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&UpGLWRjV0LFURH3HTXHQDV(PSUHVDV
$VVLPHWULDGH,QIRUPDomRH$QiOLVHGD
5HDOLGDGH%UDVLOHLUD
&DWHJRULD*UDGXDQGR
1
Ë1',&(
,1752'8d2
&$3Ë78/20,&52(3(48(1$6(035(6$612%5$6,/
1.1. Justificativas Econômicas para a Existência das MPEs.....................5
1.2. Caracterização das MPEs no Brasil..................................................6
1.3. Sobrevivências das MPEs no Brasil..................................................9
1.4. Formas de Acesso ao Crédito Disponíveis.......................................11
&$3Ë78/2,1)250$d2$66,0e75,&$120(5&$'2'(&5e',72
2.1. Mercado de Crédito.........................................................................13
20RGHORGH6WLJOLW] :HLVV««««««««
2.2. O Mercado de Crédito Brasileiro……………………....................22
23URFHVVRGH$QiOLVHGH&UpGLWR««««««««
2.3. Propostas para a redução da assimetria de informações
no mercado de crédito para as MPEs……………………..............32
*UDPHHQ%DQN««««««««
&$3Ë78/2&$3$&,'$'('(3$*$0(172'$603(6%5$6,/(,5$6
8002'(/2'(&5(',76&25,1*
3.1. Introdução.......................................................................................33
3.2. Metodologia Econométrica............................................................39
3.3. Resultados.......................................................................................40
3.4. Conclusões do Estudo.....................................................................45
&21&/862
%,%/,2*5$),$
2
,1752'8d2
2HPSUHHQGHGRUpRDJHQWHGRSURFHVVRGHGHVWUXLomRFULDWLYD
eRLPSXOVRIXQGDPHQWDOTXHDFLRQDHPDQWpPHPPDUFKDR
PRWRUFDSLWDOLVWDFRQVWDQWHPHQWHFULDQGRQRYRVSURGXWRV
QRYRVPHUFDGRVHLPSODFDYHOPHQWHVREUHSRQGRVHDRVDQWLJRV
PpWRGRVPHQRVHILFLHQWHVHPDLVFDURV
-RVHSK$ORLV6FKXPSHWHU(1883 - 1950)
frase poderia indicar um apelo ufanista aos observadores (nacionais e estrangeiros) menos
Relatório Global, 2002), ratificamos esta realidade. Segundo o relatório, estima-se que no
Brasil em 2002, 14.4 milhões de pessoas estavam envolvidas com alguma atividade
empreendedora, ou seja, um em cada sete brasileiros estava empreendendo, fato este que
com 5% dos 286 milhões de empreendedores ativos em 2002 nos 37 países participantes da
pesquisa que resultou no relatório. Não por acaso, as MPEs assumem tamanha importância
empregadores do país são empresas de micro e pequeno porte, respondendo por cerca de
20% do Produto Interno Bruto (PIB) e 53% dos empregos formais no Brasil.
3
7DEHOD,±3DUWLFLSDomRGDV03(VQD(FRQRPLD%UDVLOHLUD
negócio, procuro investigar e levantar neste trabalho alguns dos fatores que têm
Este trabalho fará uma revisão bibliográfica da literatura que discute um dos fatores
teóricas mais conhecidas, aplicadas ao mercado de crédito, são frutos do trabalho seminal
4
Por fim, no terceiro capítulo, apresento um estudo empírico, analisando as características
da inadimplência no setor das MPEs à luz das teorias e modelos vistos no capítulo anterior.
•••
&$3Ë78/2
0,&52(3(48(1$6(035(6$612%5$6,/
-XVWLILFDWLYDV(FRQ{PLFDVSDUDD([LVWrQFLDGDV03(V
desenvolvimento tecnológico.
produtos e serviços).
%DQFRGH'HVHQYROYLPHQWR:
5
Expandindo algumas dessas proposições de Schumpeter e avaliando o posicionamento
absorção de mão-de-obra, seja pelo crescimento das MPEs já existentes, seja pelo
caráter global, de maior impacto em empresas mais dependentes dos mercados externos);
&DUDFWHUL]DomRGDV03(VQR%UDVLO
MPEs:
6
Analisando algumas das informações fornecidas pelo SEBRAE, a partir de dados do
*UiILFR±3DUWLFLSDomRGDV0LFURHPSUHVDVQR7RWDOGH(PSUHVDVFRQVWLWXtGDVSRU
5HJLmRSHUtRGRGH
1RUWH
6XO
&HQWUR2HVWH
1RUGHVWH
6XGHVWH
%UDVLO
classificação do SEBRAE, tem até nove empregados (se comércio ou serviço) e até 19
*UiILFR±'LVWULEXLomRGDV03(VSRU6HWRUGH$WLYLGDGH
&RPpUFLR
6HUYLoRV
$JURSHFXiULD
,QG~VWULDGH
7UDQVIRUPDomR
&RQVWUXomR&LYLO
$GP3~EOLFD
([WUDWLYLVPR0LQHUDO
6,83
Fonte: MONAMPE
7
Não por acaso, o discurso político no final dos anos 90 e do início do séc. XXI
prima, via de regra, pelo desenvolvimento de metas sustentáveis de apoio aos micro e
geral, percebemos que as MPEs são bem distintas das grandes empresas e transnacionais.
Vale destacar o alto grau de concentração de compras dentro do país (nos mercados
internos), reforçando a hipótese de que são as MPEs que dinamizam a economia nacional.
7DEHOD±&DUDFWHUL]DomRGDV03(VEUDVLOHLUDVHP
&DUDFWHUtVWLFDVGDV03(V 7RWDO±%UDVLO
Compram só do mercado interno 90%
Exportam 5%
Utilizam até 50% da capacidade instalada 50%
Compraram máquinas e equipamentos nos últimos três anos 30%
Querem melhorar a gestão, mas não possuem recursos 60%
Utilizam a informática 30%
Utilizam sistema de controle de qualidade 47%
Treinam seu pessoal 30%
Utilizam técnicas de marketing 20%
Fazem planejamento da produção e vendas 60%
Controlam e avaliam a produtividade 25%
Têm controle de estoques 60%
Têm gestão de estoques 20%
Têm registro de marcas e patentes no INPI 35%
Mantêm contatos com centros de tecnologia 25%
Seguem normas do INMETRO 30%
Fonte: SEBRAE
alguns dos aspectos gerenciais deste segmento, como demonstrado na tabela 1.3.
