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ÍNDICE

1 - INTRODUÇÃO...............................................................................................................................4
1.1. Objectivos gerais do estudo:.....................................................................................................4
1.2. Objetivos específicos:................................................................................................................4
PROCESSO DO TRABALHO............................................................................................................6
1 – PRINCÍPIOS GERAIS..................................................................................................................6
1.1 – Conceito....................................................................................................................................6
2 – PROCESSOS DECLARATIVOS VS PROCESSOS ESPECIAIS.............................................6
2.1 – PROCESSOS ESPECIAIS (Processos emergentes de acidentes de trabalho e de doenças)
...........................................................................................................................................................7
2.1.1 – Tramitação.........................................................................................................................7
2.1.2 – Fase Conciliatória..............................................................................................................8
2.1.3 – Exame médico...................................................................................................................10
2.1.4 – Tentativa de Conciliação..................................................................................................10
2.1.5 – Fase Contenciosa.............................................................................................................12
3 – RECURSOS..................................................................................................................................13
3.1 – Prazos de interposição.............................................................................................................14
3.2 – Modo de interposição..............................................................................................................14
3.3 – Interposição e efeitos dos recursos..........................................................................................14
4- PROCESSO EXECUTIVO...........................................................................................................16
4.1 – Execução Baseada em Sentença de Condenação em Quantia Certa.........................................16
4.2 – Execução Baseada Noutros Títulos..........................................................................................19
5 – CONCLUSÃO..............................................................................................................................20
6 – BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................21
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1 - INTRODUÇÃO
O modo como desenvolvemos nossas atividades profissionais, o modo como realizamos o
nosso trabalho, qualquer que seja, e chamado de processo de trabalho. Dito de outra forma,
pode-se dizer que o trabalho, em geral, é o conjunto de procedimentos pelos quais os homens
atuam, por intermédio dos meios de produção, sobre algum objecto para, transformando-o,
obterem determinado produto que pretensamente tenha alguma utilidade.

Em um processo de traballhho, as finalidades ou objectivos são projeções de resultados que


visam a satisfazer necessidades e expectativas dos homens, conforme sua organização social,
em dado momento histórico.

Com a finalidade de localizar os códigos respectivos, esclarecemos que: cada causa submetida
a tribunal pode ter várias origens. Poder-se-á dizer, em grosso modo, que as principais são: –
de natureza civil – se se tratar de resolver uma questão cível surgida entre duas partes; – de
natureza criminal – onde se pretenderá decidir uma questão relativa a um crime ou a uma
contravenção; – de natureza laboral – se disser respeito a um conflito surgido em virtude da
relação entre trabalhador e empregador.

Os procedimentos a seguir para a sua resolução estão regulados: – os primeiros, no Código de


Processo Civil (CPC); – os segundos, no Código de Processo Penal (CPP) ; – e os últimos, na
Lei n.º 18/92, de 14 de Outubro, e no Código de Processo do Trabalho (CPT), aprovado pela
Portaria n.º 87/70, de 16 de Março, em todos os casos em que não contrarie as disposições
daquela Lei (vide art.º 31.º, n.º 1, da referida Lei n.º 18/92).

Na linha da Constituição da República de alguns Países de Língua Oficial Portuguesa foram


extintas as Comissões de Justiça no Trabalho, que haviam sido anteriormente criadas, e foram
criados os Tribunais do Trabalho, definindo regras de organização e de funcionamento,
convertendo o Código de Processo do Trabalho.

as suas características, modalidades e espécies.

1.1. Objectivos gerais do estudo:


 Analisar as os princípios gerais do processo de trabalho.

1.2. Objetivos específicos:


 Explicar como ocorre os processos declarativos vs processos especiais ;
 Analisar a fase dos recursos;
 Debruçar acerca do processo executivo;
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Portanto, a metodologia utilizada para a abordagem do trabalho foi à qualitativa-descritiva


que foi desenvolvida a partir dos conceitos de Processo de trabalho no âmbito do Código do
Processo de Trabalho e da Lei de trabalho que nos esclarece como ocorre as fases das
tramitações, recursos, prazos, no esclarecimento dos mesmos. O método usado na elaboração
do trabalho, é o Bibliográfico, e a constante pesquisa de informação na internet na consulta
para a elaboração do presente trabalho.
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PROCESSO DO TRABALHO

1 – PRINCÍPIOS GERAIS
1.1 – Conceito
Os tribunais do trabalho são órgãos de administração da justiça no trabalho que procurarão
resolver as questões do trabalho que lhes sejam submetidas pela obtenção de acordos,
conquanto sejam respeitados os direitos dos trabalhadores – art.ºs 1.º e 2.º da Lei n.º 18/92,
diploma de que fazem parte as disposições a seguir indicadas sem menção de origem.

