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A INFLUÊNCIA DA FORMA URBANA NO COMPORTAMENTO DE VIAGEM

TEMÁTICA: transporte e uso do solo

PALAVRAS-CHAVE: forma urbana, mobilidade urbana sustentável e


comportamento de viagem.

RESUMO

É possível a forma urbana de um bairro ou cidade contribuir para uma mobilidade


urbana sustentável? O presente trabalho traz um estudo do comportamento de
viagens dos moradores de dois bairros com forma urbana distinta em uma mesma
cidade. Para se verificar em que medida a forma urbana influencia no
comportamento das viagens, foram investigadas três variáveis da forma urbana, são
elas: (i) Densidade de Uso do solo que cerca ambos, densidade residencial e a
densidade de emprego; (ii) Mistura de Uso do solo que cerca a variedade de usos do
solo encontrada dentro de uma estrutura urbana; (iii) Desenho urbano que inclui o
modo e arranjo de usos do solo organizados dentro do espaço local, desenho do
bairro, das ruas e calçadas. A escolha foi baseada nas variáveis da forma urbana
que segundo a literatura podem influenciar nos deslocamentos diários
(LITMAN,2007).

Este é tema necessário considerando o crescente uso do transporte individual


influenciando negativamente a mobilidade urbana e provocando a queda na
acessibilidade. O objetivo é descobrir como forma urbana pode afetar a escolha do
modo de deslocamento contribuindo para integração entre as políticas de
organização do território e de transportes, visando cooperar com o planejamento
urbano para uma mobilidade sustentável.

O desafio que se coloca para os planejadores urbanos e de transporte é a procura


por soluções para responder aos impactos negativos produzidos pelo crescimento
vertiginoso do tráfego motorizado, que constitui atualmente um importante fator de
depreciação da qualidade de vida no meio urbano. Assim, o desafio é repensar as
relações entre forma urbana e mobilidade.

Um dos mais recentes tópicos para o debate do desenvolvimento sustentável se


coloca em torno das relações entre transporte e forma urbana. Alguns protagonistas
desse debate são a favor da cidade compacta, concentrando na ligação entre
densidade e viagem, com o argumento que densidades mais altas resultariam no
uso de máximo de terra, reduzido distâncias de viajem, e uma maior intensidade e
diversidade de atividade. Outros têm sugerido continuar a dispersão urbana cabendo
ao indivíduo a escolha de onde morar ou trabalhar. Independentemente das
opiniões, em todos os casos os objetivos são os mesmos, isto é, reduzir as
distâncias médias de viagem, freqüências de viagem, volumes de tráfico, e o
consumo de energia (Banister, 2005).

Ainda são poucos os estudos que exploram a relação entre forma urbana e
mobilidade, do ponto de vista do planejamento urbano, estes estudos são
importantes porque se constituem na fundamentação teórica e empírica que pode
auxiliar os planejadores urbanos na tomada de decisão sobre a política de uso e
ocupação do solo de transportes. Alem disso, os poucos estudos que se encontra na
literatura tem metodologias de analise e evidencias empíricas ainda limitadas.

O estudo empírico foi desenvolvido no Município de Olinda, Estado de Pernambuco -


Brasil, em dois bairros com diferentes características de forma urbana e diretrizes de
ordenamento territorial distintas. A metodologia usada tem uma abordagem
quantitativa, através de uma pesquisa domiciliar utilizando o Método probabilístico
de amostragem. Os bairros escolhidos foram Casa Caiada e Jardim Brasil.

Quando uma pessoa sai de casa para desenvolver suas atividades, ela toma várias
decisões: a que horas sair, para onde ir e qual o modo de transporte que vai usar.
Através da pesquisa empírica feita nos bairros de Jardim Brasil e Casa Caiada foi
possível identificar, quais fatores que interferem mais nestas decisões.

Os resultados mostraram que há uma tendência na redução do deslocamento


motorizado quando existe mistura de uso do solo próximo a residência. Esta
tendência se relevou para os dois bairros pesquisados. Contudo, ficou evidente que
a renda influencia fortemente nas decisões de escolha do modo de transporte para o
deslocamento.

Daí a importância do planejamento urbano integrar, simultaneamente, o


planejamento de transporte, circulação e o uso e ocupação do solo através de
políticas capazes de influenciar a demanda de transportes de forma adequada,
reduzir os problemas e desenhar um espaço de circulação com mais qualidade e
eficiência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANISTER, D. (2005), Unsustainable Transport: City Transport in the New Century,
London: Routledge.
LITMAN. Todd (2007), Land Use Impacts on Transport - How Land Use Factors Affect
Travel Behavior. Disponível em: http://www.vtpi.org/landtravel.pdf. Acesso em:
15/05/2006.
FERNANDES, Karla Denise Leite Moury. A influência da forma urbana e da legislação
urbanística na mobilidade urbana: o caso do Plano Diretor de Olinda. Dissertação de
Mestrado: Universidade Federal de Pernambuco, UFPE, 2008.
Karla Denise Leite Moury Fernandes, Arquiteta e Urbanista com mestrando pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na área de Transportes e Gestão de
Infra-Estrutura Urbana, possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela faculdade
de Belas Artes de São Paulo. Especialização na área de gerenciamento de projetos.
Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos
seguintes temas: arquitetura, planejamento urbano, planejamento em transportes e
trânsito, gestão, espaço público e coordenação de projetos. É pesquisadora da Linha
de Pesquisa em Mobilidade Urbana da Pós-Graduação em Engenharia Civil – UFPE.
Endereço Institucional:
Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de Engenharia Civil
e-mail: karla_leite@yahoo.com

Maria Leonor Alves Maia, urbanista com PhD pela Universidade de Londres,
Inglaterra, é professora do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE). Pesquisadora do CNPq possui publicações na área de
mobilidade urbana, acessibilidade em áreas de revitalização urbana, valor do solo
urbano e acessibilidade por sistemas de transporte. É pesquisadora da Linha de
Pesquisa em Mobilidade Urbana da Pós-Graduação em Engenharia Civil - UFPE e
membro da diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes -
ANPET.
Endereço Institucional:
Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de Engenharia Civil
e-mail:nona@ufpe.br; nonamaia@gmail.com

Cristiano Ferraz é PhD em estatística pela Universidade Estadual de


Iowa, Estados Unidos e professor do Departamento de Estatística da
Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente coordena o curso de
Estatística e dentre as áreas em que atua destacam-se teoria de amostragem
e métodos estatísticos. Endereço Institucional:
Universidade Federal de Pernambuco
Departamento de Estatistica – UFPE
e-mail: cferraz@de.ufpe.br

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