7DEHOD±'HVHPSHQKR&DSDFLWDomRH(VWUDWpJLDV&RPSHWLWLYDVHP
&DUDFWHUtVWLFDVGDV03(V 7RWDO±%UDVLO
Faturamento médio por pessoa ocupada Brasil em US$ / ano
Micro empresas 25.000
1
Em 2002, parte do discurso do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva e de seu partido, o
Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu o apoio incondicional do Poder Executivo às MPEs
como meio eficaz de desenvolvimento econômico.
8
Pequenas 35.000
Rejeição de produtos (média brasileira: 2%) 5%
Desperdício de matérias-primas 7%
Dias de interrupção da produção, não previstas (anual) 18
Utilizam controle estatístico do processo 17%
Utilizam “just in time” 20%
Não realizam treinamento da mão-de-obra 70%
Pessoal qualificado ou nível superior no quadro 40%
Concedem benefícios aos empregados 30%
Realizam pesquisas sobre necessidades dos consumidores 12%
Registram as sugestões dos clientes 15%
Têm serviço de atendimento aos clientes 55%
Fazem uso de controles gerenciais 60%
Programam investimentos 30%
Dotam de informações sobre processos produtivos e tecnologia 27%
Fonte: SEBRAE
grandes empresas no que se refere às práticas gerenciais. Há, sem dúvidas, grande espaço
6REUHYLYrQFLDVGDV03(VQR%UDVLO
composta por MPEs, que são as verdadeiras responsáveis pela geração de emprego no país.
mudança, com papel crucial na inovação tecnológica, mas também impõem, sob a ótica
Para estes autores, as MPEs nascentes têm em seus primeiros anos de existência muitas
incertezas quanto à demanda de seus produtos. Eles apontam ainda que muitos dos motivos
9
que não permitem que tais empresas sobrevivam no longo prazo, tenham relação com a
Muitos estudos comprovam que a taxa de mortalidade se reduz com o porte e tempo
uma expansão do conhecimento e mapeamento das causas que levam à realidade brasileira.
Segundo estes autores, a existência de algum tipo de filiação ou relação com uma empresa
mortalidade das empresas no Brasil. Os autores ainda investigam a alta correlação entre a
taxa de natalidade das empresas e sua taxa de mortalidade que, no período da realização do
estudo, foi de 32.6% e 25.3% para as MPEs e 4.7% e 4.5% para as grandes empresas
*UiILFR ± 7D[DV GH 1DWDOLGDGH H 0RUWDOLGDGH GH (VWDEHOHFLPHQWRV QR %UDVLO
'H]'H]
Fonte: Rais / MTE apud
NAJBERG et al (2000)
concentração grande da mortalidade até o primeiro ano de vida da empresa, como se pode
10
*UiILFR±7D[DGH0RUWDOLGDGHSRU,GDGHH3RUWH
Fonte: Rais / MTE apud
NAJBERG et al (2000)
escala é mais relevante, é maior a mudança de porte das firmas sobreviventes em relação,
existência de políticas públicas que reduzam a mortalidade das unidades de menor porte,
uma vez que estas, apesar das altas taxas de mortalidade, formaram o segmento que
analisado.
)RUPDVGH$FHVVRDR&UpGLWR'LVSRQtYHLV
tipos de linhas disponíveis para crédito às MPEs no país atualmente, cujas características
11
7DEHOD±/LQKDV'LVSRQtYHLVGH&UpGLWRjV03(V
7LSR &DUDFWHUtVWLFDV
O capital destinado à aquisição de máquinas e/ou equipamentos e
3DUD LQYHVWLPHQWR HRX LQYHVWLPHQWR
obras civis indispensáveis à implantação, modernização,
IL[R
funcionamento ou ampliação da empresa
Recurso destinado à compra de mercadorias, reposição de
3DUDFDSLWDOGHJLUR
estoques, despesas administrativas, etc.
A parcela de recursos destinada a cobrir as despesas que a empresa
&DSLWDO GH JLUR DVVRFLDGR DR terá com investimentos realizados. Ou seja, se a empresa financiou
LQYHVWLPHQWRRXLQYHVWLPHQWRPLVWR uma máquina, poderá necessitar de matéria-prima para a produção
– neste caso, será financiado o capital de giro.
Fonte: SEBRAE
do Brasil (BB), o BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF). Para se ter uma dimensão,
Entre os bancos privados, destaca-se o Unibanco que para o ano de 2003 prevê um
repasse de R$ 700 milhões, com expansão prevista em 30% para 2004. Tal expansão será
Por fim, é importante destacar a função dos bancos no apoio ao desenvolvimento das
MPEs, segundo o SEBRAE: e IXQomR GRV EDQFRV GHFLGLU D DSURYDomR RX QmR GD
VROLFLWDomR GH HPSUpVWLPR EHP FRPR OLEHUDU RV UHFXUVRV ILQDQFHLURV SDUD DV
PLFURHPSUHVDVHHPSUHVDVGHSHTXHQRSRUWH.
•••
12
&$3Ë78/2
,1)250$d2$66,0e75,&$120(5&$'2'(&5e',72
0HUFDGRGH&UpGLWR
³&UHGLWPDUNHWVLQXQGHUGHYHORSHGFRXQWULHVRIWHQVWURQJO\UHIOHFWWKHRSHUDWLRQRI
quanto “profética”, George Akerlof iniciou sua breve argüição sobre o tema “Assimetria de
Informação” no mercado de crédito. Apesar de seu comentário ter sido tecido frente à
realidade por ele observada na Índia à época de seu famoso estudo, Akerlof ainda é atual
60% das MPEs gostariam de tomar algum tipo de empréstimo, se fosse fácil e barato. Na
funcionamento dos mercados de crédito se deve aos poucos incentivos para o investimento
Até esta data, grande parte dos lucros auferidos pelos bancos advinham de receitas
com operações de IORDWLQJ que associadas à tradição de concessão de crédito por bancos
13
Adicionalmente, os autores demonstram que no Brasil os bureaus de informação de
pagamento do tomador.
