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Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH

Crítica Cultural

Filme: Alice no
País das
Maravilhas

Jéssica Cristina Gonçalves Ramos – JRM6

Jornalismo Cultural – Leonardo Cunha

Belo Horizonte, 14 de Dezembro de 2010


Parte 2 – Reação Imediata

O filme Alice no País das Maravilhas é como os típicos filmes surreais de Tim
Burton dessa vez aplicados aos contos de fada Disney. A narrativa é baseada
na fuga de um pedido de casamento em um festa de noivado supresa em que
Alice, agora aos 19 anos sai correndo atrás de um coelho de paletó e cai em
buraco, onde vai parar no País das Maravilhas. A história de uma adolescente
que volta aos seus sonhos de infância não traz nenhuma emoção nova à quem
o assiste. O caráter emotivo é sustentado pela jovem que perde o pai, este que
deixou para ela a lição de que devemos sempre acreditar no impossível.
Através disso, ela volta aos sonhos surreais de sua infância e é designada para
uma missão impossível no mundo das Maravilhas. Agora mais madura, e
diante de um pedido de casamento no mundo real, ela tenta resgatar, através
das lições dos personagens de seu sonho, os valores de sua infância, tão
alimentados pelo pai já falecido e tão fundamentais para o sucesso de sua
missão.

A busca por esses valores fazem referência ao reencontro da personagem com


sua própria personalidade, que se vê a prova a todo tempo no mundo
maravilhoso de seus sonhos de menina, onde todos os personagens
questionam se depois de crescer aquela é mesmo a verdadeira Alice. Essa
Alice se reencontra ao voltar a acreditar na “realidade dos seus sonhos” ou na
possibilidade dos mesmos, já que relembra a velha lição deixada pelo pai. Os
personagens que eram frutos de sua inocente imaginação, passam a esperar
que Alice se familiarize com o cenário de seus antigos sonhos para que ela
acredite poder matar o temido Jaguadarte, monstro do reino da malvada
Rainha Vermelha que tirou do trono a irmã Rainha Branca responsável por
antes manter o País das Maravilhas como de fato é seu nome.

Nesse contexto digno da atenção das mais exigentes crianças do cinema é que
está outras abordagens como o pedido de casamento que espera Alice no
mundo real, este que não se parece em nada com os contos de fada Disney e
é tratado com repugnância e medo na personagem, e também outros temas
como o assédio que Alice sofre no mundo surreal de sonhos por parte do típico
vilão Valete. Não somente isso, como também piadinhas de humor negro são
abordadas ao longo do filme o que o faz entrar na sessão de comédia em
muitas prateleiras de videolocadora. Este é o exemplo das piadinhas feitas em
deboches à Rainha Vermelha quanto ao tamanho de sua cabeça, grande e
desproporcional ao tamanho de seu corpo, sem falar no lago cheio de cabeças
que é satirizado pelas cabeças que rainha malvada manda cortar a todo tempo
associado ao sentimento de inferioridade por sua terrível aparência.

A narrativa em si não é nada atraente, tão pouco capaz de prender ao filme


quem o assiste. O filme não traz emoções novas e nenhum olhar
surpreendente, a não ser por reinventar a história original do filme ou, quem
sabe, continuá-la agora sustentada nos conflitos de (não mais uma criança)
uma adolescente. O incrível foi a utilização de efeitos especiais impecáveis;
mais surpreendente visto na cabeça da personagem Rainha Vermelha que
aparenta ser uma cabeça humana e não-computadorizada e nem mesmo
animação e é perfeitamente aplicada e cômica fazendo-nos pensar em como o
efeito foi feito com um resultado tão real. O personagem vivido pelo ator
Johnny Depp, o Chapeleiro Maluco, parecia ser um personagem malvado e
irônico, que mistura sonho e horror nos cartazes do filme e acabou se
mostrando na história como um personagem de fato cômico, mas muitíssimo
simpático e, na verdade, o melhor amigo de Alice na luta por devolver à Rainha
Branca o seu trono. O típico louco e terno personagem de Tim Burton já visto
em Edward Mãos de Tesoura.

