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A PERCEPÇÃO NA CONSTITUILÇÃO DA NOÇÃO DE CORPO ATUAL E CORPO

HABITUAL: CRÍTICA À DESCARTES


Mélanie da Fontoura Rodrigues
RESUMO
O presente trabalho pretende apresentar o problema da percepção para a questão do
conhecimento do corpo. Como auxílio para argumentar sobre o problema se tomará como guia
a concepção fenomenológica de Maurice Merleau-Ponty, em específico sua obra
Fenomenologia da Percepção (1999). Onde será construída uma crítica a filosofia de René
Descartes e ao seu tratamento a noção da percepção no seu livro Discurso do Método (2001).
O objetivo é defender que o movimento do corpo próprio é uma construção dada pela percepção
que forma um fenômeno ambíguo do corpo: o corpo habitual e o corpo atual. Afastando,
portanto, noções mecanizadas do corpo que o distanciou da sua realidade como uma totalidade
que vive sua própria existência, independente da razão.

PALAVRAS-CHAVES: fenômeno, vivência, percepção, corpo e unidade.

O PROBLEMA DA PERCEPÇÃO: DE DESCARTES À MERLEAU-PONTY

A concepção da filosofia em relação a percepção sofre durante a história diversas


modificações de sua perspectiva. Na Filosofia Antiga entendia-se a percepção como algo que
atrapalhasse o conhecimento, pois a considerava muito precária para conhecer o mundo no
processo cognitivo. Acredita-se nisso, pois que o sensível, algumas vezes, pode enganar o
sujeito, ou seja, a visão, audição, tato, paladar e olfato, que é única maneira de acessar o mundo
que conhecemos pela percepção. No lugar foi construído que a razão, juntamente, a teoria é que
seriam possíveis de dar suporte ao sujeito de conhecer de fato a natureza. Entretanto, esta
concepção foi repensada por Merleau-Ponty onde ele constrói uma crítica ao pensamento do
tipo intelectual. Ele levanta o questionamento se o que mais toca ao sujeito, em uma realidade
pré-concebida, é a sua percepção de como o mundo toca o sujeito ou é o seu pensamento já
elaborado? Para ele há antes da intelectualidade a relação do sujeito com o sensível, que passa
pelo o mundo, antes de ser pensado qualquer coisa antes.
A percepção é o contato primário com o mundo, entretanto a cultura ocidental é
acostumada a tratar a verdade como algo ligado com o intelecto e não pela percepção, antes de
uma elaboração. Vivencia-se o mundo unicamente pelo aparato sensível, onde ne tudo é pré-
refletido, e o lugar onde é possível entender este sensível é pelo corpo. Merleau-Ponty em sua
Filosofia entende como o corpo aquilo que experimenta a sua própria experiência com
consciência onde essa é constituída pelo mundo através da vivência. Entretanto, na Filosofia
de Descartes tinha por entendimento o corpo como sendo um humano divido em duas
substâncias, a res cogito, coisa pensante, e a res extensa, coisa material. Merleau-Ponty
apresenta uma perspectiva de corpo como dimensão da existência que poderia fazer a ciência
se pensar por outros sentidos. No sentido de, buscar entender o mundo objetivo, ou seja, o
mundo como meio de acesso para a facticidade do corpo. Tal corpo, ele coloca como corpo
próprio o relacionando com as noções de experiência e fenômeno, presentes na fenomenologia.
A principal diferença que será mostrada entre os filósofos é direcionando as construções das
críticas de Merleau-Ponty, que entende o corpo como um fenômeno perceptivo, para as ideias
racionalistas de corpo em Dercastes.
Descartes busca a verdade pela dúvida e sua resposta está na coisa pensante (res cogito),
pois ela é a única crença que não se pode duvidar. Seu método se baseia por alcançar ideias
claras e distintas pela reflexão da dúvida de tudo aquilo que é dito por verdade. Como, por
exemplo, as crenças, o sensível, a percepção e o mundo físico, por consequência, o corpo.
Descartes, em sua busca pela verdade, entendeu o corpo como uma substância extensa, ou seja,
como coisa material (res extensa). Isto, pois é possível que a percepção e, por função disso, o
sensível estejam enganados a um sujeito qualquer.
Para o filósofo o seu “penso, logo existo” não cairia nas críticas dos céticos, pois se
baseava em crenças absolutas, ou seja, que estavam justificadas por si mesmas pela razão. Além
disso, acreditava que duvidar já era forma suficiente de se perceber como um ser pensante e,
portanto, existindo. Não se há dúvida, diferentemente de Descartes, que sua Filosofia foi muito
importante para pensar a questão da percepção e do conhecimento dentro da tradição. E uma
característica importante na História da Filosofia foi entender que, há duas coisas na alma
humana que o conhecimento depende, isto é, sua natureza de ter o poder de pensar e a outra de