2 – PROCESSOS DECLARATIVOS VS PROCESSOS ESPECIAIS


Em relação ao processo civil e quanto à espécie, o processo é declarativo ou executivo; o
processo declarativo (no qual se declara ou reconhece o direito que se pretende fazer valer)
podendo seguir a forma especial ou comum (art.º 46.º do CPT).

No processo executivo “o direito está dito” e nele o “autor” requer as providências adequadas
à reparação efectiva do direito violado – (art.º 4.º, n.º 3 do CPC).

Os processos declarativos especiais (que seguem a tramitação do processo comum, apenas e


só após o despacho saneador) são os seguintes:

– Processo emergente de trabalho ou de doença profissional (art.ºs 29.º e 97.º a 153.º do CPT).

– Processo de contencioso das instituições de previdência, abono de família e organismos


sindicais (art.ºs 154.º e seguintes do CPT).

O processo executivo, por sua vez, é aquele que tem por base qualquer dos títulos enunciados
no art.º 86.º do CPT, como por exemplo: sentenças condenatórias por tribunais de trabalho;
autos de conciliação etc..

Há, no entanto, que distinguir dois tipos de execução, como refere o art.º 49.º CPT.

– execução baseada em sentença de condenação em quantia certa, cujos trâmites estão


regulados nos art.ºs 87.º a 94.º do CPT.

– execução baseada nos outros títulos previstos no art.º 86.º do CPT, à qual se aplicam as
normas de processo comum de execução sumária (art.º 95º, n.º1 do CPT).
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Em relação ao processo penal, destacamos as transgressões previstas no art.º 186.º e 187.º do


CPT.

2.1 – PROCESSOS ESPECIAIS (Processos emergentes de acidentes de trabalho e de


doenças)
2.1.1 – Tramitação
Na tramitação dos processos emergentes de acidente de trabalho ou de doença profissional, há
que recorrer frequentemente, além da lei 18/92 e do Código Processo Civil, ao Diploma
Legislativo n.º 1706, de 19/10/1957 (que estabelece o regime jurídico dos acidentes de
trabalho e doença profissional) Lei 8/98, de 20/7 (Lei do Trabalho). Os processos emergentes
de acidente de trabalho e de doenças profissionais, em princípio correm oficiosamente,
iniciando-se a instância com o recebimento da participação (art.ºs 36.º e 97.º do CPT).

As participações e papéis para início deste processo são obrigatoriamente apresentados ao


Ministério Público (art.º 30.º do CPT) e correm oficiosamente, porque não dependem do
impulso do sinistrado, designadamente no caso de participação ao tribunal.

Em processo de acidente de trabalho e de doença profissional – por ventura de maneira mais


flagrante que nos restantes processo laborais – o princípio dispositivo, consagrado no art.º 35.º
do CPT e segundo o qual a iniciativa do impulso processual incumbe às partes, encontra-se
fortemente mitigado, dado o carácter de interesse e ordem pública de que se revestem as leis
de protecção ao trabalhador.

Daí o facto de as acções desta natureza correrem oficiosamente, como vimos, não estando a
iniciativa e o impulso processuais condicionados pela vontade das partes.

A ocorrência de acidentes de trabalho ou doenças profissionais e as respectivas consequências


devem ser participadas por escrito e apresentadas ao M.ºP.º, nos seguintes prazos:

Nas 48 horas seguintes à ocorrência do acidente ou ao aparecimento de lesão ou


manifestação de doença, o sinistrado ou alguém por si, deve informar a entidade patronal,
que, se não tiver transferido a responsabilidade para uma seguradora, nos dois dias seguintes
deverá remeter a respectiva participação para o tribunal.

Se o sinistrado não tiver informado a entidade patronal, o prazo para esta participar o acidente
ou a doença ao tribunal é de quatro dias a contar da data do conhecimento do facto
determinante. Mas, se do acidente ou da doença profissional, tiver resultado a morte ou a
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incapacidade permanente do trabalhador, o prazo para enviar a participação é de oito dias, a


contar da data da morte ou da alta.

Exceptuado o caso de morte, a participação é enviada em duplicado, acompanhada de boletim


de exame médico, passado pelo médico assistente.

Cabe referir que o boletim de alta deve ser remetido ao tribunal, no prazo de três dias, a
contar da alta ou se o sinistrado estiver a cargo de uma seguradora, até ao exame médico a
realizar na fase conciliatória, ou ainda sob requisição do juiz (art.º 155.º da Lei 8/98, de 20/7,
e art.ºs, 11.º a 35.º do Diploma Legislativo 1706, de 19/10/1957).