O filme mistura os conflitos de uma adolescente com os sonhos surreais da


velha história original, com comédia utilizada através de piadinhas e deboches,
e aventura vista no contexto. Deixa lições como, por exemplo, a crença no
impossível como ferramenta para vencer e que ser amado é melhor que ser
temido visto pela perda do trono da Rainha Má que maltratava seus servos.
Além disso, ao voltar do mundo das maravilhas, Alice aprende sobre fazer
escolhas sendo fiel à sua personalidade e não somente se preocupar em
agradar as pessoas, essa lição se materializa quando ela nega o pedido de
casamento em frente à toda família do pretendente e de sua própria.

Parte 3 – Releitura e Pesquisa

Ao analisar em um segundo olhar a obra de Tim Burton, algumas coisas


ficaram ainda mais obscuras do que claras. O roteiro que esperava entender
melhor ficou ainda mais deficiente comparado ao cenário e figurinos
impecáveis e livres de todo e qualquer questionamento. A narrativa mostrou-se
um tanto limitada e inconvincente, mas original se pensada diante da
verdadeira história. O monstro Jaguadarte, por exemplo, deixa a dúvida de
porque estava o tempo todo ao lado da malvada Rainha Vermelha. E as lutas,
que não costumam fazer parte da criatividade de Burton, se mostraram um
tanto inconvicentes também. No momento em que o Chapeleiro Maluco teria
sua cabeça cortada e de repente escapa como mágica deixa o espectador
confuso, pois quando se dá conta o personagem não é atingido sem qualquer
ocorrência criativa, ou motivo.

Apesar disso, o filme é um típico filme do diretor, sem qualquer novidade ou


glória, salvo apenas pelo belíssimo imaginário de sempre no figurino e cenário,
que de nada valem a não ser pelo retorno comercial quase que encomendado
pela Disney e lucrativo para a criação de games, brinquedos e até o uso em
campanhas publicitárias, como foi visto na nas ultimas propagandas da
Chevrolet .Quanto aos temas abordados, o ser incompreendido é sempre
exposto e tratado de forma piedosa nos filmes de Burton como em Edward
Mãos de Tesoura. Dessa vez ele atribuiu a característica à Alice, que tem sua
personalidade questionada pelos seus velhos companheiros de sonhos e nem
mesmo a si compreende em uma busca por seu verdadeiro eu que só é
encontrada ao fim da obra. Conflitos entre pais e filhos também é um dos
temas preferidos dos filmes de Tim Burton, o que pode ser visto na relação de
Alice com sua mãe em que a jovem não gosta nem mesmo das vestimentas
femininas usadas na épocas e é criticada pela mãe que não entende os gostos
da filha, além de tentar obrigá-la a se casar com um homem de quem ela não
gosta.

Os gêneros dos filmes de Tim Burton costumam envolver surrealidade,


comédia através do humor negro e terror. Alice no País das Maravilhas
aparenta ser uma mistura de todos esses estilos, mais traduzidos visualmente
do que na própria narrativa. Os personagens são exóticos e cômicos, são
humanizados com vícios e trabalhados pelo ego do diretor. A surrealidade é
parte estratégica de todo o mecanismo dos movimentos nada naturais e do
cenário típico dos filmes Disney com os toques negros de Tim. A aventura
torna-se coadjuvante na história que é muito mais sustentada pela
particularidade dos personagens e das cores do cenário tão desvalorizado
pelos movimentos.

O estranho é pensar em porque um filme tão visualmente perfeito pode ser tão
fraco em sua narrativa. Com uma história pouco interessante, muito mais
sustentada pela personalidade exótica dos personagens do que pela aventura
em questão. A missão que deveria ser a narrativa principal tem um final que
não se encaixa na ternura da personagem Alice desde sua história original. Ela,
terna e ao mesmo tempo corajosa, vestida com delicados vestidos e vendo
figuras fantásticas, chega ao fim do filme vestida em uma armadura e
enfrentando um monstro em um cenário épico parecido com os cenários de luta
do herói Hércules, que em nada se aplica ao tipo do filme, aos filmes de Burton
e muito menos à personalidade de Alice vista em seu personagem desde a
obra literária.
Parte 4 - Crítica

- Beleza do conteúdo visual, surralidade

- Personagens exóticos, humanizados, incompreendidos, cheios de vícios e


particularizados (Edward Mãos de Tesoura) (A Noiva Cadáver) (ternura e
loucura do chapeleiro)

- Narrativa desinteressante e sustentada pelo conteúdo visual. (O cavaleiro das


trevas)

- Temas abordados como conflitos em pais e filhos, ser incompreendido.

- Falta de lógica e abertura para porquês (execução do chapeleiro maluco)

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