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Termo de responsabilidade

Eu ______________________________________ e ______________________________, psicólogo no Centro de Saúde da


Liberdade e responsável pelo Gabinete de atendimento psicológico do mesmo, assumo inteira responsabilidade das informações
contidas neste relatório elaborado pela estagiária Gilda Alfredo Mutimucuio.
Tendo iniciado o estágio no dia 26 de Março de 2018, com o seu término em 26 de Setembro de 2018.

Matola, 2018

Assinatura

________________________________________ e

________________________________________

1
Dedicatória

Dedico este trabalho a minha mãe (Matilde Pedro Tamele), pelo apoio, carinho e confiança depositado em mim durante esses seis
meses de muita luta de ida ao estágio, trabalho, empenho e dedicação.

Dedico ao meu avô Inácio Matsinhe, minha Tia Albertina Pedro Tamele, meu namorado Calton Morruela, e em geral toda minha
família pelo apoio.

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Agradecimentos

Na realização deste relatório devo meu voto de gratidão:

Ao meu colega Mário Jairosse Muanhupo pelos momentos de troca de ideias e convivência. Pelas as alegrias e dificuldades do
trabalho clínico que compartilhamos juntos. Aos meus orientadores Dr. Éder António Miguel de Almeida e Dra. Osória Morão
Mamudo. E agradeço a psiquiatra Alina Egídio pelo apoio e ensinamentos.

A todos os membros da minha família que estiveram presentes durante esse percurso, especialmente minha mãe, minha tia Albertina e
meu avô Inácio. Agradecer aos profissionais do Centro de Saúde da Liberdade que de certa forma colaboraram para que eu chegasse
ao fim do meu estágio sem constrangimentos.

Ao meu namorado Calton por ter estado sempre perto de mim, por ter me apoiado e por ter me proporcionado segurança, confiança e
amor durante esse percurso. As minhas colegas Nilza Aly, Stela Simbine, Celeste marllen, pelo apoio e por me avisarem que o
professor já esta na sala quando demorava sair do estagio, e pela discussão de alguns casos em conjunto. A todos vocês, minha eterna
gratidão.

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Relatório de Estagio Supervisionado em Psicologia Clínica

Resumo

O presente relatório trata da prática do estágio curricular em Psicologia Clínica realizado no período de 6 meses no Centro de Saúde
da Liberdade. Relata a caracterização e as vivencias comuns com o grupo de profissionais integrados no centro acima citado, e as
vivencias individuais, além das opiniões advindas de vários momentos de troca e discussões a respeito das experiencias vividas em
concordância com os princípios teóricos e práticos, com o objectivo de estabelecer a interlocução entre a formação académica e o
mundo profissional, através de uma aproximação contínua entre a teoria e a realidade psico-social do sujeito. Na primeira parte do
relatório, portanto, são encontradas informações gerais: introdução; objectivos (geral e específicos); metodologia (descrição do local
de estagio, instrumentos de psicodiagnóstico usados, procedimentos de analise de dados, considerações éticas e as limitações). Na
segunda parte do relatório, encontra-se o desenvolvimento do trabalho: fundamentação teórica ligada ao caso apresentado; avaliação
das actividades. Na terceira parte esta apresentado o caso clínico relativo ao retardo mental profundo; discussão e interpretação dos
resultados. E por fim estão presentes algumas considerações finais a respeito da experiencia do estagio, as referencias bibliográficas e
os anexos/apêndices.

Palavras-chave: Estágio; Psicologia Clínica; Retardo Mental.

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INTRODUÇÃO

O presente relatório do estagio, foi produzido pela estudante de Psicologia Clínica 4ºano da Universidade Pedagógica (UP), com o
objectivo de retratar a minha trajectória durante o estágio, além das opiniões advindas de vários momentos de troca e discussões a
respeito das experiencias vividas em grupo, e, individualmente, registo os aspectos mais singulares da minha vida, também tem como
objectivo estabelecer a interlocução entre a formação académica e o mundo profissional, através de uma aproximação contínua entre a
teoria e a realidade psico-social do sujeito. O quarto ano de Licenciatura em psicologia clínica na UP é marcado pela realização do
estágio curricular obrigatório para obtenção do grau de licenciatura.
De realçar na primeira instância que enfrentei vários desafios mesmo sabendo que elas sempre têm de existir, pois, dão significados à
vida. Hoje sinto-me diferente e se me perguntarem porquê, responderia que estou prestes a terminar mais uma etapa desafiante da
minha vida e iniciar outros que supostamente vão exigir mas de mim. Depois de muito assentada nas teorias durante a minha
formação, no primeiro semestre do quarto ano tive a oportunidade de articular a teoria com a prática, iniciei o estágio curricular no
Centro de Saúde da Liberdade (CSL), no período de 6 meses tendo iniciado no dia 26 de Abril até 26 de Setembro de 2018.