ser constituída de um corpo que agi e padece. Entretanto, para ele não está convencido de que
o corpo tem algum papel importante nessa relação, na verdade, para ele o entende como nocivo
para o pensamento. Por este motivo ele busca de diversas formas mostrar que, há distinções,
claras e distintas entre as noções de alma – res cogito – e corpo – res extensa.
A coisa extensa é o que tem dimensão espacial, ou seja, se pode quantificar seu
comprimento, sua largura, sua figuração e seu movimento. A res extensa pode, também, ser
divisível em Descartes, enquanto que a mente, o res cogito, tem como característica ser
indivisível e o corpo humano obedece mecanicamente ao pensamento, onde podem ser
refletidos com certeza pelas leis físicas como qualquer outro corpo. Sendo esta, a mente, distinta
de qualquer experiência corpórea. Descartes descreve o corpo como máquina a fim de
compreender quais leis são as reguladoras de movimentos e emoções, onde é importante
lembrar que toda a interioridade é dada pela mente e, por consequência, o representando toda a
exterioridade.
Mesmo com seu, se assim é possível ser dito, certo desdém pela res extensa, ele observa
não nega que a máquina humana, entre todas formas de corpo é a mais aprimorada e melhor
entre todos os animais. E nenhum humano conseguirá inventar uma réplica como o seu corpo.
Na seção V do Discurso do Método (2001), Descartes explica o movimento dos órgãos para
demonstrar a sua ideia de fisiologia do corpo. Isto é, ele fragmenta o corpo – pelo seus membros
e órgãos – para demonstrar seu funcionamento no mundo. Mesmo sendo complexo, comparado
a outros sistemas materiais, o corpo humano deve ser um objeto de estudo, acredita Descartes.
Ele afirma que:
O que não parecerá de modo algum estranho a quem, sabendo quão diversos
autômatos ou máquinas móveis, a indústria dos homens, pode produzir, sem
empregar nisso senão pouquíssimas peças, em comparação à grande multidão
ossos, músculos, nervos, artérias, veias e todas as outras partes existentes no
corpo de cada animal, considerará esse corpo como uma máquina que, tendo
sido feita pelas mãos de Deus, é incomparavelmente melhor ordenada e
contem movimentos mais admiráveis do que qualquer das que possam ser
inventadas pelos homens. (DESCARTES, 2001, p. 51).
Entender o corpo como máquina permite vê-lo como objeto, porque desta forma é
possível um estudo acerca dele através de seus elementos mecânicos e biológicos. A
preocupação de Descartes é de falar sobre o corpo para entende-lo por propriedades de extensão
corpórea: comprimento, largura e profundidade. Para explicar melhor seu ponto ele compara o
corpo humano com uma vela, em específico a cera, mesmo assim admite que está errado e
conclui dizendo que ele só sabe de tal diferença discrepante porque possui um espírito. Para
Descartes, se ele só está afirmando a existência de seu espírito até agora, ao mesmo tempo que
se para ele é tão nítido e distinto conceber esse pedaço de cera. Por ele ter passado pelo fato de
ver o pedaço de cera sem dúvida, segue que ele é propriamente ele, existe porque de fato ele
ver ela. Para qualquer outro caso do gênero – tocar, persuasão da imaginação e qualquer coisa.
O exemplo da cera pode ser aplicado a todas as coisas do mundo exterior para Descartes, no
sentido da relação entre a res cogito com a res extensa.
Isto quer dizer, para Descartes, que só é possível entender a essência da extensão por
conta do pensamento. Tais essências são caracterizadas por propriedades presente no corpo da
matéria e variam divisões de formas. Porque é da natureza do corpo ser divisível, assim como,
é próprio do pensamento ser indivisível em Descartes. O pensamento é indivisível, porque não
se pode dividir em partes aquilo que tem uma medida nela mesma. Da mesma forma ele pode
dividir seus pensamentos em uma quantidade infinita de vezes até perder a noção de divisível.
Esta noção de corpo, além de conceber uma percepção determinista mecanicista,
tornando o corpo uma réplica de máquina que reage a estímulos e respostas. Descartes o corpo
serve de revestimento do cogito, tanto em existência ou por substância distinta. Para Merleau-
Ponty reanalisa desde a ideia cartesiana da percepção, que se acredita ser toda a base da sua
crítica e, também, para a sua construção da noção de corpo em sua Fenomenologia, pois ele não
concebe uma existência que se opõe ao sujeito. Tal crítica busca reencontrar no mundo da
experiência a relação que compõe o meio de acesso à facticidade que se dá no corpo. A
concepção de corpo em Merleau-Ponty se diferencia sendo aquele que experimenta sua própria
existência com consciência de que está no mundo como vivência para o sujeito. E está será a
ideia defendida para na próxima seção.