Da participação devem constar todos os elementos de identidade da vítima e dos responsáveis,


a natureza do acidente e os ferimentos, o local, o dia e a hora em que ocorreu, etc..

Quando a participação for feita por uma entidade seguradora, deve ser acompanhada de toda a
documentação clínica e nosológica (respeitante a doenças) disponível, de cópia da apólice e
seus adicionais em vigor, bem como da folha de salários dos mês anterior ao acidente e nota
discriminativa das incapacidades, internamentos e indemnizações pagas desde o acidente.

CONCEITO DE ACIDENTE DE TRABALHO – art.º 153.º da Lei 8/98, 20/7

CONCEITO DE DOENÇA PROFISSIONAL – art.º 157.º da Lei 8/98 de 20/7

2.1.2 – Fase Conciliatória


Os processos de acidente de trabalho iniciam-se por uma fase conciliatória, dirigida pelo
Ministério Público, e têm por base a participação do acidente (art.ºs 30.º, 36.º e 97.º do CPT).

Se o sinistrado e/ou entidade responsável não chegarem a acordo, tem lugar a fase de
contencioso, que adiante trataremos.

A fase conciliatória, de natureza essencialmente administrativa, é dirigida pelo MºPº, como


já foi dito. Este funciona aqui como órgão auxiliar de justiça e não como patrono do
sinistrado.

Porém, só ao juiz cabe homologar o acordo que eventualmente resulte da tentativa de


conciliação, conhecer de qualquer excepção suscitada no decurso desta fase ou proferir
qualquer despacho que ponha termo ao processo.

O M.ºP.º, depois de reunir no processo todos os elementos de natureza administrativa


(participação do acidente, documentação clínica do sinistrado, nota discriminativa das
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incapacidades e indemnizações pagas, apólice de seguro e seus adicionais) e depois de


efectuado o exame médico a que se refere o art.º 103.º do CPT (nos sinistros não mortais),
preside a uma tentativa de conciliação, na qual promove o acordo das partes de harmonia com
os direitos consignados na legislação em vigor (art.ºs 105.º e 106.º do CPT).

Recebida a participação abre-se de imediato “vista” ao M.ºP.º, uma vez que não há lugar a
preparo inicial, por os sinistrados e seus familiares estarem isentos de custas (art.º 2.º, al. b)
do Código das Custas Judiciais Trabalho).

O M.ºP.º, depois de estarem juntos aos autos todos os elementos que considere necessários,
como já vimos, procede às diligências a que se referem os art.ºs 98.º a 102.º do CPT, tendo em
atenção as seguintes situações:

A – Se do acidente resultou a morte do acidentado ou doente, (art.º 98.º do CPT), o M.ºP.º


diligenciará no sentido de requisitar a autópsia ou o respectivo relatório, se for caso
disso, ordenando as diligências necessárias à determinação dos beneficiários legais do
sinistrado ou doente e requisitando ainda às respectivas Conservatórias certidão de
óbito do sinistrado e certidões comprovativas do parentesco dos beneficiários com a
vítima (os beneficiários legais são os familiares referidos no art.º 38.º do Diploma
legislativo 1706 de 19/10/1957). Instruídos os autos com esses elementos, o M.ºP.º
designa data para tentativa de conciliação.

Se não forem encontrados beneficiários legais, procede-se à citação edital, por


incerteza de pessoas, e, se nenhum comparecer, o processo é arquivado.

Este arquivamento é provisório durante o prazo da prescrição (12 meses – art.º 165.º
da Lei 8/98, de 20/7), podendo o processo ser reaberto durante esse prazo se aparecer
algum beneficiário legal.

B – Se do acidente ou doença resultou uma incapacidade permanente, o M.ºP.º designa


logo dia para exame médico, seguido de tentativa de conciliação, (art.º 99.º do CPT).

Em caso de urgência, procede-se imediatamente ao exame médico.

C – Se o sinistrado ou doente se encontrar numa das situações previstas no art.º 100.º do CPT
(o que na prática não é muito frequente), o M.ºP.º ordenará a realização de exame
médico, seguido de tentativa de conciliação, nos termos do art.º 107.º do CPT no
sentido de se conseguir um acordo provisório.
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2.1.3 – Exame médico


Os requisitos e formalismo do exame médico vêm referidos nos art.ºs 103.º e 104.º do CPT.

Vejamos alguns:

– É presidido pelo M.ºP.º e realizado pelo perito médico do tribunal.