O Centro de Saúde da Liberdade integra os serviços de saúde do mesmo bairro, entidade pública o qual constitui uma unidade de
prestação de cuidados de saúde que funciona como mecanismo articulador na base de complementaridades dos centros de saúde
cabendo-lhe a prestação de cuidados aos indivíduos, às famílias e aos grupos sociais.

Os dados do relatório, ou seja, a estrutura interna do relatório está da seguinte maneira: na primeira parte encontram-se as informações
gerais, tais como: Introdução, objectivos (geral e específicos) e a metodologia e, por fim, um passeio na orientação teórica que
fundamenta o trabalho. Em seguida, apresento os relatos dos atendimentos que realizei ao longo do estágio, além do estudo de um dos
casos atendidos.

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Objectivos do estágio
Geral
 Propiciar a vivência da prática da Psicologia Clínica e competências psicoterapêuticas no estudante, fundamentada pelas
abordagens teóricas de diversos autores de modo a ampliar as habilidades teóricas adquiridos durante minha formação teórica

Específicos

De formação prática
 Simular situações de trabalho em aspectos mais simples;
 Aprofundar a compreensão dos pressupostos teórico, por meio da experiência clínica supervisionada;
 Elaborar plano de intervenção para cada caso atendido, em conformidade com as teorias apreendidas;
 Utilizar os momentos de supervisão em grupo para compartilhar experiências individuais do estágio ajudando a compreendê-
las;
 Realizar palestras de saúde mental aos utentes;
 Realizar apoio psicossocial individual e em grupo em pacientes em TARV;
 Participar da intervenção em grupo de crianças em tratamento de HIV/SIDA;
 Trabalhar no sentido de identificar as alterações psicológicas e elaborar o diagnostico dos pacientes;
 Aprofundar os conhecimentos práticos da entrevista clínica, observação clínica e a escuta clínica;
 Participar de reuniões de equipa para discussão de casos clínicos, e de discussão de dados mensais.

De formação teórica
 Ampliar o conhecimento teórico durante a experiencia clínica;

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 Fazer o uso das abordagens aprendidas no processo psicoterapêutico;
 Compreender a actuação dos diferentes profissionais no campo clínico dentro de uma instituição pública de saúde mental;
 Compreender a dinâmica profissional dentro de uma instituição de saúde.

Metodologia

Na perspectiva de GIL (2002) a metodologia é um conjunto de procedimentos científico, com objectivo de atingir um determinado.
Por outras palavras a metodologia de pesquisa é um conjunto de métodos científicos que visam a realização de um determinado fim
para se chegar ao conhecimento, para esclarecer ou explicar melhor um conceito.

Para o caso apresentado fez-se o uso da abordagem qualitativa com enfoque estudo de caso. A pesquisa qualitativa não se preocupa
com representatividade nume rica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc,
(GOLDENBERG, 1997, p. 34).

Este método descreve a complexidade de um determinado problema, sendo necessária a compreensão e classificação dos processos
dinâmicos vividos nos grupos, bem como contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas
particularidades dos indivíduos, ela contempla o universo de significados, opiniões, aspirações, crenças, valores e atitudes que não
podem ser reduzidos à quantificação, ( DIEHL 2004 citado por DALFOVO et al 2008) .

Quanto ao estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição,
um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada
situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico (GIL 2007,
p. 54).

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Descrição do local de estágio

O Centro de Saúde da Liberdade, numero 100113, é uma unidade sanitária pública de cuidados primários, localiza-se em
Moçambique, província de Maputo, distrito municipal da Matola, Bairro da liberdade entre Rua de Mutarrara e Caia. O distrito da

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Matola faz fronteira com vários distritos, dos quais; à Norte faz fronteira com o distrito de Moamba, ao sul faz fronteira com o distrito
de Boane e cidade de Maputo, portanto a Este e Oeste faz fronteira com distrito de Marracuene e distrito de Boane nomeadamente. O
centro foi reabilitado e inaugurado pela sua Excelência presidente de conselho Municipal da cidade da Matola Dr. Arão M Nnhancale
no dia 01 de Agosto de 2012.

O centro de saúde da Liberdade responde pelos serviços do bairro onde está localizado, no que diz respeito à estrutura
administrativa, o centro tem um universo de 38 funcionários distribuídos em vários sectores, dos quais, 01 médica generalista, 04
enfermeiros gerais, 01 tecnico de medicina geral, 02 psicólogos clínicos, 01 técnica de psiquiatria,02 tecnicos de farmácia, 02 tecnicos
de nutrição, 02 tecnicos de medicina preventiva, 03 agentes de serviços, 01 tecnica administrativa, 02 digitadores de dados, 05
conselheiros, 04 educadores de par, 02 guardas e por fim 06 activistas de ADPP. Contém 02 salas de triagem de adultos, 01 sala de
pediatria, curva de peso, pnct, 01 sala de tratamento, 01 sala de secretaria, 01 sala de arquivo,uats, atipe, 01 sala de pré-natal, 01 sala
de planeamento familiar, 01 sala de saúde mental e 01 sala de saaj.