Por fim, as péssimas práticas contábeis e a alta sonegação fiscal fazem com que o
relacionamento bancário seja uma das principais fontes de informações sobre um amplo
cobrando taxa de juros e exigindo níveis de garantias (burocracia) acima daquelas que
existente para o segmento de MPEs, este capítulo busca sintetizar as principais teorias e
20RGHORGH6WLJOLW] :HLVV
quando o preço das negociações de empréstimo (o juro) não necessariamente seguirá uma
lógica de mercado, diminuindo quando a oferta de crédito for superior à sua demanda ou
2
As principais BICs são: SERASA (Centralização de serviços dos bancos), CADIN (Cadastro
informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais) e SCPC (Serviço central de
proteção ao crédito).
14
aumentando quando o volume financeiro demandado por empresas dispostas a tomar
Desse modo, STIGLITZ & WEISS (1981) argumentam que o mercado de crédito
pode observar um equilíbrio num ponto em que existe excesso de demanda por crédito,
quando os bancos maximizariam seus lucros. Assim, existem empresas dispostas a pagar
uma taxa de juros superior à taxa de equilíbrio, mas esta taxa superior não se torna
interessante ao banco, uma vez que ela embute um risco maior de inadimplência. Desta
forma, não é ótimo para o banco realizar novos empréstimos a taxas elevadas (acima da
taxa de equilíbrio), equilibrar o mercado e suprir esta demanda por crédito. Perpetua-se o
basicamente com dois fatores: as taxas de juros (que receberão sobre o montante
contratos). Entretanto, a taxa de juros cobrada pelo banco pode, por si só, afetar o risco de
incentivo). A seleção adversa que ocorre em função da taxa de juros é uma conseqüência
dívidas.
identificar os bons e maus pagadores e, por isso, necessita de indicadores que de algum
modo discrimine ambos. Uma forma usual para se observar esses pagadores pode ser feita
por meio da análise de uma curva da demanda por empréstimos a diferentes taxas de juros.
As empresas que aceitarem tomar empréstimos a taxas de juros mais elevadas são aquelas,
do ponto de vista do banco, menos propensas a pagar seus saldos devedores, por
15
trabalharem com projetos de maior risco. Isto ocorre, pois só as empresas detentoras de
projetos capazes de gerar altos retornos (superiores às elevadas taxas de juros), com riscos
associados igualmente altos, terão disposição a tomar empréstimos a taxas tão altas.
Assim, à medida que aumenta a taxa de juros, aumenta o risco médio dos projetos,
empresas.
Como há neste caso um risco moral embutido, dado que os bancos não conseguem
controlar as ações que os tomadores de empréstimo devem tomar para diminuir o risco de
Por essas razões, o retorno esperado do banco pode ser maximizado a uma taxa de
juros menor do que aquela que equilibraria a demanda e a oferta neste mercado, podendo,
)LJXUD±([LVWHXPWD[DGHMXURVTXHPD[LPL]DRUHWRUQRHVSHUDGRSDUDREDQFR
Retorno Esperado
r* Taxa de Juros
Fonte: STIGLITZ & WEISS (1981)
De acordo com a figura 2.1, o retorno esperado do banco ocorre à taxa r*. É
taxa r* reduziriam o retorno esperado dos bancos. Portanto, nenhuma empresa que se
16
dispusesse a tomar empréstimos a um taxa superior a r* conseguiria faze-lo, mesmo que
seja idêntica às firmas que já recebera o empréstimo. Fica assim traçada uma situação de
No entanto, como ainda ressaltam STIGLITZ & WEISS (1981), a taxa de juros não
empréstimos.
Assim, bem como a taxa de juros, existiria um nível ótimo de exigências (de
garantias) que um banco deveria exigir, de modo a maximizar seu retorno. Isto porque
empreendedores ricos sejam aqueles menos avessos ao risco e que justamente por este
motivo, incorreram em maiores lucros com seus projetos. Também é provável que os
adversa no mercado de crédito, da mesma forma que o faz a taxa de juros. Para visualizar
)LJXUD±1tYHOyWLPRGH7D[DGH-XURVU
Retorno Esperado
Todos
tomam Onde:
empréstimo r = Taxa de Juros
Só os
arriscados
tomam Fonte: STIGLITZ & WEISS (1981)
empréstimo
r1 r2 r
17
Assumamos a existência de dois grupos: o grupo “seguro” que tomará empréstimos
apenas a uma taxa de juros r1 e o grupo “arriscado” que se sujeitará a tomar empréstimos
até o nível de juros r2, sendo que r1 < r2. Quando a taxa de juros aumenta minimamente
seleção adversa.
)LJXUD±1tYHOyWLPRGH*DUDQWLDV&
Retorno Esperado
Todos
tomam Onde:
empréstimo C = Nível de Garantias
Só os
arriscados
tomam
empréstimo Fonte: STIGLITZ & WEISS (1981)
C1 C2 C
Similarmente à figura 2.2, assumamos novamente a existência de dois grupos: o
patamar de C2, sendo que C1 < C2. Quando o nível de garantias exigidas aumenta
18
garantias reais, apresentação de contrato social da empresa, dois a três balanços,
comprovação de faturamento dentre outras exigências) para que haja um interesse maior
pela captação de crédito no mercado formal (bancos), conforme podemos ver no gráfico
2.1.