– É secreto, isto é, a ele apenas podem assistir, além do M.ºP.º, o oficial de justiça;

– O M.ºP.º pode formular quesitos, se o resultado do exame lhe oferecer dúvidas;

– O perito médico deve indicar no auto o resultado da sua observação e do interrogatório do


sinistrado e, em face desses elementos e dos constantes do processo, deve fazer a descrição
das lesões, indicando a natureza da incapacidade e o grau de desvalorização correspondente,
ainda que provisoriamente, se necessário (art.º 104.º, n.º 1 do CPT).

– O perito médico pode reconhecer que, por si só, não pode definir com rigor a situação
clínica do sinistrado, necessitando, para esse efeito, de elementos auxiliares de diagnóstico ou
de pareceres especializados, que serão requisitados, nos termos do art.º 103.º, n.º 2 do CPT,
aos serviços de saúde da área do tribunal.

Juntos esses elementos ou pareceres aos autos, o M.ºP.º designará nova data para exame
médico seguido de tentativa de conciliação.

Findo o exame médico, o seu resultado será logo notificado ao sinistrado e às pessoas
convocadas para a tentativa de conciliação (art.º 103.º, n.º 4 do CPT) que assim ficam com
o conhecimento exacto do que vão discutir na subsequente tentativa de conciliação.

2.1.4 – Tentativa de Conciliação


Em processo de acidente de trabalho, a tentativa de conciliação é acto de grande importância,
uma vez que é nela que têm de ficar inequivocamente definidos todos elementos
indispensáveis à atribuição ou não de uma indemnização ou pensão ao sinistrado ou doente
(ou aos seus beneficiários legais, em caso de morte).

A tentativa de conciliação é presidida pelo M.ºP.º e nela intervêm, além do sinistrado (ou
dos seus beneficiários legais, em caso de morte), as entidades patronais seguradoras (art.º
105.º, n.º 1 do CPT).

A não comparência injustificada das partes que tiverem sido notificadas para comparecer a
qualquer acto fá-las incorrer em multa (art.º 134.º, n.º 1 do CPT).
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O objectivo da tentativa de conciliação é conseguir o acordo entre as partes, pela atribuição,


pela entidade patronal ou seguradora, de uma indemnização e/ou pensão ao sinistrado ou aos
seus beneficiários (art.º 106.º do CPT).

O M.ºP.º tentará o acordo face aos elementos constantes do processo (designadamente o


resultado do exame médico) e de harmonia com os direitos consignados na legislação em
vigor (art.º 106.º do CPT).

Note-se que, em processo de acidente de trabalho, estamos face a direitos indisponíveis, pelo
que não tem sobre eles eficácia a vontade das partes. Não pode, pois, e como exemplo, um
sinistrado conciliar-se com base num salário inferior ao que foi apurado nos autos.

O conteúdo do auto de tentativa de conciliação vem referido nos art.ºs 108.º e 109.º do CPT,
distinguindo o legislador a situação em que há acordo (art.º 109.º do CPT).

Pode mesmo dizer-se que há uma maior exigência na elaboração dos autos de conciliação
frustrada, uma vez que nele deverão ficar expressamente consignados todos os factos sobre os
quais tenha ou não havido acordo (art.º 109.º, n.º 1 do CPT) e que são os seguintes:

– Existência e caracterização do acidente ou doença;

– Descrição da lesão ou doença;

– Nexo de causalidade entre o acidente e as lesões ou doença;

– Retribuição do sinistrado ou doente; o que recebe com regularidade (Se não houver acordo
sobre a retribuição, o M.ºP.º designa nova data para tentativa de conciliação e convoca,
também, a entidade patronal. (v. art.º 105.º, n.º 2 do CPT).

– Entidade responsável por eventuais pagamentos (indemnizações, pensões, etc., e

– Grau e natureza da incapacidade (ITP, ITA, IPP , IPA).

Assim, não se tendo as partes conciliado, na fase contenciosa que se segue, só se discutirão as
questões acerca das quais não foi obtido acordo, não podendo as outras ser objecto de
discussão, considerando-se definitivamente assentes (art.º 129.º, n.º 1 do CPT).

Caso tenha havido acordo, será o mesmo submetido imediatamente ao juiz que o homologará
(art.º 111.º, n.º 1 do CPT). Neste caso o acordo produz efeito desde a data da sua realização
(art.º 112.º, n.º 1 do CPT).
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Se o acordo não for homologado, o agente do M.ºP.º tentará imediatamente a celebração de


novo acordo para substituir aquele cuja homologação foi recusada (art.º 112.º, n.º 2 do CPT) e
em que terá em atenção os motivos da não homologação.

(Chama-se a atenção para o facto de a homologação do acordo não ter que ser notificada às
partes, uma vez que o art.º 112.º, n.º 3 do CPT apenas exige que elas sejam notificadas da não
homologação).