ORGANOGRAMA DO CENTRO DE SAUDE DA LIBERDADE

O Centro da saúde da liberdade, oferece os seguintes serviços principais:

Serviços administrativos – nos serviços administrativos podem ser encontrado os seguintes sectores: Aceitação onde faz-se a venda
das senhas para as diversas consultas, admissão de pacientes e indicação do paciente aos serviços que este deve ser encaminhado.
Também faz parte destes serviços a secretaria que são tratados assuntos inerentes a funcionalidade da unidade sanitária, ou seja, são
tratados assuntos burocráticos, assim como a entrada e saída de diversos documentos.

Serviços TARV: os serviços de TARV tem como responsável o director do centro de saúde, e estes serviços estão dividido em três
sectores principais: UATS onde faz-se testagem voluntaria dos utentes que vem voluntariamente para testar, abertura de processos dos

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pacientes iniciantes, aconselhamento para testagem e pós testagem. ATIP nestes serviços faz-se testagem iniciada pelo provedor, isto
é quando o paciente é indicado pelo clínico para fazer teste. APSS (apoio psicossocial) tem como um dos objectivos, melhorar a
adesão ao tratamento, o controle de possíveis dificuldades que podem surgir e que poderiam influenciar na má adesão ao tratamento.

Serviços de Enfermagem: Os serviços de enfermagem têm como responsável máximo a enfermeira chefe e encontramos o seguinte
sector: sala de tratamento que é o sector onde é feito o tratamento de feridas, aplicação de injecções.

Triagens (adultos e Crianças): Neste sector são onde são feitas as consultas de adultos e consultas de crianças. Estes serviços fazem
parte da direcção clínica e quem responde pelos mesmo é o director clínico.

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Fundamentação teórica ligada ao caso apresentado

Descrição

O retardo mental (RM) é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes. A taxa de prevalência
tradicionalmente citada é de 1% da população jovem, porém alguns autores mencionam taxas de 2 a 3%3,4, e há estimativas de até
10%5. Há um consenso geral de que o RM é mais comum no sexo masculino, um achado atribuído às numerosas mutações dos genes
encontrados no cromossoma X6.

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O diagnóstico de RM é definido com base em três
critérios7: início do quadro clínico antes de 18 anos de
idade; função intelectual significativamente abaixo da mé-
dia, demonstrada por um quociente de inteligência (QI)
igual ou menor que 70; e deficiência nas habilidades
adaptativas em pelo menos duas das seguintes áreas:
comunicação, autocuidados, habilidades sociais/interpessoais,
auto-orientação, rendimento escolar, trabalho, lazer,
saúde e segurança. O QI normal é considerado acima de 85,

vasconceles 2004
e os indivíduos com um escore de 71 a 84 são descritos como
tendo função intelectual limítrofe8. Os testes do QI são mais
válidos e confiáveis em crianças maiores de 5 anos9, e por
isso muitos autores preferem termos alternativos ao RM,
tais como atraso do desenvolvimento9, dificuldade do aprendizado8,
transtorno do desenvolvimento10 ou deficiência do
desenvolvimento11. Além disso, como os testes do QI nem
sempre estão disponíveis, há uma tendência natural a
utilizar os termos atraso do desenvolvimento e RM como
sinônimos, mas é preciso ter em mente que nem toda
criança pequena com retardo na aquisição dos marcos do
desenvolvimento terá RM quando testada formalmente em
uma idade maior9.

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Apresentação de caso Clínico

Descrição do caso 1
AR tem 22 anos de idade veio à consulta acompanhada pelo pai, com o desejo de encontrar ajuda para ele. AR desde infância
apresentou um atraso no que tange a motricidade fina, tendo começado a gatinhar, andar e falar tardiamente. O pai refere que o AR
tem sérios problemas de educação, de comunicação e afectivos, tendo o seu inicio na infância.

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A família é formada pelos pais de AR, suas duas irmãs, um irmão mais novo e ele. Com cinco anos começou a apresentar dificuldades
na fala, e nas relações afectivas e na comunicação, sendo que este é nervoso e por vezes agressivo.
O pai refere que sempre era solicitado na escola por causa da dificuldade do filho, e que os professores alertavam o pai para levar o
filho ao hospital. Pois AR tinha sérios problemas, e que diferente de outras crianças começava a escrever de direita a esquerda e letras
incompreensíveis. O pai referiu ainda que AR reprovou cinco vezes na quinta classe e acabou desistindo e alegando que os professores
lhe davam porrada.
Um detalhe importante é que AR não tem relações de afectividade com pessoas da sua faixa etária, o pai refere que este gosta de
brincar com c que AR não tem relações de afectividade com pessoas da sua faixa etária, o pai refere que este gosta de brincar com
crianças, e a maior parte do tempo passa fora de casa. O pai refere que o filho não sabe descriminar os números nem sabe contar
dinheiro.
O pai declara ainda que AR por vezes é chamado pelos vizinhos para fazer biscate e pagam-lhe dez meticais e este não reclama por
não ter noção de muito e pouco. Quando os pais lhe chamam atenção este reage com agressividade.
Em 2005, AR começou o tratamento no HCM, diz o pai, fez consulta com fonoaudiologista, com psicólogo mas estes desistiram do
tratamento antes de terem o diagnóstico e de iniciar as sessões terapêuticos e psicotrópicos.