*UiILFR±$o}HVSDUDIDFLOLWDUSDUDDV03(VDWRPDGDGHQRYRVHPSUpVWLPRV
Redução da
35%
Burocracia
Aumento nos
14%
Prazos
Redução de
7%
Impostos
Maior Carência 2%
inferem alguns possíveis cenários de taxas de juros, caso fosse “fácil e barato” tomar
*UiILFR±'HPDQGDSRWHQFLDOSRUQRYRVHPSUpVWLPRVGDV03(V
6%
7D[DGH-XURV0HQVDOQRPLQDO
5%
5
4%
'HPDQGDREVHUYDGD
3%
OLQKDGHWHQGrQFLDUHJUHVVmR
2%
1%
0%
0 1 2 3 4 5 6
Fonte: SEBRAE-SP /
ELOK}HVGH5 Fipe (1999)
19
7DEHOD±'HPDQGDSRWHQFLDOSRUQRYRVHPSUpVWLPRVGDV03(V
7D[D GH -XUR QRPLQDO 'HPDQGD3RWHQFLDO (ODVWLFLGDGHSUHoR GD GH 03(V SRWHQFLDOPHQWH
DP HPPLOK}HVGH5 GHPDQGD LQWHUHVVDGDV
QRDUFR
4,2% 108,7 - 2,3%
3,1% 294,6 -6,5 4,6%
2,1% 1.023,4 -7,7 11,1%
1,0% 2.533,4 -2,8 25,4%
0,5% 4.956,9 -2,0 36,3%
Fonte: SEBRAE-SP / Fipe (1999)
(1999) que tiveram solicitação de crédito negada, a grande exigência por parte dos bancos
responde por quase 60% do total das causas, conforme podemos observar no gráfico 2.3.
Isto indica que no esforço de redução da assimetria de informação existente, uma boa parte
*UiILFR±5D]}HVDOHJDGDVSHORVEDQFRVSDUDQmRFRQFHVVmRGHFUpGLWR
Insuficiência de
36%
garantias reais
Insuficiência de
23%
documentos
Registro no CADIN
11%
/ SERASA
Linhas de crédito
10%
fechadas
Outros 20%
3
A questão permitia mais de uma resposta, razão pela qual a soma dos resultados ultrapassa
100%.
20
Pode-se dizer, então, que se as taxas de juros, as exigências impostas pelos bancos e
a burocracia fossem reduzidas de forma significativa, isto, por si só, permitiria um aumento
com grande potencial de redução dos efeitos negativos da seleção adversa. Assim,
Após o artigo de STIGLITZ & WEISS (1981), muitos outros artigos se seguiram.
Um dos estudos recentes mais interessantes é o de DE MEZA & WEBB (1987), resumido
MEZA (2002) concorda que muitas empresas, especialmente as pequenas e novas, não têm
acesso ao mercado de crédito. Mas o autor argumenta que esta situação é ótima do ponto
de vista de eficiência do mercado e que não deve haver intervenções para fornecer novos
na verdade, resultar num nível de surgimento de novas empresas que excede o ótimo do
ponto de vista da sociedade. O modelo de DE MEZA & WEBB (1987) relaxa uma das
suposições de STIGLITZ & WEISS (1981), ou seja, que o retorno esperado dos projetos
não varia entre empresas. Segundo os autores, uma hipótese mais realista é que há uma
Suponha que um indivíduo tenha duas opções: ser empregado ou abrir um negócio.
uma média de acordo com cada função. Assim, um indivíduo com habilidade acima da
média tem incentivos para trabalhar por conta própria. Isso causa uma diminuição na
média de habilidades para cada função, o que provoca uma diminuição do salário e um
incentivo adicional para trabalhadores (agora menos hábeis) saírem. Além disto, como os
21
mais hábeis são também bons pagadores, isto faz com que os mal pagadores também
entre abrir seu negócio ou ser empregados são é o mais hábil empregado e o menos hábil
dos empreendedores. Isto provoca uma distorção no mercado e faz com que haja mais
ausência de crédito para pequenos empreendedores é, na verdade, uma maneira pela qual
Para defender suas conclusões, DE MEZA (2002) aponta para evidências empíricas
que confirmam que são os projetos de maior risco que geralmente não conseguem
financiamento. Além disto, vários estudos documentaram uma correlação positiva entre a
modelos, tentando identificar como a inadimplência varia com a taxa de juros, com o valor
20HUFDGRGH&UpGLWR%UDVLOHLUR
PINHEIRO & MOURA (2001) classificam o mercado em três segmentos, no que tange
22
de crédito é descentralizado, automatizado e baseado essencialmente em informações
negativas e terceirizadas.
com os tomadores. A péssima qualidade das informações contidas nos balanços desses
valores típicos de empréstimo demandados até R$ 20 mil, como pode ser visto no gráfico
2.4, e prazo de pagamento em até 24 meses para 70% dos casos, como visto no gráfico 2.5.
*UiILFR±'LVWULEXLomRGHIUHTXrQFLDGRVYDORUHVGRVHPSUpVWLPRV
37%
27%
11% 12%
8%
4%
23
*UiILFR±3UD]RVPDLVGHPDQGDGRVSHODV03(VSDUDQRYRVHPSUpVWLPRV
47%
23%
12%
8%
6% 5%
até 12 meses até 24 meses até 36 meses até 48 meses até 60 meses mais de 60
meses
empréstimos desejados para as MPEs. Em 40% dos casos, a utilização do crédito é para
uso exclusivo em capital de giro e em 30% das MPEs, o crédito tomado seria utilizado para
das MPEs que estão atualmente operando com lucro, conforme podemos observar no
*UiILFR±)LQDOLGDGHGRVHPSUpVWLPRVGHVHMDGRVSHODV03(V
Investimento 30%
Pagar Dívidas 9%
Outros 8%
24
Fonte: SEBRAE-SP / Fipe (1999)
*UiILFR±)LQDOLGDGHGRVHPSUpVWLPRVGHVHMDGRVHQWUHDV03(VFRPHVHPOXFUR
Capital de Giro
45%
37%
Investimento 20%
39%
Pagar Dívidas
11%
6%
12%
Outros
4%
dados dispostos na tabela 2.2, notamos um alto grau de casamento entre os prazos médios
de vendas e gastos das MPEs em todos os níveis. Isto faz com que a MPE consiga ter
muito pouco “colchão” financeiro no curto prazo para poder operar com tranqüilidade,
tendo sua saúde financeira (ao menos de curto prazo) bastante elástica à sua demanda.