2.1.5 – Fase Contenciosa


Se não houver acordo quanto a um ou mais factos referidos no n.º 1 do art.º 109.º, e 110.º do
CPT, poderá ter lugar a fase contenciosa, que é presidida pelo juiz, e tem por base a petição
inicial.

Não sendo o acordo alcançado ou não sendo homologado (pelo juiz), o M.ºP.º assume
imediatamente o patrocínio oficioso (Se tiver motivo para recusar o patrocínio, o M.ºP.º
notifica os interessados, que, no prazo de vinte dias, pode reclamar hierarquicamente. Até à
notificação do despacho proferido pelo superior hierárquico não corre o prazo para a
propositura da acção – art.ºs 9.º e 10.º do CPT), do sinistrado ou dos seus beneficiários legais
(em caso de morte) e apresenta a petição inicial no prazo de quinze dias, a contar da frustrada
tentativa de conciliação (art.º 109.º do CPT) ou da notificação da não homologação do acordo
(art.º 112.º, n.º 3 do CPT) – art.ºs 110.º, 115.º e 117.º, n.º1 do CPT.

O prazo para apresentação da petição inicial pode ser prorrogado pelo juiz por igual período, a
pedido do magistrado do M.ºP.º para recolha dos elementos necessários à propositura da
acção.

Se, decorrido o prazo de 15 dias e acção não for proposta, o processo é “concluso” ao juiz,
para suspender a instância, podendo o M.ºP.º propor a acção logo que reúna os elementos para
ela necessários – art.º 117.º do CPT.

Valor:

Na petição inicial, além de formular o pedido principal, o autor requererá a fixação de


incapacidade para o trabalho e/ou determinação da entidade responsável – art.º 115.º do CPT.

Nesta fase (contenciosa), havendo várias questões, o juiz, no despacho saneador, consignará
assentes as questões sobre as quais tenha havido acordo na tentativa de conciliação (na fase
conciliatória) e nos articulados, ordenará, o desdobramento do processo em função do que
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tiver sido requerido pelas partes (art.ºs 129.º, n.º1, 130.º, 109.º, n.º 1, 116.º do CPT, 510.º do
CPC).

Assim, poderá ser ordenado o desdobramento do processo em três partes, a saber:

– Processo principal, em que se decide todas as questões que não devam ser resolvidas nos
apensos que resultarem do desdobramento.

Este processo segue nos mesmos autos em que tiver sido processado a fase conciliatória (art.ºs
116.º, al. a), e 124.º a 135.º do CPT).

– Apenso de fixação de incapacidade para o trabalho (art.º 116.º, al. b) e 136.º do CPT).

– Apenso para determinação da entidade responsável (art.º 116.º, al. c) e 137.º do CPT).

A fixação da incapacidade para o trabalho corre no processo principal quando a fixação tiver
sido fixada provisoriamente (art.ºs 104.º, n.º 2, 107.º,119.º e 120.º, n.º 3 do CPT) ou se a
fixação for o único ponto de discórdia na tentativa de conciliação (art.º 105.º, 109.º e 130.º, n.º
1, al. b) do CPT).

Nas demais situações, corre por apenso ao processo principal – art.ºs 116.º e 130.º, n.º 1, als.
a) e c) do CPT.

A “determinação da actividade responsável “ seguirá no processo principal se for a única


questão a resolver – art.º 130.º, n.º 1, al. c) do CPT.

Sendo várias as questões a decidir, a resolução terá lugar respectivamente, no processo


principal e em cada um dos dois apensos, podendo ainda o juiz ordenar que corra por apenso,
qualquer outro incidente (art.º 130.º, n.º 1, al. a) e n.º 2 do CPT).

3 – RECURSOS
Das decisões dos tribunais distritais cabe recurso para os tribunais provinciais.

Das decisões dos tribunais provinciais cabe recurso para o Tribunal Supremo, segundo as
regras de hierarquia.

Só admitem recurso ordinário as decisões proferidas em causas de valor superior à alçada do


tribunal de que se recorre – art.º 678.º, n.º 1 do CPC.
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Das decisões dos tribunais distritais de trabalho cabe recurso para o tribunal provincial desde
que o valor da acção ultrapasse o valor fixado para as alçadas dos tribunais de 2ª classe e
1ªclasse.

E das decisões proferidas nos tribunais provinciais pode caber recurso para o Tribunal
Supremo, dependendo do valor da acção.

Como já vimos, consente o art.º 13.º, n.º 2 da Lei 18/92, que quando não houver tribunal
distrital o processo corre no tribunal provincial com competência nesse distrito.

