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ASMA
Asma é uma doença inflamatória
crônica das vias aéreas e está associada à
hiper responsividade das mesmas. Além
disso, há obstrução ao fluxo aéreo
intrapulmonar generalizada e variável,
reversível espontaneamente ou com
tratamento.
EPIDEMIOLOGIA E IMPACTO
Acomete cerca de 300 milhões de
pessoas;
É a 4ª causa de internações→ há um grande impacto de gastos
com asmáticos graves. Em geral, 25% da renda familiar dos
pacientes de classes menos favorecidas, mas a OMS recomenda
que esse custo não exceda 5%. No Brasil, há polos, de asma
que fornecem o medicamento fazendo com que haja redução do
impacto social e financeiro.
FISIOPATOGENIA
Há um estreitamento brônquico intermitente que é reversível causado
por contração do músculo liso brônquico, edema da mucosa e
hipersecreção mucosa. Desse modo, há hiper responsividade brônquica
devido a uma resposta broncoconstritora exagerada ao estímulo que é inócuo
em pessoas normais. Logo, há um ciclo contínuo de agressão e reparo, além
de alterações estruturais na árvore brônquica irreversíveis, chamado de
remodelamento das vias aéreas.
Portanto, se a asma não for tratada de forma adequada no dia-a-dia,
com terapia anti-inflamatória contínua, haverá lesões repetidas que favorecem
o remodelamento da árvore pulmonar, fazendo com que o paciente se torne
ainda mais sensível aos antígenos.
HISTÓRIA NATURAL
Lactentes (bebê chiador) e crianças pré-escolares com sibilância
recorrente têm evoluções variadas. Portanto, não é possível predizer o curso
clínico da sibilância.
Entretanto, há características para prever se a sibilância recorrente na
criança irá persistir na vida adulta. Por exemplo: o diagnóstico de eczema em
menores de 3 anos, diagnóstico de rinite antes dos 3 anos, pai ou mãe com
asma, sibilância sem resfriado (virose) e eosinofilia sanguínea>3% na ausência
de parasitoses.
PAULA GOMES DA SILVA-ASMA NA PEDIATRIA 2
DIAGNÓSTICO
Sugerido na presença de dispneia, tosse crônica, sibilância, opressão ou
desconforto torácico→ sobretudo se esses sintomas têm predomínio a noite ou
nas primeiras horas da manhã.
Outras manifestações que sugerem fortemente asma são as
variabilidades dos sintomas e o desencadeamento por irritantes específicos
como fumaça, odores fortes e exercícios ou por aeroalérgenos (ácaros e
fungos).
É comum a piora dos sintomas em período noturno que melhoram
espontaneamente ou ao uso de medicações.
Na ausculta: presença de sibilos→ indicam obstrução ao fluxo aéreo,
porém nem todos os pacientes vão apresentar esse quadro.
OBS: sibilo é um som característico do período expiratório
ESPIROMETRIA:
A confirmação da asma é realizada por um método objetivo:
ESPIROMETRIA→ ideal para confirmação e acompanhamento da doença,
porém não é feita de maneira adequada, por questões técnicas, abaixo dos 6
anos.
3 utilidades principais para a espirometria: diagnóstico, determina a
gravidade da obstrução e é importante para monitorar o curso da doença.
Duas medidas importantes para o diagnóstico de limitação ao fluxo de ar
das vias aéreas: VEF1 (volume expirado forçado no primeiro segundo) e CVF
(capacidade vital forçada completa). O diagnóstico da limitação ao fluxo aéreo
é determinado pela redução da relação VEF1/CVF. A capacidade vital forçada
na asma é mantida, mas há demora na eliminação do ar no primeiro segundo
devido a obstrução.
Portanto, na asma há limitação do fluxo de ar, principalmente,
reversibilidade após a inalação de um broncodilatador de curta ação.
O VEF1 tem boa reprodutibilidade e é bastante confiável. A medida
isolada é mais acurada. Entretanto, uma espirometria normal não descarta o
diagnóstico de asma. A espirometria pode estar normal (dentro dos valores
aceitáveis), entretanto ao repetir o exame após administração de
broncodilatador, pode revelar respostas significativas (aumento do volume
corrente de VEF1).
MEDIDAS PFE:
A espirometria também auxilia
na avaliação da gravidade do quadro,
mas também pode-se tentar medidas
mais simples como medidas de variação diurna
PAULA GOMES DA SILVA-ASMA NA PEDIATRIA 3
Confirmação da sensibilização
alérgica é realizada através de testes
cutâneos ou determinação das
concentrações séricas de IgE
específicas. Há as provas in vivo
(testes cutâneos) e provas in vitro (IgE
específica).
