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7ª
(Locomocao e Preensao)
Tutor Carlos Joao
Problema 1: “Esse menino vive caindo!”
Respostas
1. Caracterizar o sistema nervoso somático e as regioes
nervosas relacionadas à locomocao.
Pense em um arremessador de beisebol em pé sobre sua base. Quando ele olha para o primeiro rebatedor, ele recebe informações sensoriais de várias fontes. Os
receptores sensoriais codificam essas informaçõ es e as enviam para o sistema nervoso central (SNC), onde sã o integradas.
O arremessador age conscientemente sobre algumas das informaçõ es: ele decide jogar uma bola rá pida. Contudo, ele processa outras informaçõ es no subconsciente
e age sobre elas inconscientemente. Por exemplo, quando ele pensa em iniciar o seu movimento, ele transfere o seu peso para compensar o movimento de seu braço
que está prestes a acontecer. A integraçã o das informaçõ es sensoriais gerando uma resposta involuntá ria é a característica de um reflexo.
Reflexos neurais
Todos os reflexos neurais começam com um estímulo que ativa
um receptor sensorial. O receptor envia informaçõ es sob a
forma de potenciais de açã o através de neurô nios aferentes
sensoriais para o sistema nervoso central.
O SNC é o centro integrador que avalia todas as informaçõ es
que chegam e seleciona uma resposta apropriada. Em seguida,
ele desencadeia potenciais de açã o nos neurô nios eferentes
para que estes determinem a resposta dos mú sculos e das
glâ ndulas – os alvos efetores.
O reflexo mais simples é o reflexo monossiná ptico, assim
denominado por envolver apenas uma sinapse, entre os dois
neurô nios da via. A maioria dos reflexos possui três ou mais
neurô nios na via (e, pelo menos, duas sinapses), de forma que sã o
designados como reflexos polissinápticos.
Reflexos medulares
O reflexo miotático ou de estiramento é iniciado com
estiramento muscular e consequente ativaçã o dos fusos
neuromusculares. As fibras Ia veiculam a informaçã o dos fusos ao
SNC, entrando na medula espinal pelas raízes dorsais e
separando-se aí em diversos ramos. Alguns ramos fazem contatos
siná pticos excitató rios com os motoneurô nios que inervam o
mesmo mú sculo de origem das fibras Ia (homô nimo) e com
motoneurô nios que inervam os mú sculos sinergistas, enquanto
outros ramos, por meio de interneurô nios, vã o propiciar a
inibiçã o dos motoneurô nios dos mú sculos antagonistas. Assim o arco reflexo miotático age como um mecanismo de
retroalimentação negativa para oposiçã o a mudanças do comprimento muscular (mecanismo fundamental à regulaçã o
do tô nus muscular).
O reflexo patelar constitui um exemplo de reflexo miotá tico, representando uma estimulaçã o exagerada de receptores
musculares do quadríceps e consequente contraçã o dele.
O reflexo tendinoso, originado nos receptores de Golgi nos tendõ es, envolve a ativaçã o desses receptores pela contraçã o
muscular e ativaçã o das fibras Ib, que estimulam interneurô nios inibitó rios ligados aos motoneurô nios homô nimos,
reduzindo a tensã o muscular. As fibras Ib, por meio de interneurô nios, ativam a musculatura antagonista. Tanto os
interneurô nios inibitó rios como os excitató rios têm um papel fundamental na organizaçã o do movimento, pois recebem
também conexõ es de aferentes cutâ neos, articulares e de regiõ es motoras supraespinais que controlam sua excitabilidade. Esse mecanismo gera um
controle mais preciso do tô nus muscular e dos movimentos.
O reflexo de flexão para retirada é um mecanismo defensivo contra uma estimulaçã o nociceptiva e geralmente ocorre associado ao reflexo extensor
cruzado, que tem por finalidade estabilizar a postura.
Núcleos da base
Atua no planejamento do movimento
Integram informaçõ es sensorimotoras corticais.
Recebem aferências de praticamente todo o có rtex cerebral, mas, através de nú cleos talâmicos, apenas enviam projeçõ es ao có rtex frontal.