3.1 – Prazos de interposição


O prazo para interposição do recurso de agravo é de 10 dias (art.º 76.º, n.º 1 do CPT) e para o
de apelação é de 20 dias (art.º 76.º, n.º 2 do CPT).

(Quanto às decisões de que cabe recurso de apelação ou de agravo e uma vez que o CPT é
omisso, veja-se o que dispõem os art.ºs 691.º e 733.º do CPC).

3.2 – Modo de interposição


O requerimento em que a parte interpõe recurso deve conter as alegações (art.º 77.º, n.º 1 do
CPT).

Junto o requerimento ao processo, a secretaria notifica oficiosamente, com cópia do


requerimento e as alegações, a parte contrária que dispõe de prazo igual ao da interposição do
recurso para contra-alegar, querendo (art.º 77.º, n.º 2 do CPT).

O processo só vai “concluso” ao juiz para admitir e mandar subir o recurso (se for caso disso),
após esgotado o prazo para o recorrido contra – alegar e se, entre outras condições, tiver “sido
dado cumprimento à legislação sobre custas”.

Tal significa, que só depois de contado o processo e após o depósito das quantias (custas)
eventualmente devidas, é que o juiz deve proferir despacho a admitir e mandar subir o
recurso.

Porém, no caso do recurso ser de agravo, há que ter em atenção que, nos termos do n.º 2 do
art.º 78.º do CPT, o juiz tem de reapreciar a questão, podendo sustentar ou reparar o agravo.
Exceptuando os casos previstos no art.º 80.º do CPT, o regime de subida do recurso de agravo
é o de subida diferida.

3.3 – Interposição e efeitos dos recursos


Cabe recurso de apelação da sentença final e da decisão que conheçam do mérito da causa.
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A sentença ou a decisão sobre a procedência de qualquer excepção peremptória, que seja o


caso julgado, conhecem do mérito da causa (art.º 691.º, n.ºs 1 e 2.º do CPC).

O agravo cabe das decisões, susceptíveis de recurso, de que não pode apelar-se (art.º 733.º do
CPC).

O recurso de apelação tem efeito meramente devolutivo (não suspende o efeito da sentença),
sem necessidade de declaração.

O apelante pode, contudo, obter o efeito suspensivo se, no requerimento de interposição de


recurso, requerer a prestação de caução da importância em que foi condenado, por meio de
depósito efectivo no tribunal ou na instituição bancária onde, por força da lei vigente, se
fazem os depósitos judiciais, ou por meio de fiança bancária (art.º 79.º, n.º 1 do CPT). Neste
caso especial, apenas são admitidas estas espécies de caução.

A caução deve mostrar-se prestada no prazo de 30 dias (art.º 79.º, n.º 2 do CPT).

Portanto, face a esta situação em que, ao interpor recurso de apelação, o recorrente pretende
obter o efeito suspensivo, para o que requer a prestação de caução, deverá a secretaria,
imediatamente após notificar a outra parte para contra–alegar, abrir “conclusão” ao juiz para
que este ordene prestação de caução, esse despacho é notificado ao recorrente e recorrido.

Dado que a sentença só constitui título executivo depois do trânsito em julgado, salvo se o
recurso dela interposto tiver efeito meramente devolutivo, o credor que pretenda requerer a
execução de sentença deve aguardar sempre o prazo de trinta dias, destinado à constituição
da caução para efeito suspensivo pelo devedor.

Se a caução não for prestada, a sentença poderá ser, desde logo, executada, apesar de ter sido
interposto recurso (art.º 79.º, n.º 1 do CPT). Essa execução, porém, deve suspender-se após a
venda dos bens penhorados, se nessa altura ainda não estiver transitado em julgado a sentença
que foi objecto de recurso (art.ºs 47.º, n.ºs 2 e 3 e 890.º, n.º 5 do CPC).

Se a caução for prestada, é processada por apenso, seguindo os termos do CPC (art.ºs 433.º e
435.º).

É desejável que o processo principal (no qual foi interposto o recurso) e o apenso de prestação
de caução sejam movimentados simultaneamente, de tal modo que, quando no processo
principal se abrir “conclusão” para o juiz admitir e mandar subir o recurso, já no apenso de
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caução tenha transitado em julgado a decisão proferida sobre a caução oferecida. Só assim o
juiz poderá fixar o efeito suspensivo.

4- PROCESSO EXECUTIVO
No processo executivo laboral, diferentemente do processo civil comum, existem apenas duas
formas de execução: conforme se baseie em sentença de condenação em quantia certa ou em
qualquer outro título (art.º 48.º do CPT).

