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CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO
O constitucionalismo pode ser entendido como um movimento político-social cujo objetivo é a limitação do poder estatal.
Assim, podemos dizer que a Constituição surge através do "Constitucionalismo". Ou seja, chama-se de constitucionalismo a
evolução das relações entre governantes e governados que faz surgir a Constituição. É um movimento que visa estabelecer
três ideias básicas: Garantia de direitos; Separação de poderes; Governo Limitado. Apresenta-se de acordo com a história:
a) Constitucionalismo Antigo: Manifestado primeiramente na civilização hebraica (teocrática) onde o poder era limitado pela
"Lei do Senhor" e posteriormente na civilização grega (polis) onde havia inclusive uma escolha de cidadãos para os cargos
públicos, também se manifestou posteriormente em Roma (antiga República Romana);
b) Constitucionalismo da Idade Média: Marcado pela Magna Carta de 1215 onde o rei João "sem terra" teve de assinar uma
carta de limitações de seu poder para que não fosse deposto pelos barões. Nessa linha, além dos pactos, destacam -se o que
a doutrina chamou de forais ou cartas de franquia, também voltados para a proteção dos direitos individuais. Diferenciam -se
dos pactos por admitir a participação dos súditos no governo local (elemento político);
c) Constitucionalismo Moderno: Marcado pela Revolução Francesa e pela Independência dos Estados Unidos, onde o povo
realmente passava a legitimar a Constituição e exigir um rol de garantias perante o Estado. Embora parte da doutrina
defenda que em tempos remotos já existia algo que pudesse ser chamado de Constituição, o termo “constitucionalismo” é
recente e está ligado a esta limitação do Poder arbitrário dos governantes em face do povo e do respeito à lei. O
constitucionalismo moderno nasce com um forte viés liberal, consagrando valores maiores como a liberdade e a proteção à
propriedade privada, evidenciando o voluntarismo e a exigência de que o Estado se abstenha de intervir na esfera privada;
NEOCONSTITUCIONALISMO
c) Centralidade da Constituição e dos direitos fundamentais: as constituições passam a ocupar o centro do ordenamento
jurídico, antes ocupado pelos códigos, surgindo a constitucionalização de diversos ramos do direito. Ou seja, a Constituição
passa a regulamentar outros ramos do direito, como o direito civil, por exemplo.
d) Fortalecimento do Poder Judiciário: hoje, o juiz é o principal protagonista, e não mais o legislador. Por exemplo: se o
legislador faz uma lei contrária à constituição, o judiciário irá afastar essa lei. Mas o ideal é que não existam protagonistas,
deve existir o equilíbrio entre os poderes.
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
a) Constituição de 1824: primeira Constituição do país, outorgada por dom Pedro I. Mantém os princípios do liberalismo
moderado. Suas principais medidas foram o fortalecimento do poder pessoal do imperador com a criação do Poder
Moderador acima dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a ser governadas por presidentes
nomeados pelo imperador. Eleições indiretas e censitárias, com o voto restrito aos homens livres e proprietários e
condicionado a seu nível de renda. Reformas - Ato Adicional de 1834, que cria as Assembleias Legislativas provinciais.
Legislação eleitoral de 1881, que elimina os dois turnos das eleições legislativas.
b) Constituição de 1891: promulgada pelo Congresso Constitucional que elege Deodoro da Fonseca presidente. Tem espírito
liberal, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos. Tem como principais medidas estabelece o presidencialismo,
conferir maior autonomia aos estados da federação e garantir a liberdade partidária. Institui eleições diretas para a Câmara,
o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos. O voto é universal e não secreto para homens acima de
21 anos e vetado a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos. Determina a separação oficial entre o Estado e a Igreja
Católica e elimina o Poder Moderador.
c) Constituição de 1934: promulgada pela Assembleia Constituinte durante o primeiro governo do presidente Getúlio Vargas,
reproduz a essência do modelo liberal anterior. Teve como principais medidas conferir maior poder ao governo federal.
Estabelecer o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o direito de voto às mulheres, já instituídos pelo Código
Eleitoral de 1932. Prevê a criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho.
d) Constituição de 1937: outorgada por Getúlio Vargas é inspirada nos modelos fascistas europeus. Institucionaliza o regime
ditatorial do Estado Novo. Teve como principais medidas instituir a pena de morte, suprimir a liberdade partidária e anular a
independência dos poderes e a autonomia federativa. Permite a suspensão de imunidade parlamentar, a prisão e o exílio de
opositores. Estabelece eleição indireta para presidente da República, com mandato de seis anos.
e) Constituição de 1946: promulgada durante o governo Dutra, reflete a derrota do nazi-fascismo na II Guerra Mundial e a
queda do Estado Novo. Teve como principais medidas restabelecer os direitos individuais, extinguindo a censura e a pena de
morte. Devolve a independência dos três poderes, a autonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente
da República, com mandato de cinco anos. Reformas - Em 1961 sofre importante reforma com a adoção do parlamentarismo,
posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963, que restaura o regime presidencialista.
f) Constituição de 1967: promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo Castello Branco. Institucionaliza a ditadura
do Regime Militar de 1964. Suas principais medidas foram Manter o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2 e
estabelecer eleições indiretas para presidente da República, com mandato de quatro anos. Reformas - Emenda
Constitucional n° 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Incorpora nas suas Disposições Transitórias os dispositivos do Ato
Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, permitindo que o presidente, entre outras coisas, feche o Congresso, casse mandatos e
suspenda direitos políticos. Dá aos governos militares completa liberdade de legislar em matéria política, eleitoral,
econômica e tributária. Na prática, o Executivo substitui o Legislativo e o Judiciário. No período da abertura política, várias
outras emendas preparam o restabelecimento de liberdades e instituições democráticas.
g) Constituição de 1988 :é a Constituição em vigor. Elaborada por uma Assembleia Constituinte, legalmente convocada e
eleita, é promulgada no governo José Sarney. É a primeira a permitir a incorporação de emendas populares. Boa parte dos
dispositivos constitucionais ainda depende de regulamentação.