MERLEAU-PONTY: SEU MÉTODO DE CONHECIMENTO DO CORPO PRÓPRIO

O corpo compõe a dimensão da existência para Merleau-Ponty, porque o fenômeno e a


experiência são noções que coincidem na sua filosofia, ou seja, o corpo é o sujeito como ser no
mundo como fenomênico, vivido, o corpo próprio. Tem por característica ser uma unidade
aberta, inacabada. Diferente de Descartes o corpo não é uma substância, mas um fenômeno
perceptivo, ou seja, o corpo próprio há a experiência sensível do “ser-no-mundo”. A experiência
do corpo é pré-objetiva. A noção de corpo próprio é distante da noção de corpo clássica, porque
a segunda noção é de um corpo mecânico, objetivável e passível de ser mensurado. Tais
características são admitidas para o estudo do movimento recebido ou do movimento
transmitido, enfim, para fins mecânicos do corpo. Já Merleau-Ponty quer introduzir uma nova
forma de corpo como sendo o que vive sua própria existência, onde ele deixa o caráter de objeto
e se torna o corpo próprio, onde é possível de experimentar tanto a si mesmo, como outros
corpos.
Merleau-Ponty levanta o fato de que o corpo próprio sempre sente enquanto vive, não
existe apenas um tocar mecânico, por exemplo, há antes de tudo o momento da percepção e isto
que é o importante da sua filosofia. Porque o filósofo a retoma como um papel importante para
o conhecimento, antes desprezado completamente por Descartes. O corpo próprio é uma
unidade completa, ou seja, uma totalidade vivida pela percepção. Nos moldes da dialética
hegeliana, é possível afirmar que Merleau-Ponty toma distanciamento do em si e toma
aproximação do para si. Ele retoma os conceitos a fim de apontar uma atitude no qual o sujeito
em sua experiência é pano de fundo para o espírito ou a consciência exige a sua verdade. Nem
tão pouco como é m Husserl uma pura representação fenomênica de um Eu. Pelo contrário,
para Merleau-Ponty, o corpo é um estado ambíguo quanto sujeito e objeto, consciência e
mundo, ou seja, é a própria consciência encarnada em um corpo de viver em relação com o
mundo. Merleau-Ponty ainda completa dizendo que:
A forma que se desenha no sistema nervoso, esse desdobramento de uma
estrutura, não posso representa-los como uma série de processos em terceira
pessoa, transmissão de movimento ou determinação de uma variável por outra.
Não posso dela ter um conhecimento distante. E adivinho aquilo que ela pode
ser, é abandonado ali o corpo objeto, partes extras partes, e, reportando-me ao
corpo do qual tenho a experiência atual, por exemplo à maneira pelo qual
minha mão enreda o objeto que ela toca antecipando-se aos estímulos e
desenhando ela mesma a forma que eu vou percebendo. Só posso compreender
a função do corpo vivo realizando eu mesmo e na medida em que sou um
corpo que se levanta em direção ao mundo. (MERLEAU-PONTY, 1999, p.
114).
Não é possível estabelecer o limite do dado perceptivo e a sua relação comportamental.
Porque o corpo ajusta seu comportamento conforme as situações vão lhe aparecendo e é
inevitável a criação de significações de fatos vividos com base nos estímulos. O sujeito do corpo
próprio, de forma alguma, sofre passivamente a tais estímulos porque estes possuem valor.
Portanto, um dado perceptivo que provem de diferentes estímulos, ou até o mesmo estímulo
pode gerar reações completamente diferentes num mesmo organismo.
A percepção tem um papel fundamental de colocar de lado a forma mecânica cartesiana
de entender o corpo. Para Merleau-Ponty existem experiências que o corpo sofre estando
situado no espaço e no tempo onde as experiências vividas o afetam de forma diferente a cada
momento e forma diferente que é possível o afetar. E o que é percebido num ponto do mundo
também é interagido pelo sujeito, da mesma forma que cada estímulo pode ser percebido de