Aeroalérgenos mais frequentes:
ácaros, fungos e pólens; antígenos de
cães e gatos; baratas.
Os testes cutâneos mais frequentes vão
mostrar sensibilização a ácaros da poeira (Dermatophagoides
pteronyssinus).
A IgE sérica confirma os resultados desses testes cutâneos.
DIAGNÓSTICO EM CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS
É baseado em aspectos clínicos→ não é realizado espirometria
em menores de 6 anos;
Há dificuldade em obter medidas objetivas;
50% das crianças apresentam pelo menos 1 episódio de
sibilância nos primeiros anos, entretanto a maioria não
desenvolverá asma;
Manifestações clínicas sugestivas de asma são:
Episódios frequentes de sibilância (mais de 1 vez ao mês);
Tosse ou sibilos que ocorrem à noite ou cedo pela manhã,
provocas por risos ou choro intenso ou exercício físico;
Tosse sem relação evidente com viroses respiratórias;
Presença de atopia→ rinite alérgica ou dermatite atópica;
História familiar de asma e atopia;
Boa resposta a B2 agonista associados ou não aos corticoides;
CLASSIFICICAÇÃO DE ACORDO COM OS NÍVEIS DE CONTROLE DA
ASMA
Objetivo do manejo da asma é controlar a doença. Esse controle é
realizado através da extensão coma qual as manifestações da asma estão
suprimidas espontaneamente ou pelo tratamento.
O controle das limitações atuais deve ser avaliado em relação às últimas
4 semanas. Observar como o paciente se comporta em relação a sintomas
diurnos, uso de medicação de alívio, sintomas noturnos e limitação da
atividade, além da espirometria que nem sempre é possível ser feita.
O quadro é considerado estável se:
Até 2 episódios/semana de sintomas diurnos;
PAULA GOMES DA SILVA-ASMA NA PEDIATRIA 5
HÁ 3 GRUPOS DINTINTOS:
ETAPA 1
MEDICAÇÃO DE RESGATE PARA ALÍVIO DOS SINTOMAS:
Consiste no controle ambiental e educação do asmático;
Medicação de alívio de sintomas ocasionais→ 2x ou
menos/semana;
Medicações: B2-agonistas de rápido início de ação como
salbutamol, fenoterol ou formoterol;
OBS: o formoterol é considerado como b2-agonista de longa e de curta
duraação.
ETAPA 2
MEDICAÇÃO DE ALÍVIO + ÚNICO MEDICAMENTO DE CONTROLE:
Corticoides inalatórios em doses baixas→ 1ª escolha!
Medicações alternativas: antileucotrienos
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO:
Corticosteroide inalatório (principal medicamento)→ não tem
efeito colateral sistêmico. Entretanto, candidíase oral e disfonia
podem ser observadas, mas são reduzidas com higiene oral após
o uso;
OBS: o corticoide inalatório não tem efeito sistêmico, pois é um
medicamento de primeira passagem, ou seja, é bem absorvido pelo
pulmão, mas tem uma metabolização assim que passa pelo fígado.
ETAPA 3
MEDICAÇÃO DE ALÍVIO + 1 OU 2 MEDICAMENTOS DE CONTROLE:
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OXIGENOTERAPIA:
GESTANTES E CRIANÇAS: Manter a
SpO2 ≥94-95%; tratamento indicado é o
beta2-agonista por via inalatória a cada
10 a 30 min na primeira hora; se crise
grave está indicado o uso de brometo de
ipratrópio; caso não tenha resposta na
sala de emergência à via inalatória, opte
por salbutamol intravenoso.
OBS: não use água destilada como veículo nas nebulizações, pois há
risco de agravamento do quadro, opte por soro fisiológico.
EM ADULTOS: salbutamol intavenoso (B2 de curta) é considerado
recurso extremo para evitar a ventilação mecânica;
CORTICOIDES SISTÊMICOS: são essenciais no tratamento da exarcebação,
caso a criança não responda ao B2 na primeira hora, ou seja, devem ser
usados precocemnte ainda na primeira hora de tratamento; o uso por via oral
ou inttravenosa tem efeito clínico equivalente.
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO: devem ser considerados
critérios de alta e de transferência para a unidade de internação:
Após 30 min a 60 min após o tratamento inicial→ realizar
reclassificação da gravidade;
Entre as medidas objetivas, a que melhor se correlaciona com a
gravidade é a SpO2;
Adotar a oximetria de pulso;
Se persistência da SpO2< 92% após tratamento inicial, há indicação
de hospitalização;
Se pacientes com boa resposta ao tratamento: não apresentarem
sinais de gravidade, SpO2> 95% e PFE ou VEF1≥ 70% do valor
previsto→ DAR ALTA com uso de medicação em domicílio!
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