Quer isto dizer que o valor não é elemento determinativo da forma do processo, apenas se
atendendo à natureza do título executivo.

4.1 – Execução Baseada em Sentença de Condenação em Quantia Certa


Como já atrás se viu, nos termos do art.º 71.º do CPT, com a notificação da sentença
condenatória em quantia certa, a parte condenada será advertida de que deve juntar ao
processo documento comprovativo da extinção da dívida, nos termos e para os efeitos do art.º
87.º do CPT.

Se decorrido o prazo de um mês, ou no prazo que o juiz tiver fixado na sentença, a secretaria
notifica oficiosamente o autor para, no prazo de oito dias, prorrogável pelo juiz (o
requerimento a pedir prorrogação de prazo até 8 dias, é junto ao processo principal, após o
que se abre “conclusão” ao juiz, o despacho que vier a ser proferido é notificado ao
requerente), nomear bens do devedor necessários para solver a quantia exequenda e as custas,
salvo se, entre outras hipóteses, o devedor os houver já previamente nomeado (art.º 87.º, n.º 1,
al.c) do CPT).

Face à notificação acima referida, pode o autor–credor tomar as seguintes atitudes:

A – N ada fazer.

B – Nomear bens à penhora no prazo de oito dias, que pode ser prorrogável pelo juiz (art.º
88.º, n.º 1 do CPT).

C – Requerer a prorrogação daquele prazo (art.º 88.º, n.º 1 do CPT).

D – Requerer ao tribunal que proceda a averiguações no sentido de identificar bens


penhoráveis (art.º 88.º, n.º 2 CPT).
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Os requerimentos a que aludem os pontos B e D dão inicio à execução, sendo autuados por
apenso (art.º 87.º n.º 3 CPT).

Se se verificar a situação referida em C, o respectivo requerimento é junto ao processo e abre-


se “conclusão” ao juiz, notificando-se o autor do despacho proferido.

No caso referido em A há que distinguir se se trata de direitos renunciáveis ou irrenunciáveis


(idêntico destino terá o processo no caso de o autor não requerer ao tribunal a identificação de
bens do devedor nos termos do n.º2 do art.º 88.º do CPT):

– tratando-se de direitos renunciáveis, o processo arquiva-se e a execução só seguirá a


requerimento do autor, nomeando bens à penhora;

– tratando-se de direitos irrenunciáveis, o tribunal, oficiosamente, procede a averiguações no


sentido de identificar bens à penhorar; se estes não forem encontrados, é notificado o
autor/credor, o processo arquiva-se, sem prejuízo de poder continuar logo que sejam
conhecidos bens e desde que não tenha decorrido o prazo de prescrição (art.º 88.º, n.º 4 do
CPT) a observar pelo juiz.

Nesta última situação, o tribunal substitui-se à parte, não tendo a inércia do autor credor
qualquer influência na vida da acção executiva, que será instaurada oficiosamente pelo
tribunal, caso sejam encontrados bens penhoráveis.

Não haverá nesta situação, lugar a preparos, não devendo também o processo ser remetido à
conta, nos termos do art.º 74.º do CCJ mesmo que esteja parado mais de dois meses, já que
não é o autor credor que cabe o impulso processual.

O despacho que ordena a penhora é notificado ao executado (nos termos do n.º 3 do art.º 32.º
do CPT) após a penhora, que dispõe do prazo de cinco dias para deduzir oposição por
embargos, nos termos do disposto no n.º 2 do referido art.º 89.º do CPT podendo alegar
quaisquer circunstâncias que infirmem a penhora ou algum dos fundamentos de oposição à
execução baseada em sentença, previstos no art.º 813.º do CPC.

Os embargos de executado são autuados por apenso à execução (art.º 817.º, n.º 1 do CPC).

Note-se que a figura “oposição” de que fala o art. 94º do CPT reveste-se de uma amplitude
maior do que a figura de “embargos de executado” do processo civil comum, uma vez que
ela engloba não apenas os fundamentos de oposição à execução baseada em sentença
previstas no art.º 813.º do CPC, mas, também, circunstâncias que infirmam a penhora,
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designadamente se ela incidir sobre bens que não podem ser penhorados (art.º 822.ºs e 823.º
do CPC).

Com os embargos são devidos preparos iniciais. Autuados os embargos e depositado o


preparo inicial, o processo é “concluso” ao juiz que ordena a notificação do exequente, (se
não houver lugar a indeferimento liminar) que pode responder no prazo de cinco dias.