Assim, se a clientela dessas empresas estiver inadimplente, as MPEs não têm “fôlego” para
sobreviver sem tomar novos empréstimos, daí, talvez, o percentual tão elevado na
7DEHOD ± 'LVWULEXLomR GDV 03(V VHJXQGR R SUD]R PpGLR GH YHQGDV H JDVWRV D
SUD]R
25
15 dias 6% 6%
Outros prazos 8% 8%
Total 100% 100%
Fonte: SEBRAE-SP / Fipe (1999)
as MPEs. Segundo análise dos autores pra dados fornecidos pelo Banco Central, no caso
dos pequenos devedores (empréstimos até R$ 50 mil), a dívida com um único banco é
ainda mais predominante, e apenas uma em cada dez empresas deve dinheiro para mais de
uma instituição.
(64% das MPEs, como visto no gráfico 2.4) que requerem suas dívidas de uma única
no Brasil (R$ 325 bilhões em 30 de junho de 2000), sendo R$ 53 bilhões para pessoas
juros e volume de crédito concedido, segundo cinco diferentes cenários de custo de capital
dos bancos, PINHEIRO & MOURA (2001) permitem uma caracterização mais completa
assimetria de informação.
26
7DEHOD±5HDomRGR0HUFDGRGH&UpGLWRDXPD5HGXomRGR&XVWRGH
)XQGRVSDUDRV%DQFRV
9DULiYHLV &XVWRGH&DSLWDOGRV%DQFRV5
&RP&RPSOHWD6LPHWULDGH,QIRUPDo}HV
7D[DVGH-XURV
Tomadores Seguros 27,6 22,4 17,3 12,2 9,7
7RPDGRUHVGH5LVFR
9ROXPHGH&UpGLWR
Tomadores Seguros 393,4 431,6 469,9 508,2 527,3
7RPDGRUHVGH5LVFR
7D[DGH,QDGLPSOrQFLDGR0HUFDGR
&RP$VVLPHWULD,QWHUEDQFiULDGH,QIRUPDo}HV
7D[DVGH-XURV
Corporativo 27,6 22,4 17,3 12,2 9,7
Médio 32,0 27,0 21,9 16,8 14,3
9DUHMRLQFOXLQGR03(V
9ROXPHGH&UpGLWR
Tomadores Seguros 356,7 394,8 432,8 470,9 490,0
Corporativo 143,5 160,8 178,2 195,6 204,3
Médio 213,1 233,7 254,4 275,0 285,3
9DUHMRLQFOXLQGR03(V
7RPDGRUHVGH5LVFRQR9DUHMRLQFOXLQGR03(V
7D[DGH,QDGLPSOrQFLDGR0HUFDGR
Fonte: adaptação de PINHEIRO & MOURA (2001)
STIGLITZ & WEISS (1981). De fato, no mercado brasileiro de crédito há uma clara
percentuais para tomadores seguros e 28.90 pontos percentuais para tomadores de risco
empréstimo pela variável que lhes é mais discricionária, a taxa de juros e, com isso,
percebemos pouca mudança no que tange ao spread cobrado aos tomadores de risco. Na
verdade, com uma média de 28.82 pontos percentuais de spread sobre o custo de captação
27
bancário, percebemos que os pequenos tomadores de empréstimo arriscados obtêm mais
crédito concedido fica em média com 73% do total, superior aos 71% médios observados
mercado, que fica em torno de 6.9% no mercado simétrico, contra os 7.22% médios na
realidade assimétrica.
Claramente, os tomadores de risco são penalizados com taxas de juros muito mais
altas, como também o são os tomadores seguros de pequeno porte (que representam algo
em torno de 0.05% do volume total de crédito concedido no país), para os quais não vale a
pena pagar para informar ao mercado sobre seu tipo, uma vez que não terão tratamento
diferenciado na taxa de juros. Assim, o crédito se concentra nos grandes tomadores, com
taxas de juros inferiores àquela que talvez muitos tomadores de risco estariam dispostos a
pagar, mantendo o mercado num ponto de equilíbrio inferior àquele que equalizaria as
forças de demanda e oferta neste mercado, mas que maximiza os lucros das instituições
financeiras.
os SOD\HUV se beneficiam da redução do custo de captação (R) dos bancos, tanto com a
tomadores, indicando que políticas monetárias mais expansionistas devam ser consideradas
Por fim, uma conclusão importante deste estudo de PINHEIRO & MOURA (2001)
é a de que tratando os devedores que não querem pagar para revelar seu tipo
28
irrecuperáveis e mantêm o mercado “relativamente seguro”. As principais conseqüências
negativas da segmentação do mercado são as altas taxas de juros cobradas dos pequenos
23URFHVVRGH$QiOLVHGH&UpGLWR
PINHEIRO & MOURA (2001) fazem uma valiosa síntese das características
processos de análise de créditos, uma vez que grande parte de suas receitas não derivava de
No período de alta inflação (de 1974 a junho de 1994), a política monetária visava
crescentes níveis de demanda agregada. Com isso, as taxas de inadimplência das empresas
eram baixas, as mudanças nas provisões para devedores duvidosos constituíam uma
pequena fatia dos gastos totais dos bancos e a receita com crédito respondia por uma fatia
crédito eram quase inexistentes, limitando-se à manutenção dos cadastros internos dos
informações sobre seus clientes com outros credores (bancos e não-bancos) por meio de
uma rede informal de informantes, cuja função única era checar os dados restritivos sobre
os tomadores de empréstimos.
Só após a estabilização dos preços em 1994, com o plano real, que os bancos
de bens de consumo duráveis. De qualquer modo, ainda hoje, apenas 10% das MPEs
requerem algum tipo de financiamento por meio de bancos (privados e oficiais), sendo que
29
a forma predileta de financiamento ainda se encontra no pagamento de fornecedores a
no gráfico 2.8.
*UiILFR±)RUPDVGHILQDQFLDPHQWRTXHDV03(VXWLOL]DP+2-(
no período, atingiu uma variação positiva de 125%. Esta experiência catastrófica levou
crédito.
