foi
vigorosamente reafirmada, depois de perder muitos fiéis.
A Companhia de Jesus, reconhecida pelo papa em 1540, passa a dominar quase que inteiramente
o ensino. Ela exerceu um papel importante na difusão do pensamento católico aprovado no
Concílio de Trento.
A Inquisição que se estabeleceu na Espanha a partir de 1480 e em Portugal a partir de 1536,
ameaçava a liberdade de pensamento. O clima era de austeridade e repressão.
Foi nesse contexto que se desenvolveu o movimento artístico chamado Barroco, numa arte
eclesiástica que desejava propagar a fé católica.
Em nenhuma época se produziu um número tão grande de igrejas e capelas, estátuas de santos e
monumentos sepulcrais.
Em quase todas as partes, a Igreja se associava ao Estado. Assim, a arquitetura barroca, antes só
religiosa, surge também na construção de palácios, com o objetivo de causar admiração e poder.
BARROCO – Principais Autores Brasileiros

Os principais escritores brasileiros desse período foram:

Bento Teixeira (1561-1618)


Gregório de Matos (1633-1696)
Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)
Frei Vicente de Salvador (1564-1636)
Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)
BARROCO – Características

• Arte rebuscada e exagerada;


• Valorização do detalhe;
• Dualismo e contradições;
• Obscuridade, complexidade e sensualismo;
• Barroco literário: cultismo e conceptismo.
BARROCO – Cultismo e Conceptismo

O cultismo e o conceptismo são dois estilos literários que foram muito


explorados no período do barroco. Enquanto o primeiro valoriza a forma
textual, o segundo valoriza o conteúdo.

• O cultismo significa “jogo de palavras”. Também é chamado de


Gongorismo, pois foi inspirado nos textos do poeta espanhol Luis de
Góngora (1561-1627).

• O conceptismo significa “jogo de ideias”. Também é chamado de


Quevedismo, pois foi inspirado na poesia do poeta espanhol Francisco
de Quevedo (1580-1645).
BARROCO – Cultismo e Conceptismo

CULTISMO:

Esse estilo utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular),


linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias.
Além do uso desses termos, o cultismo valoriza os detalhes e a forma
textual. É comum o uso de diversas figuras de linguagem (hipérbole,
sinestesia, antítese, paradoxo, metáfora, etc.).
CULTISMO:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,


Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,


E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância (Gregório de Matos)
BARROCO – Cultismo e Conceptismo

CONCEPTISMO:
Nessa vertente literária, a retórica aprimorada bem como a imposição de conceitos é
notória, a qual se produz através da apresentação de diversas ideias.
Sendo assim, o conceptismo é definido pelo uso de argumentos racionais, ou seja, do
pensamento lógico, valorizando sempre o conteúdo textual.
O objetivo principal dos escritores conceptistas era o de convencer o leitor além de
instruí-lo por meio de diversos argumentos.
Em relação ao cultismo, que prezava pela descrição e o exagero, o conceptismo
preferia a concisão.
Além do raciocínio lógico, duas importantes características desse estilo eram:
• Silogismo: baseado na dedução, o silogismo apresenta duas premissas que geram
uma terceira proposição lógica.
• Sofisma: baseado no argumento lógico, o sofisma gera uma ilusão de verdade. Isso
porque está associado a algo enganoso que parece real, uma vez que utiliza
argumentos verdadeiros.
CONCEPTISMO:

“(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um
estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado toda a arte e a
toda a natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito
natural. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear. (...) Não fez Deus o céu em
xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se
uma parte está branco, da outra há de estar negro (...). Basta que não havemos de ver
um sermão de duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o
seu contrário? (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são
muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e
muito claro.” (“Sermão da Sexagésima” de Padre Antônio Vieira)
BARROCO – Gregório de Matos
Um dos maiores poetas brasileiros do período do Barroco. Além de poeta, Gregório foi advogado
durante o período colonial.
É conhecido como o “Boca do Inferno”, sendo famoso por seus sonetos satíricos, donde ataca, muitas
vezes, a sociedade baiana da época.
Dono de uma personalidade rebelde, Gregório criticou diversos aspectos da sociedade, do governo e
da Igreja Católica. Por esse motivo, foi perseguido pela Inquisição e condenado ao degredo em Angola
no ano de 1694.
Suas obras reúnem pitorescos jogos de palavras, variedade de rimas, além de uma linguagem popular e
termos da língua tupi e outras línguas africanas.
A obra de Gregório de Matos permaneceu inédita até o início do século XX, quando, entre 1923 e 1933,
a Academia Brasileira de Letras (ABL) organizou e publicou seis volumes com seus poemas:
I. Poesia sacra
II. Poesia lírica
III. Poesia graciosa
IV e V. Poesia satírica
VI. Últimas
ARCADISMO
Movimento literário nascido na Europa do século XVIII. Também conhecido como neoclassicismo,
o arcadismo, no Brasil, teve como marco inicial o livro “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da
Costa, em 1768, e foi a principal tendência estética produzida no país na época, tendo seus
principais autores presentes na cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, em Minas Gerais.
No campo histórico, o arcadismo dialogou com a Inconfidência Mineira, movimento separatista
que teve vários poetas neoclássicos como líderes. A obra dos árcades brasileiros pode ser
dividida em “poemas líricos”, “obras satíricas” e “literatura épica”. Os principais autores árcades
são Tomás Antônio Gonzaga, autor do clássico “Marília de Dirceu” e das revolucionárias “Cartas
Chilenas”; Cláudio Manuel da Costa, poeta de grande qualidade; Basílio da Gama, que escreveu o
livro “O Uraguai”; e Santa Rita Durão, autor de “Caramuru”.
O arcadismo no Brasil ocorreu durante o ciclo do ouro em nosso país. Foi em Vila Rica, atual
Outro Preto (MG), um dos principais centros comerciais brasileiros na época, que se desenvolveu
o maior volume de obras árcades do país. Para além disso, alguns poetas neoclássicos, como
Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, participaram da Inconfidência Mineira ao
lado de figuras como Tiradentes. Após a delação de Joaquim Silvério dos Reis, os poetas citados
foram presos sob a acusação de conspiradores. Tomás Antônio Gonzaga foi exilado em
Moçambique, e Cláudio Manuel da Costa, segundo fontes oficiais, suicidou-se na prisão.
ARCADISMO - Características