forma diferente, para cada sujeito serão possíveis inúmeras formas de perceber seja qual for o
estimulo ou afeto. Tais diferentes formas se dão devido a forma que é constituída a
subjetividade de cada sujeito. Além disso, ele recusa qualquer formalismo da consciência, pois
a experiência perceptiva é fundante da consciência e da razão.
A teoria do esquema corporal é implicitamente uma teoria da percepção. Nós
reaprendemos a sentir nosso coro, reencontramos, sob o saber objetivo e
distante do corpo, este outro saber que temos dele porque ele está sempre
conosco e porque nós somos corpo. Da mesma maneira, será preciso despertar
a experiência do mundo tal como ele nos aparece enquanto estamos no mundo
por nosso corpo, enquanto percebemos o mundo com nosso corpo. Mas,
retomando assim o contato com o corpo e com o mundo, é também a nós
mesmos que iremos reencontrar, já que, se percebemos com nosso corpo, o
corpo é um eu natural e como que o sujeito da percepção. (MERLEAU-
PONTY, 1999, p. 278).
O corpo responde subjetivamente ao mundo, ou seja, consiste da expressão e da
presença do corpo em relação com o mundo da percepção. Ela é quem abre as portas para o
mundo e para o outro, é possível assemelhar ela a um organismo poroso, em que o mundo
invade e afeta o espaço de atuação desse copo. É o campo fenomenal, esse espaço de atuação,
onde se pressupõe um corpo que percebe o mundo que se relaciona com ele. A subjetividade,
para Merleau-Ponty, é fenomenológica e cuja a base é o corpo próprio e a percepção se
apresentam como instancia fundantes da experiência. Pelo contrário, Descartes, a subjetividade
não pode ser extensa, por isso Merleau-Ponty o acusa de associar a percepção ao pensamento
de perceber.
Merleau-Ponty no capítulo V “O corpo como ser sexuado”, do livro Fenomenologia da
Percepção (1999), explica seu exemplo do soldado Schneider que, sofre uma lesão no lobo
occipital após uma explosão na I Guerra Mundial. No seguinte exemplo citado ele quer analisar
a existência do corpo no mundo, onde a percepção é o fundamento para o corpo próprio:
Olhemos mais de perto. Um doente a quem se pede que mostre com o dedo
uma parte de seu corpo, por exemplo o nariz, só o consegue se lhe permitem
pegá-lo. Se ordenam ao doente que interrompa o movimento antes que atinja
sua meta, ou se ele só pode tocar seu nariz com o auxílio de uma régua de
madeira, o movimento torna-se impossível. (MERLEUA-PONTY, 1999, p.
150).
O caso apresentado no soldado alemão Schneider é de uma lesão no lobo occipital devido a
uma explosão durante a Primeira Guerra Mundial. O soldado foi classificado com doença
psíquica ou cegueira cortical, isto é, ele é incapaz de diferenciar objetos visualmente. Além de,
sua percepção espacial e ele não conseguir descrever sua posição espacial. Foi pedido ao
soldado que tocasse o seu nariz, sem o auxílio de explicações prévias do espaço em que ele
está. No instante do movimento ele é interrompido e lhe inserem uma dificuldade na ação,
pedindo que segurasse uma régua e tentasse mostrar seu nariz.
É preciso admitir então que "pegar" ou "tocar", mesmo para o corpo, é
diferente de "mostrar". Desde seu início, o movimento de pegar está
magicamente em seu termo, ele só começa antecipando seu fim, já que a
interdição de pegar basta para inibi-lo. E é preciso admitir que um ponto de
meu corpo pode estar presente para mim como ponto a pegar sem me ser dado
nessa apreensão antecipada como ponto a mostrar. Mas como isso é possível?
Se sei onde está meu nariz quando se trata de pegá-lo, como não saberia onde
ele está quando se trata de mostrá-lo? Sem dúvida, é porque o saber de um
lugar se entende em vários sentidos. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 151).