Oito anos após a explosão dessa bolha de crédito, ainda existem diferenças
políticas, procedimentos e práticas de crédito. Alguns bancos, com uma cultura de crédito
mais forte, utilizam em seus modelos informações geradas tanto internamente quanto
externamente (fornecidas, principalmente, pelos BICs). Por outro lado, bancos com
políticas de crédito menos rigorosas não utilizam critérios formais para tomarem suas
30
decisões de alocação de crédito e, portanto, utilizam menos informações (incluindo das
BICs) em seus modelos de análise. De forma geral, muitas instituições financeiras buscam
estatísticos (FUHGLW VFRULQJ, por exemplo), com base nas informações fornecidas pelo
cliente e/ou disponíveis nos registros públicos, com a rápida tomada de decisão na própria
agência. Em geral, as agências têm seus próprios limites de crédito para operações
garantidas4. Isso significa que uma grande parcela das operações de empréstimo (de até
80% em alguns bancos) é decidida na própria agência, com base nos métodos descritos
anteriormente.
informações restritivas. Informações estas que tendem a perder importância à medida que
4
Dada a precária qualidade da contabilidade e de outras informações financeiras sobre as MPEs,
nas quais com freqüência as contas dos proprietários e da empresa estão misturadas, os credores
tendem a considerá-las uma única entidade para fins de concessão de crédito.
31
3URSRVWDVSDUDDUHGXomRGDDVVLPHWULDGHLQIRUPDo}HVQR PHUFDGRGH
FUpGLWRSDUDDV03(V
finanças de proximidade.
Grameen Bank
cobre mais de 150% a.a. de juros para um empréstimo local. Apesar de ser um retorno
atraente para qualquer investidor de Wall Street, por que, por exemplo, o Citibank não
Novamente a resposta pode estar inserida no conceito extensivamente discutido até este
Credor local pode negociar de modo mais eficiente com empréstimos de pequena
escala;
Credor local tem melhor acesso às informações sobre os riscos de crédito dos bons e
crédito.
32
Em contrapartida aos juros cobrados (supondo a média de 150% a.a.), muitos projetos
lucrativos podem estar sendo “engavetados” por não terem capacidade de retorno num
•••
&$3Ë78/2
&$3$&,'$'( '( 3$*$0(172 '$6 03(V %5$6,/(,5$6 80
02'(/2'(&5(',76&25,1*
,QWURGXomR
Este estudo empírico procura fazer uma primeira avaliação das taxas de
estão associadas a uma maior taxa de inadimplência, para extrair informações que possam
ser úteis para facilitar o acesso ao crédito das MPEs. As principais conclusões do estudo
intermediários de operação, de taxa de juros e de prazo, o que indica que tanto os contratos
7DEHOD±6LWXDomR&RUUHQWHGD2SHUDomR
5
Por questões de sigilo requisitado pela instituição emissora do fundo, tanto o fundo, como as
instituições financeiras analisadas não terão seus nomes divulgados neste estudo que, portanto,
aparecerão descaracterizados.
33
Já honradas pelo Fundo de Aval 3,75 21,72 18,42
Já honradas e em fase de recuperação de créditos 0,52 0,9 0,07
Operações com cálculo previsto para o mês subsequente à última posição 0,05 0,52 0
de fechamento da carteira
Total 100 100 100
4398 2900 1531
7DEHOD±,QDGLPSOrQFLD
no nosso conjunto de dados. Podemos observar que os Estados com maior volume de
7DEHOD8QLGDGHGD)HGHUDomR
34
GO 2,8 0,52 0 0 0 0
MA 0,73 0 4,21 0,21 0 0
MG 11,44 0,16 3,72 0,34 81,52 18,48
MS 0,68 0,64 0 0 0 0
MT 1,27 0 0 0 0 0
PA 0,84 0 0 0 0 0
PB 0,48 0,02 2,14 0,86 0 0
PE 1,02 0,25 8,24 3,79 0 0
PI 1,11 0 4,41 1,66 0 0
PR 9,82 0,41 0 0 0 0
RJ 3,05 0,16 0 0 0 0
RN 0,89 0,05 3,34 3,14 0 0
RO 0,82 0 0 0 0 0
RR 0,16 0 0 0 0 0
RS 13,87 0,32 0 0 0 0
SC 7 0,07 0 0 0 0
SE 0,14 0 2,59 0,17 0 0
SP 24,22 0,14 0 0 0 0
TO 0 0 0 0 0 0
Total 95,63 4,37 76,83 23,17 81,52 18,48
4206 192 2228 672 1248 283
Com relação aos agentes financiadores, a tabela 3.4 mostra que os empréstimos estão
7DEHOD±$JHQWHV)LQDQFHLURV
6LWXDomRGD2SHUDomR
%DQFRV Normal Honradas
95,63 4,37
Banco A
4206 192
76,83 23,17
Banco B
2228 672
81,52 18,48
Banco C
1248 283
Com relação ao tamanho das empresas a tabela 3.5 mostra que cerca de 90% delas
tem menos de 10 empregados e que 33% não tem nenhum empregado. Os empréstimos
estão concentrados no setor comercial que , como mostra a tabela 3.6, é responsável por
46% das operações. Os setores industriais e de serviços dividem igualmente o restante das
operações.
35
7DEHOD±1~PHURGH(PSUHJDGRV
7DEHOD±6HWRU
Estas operações ganharam importância a partir de 1997, como mostra a tabela 3.7,
7DEHOD±,QtFLRGD2SHUDomR
6
Esta diminuição pode ser resultado de um atraso no processo de informação das operações.
36
O prazo dos contratos, como mostra a tabela 3.8, concentra-se entre 4 e 5 anos, com
74% dos contratos situados nesta faixa. Além disto, cerca de 70% dos contratos embutem
uma taxa de juros entre 5 e 6 % ao ano mais TJLP, como mostra a tabela 3.9.
7DEHOD±3UD]R
7DEHOD±7D[DGH-XURV
3.10 e 3.11. O prazo de amortização é, por definição, o prazo do contrato menos o prazo
37
7DEHOD±&DUrQFLD
7DEHOD±$PRUWL]DomR
distribuição dos valores da operação e do aval, descritos nas tabelas 3.12 e 3.13. Quanto
ao valor das operações, cerca de 10% delas envolve valores menores que R$10.000,
enquanto 50% dos contratos envolvem somas superiores a R$30.000. Como o aval
concedido por esta instituição envolve sempre uma porcentagem do valor da operação, a
distribuição dos valores de aval é uma versão deslocada para a esquerda da curva de
38
7DEHOD±9DORUGD2SHUDomR
7DEHOD±9DORUGR$YDO
0HWRGRORJLD(FRQRPpWULFD
7
O nosso objetivo é estimar a relação estrutural entre a variável explicativa [ ea
L
*
variável latente (não-observável) capacidade de pagamento \ : L
(1) \ = β[ + X
*
L L L
7
Este modelo pode ser estendido para incluir outras variáveis explicativas com facilidade.