O arcadismo no Brasil teve forte influência europeia, tanto por meio da apropriação de técnicas e temas típicos
do arcadismo europeu quanto por meio de inspirações no Iluminismo francês. Em sua face lírica, os poemas
árcades eram escritos segundo os seguintes preceitos latinos:
• Inutilia truncat (cortar o inútil): Segundo esse preceito, a poesia deveria abandonar a linguagem rebuscada,
típica do movimento estético anterior, o Barroco. Deixando para trás os paradoxos, antíteses e jogos
sintáticos da arte barroca, o arcadismo prezava por uma linguagem simples e clara.
• Carpe diem (aproveitar o dia): Para os árcades, para que o homem atingisse a plenitude, era necessário viver o
presente, em harmonia com a natureza, como um pastor de ovelhas ou um vaqueiro. A vida simples do campo
e a possibilidade do ócio produtivo, ou seja, do respeito à necessidade de descanso para produzir grandes
obras, eram muito valorizados no neoclassicismo.
• Fugere urbem (fugir da cidade): A cidade era vista, segundo a perspectiva dos árcades, como um espaço
negativo, cheio de ilusões e conflitos, no qual o homem não poderia atingir sua plenitude. Por conta disso, seria
necessário fugir do ambiente urbano.
• Locus amoenus (lugar ameno): Como uma espécie de resposta ao preceito anterior (fugere urbem), o locus
amoenus aponta para o campo, espaço bucólico, como sendo o ideal para que o homem encontre sua
plenitude, longe das ilusões e conflitos criados pela cidade.
• Aurea mediocritas (equilíbrio do ouro): Segundo os escritores do arcadismo, uma vida de luxo e ostentação,
típica dos ambientes urbanos, deveria ser evitada. O preceito Aurea mediocritas discorre justamente sobre
essa visão de mundo, apontando que os poetas deveriam exaltar uma vida simples, sem miséria ou riqueza,
mas com equilíbrio.
ARCADISMO - Características

Além das obras líricas, o arcadismo também tem sua face satírica, ilustrada pela obra “Cartas
Chilenas”, cujo autor, na época, não era identificado em razão do conteúdo presente nas cartas:
eram críticas ao então governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Pacheco e Meneses, chamado,
nas epístolas, de Fanfarrão Minésio. Hoje, sabe-se que o autor das cartas foi Tomás Antônio
Gonzaga, identificado nos textos com o pseudônimo de Critilo.
No que se refere às produções épicas do arcadismo brasileiro, vale ressaltar as obras de Basílio da
Gama, que escreveu o livro “O Uraguai”; e Santa Rita Durão, autor de “Caramuru”. As obras épicas do
neoclassicismo no Brasil foram as primeiras, em nossa história, a construir um retrato literário de
momentos fundamentais da formação do povo brasileiro, iniciando assim um processo de reflexão,
por intermédio da literatura, de questões que envolviam nossa identidade e características.
ARCADISMO - Autores
Os principais autores árcades e suas principais obras são:

• Tomás Antônio Gonzaga, que escreveu o livro lírico “Marília de Dirceu” (1792) e as
satíricas “Cartas Chilenas” (1863);
• Cláudio Manuel da Costa, autor dos livros “Culto Métrico” (1749), “Munúsculo Métrico”
(1751), “Epicédio” (1753), “Obras Poéticas de Glauceste Satúrnio (sonetos, epicédios,
romances, éclogas, epístolas, liras)” (1768), “O Parnaso Obsequioso e Obras Poéticas”
(1768), “Vila Rica” (1773) e “Poesias Manuscritas” (1779);
• Basílio da Gama, cujas obras são “Epitalâmio às núpcias da Sra. D. Maria Amália” (1769),
“O Uraguai” (1769), “A declamação trágica” (1772), “Os Campos Elíseos” (1776),
“Relação abreviada da República e Lenitivo da saudade” (1788) e “Quitúbia” (1791).
• Santa Rita Durão, que escreveu as obras “Pro anmia studiorum instauratione oratio”
(1778) e “Caramuru” (1781).
APONTAMENTOS FINAIS

• Influências da Europa
• Iluminismo
• Jogo Político
• Arte Engajada
• Busca da identidade nacional

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