Seus efeitos no movimento podem se dar por meio de uma atuação direta (sobre os centros subcorticais que influenciam os movimentos) ou indireta (via um
circuito de retroalimentaçã o cortical).
Sã o compostos por uma série de nú cleos subcorticais:
o Divisã o dorsal ou somá tica, relacionada com funçõ es sensorimotoras.
o Divisã o ventral ou visceral/límbica, à qual sã o atribuídas funçõ es límbicas.
O complexo estriatal: Este complexo é composto principalmente pelo neoestriado e seus dois constituintes (caudado e putame). Os principais alvos da
inervaçã o estriatal: o globo pá lido, via feixe estriadopalidal, e a substantia nigra, pelo feixe estriatonigral. Assim como muitas estruturas neurais, o neoestriado é
composto por dois tipos bá sicos de neurô nios: de projeçã o (medioespinais) e de circuitos intrínsecos. Estes neurô nios medioespinais contêm receptores para
glutamato e contêm o neurotransmissor inibitó rio GABA; sã o estimulados através do có rtex.
O complexo palidal: o globo pá lido é o maior componente do chamado complexo palidal, o qual inclui ainda a substantia innominata (pá lido ventral). Tem a
presença de neurô nios de projeçã o GABAérgicos que mantêm uma atividade espontâ nea com altas taxas de disparo. Isso significa que as regiõ es aferentadas por
este sistema sã o mantidas tonicamente inibidas.
O complexo nigral: A á rea tegmental ventral e a substantia nigra formam o complexo nigral, um dos alvos principais das projeçõ es estriatais e palidais. Este
complexo ainda recebe aferências corticais (feixe corticonigral), subtalâmicas (feixe subtalamonigral) e do nú cleo pedunculopontino tegmental (feixe
pedunculopontinonigral).
O núcleo subtalâmico: contém grande quantidade de neurô nios glutamatérgicos que se
projetam para ambas as porçõ es do globo pá lido e para a substantia nigra.
A formação reticular pontina parabraquial: importante papel no controle motor voluntá rio.
Áreas motoras
A á rea motora primá ria (á rea 4), localizada no giro pré-central do lobo frontal do có rtex cerebral, é uma regiã o de controle
importante para a execuçã o dos movimentos voluntá rios.
A á rea pré-motora adjacente (á rea 6) também fornece axô nios para as vias motoras descendentes.
Mais á reas corticais sã o destinadas para os mú sculos que estã o envolvidos em movimentos complexos, delicados ou que
requerem maior precisã o. Esse mapa muscular distorcido do corpo é chamado de homúnculo motor.
VIAS CORTICOSPINAIS: Axô nios dos neurô nios motores superiores no có rtex cerebral Forma tratos corticospinais
Descem através da cá psula interna e pedú nculo cerebral 90% decussa no bulbo (forma trato corticoespinal lateral) e
desce para a medula espinal fazendo sinapse com neurô nio circuito local ou NMI 10% permanecem ipsilateral e decussam
na medula (forma trato corticoespinal anterior), realizando sinapses Controle de mú sculos nos membros e no tronco
Có rtex cerebral direito controla a maior parte dos mú sculos no lado esquerdo do corpo e o có rtex cerebral esquerdo
controla a maior parte dos mú sculos no lado direito do corpo.
1. Trato corticospinal lateral. Os axô nios corticospinais que sofrem decussaçã o no bulbo formam o trato corticospinal
lateral no funículo lateral da medula espinal. Raízes dos nervos espinais na medula espinal Axô nios corticospinais
Sinapses com os neurô nios do circuito local ou com os neurô nios motores inferiores Mú sculos esqueléticos distais. Os mú sculos distais sã o responsá veis
pelos movimentos precisos, á geis e altamente habilidosos das mã os e dos pés.
2. Trato corticospinal anterior. Os axô nios corticospinais que nã o sofrem decussaçã o no bulbo formam o trato corticospinal anterior no funículo anterior da
medula espinal. Raízes dos nervos espinais na medula espinal Axô nios corticospinais Sinapses com os neurô nios do circuito local ou com os neurô nios
motores inferiores Mú sculos esqueléticos proximais. Eles terminam em mú sculos esqueléticos que controlam os movimentos do tronco e das porçõ es
proximais dos membros.