39
\ = 1 , se
L
\* > 0 ,L
\ = 0 , se
L
\* ≤ 0 ,L
(4) Pr( \ = 1) = Φ( β[ ) L
ou:
5HVXOWDGRV
econométrico descrito na seção anterior. Devido à grande quantidade de empresas que não
reportaram sua data de fundação e por acharmos que esta variável é muito importante,
decidimos utilizar duas amostras. A chamada amostra completa é aquela que não utiliza a
variável idade, sendo assim composta de cerca de 11.000 observações. Quando incluímos a
idade da firma como variável explicativa, a amostra cai para cerca de 4.700 observações.
pode-se notar uma diferença grande entre os modelos estimados com as duas definições de
40
inadimplência, o que sugere que possivelmente nós estejamos modelando dois processos
distintos. Assim, vamos nos ater aos resultados obtidos quando utilizamos a definição
com inadimplência estatisticamente igual a SP são Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás,
decrescentes. Isto significa que parece haver um tamanho ótimo, a partir do qual a
STIGLITZ & WEISS (1981) no que tange à seleção bancária de bons projetos e a
generalização das taxas de juros cobradas aos maus pagadores (empreendedores de maus
projetos). Empresas de porte muito reduzido, assim como de porte superior à média,
Com relação ao setor de atividade, os resultados apontam para uma alta taxa de
mesmo ocorrendo com o prazo de financiamento. Isto significa que os financiamentos mais
8
A pequena porcentagem de transações nestes Estados pode estar afetando os resultados
alcançados.
41
longos têm uma probabilidade maior de não serem pagos em dia, possivelmente, em
análise, dada sua relevância para testar os modelos teóricos discutidos na introdução. Com
relação ao valor da operação, a inadimplência parece ser alta para valores muito pequenos
e muito elevados. Assim, parece que a inadimplência decresce a taxas decrescentes e que
existe uma região de valores intermediários onde a inadimplência atinge o seu ponto de
mínimo.
diminuir com uma elevação da taxa de juros, mas chega um ponto que o valor cobrado em
juros é tão elevado que a inadimplência é grande. Isto parece confirmar os modelos
que apenas os projetos mais arriscados aceitem tomar empréstimos a taxas de juros mais
elevadas.
7DEHOD±,QDGLPSOrQFLD±0RGHOR6LPSOHV±$PRVWUD&RPSOHWD
%DQFR %DQFR $
Variáveis Variável Dependente: Situação da Operação
Independentes Y1 y2
Coeficiente z Coeficiente z
ufac* 0,3433469 6,37 0,057613 2,34
ufam* 0,1839684 2,99 0,005808 0,4
ufba* 0,0552598 1,54 0,0250753 1,53
ufdf* 0,1261257 5,24 0,0185677 2,14
ufes* -0,0395684 -1,14 variável omitida
ufgo* 0,1245045 3,77 0,0515786 3,23
ufma* 0,0751215 1,18 variável omitida
ufmg* 0,0074456 0,41 0,0024611 0,4
ufms* 0,1887122 3,27 0,0493551 2,44
ufmt* 0,0691826 1,38 variável omitida
ufpa* 0,0970709 1,65 variável omitida
ufpb* 0,0936601 1,23 0,120267 2,49
ufpe* 0,0368583 0,86 0,035836 2,04
ufpi* 0,0858374 1,69 variável omitida
ufpr* 0,0493668 2,4 0,0256755 2,85
9
A próxima etapa deste projeto será calcular este valor ótimo para cada variável. Quando nos
referimos a uma relação não-linear, já estamos levando em conta que o modelo Probit já é não-
linear por natureza.
42
ufrj* 0,0465447 1,44 0,023858 1,91
ufrn* 0,1019771 1,86 0,1219697 3,27
ufro* 0,0639722 1,07 variável omitida
ufrr* 0,0745657 0,58 variável omitida
ufrs* 0,0001548 0,01 0,024763 3,05
ufsc* 0,0102853 0,43 0,0142299 1,5
ufse* 0,149448 1 variável omitida
ufto* 0,0574701 1,44 variável omitida
Ufsp Variável omitida variável omitida
nrofunci -0,0014479 -0,88 -0,0004977 -1,25
nrofunc2 0,0000285 0,71 8,77E-06 1,06
setcomercio* -0,0122892 -1,04 -0,000622 -0,22
setserviços* -0,0146354 -1,16 -0,0055292 -1,93
setindustria Variável omitida variável omitida
qtdparcarencia 0,0008369 0,18 -0,0010337 -1,8
qtparcarencia2 0,0002776 0,93 0,0000446 1,7
qtdparfianc -0,0051114 -0,84 -0,0029129 -1,81
qtdparfianc2 0,0000879 1,39 0,0000429 2,16
vlroperação -1,45E-06 -1,41 6,56E-07 1,49
vlroperação2 1,28E-12 0,35 -9,29E-12 -2,29
taxajuros -0,0784488 -3,64 -0,0105443 -2,36
taxajuros2 0,004269 3,13 0,0005971 2,19
valoraval -4,65E-07 -0,18 -9,51E-07 -1,04
valoraval2 1,16E-11 0,22 2,53E-11 1,35
Prazo 0,0533712 0,85 0,039511 2,2
Prazo2 -0,0124903 -1,59 -0,0077105 -2,79
inic oper1996* 0,0161982 0,33 -0,0012304 -0,21
inic oper1997* -0,0738899 -2,42 -0,0071995 -2,33
Inic oper1998* -0,0306312 -0,59 -0,007754 -2,85
Inic oper1999* -0,152832 -6,8 -0,0263762 -9,06
Inic oper2000* -0,5596882 -8,12 -0,5051156 -10,41
Inic oper1995 Variável omitida variável omitida
Nro. de Observações 4382 Nro. de Observações 3976
%DQFR %DQFR%
Variáveis Variável Dependente: Situação da Operação
Independentes y1 y2