Identificação
Paciente AR, 22 anos de idade, sexo masculino, aluno da 5ªclasse, residente no bairro da Liberdade, vive actualmente com os seus pais
e irmãos, natural de Maputo, não pertence a nenhuma ceita religiosa, Moçambicano. Reside numa casa tipo 3 tem água e luz. Veio à
consulta acompanhado pelo pai.
1.2Queixa principal

O paciente apresenta como queixa principal "Retardo Mental" ou "Incapacidade Intelectual" “Deficiência Mental”
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1.3Motivo da consulta
O paciente veio à consulta acompanhado pelo pai, referindo que o paciente tem sérios problemas de aprendizagem, sociais, prática e
de se comunicar. O pai refere que AR não consegue se expressar, e algumas vezes esquece o nome dos pais, se esquece das coisas
recentes tais com; as coisas que lhe mandam, teve inicio na infância. O pai refere ainda que AR, reprovou 5 vezes na quinta, e não
consegue escrever seu nome, não consegue descriminar os números e as letras. O pai declara que o paciente já fazia tratamento no
(HCM), porem eles desistira antes que o AR mostrasse melhoria. AR consegue manejar bem o telemóvel, o pai refere que as vezes AR
têm demonstrado nervosismo, e que este não brinca com jovens da sua idade mas com crianças menores. O pai referiu que as vezes os
vizinhos tem chamado o AR para trabalhar e no fim do trabalho davam-lhe 10 meticais e este aceitava por não saber o certo de que
valor se trata, neste caso o AR tem problemas em contar dinheiro.

1.4.Interrogatório sintomatologico

 Défices intelectual, incluindo raciocínio, resolução de problemas, pensamento abstracto;


 Problemas de aprendizagem académica;
 Défices no funcionamento adaptativo, tais como; participação social;
 Imaturidade;
 Dificuldade de se expressar.

Hábitos

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O pai refere que AR não tem nenhum hábito álcool, nega que este consome qualquer tipo de drogas, seja álcool, cocaína, entre outro.
O pai refere que em nenhum momento o paciente consumiu alguma substancia psicoactivas. Porem o pai já foi consumidor de bebidas
alcoólicas,
1.5Antecedentes Patológicos Familiares (Genograma)

Mae
Pai

Irmao Irma Paciente Irmao

O paciente apresenta-se sempre na consulta acompanhado do pai que refere não ter um relacionamento com o mesmo pai desde que
essa tem três anos de idade.
O pai refere que AR não apresenta outra patologia. Por outro lado há índices de problemas psiquiátricos no seio familiar sendo que o
irmão mais novo tem epilepsia.

1.6.Relacionamento e Dinâmica Familiar


A questão que mais aparece em torno da família de AR é a dificuldade que todos começam a apresentar para lidar com o
comportamento agressivo dele, e de lhe dar com o seu atraso.O pai refere ter uma relação estável com AR desde a sua existência,
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porem tem entrado em conflito quando este lhe proíbe de fazer certas coisas, como sair de casa sem despedir e voltar as tantas horas.
De igual modo AR tem um bom relacionamento com a mãe, e que este tem cuidado bem dele. O pai refere que apesar de não se
comunicar bem com os irmãos, presa de uma boa relação. No geral AR tem uma boa dinâmica familiar e que tem a família como um
porto seguro.

Exame Neurológico
De acordo com a observação feita, notou-se que AR tem uma boa postura, não apresenta nenhuma descoordenação motora, equilíbrio,
sem tremores, sem tiques. Em suma o paciente AR, apresenta um estado neurológico satisfatório.
Exame Psíquico
O paciente AR apresentou um desequilíbrio psíquico, lentificação na fala, com alteração do senso perceptivo e do curso do
pensamento. Apresentava ma dificuldade na linguagem, comunicação, memoria, o paciente tinha uma boa higiene pessoal, trajes
limpos e adequadas. Pouca capacidade de entender as instruções, isso significa que tinha uma atenção deficitária, apresentou um certo
desequilíbrio na orientação, pois este, sabia onde estava, mas não sabia o que ia fazer e as datas. O paciente AR, falava muita das
vezes com os olhos virados para baixo.
História de vida
O pai refere que AR nasceu de uma gestação normal, não teve nenhuma complicação durante o parto, porem a mãe de AR teve uma
queda quando estava grávida do paciente. O pai refere que AR não gatinhou, sentou, andou em tempo certo. O pai referiu ainda que pa
AR teve um desenvolvimento lento, incluindo a fala. O pai refer que AR entrou na escola com 6 anos de idade, e que teve várias
reprovações razão pelo qual ainda frequenta a quinta classe com 22 anos de idade.
A adolescência foi segundo o pai, foi um pouco complexo, pois o que se esperava na idade dele não acontecia, era mais calado e
apresentava os problemas de comunicação de uma forma grave.
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O pai refere que de algum tempo para cá AR apresenta sinais de agressividade extremamente elevada, sendo que quando é advertido
de algum comportamento este reage na agressividade.
A paciente refere que de algum tempo para cá a relação conflituosa que ela tem com a mãe se intensificou e ela se sente estranha,
impotente, desanimada triste e as notas na escola, ou seja o desempenho académico baixou bastante e só não entra em um colapso
porque tem amigos, pessoas que lhe compreendem e que pode dividir o que lhe aflige. Ela acrescenta ainda que encontra também
como refugio na leitura e na poesia.