Vias motoras indiretas (extrapiramidais)
As vias motoras indiretas ou vias extrapiramidais incluem todos os tratos motores somá ticos diferentes dos tratos corticospinal e corticonuclear.
Nú cleos do tronco encefá lico 5 tratos Axô nios dos neurô nios motores superiores Neurô nios do circuito local ou nos neurô nios motores inferiores.
Esses tratos sã o o rubrospinal, o tetospinal, o vestibulospinal, o reticulospinal lateral e o reticulospinal medial.
Modulação do movimento pelo cerebelo
Além de manter a postura e o equilíbrio adequados, o cerebelo é ativo tanto no aprendizado quanto na realizaçã o de
movimentos rá pidos, coordenados e altamente habilidosos como jogar golfe, falar e nadar. As funçõ es cerebelares envolvem
quatro atividades:
1. Monitoramento das intenções de movimento. O cerebelo recebe impulsos do có rtex motor e dos nú cleos da base
(setas vermelhas).
2. Monitoramento do movimento real. O cerebelo recebe impulsos dos proprioceptores nas articulaçõ es e nos mú sculos
que revelam o que está acontecendo de fato. Esses impulsos nervosos percorrem os tratos espinocerebelares anterior e
posterior. Os impulsos nervosos provenientes do aparelho vestibular (que percebe o equilíbrio) na orelha interna e dos
olhos também entram no cerebelo.
3. Comparação dos sinais de comando com a informação sensitiva. O cerebelo compara a intençã o de movimento com
o movimento que está sendo realizado.
4. Envio de retroalimentação corretiva. Se houver uma discrepâ ncia entre o movimento planejado e o real, o cerebelo
envia retroalimentaçã o para os neurô nios motores superiores. Conforme os movimentos acontecem, o cerebelo fornece
continuamente correçõ es de erro para os neurô nios motores superiores, que diminuem esses erros e fazem com que o
movimento seja mais adequado. Em períodos longos, ele também contribui para o aprendizado de novas habilidades
motoras.
a) BRITTO, Luiz R. G.. Sistemas Geradores de Movimento. In: AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018. Cap. 22. p. 332-335.
b) TOLEDO, Cláudio A. B.; BRITTO, Luiz R. G.. O Cerebelo, os Núcleos da Base e o Movimento Voluntário. In: AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2018. Cap. 23. p. 338-343.
c) TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Sistemas sensitivo, motor e integrador e homeostasia. In: TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de
anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. Cap. 16. p. 550-570.
d) SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia Integrativa I: controle do movimento corporal. In: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana : uma abordagem
integrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 13. p. 418-435.
Ciclo da contração
No início da contraçã o, o retículo sarcoplasmá tico libera íons cá lcio (Ca2+)
no sarcoplasma, onde se ligam à troponina.
A troponina faz com que a tropomiosina se movimente para longe dos locais de ligaçã o com a miosina na actina. Uma vez “liberados” os locais de ligaçã o, o ciclo
da contraçã o – a sequência repetida de eventos que faz com que os filamentos deslizem – começa. O ciclo da contraçã o consiste em quatro etapas:
1. Hidrólise de ATP. a cabeça da miosina possui um sítio de ligaçã o de ATP e uma ATPase → decompõ e ATP em ADP e um radical fosfato → reorienta e
energiza a cabeça de miosina.
2. Acoplamento da miosina à actina para formar pontes transversas. cabeça de miosina energizada → se fixa ao sítio de ligaçã o da miosina na actina
(ligaçõ es cruzadas) → libera o radical fosfato
3. Movimento de força. Apó s ligaçõ es cruzadas → movimento de força →
liberaçã o do ADP → ligaçã o cruzada gira em direçã o ao centro do sarcô mero
→ deslizamento do filamento fino para além do filamento espesso em direçã o
a linha M
4. Desacoplamento da miosina da actina. Ao final a força de ligaçã o cruzada
permanece fixada à actina até fixar outra molécula de ATP → ATP de prende
ao sítio de ligaçã o na cabeça da miosina → esta se solta da actina.