Infelizmente o doente é incapaz de executar tal pedido, pois inserindo o objeto, distância
do que ele já experimentou outras vezes com seu corpo próprio. Isto é, há uma perda da relação
do corpo próprio com o que era habitual movimentar-se no mundo, ou seja, tocar o nariz ao
invés de mostrar com uma régua. O doente consegue mostrar seu nariz – através do movimento
do braço ao rosto no sentido do nariz –, porque já executou essa ação algumas quantidades de
vezes antes do ferimento, portanto já experimentou no corpo vivido. Merleau-Ponty quer
diferenciar os gestos de mostrar, de tocar e de pegar no seu exemplo, pois o de tocar para o de
mostrar para o corpo é que, um já foi experiência no mundo. Esta forma é o esquema corporal
para a filosofia de Merleau-Ponty que, defende a experiência vivida pelo corpo próprio, um
sujeito vivendo as experiências de seu corpo, Merleau-Ponty completa dizendo que:
O doente tem consciência do espaço corporal como local de sua ação habitual,
mas não como ambiente objetivo, seu corpo está a sua disposição como meio
de inserção em uma circunvizinhança familiar, mas não como meio de
expressão de um pensamento espacial gratuito e livre. Quando lhe ordenam
que execute um movimento concreto, primeiramente ele repete a ordem com
um acento interrogativo, depois seu corpo se instala na posição de conjunto
que é exigida pela tarefa; enfim ele executa o movimento. Observa-se que todo
o corpo colabora para isso e que o doente nunca reduz o movimento, como
faria um sujeito normal, aos traços estritamente indispensáveis. (MERLEAU-
PONTY, 1999, p. 151).
Merleau-Ponty procura entender qual é a forma que o sujeito, através da sua existência
percebe o mundo pelo corpo. A percepção tanto do doente quanto para uma pessoa sadia em
perfeito estado, não pode ser uma percepção do sujeito sobre seu corpo não é uma
representação, mas modo de ser do sujeito. Da mesma forma que, não o doente não entende seu
corpo como uma soma de órgãos, mas como entende-se como sujeito que vive com um corpo
próprio, porque o corpo é uma parte do sujeito. Portanto, o objetivo do filósofo é mostrar que o
corpo não pode ser representado, mas sim o corpo vivido por um fenômeno que é possível de
ser tocado. Por isso, é possível que o sujeito reconheça qualquer parte do seu corpo a tocando,
porque antes houve a experiência de conhece-lo e vivencia-lo, por exemplo, como seu próprio
nariz.
Seu corpo não lhe é dado pelo tocar como um desenho geométrico sobre
o qual cada estímulo viria ocupar uma posição explícita, e a doença de
Schneider consiste justamente em precisar fa zer com que a parte tocada
de seu corpo passe ao estado de figura, para saber onde o tocam. Mas no
normal cada estimulação corporal desperta, em lugar de um movimento atual,
um tipo de ''movimento virtual''; a parte interrogada do corpo sai do
anonimato, anuncia-se por uma tensão particular e como uma certa potência
de ação no quadro do dispositivo anatômico. (MERLEAU-PONTY, 1999, p.
156-157).
Neste momento em que o “corpo sai do anonimato” é possível perceber o papel da
fundamental da percepção para construção das potências de uma ação qualquer que executa
uma tensão particular na anatomia do sujeito. O ver e o tocar, por exemplo, provém
necessariamente de uma relação com o mundo. No qual, mostrar é objetivável, entretanto é
construído pelo espaço dinâmico m que circunscrevem as realizações do corpo em suas
experiências. Portanto, antes da ideia de nariz, há a experiência pré-objetiva de reconhecer o
nariz.
No sujeito normal, o corpo não é mobilizável apenas pelas situações reais que
o atraem a si, ele pode desviar-se do mundo, aplicar sua atividade nos
estímulos que se inscrevem em suas superfícies sensoriais, prestar-se a
experiências e, mais geralmente, situar-se no virtual. É por estar encerrado no
atual que o tocar patológico precisa de movimentos próprios para localizar os
estímulos, e é ainda pela mesma razão que o doente substitui o
reconhecimento e a percepção táteis pela decifração laboriosa dos estímulos e
pela dedução dos objetos. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 157).
Merleau-Ponty quer dizer acima é que, o corpo normal aplica suas atividades nos
estímulos prestando serviço a experiência. Isto é o que ele chama de corpo atual, onde as
experiências são constituídas pela pré-objetividade das ações do sujeito. Ele defende tal ponto
de vista, com o objetivo de mostrar que o corpo não pode ser tratado com um objeto a ser
estudado pela ciência. Correndo o risco de ser confundido com outras complexidades de corpos
que estão no mundo, como no caso da física. Além disso, para ele parece que o corpo no mundo
como objeto é simplesmente uma representação. Entretanto, só é possível falar do corpo como
uma representação quando comparado ele dentro de um universo, como as ideias de espaço ou
de tempo.