2.10.Instrumentos de Avaliação Psicológica


O instrumento aplicado no caso para fazer a avaliação psicológica foi o inventário de Raven para adultos, e HTP. A escolha desses
instrumentos deveu-se ao facto de serem mais indicados para casos assim, além disso os instrumentos ajudam no diagnóstico e
avaliação do caso.

2.11.Hipóteses Diagnosticas
Para o Caso do paciente AR temos como hipótese de diagnóstico o Retardo Mental Profundo. CID10:Retardo Mental Profundo
(RMP) [F73] ou DSMIV: Deficiência Mental Profunda [F73.9].

2.12.Planeamento Terapêutico
Para o caso do Paciente, o tratamento indicado foi necessariamente a junção de diversas técnicas, tais como:
Observação clínica
A observação clínica carateriza-se por observar diretamente os comportamentos eatitudes do sujeito, com vista à compreensão dos
seus problemas. Trata-se de umatécnica complementar a outras (entrevista clínica e avaliação psicológica, por exemplo), que permite
compreender melhor o problema apresentado pelo indivíduo (PEDINIELLI, 1999, citado por PEREIRA, 1992). A observacao clinica

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é considerada uma ferramenta de grande importância para o psicólogo porque ajuda-nos naavaliação do estado mental do sujeito,
fornece-nos dados inerentes aos comportamentosverbais e nãos verbais. Considerado a primeira técnica de avaliação psicológica
porqueantes da entrevista inicial o psicólogo já esta observando o paciente.
Esta técnica foi usada para recolher a informação e observar directamente os comportamentos e atitudes do sujeito, com vista
àcompreensão dos seus problemas.

Entrevista clínica
Esta técnica nos permitiu ir ao encontro do paciente, escutando atentamente o discurso do paciente e assim desencadear a partilha de
informacao no mesmo.
A entrevista clínica relacionasecom a avaliação do estado mental, ou seja, destina-se a avaliar os graus de deterioração ou disfunção
em situações cuja sintomatologia sugere doença mental (LEAL,2008).

Avaliação psicológica
A avaliação psicológica no contexto retarda mental trata-se de adquirir e integrar toda a informação relevante, relativamente ao nível
afectivo, social, cognitivo e emocional, através de instrumentos adequados à avaliação.
A avaliação psicológica concretiza-se através do recurso a protocolos válidos e deve responder a necessidades objectivas de
informação, salvaguardando o respeito pela privacidade da pessoa (SIMÕES, 1994).

2.13.Quando aos modelos de intervenção, fizemos uso dos seguintes:


Aconselhamento

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O aconselhamento psicológico trata-se de uma intervenção de curta duração, com a finalidade de reduzir riscos através de mudanças
concretas no comportamento (TRINDADE& TEIXEIRA, 2000).
Este modelo nos ajudou a prestar ajuda, pois o aconselhamento psicológico em pessoas com retardo mental consiste numa relação de
ajuda tendo como objectivo promover uma adaptação mais adequas as dificuldades tentando optimizar os seus recursos pessoais.
Psicoterapia de apoio
Foi seleccionada para que o paciente possa levar o conhecimento de si mesmo e que possa expressar as suas emoções.
Os objectivos da psicoterapia de apoio são os seguintes: promover uma relação de suporte entre o paciente e o terapeuta; reforçar os
pontos fortes do paciente, as competências de superação das adversidades e a capacidade de utilizar os suportes ambientais; reduzir o
sofrimento subjectivo do paciente e os comportamentos desajustados; ajudar o paciente a alcançar o maior grau de independência em
relação à sua doença psiquiátrica; promover o maior grau possível de autonomia nas decisões de tratamento para o paciente
(GENTILE & GILLIG, 2004, citados por PERREIRA, 1992).