Distrofias musculares
As distrofias musculares sã o miopatias primá rias, geneticamente determinadas, que se caracterizam clinicamente por intensa
variabilidade do fenó tipo e do grau de gravidade, e anatomopatologicamente pelo encontro de padrã o distró fico inespecífico na
fibra muscular.
A maioria dos defeitos moleculares reconhecidos envolve a funçã o do complexo distrofina-glicoproteínas associadas, que liga o
citoesqueleto subsarcolemal com a matriz extracelular do mú sculo esquelético, permitindo estabilizaçã o e reforço da
membrana da fibra muscular.
O déficit parcial ou total das proteínas distrofina, laminina alfa-2 da matriz extracelular (merosina) e sarcoglicanas corresponde, respectivamente, à s DMP tipo
Duchenne e Becker, à forma mais grave de distrofia muscular congênita clá ssica e a uma parte das síndromes de cinturas.
Distrofia de Duchenne
Esta forma mais comum de distrofia muscular é um distú rbio ligado ao X que afeta predominantemente o sexo masculino.
Fisiopatologia: A maioria dos pacientes tem uma mutaçã o “frame-shift”, ou seja, que causa alteraçã o do quadro de leitura do RNA mensageiro no gene da
distrofina, com decorrente perda completa da proteína distrofina. A ausência de distrofina rompe a ligaçã o mecâ nica entre o sarcô mero e o sarcolema,
provavelmente com vazamento de cálcio que leva à necrose da célula muscular. Nã o se sabe exatamente qual a funçã o da distrofina, contudo sabe-se que atua na
manuteçã o da integridade da membrana muscular durante a contraçã o muscular.
Manifestações clínicas: Os sintomas iniciam por volta dos cinco anos, e os pacientes estã o gravemente incapacitados na adolescência, com ó bito ocorrendo na
terceira década de vida. Os sintomas precoces sã o andar na ponta dos dedos, marcha bamboleante e incapacidade de correr. A fraqueza é mais acentuada nas
extremidades inferiores proximais. Na tentativa de ficar em pé a partir de uma posiçã o supina, os pacientes precisam usar seus braços para literalmente “escalar
seu pró prio corpo” (sinal de Gowers). A pseudo-hipertrofia das panturrilhas, causada por infiltraçã o gordurosa dos mú sculos, é comum. O coraçã o é envolvido
mais tarde, e o comprometimento cognitivo ocorre frequentemente. Os níveis séricos de CK sã o excepcionalmente elevados.
Diagnóstico: Além da Anamnese e Exame Físico, bem característicos, os indivíduos afetados têm um alto nível de CK que é de 20 a 100 vezes acima do limite
superior do normal ao nascimento (>10.000). A EMG e a bió psia muscular (fibras musculares de diversos tamanhos, fibras necró ticas e outras em regeneraçã o, e
substituiçã o por tecido gorduroso) sã o anormais, esta ú ltima mostrando características distró ficas e alteraçã o do tamanho e da quantidade da distrofina à s
reaçõ es imuno-histoquímica e western blot. No entanto, estas investigaçõ es raramente sã o necessá rias para estabelecer o diagnó stico porque o rearranjo do
gene da DISTROFINA pode ser detectado no sangue em cerca de dois terços dos pacientes. O eletrocardiograma (ECG) típico apresenta aumento de RS na
derivaçã o V1; ondas Q profundas e estreitas nas derivaçõ es precordiais; e ondas R precordiais direitas altas em V1.
Tratamento: Nã o existe tratamento definitivo, mas a prednisona, 0,75 mg/kg/dia por via oral, pode melhorar a força muscular por até três anos. Os efeitos
colaterais incluem ganho de peso, aparência cushingoide e hirsutismo; os efeitos da prednisona em longo prazo sã o incertos. O deflazacorte (0,9 mg/kg/dia), um
aná logo da prednisona, provavelmente seja tã o eficaz quanto a prednisona, e tem menos efeitos colaterais. Monohidrato de creatina (5 a 10 g/dia) também pode
ser benéfico.