Para que uma chave, por exemplo, apareça como chave em minha experiência
tátil, é necessário um tipo de amplitude do tocar, um campo tátil em que as
impressões locais possam integrar-se em uma configuração, assim como as
notas são apenas os pontos de passagem da melodia; e a mesma viscosidade
dos dados táteis que sujeita o corpo a situações efetivas reduz o objeto a uma
soma de "caracteres" sucessivos, a percepção a uma caracterização abstrata, o
reconhecimento a uma síntese racional, a uma conjectura provável, e retira do
objeto sua presença carnal e sua facticidade. (MERLEAU-PONTY, 1999, p.
157).
O corpo é tomado como sujeito da percepção, pois e ele é o veículo do ser no mundo,
onde o sujeito está alinhado a outros seres vivos, ou seja, que através de suas específicas
complexidades de formas de corpos, os utilizam como um veículo da experiência, em um
mesmo meio definido. O cogitatio de Descartes está no mundo fenomênico para Merleau-Ponty
no sujeito corporificado. Esta de corpo de Merleau-Ponty serve a crítica que objetificação do
corpo. E que é necessário mostrar é que antes da ideia consciente de corpo há a intencionalidade
do corpo que percebe e se comunica.
Só falo de meu corpo em ideia, do universo em ideia, de ideia do espaço e da
ideia de tempo. Forma-se assim um pensamento objetivo (no sentido de
Kierkegaard) – o do senso comum, o da ciência – que finalmente nos faz
perder o contato com a experiência perceptiva da qual todavia ele é o resultado
e a consequência natural. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 109).
A filosofia de Merleau-Ponty é influenciada pela fenomenologia Husserl, no qual não
acredita que seja possível uma fenomenologia fundada em uma consciência de fatos. Mas em
una ciência eidética, em outras palavras a ciência das essências. Nela procura estabelecer o
conhecimento acerca das essências e não dos fatos. Desse modo, todos os atos conscientes como
reflexão ao que se apresenta a consciência, isto é, “consciência intencional”, o que dá sentido a
todos os atos da consciência. Husserl também a chama como “essência imanente”, onde a
constituição das essências dos fenômenos como são em si mesmas, são em significado. Nessa
fenomenologia não é uma doutrina das essências dos fenômenos, mas a redução transcendental
desses fenômenos. Acompanhe seu pensamento:
A Fenomenologia pura ou transcendental não será fundada como consciência
de fatos, mas como ciência de essências como consciência de essências (como
ciência “eidética”); como uma ciência que pretende estabelecer
exclusivamente conhecimentos de essência e de modo alguns “fatos’. [...]
Nossa fenomenologia não deve ser uma doutrina das essências de fenômenos
reais, mas de fenômenos transcendentalmente reduzidos (HUSSERL, 2006, p.
28).
Está presente, também, a filosofia de Heidegger, onde foge da ideia de “consciência
intencional” e “essência imanente”. No lugar, ele afirma que o fenômeno é de origem ontológica
do ser a partir do Dasein. O objetivo de Heidegger é poder se perguntar “o que é o ser?”, porque
para ele muitas coisas são entes em muitos sentidos possíveis – fala, entendimento,
comportamento, até como se é e como se pode ser. Este ente que é possível questionar é o que
Heidegger define como a “presença” ou Dasein, ou seja, ela é o ponto de partida que auxilia
para chegar na noção pré-conceitual.
Chamamos de ente muitas coisas e em sentidos diversos. Ente de tudo que
falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos dessa ou daquela
maneira, ente, é também o que e como nós somos. [...] Esse ente que cada um
de nós é e, que entre outras, possui a possibilidade questionar, nós o
designamos com o tema presença. (HEIDEGGER, 2005, p. 32-33).
Merleau-Ponty é influenciado pela noção de Heidegger para a sua ideia de abertura do ser. Na
sua fenomenologia desenvolveu seu método de retorno as coisas mesmas para compreender o
mundo pré-reflexivo, ou seja, ele buscava encontrar o mundo originário de todos os entes,
tendendo pensar como é que é o mundo antes da crença. Merleau-Ponty critica o método
cartesiano que separou o corpo e a alma, por uma análise existencial. Ele acredita que este
método perde a motricidade originária do corpo, acaba mecanizado o corpo humano, com o seu
método é possível uma reparação metódica para a ideia do corpo próprio.
Uma teoria mista do membro fantasma, que admitiria as duas séries de
condições15, pode ser válida então enquanto enunciado de fatos conhecidos:
mas ela é fundamentalmente obscura. O membro fantasma não é o simples
efeito de uma causalidade objetiva nem uma cogitatio a mais. Ele só poderia
ser uma mistura dos dois se encontrássemos o meio de articular um ao outro
o "psíquico" e o "fisiológico", o "para si" e o "em si" e de preparar entre eles
um encontro, se os processos em terceira pessoa e os atos pessoais pudessem
ser integrados em um meio que lhes fosse comum. (MERLEAU-PONTY,
1999, p. 116).