Treino de competências
Foi escolhido para treinara cognição, pensamento e a obtenção, a compreensão e a possibilidade para responder às informações
necessárias.
Os programas de treino de competência consistem em realizar um conjunto de tarefas/actividades, individualmente ou em grupo, com
vista a melhorar o funcionamento de algumas áreas cognitivas (atenção, concentração, memória, entre outras), tendo como finalidade
promover o bem-estar físico e emocional (MEDALIA & REYHEIM, 2007).
As pessoas com deficiência intelectual encontram-se com as competências cognitivas significativamente afectadas, sendo que a
estimulação e a manutenção cognitiva tornam-se importantes (GLAT, 1999).
Terapia cognitivo comportamental

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Este modelo nos possibilitou a actuar sobre o comportamento e a modificar o pensamento do paciente, assim como o uso das técnicas,
falando concretamente do TPC.O processo de intervenção regido pelo modelo cognitivo comportamental ocorre com o intuito de
possibilitar o paciente a identificar os pensamentos automáticos; reconhecer a relação entre cognição, afecto e comportamento;
verificar a validade dos pensamentos automáticos e das suas crenças; corrigir conceitos errados, substituindo os pensamentos
distorcidos por pensamentos mais reais e identificar e alterar crenças (KNAPP & BECK, 2008, citados por PERREIRA, 1992).

2.14. Processo de Diagnostico

O processo de diagnóstico foi feito com base no uso do manual de classificação internacional dos transtornos mentais CID 10 e o
DSM IV. Para além desses, foi feito também o uso de testes psicológicos, concretamente o teste de inteligência de Raven, e o HTP,
observação clínica. Olhando para esses descritos acima citado, chegou-se ao seguinte diagnóstico: CID10: RetardoMental Profundo
[F73] e DSM IV: Deficiência Mental Profunda [F73.9].

2.15. Diagnostico Diferencial

Deficiência Mental Profunda [F73.9];


Perturbações de aprendizagem [F80.0]
Muitas vezes distinguir o diagnostico de Deficiencia intelectual [F73.9]; em relacao as pertubacoes de aprendizagem [F80.0]; é um
pouco difícil, pois estes dois tipos de perturbacao partilham de sintomas semelhantes sendo que os dois tem inicio na infância, e o que
os diferencias é a gravidade, persistência e a intensidade. O retardo mental é caracterizado por apresentar menor capacidade de
aprendizagem; quociente de inteligência é baixo; manifesta-se antes dos 18 anos e a incapacidade habitualmente é evidente. Esses

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aspectos descritos diferenciam com as perturbações de aprendizagem pois este consiste no baixo rendimento nas provas habituais de
leitura, calculo ou escrita, sendo inferior esperado para a idade, para o nível de escolaridade ou para o nível intelectual.

No caso do paciente AR, podemos verificar que ele em algum momento assim de primeira vista. Pode apresentar perturbações de
aprendizagem pois ele apresenta dificuldades na escrita, calculo e leitura, preenche os critérios mínimos para tal, no entanto esse
diagnostico não serve pois ele repetiu varias vezes a mesma classe, a gravidade e os sintomas nos levam ao retardo mental, e este
preenche todos os critérios do retardo mental.

DSM IV (Avaliação Multiaxial)


Eixo I Perturbação de
Eixo II Deficiência Mental Profunda [F73.9]; personalidade dependente
Eixo III Nenhum
Eixo IV Problemas Educacionais;
Eixo V AGF [31-40] Actual.
Podemos verificar que o paciente preenche oscritérios descritos pelo DSM IV para o diagnóstico de retardo mental, nomeadamente os
seguintes:
Critério A- Funcionamento intelectual significativamente inferior àmedia: um QI aproximadamente igual a 70, ou inferior num teste
de QI administrado individualmente;
Critério B- défices ou insuficiências concomitantes no funcionamento adaptativo actual (por exemplo; a eficácia do sujeito em
corresponder aos padrões esperados para a sua idade pelo seu grupo cultural), em pelo menos duas das seguintes áreas: comunicação,
cuidados próprios, vida familiar, aptidões sociais/ interpessoais, uso de recursos comunitários, autocontrolo, aptidões escolares
funcionais, trabalho, saúde e segurança.

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Critério C- inicio antes dos 18 anos.

Em função de nível de gravidade e deficit intelectual, especifica-se em:


Retardo Mental Leve: nível de QI de 50-55 que corresponde a 70% aproximadamente;
Retardo Mental Moderado: nível de QI de 35-40 a 50-55 aproximadamente;
Retardo Mental Grave: nível de QI de 20-25 a 35-40;
Retardo Mental profundo: nível de QI inferior a 20-25.
Retardo Mental sem gravidade específica: quando existe um forte indicio de retardo mental, mas a inteligência do sujeito não
pode ser medida por testes padronizados.