Seguidamente, o processo é “concluso” ao juiz que, após a realização das diligências de prova
que considere necessárias, conhecerá da oposição (art.º 89.º, n.ºs 3, 4 e 5 do CPT), seguindo-
se os demais termos de execução previstos no CPC (art.ºs 801.º e 923.º do CPC), sem prejuízo
da suspensão da instância para pagamento em prestações da quantia exequenda prevista no
art.º 96.º do CPT.

Só é lícito penhorar bens que já estejam penhorados noutra execução, se ao devedor não
forem conhecidos outros bens de valor suficiente para liquidar a quantia exequenda e as
custas (art.º 91.º, n.º 1 do CPT).

No caso de a penhora recair sobre bens já penhorados noutro tribunal, há que distinguir duas
situações:

A – Bens já penhorados por outro tribunal de trabalho:

Neste caso faz-se a penhora nos mesmos bens e, oficiosamente, comunica-se o facto ao
tribunal que penhorou em primeiro lugar. Em seguida, abre-se “conclusão” para o juiz
suspender a execução (art.º 92.º, n.º 1 do CPT).

Por sua vez, o tribunal que penhorou em primeiro lugar, face à notificação recebida, terá de
ter em atenção que, do produto da venda dos bens ali penhorados, saem logo as custas do
respectivo processo.

Com o excedente só será pago o exequente se no tribunal que ordenou a segunda penhora, não
houver já créditos a satisfazer; se os houver, pagar-se-á conjunta e rateadamente, se
necessário.

De qualquer modo, no processo que penhorou em primeiro lugar e no qual foi feita a venda,
só poderá ser pago o exequente depois de recebida do tribunal que ordenou a segunda penhora
nota dos créditos verificados e das custas em dívida (art.º 92.º, n.ºs 2 e 3 do CPT).

B – Bens já penhorados por outro tribunal que não do trabalho:


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Neste caso, aplica-se o disposto no art.º 871.º do CPT, cabendo ao exequente e não ao
tribunal, efectuar as diligências previstas nos n.º 1 e 2 daquela disposição legal.

Não esquecer que a antiguidade da penhora de bens imóveis ou móveis sujeitos a registo se
afere pela data do registo da penhora na conservatória e não pela data em que foi lavrado o
auto de penhora (art.º 871.º, n.º1 do CPC).

Numa execução por quantia certa em que se mostrem pagas a quantia exequenda, ainda que
em prestações, e as custas, o processo é “concluso” para sentença de extinção da execução.

Existem execuções em que, dependendo do valor, é dispensada a publicação de anúncios (art.º


94.º do CPT).

4.2 – Execução Baseada Noutros Títulos


Às execuções baseadas em título diverso de sentença de condenação em quantia certa
aplicam-se as normas do processo comum de execução para pagamento de quantia certa,
entrega de coisa certa ou prestação de um facto, previstas nos art.ºs 924.º e seguintes do CPC,
mas sempre na forma sumária, aplicando-se embora o disposto no art.º 89.º do CPT
relativamente aos embargos de executado (art.º 95.º, n.ºs 1 e 2 do CPT).
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5 – CONCLUSÃO
O processo do trabalho foi percursor de algumas das alterações mais significativas que
ocorreram no direito processual em geral. Assim aconteceu no campo da simplificação e da
aceleração processual e também no que concerne ao reforço dos poderes do juiz na direcção
do processo, potenciando os factores de eficácia e um maior equilíbrio entre as partes que, em
geral, se encontra prejudicado pelo diferencial económico e de meios humanos e materiais.

Sem embargo da autonomia relativamente ao processo civil comum, o CPT não esgota a
regulamentação necessária ao foro laboral, demandando o recurso subsidiário ao Código do
Processo Civil quando se trate de integrar casos omissos. Tal mecanismo não suscita
dificuldades perante aspectos totalmente omissos no Código do Processo do Trabalho, mas
revela-se um verdadeiro “quebra-cabeças” quando estão em causa figuras que colhem a sua
regulamentação em ambos os diplomas. A alteração do regime processual civil comum,
desacompanhada da alteração ou da adaptação do processo laboral, suscita dúvidas que
infirmam a principal característica a que deve obedecer o direito adjectivo em geral e o
processo do trabalho em particular: a certeza e a segurança na identificação do regime jurídico
a que obedecem os actos e a tramitação processual.
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6 – BIBLIOGRAFIA
Legislação

 Lei n.º 23/2007, de 14 de Outubro, e Código de Processo do Trabalho (CPT),


aprovado pela Portaria n.º 87/70, de 16 de Março.

Doutrina

 Alberto Leite Ferreira, Código de Processo do Trabalho, Coimbra Editora, 4ª Edição,


1996.
 Augusto Petrony, Código de Processo do Trabalho, Livraria Petrony, 1992.

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