O defeito genético responsá vel pela distrofia de Duchenne foi identificado e forma a base de um teste diagnó stico. O gene em questã o está localizado no braço
curto do cromossomo X e codifica para a proteína distrofina, que está ausente ou profundamente reduzida nos mú sculos de pacientes com o distú rbio. A
ausência de distrofina nas regiõ es siná pticas dos neurô nios cerebrais corticais pode contribuir com as alteraçõ es cognitivas de pacientes com distrofia de
Duchenne.
Distrofia de Becker
Esta distrofia também está ligada ao X e associada com um padrã o de fraqueza similar ao observado na distrofia de Duchenne. No entanto, sua idade média de
início (11 anos) e a idade do ó bito (42 anos) sã o mais tardias.
Manifestações Clínicas: O padrã o de emaciaçã o muscular na distrofia muscular de Becker é muito parecido com o observado na distrofia de Duchenne. Os
mú sculos proximais, especialmente dos membros inferiores, ficam intensamente acometidos. À medida que a doença avança, a fraqueza torna-se mais
generalizada. Fraqueza significativa dos mú sculos faciais nã o é uma característica. Hipertrofia muscular, sobretudo das panturrilhas, é um achado precoce e
proeminente. A maioria dos pacientes com distrofia de Becker apresenta as primeiras dificuldades entre os 5 e 15 anos de idade, embora o início possa ocorrer
na terceira ou quarta década ou até mais tarde. Por definiçã o, os pacientes com distrofia de Becker deambulam até depois dos 15 anos de idade, enquanto os
pacientes com distrofia de Duchenne costumam ficar confinados a uma cadeira de rodas aos 12 anos de idade. O deficiência mental pode ocorrer na distrofia de
Becker, mas nã o é tã o comum como na distrofia de Duchenne. Comprometimento cardíaco ocorre na distrofia de Becker, podendo resultar em insuficiência
cardíaca; alguns pacientes manifestam apenas insuficiência cardíaca. Outras apresentaçõ es menos comuns sã o a elevaçã o assin- tomá tica da CK sérica, mialgias
sem fraqueza e mioglobinú ria.
Diagnóstico: Os níveis séricos de CK, resultados da EMG e achados à bió psia muscular sã o muito semelhantes aos da distrofia de Duchenne. O diagnó stico da
distrofia muscular de Becker requer a aná lise das amostras da bió psia muscular pelo Western blot, mostrando uma quantidade reduzida ou tamanho anormal
de distrofina, ou aná lise de mutaçõ es do DNA em leucó citos do sangue periférico. As mulheres portadoras de uma mutaçã o do gene da distrofina podem
desenvolver sintomas leves, tipo fraqueza muscular proximal, e CK elevada na vida adulta. Na ausência de um histó rico familiar, o diagnó stico pode ser difícil, e
as anormalidades proteicas na bió psia muscular sã o frequentemente sutis
Tratamento: A abordagem terapêutica é fundamentalmente de suporte. Os corticosteroides sã o raramente usados. Monitoramento cardíaco cuidadoso é
essencial. Transplante cardíaco tem sido realizado em pacientes com cardiomiopatia restritiva grave
O comprometimento cardíaco e cognitivo nã o ocorre, e os níveis de CK sã o menos elevados que na distrofia de Duchenne. Em contraste com a distrofia de
Duchenne, os níveis de distrofina no mú sculo sã o normais na distrofia de Becker, mas a proteína está qualitativamente alterada. Nã o está claro se os esteroides
desempenham algum papel no tratamento desta distrofinopatia.
REED, Umbertina C.. Doenças neuromusculares. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 78, supl. 1, p. S89-S103, Aug. 2002.
GREENBERG, David A.. Distúrbios motores. In: GREENBERG, David A.; AMINOFF, Michael J.; SIMON, Roger P.. Neurologia clínica. 8. ed. Porto Alegre: Amgh, 2014. Cap. 9. p.