Entendendo isso, agora, portanto, o filósofo analisa mais um exemplo relevante em


grandes discussões médicas até hoje: pacientes com membro fantasma que, sentem dor,
formigamento, coceira entre outras coisas no membro já amputado e questiona se é possível
haver explicações fisiológicas. Por estímulos é pouco provável que se consigam respostas já
que o membro não existe mais para poder ser estimulado. Nem pela psicologia seria possível,
pois não é nenhuma crença ou vontade que causam as sensações. A explicação mais provável,
para Merleau-Ponty, seria da percepção, pois ela faz parte de todo o corpo. Não há uma relação
intrínseca do corpo com o mundo, mas choque entre diferentes elementos do mundo da
percepção. É possível acompanhar seu pensamento no seguinte parágrafo:
Seria preciso dizer então que o membro fantasma é uma recordação,
uma vontade ou uma crença e, na falta de uma explicação fisiológica,
dar uma explicação psicológica? Todavia, nenhuma explicação
psicológica pode ignorar que a secção dos condutos sensitivos que vão
para o encéfalo suprime o membro fantasma. E preciso compreender
então como os determinantes psíquicos e as condições fisiológicas
engrenam-se uns aos outros: não se concebe como o membro fantasma,
se depende de condições fisiológicas e se a este título é o efeito de uma
causalidade em terceira pessoa, pode por outro lado depender da
história pessoal do doente, de suas recordações, de suas emoções ou de
suas vontades. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 116).
O que ele quer dizer acima é que se, é pouco provável que alguém explique o que se
passa com o amputado tanto fisiologicamente quanto psicologicamente, quais seriam outras
possíveis saídas para a questão do membro fantasma? O filósofo acredita que mesmo unindo as
condições psicológica e fisiológica é distante conceber como o membro fantasma. É mais
provável que dependa das recordações, das emoções, das vontades, entre outros, ou seja, o que
define esse sujeito com membro fantasma sentir o membro amputado. O que ele propõe, então,
é como pensar numa forma de unir as duas condições e seria possível, acompanhe o seu
pensamento:
Pois, para que as duas séries de condições possam em conjunto determinar o
fenômeno, assim como dois componentes determinam um resultante, ser-lhes-
ia necessário um mesmo ponto de aplicação ou um terreno comum, e não se
vê qual poderia ser o terreno comum a "fatos fisiológicos" que estão no espaço
e a "fatos psíquicos" que não estão em parte alguma, ou mesmo a processos
objetivos como os influxos nervosos, que pertencem à ordem do em si, e a
cogitationes tais como a aceitação e a recusa, a consciência do passado e a
emoção, que são da ordem do para si. Uma teoria mista do membro fantasma,
que admitiria as duas séries de condições, pode ser válida então enquanto
enunciado de fatos conhecidos: mas ela é fundamentalmente obscura.
(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 116).
Dois conceitos importantes surgem: corpo habitual e corpo atual. O corpo habitual é aquele que
está no sentido de entender que, ele é constituído de espacialidade e temporalidade, ele já se
relacionou com o mundo antes de refletir qualquer relação com o mundo. Esta forma de
entender o corpo delimita o membro fantasma ao campo somático e não estabelece um
diagnóstico definido ao amputado que está sensibilizado.
Para descrever a crença no membro fantasma e a recusa da mutilação, os
autores falam de uma "repressão" ou de um “recalque orgânico”. Esses termos
pouco cartesianos obrigam-nos a formar a ideia de um pensamento orgânico
pelo qual a relação entre o "psíquico" e o "físico" se tornaria concebível. Já
encontramos alhures, com as substituições, fenômenos que ultrapassam a
alternativa entre o psíquico e o fisiológico, entre a finalidade expressa e o
mecanismo. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 117).
Como já dito, o corpo habitual é constituído de temporalidade e espacialidade, diferente
da res extensa de Descartes, este corpo habita o mundo e o sensível o permite construir a
percepção do sujeito. A intencionalidade do movimento do paciente, com o braço amputado,
de tentar pegar algo é a figuração pelo corpo habitual no seu gesto, entretanto o mesmo não é
possível no corpo atual do paciente. A ação do corpo atual sempre é precedida pelo corpo
habitual, porque existe percepção guiando aquela presença do corpo, no qual não pode ser
comparada ao uso de objetos. Mas pelo contrário, a estrutura essencial do corpo sempre
envolvido por suas ações habituais, em que só são possíveis por conta de sua percepção prestar-
se de ferramenta a corpo próprio. Merleau-Ponty diz que, há duas partes que constituem o corpo:
das ações mecânicas e por meio da comunicação que ela nos possibilita. Assim se segue:
Assim, a permanência do corpo próprio, se a psicologia clássica a tivesse
analisado, podia conduzi-la ao corpo não mais como objeto do mundo, mas
como meio de nossa comunicação com ele, ao mundo não mais como soma
de objetos determinados, mas como horizonte latente de nossa experiência,
presente sem cessar, ele também, antes de todo pensamento determinante.
(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 136-137).