Coeficiente z Coeficiente z
ufal* variável omitida -0,01767 -0,26
ufba* 0,1236101 3,21 0,0435859 0,81
ufce* 0,0374306 0,98 0,2623873 2,89
Fuma* 0,0608682 2 -0,0313127 -0,58
Ufmg* 0,073347 2,84 -0,0401574 -0,77
ufpb* 0,0138126 0,31 0,1808414 1,69
ufpe* 0,0704164 2,34 0,1761987 1,98
ufpi* 0,0380564 1,03 0,1256276 1,45
ufrn* 0,0072068 0,16 0,110162 1,29
ufse* 0,0273955 0,68 variável omitida
Ufsp variável omitida variável omitida
nrofunci variável omitida variável omitida
nrofunc2 variável omitida variável omitida
setcomercio* -0,0214209 -1,98 -0,0015274 -0,1
setserviços* -0,0110452 -0,87 -0,0445429 -2,67
setindustria variável omitida variável omitida
43
qtdparcarencia -0,0448226 -8,7 0,0099512 1,86
qtparcarencia2 0,0045794 10,25 0,0008668 2,36
qtdparfianc -0,0177045 -4,41 -0,0057854 -1,06
qtdparfianc2 0,0002388 4,88 0,0001418 2,19
vlroperação -2,56E-06 -2,19 3,49E-07 0,29
vlroperação2 1,10E-11 1,95 -2,60E-12 -0,55
Taxajuros -0,0154416 -3,09 -0,022394 -0,59
Taxajuros2 0,0001259 2,29 -0,0062001 -1,44
Valoraval 4,02E-06 1,58 4,28E-06 1,42
Valoraval2 -4,21E-11 -1,42 -3,36E-11 -0,95
Prazo 0,0600514 1,84 -0,0188067 -0,28
Prazo2 -0,0105513 -2,99 -0,0069437 -0,91
inic_oper1996* 0,0631703 2,15 0,989049 0,06
inic_oper1997* 0,0636471 1,64 0,9447798 0,05
inic_oper1998* 0,0379569 1,03 0,9649825 0,04
inic_oper1999* 0,0388743 0,95 variável omitida
inic_oper1995 variável omitida variável omitida
Nro. de Observações 2899 Nro. de Observações 2863
%DQFR %DQFR&
Variáveis Variável Dependente: Situação da Operação
Independentes y1 y2
Coeficiente z Coeficiente z
nrofunci -0,0030495 -1,05 -1,89E-12 -0,9
nrofunc2 0,0000421 1 4,95E-15 0,16
setcomercio* -0,1375246 -4,43 -1,20E-10 -4,4
setserviços* -0,0912907 -2,36 -1,63E-11 -0,67
setindustria variável omitida variável omitida
qtdparcarencia 0,0817425 0,9 1,76E-10 1,39
qtparcarencia2 -0,0048416 -0,93 -9,58E-12 -1,36
qtdparfianc -0,0315678 -1,67 -2,97E-11 -1,65
qtdparfianc2 0,0003525 2,02 3,26E-13 1,82
vlroperação -0,002037 -841,31 -6,91E-16 -0,01
vlroperação2 5,13E-08 1,22 -1,18E-19 -0,3
taxajuros -0,0864895 -1,72 2,99E-09 0,22
taxajuros2 0,0025388 0,87 -2,36E-10 -0,09
valoraval 0,0040651 , 2,75E-15 0,03
valoraval2 -2,05E-07 -1,22 4,73E-19 0,3
prazo -0,1254984 -0,99 1,08E-10 0,88
prazo2 0,0037876 0,36 -2,33E-11 -1,93
Inic_oper1996* 0,3703961 1,6 -3,00E-11 -0,29
Inic_oper1997* 0,021394 0,14 -3,65E-11 -0,28
Inic_oper1998* -0,0759378 -0,51 -2,96E-10 -0,71
Inic_oper1999* -0,0096907 -0,07 -8,20E-11 -0,56
Inic_oper1995 variável omitida variável omitida
Nro. de Observações 1531 Nro. de Observações 1531
44
Quando condicionamos o valor do aval no valor da operação, seu efeito sobre a
operação também tem um efeito não linear sobre a inadimplência, seguindo o mesmo
um padrão relativamente bem marcado, que se caracteriza por uma diminuição contínua na
inadimplência, o que pode significar que as instituições estão aprendendo com o tempo a
minimizar seu risco e maximizar seu retorno esperado. Ë importante investigar como está
se dando este processo, para que possamos entender um pouco melhor a dinâmica da
uma redução significativa da amostra. Isto ocasiona uma alteração significativa nos
presença da variável “data de fundação” seleciona a amostra de forma não aleatória. Desta
forma, vamos nos abster de comentar os resultados das demais variáveis e concentrar-nos
na idade da firma. A relação entre idade e inadimplência também é não linear, sendo que a
inadimplência diminui com a idade da firma a taxas decrescentes, ou seja, firmas muito
&RQFOXV}HVGR(VWXGR
Este estudo procurou fazer uma primeira avaliação das taxas de inadimplência das
uma maior taxa de inadimplência, para extrair informações que possam ser úteis para
45
As principais conclusões do estudo apontam para a existência de menores níveis de
que indica que tanto os contratos envolvendo montantes reduzidos como aqueles
•••
&21&/862
maior parte dos empregos formais no Brasil e apesar deste fato, ainda não contam com
MPEs é um dos grandes fatores impeditivos para sua expansão. Sem instrumentos de
análise de risco adequados para avaliar o potencial de pagamento das MPEs, os bancos
optam por estratégias conservadoras, emprestando pouco e a custos elevados para este
tomadoras e ofertantes de recursos são fundamentais para que se atinja um equilíbrio mais
46
Não há dúvidas de que grande parte da retomada do crescimento econômico do
capacidade de investir, por meio de crédito fácil e barato, aumenta o sucesso das MPEs
Por fim, este estudo pode ser estendido em várias dimensões, dentre elas:
estes grupos.
econômico.
•••
47
%,%/,2*5$),$
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