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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL


DA COMARCA DE NOVA LIMA – SANTA CATARINA

Processo n. 000000xxx-xx.2021.8.24. XXXX


REGINALDO BRUNO, brasileiro, viúvo, aposentado, portador do CPF nº 888.888.888-88,
residente e domiciliado na Rua das Flores nº888 no bairro Boa Vista, no município de Nova
Lima – SC, vem por seu advogado ao final firmado, com endereço constante no instrumento
de mandato incluso, para apresenta: EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE, em relação ao
EXECUTIVO FISCAL, aforado pelo MUNICÍPIO DE NOVA LIMA, processo com numeração
indicada em epígrafe, no que segue:

I - DO CABIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

1. Conforme construção doutrinária e entendimento jurisprudencial, o instituto


da Exceção de Pré-Executividade pode ser arguido por simples petição, desde que
desnecessária qualquer dilação probatória, ou seja, por prova documental
inequívoca, demonstrando a inviabilidade da execução. Nesse sentido vejamos o
elucidado por José Manoel De Arruda Alvim Neto a respeito da exceção de
pré-executividade, in verbis:

“Técnica pela qual o executado, no curso do próprio


procedimento executivo, e sem a necessidade de
observância dos requisitos necessários aos embargos do
devedor ou da impugnação, suscita alguma questão
relativa à admissibilidade ou à validade dos atos
executivos, que poderia ser conhecida de ofício pelo juiz.
Para tanto, exige, a jurisprudência, que a questão a ser
suscitada esteja dentre aquelas que poderiam ser
conhecidas ex officio pelo juiz, e que, ademais, não seja
necessária dilação probatória para sua solução. Caso
contrário, ausente alguma dessas condições, não se
admite alegação da matéria pela via da exceção de
pré-executividade, cabendo, ao devedor, manejar
embargos ou impugnação” [1](Grifo nosso)

2. E são exatamente esses os requisitos atualmente exigidos pela


jurisprudência do STJ após a vigência do NCPC, conforme entendimento no AgRg
no AREsp 835.917/SP e AgInt no AREsp 621.011/MG.

3. Pelo que se vislumbra no caso em tela, a presente exceção de pré-


executividade é o remédio jurídico adequado para apontar as irregularidades, às
quais viciam a continuidade da marcha processual da presente execução, como se
restará demonstrado adiante.

4. O executado não possui dinheiro ou bens para garantir a execução, sua


casa inclusive está hipotecada e paga mensalmente valores para quitar a hipoteca
ao banco, seus filhos estão auxiliando, mas também são pessoas de poucas rendas.
A argumentação pela aplicação da objeção tem caráter constitucional, pois lastreada
na ampla defesa e o contraditório, visto que do contrário a falta de recursos e bens
para garantir o juízo impediria a discussão de qualquer questão no processo
executivo, neste sentido cabe mencionar os incisos XXXV; LIV e LV da CF/1988.

II RESUMO DOS FATOS

5. Cinge-se dos autos de execução epigrafado que o ora executado é proprietário de


uma casa de 140m2 localizada no seu endereço, adquirida em 2001 e devidamente
registrada e averbada no Registro de Imóvel Local, Matrícula nº 888.888. A casa com
primeira averbação da matrícula do RI, na Prefeitura Municipal de Nova Lima o cadastro do
imóvel se encontra regular e registrada sob nº0088.

6. O executado é aposentado recebe apenas um salário mínimo por mês e na data


de 01 de junho de 2020 efetuou a atualização como sendo sua única propriedade.

7 Município de Nova Lima possui a Lei Municipal, nº 888/2020 que concede isenção
de IPTU a partir da aposentadoria para quem possui um único imóvel de residência na
cidade.

8. Em novembro efetuou requerimento tempestivo com juntada de documentos


pertinentes para obter a isenção para o tributo de 2020/2021, na ocasião atendendo o
decreto regulamentador da referida Lei e ficou ciente do pagamento parcial em virtude de
sua aposentadoria ter ocorrido somente na metade do ano.

9. Em 31 de janeiro recolheu aos cofres públicos 50% do valor do imposto, com


desconto, pois com a isenção lhe dava direito a este referido benefício a partir de junho de
2020.

10. Em 05 de maio foi surpreendido com citação em processo de executivo fiscal em


que o Município de Nova Lima, através de seu Prefeito AGNALDO SILVA cobra o tributo de
seu imóvel do ano 2020 em sua integralidade, no valor de R$890,00 já com juros/multa e
sem desconto em vista do prazo e não considerando seu direito de isenção e do pagamento
dos 50% já efetuado.

11. A Fazenda Pública pretende a cobrança de débitos fiscais referentes ao ano de


2020. Para tanto, propôs a presente execução fiscal.
12. Por outro lado, referente aos créditos exequíveis, o executado aduz que são
inexigíveis, de acordo com o artigo 18 do Código Tributário Municipal, senão vejamos:

13. Sem prejuízo das imunidades constitucionais ficam isentos do imposto os bens
imóveis [leia-se também, os contribuintes]: Dispõe a Lei Complementar nº 1.xxx, de 14 de
dezembro de 200x, do Município de Nova Lima em seu artigo 18, VI: VI - Aposentados que
possuam um único imóvel no município.

14. A aposentadoria do executado está comprovada à fl. 36 da execução.

15. Além disso, a comprovação de que o imóvel objeto da CDA é o único de


propriedade do executado, comprova-se pela própria petição do exequente, à fl. 22, que
requereu a penhora do bem referido, haja vista ter o Sr. Oficial de Justiça certificado que
aquele não possuía outros bens passíveis de penhora (fls. 20).

16. Por tais razões, a presente exceção merece acolhimento integral, para que seja
tornado sem efeito a cobrança do imposto, tendo em vista seu efetivo pagamento de acordo
com o benefício auferido através da legislação municipal.

III DOS PEDIDOS

17. Isto posto, pugna pelo recebimento da presente, bem como os documentos que
a instruem, e requer ainda:

a) O ACOLHIMENTO da exceção de pé executividade, para ANULAR a dívida


apresentada na presente ação, pelas razões expostas;

b) A produção de todo tipo de prova em direito admitida, em especial pelo depoimento


pessoal do representante legal da exequente, ouvida de testemunhas, prova documental
e pericial.

c) A IMPROCEDÊNCIA da presente ação com a condenação da exequente nas custas


processuais e honorários advocatícios.

Rio do Sul, 17 de junho de 2021.

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Eduardo Blau

OAB/SC XXXXX

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