Merleau-Ponty ao mesmo tempo que constrói suas críticas – a psicologia, a fisiologia,


enfim à ciência – apresenta sua concepção de corpo. Tal corpo próprio, para ele, está aberto a
todos os seus órgãos, ou melhor, um grande conjunto que seja possível negar as especificidades
separadamente. Porque num movimento não será considerado somente um dedo do pé, ou
então, um cotovelo, assim por diante. Quando um movimento da mão de toque, por exemplo,
acontece uma experiência do corpo na sua totalidade. A construção deste movimento se dá
numa localidade o onde o sujeito está presente, vive sua existência, com a única forma possível
no mundo, que é pelo seu corpo próprio.
A vontade de ter um corpo são ou a recusa do corpo doente não são formuladas
por eles mesmos, a experiência do braço amputado como presente ou a do
braço doente como ausente não são da ordem do "eu penso q u e . . . ".
Esse fenômeno, que as explicações fisiológicas e psicológicas
igualmente desfiguram, é compreensível ao contrário na perspectiva do ser no
mundo. Aquilo que em nós recusa a mutilação e a deficiência é um Eu
engajado em um certo mundo físico e inter-humano, que continua a estender-
se para seu mundo a despeito de deficiências ou de amputações, e que, nessa
medida, não as reconhece de jure. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 121).
O que fica evidente é o empenho do filósofo de procurar por um argumento com base
na existência, ou seja, este sujeito no mundo está engajado na sua abertura com o mundo através
do corpo próprio. Neste ponto é que, se pode perceber a principal diferença entre Merleau-
Ponty e Descartes, no sentido que, a perspectiva cartesiana de corpo é simplesmente uma
faculdade dos sentidos que, provém da percepção das coisas de fora da inteligência. Quando a
razão consegue entender e concluir tal realidade é que, Descartes aceita que corpos existem.
A natureza me ensina, também, por esses sentimentos de dor, fome, sede etc,
que não somente estou alojado em meu corpo, como um piloto em seu navio,
mas que além disso, lhe estou conjugado muito estreitamente e de tal modo
confundido e misturado que componho com ele um único todo. Pois, se assim
não fosse, quando meu corpo é ferido ano sentiria por isso dor alguma, eu que
não sou senão uma coisa pensante, e apenas perceberia esse ferimento, como
o piloto percebe pela vista se algo se rompe em seu navio. (DESCARTES,
1996, p. 328-329 apud CAMINHA, 2017, p. 15).
Para o método de Descartes não é um problema o membro fantasma, é simplesmente
uma parte da máquina com outra qualquer. Ele não considera o corpo como totalidade, porque
antes de tudo a existência é pensamento, portanto o corpo é só uma outra essência passível de
ser estudada. Como crítica a tal pensamento que Merleau-Ponty quando ele assume a totalidade
vivida pelo corpo próprio, num espaço temporal como ação habitual. A amputação serve de
exemplo para observar ambas perspectivas, pois com ela se pode ver que, mesmo não havendo
mais uma parte do corpo o sujeito demonstra que a sua representação não acaba nesse ponto.
Isto é, não pode ser uma representação objetiva como acreditou Descartes, mas é um modo de
ser do sujeito encarnado no mundo. O filósofo completa dizendo que:
A multiplicidade dos pontos ou dos '' aqui'' por princípio só pode constituir-se
por um encadeamento de experiência em que, a cada vez, um só dentre eles é
dado como objeto, e que se faz ela mesma no coração deste espaço. E,
finalmente, longe de meu corpo ser para mim apenas um fragmento de espaço,
para mim não haveria espaço se eu não tivesse corpo. (MERLEAU-PONTY,
1999, p. 149).
Como já dito, Merleau-Ponty formula duas camadas de existência para o corpo próprio,
no qual, ele chama de “fenômeno da ambiguidade” onde dividiu o corpo em: habitual e atual.
Tal ambiguidade do corpo realiza na existência do sujeito diferentes perspectivas das
experiências. Isto é, o corpo atual busca gestos que são já habituais a este corpo, como de forma
objetiva, mas movimentos que são vivenciados pelo corpo próprio, passando ser parte do modo
deste corpo estar no mundo. A ação passa por algo que manejo atualmente, para tornar-se um
manejável em si. Esta ordem do em-si e do para-si estão presentes no corpo habitual, segundo
Merleau-Ponty, é por conta delas que, é possível manter os movimentos já vivenciados no
passado, cujo a existência está na vivência pré-objetiva. Pois, as execuções de movimentos que,
tornam autêntica a vida do sujeito, é originada espontaneamente por ele no mundo. Isto é, o
membro amputado é um “quase presente”, pois o corpo atual é quem exprime tais experiências
naturalizadas pelo corpo habitual.
As recordações que se evocam diante do amputado induzem um membro
fantasma, não como no associacionismo uma imagem chama uma outra
imagem, mas porque toda recordação reabre o tempo perdido e nos convida a
retomar a situação que ele evoca. (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 127).
Ver-se-á que o corpo próprio se furta, na própria ciência, ao tratamento que a
ele se quer impor. E, como a gênese do corpo objetivo é apenas um momento
na constituição do objeto, o corpo, retirando-se do mundo objetivo, arrastará
os fios intencionais que o ligam ao seu ambiente e finalmente nos revelará o
sujeito que percebe assim como o mundo percebido. (MERLEAU-PONTY,
1999, p. 110).
Por fim, o que se pode compreender da posição de Merleau-Ponty com a noção da
ambiguidade do corpo próprio é de que, o corpo não é mero objeto como afirmou Descartes,
mas uma totalidade que permite estar no mundo. Entretanto, ele não nega a face mecânica e
mais passível de ser estudada do corpo, pois o corpo só tem esta ambiguidade, pois é possível
que tais mecanizações sejam expressas por movimentos intencionais que partem da
subjetividade do sujeito, como é possível ver na arte, por exemplo. O corpo próprio é este
relacionar-se com o mundo em um desdobramento como abertura para a próprio corporeidade,
enfim ele é o centro das relações com o mundo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

DESCARTRS, R. Discurso do Método. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

GOMES, J. R., CAMINHA, I. O. Do corpo como res extensa de Descartes ao corpo de


Merleau-Ponty. Dialektike: 2017, v.1, p. 5-18.

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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