2.18.Prognóstico
Uma vez que o retardo mental, ou seja, deficiência intelectual às vezes coexiste com problemas físicos graves, a expectativa de vida
das pessoas com RM pode ser mais curta dependendo do quadro clínico específico. Sendo que em geral, quanto mais grave a for a
deficiência cognitiva e quanto mais problemas físicos a pessoa tiver, mais curta a expectativa de vida. O prognóstico do nosso paciente
é reservado, por se tratar de um tipo de deficiência muito profundo, apesar de este ter retardo mental profundo não apresenta fortes
problemas físicos.
O caso pode terminar bem se o grupo de apoio primário se disponibilizar a ajudar o paciente a desenvolver algumas habilidades. Em
caso de não se dar uma atenção devida o paciente pode vir a desenvolver outro problema psicológico tendo em conta que a maioria
dos transtornos psicológicos apresenta comorbidades.
Uma vez que o paciente consegue sustentar a si próprio, viver independentemente pode vir a melhorar os sintomas se receber o apoio
adequado, caso não receba apoio familiar pode vir a desenvolver outras dificuldades juntamente com o problema principal. Pode
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manifestar afecções medicas ou somáticas, transtornos psicopatologicos e afectivos, comportamentos automutilantes e
estereotipados. A manifestação do retardo mental é crónico e costuma afectar o funcionamento geral por toda a vida da pessoa.

2.19.Breve resumo das sessões/ consultas ocorridas

1ª Sessão
Na primeira sessão fiz a recolha da informação relacionado ao paciente, ao problema, ou seja, explorei o problema (anamnese
completa), tendo procurado estabelecer confiança com o paciente e o seu pai. Procurei relatar como seria o processo terapêutico, ou
seja, manter informado ao paciente sobre os objectivos das consultas. Nessa sessão procuramos ouvir atentamente e dar o primeiro
passo ao diagnostico, e procurando saber do pai sobre as expectativas em relação ao processo psicotrópico e juntos traçarmos os
objectivos terapêuticos. Referindo que o pai de AR veio a consulta após ter ouvido a palestra e imediatamente disse que essa seria
melhor solução para o seu filho. Primeiro como medida terapêutico tentamos ver através dos números e das consoantes se o paciente
saberia descrimina-lo, e se possui pensamento abstracto.
Nesta primeira sessão o paciente ficou de realizar uma tarefa de casa (TPC) na qual tinha que escrever os números de 1 a 50 e as
consoantes e também fazer copia.

2ª Sessão
Na segunda sessão o paciente foi submetido ao teste de inteligência, concretamente de Raven, durante a realização este calmo, mas foi
muito lento e precisou de ajuda. O paciente realizou o teste em 28 minutos. Quando o paciente estava a realizar o teste, conversamos
com o pai, este diz estar indignado porque o seu filho não traz nenhum rendimento escolar.

3ª Sessão

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Na terceira sessão o paciente trouxe a tarefa de casa (TPC), onde se fez a análise e se discutiu os resultados do teste aplicado, o pai
referiu que só queria ver o filho menos agressivo e com um bom rendimento escolar e social. O paciente demonstrou muitas
dificuldades em fazer o tpc, pois, o mesmo esta mal feito, os pais não tentaram lhe ajudar pois dizem que o mesmo se recusa agindo na
agressividade. Explicamos ao pai o que era isso de retardo mental, tentamos concientizar ele que o seu filho precisa de cuidados
especiais e de uma escola especial. E que ele não era pessoa como tal, como ele vinha referindo.
4ª Sessão
Na quarta sessão o paciente foi submetido ao segundo teste o HTP, com objectivo de descobrir mas acerca do psicológico do paciente,
e apliquei a técnica de treino de habilidades. E incentivei ao pai para ajudar o paciente a ultrapassar as barreiras.

5 ª Sessão
Na quinta sessão tentamos fazer com que o paciente se dirija ao pai sem agressividade, e foi se a escola onde o mesmo estava a
frequentar em busca do histórico medico de onde o paciente esteve a fazer tratamento por mas de 10 anos, para depois lhe integrar
numa escola especial.

2.20.Analise e interpretação dos resultados


De uma forma breve irei descrever a interpretação dos resultados obtidos por meio da observação clínica, entrevista clínica, HTP e
teste de inteligência de Raven. Os resultados que serão apresentados são recorrentes de uma análise bibliografia e da triangulação com
os resultados obtidos nos testes aplicados.
Em primeiro lugar salientar que lidar com paciente com retardo mental não é uma tarefa fácil pior quando se trata de um nível
profundo, e quando percebe-se que os pais se mostram tranquilamente separado da doença do filho. As perguntas como “O que eu fiz
para ter um filho assim?”, “Por que eu?”, “Por que comigo?” são muito comuns no discurso, manifesto ou encoberto de pais de
crianças com deficiência mental.

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Devemos considerar a individualidade de cada pessoa dentro de uma família, pois o que acontecera com uma família que tenha um
membro com determinadas limitacoes não se pode responder por causa das diferenças entre as pessoas e, consequentemente, entre as
famílias.