281-284.
Aspecto muscular
1. Perda de massa muscular ou atrofia muscular sugere que a fraqueza seja decorrente de uma lesã o dos neurô nios motores inferiores ou do pró prio
mú sculo. A distribuiçã o da atrofia pode ajudar a localizar o distú rbio subjacente. Distú rbios do neurô nio motor superior geralmente nã o estã o
acompanhados de perda de massa muscular.
2. Pseudo-hipotrofia muscular ocorre em certas formas de miopatia, mas os mú sculos aparentemente aumentados em tamanho sã o, na verdade, fracos e
flá cidos.
3. Fasciculações – espasmos irregulares visíveis na superfície do mú sculo afetado causados por contraçõ es espontâ neas de unidades motoras individuais –
sugerem que a fraqueza seja decorrente de uma lesã o do neurô nio motor inferior. Fasciculaçõ es sã o mais observadas em distú rbios de células do corno
anterior.
4. Espasmos flexores ou extensores dos membros sã o observados em distú rbios do neurô nio motor superior como resultado de um comprometimento do
controle supraespinal sobre a atividade reflexa.
Tônus muscular: observaçã o da posiçã o das extremidades em repouso e palpaçã o do ventre muscular
1. Hipertonia: espasticidade (lesã o do neurô nio motor superior) ou rigidez (disfunçã o extrapiramidal)
2. Hipotonia (flacidez): patologia do neurô nio motor inferior ou distú rbios musculares primá rios
3. Paratonia (incapacidade de relaxar): doença do lobo frontal
Força muscular (resistir à pressã o exercida pelo examinador)
1. Lesões do neurônio motor superior: fraqueza em mú sculos extensores e abdutores
2. Lesões do neurônio motor inferior: fraqueza em mú sculos supridos pelos neurô nios afetados
3. Distúrbios miopáticos: distribuiçã o proximal da fraqueza
4. Distúrbio neuropático: envolvimento distal
5. Distúrbio da junção neuromuscular: variaçã o da gravidade e distribuiçã o da fraqueza em curtos períodos (miastenia grave)
Coordenação
1. Teste dedo-nariz
2. Teste calcanhar-joelho-tíbia
3. Movimentos rapidamente alternados
Reflexos tendinosos
1. Arreflexia: lesã o de raiz nervosa ou neuropatia periférica manobra de Jendrassik (tentativa do paciente de separar dedos das duas mã os, quando
entrelaçadas)
2. Hiperreflexia: lesõ es do neurô nio motor superior ou sob tensã o emocional.
3. Reflexos assimétricos: lesã o de neurô nio motor inferior, lesã o de raiz nervosa ou polineuropatias.
Reflexos superficiais
1. Reflexo cremastérico: retraçã o ipsilateral do testículo perdido quando lesã o de raiz nervosa ou distú rbio em neurô nio motor superior.
2. Reflexo de Babinski: dorsiflexã o do há lux a abertura dos dedos em leque indica lesã o do neurô nio motor superior
Marcha
1. Marcha apráxica: distú rbios bilaterais do lobo frontal (demência/hidrocefalia). Incapaz de ficar em pé sem apoio ou de andar normalmente (“pés
grudados”)
2. Marcha em tesoura: lesã o corticoespinal
3. Distúrbios frontais: lesã o de lobo frontal ou substancia branca marcha com passos pequenos, arrastados, hesitaçã o para andar (marcha à petit pas)
4. Distúrbios extrapiramidais: marcha parkinsoniana andar encurvado, hesitaçã o, pequenos passos, perda do movimento dos bracos, tremor.
5. Distúrbios cerebelares: ataxia de tronco (irregular, desajeitada, base alargada)
6. Distúrbios vestibulares: hesitante, vira para lado afetado, instá vel no escuro
GREENBERG, David A.. Distúrbios motores. In: GREENBERG, David A.; AMINOFF, Michael J.; SIMON, Roger P.. Neurologia clínica. 8. ed. Porto Alegre: Amgh,
2014. Cap. 9. p. 239-247.