Ao ser aplicado o teste de Raven o paciente AR, obteve uma pontuação directa de 18 pontos que corresponde ao percentil 5, que
equivale ao retardo mental profundo, quando comparado a idade cronologia de outros jovens. No DSMIV este percentil pertence ao
nível de QI abaixo de 20 sendo que os seguintes pontos foram os que nos levaram a seleccionar os testes aplicados, tais como: défices
intelectual, incluindo raciocínio, resolução de problemas, pensamento abstracto, problemas de aprendizagem académica, reprovar
cinco vezes na quinta.
De uma forma geral se comparar os relatos do pai com o rendimento e o aproveitamento escolar, familiar, afectivo, esse pode ser um
dado que traduz o aproveitamento escolar do AR e deve ser foco de alguma intervenção.
O retardo mental caracteriza-se por limitações significativas no funcionamento cognitivo e no comportamento adaptativo, expressando
dificuldades pessoais e sociais no dia-a-dia. Esta ocorre antes dos 18 anos de idade (CARVALHO& MACIEL, 2003, citado por
PEREIRA, 1992).
De salientar que as características apresentadas pelo individuo vão de acordo com a literatura abordada por alguns autores, sistema de
classificação e o manual de diagnostico. Quando o pai trouxe o paciente proferiu as seguintes palavras "meu filho não entende nada
na escola, e quando falamos com ele, em casa não se comunica com ninguém… e por vezes é nervoso e agressivo […]".
No retardo mental, estamos perante uma insuficiência/incapacidade a nível mental, ou seja, um funcionamento intelectual abaixo da
média, a aptidão de compreensão, de atenção, de raciocínio e de planeamento encontram-se seriamente afectadas, sendo necessários
métodos de intervenção baseados na aquisição de competências/capacidades para uma integração eficaz, tanto quanto possível, na
sociedade.

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O pai referiu durante as consultas que o paciente AR tem problemas de comunicação, sendo que isso demonstra-se na fala. Indo do
encontro com a literatura que referencia que pessoas com retardo mental geralmente apresentam um funcionamento intelectual abaixo
da média, isso foi confirmado através dos testes aplicados e da observação clínica. Para alem disso AR só se dava bem com crianças
em relação as pessoas da sua faixa etária.
AR precisara de apoio familiar para assimilar algumas habilidades, durante as sessões o pai demonstrava desânimo, sobre o AR, pois
este chegou a afirma o seguinte “este é pessoa como tal, mas não sabe nada…”.
No que diz respeito ao HTP fui anotando algumas características que esse apresentava no momento do desenho, tais como:
No desenho da casa
O desenho da casa simboliza cena das relações intra-familiares desde as quais satisfatórias até os frustrantes. O desenho da casa posso
deduzir que a porta e as janelas fechadas de certa forma indicam dificuldade de se mostrar no contacto interpessoal conflitos e medo
de rejeição, ou seja indicam pouca interacção com a realidade social. A casa esta acima da linha que representa o chão sem degraus,
levando a crer que o paciente tenta conservar, inacessível sua personalidade. Isso é considerado comum nos sujeitos que procuram
estabelecer contactos com os que cercam, unicamente segundo as suas convivências.
As portas fechadas dão ideia de autodefesa, aspectos de regressão e defesa contra o mundo. Há aqui uma falta de segurança por parte
de AR contra os estímulos externos, também traduzindo a personalidade dependente.
A casa apresenta telha com vários riscos dando ideia de enfrentar problemas contra fantasias. A porta aberta e a casa vazia indicam
sentimento extremo de vulnerabilidade, carência afectiva, necessidade de reforço emocional.
No desenho da árvore
De uma forma geral a arvore da uma expressão inconsciente, sendo que não apresenta galhos traduzindo as dificuldades que AR tem
de expandir o trato com outras pessoas. A árvore está inclinada para direita demonstrando claramente dedicação, capacidade de
entrega pessoal , disponibilidade para o sacrifício e para servir aos outros. Alargada a direita levando a crer que estamos perante uma

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personalidade teimosa, desconfiada, com medo da autoridade, e com algum ressentimento. A árvore apresenta um tamanho pequeno
mostrando que o paciente tem desencorajamento, pressão ambiental controle e sentimentos de inadequacao para lidar com o meio.
No desenho de pessoa
Nos examinandos de inteligência inferior geralmente reproduzem detalhes em espelho: se apresentam algum defeito na mão esquerda
fazem no na mão direita. No desenho da pessoa podemos perceber que AR sente-se desprotegido.
Quanto ao posicionamento da na folha podemos ver que estão flutuando, inferindo que há lactente na estrutura psíquica da criança
uma certa ansiedade e insegurança.
Os braços e as pernas apresentam diferentes tamanhos, sugerindo a agressividade, dificuldade escolar, imaturidade, coordenação
pobre, excesso de espontaneidade, hiperactividade, desorganização mental e perda de equilíbrio da produção gráfica.
Analisando o desenho de uma forma geral se percebe que tanto no desenho da casa,
Assim como nos desenhos da árvore e de pessoa são perceptíveis as mesmas características com destaque para as dificuldades no
relacionamento social, e ainda características que apontam fragilidade na esfera pessoal como imaturidade, infantilidade.

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Referencias

GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. Record editor. Rio de Janeiro. 1997.

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